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Caprinos e Ovinos Marcelo Grazziotin Marlise Germer Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade C A P Í T U L O 1 Introdução A ovelha e a cabra provavelmente foram os primeiros animais domesticados pelo Homem, e também foram os responsáveis por uma mudança radical no tipo de vida das comunidades primitivas, oportunizando com que os nômades coleta- dores e caçadores se tornassem criadores e agricultores, formando os primeiros núcleos populacionais como hoje conhecemos nossa sociedade. Esses animais acompanharam o desenvolvimento da humanidade sempre fornecendo produtos essenciais para seu progresso, seja na forma de alimentos ou de vestimentas, abrigo e utensílios domésticos. Na ovinocultura, numa época mais recente, a lã representou a principal commo- dity comercial internacional, sendo uma das responsáveis pelo surgimento do im- pério naval Inglês, pois era o principal produto comercializado internacionalmente e, portanto, transportado pela esquadra Inglesa. Foi também a lã a propulsora do desenvolvimento comercial e estabelecimento das povoações do novo mundo, sendo o principal produto explorado no Sul da Argentina, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Uruguai e no Rio Grande do Sul. A criação de ovinos para a exploração laneira tinha como princípio ser extrema- mente extensiva utilizando os recursos naturais dessas regiões, que estavam Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 12 IEPEC sendo desbravadas pelo homem. A produtividade do rebanho tinha pouca im- portãncia, pois o que importava era a qualidade da lã produzida, o que muitas vezes não combinava com produtividade ovina. O capão (macho castrado com mais de 18 meses) era o melhor produtor de lã em qualidade e quantidade, e a borrega (fêmea com 10 a 18 meses) não era colocada em cobertura porque não se desenvolvia de forma adequada para atingir o peso necessário para em- prenhar e, caso emprenhasse, produziria um velo (conjunto de lã tosquiado) de baixa qualidade. A ovelha era selecionada pela qualidade e quantidade de lã que produzia, não importando se tinha produzido um cordeiro ou não. A preferência era que não tivesse produzido cordeiro, pois seu velo seria melhor. Desta forma se produziu e selecionou ovinos no Rio Grande do Sul até meados dos anos 80. Na região Nordeste brasileira, a ovinocaprinocultura também se desenvolveu de forma primitiva com objetivo de subsistência das populações sertanejas, sendo os animais trocados em feiras por outros produtos. Pouco se explorava comer- cialmente esses animais. Houve um pequeno desenvolvimento com o estabe- lecimento de curtumes que exploravam a pele dos animais (caprinos ou cruza, como é chamada a pele do ovino deslanado), mas a maioria das peles era de baixa qualidade, principalmente pelo manejo incorreto (ou falta dele) nas regiões de caatinga. Em outras poucas regiões do Brasil, especialmente sul e sudeste, a caprinocultura leiteira se desenvolveu comercialmente. No nordeste brasileiro (principalmente Rio Grande do Norte e Paraíba), com os programas governamentais de inclusão do leite de cabra na merenda escolar, houve uma transformação da caprino- cultura de subsistência para mais tecnificada e surgindo, como consequência, a produção em maior escala da carne de cabrito. Com a diminuição dos preços internacionais da lã e com o desenvolvimento da atividade ovina para exploração de carne, vários estados brasileiros se interessa- Capítulo 1 Introdução 13O portal do agroconhecimento ram pela ovinocultura e desenvolveram a atividade. Este desenvolvimento em geral se deu de forma desordenada e copiando o sistema de criação sulino, pois o Rio Grande do Sul possuía 75% do rebanho ovino nacional, porém, este modelo de criação não se justificava para rebanhos menores, em áreas menores e com terras mais caras. Os produtores sentiram a necessidade de melhorar seus índices de nascimentos, melhorar o ganho de peso de seus cordeiros, estabelecer con- troles sanitários modernos e melhorar, portanto, a produtividade do seu rebanho. Os centros de pesquisa e as universidades buscaram tecnologias no exterior e desenvolveram técnicas e ferramentas adaptadas ao nosso meio, formaram pro- fissionais e difundiram entre os produtores uma quantidade enorme de soluções para a criação dos animais. Muitos locais se tornaram referência na produção de ovinos e caprinos. Muitos criadores, no entanto, apenas aumentaram seus rebanhos utilizando as mesmas tecnologias de pequenos rebanhos de subsistência e dos rebanhos ex- tensivos tradicionais, conseguindo uma produtividade aquém do razoável e com pouco resultado econômico. Alguns outros iniciaram suas criações levados pela pu- blicidade comercial de grandes eventos e criações chamadas de elite, porém sem a adequada tecnologia de produção e sem uma assessoria profissional para seu rebanho, o que, na maioria das vezes, resultou em fracasso produtivo e comercial. Somando-se a esses fatores, a baixa qualificação da mão de obra existente criou um quadro de empolgação inicial, pouco ou nenhum planejamento, investimen- tos em fatores e tecnologias erradas, problemas sanitários e baixo resultado produtivo. Problemas que muitas vezes resultaram na desistência da atividade. Por outro lado, nós temos produtores que estão muito satisfeitos com a ativida- de, conseguindo ótimos resultados produtivos e econômicos, modernizando e aumentando suas criações e comercializando produtos de alta qualidade. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 14 IEPEC O segredo deles? Planejamento correto, dedicação à atividade, utilização de tec- nologias simples e de resultado comprovado, utilização de genética adequada ao seu sistema de produção, capacitação da mão de obra, entre outras coisas. Quer conhecer um pouco mais da história da ovinocultura e caprinocultura no Brasil e no mundo? Não deixe de acessar o Material Complementar. Este módulo de manejo básico de ovinos e caprinos trata exatamente dos passos inicias, porém fundamentais para a exploração comercial destes animais, que muitas vezes são esquecidos e levam ao surgimento de problemas facilmente evitáveis. 1.1 Raças e tipos de animais 1.1.1 O que é raça? A palavra raça é aplicada ao grupo de grupo de animais que possuem ca- racterísticas similares, capaz de serem transmitidas a seus descendentes quando as condições ambientais são semelhantes. Baseado em princípios empíricos e presumindo uma associação, nem sempre verdadeira, entre características morfológicas e certas aptidões produtivas, foram criadas as raças ao longo dos anos. Na escolha da raça a ser criada, deve-se levar em conta uma série de fatores que vão desde o ambiente onde está localizada a criação, objetivo da mesma, tama- nho de propriedade, recursos forrageiros, principal produto a ser comercializado, conveniência de compra e variabilidade genética disponível. Todos eles influen- ciam no resultado produtivo e econômico do empreendimento e, em maior ou menor escala, limitam o resultado financeiro da atividade. Capítulo 1 Introdução 15O portal do agroconhecimento O primeiro fator a ser observado é o local da criação, pois as raças têm carac- terísticas diferentes conforme sua origem e seleção. Uma raça que se adapta muito bem em regiões secas poderá não ter um bom desempenho numa região úmida, por exemplo. O principal produto a ser comercializado também é importante na hora da esco- lha. Cada raça tem a produção dirigida para um produto, como poderão visualizar na tabela abaixo. Por exemplo, se optarmos em produzir leite, o ideal é traba- lharmos comraças especializadas na produção de leite. Embora todas as raças produzam carne, leite, pele e algumas lã, cada uma produz de forma diferente e com maior ou menor eficiência. Muitos criadores escolhem a raça pela propaganda, beleza, gosto pessoal, preços obtidos em leilões ou por tradição familiar. Porém, se esta raça não se adaptar ao local e sistema de criação, bem como não for eficiente na produção daquilo a que se propõe, o resultado pode ser desastroso. Portanto, é muito importante conhecer a fundo a raça que pretendemos criar para conseguirmos os melhores resultados. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 16 IEPEC Tabela 1.1 - Raças divididas por tipo, conforme a especialização de produção, que apresentam registro genealógico no Brasil. Aptidão Espécie Ovina Caprina Corte Dorper White Dorper Hampshire Down Ile de France Poll Dorset Suffolk Texel Bhuj Brasileira Boer Jamnapari Mambrina Savana Leite Bergamácia Brasileira East Friesian Lacaune Saanen Alpina Alpina Americana Alpina Britânica Murciana Toggemburg Mista Border Leicester Corriedale Polypay Romney Marsh Samm Anglonubiana Canindé Moxotó Azul Serrana Lã Ideal Merino Australiano - Pele Cariri Karakul Morada Nova Santa Inês - Rústica Crioula Rabo Largo Somalis Brasileira - Pelo - Angorá Quando falamos em animais de raça, não podemos esquecer de comentar sobre o registro genealógico. Capítulo 1 Introdução 17O portal do agroconhecimento Registro genealógico: é o “documento de identidade” do animal. É de competência das Associações Brasileiras de Criadores de Ovinos (ARCO) e Caprinos (ABCC), entidades credenciadas junto ao Ministério de Agricultu- ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A ARCO tem sede em Bagé, RS e a ABCC, em Recife, PE. Existem mais de duas mil raças de ovinos e caprinos ao redor do mundo. Mas vamos nos deter nas raças que possuem registro genealógico no Brasil, homo- logado pelo MAPA. A ideia não é formar um inspetor de registro genealógico, apenas que os participantes tenham conhecimento das raças que possuem re- gistro no Brasil. Informações completas sobre registros e padrão racial de cada raça, as- sim como detalhes e particularidades de cada raça, estão disponíveis nos arquivos complementares. Lá você poderá acessar vários links e matérias sobre o assunto. Não deixe de conferir! 1.1.2 Divisão das raças conforme especialização Vamos descrever os tipos de ovinos e caprinos e uma breve indicação de suas qualidades, somente para dar uma ideia inicial da aptidão de cada animal. Para um melhor conhecimento das características de cada raça, acesse o Material Complementar. Lá você encontrará o padrão racial das raças além de websites com mais informações sobre as raças. Raças tipo carne As raças tipo corte ou tipo carne têm características relacionadas à produção de carne: devem possuir alto ganho de peso desde tenras idades, conformação mus- culosa, acabamento de carcaça adequado, alto rendimento de carcaça e também fatores maternos positivos, como: boa fertilidade, prolificidade (mais de um filhote Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 18 IEPEC por gestação) e boa produção de leite (para os cordeiros/cabritos crescerem rápido). » Ovinos: − Hampshire Down: cordeiros de bom ganho de peso e fácil acabamento. − Texel: cordeiros de rápido crescimento inicial, musculosida- de e capacidade de produzir pouca gordura na carcaça. − Ile de France: fêmeas pouco estacionais (maior período re- produtivo durante o ano), bom ganho de peso nos cordeiros e carcaça bem acabada. − Suffolk: cordeiro com bom ganho de peso e carcaças pesadas. − Dorper/White Dorper: rápido ganho de peso e acabamento de carcaça precoce. − Poll Dorset: fêmeas pouco estacionais e muito prolíficas. » Caprinos: − Boer: uma das raças mais utilizadas para produção de carne de cabrito. Bom ganho de peso, alto rendimento de carcaça e prolificidade. − Savana: Alto rendimento de carcaça, prolificidade e bom ganho de peso. − As demais raças (Bhuj Brasileira, Jamnapari, Mambrina) têm uma boa produção de carne, aliada a boa produção de pele. Raças tipo leite As raças produtoras de leite, como o nome diz, tem sua principal função a produ- ção de leite. Devem ter corpo com feições femininas, grande capacidade digestiva, parte posterior mais desenvolvida que a parte anterior, fortes aprumos e parte ma- mária desenvolvida e longevidade na lactação (produzir leite por vários meses). Capítulo 1 Introdução 19O portal do agroconhecimento » Ovinos: − Lacaune: grande produtora de leite, ótima adaptação ao confinamento. − East Friesian: ovelhas prolíferas e boas produtoras de leite. − Bergamácia Brasileira: ovelha relativamente rústica, gran- de e produtora de bons cordeiros. » Caprinos: − Saanen: alta produção leiteira e longevidade de lactação. − Alpinas: aliam produção leiteira e longevidade de lactação com boa rusticidade. − Toggemburg: alta produção leiteira e longevidade de lacta- ção. Boa rusticidade. − Murciana: alta produção leiteira e longevidade de lactação. Raças mistas Ovinos tipo misto, produzem uma lã de boa qualidade e aceitação comercial, além de produzirem cordeiros para abate de boa qualidade. Já os caprinos consi- derados de dupla aptidão, podem ser produção de leite e carne ou carne e pele, por exemplo. » Ovinos: − Corriedale: produz uma lã de ótima colocação no mercado e cordeiros bem desenvolvidos. − Romney Marsh: excelente para zonas úmidas, muito rústico. − Border Leicester: raça ótima para cruzamento com Merino, cordeiros resistentes ao frio no nascimento e ovelhas muito maternais. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 20 IEPEC − Samm: bom ganhador de peso e produtor de lã fina. − Polipay: ovelha de múltiplas aptidões : prolífera, bom ganho de peso e produtora de lã fina. » Caprinos − Anglonubiana: boa rusticidade e produção e de leite e carne. − Canindé, Moxotó e Azul Serrana: animais muito rústicos, adap- tados ao sertão nordestino e com pele de excelente qualidade. Raças tipo lã A principal aptidão é a produção de lãs de excelente qualidade, canalizando a maior parte dos nutrientes para desenvolver este produto. Normalmente não são pesados e os cordeiros produzem carcaças leves. » Ovinos: − Merino Australiano: produtor da melhor lã. − Ideal: um pouco mais pesado do que o Merino e mais rústico. Raça tipo pelo Especializada na produção de pelos. Os pelos são utilizados para a fabricação de fios e tecidos muito valorizados. » Caprinos: − Angorá: além da ótima produção de pelos, produz uma boa carcaça e apresenta boa rusticidade. Capítulo 1 Introdução 21O portal do agroconhecimento Raças tipo pele Os ovinos e caprinos tipo pele devem possuir grande superfície corporal, rústicos, com musculatura normal e uma pele que tenha boas características para a indus- trialização. Normalmente são pernilongos. » Ovinos: − Morada Nova: raça rústica e muito adaptada ao ambiente seco. − Cariri: raça rústica e adaptada à região de formação. − Karakul: a pele do cordeiro recém-nascido é a mais valori- zada (astrakan). − Santa Inês: atualmente selecionada para maior tamanho e produção de carne. Raças tipo rústicas Os rústicos têm como principal característica produzir em condições difíceis e podem resistir bom tempo com alimentação escassa. Possuem características físicas que propiciam sua adaptação ao meio, normalmente armazenando nu- trientes na cola, sendo também chamadas raças derabo largo. Muitas vezes são utilizadas as fêmeas como matrizes para a produção de carne, sendo cobertas por machos especializados em produção de carne (cruzamento industrial, como veremos a seguir). » Ovinos: − Somalis Brasileira: muito rústica, adaptada a regiões secas. − Rabo Largo: muito rústica, armazena grande quantidade de gordura na cola. − Crioula: excelente mãe, ciclando o ano todo e muito resis- tente à verminose. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 22 IEPEC 1.2 Seleção de matrizes e reprodutores Os reprodutores, sejam machos ou fêmeas, devem ser bem selecionados. Quando trabalhamos para ter resultados positivos devemos começar certo, pois não conse- guiremos ter bons resultados de animais ruins. Um ditado inglês diz o seguinte: “se você fizer tudo certo provavelmente vai dar certo, mas se você fizer alguma coisa errada certamente vai dar errado”. Para melhor compreensão, usaremos os seguintes termos: Reprodutor = macho Matriz = fêmea Um reprodutor deixa num rebanho um número muito grande de filhos, portanto vai ter uma influência muito grande na genética deste rebanho, por isso a impor- tância de utilizarmos bons animais para reprodução. Carneiros / bodes com boas características genéticas (p.ex. ganho de peso, carac- terísticas de carcaça e carne, resistência a doenças) vão transmitir aos seus filhos e filhas estas características. Mas também vão transmitir algumas características não identificáveis no próprio reprodutor, que são aquelas relacionadas às carac- terísticas maternais (como fertilidade da fêmea, produção de leite, prolificidade, capacidade materna). Como não podemos avaliar esses aspectos nos machos, devemos levar em conta o histórico da mãe, tias, irmãs, ou seja, sua família. Alguns marcadores genéticos podem ser identificados nos carneiros, seja para características de produção de carne ou para capacidade materna, facilitando a escolha do que buscamos no nosso rebanho. Capítulo 1 Introdução 23O portal do agroconhecimento A fêmea, apesar de deixar menor quantidade de filhos, influencia menos na genética do rebanho, mas tem igual influência na genética do cordeiro/cabrito! Ela não é simplesmente uma “forma” para gerar um cordeiro. A matriz fornece metade dos genes do filho e, se ela não for boa, não adianta o reprodutor ser excelente, pois o resultado em genética não é médio. 1.2.1 Critérios de seleção e descarte de animais: o que avaliar para selecionar bons animais? A função de um animal é fundamental na hora da escolha, pois dependendo do tipo de exploração e da finalidade da criação do animal, algumas características específicas devem ser levadas em conta. Algumas caracterísitcas são comuns a todos os tipos/raças. Características raciais Ao elegermos uma raça para utilizar, estamos buscando as qualidades desta raça e, portanto, o indivíduo a ser escolhido deve apresentar características físicas e morfológicas dentro do padrão de sua raça. O fato de um animal ser registrado não garante que ele seja um bom reprodutor, mas se ele for registrado, já passou pela seleção e avaliação de um inspetor técnico, o que garante que demonstra as características da raça. Além disso, se ele for um animal que demonstre ser supe- rior, tudo indica que ele vai produzir como os bons animais dessa raça produzem. Porém, se ele apresentar algumas características físicas diferentes da raça, ele deve possuir alguns genes diferentes ou pouco frequentes, e o que estes genes trazem consigo é difícil de estimar. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 24 IEPEC Aprumos Os aprumos são fundamentais na escolha dos reprodutores e matrizes, pois se eles forem bem aprumados, receberão a pressão do peso corporal corretamente distribuídos sobre as articulações, o que garantirá maior vida útil ao animal, seja em regime de campo e principalmente para confinamento. Além disso, alguns defeitos de aprumos podem ser o sinal externo de má formação do esqueleto do animal, o que pode influir negativamente em várias funções zootécnicas do animal como, por exemplo, a facilidade de parto das fêmeas. Nas figuras abaixo, visualizamos alguns defeitos de aprumo. Figura 1.1 - Aprumos anteriores. Capítulo 1 Introdução 25O portal do agroconhecimento Figura 1.2 - Aprumos posteriores. Figura 1.3 - Vista lateral. Defeitos de mordedura Uma boa mordedura, ou seja, correta oclusão da boca, é fundamental para a produção animal. Alguns defeitos, como prognatismo (queixo comprido) ou brag- natismo (queixo curto), dificultam na hora de apreender o alimento e realizar a mastigação, e com isto sua capacidade produtiva será diminuída. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 26 IEPEC A existência de outros defeitos genéticos ou adquiridos, principalmente no úbere e nos cascos, deve ser verificada, pois também influenciam na produção do animal. Nas figuras abaixo, podemos visualizar a forma correta e alguns defeitos de úbere e casco. Figura 1.4 - Defeitos e formato ideal do úbere em cabras. Capítulo 1 Introdução 27O portal do agroconhecimento Figura 1.5 - Defeitos de casco. 1.2.2 Escolha de reprodutores e matrizes No momento de selecionar os reprodutores e matrizes, devemos ter em mente qual o objetivo da criação, tipo de exploração, local e o mercado. Esses fatores é que determinam qual animal será melhor para aquele determinado produtor. O macho deve ser sempre puro e registrado. Machos cruzados podem até ser bons reprodutores, mas é uma incerteza. Quanto às fêmeas, quando buscamos raça pura, devemos procurar fêmeas regis- tradas ou tatuadas pela associação, porém se nosso objetivo é produção comer- cial, não existe esta necessidade. O importante é que ela seja bem estruturada, sadia e com características morfológicas e funcionais de acordo com nosso ob- jetivo. Podemos optar por ovelhas ditas comuns, sem raça definida, ou fruto de cruzamentos orientados. Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 28 IEPEC 1.3 Cruzamentos O cruzamento é uma ferramenta utilizada por muitos produtores para aproveitar as características desejáveis de duas ou mais raças. O objetivo principal é a obtenção da heterose. » Heterose: quando o cruzamento produz uma prole (filhotes) com valor fenotípico médio superior à média dos pais. 1.3.1 Tipos de cruzamentos Contínuo ou absorvente Neste tipo de cruzamento são acasaladas fêmeas sempre com machos de uma mesma raça, continuamente. O objetivo é que uma raça escolhida “absorva” a outra. Com a repetição dos cruzamentos do rebanho original com a raça escolhi- da, esta vai “absorvendo” o patrimônio genético da original. É utilizado, por exemplo, para formar plantéis puros de raças caprinas a partir de rebanho comum. No primeiro cruzamento, os filhotes possuem ½ sangue (50% de cada raça), já os filhos destes cruzados com a raça escolhida terão ¾ de sangue, e assim sucessivamente, até ser considerado Puro por Cruza (PC) e os descendentes registrados como Puros de Origem (PO) Para mais informações sobre quais as condições para formação de rebanho puro a partir deste tipo de cruzamento, acesse o Material Complementar. Capítulo 1 Introdução 29O portal do agroconhecimento Rotativos ou alternados Neste cruzamento utiliza-se duas ou mais raças alternadamente, mantendo sem- pre alta a heterose. Terminal ou industrial Este tipo de cruzamento envolve duas ou mais raças, mas sem a intenção de absorver uma pela outra. A ideia é aproveitar a heterose das duas raças nos filhotes para explorarcomercialmente as vantagens deste cruzamento. Um exemplo de sua utilização, é na produção de cordeiros em rebanho produto- res de lã. Para melhorar a produção de carne dos cordeiros, utiliza-se matrizes de raça de lã e reprodutores de raça de carne. Todos os filhotes nascidos (machos e fêmeas) são destinados ao abate. Com isto, além de melhorar a qualidade dos cordeiros, não prejudica a qualidade da lã das matrizes. M A T E R I A L C O M P L E M E N T A R Links Associação Brasileira de Criadores de Ovinos <http://www.arcoovinos.com.br> Associação Brasileira de Criadores de Caprinos <http://www.abccaprinos.xpg.com.br> Manejo Racional de Caprinos e Ovinos Evitando erros e aumentando a produtividade 30 IEPEC Raças ovinas/caprinas <www.iledefrance.org.br> <www.abcideal.com.br> <www.ovinoscrioulos.com.br> <www.brastexel.com.br> <http://assisbrasil.org/karakul.html> <www.hampshiredown.com.br> <www.abcosuffolk.com.br> <www.abcpolldorset.com.br> <www.abcdorper.org.br> <www.ovinoscoloridos.com.br> <www.abcanglo.zip.net> <www.abcboer.com.br> <http://abmova.zip.net/> Padrões raciais das raças de ovinos e caprinos registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento < http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/merino_astraliano.html> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/ideal.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/corriedale.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/romney_marsh.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/hampshire_down.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/texel.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/ile_de_france.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/suffolk.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/karakul.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/lakaune.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/santa_ines.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/morada_nova.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/bergamacia_brasileira.htm> Capítulo 1 Introdução 31O portal do agroconhecimento <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/somalis_brasileira.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/rabo_largo.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/border_leicester.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/poll_dorset.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/polypay.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/cariri.html> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/dorper.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/crioula.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/samm.htm> <http://www.arcoovinos.com.br/racas_links/east_friesian.htm> <http://caprisul.com.br/padraoracial.html> www. i e p e c . c om O Instituto de Estudos Pecuários é um portal que busca difundir o agroconhecimento, realizando cursos e palestras tanto presenciais quanto online. Mas este não é nosso único foco. Com o objetivo principal de levar conhecimento à comunidade do agronegócio, disponibilizamos conteúdos gratuitos, como notícias, artigos, entrevistas entre outras informações e ferramentas para o setor. Através dos cursos on-line, o IEPEC oferece a oportunidade de atualização constante aos participantes, fazendo com que atualizem e adquiram novos conhecimentos sem ter que gastar com deslocamento ou interromper suas atividades profissionais.
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