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FILME “QUANDO NIETZSCHE CHOROU”

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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC
CURSO DE PSICOLOGIA
SAMUEL FILIPE SCHMIDT
FILME “QUANDO NIETZSCHE CHOROU”
CONCÓRDIA
2016
QUANDO NIETZSCHE CHOROU
A história do filme se passa em Viena durante o século XIX, onde Friedrich Nietzsche desenvolve uma reflexão de ficção com o medico Joseph Breuer, professor e mentor de Freud. O encontro dos dois foi possibilitado por uma linda mulher, que tinha tara sexual para com todos os homens do seu tempo que fosse considerado gênio. O filme aborda a cura através da fala, deixando evidente o víeis psicanalítico. Foi possível também a identificação de conceitos fundamentais do existencialismo.
Friedrich Nietzsche é um filósofo em crise por ter tido negados os seus pedidos de casamento junto de Lou Salomé, escritora que busca ajudá-lo a se tratar, uma vez que ele se encontra rompido com ela, doente de enxaquecas e desesperado. Salomé procura Breuer para ajudar Nietzsche a tratar seu desespero e parar de mandar as cartas angustiadas que ele está mandando para ela. Notamos com o desespero de Nietzsche através das cartas enviadas o sentimento de “angústia existencial”. 
Sartre (1997) usa o termo angústia para descrever o reconhecimento da total liberdade de escolha que confronta o indivíduo e o desafia a cada momento de sua existência. O indivíduo tem receio que, através de sua liberdade de escolha, venha a tomar uma decisão “equivocada”, que afete irremediavelmente o curso de sua existência. Sartre, também, afirma que a angústia é o resultado da sensação do alcance de nossas escolhas, o indivíduo ao reconhecer a verdade de suas escolhas é invadido pelo doloroso sentimento de angústia. Para este filósofo, o próprio homem é o fundamento para as suas escolhas, mas a responsabilidade e a consciência de liberdade é um fardo pesado demais para qualquer indivíduo; ou seja, o indivíduo não pode culpar ou responsabilizar ninguém por suas escolhas e, com isso, a sua própria escolha volta para si mesmo, causando angústia.
Para Sartre o homem vive de escolhas e através dessas escolhas, dependendo de qual escolha fizer, é que o homem vai manifestar a sua presença no mundo. O homem primeiramente existe e, durante o processo de sua existência; ele se torna e vai construindo a essência; ou seja, a existência precede a essência, a essência é um construtor humano (SARTRE, 1997).
No filme ficou evidente o sofrimento de Nietzsche, chegando à propensão do suicídio, a “morte” vista como uma fuga da realidade, ou ainda o fim do sofrimento, a possibilidade do fim de todas as possibilidades. 
A ideia do suicídio como um aparente desfecho para uma história de muito sofrimento, de um quadro depressivo, um ato de desespero ou insanidade, reacende uma discussão sobre a dificuldade que é a compreensão e a abordagem destas pessoas no desenrolar de suas tramas pessoais, além das dificuldades de detecção de sinais de desesperança, dos pedidos de ajuda, verbais e não verbais comuns frente ao surgimento do desejo de morte e da própria ideação suicida. Lidar com a morte nos remete a nossa própria finitude, que atormenta e ameaça. A morte voluntária (suicídio) assusta ainda mais, pois contraria inquieta e deixa um incômodo no ambiente onde é revelada, suscitando ideias, sentimentos e fantasias de conteúdo terrorífico. Para a psicanálise freudiana, nenhum de nós acredita na própria morte; ou, o que venha a significar o mesmo, e que no inconsciente, cada um de nós está convencido de sua imortalidade (FREUD, 1915).
Nietzsche deixa ser examinado por Breuer e fica evidente que suas dores físicas são psicossomáticas. Breuer propõe ao filósofo uma troca, onde trataria as suas dores de cabeça e Nietzsche o ajudaria a se curar dos seus desesperos por meio da filosofia. Nietzsche começa a questionar Breuer, levando o médico a trazer à consciência os seus medos e desejos. Breuer sem perceber estava fazendo o que o existencialismo chama de “autenticidade”, sendo a própria busca por si mesmo.
Para Camon (2006), a busca da autenticidade é a própria busca da condição humana naquilo que ela tem de mais peculiar e sublime: a consciência de si e do outro. É na autenticidade que o homem se torna, através da consciência, homem na busca dos valores que irão determinar-lhe essa condição.
Nietzsche pede a Breuer que se deite e explica que esta posição ativaria mais suas recordações. Ele pede para Breuer falar tudo o que lhe vem à cabeça, o que pode ser interpretado como a associação livre de ideias. Para Roudinesco (2000), o tratamento baseado na fala, o fato de se verbalizar o sofrimento, de encontrar palavras para expressá-lo, permite, senão curá-lo, ao menos tomar consciência de sua origem e, portanto, assumi-lo. E hoje, parece que a Psicanálise se encontra em constante desafio, na tentativa de compreender novos sintomas e patologias. Mesmo assim, seu método permanece centrado na escuta da condição humana, dando voz àquilo que, por ação do recalcamento, não pode aparecer, mas despende energia para manter certo modo de funcionamento produtor de sintoma.
Noto neste momento o ato da “escolha” de Breuer propiciando um “risco”, a escolha revela a responsabilidade, diante de uma questão o homem deve optar por uma alternativa e por um critério pelo qual essa alternativa foi escolhida, depende do que ele quer, do que escolher, não do que compreende. Entretanto, nenhuma opção se realiza sem angústia. Cada escolha é um risco pela sua própria incerteza. Existir é escolher-se. Sendo artífice de si mesmo, realizando a sua essência, uma pessoa se expõe ao risco. A escolha é necessária e livre: o indivíduo é obrigado a fazer opções para existir, embora essas opções não sejam constrangedoras (SARTRE, 1997).
Ao finalizar pude observar o momento em que o filósofo se despede de Breuer depois de ter percebido que os dois obtiveram uma "cura" por meio da fala. Onde o sentimento de “culpa existencial” não os perturbava mais. 
O filme “Quando Nietzsche Chorou”, apesar de ser uma ficção, leva-nos a se projetarmos no pensamento filosófico moderno e a se questionarmos sobre a realidade. O tratamento abordado vira uma verdadeira aula de psicanálise, onde os dois mergulharam em si próprios, num difícil processo de autoconhecimento. Eles então descobrem o poder da amizade e do “amor”. Avalio como positiva a utilização do Filme para a observação de varias temáticas abordadas pelo existencialismo.
REFERÊNCIAS 
CAMON, Valdemar Augusto Angerami. ISBN: 8522105529. Edição: 4, 2006.
FREUD, Sigmund. Introdução ao narcisismo: ensaios de metapsicologia e outros textos [1914-1916]. (Coleção Obras Completas, v.12). São Paulo: Schwarcz; 2010. 
ROUDINESCO, Elisabeth. Por que a psicanálise?. Rio de Janeiro; 2000.
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de fenomenologia ontológica. Tradução de Paulo Perdigão. 5º ed, RJ: Vozes, 1997.

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