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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Processual Civil Professor: Eduardo Francisco Aula: 11 | Data: 08/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO FASES DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 1. Citação 2. Respostas do Réu FASES DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO (continuação) 1. Citação a) Por meio eletrônico: lei 11.419/06. - É citação real; - Pode ser usada para citar a Fazenda Pública; - Pressupõe: I) estrutura de informática e regramento em cada Tribunal; II) prévio cadastro oficial do endereço eletrônico do réu. Obs: ela não sofre as restrições da citação pelo correio. b) Por Edital: artigo 231 e seguintes do CPC. Ocorre em três hipóteses: I- incerto ou desconhecido o réu; II- quando o réu estiver em local desconhecido, incerto ou inacessível. A inacessibilidade pode ser: 1) jurídica (quando não há mecanismos de cooperação internacional; quando o país não cumpre rogatória), 2) natural ou geográfica (lugar que não dá para chegar ou; 3) social (conflito armado, exemplo: favelas violentas); III- quando a lei exige. Vários procedimentos especiais, visando a celeridade, preveem que os réus, de fora da comarca, serão citados por edital. Exemplo: no inventário os herdeiros de fora da comarca são citados por edital. Exemplo: nas ações divisória e demarcatória, réus de fora da comarca são citados por edital. Obs: essas regras especiais são da redação originária do CPC, com a introdução da citação pelo correio a doutrina sugere o uso da citação pelo correio ou outra forma de citação pessoal. Obs: ao réu revel citado por edital ou por hora certa, será nomeado curador especial, nos termos do artigo 9º do CPC, assim como ao réu preso, independente da forma de citação. A necessidade de curador especial ocorre em todas as espécies de processo, inclusive na execução, no qual o curador especial tem poder para oferecer embargos à execução (STJ). Página 2 de 5 - Efeitos da Citação Válida: Artigo 219, CPC. a) efeitos processuais: I- Torna prevento o juízo (quando são foros diferentes); II- Induz litispendência: só haverá litispendência a partir da citação do réu e se houver duas ações iguais extingue- se aquela em que a citação ocorreu por último; III- A citação válida faz litigiosa a coisa, após a citação válida a disposição da coisa pelo réu é ineficaz para o processo. b) efeitos materiais: I- Constitui o devedor em mora (isso quando a obrigação não estiver sujeita a prazo, condição ou outro fato que automaticamente constitua em mora o devedor); II- Interrompe a prescrição: esse efeito retroage à propositura da ação se a citação for feita no prazo legal de 10 dias prorrogáveis por até 90 dias. Basta ao autor providenciar os meios necessários no prazo legal porque a demora no poder judiciário não lhe prejudica. Da mesma forma, a doutrina entende que obsta a decadência, mas a rigor, se o exercício do direito é feito pelo ajuizamento da ação, basta ajuíza-la dentro do prazo decadencial. Por isso, o STJ já decidiu que se o prazo decadencial vencer em dia não útil, prorroga-se até o primeiro dia útil só para o ajuizamento da ação. Obs: para o CPC os efeitos materiais ocorrem mesmo que a citação seja ordenada por juiz incompetente. Mas, a rigor, o único efeito processual que não ocorrerá, se a ordem de citação partir de um juiz incompetente, é tornar prevento o juízo. Os outros dois ocorrem normalmente. Obs: os efeitos mencionados no artigo 219 são os principais, mas há outros. Exemplo: artigo 264 que prevê que a citação gera estabilização da demanda. 2. Respostas do Réu Artigo 297 a 318 do CPC. O artigo 207 quando menciona contestação, exceções e reconvenção é apenas exemplificativo porque há outras respostas (exemplo: 1) impugnação a assistência judiciária – lei 1060/50, 2) impugnação ao valor da causa (artigo 261 do CPC), 3) reconhecimento jurídico do pedido, 4) nomeação à autoria etc). 1) Prazo: 15 dias da juntada ou, se for edital, é contado do fim do prazo do edital que vai ser de 20 a 60 dias contados da primeira publicação. O prazo de resposta dobra se for: - litisconsortes com advogados diferentes; Página 3 de 5 - réu beneficiado pela assistência judiciária, representado pela defensoria pública ou órgão público; Advogado dativo do convênio é prazo simples. O prazo será em quádruplo: - para a Fazenda Pública; - para o MP. Obs: havendo litisconsórcio passivo, o prazo de resposta é comum e contado da juntada do comprovante de citação do último a ser citado. Se houver desistência da ação em relação ao último réu não citado, o prazo de resposta começa com a intimação da decisão que homologou a desistência. Essa regra não se aplica ao procedimento sumário que tem regra especial, prevendo que o prazo de resposta é na primeira audiência (STJ). Contestação Artigo 300 a 303 do CPC. No procedimento ordinário é sempre escrita e no sumário pode ser escrita ou oral. Pode conter defesas: de natureza processual (aquela que ataca o processo na sua forma) e são apresentadas por meio de preliminares (artigo 301 do CPC) que pode conter defesa de natureza material ou de mérito (substancial) que pode ser: 1) substancial direta quando nega as alegações do autor, 2) substancial indireta consiste na alegação de fato novo que seja impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, atrai para o réu o ônus da prova. Princípios que traduzem ônus: 1- Eventualidade ou Concentração: artigo 300 do CPC – determina que o réu apresente na contestação todas as teses uteis concentrando sua defesa numa peça só. Esse princípio tem como consequência da não observância a preclusão, salvo hipótese do artigo 303: I- Direito superveniente; II- Matérias que podem ser conhecida de ofício; III- Matérias que podem ser alegadas a qualquer tempo (exemplo: artigo 22 do CPC – fatos impeditivos, modificativos ou extintivos podem ser alegados depois, mas o réu perde o direito a honorários). 2- Impugnação Específica dos fatos alegados pelo autor: artigo 302 do CPC. Sob pena de presunção de veracidade, essa presunção é relativa. Esse ônus tem duas exceções: I- Exceções ao princípio: não se aplica o princípio: - quando for advogado dativo; - curador especial; - MP Podem contestar por negativa geral. II- Exceções à presunção (ao efeito): - fatos que não admitem confissão; - inicial sem documento indispensável; - fatos contrários à defesa no seu conjunto (são incompatíveis com a tese de defesa). A defensoria pública não pode fazer negativa geral, deve fazer impugnação específica, exceto se configurar curador especial ou advogado dativo. Página 4 de 5 Exceções Artigo 304 a 314, CPC. 1) só a exceção de incompetência relativa é realmente exceção e resposta do réu, por isso seu prazo é sempre o prazo de resposta que varia em cada procedimento; 2) impedimento e suspeição, a rigor, são objeções porque o juiz deve reconhecer de ofício. O prazo é de 15 dias contados da ciência do fato e pode ser oferecida pelo autor e pelo réu; O prazo dessas exceções só se confunde com o prazo de resposta quando for oferecida pelo réu que toma ciência do fato com a citação. 3) o artigo 265, III prevalece sobre o artigo 306. Oposta a exceção o processo principal fica suspenso até que ela seja decidida (pois o recurso cabível não tem efeito suspensivo); 4) A exceção de incompetência pode ser protocolada no foro do domicílio do réu, com pedido de remessa ao juízo que ordenou a citação, artigo 505, parágrafo único. a) Exceção de incompetência relativa: artigos 307 a 311, CPC. I- É oferecida em petição autônomaendereçada ao juízo da causa (pode ser protocolada no domicílio do réu, artigo 305 do CPC). Deve indicar o foro competente. Com documentos e rol de testemunha, se necessário; II- Pode ser rejeitada liminarmente quando manifestamente improcedente para evitar a suspensão do processo; III) suspende o processo, é autuado em apenso e o excepto (autor) será ouvido em 10 dias; IV) se necessário haverá instrução e o juiz decide em 10 dias. Cabe agravo de instrumento (urgência processual). Para Dinamarco, pelo princípio da Instrumentalidade, é possível alegar exceção de incompetência em preliminar na contestação, desde que fique claro e indique o foro competente. O novo CPC passa a exigir preliminar. b) Exceções de impedimento e suspeição: artigo 312 a 314 do CPC. As causas de impedimento estão no artigo 134 e as causas de suspeição estão no artigo 135. I- É oferecida em petição autônoma em 15 dias, com documentos e rol de testemunhas; II – É autuada em apenso e suspende o processo; III- no prazo de 10 dias o juiz excepto pode: a) reconhecer o fato e encaminhar ao juiz substituto legal (não o que vai cobrir férias), essa atitude do juiz é irrecorrível; b) oferecer resposta escrita com documento e rol de testemunha e encaminha o processo para o Tribunal. Página 5 de 5 IV- O tribunal julga a exceção e, se for procedente, condena o juiz nas custas do incidente. O juiz tem legitimidade para recorrer dessa decisão e para a maioria não precisa de advogado. O novo CPC prevê a possibilidade de recurso pelo juiz. Obs: a lei não prevê, mas a doutrina sugere que quando manifestamente infundada a exceção com propósito protelatório, o juiz indefira de plano, o que enseja agravo de instrumento, mas faz cessar a suspensão do processo. Reconvenção Artigo 315 a 318 do CPC. É ação autônoma do réu contra o autor, no prazo de resposta, para tramitar no mesmo processo porque é conexa, mesmo que a ação principal seja extinta, ela continua existindo. - Pressupostos específicos da Reconvenção: 1) Conexão: com a ação e com a defesa STJ – sem muito rigor, basta conexidade (não precisa haver mesma causa de pedir ou mesmo pedido). 2) Competência do Juízo: o juízo da ação não pode ser absolutamente incompetente para reconvenção. Fora isso, aplica-se o artigo 109 do CPC. 3) Tempestividade: tem que ser no prazo de resposta e simultaneamente a contestação. Obs: não significa que para reconvir o réu seja obrigado a contestar, mas apresentar uma sem a outra gera preclusão consumativa. Obs: a exceção de incompetência não exige simultaneidade, ela pode ser anterior ou simultânea, mas nunca posterior à contestação. 4) Compatibilidade Procedimental: possui dois aspectos: a) o procedimento da ação tem que permitir reconvenção; b) a reconvenção tem que poder seguir o procedimento da ação. No juizado e no sumário não se admite reconvenção; não será possível reconvir se a ação reconvencional tiver procedimento especial genoíno que não possa se adaptar ao comum.
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