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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Celso Spitzcovsky Aula: 05 | Data: 28/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO SERVIÇOS PÚBLICOS 1. Permissão 2. Parcerias Público Privadas – PPP 3. Consórcios SERVIÇOS PÚBLICOS 1. Permissão (Lei 8.987/95) – Natureza Jurídica: É ato precário, ou seja, não tem prazo determinado e como consequência pode ser desfeita a qualquer momento sem o pagamento de indenização. Contudo no artigo 40 da Lei 8.987/95 o legislador redefiniu Permissão: É um contrato de adesão, precário. Quando, excepcionalmente é dado um prazo para a Permissão ele recebe o nome de Permissão Qualificada. Na Constituição Federa art. 223 § 4º, em matéria de telecomunicações as concessões e permissões só poderão ser extintas, antes do prazo, por decisão judicial. No § 5º, do mesmo artigo, a CF determina o prazo de 10 anos para rádio, e prazo de 15 anos para televisão. Art. 223, CF. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal. § 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial. § 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão. Obs.: A concessão disciplinada pela Lei 8.987/95 é chamada de Concessão Comum e tem por objeto a transferência da execução de serviços ou obras públicas para particulares, sem limite de valor, e com fonte única de arrecadação para o concessionário, ou seja, cobrança de tarifa dos usuários. 2. Parcerias Público Privadas – PPP I) Natureza Jurídica: São espécies do gênero concessão. II) Objetivo: O objetivo da criação da PPP foi atrair a iniciativa privada para a execução de serviços e obras públicas de grande porte. Página 2 de 4 III) Legislação: As PPP são reguladas pela Lei 11.079/04. O objeto dessa lei é fixar normas gerais sobre as parcerias público privada (art. 1º), ou seja, Estados e Municípios também podem legislar sobre o tema. IV) Limites para celebração da PPP (art. 2º, §4º) a. Valor: O valor mínimo para celebrar uma PPP é de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de Reais). Não há valor máximo. Se a obra ou serviço não alcançar o valor mínimo deve ser celebrada por meio de Concessão Comum. b. Prazo: O prazo mínimo é de 5 anos e o prazo máximo é de 35 anos. Obs.: A Lei 8.666/93 no seu artigo 57 prevê, como regra geral, o prazo máximo de 5 anos. c. Objetivo: A Lei proíbe a celebração de PPP que tenha por objeto único, ou exclusivo: - Execução de obras públicas (é mera execução do serviço) - Fornecimento de mão de obra - Fornecimento e instalação de equipamento V) Modalidades de PPP (art. 2º, §§ 1º e 2º) a. PPP Patrocinada b. PPP Administrativa PPP Legislação Objeto Valor mínimo Fontes de arrecadação Comum Lei 8.987/95 Serviços ou Obras Não Existe Cobrança de Tarifa Patrocinada Lei 11.079/04, art. 2º, §1º Serviços ou Obras 20 Milhões de Reais Cobrança de Tarifa e Remuneração Administrativa Lei 11.079/04, art. 2º, §2º Só Serviços 20 Milhões de Reais Remuneração VI) Garantias do Parceiro Privado (art. 8º) - Instituições financeiras não controladas pelo poder público - Instituições internacionais - Receitas Públicas, respeitado o disposto no art. 167, IV da CF, que proíbe a vinculação da arrecadação de impostos a determinado órgão, fundo ou despesa. Nos termos do art. 212 da CF, a União não poderá reservar menos de 18% da arrecadação de impostos para o setor da educação. Página 3 de 4 VII) Licitações (art. 10 e seg.) Para celebrar uma PPP tem que abrir licitação. A PPP só pode ser licitada na modalidade concorrência pública. Os seguintes requisitos devem estar preenchidos: a. O objeto da PPP deve estar incluído no plano plurianual: Plano plurianual é o planejamento de metas do governo. Devem estar incluídas todas as obras e serviços, ainda que não forem ser concluídas no mesmo exercício financeiro. b. Obtenção de Licença Ambiental: Nos termos do art. 225 da CF é necessário a apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental. c. Consulta Pública: Essa exigência traz legitimidade ao projeto. Pelo período de 30 dias as informações do projeto, tais como, justificativa, objeto, duração e valor devem ser disponibilizadas a população. d. Autorização Legislativa: Só nos casos em que o valor da remuneração paga pelo poder público, ou parceiro privado, for igual ou superior a 70% do valor total da obra ou serviço. As cláusulas do edital podem estabelecer a utilização de arbitragem para resolução de pendências que surgirem durante a execução do contrato (art. 11, III). VIII) Sociedade de Propósito Específico (art. 9º) É uma pessoa jurídica que tem por objetivo gerenciar a execução do objeto da parceria público privada. O §4º do art. 9º proíbe que o poder público assuma a maioria do capital votante dessa sociedade. IX) Contratos (art. 5º) A lei reitera os prazos de no mínimo 5 anos e no máximo 35 anos. A lei prevê a incidência de sanções tanto para o parceiro particular, quanto para o parceiro público, pelo descumprimento de obrigações. Antes, a Lei 8.666/93 no art. 87 previa sanções apenas ao contratado. A divisão de responsabilidades entre o poder público e o parceiro privado por fatos imprevisíveis e supervenientes durante a execução do contrato (caso fortuito, força maior, ou criados pelo próprio poder público – fato do príncipe). 3. Consórcios São acordos de vontade celebrados entre as esferas de governo visando uma gestão associada de serviços e obras públicas, de interesse comum. O art. 241 da CF, nos termos da EC n.º 19/98, trouxe a ideia de Consórcio, na forma prevista em Lei, sendo está a Lei 11.107/2005. Art. 241, CF A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Página 4 de 4 Os consórcios poderão ser integrados por todas as esferas de governo (art. 1º, §1º). Contudo a União só poderá participar de consórcios que envolvam Municípios, se os Estados, onde eles se encontram, também estiverem envolvidos (art. 1º, §2º). Os objetivos a serem alcançados pelo consórcio são determinados pelas próprias esferas de governo consorciadas (art. 2º). A lei prevê que os consórcios poderão, para alcançar esses objetivos, promover desapropriações, celebrar contratos, instituir servidões e etc. Etapas de Criação dos Consórcios 1ª Etapa: Celebração de um protocolo de intensões 2ª Etapa: Ratificação do protocolo de intenções, através de lei 3ª Etapa: Celebração do contrato de consórcio Da criação dos consórcios resulta a criação de uma pessoa jurídica com personalidade distinta dos entes consorciados. Essa pessoa jurídica será a responsável pelo gerenciamento da execução do consórcio (art. 1º, §1º e art. 6º). Essa pessoa jurídica pode ter personalidade jurídica de direito público (associação pública - espécie de autarquia) ou de direito privado (associação privada – não integrará a administração pública indireta). Obs.: A associação pública deve contratar por licitação e concurso público, porém segue o regime de CLT para seus contratados.