Buscar

Trabalho Acadêmico - PAGAMENTO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

� PAGE \* MERGEFORMAT �4�
 FUNDAÇÃO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS
 FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE TEÓFILO OTONI
CURSO: DIREITO - 3° PERIODO - SALA 1
PAGAMENTO
TEÓFILO OTONI
2013
JOÃO CÂNDIDO GUIMARÃES NETO
PAGAMENTO
 
 Trabalho apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni, como requisito parcial para obtenção de créditos na disciplina de Direito Civil. 
Orientador: Prof. Christiane.
TEÓFILO OTONI
2013
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	04
2. PAGAMENTO - CONCEITO	05
3. NATUREZA JURÍDICA	06
4. REQUISITOS DE VALIDADE	07 
5. QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS)	09
6. A QUEM SE DEVE PAGAR (ACCIPIENS)	11
7. OBJETO DO PAGAMENTO	14
8. PROVA DO PAGAMENTO	15
9. LUGAR DO PAGAMENTO	19
10. TEMPO DO PAGAMENTO 	21
11. CONCLUSÃO	24
12. REFERÊNCIAS 	27 
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo aprofundar os conhecimentos teóricos sobre o conceito de Pagamento dentro do Direito das Obrigações, abordando suas subdivisões, finalidades, conceitos e desenvolvimentos.  
Uma obrigação é um fenômeno jurídico que ocorre a todo momento, que nasce e se extingue a todo instante. Enquanto pessoas conversam, existem inúmeras obrigações, contratos, atos ilícitos, etc., sendo realizados/ocorrendo por todo o mundo. Neste rumo surge o Pagamento, principal forma de extinção das obrigações. O pagamento é muito comum e ocorre com grande frequência na sociedade, pois toda obrigação nasce para ser satisfeita. A imensa maioria das obrigações são cumpridas/pagas, de modo que o devedor fica liberado. Só uma minoria das obrigações é que não são satisfeitas, pelo que o devedor poderá ser judicialmente processado pelo credor.
2. PAGAMENTO - CONCEITO
A busca pela regulação da vida em sociedade estabelece um conjunto de regras jurídicas impostas aos sujeitos de direito, os quais as impõem a determinados sujeitos, em torno de um objeto; tal conjunto denomina-se “direito das obrigações”, sendo a obrigação o vinculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de uma prestação (objeto).
Neste ínterim, após cumprir uma obrigação, a mesma exaure-se, mesmo que outra venha a surgir posteriormente, ou seja, as obrigações nascem para serem cumpridas (pacta sunt servanta). Destarte, o pagamento surge como mecanismo normal ou ordinário de solução dessa obrigação (o termo cumprimento de prestação pode ser substituído por adimplemento).
Normalmente as pessoas associam o termo pagamento a tão somente uma transferência de dinheiro, pensamento este errôneo, haja vista que tal transferência é apenas uma das espécies de solução de uma obrigação. Assim, o pagamento varia conforme sua natureza, tanto em obrigações de dar, como nas de fazer e não fazer. Há também, segundo Silvio de Salvo Venosa, nos contratos bilaterais, obrigações recíprocas, ou seja, o pagamento surge para ambas às partes, como na compra e na venda, o comprador deve pagar “dinheiro”, já o vendedor deve pagar a “coisa”, entregando-a ou colocando-a a disposição do comprador.
Não há a intervenção do Estado depois de realizado o pagamento do devedor ao credor, porém, caso o mesmo não se realize, haverá a responsabilidade do devedor, consequentemente a intervenção do Estado será necessária. Entretanto, pagar não é somente um dever, é um direito do devedor, se o credor se recusa a receber o pagamento, poderá o devedor ajuizar ação consignatória para obrigar o credor a receber.
Existem também possibilidades de extinção das obrigações por meio de formas anormais ou especiais, quando o pagamento sofre perturbações, não tirando, no entanto, sua característica básica, sendo estas: consignação, sub-rogação, imputação do pagamento, dação em pagamento, novação, compensação, transação, compromisso, confusão e remissão da dívida, que, embora empregados excepcionalmente, produzem efeito liberatório do devedor; prescrição, impossibilidade de execução sem culpa do devedor e implemento de condição ou termo extintivo, casos em que se terá a extinção da obrigação sem pagamento, e extinguir-se-á o vínculo obrigacional, nessas hipóteses, sem que o devedor cumpra a prestação; e por fim pela execução forçada, em virtude de sentença, seja sob forma específica, seja pela conversão da coisa devida no seu equivalente.
 
3. NATUREZA JURÍDICA
A natureza jurídica do pagamento é controversa entre os doutrinadores de Direito Civil, o pagamento pode ser definido tanto como um ato jurídico, sem conteúdo negocial, como também como um negócio jurídico (unilateral ou bilateral); podendo constituir-se na transferência de um numerário, na entrega de uma coisa, na elaboração de uma obra, na apresentação de uma atividade e até mesmo numa abstenção. Portanto, é necessária a análise do caso concreto para que se extraia a essência de sua natureza jurídica, haja vista a impossibilidade de compreendê-la como sendo de uma natureza una.
Conforme observa Silvio Rodrigues, é uma espécie do gênero adimplemento, o pagamento significa o desempenho voluntário por parte do devedor. 
Já Judith Martins Costa ressalta que o adimplemento ou cumprimento é a realização, pelo devedor, da prestação concretamente devida, satisfatoriamente, ambas as partes tendo observado os deveres derivados da boa fé que se fizeram instrumentalmente necessários para o atendimento do escopo da relação, em acordo ao seu fim e as suas circunstâncias.
Segundo Gagliano, o pagamento é uma das formas de extinção de uma obrigação, caracterizando-se pelo cumprimento voluntário desta pelo devedor, geralmente pela entrega de dinheiro ao credor. Feito o pagamento, a obrigação é solucionada (solutio) e o devedor é liberado da obrigação.
Gagliano ressalta ainda que o pagamento é, geralmente, dividido em três partes: vínculo obrigacional, essencial ao pagamento, pois se não há vínculo entre os sujeitos, não há pagamento; sujeito ativo, o devedor – solvens; e o sujeito passivo, o credor - accipiens.
Maria Helena Diniz indica ainda um rol de posicionamentos de diversos autores, em especial a visão de que sua natureza provém do contrato ou negócio jurídico bilateral (Windscheid, Von Tuhr, Colinbe Capitant, Washington de Barros Monteiro, Crome, Aliara, Hedemann etc.), pois é um acordo de vontade com finalidade liberatória, visto que um de seus requisitos essenciais é o animus solvendi, sem o que seria uma liberalidade, e, além do mais, submete-se aos princípios que regem os contratos, inclusive o do art. 227 do Código Civil, entendido conforme o art. 401 do Código de Processo Civil, concepção essa que, segundo ela, parece a mais acertada.
4. REQUISITOS DE VALIDADE
Para se ter um pleno pagamento, ou seja, para que o mesmo seja hábil a libertar o devedor, extinguindo a obrigação, é necessário, primordialmente, que satisfaça alguns requisitos subjetivos e objetivos.
Os subjetivos estão ligados aos sujeitos da relação obrigacional, assim observa-se “quem está legitimado para receber a obrigação e dar a quitação” e “quem está legitimado a pagar ou ser compelido a pagar”.
Neste ínterim, a força liberatória do pagamento ao devedor aparece se esta for feita ao legitimado credor (accipiens), sucessor ou a quem o represente legitimamente (CC, art. 308), o pagamento efetuado a quem não tem essas qualidades é indevido e propicia o direito a repetição. Por outro lado, não pode o credor obrigar algum outro alguém que não seja o legitimado devedor (solvens), sucessor ou por terceiro legitimado (CC, art. 304 e 305) a cumprir a obrigação. Em suma, é necessário verificar se o pagamento foi feito por quem tinha legitimidade para fazê-lo e se a quitaçãofoi dada por quem estava legitimado para tal.
Em relação aos requisitos objetivos, esses relacionam-se ao “lugar do pagamento”, se foi feito no lugar convencionado, e ao “tempo do pagamento”, ou seja, há um tempo para pagar que tem que ser obedecido pelo devedor.
Nesta mesma linha de raciocínio, tem-se a necessidade da satisfação exata do objeto da prestação também como requisito essencial ao exato cumprimento da obrigação, pois só há exoneração com a entrega da exata coisa devida, abstenção de fazer ou fazendo determinado ato. Sendo complexa a obrigação, o devedor só se libera se cumprir o débito integralmente avençado, na forma e tempo, sendo que o devedor não poderá exigir que o credor receba por partes um débito convencionado a ser pago por inteiro, ainda que divisível a prestação. Desta forma só se libera o devedor se satisfizer exatamente a prestação devida, não poderá o credor ser obrigado a receber outra prestação, ainda que mais valiosa, e o devedor não poderá ser obrigado a pagar outra, senão a devida. Em regra, de acordo com o decreto-lei 857/69, os pagamentos em dinheiro devem ser por moeda corrente nacional. É lícita a convenção de aumento progressivo de prestações sucessivas. Anuindo o credor na substituição do objeto da obrigação, teremos dação em pagamento e não pagamento. 
Ademais, existem alguns outros requisitos a serem obedecidos, como a “prova do pagamento”, o devedor não pode apenas pagar para se desvincular de uma obrigação, é necessária a existência de uma prova desse pagamento. 
Um correto pagamento pressupõe ainda a existência de um vínculo obrigacional que o justifique, ou seja, o pagamento deve derivar-se de determinada lei ou negócio jurídico; pois obviamente se tal vínculo não existir, não há o que pagar, muito menos o que extinguir; nesse caso, qualquer pagamento seria indevido, obrigado à restituir. O animus solvendi (intenção de pagar) também é necessário, haja vista não bastar, por exemplo, entregar certo numerário ao credor com outra intenção que não a de solver a obrigação.
Portanto, além do vínculo obrigacional e do animus solvendi, seis análises vinculam-se aos requisitos de validade dos pagamentos: 
1º. Satisfação exata do objeto da prestação;
2º. Quem deve pagar;
3º. Quem deve receber;
4º. Prova do pagamento.
5º. Onde se paga (Lugar);
6º. Tempo do pagamento;
5. QUEM DEVE PAGAR (SOLVENS)
Em regra, quem é obrigado ou quem efetivamente realiza o pagamento é o próprio devedor; entretanto, há casos em que terceiros o façam.
Como aduzido anteriormente, o pagamento não é apenas uma obrigação do devedor, mas sim um direito. Assim, para evitar futuros transtornos (juros, multa, correção monetária), o bom devedor possui além do desejo de não prolongamento da dívida, um amparo legal coercitivo que obriga o credor a receber.
O pagamento pode ser efetuado não só pelo devedor, mas também por terceiros que o representem, os quais efetuam apenas o ato material de pagar. Em regra, o credor deve aceitar o pagamento, ainda que proveniente de terceiro, salvo em caso de obrigação infungível, como, por exemplo, serviços de um artista famoso. Assim, conforme art. 304 do Código Civil, qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
Assim sendo, conforme aponta Venosa, existem três categorias de pessoas aptas a figurar como solvens: o próprio devedor (pessoalmente ou por representação); o terceiro interessado, aquele que tem interesse jurídico na solução da obrigação, como, por exemplo, um fiador, o que lhe legitima a propor ação de consignação, o qual após a quitação vai se sub-rogar nos direitos de credor, este utiliza-se como base o art. 304 do Código Civil, e o credor não poderá recusar o pagamento; e o terceiro não interessado, o qual, mesmo não possuindo interesse jurídico, o faz por interesse altruístico, moral ou familiar, como é o caso de um pai que paga a dívida de um filho; neste caso, o terceiro não interessado vai poder cobrar do devedor original, mas sem eventuais privilégios ou vantagens (ex: hipoteca, penhor, 305)..
Quanto ao pagamento por terceiro não interessado, se o mesmo proceder em seu próprio nome, por mera filantropia, terá o direito de reembolso, não sub-rogando-se nos direitos de credor, apenas com direito a uma ação de cobrança singela da quantia paga. A questão de saber se o pagamento ocorreu por mera caridade ou não desloca-se para análise de casos específicos. 
“(...)no caso do terceiro não interessado que paga em seu próprio nome, a ação de reembolso será singela e não de sub-rogação, porque tal pagamento pode ter sido efetuado com intuito especulativo, e inclusive agravar a situação do devedor, ou até mesmo para colocá-lo numa posição moralmente vexatória(...)”.
(VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2010. Pag: 187)
O caso supra citado exemplifica-se pelo pagamento de dívida por um inimigo capital apenas por deleite.
Ressalta-se ainda que, caso a solução tenha sido realizada por um terceiro solvens, em oposição ou desconhecimento do devedor primário, tendo o devedor, no caso de oposição, motivos justos para se opor ao pagamento (por exemplo, dívida prescrita, negócio anulável,etc.), e o terceiro conhecimento da oposição, o devedor não é obrigado a reembolsar totalmente a quantia mal paga pelo terceiro, mas apenas, em ambos os casos, a quantia que lhe realmente competia; sob pena de, caso não seja reembolsado, ocorrer injusto enriquecimento.
Caso seja negado tanto pelo credor, como pelo devedor, a intervenção de um terceiro, consequentemente gera a impossibilidade do pagamento pelo mesmo, haja vista ser absolutamente inconveniente sua intervenção numa relação jurídica que não lhe pertence.
6. A QUEM SE DEVE PAGAR (ACCIPIENS)
Em regra, o maior legitimado para receber o pagamento é o credor, também chamado de accipiens; assim, conforme aponta a doutrinadora Judith, a regra determina o pagamento ao credor da prestação ou a quem o represente; importa, pois, desde já, recortar o conceito de credor, cuja persona – isto é, cuja “identidade pessoal” ou “singularidade” – tem no adimplemento da relação obrigacional extremada importância: é que enquanto a prestação pode ser, em princípio (salvo as personalíssimas), adimplida por terceiro, o pagamento, em regra, só é liberatório quando feito ao próprio accipiens. Destarte, vale ressaltar que existem algumas exceções à regra, onde outras pessoas passam a ser legitimadas a receber a prestação, como nos casos em que se segue: 
1. Os herdeiros do credor (o crédito integra a herança, salvo os personalíssimos), obedecendo às regras das obrigações divisíveis ou não, solidárias ou não; ou seja, se forem vários credores, em uma obrigação solidária, qualquer um deles poder receber o pagamento. Na hipótese de obrigação indivisível com pagamento a um só dos credores, será válida apenas com apresentação da caução de ratificação dos demais credores. Ademais, se a obrigação for divisível e não solidária cada credor deve receber a parte de seu crédito;
2. O legatário de crédito, ou seja, o legado é a disposição testamentária a título singular, em que o testador, exclusivamente por testamente, deixa a uma pessoa, estranha ou não à sucessão legítima, um ou outros objetos individualizados ou uma quantia definida em dinheiro. Portanto, tem-se por legado uma deixa testamentária determinada dentro do acervo transmitido pelo autor da herança, por exemplo, um anel ou joias da herança, um terreno ou um número determinado de lotes, as ações de companhias ou de determinada companhia;
3. O cessionário de crédito, ou seja, a cessão de crédito é um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentementedo consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional; podendo ser: gratuita ou onerosa; total ou parcial; convencional, legal ou judicial;
4. Os representantes do credor (legal, convencional ou judicial). O caso de representação legal do credor aplica-se quando esse for incapaz, como nos casos de pais, curadores e tutores. Caso o devedor tenha efetuado o pagamento diretamente com o incapaz (de quem tenha pleno conhecimento quanto à incapacidade), o mesmo não valerá, salvo se provar que em benefício desse o pagamento se reverteu. O representante convencional do credor atua no lugar do representado por uma procuração, ou seja, o credor (procurador) delega a um terceiro, por mandado, o direito de receber ou dar quitação. Já os representantes legais são os nomeados pelo juiz, por exemplo, o depositário.
Ainda tratando-se dos representantes, qualquer um destes é capaz para receber, presume-se - juris tantum - que a pessoa que se apresenta para receber a dívida munida da quitação outorgada pelo credor é seu mandatário. Porém, o devedor poderá recusar o pagamento ao terceiro mesmo que tenha em mãos a quitação, exigindo prova de autenticidade do mandato tácito ou provando sua falsidade, uma vez que, se pagar mal, será obrigado a pagar novamente. “Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante” (Art 311, Código Civil).
5. Conforme Venosa, quando for estipulado, no momento de surgimento da obrigação e por ambos os contraentes dessa, que o accipiens será um terceiro, mesmo este não tendo nenhuma relação material com a dívida, estará intitulado a recebê-la.
6. Quando o pagamento for feito a um terceiro não intitulado, o mesmo apenas terá validade se ratificado pelo credor, equivalendo-se assim a um mandato. Por exemplo, (VENOSA, 2010, p. 192), pagamento feito ao filho do credor, e este posteriormente confirma o recebimento.
7. Quando o pagamento for feito a um terceiro, tendo a quitação revertida em favor do credor. Entretanto, frisa-se que apenas o montante que fora entregue do terceiro ao credor será tido como valor revertido, sendo o devedor obrigado a ressarcir, caso exista, o restante da quantia não entregue. 
8. Por fim, têm-se o credor putativo, o qual mesmo possuindo apenas aparência de credor, recebe o pagamento do devedor. A lei somente aceita tal relação como válida caso o solvens esteja de boa-fé. Resta ao verdadeiro credor a busca pelo ressarcimento do pagamento ao falso credor.
“Pode ocorrer o pagamento a pessoa que tenha mera aparência de credor ou de pessoa autorizada. Trata-se do credor putativo. O exemplo mais marcante é a situação do credor aparente. Contudo, muitas hipóteses podem ocorrer. Suponhamos o caso de alguém que, ao chegar a um estabelecimento comercial, paga a um assaltante, que naquele momento se instalou no guichê de recebimentos, ou a situação de um administrador de negócio que não tenha poderes para receber, mas parece aos olhos de todos como um efetivo gerente. Não se trata apenas de situações em que o credor se apresenta falsamente com o título ou com a situação,mas de todas aquelas situações em que se reputa o accipiens como credor. Dispõe o Código: “o pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é valido, ainda provando-se depois que não era credor” (art. 309). O Projeto nº 6.960/2002 substitui o termo válido por eficaz, que melhor se amolda ao efeito desse negócio jurídico”.
(VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2010. Pag: 190)
Em suma, para o devedor se exonerar da obrigação não basta apenas examinar a legitimidade do accipiens, mesmo recebendo dele a quitação, haja vista que o devedor deve saber se o crédito está disponível para o credor, como, por exemplo, a quitação com um bem sobre o qual recai uma constrição - sabendo o devedor da penhora do crédito - o devedor deve dar ciência da penhora ao credor, se não o fizer, o credor é putativo. Assim, se o crédito não está disponível, deverá o devedor depositar no juízo onde foi feita a constrição, pois somente assim, o juiz poderá verificar se pode haver a liberação.
7. OBJETO DO PAGAMENTO
Segundo Venosa HYPERLINK "http://www.jurisway.org.br/v2/FCKeditor_2.2/FCKeditor/editor/fckeditor.html?InstanceName=FCKeditor1&Toolbar=Default" \l "_ftn16" \o "" \t "_blank" , o pagamento deve compreender, como objeto, aquilo que foi acordado. Nem mais, nem menos. Recebendo o credor o objeto da prestação, seu pagamento, estará a obrigação extinta. Além do mais, salvo se por consentimento de ambas as partes, o credor não é obrigado a receber objeto diferente do acordado, ainda que mais caro, nem obrigar o devedor a entregar outro objeto, mesmo que mais barato. E ainda, no caso de prestação divisível, o credor não é obrigado a receber por partes se assim não foi convencionado. 
Neste ínterim, percebe-se que o objeto do pagamento apresenta-se meramente como o fato que proporcionou o surgimento e consequentemente trará a solução da obrigação. Assim, deve ser respeitado, tanto nas obrigações de dar, fazer, como nas de não fazer, os requisitos essenciais para o correto procedimento da obrigação. Assim sendo, a solução da dívida está vinculada à entrega do objeto da prestação, respeitado os requisitos de validade das diversas modalidades de obrigações.
Venosa fala ainda que a prova de pagamento é a demonstração material, palpável de um fato, ato ou negocio jurídico. É a manifestação externa de um acontecimento.
 
8. PROVA DO PAGAMENTO
Ao efetuar um pagamento, o devedor tem direito a receber uma prova, uma demonstração material, palpável de um fato, ato ou negócio jurídico. Assim, a prova do pagamento é a quitação, escrito no qual o credor reconhece ter recebido o que lhe era devido, liberando o devedor até o montante do que lhe foi pago. 
O instrumento utilizado para materializar o pagamento das obrigações de dar e de fazer, é o recibo. Entretanto, conforme afirma Venosa, nas obrigações de não fazer, o ônus da prova é do credor, que deve evidenciar se foi praticado o ato ou atos, pois não é razoável exigir que o devedor prove que se omitiu, e mais fácil exigir que o credor prove que o devedor deixou de se omitir, fazendo o que não podia, descumprindo aquela obrigação negativa. Ademais, o devedor que paga tem direito a quitação regular, se esta não lhe for entregue ou desacompanhada dos requisitos legais, a lei abre meios de defesa, como, por exemplo, pode o devedor reter o pagamento, em face da recusa da quitação, ou sua não regularidade; assim, o devedor pode sustar o pagamento, não se podendo falar em culpa ou mora. Art. 319, Código Civil, o devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
A quitação não precisa ter a forma do contrato, deve ter forma escrita (em regra, em juízo não se aceita prova exclusivamente testemunhal para provar o documento se o valor exceder o teto legal; salvo quando houver começo de prova por escrito, em documento emanado da parte contra quem se quer fazer valor documento e nos casos em que o credor, moral ou materialmente, não tinha condições de obter a quitação, por exemplo, parentesco, depósito necessário ou hospedagem em hotel), pode ser dada por instrumento particular, designando valor, espécie da dívida quitada (tratando-se de obrigação parcelada, se não constar nenhuma ressalva quanto à qual parcela refere-se o documento, entende-se que a quitação refere-se a todo o débito), o nome do devedor ou quem por este pagou, o tempo e o lugar de pagamento e a assinatura do credor ou de seu representante, e para valer perante terceiros deve ser registrada no Registro de Títulos e Documentos. (CódigoCivil - Obrigações, Art. 320)
“Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante”.
“Parágrafo único - Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”.
(Direito Civil – Obrigações)
A quitação poderá ser dada pela devolução do título quando tratar-se de débitos certificados por um título de crédito (nota promissória, letra de câmbio, título ao portador, etc.), pois, se o devedor o tiver em suas mãos, o credor não poderá cobrá-lo, salvo se provar que o devedor o conseguiu ilicitamente. Se o devedor tem o título em seu poder, há presunção do pagamento, uma vez que se supõe que o credor não o entregaria se não recebesse o que lhe era devido. Todavia, essa presunção é juris tantum�, já que se o credor conseguir provar, dentro do prazo decadencial de 60 dias que não houve pagamento, ou se o mesmo fora proporcionado por violência ou por engano na remessa do título, ficará sem efeito a quitação. (Código Civil – Obrigações, Arts. 324 e 386)
“Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento”.
“Parágrafo único - Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento”.
“Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir”.
Se der a quitação por escritura pública, ter-se-á presunção juris et de jure (estabelecido por lei como verdade; presunção legal tida como expressão da verdade, que não admite prova em contrário) de pagamento, salvo se o credor provocar a falsidade deste documento, o que acarretará nulidade do próprio ato, ou seja, da escritura pública de quitação. 
Com o pagamento, o credor deverá devolver o título ao devedor, quitando, assim, a dívida. Todavia, poderá ocorrer que ao credor seja impossível a devolução do título particular em razão de sua perda ou extravio. Deverá, então, fornecer ao devedor uma declaração circunstanciada do título extraviado, contendo quitação cabal do débito, inutilizando-se o título não restituído. E se por ventura o credor se recusar a fazer tal declaração para invalidar o título que se perdeu, o devedor poderá reter o pagamento até receber esse documento. (Código Civil – Obrigações. Art. 321)
“Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido”. 
Em regra, nas obrigações de prestação sucessiva e no pagamento em quotas periódicas, o cumprimento de qualquer uma faz supor que os pagamentos das anteriores também se deram e o da última cria a presunção júris tantum, até prova em contrário, de que houve extinção da relação obrigacional, uma vez que não é comum o credor receber sem que as prestações anteriores tenham sido pagas. Código Civil, art. 322, quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. Entretanto, tal regra possui uma ressalva:
“O mais lógico é entender que o credor não receberia a última prestação, se a anterior não tivesse sido paga. Admite-se, no entanto, prova em contrário. Daí é costume, por exemplo, nas contas de fornecimento de energia elétrica ou de outros serviços essenciais ou semelhantes, periódicos, inserir a declaração de que a quitação da última conta não faz presumir a quitação de débitos anteriores. Não cabe, contudo, ao credor, segundo alguns, em se tratando de prestações sucessivas recusar-se ao recebimento da última, se não recebeu alguma anterior: deve receber com ressalva, a fim de evitar a presunção legal (cf. Lopes, 1966, v2:206). É defensável também a posição de que o credor pode opor-se ao recebimento nessa situação, tendo em vista que o devedor já está em mora”. 
(VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2010. Pag: 199)
Se o credor der quitação do capital sem reserva de juros, esses presumir-se-ão pagos, por serem acessórios do capital. Presumir-se-á que a quitação abrange também os juros até que haja prova em contrário. Levenhagen acha que a presunção é juris et de jure. Venosa acredita que esse artigo deve ser examinado paralelamente com o art. 354 da imputação do pagamento. (Código Civil – Obrigações. Art. 323 e 354)
“Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos”.
“Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital”.
As despesas com o pagamento e quitação, salvo estipulação em contrário, presumir-se-ão a cargo do devedor. Se, porém, o credor vier a mudar de domicílio ou a falecer, deixando herdeiros em locais diversos, arcará, pessoalmente ou através dos sucessores, com a despesa acrescida. Deste modo, seria injusto o devedor arcar com as despesas de fatos supervenientes os quais não ocorreram; ficando, portanto, imputado ao credor qualquer fato que gere acréscimo de despesas inerentes ao mesmo. (Código Civil – Obrigações. Art. 325)
“Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida”.
O devedor terá o direito de consignar em pagamento (meio pelo qual o devedor extinguirá a sua obrigação perante o credor, no caso de este recusar-se a receber o pagamento, não tomar a iniciativa de recebê-lo ou ainda quando seu paradeiro for desconhecido), ante a recusa do credor em dar a quitação, citando este para esse fim, de forma que o devedor ficará quitado pela sentença que vier a condenar o credor, uma vez que a recusa deste caracteriza mora creditoris (Demora em receber, atraso do credor). Assim, o devedor pode consignar a prestação devida ante a recusa do credor em dar a quitação, ou dá-la irregularmente, o devedor cita-o para vir receber em dia, local, hora, designados pelo juiz. Código Civil, Art. 335, A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma.
As obrigações que têm por objeto uma prestação de dinheiro são denominadas pecuniárias, por visarem proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies possuam como tais.
O pagamento em dinheiro far-se-á em moeda corrente no lugar de cumprimento da obrigação, ou seja, em real. No Brasil comina-se pena de nulidade às convenções que repudiarem essa unidade monetária.
O pagamento mediante cheque deverá ser recebido pro solvendo e não pro soluto, pois, se não houver fundo, tal pagamento não terá eficácia. 
9. LUGAR DO PAGAMENTO
O lugar do pagamento refere-se ao determinado local de cumprimento de uma obrigação. Em regra, baseando-se no caput do art. 327 do Código Civil, no silêncio do título, a dívida é quérable (quesível), ou seja, o pagamento será efetuado no domicílio do devedor, cabendo ao credor o dever de procurá-lo para fazer a cobrança. Entretanto, dependendo do disposto no contrato, a dívida pode tornar-se pórtable (portável), ficando o devedor obrigado a procurar o credor em seu domicílio, ou no local pelo credor indicado, se o devedor não encontrar o credor deverá consignar o pagamento para não ficar em mora. Além do mais, algumas obrigações, por causa de determinadas circunstâncias ou de sua natureza, conforme afirma Venosa, devem ser executadas ora no domicílio do devedor, ora no do credor; podendo também a lei fixar o lugar do pagamento (por exemplo,é a lei que determina onde deverão ser pagas as letras de câmbio), levando em consideração que em todos os casos tal obrigação pode ser relativizada pela vontade das partes.
De acordo com o parágrafo único do art. 327 do Código Civil, caso exista a designação de dois ou mais locais para a efetuação do pagamento, a escolha pertence ao credor, devendo este informar antecipadamente, em tempo hábil, o devedor para que este possa efetuar o pagamento.
Saber o lugar do pagamento é importante para definir quem está em mora, pois, por exemplo, se a obrigação é quérable e o devedor só vem a perecer no domicílio do credor após dois anos, não se poderá dizer que o devedor está em mora�, tendo em vista que o dever era do credor em ir cobrara a dívida no domicílio do devedor. Ademais, se o devedor tiver interesse em pagar, sendo este um direito seu, e não querer esperar o credor em uma obrigação quérable, ele poderá consignar; porém, se a obrigação for pórtable, mas o devedor não encontra o credor no local por ele indicado, o devedor estará em mora.
Uma questão que muito sofre divergência na doutrina é quando o devedor muda de domicílio. Assim, segundo Venosa, quando a lei for omissa, o credor deverá continuar o pagamento no domicílio originário, e caso haja impossibilidade, arcará o devedor pelas despesas acarretadas ao credor referentes ao pagamento no outro local, como, por exemplo, remessa bancária, viagens, etc.
Quanto à habitualidade na inversão de obrigações, Venosa ressalva que:
“Embora o contrato possa fixar a dívida como quérable, se continuamente o devedor procura o credor para pagar, há animus de mudança de local de pagamento. Ou vice-versa. A habitualidade há de ser vista como a intenção de mudar o lugar de pagamento, salvo se as partes fizerem ressalva que a inversão do que consta no contrato é mera liberalidade. A grande importância na exata fixação do lugar do pagamento reside na ocorrência da mora. Quem paga em lugar errado, paga mal, na grande maioria das vezes”.
(VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2010. Pag: 201)
Essa presunção relativa prevista no art. 330 do Código Civil, como em qualquer situação contratual, deve ter a conduta dos contratantes analisada pelo juiz quanto à boa-fé objetiva e dos costumes do local.
Em relação ao art. 328 do Código Civil, que trata das prestações relativa à imóveis, deve-se ter certo cuidado ao analisá-lo, pois tais prestações ditas na lei não significam alugueis, mas sim a serviços apenas realizados no local do imóvel como, por exemplo, reparações de cerca, mudança de servidão, etc. Relembrando que tal regra pode ser relativizada pela vontade das partes.
Por fim, mas não menos importante, têm-se o art. 329, o qual dispõe que: “ocorrendo motivo grave para que não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo ao credor”; deste modo, frente a uma determinada impossibilidade sem culpa, como por exemplo, o local do pagamento está em calamidade publica; poderá o devedor efetuar o pagamento em local diverso, desobrigado de indenização, já que, como regra, o caso fortuito e a força maior não autorizam indenização.
10. TEMPO DO PAGAMENTO
Trata-se do momento em que a obrigação deve ser cumprida; em regra, a simples chegada dessa data já constitui em mora o devedor (art. 397), já quando não existe data para o cumprimento da obrigação, deve ser notificado o devedor para ser constituído em mora. Neste ínterim, o credor não pode compelir o devedor ao pagamento antes do vencimento (sob pena, conforme o art. 939, fora dos casos que a lei permita, de ser obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e, nos casos de dolo do agente, pagar as custas em dobro), nem o devedor poderá exigir que o credor receba o pagamento antes ou depois; salvo por consentimento de ambas as partes. Na prática não é tão simples, pode acontecer de o vencimento não estar determinado (exemplos: empresto R$ 1000,00 à João e digo que quando eu precisar ele me paga; aluguel por tempo indeterminado, neste caso é exigível uma notificação para avisar o devedor de quando o proprietário deseja o imóvel de volta); frisando assim a importância de que a quitação contenha uma data.
O art. 331 do Código Civil, “não tendo sido ajustada época para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente”, baseia-se pelo princípio da satisfação imediata, a qual poderá, fazendo uma reserva necessária, ser afastada pela própria natureza da prestação, de acordo com o art. 134 do Código Civil (ex.: ninguém poderá exigir, imediatamente, a obrigação de encontrar uma mercadoria que se encontra em Paris, ou a de restituir objeto alugado para certa finalidade antes que seja alcançada). 
Em regra, quando as partes ou a lei não estipularem um determinado prazo para o pagamento, dá-se o nome de obrigações puras, nas quais a prestação pode ser exigida a qualquer momento. Por outro lado, também existem obrigações com o prazo fixado, chamadas de obrigações de termo.
Normalmente o prazo é estabelecido em favor do devedor (art. 133), sendo facultado a ele a quitação antecipada ou não; entretanto, em alguns casos há a fixação do prazo em favor do credor, e neste caso, o credor não é obrigado a receber o pagamento antecipado, como exemplifica Venosa, o comprador de uma mercadoria fixa um prazo de 90 dias para recebê-la, já que nesse período estará construindo um armazém para guardá-la, ficando assim o prazo instituído a seu favor, já que o recebimento antecipado lhe seria prejudicial.
No caso de obrigações periódicas, cada uma destas deve ser examinada isoladamente. Nesta mesma linha de raciocínio, com exceção das situações de caso fortuito ou de força maior, se por um lado o pagamento pode ser cumprido antecipadamente, por outro não pode ser cumprida além do prazo marcado, constituindo em mora neste caso. Não pode inclusive com medida judicial, ou seja, não pode pedir a ampliação do prazo ao juiz.
Ao realizar o pagamento antecipado, o devedor, mesmo que não tenha qualquer vantagem (salvo se convencionado), como redução de juros e taxas, está livre desta determinada prestação, não sendo possível ao credor repetir a cobrança desta.
No caso de obrigação sem prazo certo, poderá o credor exigir o seu cumprimento num período razoável, que poderá ser fixado pelo juiz.
Quanto ao período do dia em que o pagamento poderá ser realizado, este varia de acordo com o caso concreto, por exemplo, quando o pagamento depende do horário de atividade do comércio, horário bancário ou forense, não quer dizer necessariamente que o sujeito pode realizara quitação até a expiração das 24 horas do dia, mas que deverá obedecer à seus determinados expedientes. Ressalvando-se que atualmente existem diversas maneiras de quitação, como as online, nas quais há a possibilidade de serem feitas até as 24 horas, dependendo assim do acordado. 
Conforme afirma Venosa, o prazo também pode ser estipulado concomitantemente, em benefício ao credor e ao devedor. Neste caso também não se admite antecipação de pagamento.
Quanto às obrigações condicionais (aquelas cujo cumprimento está sujeito à ocorrência de evento futuro e incerto, como, por exemplo, o pagamento do seguro por acidente), estas são regulamentadas pelo art. 332, e o seu cumprimento está vinculado à execução da condição/requisito; sendo o credor responsável de provar a ciência desse implemento pelo devedor. Os requisitos ou elementos para que haja condição são: a voluntariedade – que constitui um querer das partes; a futuridade, não sendo considerado condição o fato passado ou presente; e a incerteza, onde o evento pode ou não acontecer. Se o fato for futuro e for certo não será este considerado condição, mas sim termo.
Como visto anteriormente, em regra, o credor não pode exigir do devedor o cumprimento antecipado de uma prestação, porém, o CódigoCivil, em seu artigo 333, aponta as três únicas situações em que tal procedimento é previsto:
“Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código:
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores;
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor;
III - se cessarem, ou se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes”.
Nos três casos acima há a presunção de não possibilidade de cumprimento da obrigação por parte do devedor. No primeiro, o caso de falência do devedor se equivale ao de concurso de credores, pois em ambos se caracteriza a insolvência do devedor, quando o passivo do devedor supera o ativo e este não possui condições de alterar. O segundo caso é tido quando os bens dados como garantia são penhorados por outro credor, deste modo, presume-se que a situação do devedor é ruim, já que o outro credor não achou outros bens a serem tipos como garantia. Por fim, conforme afirma Venosa, o terceiro caso é caracterizado quando há uma diminuição na garantia pessoal ou real, ou mesmo sua perda, como, por exemplo, a morte do fiador; nestes casos, o devedor deve ser intimado a reforçar a garantia, em prazo razoável, se não o fazer, como nos outros casos, possibilitará a cobrança por parte do credor da antecipação do pagamento.
 
11. CONCLUSÃO
No presente trabalho, procuramos discorrer sobre o pagamento direto e todas as suas divisões e conceitos.
Num conceito mais simples, pagamento é a morte natural da obrigação, ou a realização real da obrigação, mas nem sempre em dinheiro (ex: A paga a B para pintar um quadro, de modo que a obrigação de B será fazer o quadro, o pagamento de B será realizar o serviço). O leigo tende a achar que todo pagamento é em dinheiro, mas nem sempre, pois em linguagem jurídica pagar é executar a obrigação, seja essa obrigação de dar uma coisa, de fazer um serviço ou de se abster de alguma conduta (não-fazer).
Num conceito mais completo, pagamento é o ato jurídico formal, unilateral, que corresponde à execução voluntária e exata por parte do devedor da prestação devida ao credor, no tempo, modo e lugar previstos no título constitutivo.
- formal: o pagamento é formal pois a prova do pagamento é o recibo; tal recibo em direito é chamado de quitação, e deve atender às formalidade do art. 320. Muitas vezes, em pequenos contratos, nós se pede recibo pra não perder tempo, é um hábito/costume, que também é uma fonte do direito.
- unilateral: pois é de iniciativa do devedor, que é o sujeito passivo da obrigação.
- voluntário e exato: lembrem-se sempre disso, pagamento é voluntário e exato; se o devedor só paga após ser judicialmente executado, tecnicamente isto não é pagamento pois foi feito sob intervenção judicial, ao penhorar/tomar bens do devedor; além de voluntário, o pagamento deve ser exato, então se A deve cinquenta a B e paga com um livro, tecnicamente isto não foi pagamento. De qualquer modo, em ambos os casos, mesmo pagando sob força judicial, ou pagando coisa diferente da devida, se o credor aceitou e se satisfez, isto é o que importa. Mas tecnicamente, em linguagem jurídica, pagamento é aquele voluntário e exato.
- prestação: é o objeto da obrigação, tal prestação é uma conduta humana, pode ser um dar, um fazer ou um omitir-se (não-fazer). Pagar é cumprir esta prestação.
- tempo, modo e lugar: o pagamento precisa atender a estas regras previstas no contrato na lei ou na sentença que fez nascer a obrigação, respeitando a data, o lugar e a maneira de pagar.  
Regras do pagamento: 1) satisfação voluntária e rigorosa da prestação (dar uma coisa, fazer um serviço, ou abster-se de uma conduta) porque o pagamento é exato; 2) o credor não pode ser obrigado a receber prestação diferente, ainda que mais valiosa, nem obrigar o devedor a dar uma prestação diversa, ainda que mais barata (art. 313); o credor pode aceitar receber prestação diferente, mas não pode ser forçado a aceitar (356); 3) o credor não pode ser obrigado a receber por partes uma dívida que deve ser paga por inteiro (314); esta regra tem duas exceções, no art. 962, que dispõe sobre o concurso de credores, e no art. 1.997, que dispõe sobre pagamento pelos herdeiros de dívida do falecido.
Quem deve pagar é o devedor, mas nada impede que um terceiro pague, afinal o credor quer receber. Se o devedor quer impedir que um terceiro pague sua dívida deve se antecipar e pagar logo ao credor. Em geral para o credor não importa quem seja o solvens, quem esteja pagando. Solvens é o pagador, seja ele o devedor ou não, e o accipiens é quem recebe o pagamento, seja ele o credor ou não. Se a obrigação for personalíssima (ex: A contrata o cantor B para fazer um show), o solvens só pode ser o devedor. Mas se a obrigação não for personalíssima, o credor vai aceitar o pagamento de qualquer pessoa. Para evitar especulações ou constrangimentos, a lei trata diferente o terceiro que paga por interesse jurídico do terceiro que paga sem interesse jurídico, apenas por pena ou para humilhar. Assim, o terceiro que paga com interesse jurídico (ex: fiador, avalista, herdeiro) vai se sub-rogar nos direitos do credor (349). O terceiro que paga sem interesse jurídico (ex: o pai, o inimigo, etc) vai poder cobrar do devedor original, mas sem eventuais privilégios ou vantagens (ex: hipoteca, penhor, 305). Em suma, o terceiro interessado tem reembolso e sub-rogação nos eventuais privilégios, já o terceiro juridicamente desinteressado só tem direito ao reembolso.
Se deve pagar ao credor, ou a seu representante, sob pena do pagamento ser feito outra vez, pois quem paga mal paga duas vezes (308). Se o credor é menor ou louco, pague a seu pai ou curador, sob pena de anulabilidade (310). O credor putativo é aquele que parece o credor mas não o é (ex: A deve a B, mas B morre e deixa um testamento nomeando C seu herdeiro, então A paga a C, mas depois o Juiz anula o testamento, A não vai precisar pagar novamente pois pagou a um credor putativo; C é que vai ter que devolver o dinheiro ao verdadeiro herdeiro de B, 309). Idem no caso do 311, pois se considera um representante do credor aquele que está com o recibo, embora depois se prove que tal accipiens furtou o recibo do credor; neste caso o devedor não vai pagar outra vez, o credor deverá buscar o pagamento do accipiens falso.
O pagamento se prova com o recibo/quitação. Quitação vem do latim “quietare”, que significa aquietar, acalmar, tranquilizar. Quitação é o documento escrito em que o credor reconhece ter recebido o pagamento e exonera o devedor da obrigação. A quitação tem vários requisitos no art. 320, mas em muitos casos da vida prática a quitação é informal/verbal e decorre dos costumes (ex: compra e venda em banca de revista/bombom). Se o credor não quiser fazer a quitação, o devedor poderá não pagar (319). Mas pagar não é só uma obrigação do devedor, pagar é também um direito, pois o devedor tem o direito de ficar livre das suas obrigações, é até um alívio para muita gente pagar seus débitos. Assim, o devedor pode consignar/depositar o pagamento se o credor não quiser dar a quitação, e o Juiz fará a quitação no lugar do credor. Espécies de quitação: 1) pela entrega do recibo, é a mais comum; 2) pela devolução do título de crédito (324)
Por fim, o ônus da prova, ou seja, quem deve provar que houve pagamento, se a obrigação é positiva (de dar e de fazer), é do devedor, assim se você é devedor, guarde bem seu recibo. Se a obrigação é negativa o ônus da prova é do credor, cabe ao credor provar que o devedor descumpriu o dever de abstenção, pois não é razoável exigir que o devedor prove que se omitiu, e mais fácil exigir que o credor prove que o devedor deixoude se omitir, fazendo o que não podia, descumprindo aquela obrigação negativa.
12. REFERÊNCIAS
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo. Editora Atlas S.A. 2010
DINIZ, Maria Helena. Vol. 2 Teoria Geral das Obrigações. São Paulo. Editora Saraiva. 2007
SOUZA, Sylvio Capanema de. Teoria Geral das Obrigações. 2010
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pagamento_(direito)
http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direito-das-Obrigacoes/4/aula/11 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
� Literalmente, esta expressão significa 'apenas de direito'. "Tantum" significa 'apenas', 'somente', 'simplesmente'. Esta expressão aparece geralmente associada à palavra 'presunção', assim 'presunção juris tantum'.
Refere-se a uma situação hipotética, algo que deve ser, mas ainda não foi confrontado ou comprovado por fatos concretos, encontrando-se ainda no estágio puramente conceitual.
� A mora é a inexecução culposa ou dolosa da obrigação. Também se caracteriza pela injusta recusa de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos. A mora pode ser por parte do devedor ou do credor.

Continue navegando