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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Eleitoral Professor: Clever Vasconcelos Aula: 03 | Data: 06/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO DIREITOS POLÍTICOS 1. Inelegibilidades PARTIDOS POLÍTICOS 1. Criação de um Partido Político 2. Cláusula de Barreira 3. Princípios Partidários DIREITOS POLÍTICOS 1. Inelegibilidades 1) Inelegibilidades Legais Complementares Só Lei Complementar pode estabelecer outras hipóteses de inelegibilidade. Essa lei, é a Lei das Inexigibilidade – Lei 64/90, alterada pela Lei Ficha Limpa – Lei 135/2010. a) Representação julgada procedente pela justiça eleitoral (art. 1º, I, “d”, LI) Abuso do poder político (ex.: candidato à reeleição usa carro oficial) ou abuso do poder econômico (ex.: recebimento de doações ilegais), durante a campanha eleitoral. Se condenado pela justiça eleitoral, o candidato terá seus direitos políticos suspensos por 8 anos, ainda que a decisão seja provisória. O prazo começa a contar do dia do 1º Turno da eleição, objeto da fraude. b) Por condenação criminal (art. 1º, I, “e”, LI) Os sofrerem condenação criminal em decisão transitada em julgado ou, proferida por órgão judicial colegiado ainda que antes do trânsito em julgado, serão inelegíveis. Caso tenha sido julgado por foro de prerrogativa de função, realizado por órgão colegiado, ainda que em primeira decisão, já estará inelegível antes do trânsito em julgado. Inelegibilidade Superveniente Ocorre quando o a pessoa é condenada, após se candidatar as eleições. Se o candidato for eleito, diplomado, o processo será deslocado para o foro competente. Se transitar em julgada uma sentença penal condenatória no Supremo a casa a qual o eleito pertença deve decidir se ele perde ou não o mandato (art. 55, VI, § 2º, CF). Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. Página 2 de 4 § 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. O condenado criminalmente será considerado inelegível por 8 anos, a contar do cumprimento total da pena criminal (durante o cumprimento da pena os direitos políticos já estão suspensos). Não é qualquer condenação criminal que resulta na inelegibilidade, mas somente os crimes: - Crime Contra o Patrimônio Público / Crime Contra a Fé Pública / Crimes Contra a Administração Pública - Crime Contra o Patrimônio Privado / Crimes Contra o Sistema Financeiro / Crimes Contra o Mercado de Capitais / Crimes da Lei de Falências e Recuperação judicial - Crimes Contra o Meio Ambiente / Crimes Contra a Saúde Pública – Crimes Eleitorais (com pena privativa de liberdade) – Crimes de Abuso de Autoridade (nos casos de condenação a perda do cargo ou a inabilitação para o exercício de função pública). - Lavagem de Dinheiro / Ocultação de Bens, Direitos e Valores - Tráfico de Drogas / Racismo / Terrorismo / Tortura / Crimes Hediondos - Redução Análoga à de Escravo - Crimes Contra a Vida / Crimes Contra a Dignidade Sexual - Crimes Praticados por Organização Criminosa / Quadrilha ou Bando c) Rejeição de Contas (art. 1º, I, “g”, LI) Os que tiverem suas contas, relativas ao exercício de cargos ou funções públicas, rejeitadas por irregularidade insanável (ex.: dispensa de licitação, inexigibilidade de licitação) serão inelegíveis. Essa irregularidade insanável deve ser, reconhecida pelo Tribunal de Contas como, ato de improbidade administrativa. A inelegibilidade terá prazo de 8 anos, contados do trânsito em julgado da decisão do Tribunal de Contas. d) Renúncia de Mandato Eletivo (art. 1º, I, “k”, LI) Todo titular de mandato eletivos que renunciar, desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por crime de responsabilidade ou falta de decorro parlamentar, fica inelegível pelo prazo de 8 anos, contados do dia que terminaria o seu mandato, salvo se for parlamentar, quando o prazo é contado a partir do fim da legislatura. Página 3 de 4 e) Por Improbidade Administrativa (art. 1º, I, “l”, LI) Essa condenação deve ter ocorrido por órgão colegiado ou deve ser transitada em julgado, bem como o ato de improbidade deve ser doloso. Essa inelegibilidade terá prazo de 8 anos, contados do cumprimento total da sanção de improbidade administrativa. f) Magistratura e Ministério Público (art. 1º, I, “q”, LI) Magistrados e os membros do Ministério Público aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória ou, tenham perdido o cargo por sentença ou, tenham pedido exoneração na pendência de processo administrativo, serão inelegíveis por 8 anos, contados da aposentadoria, decisão ou exoneração. PARTIDOS POLÍTICOS Lei 9.096/95 – LPP, Lei dos Partidos Políticos. Partidos políticos são pessoa jurídica de direito privado (art. 1º, LPP e art. 44, V, CC). O partido político precisa ser levado a registro no cartório de registro civil das pessoas jurídicas em Brasília/DF (Resolução n.º 22.316/2006 do TSE), bem como precisa de registro no Tribunal Superior Eleitoral. 1. Criação de um Partido Político (art. 8º, LPP) O partido político precisa de 101 fundadores, que subscreverão o seu Estatuto. Esses fundadores devem estar distribuídos em 1/3 dos Estados brasileiros, ou seja, no mínimo 1 membro de pelo menos 9 Estados da federação. Todo partido político deve possuir caráter nacional (art. 17, I, CF). O art. 7º, § 1º da Lei 9.096/95 define o que é Caráter Nacional, tendo sido alterado pela Lei 13.107/2015. Para comprovar que um partido político tem caráter nacional é preciso a subscrição de assinaturas de pelo menos 0,5% de eleitores não filiados a partidos políticos, da última eleição para Câmara dos Deputados (considerando apenas os votos válidos, desconsiderando os votos brancos e nulos), distribuídos em pelo menos 1/3 dos Estados, sendo que cada Estado deve possuir no mínimo 0,1% dos eleitores para Câmara Federal. 2. Cláusula de Barreira Foi reconhecida como inconstitucional pelas ADINs 13.51 e 13.54, pois fere o princípio da razoabilidade e a ideia do pluripartidarismo (art. 17 da CF). A cláusula de barreira está no art. 13 da LPP – Todo partido político para continuar a funcionar precisa obrigatoriamente obter a porcentagem mínima de 5% dos votos válidos para Câmara dos Deputados. Entres esse 5%, era necessário obter votos para Câmara dos Deputados em pelo menos 1/3 dos Estados membros, com no mínimo 2% dos votos para Câmara desse Estado. Foi reconhecida como inconstitucional: - Fere o princípio da razoabilidade - Fere a ideia do pluripartidarismo (art. 1º, V e art. 17 da CF). Página 4 de 4 3. Princípios Partidários 1) Princípio da Liberdade (art. 17, CF) Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 2) Princípio da Autonomia (art. 17, §1º, CF) Dentro do princípio da autonomia está à ideia de vedação a verticalização das candidaturas e coligações, ou seja, existe a livrecoligação, um partido pode ser coligado para candidatura a presidência, mas ser adversário na disputa de uma prefeitura. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. – Fidelidade Partidária (art. 17, §1º, 2ª parte, CF). Dentro do princípio da autonomia ainda falamos de fidelidade partidária. O mandato é do partido e não do candidato, sejam para eleições proporcionais ou para eleições majoritárias. Contudo o estatuto do partido político deve mencionar a obrigatoriedade da fidelidade, caso contrário ela não será obrigatória e o mandato pertencerá ao candidato. Próxima aula Fidelidade partidária continua (Resolução n.º 22610/2007, TSE).
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