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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Teoria Geral dos Direitos Difusos Professor: Luiz Antônio Aula: 06 | Data: 23/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO SENTENÇA, RECURSOS, COISA JULGADA e EXECUÇÃO 1. Sentenças 2. Recursos 3. Coisa julgada 4. Execução SENTENÇA, RECURSOS, COISA JULGADA e EXECUÇÃO 1. Sentenças a) Dogma da efetividade do processo: Todas as espécies de ações, tutelas ou instrumentos processuais são cabíveis. Por essa razão todas as espécies de sentenças são possíveis. b) Tutela específica de obrigação de fazer e não fazer (art. 84, caput e §5º, CDC e art. 461, CPC): É um rol exemplificativo. Mitigação do princípio da congruência – Existe hoje a fungibilidade das medidas, ou seja, pode pedir um fazer X e o juiz determinar um não fazer ou um fazer Y. c) Indenização (art. 84, §1º, CDC): O provimento condenatório de cunho indenizatório fica em segundo plano, o objetivo da demanda coletiva é o fazer ou não fazer. d) Astreintes: Pode ser determinada de ofício, independente de pedido do autor. Pode ser imposta contra o poder público. Da mesma forma o tribunal pode reduzir o valor da multa (art. 461, §6º, 461-A, §3º e 645 parágrafo único, CPC e art. 84, §4º do CDC). Só será possível a cobrança das astreintes após o trânsito em julgado (art. 12, §2º, LACP). Existe entendimento que as astreintes podem ser cobradas antes do trânsito em julgado, bastando que transcorra o período necessário para cumprir a obrigação (AgRg no Resp 1.372.950/PB). EMENTA ADMINISTRATIVO. AÇAO CIVIL PÚBLICA. OBRIGAÇAO DE FAZER. REATIVAÇAO DE ESTÁGIO CURRICULAR EM ESTABELECIMENTOS DE SAÚDEMUNICIPAIS. LIMINAR CONCEDIDA, EXCEPCIONALMENTE, SEM OITIVA PRÉVIA DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. PRESENÇA DOSREQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSAO E AUSÊNCIA DE PREJUÍZO AO INTERESSE PÚBLICO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 2º DA LEI N.8.437/1992. DESCUMPRIMENTO DO COMANDO DA SENTENÇA. MULTA COMINATÓRIA DIÁRIA. AFASTAMENTO. PRETENSAO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ. FIXAÇAO DE ASTREINTES EM ANTECIPAÇAO DETUTELA. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE, PARA EXECUÇAO DA MULTA, DE DECISAO TRANSITADA EM JULGADO. ALEGAÇAO DE AFRONTA AO ART.333, I, DO CPC. ÔNUS DA PROVA. DEFICIÊNCIA ARGUMENTATIVA. SÚMULA 284/STF. DECISAO MANTIDA. 1. Excepcionalmente, é possível conceder liminar sem prévia oitiva da pessoa jurídica de direito público, desde que não ocorra prejuízo a seus bens e interesses ou quando presentes os requisitos legais para a concessão de medida liminar em ação civil pública. Hipótese que não configura ofensa ao Página 2 de 4 art. 2º da Lei n. 8.437/1992. Precedentes. 2. A Corte de origem decidiu manter a multa cominatória diária por descumprimento da obrigação de fazer, pois, com base nos elementos de convicção dos autos, entendeu que o município não comprovou a observância ao comando da sentença, qual seja, a reativação dos estágios curriculares no âmbito dos estabelecimentos de saúde municipais. Insuscetível de revisão o referido entendimento, por demandar incursão no conjunto fático-probatório dos autos, providência vedada em recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. "É desnecessário o trânsito em julgado da sentença para que seja executada a multa por descumprimento fixada em antecipação de tutela." (AgRg no AREsp 50.816/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 7/8/2012, DJe 22/8/2012.) 4. No tocante à alegada afronta ao art. 333, I, do CPC, há evidente deficiência argumentativa, porquanto o Tribunal de origem não imputou ao recorrido o ônus de provar que o recorrido descumpriu sua obrigação de fazer. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF. Agravo regimental improvido. Obs.: Quando não há destinação específica as astreintes são destinadas ao fundo das tutelas coletivas. Mas a lei pode determinar essa destinação específica, tal como no ECA art. 214. 2. Recursos a) Liminar: Por requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, para evitar grave lesão ao interesse público, pode o Presidente do Tribunal suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, cabendo agravo no prazo de 5 dias (art. 12, §1º da LACP). A Lei 8.437/92 no art. 4º proporciona o mesmo instrumento ao MP. b) Regras próprias: Algumas demandas têm regras próprias. Ex1: art. 198, VII do ECA; Ex2: LPPD art. 4º, §1º. Art. 4º, Lei 7.853/89: A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. § 1º A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal. c) Efeitos dos recursos: O efeito normal das demandas de tutela coletiva é o devolutivo (art. 14, LACP). O recurso só será recebido no seu efeito suspensivo se houver risco de dano irreparável a parte. Os tribunais entendem que se houver risco de dano irreparável para o réu, pode conceder o efeito suspensivo, já o MP entende que esse dispositivo só se aplica ao polo ativo das demandas coletivas. Obs.: Quando há antecipação de tutela, e a sentença dá provimento à demanda não é cabível o efeito suspensivo, pois anularia a antecipação da tutela. d) Desistência e Renúncia de Recurso: Aplica-se o CPC de forma subsidiária (art. 501 e 502 do CPC / art. 995 e 995 do Novo CPC). Contudo o art. 5º, §3º da LACP trata da desistência da demanda, e a doutrina entende que as mesmas regras podem ser aplicadas para o caso da desistência do Recurso. Página 3 de 4 3. Coisa julgada (art. 103, CDC) Surge com o art. 18 da Lei 4.717/65. a) Pedidos difusos: Nos pedidos coletivos em regra a coisa julgada tem efeito erga omnes, mas a LACP limita o efeito erga omnes a algumas matérias. Em princípio as decisões nas demandas coletivas só são aproveitadas quando beneficiam os interessados – “secundum eventum litis”, ou seja, a coisa julgada se forma segundo o resultado da demanda. - Pedido difuso julgado improcedente por falta de prova: Não faz coisa julgada material, pois qualquer legitimado, inclusive o mesmo, com nova prova, pode propor nova ACP. - Pedido difuso julgado procedente: Em regra a demanda gera coisa julgada material, com efeito erga omnes. - Pedido difuso julgado improcedente no mérito: Teremos coisa julgada material, contudo os efeitos da coisa julgada quando prejudiciais aos interessados, não impedem a propositura de demanda individual (art. 103, §1º, LACP). b) Pedidos coletivos - Pedido coletivo julgado improcedente por falta de prova = Igual pedido difuso. - Pedido coletivo julgado procedente = Igual ao pedido difuso, mas o efeito é ultra partes. - Pedido coletivo julgado improcedente no mérito = Igual ao pedido difuso, mas o efeito é ultra partes. c) Pedido individual homogêneo (art. CDC 94) - Pedido individual homogêneo procedente = A sentença vem in utilibus, beneficiando todas as pessoas. - Pedido individual homogêneo improcedente = Aqueles que foram litisconsortes em demanda coletiva, julgada improcedente no mérito, não poderão propor ação individual (art. 103, §2º, CDC). – Transporte em in utilibus da sentença penal condenatória A sentença penal condenatória faz o mesmo efeito que o pedido individual homogêneo (art. 104, CDC). O art. 20 da Lei 9.605/08 – Lei dos crimes ambientais, já determina que o juiz estipule um valor mínimo de indenização. – Alcance da sentença coletiva Hoje temos mais julgados pendentes à aplicação do art. 16 da LACP, o efeito erga omnes e o efeitoultra partes só alcança a jurisdição do juiz que prolatou a sentença. O ED Resp 1.243.386/RS, ainda não foi julgado, mas pode mudar o entendimento sobre a aplicação do art. 16 da LACP. – Suspenção da ação individual (art. 104, CDC) Os efeitos da coisa julgada das demandas coletivas só beneficiarão os autores das ações individuais, se esta for suspensão no prazo de 30 dias (essa suspensão pode durar mais de 1 ano). Caso não seja suspensa a demanda individual, o autor não se beneficia do resultado a demanda coletiva. Contudo o STJ entende que o juiz pode de ofício suspender os processos individuais, independente da vontade do autor. Página 4 de 4 4. Execução Pelo art. 95, CDC a condenação será genérica. Sendo possíveis três espécies de liquidações: 1) Liquidação e execução individual (art. 97, CDC) A doutrina chama de dano sofrido, pois é possível calcular qual o dano que cada indivíduo sofreu. a) Habilitação (art. 100, CDC): As vítimas têm 1 ano para se habilitar, contados do trânsito em julgado da decisão. b) Prazo: Segundo a súmula 150 do STF a execução prescreve no mesmo prazo da ação, ou seja, o direito de liquidação prescreve em 5 anos. Para o STJ entende que não prescrevem as ações civis públicas ambientais e o pedido de ressarcimento ao erário das ações de improbidade. Todas as outras, por previsão da LAP prescrevem em 5 anos. c) Competência para a execução: É competente para a execução o juízo da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual e o juiz da ação condenatória, quando coletiva a execução. Mas segundo o STJ é possível usar o art. 475-P parágrafo único, CPC. Art. 475-P, Parágrafo único, CPC. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem. 2) Execução coletiva pelos legitimados (art. 98, CDC) Os lesados fazem a liquidação e os legitimados fazem a execução. O STJ entendeu que o MP não pode fazer essa execução, pois se tratar de direito disponível. 3) Liquidação e execução subsidiária difusa (art. 100, CDC) A doutrina chama de dano causado, pois é uma estimativa. Decorrido o prazo de 1 anos, se não houver habilitados ou o número for inexpressivo, o MP pode promover a execução por estimativa. Se a liquidação ocorrer antes de decorrido o prazo prescricional de 5 ano, o dinheiro fica a disposição de eventuais vítimas que se habilitem. Cumprido o prazo o dinheiro vai definitivamente para o fundo. Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida. Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985.
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