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MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO

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MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO
1) INTRODUÇÃO
Diante de um cenário jurídico de crescente demanda punitivista no qual o processo penal torna-se um “mecanismo de punição antecipada”, havendo uma evidente violação aos fundamentos e requisitos legítimos da prisão cautelar, é que surge a Lei nº. 12.403, de 04 de maio de 2011. O mencionado diploma legal trouxe importantes alterações para o Código de Processo Penal, prevendo medidas cautelares alternativas à prisão e estabelecendo novos parâmetros para o estabelecimento das medidas cautelares em geral. 
Em uma clara intenção descarcerizadora, visando proteger princípio da presunção de inocência, as inovações dadas ao Código de Processo Penal fornecem ao juiz opções intermediárias, representando um considerável avanço para o contínuo progresso rumo a um Processo Penal mais democrático e garantidor dos direitos fundamentais do cidadão, à luz do novo paradigma jurídico surgido com o advento da Constituição Federal de 1988. 
Importante salientar que algumas das medidas trazidas pela Lei nº. 12.403/2011 não são exatamente uma inovação no ordenamento pátrio, tendo em vista que algumas delas possuem correspondência com outras já existentes, por exemplo, na Lei dos Juizados Especiais (Lei nº. 9.099/95) e na Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/06), porém a sua sistematização e inserção entre os procedimentos do Processo Penal permite a extensão da sua aplicabilidade. 
	
2) CONCEITO
As medidas cautelares alternativas à prisão são providências de caráter pessoal aplicadas ao acusado ou investigado com o intuito de se garantir a efetividade do processo e, por conseguinte, a aplicação da lei penal. Assim, a aplicação das medidas cautelares tem por escopo “a preservação e a inalterabilidade de situações ou meio que interessem à prestação jurisdicional, de modo que toda situação ou meio de que se repute conter valor para o deslinde da causa possa estar protegido contra seu falseio, modificação ou perda de significação ou utilidade”�.
Portanto, as medidas cautelares nada mais representam do que maneiras de se estabelecer um “equilíbrio” entre o que é necessário para se preservar o Direito Penal, com a preservação de provas e prevenção contra novas práticas delitivas, e a salvaguarda das garantias individuais do acusado/indiciado. Nas palavras de Avena: “submete o imputado a um terceiro status, que não implica prisão e, ao mesmo tempo, não importa em liberdade plena”.� 
Já havia no Código de Processo Penal instituto semelhante: as denominadas “medidas assecuratórias”, previstas nos artigos 125 a 144, definidas por Mougenot Bonfim da seguinte forma:
“(...) aquelas providências tomadas no curso da ação penal ou do inquérito policial para garantir uma eventual e futura indenização ou reparação à vítima do processo penal, bem como assegurar o pagamento das custas processuais existentes ou, mais ainda, evitar que ele venha a se locupletar dos ganhos obtidos com a prática criminosa”.�
Porém, a finalidade de tais medidas era restrita apenas a aspectos meramente pecuniários, não havendo uma instrumentalidade a elas inerentes.
Nesta esteira, vale lembrar que o foco principal destas medidas é proporcionar ao julgador um leque maior de que possibilidades de medidas menos gravosas e igualmente eficazes, tornando a prisão, conforme professa Fernando Capez, uma “medida de natureza subsidiária a ser aplicada somente em último caso, quando não cabível sua substituição por outra medida prevista no art. 319 do CPP”.�
Desta feita, as medidas cautelares alternativas à prisão estão sustentadas pela seguinte perspectiva:
“A realização cotidiana da Justiça criminal somente será legítima se observadas todas as garantias individuais, pressuposto, aliás, do devido processo legal. O que estamos a afirmar é que, quando houver risco, concreto e efetivo, ao regular andamento do processo, por ato imputável ao acusado, o Estado poderá adotar medidas tendentes a superar tais obstáculos, ainda que com o recurso à sua inerente coercibilidade”.�
3) LEGITIMAÇÃO
Conforme dicção do artigo 282, § 2º, do Código de Processo Penal, cuja atual redação é dada pela Lei nº. 12.403/2011, as medidas cautelares poderão ser decretadas pelo juiz tanto de ofício quanto a requerimento, dependendo da situação.
Tratando-se de situação de inquérito policial a determinação pode ocorrer através de representação da autoridade policial ou a requerimento do representante do Ministério Público. Já no decorrer da Ação Penal, cabe a qualquer das partes formular o requerimento ao juiz, inclusive o assistente de acusação�. Fernando Capez entende que o juiz “não depende de pedido específico para escolher a providência acautelatória que entender cabível”.�
Em ambas as hipóteses, seja na fase investigatória ou processual, o juiz está autorizado a decretar as medidas cautelares ex officio caso vislumbre a necessidade de sua aplicação, observados os requisitos jurídicos.
Conforme prevê o § 3º, do artigo 282, o requerimento de aplicação das cautelares só poderá ser deferido após o contraditório, entretanto, em “hipótese de urgência na apreciação da medida, bem como aquelas que a prévia ciência pelo agente possa implicar perigo de ineficácia do provimento judicial”� é possível haver a determinação inaudita altera pars.
4) REQUISITOS
Sendo verdadeiramente excepcionais, as medidas cautelares devem ser impostas tão-somente quando preenchidos os requisitos imprescindíveis à sua decretação: o fumus comissi delicti e o periculum in libertatis.
Primeiramente, é preciso se atentar ao chamado fumus comissi delicti. No momento de apreciação para a aplicabilidade das medidas, devem haver indícios suficientes de autoria da infração penal, ficando caracterizado o opinio delicti, os quais deverão ser aferidos pelo juiz conforme o caso concreto. A materialidade não é exigida com o mesmo rigor, visto que corresponderia a um ilógico paradoxo como acentua Mougenot Bonfim�: 
“Dito de outro modo: como cobrar-se uma definitiva prova da materialidade como requisito necessário à decretação da cautelar, se a cautelar, no caso concreto, pode visar justamente a obtenção da prova da materialidade?”
Contudo, existindo a possibilidade de se vislumbrar, desde logo, a incidência de qualquer excludente de ilicitude ou de culpabilidade (exceto em hipótese de agente inimputável ou semi-imputável, onde se aplica o art. 319, inc. VII, do CPP) se torna inadequada a aplicação das cautelares. Fato é que, considerando o seu caráter instrumental, é totalmente desarrazoado decretá-las quando aquilo que se visa assegurar dá fortes indícios de que muito provavelmente não se concretizará. Neste mesmo sentido, ocorrerá situação semelhante em sendo constatada a ocorrência da prescrição “virtual” ou “abstrata” tendo com fundamento nas circunstâncias do crime e a pena ser cominada.
Outro requisito indispensável é o periculum in libertatis, ou seja, quando se verifica iminente risco surgido pela manutenção da liberdade plena do indiciado/acusado, podendo oferecer sérios prejuízos ao trâmite regular do inquérito policial ou do processo em visto disto. Todavia, tal suposição deve estar devidamente amparada em circunstância concretas acompanhada da fundamentação jurídica de modo que fique evidentemente caracterizada a necessidade de aplicação da medida.
Note-se que o periculum in libertatis pode ser grave o suficiente para exigir a imposição da medida de prisão. No entanto, se demonstrado que a liberdade do agente não representa empecilho ao desenvolvimento do processo e do inquérito, mas que, todavia, devem ser impostas algumas restrições ou vedações, é justificável a imposição das medidas cautelares.
Por fim, é importante salientar que somente diante da presença simultânea destes dois requisitos é que está autorizada a determinação das medidas cautelares, portanto, não estando presente um deles é vedada a imposição de quaisquer destas providências, como destacado pela jurisprudência:
“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS.PRISÃO PREVENTIVA. FUMUS COMISSI DELICTI. CONFIGURAÇÃO. PERICULUM IN LIBERTATIS. AUSÊNCIA. CONFIRMAÇÃO DA LIMINAR. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. I – O fumus comissi delicti está configurado, segundo a inicial acusatória, por haver indícios de que o paciente tenha atuado no crime de quadrilha, o que foi corroborado pelo recebimento da denúncia pelo Juízo de Primeiro Grau. II – Na decisão impetrada não restou demonstrado, com base em elementos concretos, a imprescindibilidade da medida à luz das circunstâncias autorizadoras que serviram de esteio ao decreto prisional impugnado. III – Liminar tornada definitiva e ordem parcialmente concedida, para que o paciente responda ao processo em liberdade, mediante termo de compromisso.” (TRF2 - Habeas Corpus n. 5.582/RJ, 1ª Turma Especializada, rel. Des. Federal Abel Gomes, j. em 27.02.2008)
“No caso concreto, considerando tratar-se de crimes de dano com violência à pessoa, resistência e desobediência (arts. 163, § 1º, I, 329 e 330, todos do Código Penal), demonstradas materialidade e autoria - fumus comissi delicti - e presente o periculum libertatis, conforme fundamentado pelo Magistrado a quo, a internação cautelar é medida de rigor.” (TJSC – Habeas Corpus n. 2012.071273-1, de Araquari, 3ª Câmara Criminal, rel. Des. Moacyr de Moraes Lima Filho, j. em 06.11.2012)
Ademais, a sua aplicabilidade restringe-se aos crimes puníveis com pena privativa de liberdade. Nesta mesma direção, Pacelli é categórico ao afirma que:
“(...) nenhuma medida cautelar (prisão ou qualquer outra) poderá ser imposta quando não for cominada à infração, objeto de investigação ou de processo, pena privativa de liberdade, cumulativa ou isoladamente (art. 283, § 1º, CPP); do mesmo modo, não se admitirá a imposição de cautelares e, menos ainda, da prisão preventiva aos crimes para os quais seja cabível transação penal, bem como nos que em que seja proposta e aceita a suspensão condicional do processo, conforme previsto na Lei nº 9.099/95 (...). Em se tratando de crimes culposos, a imposição de medidas cautelares, em princípio, não será admitida, em face do postulado da proporcionalidade; contudo, quando – e somente quando – se puder antever a possibilidade concreta de imposição de pena privativa de liberdade ao final do processo, diante das condições pessoais do agente, serão cabíveis, excepcionalmente, para os crimes culposos, as cautelares dos arts. 319 e 320, segundo a respectiva necessidade e fundamentação.”� 
5) PRESSUPOSTOS
Não bastando apenas que estejam configurados o periculum in libertatis e o fumus comissi delicti, o emprego das medidas está condicionado à necessidade, adequação e a proporcionalidade em sentido estrito. Observa-se que estes pressupostos são intensamente conexos entre si, razão pela qual cabe destacar que ao momento da prolação de qualquer medida é preciso que sejam levadas em consideração estas três premissas basilares.
Como primeiro aspecto a ser analisado está a necessidade. Dado o seu caráter excepcional, o questionamento a ser feito é se realmente há necessidade de submeter o indivíduo a tais condições, verificando a proporção do risco aferido e se este alegado prejuízo é realmente efetivo. Logo, somente quando for necessário para a garantia da aplicação da lei penal, da efetividade da colheita de provas e para evitar a prática de novas infrações, havendo sempre a devida fundamentação da decisão.
Estando caracterizada a necessidade, passa-se a averiguar a adequação. Tal pressuposto corresponde a um juízo entre meio e fim, ou seja, “A medida deve ser a mais idônea a produzir seus efeitos garantidores do processo”�. Por uma questão de lógica, caso a finalidade almejada não seja atingida o uso de determinada medida é descartado, podendo ela ser revogada, substituída ou simplesmente não se aplicando medida alguma, se for constatado que não há nenhuma outra que possa surtir os efeitos desejados.
Desta forma, a adequação representa o exame caso a caso do que é possível ser realizado, em outras palavras, “é a explicação lógica do porquê essa e não outra medida há de ser aplicada”�. Por esta razão, este pressuposto possui uma forte conexão com a proporcionalidade em sentido estrito, pois ”Se o gravame for mais rigoroso do que o necessário, se exceder o que era suficiente para a garantia da persecução penal eficiente, haverá a violação ao princípio da proporcionalidade”.�
Por esta razão, dependendo das circunstâncias do caso concreto, é admissível a decretação de cumulativa de duas ou mais medidas cautelares simultaneamente, posto que cada uma corresponderá a um determinado fim que se almeja tutelar. Neste sentido colaciona-se julgado do Tribunal de Justiça do Paraná:
“Nesta senda, é possível substituir a prisão preventiva pelas seguintes medidas cautelares diversa da prisão a serem fiscalizadas pelo juízo de primeiro grau: - comparecimento bimestral ao juízo em que tramita a ação para justificar suas atividades e sempre que foi intimado a participar dos atos processuais; - proibição de frequência a bares e estabelecimentos congêneres onde haja o consumo de bebidas alcoólicas; - proibição de contato com o corréu Rodrigo Aparecido Kalinoski; - recolhimento domiciliar no horário das 20:00 as 06:00 horas do dia seguinte e nos finais de semana e feriados, com expedição de ofício ao juízo.” (TJPR - Habeas Corpus n. 910529-1, de Ponta Grossa, 4ª Câmara Criminal, rel. Min. Rafael Vieira de Vasconcellos Pedroso, j. em 12.07.2012)
Por seu turno, a proporcionalidade em sentido estrito é um postulado jurídico, entendido por alguns doutrinadores como um “superprincípio”, que se traduz na “ponderação entre os danos causados com a aplicação da medida cautelar restritiva e os resultados que com ela serão auferidos, a fim de, com isto, verificar se o ônus imposto é proporcional à relevância do bem jurídico que se pretende resguardar”�. A inserção da proporcionalidade, ainda que implicitamente, como requisito para o estabelecimento das medidas cautelares é uma maneira encontrada pelo legislador de tentar coibir a sua aplicabilidade irrestrita ou sem método�, de modo que a sua violação acarreta a nulidade do ato praticado. Portanto, para que a imposição de uma cautelar seja válida é preciso que se encontre dentro da redoma da proporcionalidade.
6) PROVISORIEDADE
Como característica inerente a qualquer providência de ordem cautelar, cada uma das medidas elencadas no rol do artigo 319, do CPP, está adstrita a uma finalidade específica o que implica na sua provisoriedade, isto é, a medida deve somente perdurar por certo período. 
A respeito deste tema, Humberto Theodoro Jr., citado por Mougenot Bonfim, leciona: 
“(...) toda medida cautelar é caracterizada pela ‘provisoriedade’, a fim de que a situação preservada ou constituída mediante o provimento cautelar não se revista de caráter definitivo e, ao contrário, destine-se a durar por um espaço de tempo delimitado. De tal sorte, a medida cautelar já surge com a previsão de seu fim.”�
 
Assim, o estabelecimento de tais providências não pode ocorrer em caráter definitivo haja vista estarem vinculadas a circunstâncias que condicionaram a sua necessidade. Portanto, ao desaparecem as causas que ensejaram o uso de tais procedimentos estes devem ser consequentemente revogados pelo juiz. 
“HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA E ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR. PRISÃO PREVENTIVA ORDENADA APÓS LONGO DECURSO DE TEMPO. AUSÊNCIA DO PERICULUM LIBERTATIS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.
“1. Embora as instâncias ordinárias tenham invocado elementos concretos dos autos ensejadores, em princípio, da necessidade da custódia cautelar para a garantia da ordem pública, constata-se que a prisão preventiva foi decretada após mais de três anos do suposto cometimento dos ilícitos, sendo certo que não consta dos autos nenhuma notícia de que o paciente, nesse interregno, tenha voltado a delinquir, ameaçado a ordem pública ou causado qualquer embaraço à instrução criminal, pelo que ausenteo periculum libertatis, que justifica a aplicação da medida cautelar.
“2. Ordem concedida.” (STJ – Habeas Corpus n. 203.948/SC, 6ª Turma, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 20.10.2012)
Ademais, o magistrado deve estar em constante análise da necessidade de serem aplicadas as medidas cautelares apropriadas ao caso concreto, do mesmo modo, estar atento à possibilidade de sua substituição ou decretação de outra cumulativamente, norteando-se sempre pelo pressuposto jurídico da adequação. 
Uma das críticas feitas às alterações trazidas pela Lei nº. 12.403/11 é a ausência de estipulação de prazo de duração das cautelares, deixando, assim, a critério dos magistrados estabelecer por quanto tempo elas deverão permanecer em vigor, o que pode vir a ensejar graves arbitrariedades.
O fundamento legal desta precariedade encontra-se no artigo 282, § 5º, do CPP�, onde é nítido o comando de que em cessando o contexto que deu origem à medida esta deve ser revogada, numa clara alusão à cláusula rebus sic stantibus ("enquanto as coisas estão assim"), originária da esfera cível.
Deste modo, é mister que se aplique às medidas cautelares a mesma cautela utilizada na apreciação da prisão preventiva, posto que por mais que elas representem um abrandamento das sanções penais que objetivam garantir a utilidade do processo penal, não é admissível que ocorra a sua banalização. Destarte, compete aos magistrados realizar a devida ponderação de todo o arcabouço fático e jurídico a fim de proporcionar a mais correta aplicação destas disposições legais.
Outra inovação legislativa que a Lei nº. 12.403/11 proporciona é, por exemplo, a possibilidade de se impor as medidas cautelares sem prévia prisão em flagrante, assim como podem ser utilizadas em substituição ou conversão da prisão em flagrante quando não for cabível a prisão preventiva.�
“HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. TRÁFICO DE ENTORPECENTES (ART. 33 DA LEI 11.343/2006). CRIME EQUIPARADO A HEDIONDO. INAFIANÇABILIDADE (INCISO XLIII DO ART. 5º DA CF/88). LIBERDADE PROVISÓRIA: POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO JUDICIAL PARA A CONTINUIDADE DA PRISÃO. CARÁTER INDIVIDUAL DOS DIREITOS SUBJETIVO-CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA PENAL. ORDEM CONCEDIDA. 
“Ordem concedida para cassar a decisão singular que restabeleceu a custódia do paciente, ressalvada, é claro, a expedição de nova ordem prisional, embasada em novos e válidos fundamentos. Facultada, ainda, a adoção das medidas alternativas à prisão cautelar, descritas no art. 319 do Código de Processo Penal (...)”. (STF – Habeas Corpus n. 10.844/RS, 2ª Turma, rel. Min. Ayres Brito, j. em 10.04.2012)
7) ESPÉCIES
As medidas cautelares encontram-se arroladas na Lei, e, mais especificamente, ao agora disposto no artigo 319, do Código de Processo Penal:
“Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:
“I – comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;”
A primeira delas implica no comparecimento periódico à sede do juízo, para que o investigado ou acusado informar sobre suas atividades regulares. Caberá ao juiz aferir a periodicidade deste comparecimento, segundo as condições do agente e a gravidade dos fatos, pressuposto de adequação de toda medida cautelas (art. 282, inc. II). Há que se considerar ainda que a previsão no sentido do comparecimento obrigatório para informar e justifica atividades deve ser recebida em seus devidos e possíveis termos.
A medida deve se limitar às informações sobre as eventuais atividades estão em desenvolvimento, ou, se for o caso, as razões pelas quais não se exerce qualquer uma delas. Não há como reconhecer a validade na norma penal que define e pune a vadiagem, tal como se vê ainda no artigo 59, da Lei de Contravenções Penais (Decreto–Lei nº. 3.688/41). Uma coisa é investigar a origem dos recursos utilizados para a sobrevivência daquela que afirma não ter fonte de receitas, outra, muito diferente, é punir a indolência, e, pior ainda, a miserabilidade.
Delega-se ao julgador estabelecer o prazo para cumprimento da medida, no entanto, que caberá ao magistrado agir com prudência e razoabilidade, evitando-se a imposição de prazos excessivamente curtos e, ao mesmo tempo, deixando de impor prazos demasiadamente longos, que venham a gerar a inutilidade da medida.
“Art. 319. (...) II – proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações”
Atinente à proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, que tanto poderá impedir a prática de novas infrações, quanto se mostrar conveniente para a investigação ou para a instrução, explica-se por si mesma, ainda que não se ofereça nela própria instrumentos adequados para a fiscalização de seu cumprimento.
Nota-se, pois que a lei processual veda, em primeiro lugar, o acesso a esses lugares, e não apenas que o acusado os frequente. A “frequência” possui em si uma ideia de reiteração da conduta, habitualidade, passando o acusado a frequentar determinado lugar mais de uma vez. Já o “acesso” é mais limitativo, impedindo que o acusado adentre o estabelecimento ainda que por uma única vez, durante o prazo de imposição da cautelar.
Ademais, o Código Processual exige que os lugares a que o acusado deverá ter obstado o acesso ou a frequência devem guardar relação com o fato praticado, visando o fim específico de evitar o risco de novas infrações. Segue o entendimento jurisprudencial:
“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO TERMÓPILAS. QUADRILHA E FALSIDADE IDEOLÓGICA. PRISÃO PREVENTIVA E OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES CORPORAIS. CUMULATIVIDADE. IMPROPRIEDADE.
“1. As cautelares penais pessoais organizam-se de maneira sistemática. Tendo como ideia-força que a prisão é a ultima ratio, sendo inviável cumulá-la com medidas alternativas. In casu, diante de imputação de delitos com penas não elevadas, sem violência ou grave ameaça, comparecendo os pressupostos e requisitos de cautelaridade, o mais apropriado é revogar a segregação, mantendo-se as medidas de afastamento do cargo público e de proibição de frequentar determinados lugares.
“2. Ordem concedida para revogar a prisão preventiva, mantidas as outras medidas cautelares determinadas em desfavor do paciente.” (STJ – Habeas Corpus n. 226.989/RO, 6ª Turma, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. em 17.05.2012)
“Art. 319. (...) III – proibição de manter contato com pessoa determinada, quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante”
Aplicam-se as mesmas observações relativas à medida prevista no inciso anterior, contudo, com um acréscimo: aqui, o núcleo central das preocupações parece ser a vítima ou seus familiares, evitando-se contados prejudiciais a todos os envolvidos, e, por isso mesmo, a reiteração de novos conflitos. 
O que deve ser evitado e proibido é a procura de contato com a pessoa para a qual se estabeleça a cautelar, ficando a critério do juiz verificar qual a distância máxima a ser imposta a fim de evitar a prática de novos crimes e preservar a higidez física e mental da pessoa a quem o acusado ou investigado deva guardar distância, o que somente o caso concreto poderá esclarecer. 
“Art. 319. (...) IV – proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução.”
Esta medida diz respeito à proibição de ausência da Comarca para fins de conveniência da investigação e da instrução criminal, nos casos em que o juiz verificar que o acusado ou investigado dá efetivas demonstrações de que pretende furtar-se à aplicação da lei penal.
A imposição da simples proibição de ausência da Comarca é menos onerosa que a exigência de comparecimento periódico e obrigatório (art. 319, inc. I). Por isso, melhor aceita-lá sob finalidade diversa (para garantia da aplicação da lei) que obriga o investigador ou oacusado ao cumprimento de regras mais rígidas.
“Art. 319. (...) V – recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos”
A grande inovação em tema de cautelar repousa na exigência de recolhimento domiciliar no período noturno e dias de folga. Trata-se de uma providência que, em principio, deveria se limitar à substituição de prisão em flagrante, nas hipóteses em que não seja ainda adequada e necessária a decretação da prisão preventiva, ou, que o fato não se enquadre nas circunstâncias do artigo 313, CPP. Nota-se que a medida pressupõe dois requisitos básicos: residência e trabalho fixos. Acerca do tema, o seguinte aresto foi prolatado pelo STJ:
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ‘OPERAÇÃO SINAL FECHADO’. FORMAÇÃO DE QUADRILHA. PECULATO. FRAUDE À LICITAÇÃO. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PLEITO PELA REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS AUTORIZADORES PRESENTES. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. INSUFICIÊNCIA. DECISÃO FUNDAMENTADA. IDONEIDADE DOS FUNDAMENTOS DO DECRETO PRISIONAL. EVASÃO DO DISTRITO DA CULPA NÃO CONFIGURADA.
“1. A princípio, é desnecessária a manutenção da prisão preventiva, à luz da Lei nº 12.403/11, que estabeleceu a possibilidade de adoção de medidas cautelares dela distintas, desde que o paciente preencha as condições exigidas pela lei.
“2. No caso concreto, o Tribunal de origem asseverou que a prisão do paciente encontrava-se fundamentada na sua fuga do distrito da culpa.
“3. Contudo, dos elementos colhidos nos autos, verifica-se que o paciente tem moradia fixa em São Paulo, local onde está situada a sua empresa, o que afasta a alegada fuga do distrito da culpa.
“4. Ordem parcialmente concedida para que o Tribunal de origem aprecie a possibilidade de aplicação, no caso concreto, das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP.” (STJ – Habeas Corpus n. 229.194/RN, 5ª Turma, rel. Min. Adilson Vieira Macabu, j. em 15.05.2012)
Deve se observar, ainda, que ao contrário das outras cautelares, o aludido dispositivo legal também não aponta quais as finalidades deste recolhimento domiciliar, o que requer maiores cuidados quanto e quando de seu manejo.
“Art. 319. (...) VI – suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais.”
Refere-se à suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira. Nos termos da Lei, a finalidade seria o impedimento da utilização de tais circunstâncias (serviço público e atividades econômico-financeira) para a reiteração de infrações penais. Assim, não há que se impor a referida medida quando, por exemplo, o acusado pratica um crime de lesão corporal ou de furto sem se valer das atividades em questão.
“Assim, para que a instrução criminal seja iniciada sem turbação e da forma mais escorreita possível, sem a ingerência dos acusados através de seus cargos (artigo 282, I, do CPP); aliada a gravidade dos crimes apontados nos autos (artigo 282, II, do CPP); além de existirem justos receios de que os acusados poderão praticar novos delitos (por exemplo, coação de testemunhas) - artigo 319, VI, parte final, do CPP, a manutenção da medida cautelar de afastamento do cargo público é medida imperiosa.” (TJSC – Mandado de Segurança n. 2012.014750-1, da Capital, 4ª Câmara Criminal, rel. Des. Roberto Lucas Pacheco, j. em 31.08.2012)
“Ademais, o afastamento cautelar do cargo já retira, por si só, a potencial capacidade de lesão à ordem pública, especialmente se considerarmos que os crimes imputados ao paciente possuem intrínseca ligação com a função pública que exerce.” (STJ – Habeas Corpus n. 236.462/RS, 5ª Turma, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. em 26.06.2012)
Por “função pública” deve ser entendida toda e qualquer atividade exercida junto à Administração Pública, seja em cargo público, seja em mandatos eletivos (de natureza política), por autorização ou delegação do Poder Público ou no âmbito das empresas públicas. No particular, ressalta-se a importância estratégica da posição ocupada pelo agente junto às instituições financeiras como fator de risco de reiteração do comportamento e de distribuições de provas.
 “Art. 319. (...) VII – intervenção provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração.” 
A intervenção provisória do inimputável ou do semi-imputável dependerá primeiro, da existência de indícios concretos de autoria e de materialidade em crimes de natureza violenta ou cometidos mediante grave ameaça, e, segundo, do risco concreto de reiteração criminosa, devendo tudo isso a ser aferido mediante prova pericial, segundo o disposto no artigo 149 e seguintes, do CPP, conforme se extrai de julgado recente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
“Nesse particular, o laudo pericial acostado atesta que há necessidade de internação hospitalar do acusado, além de afirmar sua periculosidade, caso não se encontre em tratamento adequado.
“Para hipóteses como a que se apresenta, prevê o Código de Processo Penal a possibilidade de aplicação de medida cautelar diversa da prisão quando for necessária para a aplicação da lei penal ou para a investigação ou instrução criminal ou para evitar a prática de novas infrações penais (artigo 282 do CPP).
“Diante dessa realidade, considerando que a perícia concluiu ser o acusado inimputável e havendo risco de reiteração da conduta criminosa, entendo pertinente na espécie a substituição da prisão preventiva do denunciado pela medida cautelar prevista no artigo 319, inciso VII, do CPP.” (TJSC – Habeas Corpus n. 2012.071273-1, de Araquari, 3ª Câmara Criminal, rel. Des. Moacyr de Moraes Lima Filho, j. em 06.11.2012)
Esta medida já se encontrava contemplada em nosso ordenamento jurídico desde o Código de Processo Penal de 1941, agora sob a roupagem cautelar.
“Art. 319. (...) VIII – fiança, nas infrações que a admitem para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial.”
De cunho patrimonial, esta medida exige a prestação de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública ou hipoteca em primeira inscrição, com o objetivo de assegurar o comparecimento do acusado aos atos do processo, evitar a obstrução do andamento processual ou em caso de injustificada resistência à ordem judicial (art. 319, inc. VIII, CPP). 
Cabe salientar que as hipóteses previstas para a aplicação da fiança podem ensejar o seu quebramento, nos termos do artigo 341, do CPP, quando tais atos vierem a ser praticados após o deferimento da fiança e no gozo do seu benefício. 
“HABEAS CORPUS CRIME. POSSE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO E DE USO RESTRITO (ARTS. 12 E 16, DA LEI 10.826/03). PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDO, SOB O ARGUMENTO DA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. REQUISITOS ESSENCIAIS PARA CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA EVIDENCIADOS. POSSIBILIDADE DE RESPONDER AO PROCESSO EM LIBERDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE FIANÇA CONCEDIDA LIMINARMENTE, COM APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES. LIMINAR CONFIRMADA. ORDEM CONCEDIDA EM DEFINITIVO. 
“(...) A liminar requerida no habeas corpus foi deferida (fls. 89/90), de sorte que foi concedida ao paciente a liberdade provisória, com aplicação de medidas cautelares, dentre elas, o arbitramento de fiança no valor 5,5 (cinco vírgula cinco) salários mínimos.” (TJPR - Habeas Corpus n. 942.758-9, de Assis Chateaubriand, 2ª Câmara Criminal, rel. Min. Lidia Maejima, j. em 16.08.2012)
“Art. 319. (...) IX – monitoração eletrônica.”
Grande inovação trazida pela Lei nº. 12.403/11, o monitoramento eletrônico busca oferecer mais uma alternativa à prisão provisória. Em regra trata-se de uma tornozeleira que o acusado/indiciadodeverá utilizar e que enviará informações automaticamente a uma central acerca do local onde se encontra. Se eventualmente vier a romper ou danificar o aparelho, entendemos que a medida cautelar restará descumprida, sendo possível a decretação da prisão preventiva, nos termos do artigo 312, parágrafo único, do CPP.
A sua introdução no Direito brasileiro se deu através da Lei nº. 12.258/10, como incidente de execução da pena, mas agora com a previsão no artigo 319, do CPP, estendeu-se também à fase de inquérito policial e durante a instrução do processo.
“Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.”
Embora não se encontre arrolada entre as hipóteses do artigo 319, constata-se a exigência de outra medida cautelar introduzida pela Lei nº. 12.403/11: trata-se da proibição de se ausentar do país, a qual deverá ser comunicada às autoridades de polícia de fronteiras (Polícia Federal) e determinado o recolhimento do passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
Esta é uma medida que poderá proporcionar transtornos àqueles que, no desenvolvimento de suas regulares atividades, precisam se ausentar do país com frequência. No entanto, ela somente se justificará quando houver o fundado receio de fuga e sempre como alternativa à prisão preventiva. 
“HABEAS CORPUS. CORRUPÇÃO ATIVA. MEDIDA ACAUTELATÓRIA DIVERSA DA PRISÃO. IMPOSIÇÃO. PROIBIÇÃO DE VIAGEM AO EXTERIOR SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA. NECESSIDADE DA MEDIDA PARA ASSEGURAR A ESCORREITA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
“1. A imposição de medida cautelar diversa da prisão, sempre que possível, valoriza o princípio constitucional da presunção de não culpabilidade, na medida em que fixa a idéia de que a prisão preventiva deve ser decretada em último caso, sempre que medidas diversas se mostrarem insuficientes e inadequadas para garantir a persecução penal.
“2. A medida acautelatória de proibição de viajar para o exterior sem a prévia autorização judicial, quando imposta com o objetivo de assegurar a escorreita instrução criminal, por si só, não configura constrangimento ilegal.” (STJ – Habeas Corpus n. 209.139/RJ, 6ª Turma, rel. Min. Og Fernandes, j. em 29.05.2012)
Ressalte-se, também, que muito embora a lei não preveja qualquer punição para o descumprimento do referido prazo, entende-se que eventual atraso ou descumprimento, salvo quando motivadamente explicitado, acarretará a revogação da referida medida, e quando insubstituível por oura, a automática decretação da prisão preventiva.
Por fim, é importante salientar que Eugênio Pacelli entende não ser admissível a aplicação de cautelares não previstas em lei, pois poderia “abrir um perigoso leque de alternativas” o que demandaria uma grande dificuldade em se avaliar o seu cabimento e assim permitir o seu controle de constitucionalidade.�
CONCLUSÃO
Assim conclui-se o estudo acerca das medidas cautelares alternativas à prisão, as quais trazem valiosas inovações ao ordenamento jurídico brasileiro proporcionando vias capazes de se assegurar o êxito da persecução criminal aliadas à preservação das garantias individuais do investigado/acusado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVENA, Norberto Cláudio Pâncaro. Processo penal esquematizado. 4ª ed., São Paulo: Método, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 19ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
MOUGENOT BONFIM, Edilson. Curso de processo penal. 7ª ed., São Paulo: Saraiva, 2012.
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 16ª ed., São Paulo: Atlas, 2012.
� AVENA, in Processo Penal Esquematizado, 2012, p. 464.
� Ibidem, p. 810.
� in Curso de Processo Penal, 2012, p. 464.
� In Curso de Processo Penal, 2012, p. 492.
� PACELLI, in Curso de Processo Penal, 2012, p. 492
� AVENA in Processo penal esquematizado, 2012, p. 839
� Op. Cit., p. 347
� AVENA, op. cit., p. 841
� Ibidem, p. 468
� Op. cit., p. 490
� CAPEZ, op. cit., p. 344
� MOUGENONT BONFIM, op. cit., p. 472
� CAPEZ, op. cit., p. 344
� AVENA, op. cit., p. 830
� MOUGENONT BONFIM, op. cit., p. 475
� Op. cit., p. 465
� § 5º O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem
� OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Opus Cit., p. 489
� Op. cit., p. 516

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