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AVALIAÇÃO E MANEJO DA DIARREIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA KAROLINE JANONES CASO CLÍNICO ID: O.P.T, 32 anos, pardo, solteiro, pedreiro, natural de Poconé, residente em Cuiabá há 18 anos, católico. QP: está “xixindo” há 3 dias HDA: Paciente declara previamente hígido e há 3 dias, após a ingestão de feijoada coletiva em seu bairro, apresenta quadro de diarreia líquido-pastosa, sem sangue e sem muco, com frequência de 4x ao dia, com dor abdominal discreta associada e que não cessa após jejum. Paciente evoluiu com perda de peso e adinamia nos dias subsequentes e há dois dias apresenta náuseas e vômitos. FREQUÊNCIA DE EVACUAÇÃO Frequência normal: de 3x por dia a 3x por semana Peso fecal: 200g DIARREIA Configura-se um quadro de diarreia a existência de aumento do volume das fezes, acompanhado por diminuição da consistência e maior número de evacuações. DIARREIA X DISENTERIA: QUAL A DIFERENÇA ? ALTERAÇÃO DE FREQUÊNCIA, CONSISTÊNCIA + SANGUE E/OU MUCO ALTERAÇÃO DE FREQUÊNCIA, CONSISTÊNCIA EPIDEMIOLOGIA Grande causa de morte, principalmente em países subdesenvolvidos Faixa etária mais acometida < 5 anos Em países desenvolvidos, acomete mais os idosos CLASSIFICAÇÃO ETIOPATOGENIA Dependente do tipo da disfunção: Diarreia osmótica Diarreia secretora Diarreia exsudativa/invasiva Diarreia motora DIARREIA OSMÓTICA Aumento das forças osmóticas exercidas por solutos intraluminais, pois são pouco absorvíveis Diferença osmótica entre fezes e plasma MELHORA com o JEJUM Ph< 5,3 Causas: uso de laxativos, má absorção de carboidratos DIARREIA SECRETORA Algum fator, geralmente toxina, droga, substância neuro-hormonal, está estimulando a secreção ou inibindo a absorção pelo epitélio intestinal Aumento do AMPc e GMP promovem liberação dos canais e secreção ativa de água e eletrólitos PERSISTE NO JEJUM Causas: infecciosas, uso de laxativos, ressecção intestinal, doenças do colágeno. LEMBRAR: principal é a Cólera (doença viral causada por Vibrio cholerae) ALERTA PARA DESIDRATAÇÃO RÁPIDA DIARREIA INVASIVA Decorrente da liberação de citocinas ou mediadores inflamatórios na mucosa intestinal Lesão da célula epitelial impedindo absorção Inflamação tem efeito secretor Pode aparecer disenteria DIARREIA MOTORA Motilidade anormal Causas: pós-cirúrgico com vagotomia, Síndrome do intestino irritável, supercrescimento bacteriano, hipertireoidismo* DIARREIA- CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO AGENTES ANAMNESE – PONTOS PRINCIPAIS Quanto ao início e duração Números de evacuações Quantidade de fezes Aspecto geral das fezes Dor abdominal Febre Emagrecimento Doenças associadas Uso de medicamentos/laxativos Investigação de hábito alimentar e alimento suspeito Viagens recentes Antecedentes familiares História social EXAME FÍSICO- GRAU DE DESIDRATAÇÃO EXAME FÍSICO Alerta para grau de desidratação e nível de consciência Desidratação leve/moderada: paciente com estado de consciência normal, cansado ou irritado Desidratação grave: paciente letárgico ou inconsciente DIAGNÓSTICO TRATAMENTO Intenção principal: PREVENIR A DESIDRATAÇÃO TRATAMENTO PLANO A • Tratamento domiciliar • Orientar maior oferta líquida • A SRO deve ser oferecida após evacuações • SRO não substitui refeições SRO: Solução de reposição oral TRATAMENTO PLANO B • Permanecer na Unidade para reidratar • Controle do peso e da diurese • Suspender temporariamente a alimentação • Iniciar terapia de reposição oral (TRO) • Desidratação leve (perda de 3-5% do peso): 50ml/kg de SRO. Reavaliação em 4h • Desidratação moderada (perda de 6-9% do peso): 100ml/kg de SRO. Reavaliar em 4h • Evitar antitérmicos em caso de febre (comum nas resoluções de desidratação) • Ao desaparecimento dos sinais de desidratação, iniciar PLANO A TRATAMENTO PLANO B NÃO DEU CERTO, OU TEM ALGUMAS DESSAS CONTRAINDICAÇÕES ? # PARTIU PLANO C !!!! AGORA SIM VOCÊ PODE MANDAR PARA O HOSPITAL SEU DOUTOR !!! TRATAMENTO PLANO C • Desidratação grave ou colapso circulatório • Emergência médica: transferir paciente para rede hospitalar • Administrar volumes iguais de soro fisiológico e ringer lactato, equivalente a 10% do peso corporal. • Reavaliação constante • Observação em âmbito hospitalar até desaparecimento dos sinais de desidratação. TRATAMENTO DE ACORDO COM AGENTE ETIOLÓGICO CASO CLÍNICO ID: O.P.T, 32 anos, pardo, solteiro, pedreiro, natural de Poconé, residente em Cuiabá há 18 anos, católico. QP: está “xixindo” há 3 dias HDA: Paciente declara previamente hígido e há 3 dias, após a ingestão de feijoada coletiva em seu bairro, apresenta quadro de diarreia líquido-pastosa, sem sangue e sem muco, com frequência de 4x ao dia, com dor abdominal discreta associada e que não cessa após jejum. Paciente evoluiu com perda de peso e adinamia nos dias subsequentes e há dois dias apresenta náuseas e vômitos. Medicamentos em uso: Plasil Histórico vacinal: completo CASO CLÍNICO História Patológica Pregressa: Nega HAS, DM, dislipidemia, TB e outras patologias. Relata após acidente automobilístico no qual fraturou membro superior esquerdo. História Familiar: Pais e irmãos vivos e saudáveis. Nega casos de HAS, DM, neoplasias, TB ou outras doenças em parentes próximos. História Psicossocial: habita sozinho em casa de alvenaria com boas condições sanitárias, consome água filtrada, não cria animais. CASO CLÍNICO Interrogatório por órgãos e aparelhos (principais alterações****) Geral: febre diária não-mensurada, adinamia, queda do estado geral, perda ponderal (2,5kg/3dias) TGI: Dor abdominal difusa, náuseas/vômitos pós-prandiais, diarreia Neuro: cansaço e sonolência. T.Urinário: diurese diminuída CASO CLÍNICO Ao Exame físico (principais ****) Geral: hipocorado (++/4+), desidratado (2+/4+), emagrecido, irritadiço, mucosas secas Ap. Cardiovascular: PA 100x60 mmHg – Abdome: plano, flácido, discretamente doloroso à palpação difusa, fígado 3-4cm abaixo RCD, baço não-palpável (TL); ausência de massas; RHA ( + ). Ext.: frias, sem edema/cianose; tempo de enchimento capilar lentificado. Linfadenopatia móvel, fibroelástica, não-dolorosa, região axilar bilateralmente. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS ? QUAL A CLASSIFICAÇÃO DA DIARREIA? QUAL O POSSÍVEL AGENTE ETIOLÓGICO? COMO TRATAR ESSE PACIENTE ? QUAL PLANO? LEVÁ-LO OU NÃO PARA O HOSPITAL ? VAMOS PENSAR JUNTOS ??? HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS ? 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LEVÁ-LO OU NÃO PARA O HOSPITAL ? INFECÇÃO ALIMENTAR DIARREIA AGUDA SECRETÓRIA MAIS COMUM: Salmonella TRATAR NA UBS. PLANO B AINDA NÃO. ATENÇÃO !!! E SE O PACIENTE PIORAR O QUADRO DE DESIDRATAÇÃO ? Iniciar plano C e direcioná-lo para rede hospitalar BOM TRABALHO PESSOAL !!! REFERÊNCIAS Caderno de atenção básico número 28 Medicina Interna, Harrison Fisiologia médica, Guyton
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