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Resumo segunda prova de farmaco ! Antimicrobianos !! Antibiose é o processo natural de seleção pelo qual um ser vivo destrói um outro para assegurar sua sobrevivência (vuillemin, 1889). Antibiótico é uma substancia elaborada por seres vivos, geralmente microscópicos, capazes de agir como tóxicos seletivos, em pequenas concentrações, sobre os microorganismos (Walksman, 1942).! A descoberta da penicilina se deu por Alexander Fleming, em 1928, então diretor do departamento de bacteriologia em St. Mary’s, Londres. Fleming retornou de uma viagem para seu laboratório bagunçado e desordenado. Enquanto limpava uma pilha de placas de petri que se acumulavam sobre o rastro do lysol, ele reparou, em uma das placas de petri que não tinha sido tocada pelo lysol, um estranho fenômeno. Nessa placa de petri haviam colônias de staphylococcus e perto da borda da placa havia uma mancha. Nessa mancha não haviam staphylococcus visíveis, ou em alguns lugares, havia apenas um pequeno grupo semitransparente, descritos como “fantasmas”. Fleming denominou a pequena mancha de penicilina, um termo que usou para explicar que a substancia “penicilina” tinha sido derivada de uma planta do gênero penicilium. Como essa substância tinha sido produzida pela penicilium, ele foi muito criterioso no nome da substancia, chamando-a de penicilina. ! Essa cultura em que havia semeado estafilococos, ocorreu contaminação por um fungo, causando a lise das bactérias ao seu redor. A substancia produzida pelo fungo foi a penicilina. !! Como são obtidos os antibióticos ! Os antibióticos foram descobertos ao acaso como uma substancia produzida por um organismo vivo. Uma outra situação é que o antibiótico é produzido industrialmente, não devendo ser chamado de antibiótico, pois não temos organismos vivos produzindo, deveria ser chamado de quimioterápico (sintético). ! Antibióticos biossintéticos (microrganismos): são aqueles obtidos a partir de cultura de ! microrganismos, a qual acrescentam-se substâncias químicas capazes de alterar a estrutura molecular do antibiótico que está sendo produzido. Podem ser produzidos por fungos, por bactérias (ex. bacillus, streptomyces, penicillium, cephalosporium). ! Antibióticos semissintéticos: são obtidos em laboratório acrescentando-se radicais químicos ao ! núcleo ativo de um antibiótico isolado de um meio de cultura no qual cresce um microrganismo. Os semi- sintéticos foram metade produzidos por microorganismos e uma parte foi adicionada quimicamente. Ex: derivados da penicilina, cefalosporina. ! Antibióticos sintéticos: antibióticos obtidos exclusivamente por síntese laboratorial, tanto parcial ! como total, porém a partir do estudo dos precursores obtidos de microrganismos. Ex: cloranfenicol, que atualmente tornou-se mais barato por ser possível produzi-lo por síntese laboratorial. !! Classificações: ! Há várias maneiras de classificar determinado antibiótico pelo grupo farmacológico, pelo grupo que ele possui, por sua estrutura química: ! Ação da bactéria: o primeiro exemplo do antibiótico é o resultado de sua ação sobre a bactéria.! O antibiótico pode ser bactericida (mata a bactéria) ou bacteriostático (impede o crescimento da bactéria). É preferível a ação bactericida sobre a bactéria. ! Modo de ação: é o modo como o antibiótico atua sobre a célula bacteriana. Existem várias formas de ! atuação do antibiótico. ! O antibiótico não vai atuar no hospedeiro e sim na bactéria. Na célula bacteriana temos alguns alvos que ao serem ligados aos fármacos irão ser inibidos. Os antibióticos podem atuar de diferentes maneiras: inibindo a síntese do DNA ou RNA (ex. quinolonas); inibindo a síntese de proteínas (ex. aminoglicosídeos); inibindo a síntese da parede celular (ex. beta-lactâmicos); inibindo a síntese do folato (sulfas); e despolarizando a membrana (daptomicina). ! A grande massa dos antibióticos atua na parede (membrana). O inibidor de síntese protéica em particular o aminoglicosídeo, atua bem em sinergismo com o inibidor da parede (se liga a estreptomicina). Não se escolhe o fármaco pelo mecanismo de ação na bactéria. !! Outras classificações:! Segundo o grupo farmacológico: em beta-lactâmicos, aminoglicosídeos, tetraciclinas, etc.! Segundo as aplicações: em penicilinas antiestafilocócicas, antianaeróbicos, antibiótico que atua na ! parede celular, etc. !! BETA-LACTÂMICOS! São antibióticos que apresentam o anel b-lactâmico em sua estrutura química. A principio todos os antibióticos são b-lactâmicos, por isso sua denominação. Dentro dos b-lactâmicos temos 4 grandes grupos: penicilina, cefalosporina, monobactâmicos, carbapenêmicos. ! A parede celular é uma estrutura que recobre a membrana citoplasmática encontrada apenas nas bactérias, sendo responsáveis pelas funções de proteção, sustentação e manutenção da forma da bactéria. Como a parede celular é uma estrutura fundamental para a manutenção da vida da bactéria, a supressão da sua síntese conduz a desintegração da célula. Portanto, os antimicrobianos que inibem a síntese da parede celular são bactericidas.! O envoltório do gram-positivo é diferente do gram-negativo. Tanto o gram positivo quanto o gram negativo possuem naturalmente membrana plasmática, mas possuem um envoltório ao redor, evitando a lise osmótica bacteriana. O gram negativo tem a camada mais espessa, em contraposição aos gram positivos. Nas bactérias gram-positivas existe apenas uma camada homogênea e espessa de petidoglicanos. Nas bactérias gram-negativas (coram em vermelho) a camada de peptidoglicano (folheto interno) é mais delgada e sobre esta existe uma camada constituída de lipopolissacarídeos e lipoproteínas. Alguns microrganismos tem ainda uma cápsula envolvendo a parede celular. ! Entre essas duas membranas plasmáticas das bactérias gram-negativas há um espaço, o periplasma (importante para algumas enzimas que degradam antibiótico). Existe no periplasma uma determinada proteína próxima a membrana plasmática importante para a síntese do peptideoglicano. Se a bactéria não conseguir produzir o peptideoglicano ela vai explodir. ! Os antibióticos betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas) inibem as transpeptidases que estão envolvidas na ligação cruzada do peptidoglicano. !! PENICILINAS! O principal mecanismo de ação da penicilina é principalmente a atuação na parede da bactéria, e não há formação de peptideoglicano. As penicilinas são divididas em dois grandes grupos: o primeiro grupo é de penicilinas naturais e o segundo de penicilinas semi-sintéticas. !! Naturais: dividida em penicilina G ou V. !! Penicilina G: a penicilina G foi produzida pelo fleming em 1929. Ela foi o primeiro antibiótico descoberto. É obtida a partir da fermentação do fungo penicillium notatum. Uma outra característica é a busca de uma meia vida maior (pouco se diz respeito da meia vida), e outra característica é a dor que ela causa (bem dolorosa). Para as penicilinas naturais a dose é expressa em unidade internacional. ! Este fungo teve um baixo rendimento inicial, havendo busca por outras espécies de fungo Penicillium, como o P. chrysogenumm. As penicilinas foram formuladas como ésteres na forma de penicilina G associada à procaína ou benzatina para reduzir a dor e aumentar o tempo de meia-vida.! Possui dificuldade em ser absorvida por via oral, pois é inativada pelo pH ácido do estômago, razão pela qual é usada exclusivamente por vias parenterais. Sua biodisponibilidade oral é de 15 a 30% se administrada com estômago vazio. Geralmente as vias utilizadas são IM, IV e devem ser feitas por veículo oleoso (por isso não pode ser feito por via endovenosa). Somente em casos graves, usa-se penicilina G potássica e sódica. ! A distribuição é ampla, exceto no líquido céfalo raquidiano (se meninges não-inflamadas), articulações e leite. Se liga a proteínas plasmáticas (60% fica ligada). Compete por esta ligação com fenilbutazonae antiinflamatórios não esteroidais. ! As penicilinas se difundem pelo líquido extracelular e se distribuem por vários tecidos, tendo dificuldade de atravessar a barreira cérebro-sangue íntegra; não são biotransformados no organismo, sendo eliminadas pelos rins, geralmente em sua forma inalterada. O processo de secreção tubular pode ser inibido pela probenecida. ! A penicilina é excretada por via renal. A penicilina não deve ser usada em bovinos com mastite por exemplo, pois não pode haver resíduos no leite. Outro empecilho é o uso em iogurtes e etc pois ele mata os lactobacilos mudando o gosto. A penicilina benzatina pode requerer até 30 dias para ser excretada da carne/ leite, é o chamado período de carência. ! Período de retirada (carência): para penicilina G procaína, no leite ela é de 2 dias, e no gado de corte em não-ruminantes (7 dias), suínos (6 dias), ruminantes (4 dias bovino, 8 dias ovino). No caso da penicilina G benzatina, no gado de corte é cerca de 30 dias.! A penicilina G é utilizada em cães, gatos, ruminantes, equinos, suínos e pássaros. Ela é um medicamento extremamente útil para tratamento de gram-positivos (estreptococos). Damos dois enfoques as bactérias gram-positivas: o staphylo e o streptococcus. Para as infecções estreptocócicas em geral, temos a penicilina G ainda como a principal escolha. Começaram a aparecer mais na área médica resistência dos streptococcus pneumônicos para a penicilina G. Em geral as infecções estreptocócicas são bem controladas pela penicilina G. As infecções staphylcocicas por outro lado já são uma situação a parte, pois já temos bastante resistência. ! Penicilina G é útil também na infecção por alguns anaeróbicos, em particular pelos clostridiums. A penicilina também é interessante para alguns coccus negativos (para bacillus não), a listeria é um exemplo de coccus negativo que responde bem a penicilina. Leptospira causa infecções importantes nos felinos. A penicilina G também não resolve todos os problemas, as infecções pelos bacilos gram-negativos não são tratadas com a penicilina G, também não se trata erliquiose, não se trata tuberculose nem micoplasma, e vírus muito menos. ! Os intervalos posológicos variam, pois a meia vida do sódio também varia. A unidade internacional é 0,6 miligramas (10 na menos 3). Em equinos também usamos penicilina para infecções respiratórias, infecções estreptocócicas, as clostridioses também, no tétano, no botulismo. ! Indicações clínicas: bactérias gram positivas (estreptococos), anaeróbios (clostrídios), Cocos gram negativos (Neisseria spp), espiroquetas (leptospira, treponema). Sem efetividade: bacilos gram- negativos como salmonela e E. coli, riquéttsias, micobactérias, micoplasmas, fungos e vírus.! A unidade internacional de penicilina (UI) é a atividade específica de penicilina contida em 0,6 ug do sal sódico de penicilina G.!! 1 UI -> 0,6 microg penicilina G ! “X” UI -> 1000,0 microgr (1 mg) penicilina G ! = 1 mg penicilina G sódica contém 1.670 UI!! Penicilina V: a única diferença que temos é que a penicilina V tem uma biodisponibilidade maior que a penicilina G (60%). O espectro e o mecanismo de ação são semelhantes à penicilina G. É relativamente menos ativa que a penicilina G. A vantagem da penicilina V é seu uso via oral em monogástricos (cães, gatos, equinos), pois é resistente a hidrólise ácida. A distribuição é semelhante a penicilina G; possui 80% de ligação a proteínas plasmáticas. Sua excreção é predominantemente renal. ! Esses medicamentos por via oral são melhores feitos quando o animal está com o estômago vazio (até administrado junto com um petisco, 1h ou 2h após as refeições). Deve-se evitar colocar o antibiótico junto com a refeição do animal pois ele estará ingerindo uma grande quantidade de comida podendo ocasionar a perda do efeito do medicamento. Algumas penicilinas seguem o padrão de mg/kg e outras seguem o padrão internacional.!! Semi-sintéticas: tiveram uma modificação para trazer algum ganho terapêutico. São muito utilizadas ! na veterinária. Existem os métodos fermentativos e a introdução de radicais para obtenção dessas penicilinas. ! Essas penicilinas são derivadas do ácido 6-aminopenicilânico, presente em todas penicilinas (não precisa decorar o nome). Nessas penicilinas semi-sintéticas adicionamos outros compostos para obtenção da penicilina desejada. Temos as penicilinas de espectro ampliado que é a ampicilina e a amoxicilina, e as anti- pseudomônicas.! São três principais grupos, as aminopenicilinas (ampicilina, amoxicilina), as lenicilinase-resistentes ou “antiestafilococicas” (meticilina, oxacilina); e as penicilinas “antipseudomonas” (carbenicilina, ticarcilina); e outras (azlocilina, mezlocilina, piperacilina e mecilinam). !! Ampicilina: as penicilinas de largo aspecto de ação surgiram na busca de medicamentos cada vez mais eficientes, visando atingir a grande maioria dos agentes infecciosos. Todos são sensíveis a penicilinase. Por esse motivo, os inibidores das betalactamases podem ser associados a essas penicilinas, a fim de se obter efeito sidérico sobre bactérias produtoras de betalactamases. ! Faz parte do grupo das aminopenicilinas (ampicilina, amoxicilina, congêneres). Penicilinas com espectro ampliado: E. coli, Klebsiella, Haemophilus spp. Sem atividade: Pseudomonas aeruginosa, Proteus, Enterobacter, Critrobacter, Acinetobacter, riquéttsias, micobactérias, micoplasmas, vírus e fungos.! A ampicilina trouxe uma vantagem de espectro basicamente, isso é importante quando não sabemos qual é a bactéria, se ela é gram-positiva ou gram-negativa, necessitando de um medicamento com um espectro maior. A infecção urinária é um exemplo. Essas penicilinas conseguem pegar bactérias gram-negativas também, e essa é uma característica que ajuda muito na antibioticoterapia. Só que essas penicilinas não conseguem controlar infecções microbianas se a bactéria produz uma enzima que quebra o anel beta- lactâmico, chamada de beta lactamase. As vezes podemos conjugar a penicilina com algum outro medicamento que iniba a lactamase, ai sim o tratamento da certo.! Só podemos usar por via parenteral, subcutâneo, intramuscular e endovenoso, isso ajuda mas também atrapalha no tratamento crônico. Ela não atravessa bem o trato digestório (a mucosa do intestino delgado), por isso apresenta uma biodisponibilidade baixa. Ela se distribui bem. Pode ser utilizada para diferentes tipos de infecções. Ela não ultrapassa a barreira hematoencefálica. Sua distribuição é ampla (10 a 60% do nível sérico é atingido no LCR se as meninges estiverem inflamadas). ! As vias recomendadas são as vias parenterais, subcutâneas, endovenosa, e a via oral não deve ser utilizada e se for utilizada a dose deve ser maior. Deve-se tomar o cuidado com o medicamento via oral para que o animal não esteja com o estômago vazio (1h antes ou 2h após a refeição). Sua metabolização é hepática e sua excreção é renal. A meia vida dura de 45 a 80 minutos no cão e gato e 60 minutos em suínos. É usado em cães, gatos, bovinos, equinos, suínos, coelhos, aves e répteis.! Um antimicrobiano de amplo espectro geralmente é bom que seja prolongado por alguns dias, para prevenir a resistência, pelo menos dois dias, mas varia de acordo com o grupo. ! A ampicilina é uma das penicilinas de espectro aumentado que nos trouxe uma vantagem de pegar um espectro maior de bactérias e uma boa farmacocinética, apenas sua absorção que é ruim. A amoxicilina é bastante utilizada pois ela superou esse problema da ampicilina. Ela pode ser usada por via oral. !! Amoxicilina: nos da a disponibilidade de via oral (70%), porém deve-se separar do alimento. A distribuição da amoxi é igual a da ampicilina, tem um bom espectro de ação. Tem um bom Vd. A amoxicilina é semelhante a ampicilina quanto a estrutura química e o espectro de ação. A característica mais marcante é a sua absorçãomais efetiva no TGI, podendo alcançar até 90% da dose administrada. O fármaco não é degradado no suco gástrico. ! O alimento retarda a velocidade de absorção (não a extensão), porém se o animal possui problemas gástricos concomitante, devemos administrar o medicamento junto com o alimento. Sua distribuição é ampla (músculo, fluidos sinovial, ascético e pleural, e fígado). Atinge 10 a 60% da concentração plasmática no LCR se as meninges estiverem inflamadas. Liga-se até 13% das proteínas plasmáticas (albumina) em cães. As vias de administração são PO, SC, IM, e IV. As espécies que podem ser tratadas com amoxicilina são os cães, gatos, bovinos, equinos, aves e répteis.! O ácido clavulâmico é uma molécula que pode ser usada em adição ao beta-lactâmico, ela é usada quando sabemos que temos uma bactéria resistente. Ela promove inibição das beta-lactamases. Ele não é usado separadamente, pois seu uso isolado é fraco. Geralmente é usado com as amoxicilinas. O ácido clavulâmico tem um anel beta-lactâmico, ele é usado como falso substrato, ele vai sendo digerido enquanto poupa o antibiótico essencial que á a amoxicilina. Funciona muito bem com a amoxicilina. É um fármaco um pouco mais caro que antibióticos da mesma linha de ação e há uma certa possibilidade de oxidação. Funcionam muito bem para vários tipos de situações. ! A via de administração do ácido clavulâmico é oral. Pode ser usado em cães e gatos. Usado em distúrbios do trato urinário, pele, tecidos moles e doenças periodontais. Ele é estável no suco gástrico, possui distribuição ampla, e excreção renal (34-53%).!! Penicilinas penicilinase-resistentes (antiestafilocócicas - meticilina, oxacilina): são as oxacilinas, cloxacilinas e dicloxacilinas (espectro de ação e uso terapêutico equivalente). Possuem menor atividade antimicrobiana contra microorganismos sensíveis a penicilina G, mas efetiva contra S.aureus produtor de penicilinase. Seu uso terapêutico é para infecções nos ossos, pele e tecidos moles por S. aureus produtor de penicilinase e no tratamento de mastite. ! O grupo das penicilinas que atuam com o staphylococcus aureus, não devem ser usados para outros grupos bacterianos, apenas em fortes suspeitas de infecção por staphylococcus, um exemplo típico são as piodermas ou as infecções mamárias em bovinos, infecções de tecidos moles. Pode ser usada por várias vias, em bovinos por via intramamária. As vias recomendadas são oral, IV e IM. As espécies tratadas são cães, gatos, bovinos (infecções mamárias). ! Sua biodisponibilidade oral é de 37 - 60%. Possui distribuição ampla, exceto no líquido cefalorraquidiano. Possui relato de casos de resistência em veterinária.!! Penicilinas “antipseudomonas” - carbenicilina, ticarcilina: possuem espectro para E.coli, klebsiella, haemophilus, Pseudomonas, Acinetobacter. São inativadas pelas beta-lactamases. Utilizadas no tratamento de infecções por pseudomonas e devem ser associadas a aminoglicosídeos. Seu uso é feito em cães, gatos e pássaros.!! CEFALOSPORINAS! As cefalosporinas provêm do fungo Cephalosporium acremonium. O núcleo básico destes antibióticos é o ácido 7-amino-cetfalosporânico, que é bastante semelhante aquele das penicilinas. O isolamento deste núcleo foi fundamental para a obtenção dos derivados semissintéticos das cefalosporinas atualmente disponíveis no comércio. O mecanismo de ação das cefalosporinas e cefamicinas é semelhante ao das penicilinas, isto é, impedem a síntese da parede do microrganismo; portanto, são antibióticos bactericidas. E são tempo-dependentes. ! Estava-se em busca por um antibiótico com amplo espectro, resistente às beta-lactamases, com absorção por via oral e parenteral e com baixa toxicidade. Neste cenário, foi descoberta a cefalosporina, a partir do fungo Cephalosporium acremonium, nas águas marítimas da sardenha, em 1945, na Itália. !! Classificação: ! As cefalosporinas são classificadas em gerações, segundo certas características e ordem cronológica de sua síntese. Atualmente, são quatro as gerações de cefalosporinas. Uma cefalosporina de primeira geração não é melhor que uma de terceira, depende da situação. De modo geral, as cefalosporinas tem características semelhantes aquelas das penicilinas. São antibióticos muito pouco tóxicos. !! 1 geração: cefalotina, cefalexina, outras (cefapirina, cefacetrila, cefazolina, cefradine, cefadroxil). Tem efeito bactericida para gram negativos e positivos, possui um anel beta-lactâmico, são resistentes as beta- lactamases, tem um espectro melhor. Não atuam bem em grans negativos produtores de b-lactamase. Tem espectro de ação em estafilococos, estreptococos, bactérias anaeróbias e corinebactérias, dentre outros. ! Não é usada para enterococus, MRSA, proteus indol-positivos (ex. p vulgaris); bacterioides fragilis; pseudomonas, enterobacter, serraria, citrobacter. ! Absorvidas por via parenteral: Cefalotina, Cefapirina, Cefacetril. Absorvidas por via oral: Cefalexina, Cefadroxil.! Cefalotina: a cefalotina foi a primeira cefalosporina semi-sintética a ser produzida, em 1962. Apresenta forma de sal sódico. Sua via de administração pode ser IM (porém causa muita dor) e por EV. Ela não é absorvida de via oral (deve ser usada por via parenteral). Pode ser usada em várias espécies (cães, gatos, bovinos, equinos, pássaros, répteis). É excretada por via renal sem biotransformação (maior parte não é metabolizada). A meia vida em cães é de 42 - 51 minutos e de equinos 49 minutos. Geralmente a dose do gato é bem menor. ! A resistência a esses antibióticos pode ocorrer de duas formas: natural, em que a parede celular se torna impermeável ao antibiótico e à ação de enzimas; adquirida, de forma vertical, em que há mutação cromossômica; ou horizontal em que há transdução ou conjugação plasmidial com transferência de transposons capazes de quebrar a cefalosporina (cefalosporinases).! Cefapirina: seu espectro de ação é semelhante à cefalotina. É usada em cães, gatos, equinos (IM e IV) e bovinos. Pode ser usada por via intramamária em bovinos no tratamento da mastite. No período seco da vaca há a possibilidade de haver mastite, é sempre um período de estresse no veterinário e no fazendeiro se ela tem a mastite. O uso intramamário é uma prática que tem acontecido, no início do período seco, evitando que a vaca tenha uma mastite antes do próximo parto. Durante a lactação usa-se a cefapirina sódica; e no início do período seco usa-se a cefapirina benzatina. O uso intra-uterino é indicado no tratamento da metrite.! Cefalexina: uso oral, todas as recomendações são idênticas. As doses variam de acordo com o tipo de doença e o tipo de animal. Usado em cães, gatos, equinos, pássaros (oral), bovinos (uso intramamário no caso de mastites). O tratamento deve ser prolongado em até 5 - 7 dias após a resolução da doenca, ou preferivelmente, até resultados negativos de cultura. !! 2 geração: cefuroxina, cefaclor, cefamandole, cefonicida, ceforanida, cefoxitina. Não nos interessa, tem pouco espaço terapêutico e um risco de seleção de resistência. Seu uso é muito limitado em veterinária. Possuem uma pequena vantagem que é atuar sobre o bacterioides fragilis. Seu espectro de ação para gram- positivos é semelhante às cefalosporinas de primeira geração e para gram-negativos possui um maior espectro, que atinge os bacterioides fragilis. ! Cefoxitina: tem atividade além do fragilis, contra a klebsiela, proteus (resistentes a cefalosporinas de primeira geração), e.coli. E contra microrganismos anaeróbicos (bacterioides fragilis). Possui baixa absorção por via oral, devendo ser feito o uso parenteral. Possui excreção renal. Usado em cães, gatos e equinos. !! 3 geração: cefoperazona, ceftiofur, ceftazidima, ceftriaxona, cefotaxima, moxalactam, ceftiozoxima, cefixima. Não tem nenhum protótipo. Tem um espectro semelhante as cefalosporinas de primeira e segunda geração,mas tem um espectro ampliado para enterobacteriaceae (salmonela). As ceftazidima e cefoperazona tem ação sobre P. aeruginosa. Também pode ser usada para infecção por pseudomonas. ! Cefotaxima: para gram-positivas é menos ativa que as cefalosporinas de primeira geração sobre o S. aureus. E para gram-negativos possui espectro ampliado sobre a família enterobacteriaceae (klebsiella, E. coli, Salmonella, Serratia marcescens, Proteus e Enterobacter), sobre anaeróbios (bacterioides fragilis, clostridium, fusobacterium, peptococcus, peptoestreptococcus). Geralmente não possuem efetividade sobre P. aeruginosa. ! É ruim por via oral (baixa absorção), é melhor por via parenteral. É difícil de ser absorvida pelo TGI mas quando absorvida atua muito bem. Sua distribuição é ampla em ossos, humor aquoso, bile, fluidos pleural e peritoneal. Cruza a barreira hematoencefálica se as meninges estiverem inflamadas. Sua eliminação é feita por metabolização hepática e excreção renal. Usado em cães, gatos, equinos, pássaros e répteis. ! Ceftiofur: é semelhante a cefotaxima. Sua atividade é contra pasteurela, salmonela, estreptococos, estafilococos, e. coli. Contra microrganismos atua sobre a pasteurella haemolytica e P. multocida (doenças respiratórias bovinas), haemophilus, streptococcus zooepidemicus (doença respiratória equina). Afeta bovinos, equinos, cães e répteis. !! 4 geração: cefepime. (não falou nada a respeito)!! Efeitos colaterais: podem acontecer por qualquer geração. Os efeitos adversos são de baixa freqüência e baixa gravidade. Pode ocorrer em reações de hipersensibilidade (pacientes alérgicos - reações cruzadas com outros beta-lactâmicos). Seu uso oral possui efeitos no TGI, como anorexia, vomito, diarréia associada ao antibiótico (alteração da microbiota). Deve ser usado com cautela em pacientes medicados com anticoagulantes orais (cefalosporinas podem causar sangramento). Em altas doses e usos prolongados podem causar neurotoxicidade, distúrbios hematológicos, hepáticos e renais. Porém em linhas gerais são antibióticos seguros. ! Antimicrobianos - continuação !! ANTIMICROBIANOS NÃO BETA LACTÂMICOS!! Aminoglicosídeos! Em 1939, Walksman e cols., New Jersey, EUA, começaram estudos sobre antimicrobianos obtidos de microrganismos do solo. Eram substâncias com ação antimicrobiana porém muito tóxicas. Em 1943 a partir da analise de cepas de Streptomyces griseus, obteve-se um antibiótico ativo contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e de baixa toxicidade para o homem, chamado de estreptomicina. O seu reconhecimento cientifico foi em 1944 e foi usado no tratamento da tuberculose.! São antibióticos constituídos por um núcleo de hexose (2-desoxiestreptamina) unido a aminoaçúcares mediante ligações glicosídicas; por isso são chamados também de aminociclitois. No caso da estreptomicina, o anel base é a Streptidine. A maioria dos antibióticos deste grupo é produzida por microrganismos; contudo, há também aqueles semissintéticos. !! Espectro de ação: varia em função do aminoglicosídeo. No geral são: gram-negativos aeróbios como Enterobacteriacea (E. coli, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas, Salmonella, Enterobacter, Serratia, Shigella); Micoplasma; Estafilococos (gentamicina e netilmicina – se combinadas com β-lactâmicos). ! Os aminoglicosídeos não apresentam efeito antimicrobiano (contra fungos, vírus e bactérias anaeróbias), então, se usarmos apenas aminoglicosídeos, os estafilococos não serão erradicados. Já se combinar com beta-lactâmicos, ele prejudica a síntese da parede celular, criando fissuras, e o aminoglicosídeo entra por essas fissuras. !! Mecanismo de ação: os aminoglicosídeos são antibióticos bactericidas que interferem na síntese proteica ligando-se a subunidade 30 S do ribossomo (atravancando a tradução do RNA mensageiro), e para exercerem esse efeito há necessidade de penetrarem na célula bacteriana. É por isso que antimicrobianos que interferem na síntese da parede celular, com os antibióticos betalactâmicos, são associados aos aminoglicosídeos para obter efeito sinérgico, uma vez que facilitam a entrada desses últimos no interior da bactéria. ! A passagem dos aminoglicosídeos para o interior da bactéria se dá por meio de um mecanismo ativo de transporte (depende de energia e oxigênio), associado a diferença de potencial elétrico existente entre os meios exterior e interior da bactéria. Inicialmente, os aminoglicosídeos se difundem no folheto externo da parede celular das bactérias gram-negativas por meio de canais aquosos formados pela porina. Uma vez no espaço periplasmático, um processo de transporte dependente de oxigênio carreia os aminoglicosídeos para o interior da célula bacteriana, atravessando a membrana celular. Esse transporte dependente de oxigênio está acoplado a um sistema de transporte de elétrons que torna o citoplasma da bactéria negativo em relação ao meio exterior, o que faz com que os aminoglicosídeos sejam atraídos para o citoplasma, pelo fato de terem carga elétrica positiva.! Uma vez no interior da bactéria, os aminoglicosídeos se ligam irreversivelmente a um ou mais receptores de proteínas da subunidade 30 S do ribossomo bacteriano, interferindo em vários mecanismos no processo de translação do RNA mensageiro. Pode então haver a incorporação de aminoácidos incorretos na cadeia polipeptídica que está sendo formada no ribossomo, dando origem a proteínas defeituosas. Essas proteínas participam de estruturas essenciais da célula, alteram o funcionamento da membrana celular e provocam a saída de sódio, potássio, aminoácidos e outros constituintes celulares, resultando em morte do microrganismo. !! Gentamicina: é obtida a partir do micromonaspora purpúrea. Apresenta-se na forma de sal (sulfato de gentamicina). Suas vias de administração são IM, IV, oral (só se for infecção na mucosa intestinal), colírio e soluções otológicas, e subcutânea em cães e gatos. ! Pode haver desenvolvimento de resistência. A resistência adquirida aos aminoglicosídeos pode ser cromossoma ou carreada por plasmídios, sendo essa última mais frequente e conferindo resistência múltipla, envolvendo simultaneamente vários antimicrobianos. Existem três mecanismos reconhecidos de resistência bacteriana aos aminoglicosídeos: alteração dos locais de ligação no ribossomo; redução da penetração do antibiótico no interior da bactéria; e modificação enzimática do antibiótico. ! As espécies tratadas são: cães, gatos, roedores, bovinos (IM e intra-mamário), equinos, suínos, pássaros e repteis. A absorção é baixa por via oral (exceto em enterites) ou intra-uterina. Pode ser usada por via tópica, exceto pele. Também utilizamos a via parenteral para o tratamento de infecções sistêmicas. Demora de 30 a 60 minutos para agir após injeção IM em cães e gatos. Possui uma boa distribuição, bastante ampla. Em níveis terapêuticos, vai pro osso, coração, bexiga urinaria e pulmões.! Tem pouca penetração na BHE, mas cruza a barreira placentária. Seu Vd é relativamente baixo, porém, a ligação seletiva aos tecidos pode ocorrer, como, por exemplo, nos rins, onde os resíduos podem permanecer por períodos prolongados podendo gerar nefrotoxicidade. O acúmulo também ocorre nos ouvidos internos, podendo gerar surdez. ! Esses antibióticos não são biotransformados de maneira significativa no organismo animal. A eliminação renal, na sua forma inalterada ocorre por filtração glomerular. Seu tempo de meia vida varia de 0,15 a 3 horas nas diferentes espécies.!! Precauções e efeitos colaterais: dois efeitos colaterais clássicos, que são a nefrotoxicidade e a ototoxicidade, podem causar sinais auditivos e sinais vestibulares em cães e gatos. Ao ser usado, é necessário monitorar a função renal a partir de exame de urina, verificar a micção, monitorar audição e função vestibular. Pode causar reações de hipersensibilidade.! Outros possíveis efeitoscolaterais são o bloqueio neuromuscular, edema facial, dor, e inflamação no sítio de injeção, neuropatias, hipersensibilidade. O uso cauteloso é feito no caso de doentes renais (avaliar dosagens), idosos, neonatos, gestação (toxicidade fetal), desidratados, septicemia, febre, pacientes com distúrbios neuromusculares.!! Fluoroquinolonas! Na década de 1980, intensas pesquisas realizadas a partir destas primeira quinolonas originaram as denominadas quinolonas de segunda geração, a partir de enato denominadas fluoroquinolonas.São antimicrobianos bactericidas sintéticos. Logo, são quimioterápicos e não antibióticos (na teoria, mas podemos chamá-los de antibióticos na vida real). Os principais representantes são a ciprofloxacina e enrofloxacina. A base estrutural das quinolonas é o anel 4-quinolona. Este anel vem sendo bastante modificado, com o objetivo de obter quinolonas com espectro de ação aumentado. ! Possuem amplo espectro de ação, alta potência, excelentes propriedades farmacocinéticas, como alta biodisponibilidade oral, ampla distribuição, tempo de meia-vida possibilitando a administração uma vez por dia, e pode ser usado por diferentes vias, além de ter baixa toxicidade.!! Mecanismo de ação: as quinolonas são antimicrobianos bactericidas, e sua atividade antimicrobiana se relaciona com a inibição das topoisomerases do tipo II, também conhecidas como DNA girase. Também inibem a topoisomerase IV da bactéria, gerando prejuízo na replicação e na transcrição do DNA bacteriano, o que gera lise celular e morte da bactéria. As topoisomerases são enzimas que catalisam a direção e a extensão do espiralamento das cadeias de DNA. As quinolonas inibem a DNA girase, impedindo o enrolamento da hélice de DNA em uma forma superespiralada. !! Espectro de ação: Gram-negativas (ativa na maioria das bactérias aeróbias): Enterobacteriacea (Escherichia coli, Klebsiella spp., Proteus spp., Salmonella spp. e Enterobacter spp.); Actinobacillus pleuropneumoniae, Haemophilus somnus, Pasteurella haemolytica e P. multocida, Bordetella bronchiseptica; Brucella spp., Clamydia spp., Mycoplasma spp. e Ureaplasma. A sensibilidade de Pseudomonas aeruginosa e variável (ciprofloxacina é mais ativa).! As gram positivas (atividade é variável): S. aureus* e S. intermedius* são sensíveis (há relatos de resistência). * Alternativa para resistência aos beta-lactâmicos (MRSA); Estreptococos e anaeróbios são resistentes!!! Resistência: ao contrário das quinolonas de primeira geração, a administração clínica das fluoroquinolonas produz mutantes resistentes em uma freqüência ainda relativamente pequena. Por outro lado, deve-se considerar que há uma grande preocupação quanto ao uso indiscriminado de fluoroquinolonas; para se ter uma idéia, o ciprofloxacino foi o antibacteriano mais consumido no mundo nestes anos iniciais da primeira década do século XXI. Este fato, sem dúvidas, propicia a promoção de rápido desenvolvimento de resistência bacteriana as fluoroquinolonas de maneira geral. ! A resistência a estes quimioterápicos é atribuída a modificações na DNA girase; por bombas de efluxo que mandam o antibiótico para fora da célula; ou alteração de permeabilidade na parede da célula bacteriana. Os mutantes isolados mostram reação cruzada com as diferentes quinolonas.!! Efeitos colaterais: problemas na cartilagem em filhotes. Algumas infecções são bem resolvidas, como as infecções urinárias. Não atua em estreptococos. Para Estafilococos, não usar como primeira escolha, apenas contra estafilos que são resistentes aos beta-lactâmicos.!! Metronidazol! O metronidazol é um compostos nitroimidazólico heterocíclico, com estrutura química semelhante a dos nitrofuranos. É utilizado no controle de protozoários como a Giardia. São agentes bactericidas, que interferem nas funções do DNA bacteriano. Seu mecanismo de ação ainda não está perfeitamente esclarecido, sugerindo-se entretanto, que tenha mecanismo semelhante ao dos derivados nitrofurâmicos. ! Espectro de ação: agem contra a maioria dos anaeróbios, tanto gram-negativos (Bacterioides spp., incluindo B. fragilis); quanto Gram-positivos (Clostridium difficile, C. perfringens, C. septicum); Helicobacter; ação antiprotozoárica (Giardia, Entamoeba histolytica).! É usado para cães e gatos. Altas doses podem gerar intoxicação causando problemas no SNC, como letargia, depressão, ataxia, vômitos e convulsão. Causa a inibição da ação do GABA. O tratamento é feito com benzodiazepínicos, como o Diazepam.!! Vancomicina! Os glicopeptídeos de maior interesse são a vancomicina, a teicoplanina e a avorpacina. São antibióticos com atividade contra bactérias gram-positivas, em particular, os cocos. Os glicopeptídeos interferem na síntese da parede celular ligando-se a D-alanina D-alanina e com isso inibem a transpeptidação. São antibióticos bactericidas, com peso molecular relativamente alto. ! A vancomicina foi isolada do Streptomyces orientalis em 1956. As penicilinas e cefalosporinas eram muito ativas contra a maioria das bactérias gram-positivas nas décadas de 60 e 70, então a vancomicina quase não foi utilizada. Porém, com o surgimento de infecções causadas por estafilococos e enterococos resistentes, o uso de vancomicina se tornou relevante em seres humanos. ! A via de administração é a endovenosa, que deve ser lenta, diluída em soro glicosado ou fisiológico. Deve- se evitar as vias IM ou SC pois estas geram dor intensa. Não é absorvida por via oral, mas atua sobre gram- positivos do TGI no caso de enterites. ! Atua sobre gram-positivos. Suas indicações de uso são em infecções por estafilococos resistentes aos beta-lactâmicos como é o caso do S. aureus; e em infecções por enterococos resistentes à ampicilina.!! Tetraciclinas! São antimicrobianos bacteriostáticos obtidos a partir de espécies de Streptomyces (tetraciclina, oxitetraciclina e clortetraciclina). Amplo espectro e pouco efeito colateral. Os derivados semi-sintéticos são a doxiciclina e minociclina (diferenças na farmacocinética e espectro). As tetraciclinas são assim denominadas por causa de sua estrutura química, formada por quatro anéis. ! Apresentam amplo espectro de ação: bactérias gram positivas e gram negativas, aeróbios e anaeróbios e também protozoários. Também atua sobre microrganismos intracelulares, a exemplo do micoplasma, clamídia e riquétsia. Geralmente usada para microrganismos intracelulares.!! Mecanismo de ação: as tetraciclinas são antibióticos bacteriostáticos que inibem a síntese proteica dos microrganismos sensíveis, ligando-se aos ribossomos. Estes antibióticos, após penetrarem no interior da bactéria por um processo mediado por carreador, ligam-se reversivelmente a subunidade 30 S do ribossomo do microrganismo, impedindo que o RNA-transportador se fixe ao ribossomo e, com isto, a síntese proteica seja inibida.!! Doxiciclina: suas diferenças em relação a tetraciclina é a doxiciclina possui alta lipossolubilidade, portanto possui maior penetração em tecidos e células, aumentando sua ação sob patógenos intracelulares. Possui excreção fecal, na forma de conjugado ou quelato. Tem pouca interferência na microbiota intestinal e não necessita de ajustes de dosagem em pacientes nefropatas pois a excreção é fecal. Possui alto tempo de meia-vida (7-10 horas). Tem biodisponibilidade oral ampla, e o alimento não interfere.! As tetraciclinas são uma classe segura quanto aos efeitos colaterais. O que pode ocorrer são problemas no TGI, fígado e rins. O uso em fêmeas gestantes e filhotes é contra-indicado pois pode gerar alterações de coloração dentária e problemas no crescimento ósseo.!! USO DE ANTIBIÓTICOS! A terapêutica é feita com foco no paciente e no antibiótico. As seguintes perguntas devem ser feitas pelo medico na hora de prescrever um antibiótico ao paciente: 1. O uso do antimicrobiano foi embasado em achados clínicos? 2. As amostras clinicasforam analisadas? 3. Quais microrganismos estão associados a doenca infecciosa? 4. Qual o melhor antimicrobiano para tratamento da infecção? 5. É necessário usar associações? 6. Há limitantes para o uso do antibiótico? 7. Qual a via de administração? 8. Qual dose deve ser administrada? 9. É necessário mudar a antibioticoterapia após a cultura e antibiograma? 10. Qual a duração do tratamento?!! RESISTÊNCIA MICROBIANA! A resistência bacteriana é o fenômeno biológico que possibilita aos microorganismos a capacidade de multiplicação ou persistência na presença de níveis terapêuticos do antimicrobiano em questão. “Provavelmente não há nenhuma droga terapêutica que uma bactéria não possa reagir de alguma forma adquirindo resistência” Alexander Fleming, 1946. ! Em uma visão molecular: a bactéria resistente apresenta genes que codificam proteínas envolvidas em mecanismos moleculares que prejudicam a ação dos antimicrobianos. ! Visão farmacológica: o antimicrobiano, mesmo atingindo níveis adequados nos diversos compartimentos orgânicos, não será efetivo pois seu mecanismo de ação está prejudicado.! Visão evolutiva: a bactéria resistente apresenta material genético que lhe confere vantagem competitiva e que garante sua sobrevivência e proliferação de linhagem na presença do antimicrobiano.! Visão clínica: a infecção não será mais controlada pois a bactéria sobreviverá à antibioticoterapia.! E visão microbiológica: linhagens de bactérias resistentes apresentam um MIC superior àquele normalmente encontrada em sua espécie.! A resistência pode ocorrer pela aquisição de genes de resistência (normalmente situados em elementos transmissíveis, plasmídios ou transposons), por recombinação de DNA exógeno no cromossoma da bactéria ou ainda por mutação. Assim, caso a bactéria adquira resistência, poderá multiplicar-se na presença do antimicrobiano em questão e, ao ocupar o nicho deixado pela população de bactérias sensíveis, tornar-se a variante dominante da espécie.!! Tipos de resistência: resistência natural: estável, codificada no cromossomo; compartilhada por todos indivíduos da espécie microbiana. Ex. bacilos Gram-negativos (E. coli, Proteus) resistentes à penicilina G. Resistência adquirida: mudança no genoma bacteriano (mec. genéticos) → fenótipo de resistência; fenótipo incomum na população microbiana daquela espécie. Ex. S. aureus resistentes à penicilina G.!! Mecanismos de resistência:! 1) Inativação enzimática do antibiótico;! 2) Alteração do alvo do antibiótico;! 3) Menor acesso do antibiótico à célula bacteriana;! 4) Efluxo do antibiótico.!! Uso veterinário de antibióticos e resistência! Uso terapêutico/profilático: deve-se considerar o paciente, o antibiótico e o perfil de sensibilidade.! Para uso como promotor de crescimento, como melhorador de desempenho.!! Resistência cruzada: um único mecanismo de resistência confere resistência a todos os membros de determinada classe de antimicrobianos. Deve-se ser feito controle da resistência bacteriana: uso prudente dos antimicrobianos; vigilância da resistência; análise de risco; pesquisa científica.!!!! Farmaco - Antiparasitários!! A parasitologia sempre foi uma área importante da veterinária. A parasitologia leva a prejuízos a saúde dos animais (diarréia, perda de peso, diminuição do desenvolvimento do animal, perfurações/obstrução intestinal, problemas em outros órgãos com pele, pulmão e coração - dirofilaria immitis); disseminação de outras doenças (carrapato: ehrlichiose canina - carrapato marrom, babesiose canina); prejuízos econômicos (animais de produção como bovinos, frangos, suínos). ! As helmintoses constituem um problema socioeconômico pela alta prevalência entre os animais domésticos e silvestres e por algumas delas serem classificadas como zoonoses. O controle de helmintos baseia-se, quase totalmente, na utilização de anti- helmínticos. A finalidade do tratamento é liminar a eliminação de ovos e larvas nas fezes e, consequentemente, reduzir o número de estágios infectantes no meio onde vivem os hospedeiros. ! O maior grupo de vendas é de antiparasitários. Os fármacos de controle de parasitos são os anti- helmínticos e os ectoparasiticidas. Os helmintos são divididos em duas grandes categorias, que são os Platyhelminthes (cestódeos e trematódeos) e os nemathelmintes (nematódeos). Quando pensamos em uma medicação antiparasitária pensamos em controle de cestódeos ou nematódeos. !! Cestódeos: Os cestódeos tem o corpo plano (“achatado”) caracterizando a morfologia do cestódeo, e segmentados (forma de fita). Temos poucos vermífugos para controle de cestódeos, não tanto quanto de nematódeos. Nos animais os cestódeos não causam grandes lesões, eles impactam mais na questão da saúdas pública, pois o homem adquire a larva ou o verme pela ingestão da carne (geralmente crua). O parasito completa o ciclo dentro do hospedeiro (homem) que libera posteriormente os ovos para o meio, os animais ingerem os ovos e o parasito fica alojado na carne do animal (cisticerco). Posteriormente, o homem ingere a carne e se infecta. ! A transmissão dos animais ao homem se da pela teníase, cisticercose ou hidatidose. A teníase é um dos mais famosos cestódeos. Pode ser a taenia saginata (bovinos) ou a taenia solium (suínos). O homem ingere a cisticercose através da ingestão de água ou alimento contaminado com os ovos. O mais preocupante é a neurocisticercose. Outros exemplos de cestódeos são: dipylidium caninum, echinococcus, moniezia. ! Além do controle do parasita, com praziquantel ou niclosamida, usamos glicocorticóides, anticonvulsivantes e até mesmo a cirurgia para remoção do cisticerco ou do parasito. !! Trematódeos: são parasitos de corpo achatado, não segmentado, e alguns tem aspecto de uma folha, como o gênero fasciola, sendo este de maior interesse para a medicina veterinária. !! Nematódeos: os nematódeos possuem corpo cilíndrico, não segmentado e alongado. Constituem a classe de maior destaque entre os helmintos, por sua patogenicidade e ampla distribuição geográfica (epidemiologia). Tem grande importância dentro da medicina veterinária. Temos vários antiparasitários e vermífugos relacionados a esses parasitos. Exemplos de nematódeos são o ancylostoma, ascaris e haemonchus. !! Temos uma certa especificidade de determinados parasitos com determinados hospedeiros. É o caso dos parasitos de cães e gatos. Exemplos são: nematódeos ascarídeos (toxocara canis, T. leonina e T. cati), ancilóstomos (ancylostoma caninum), estrongilóides (strongyloides stercolaris), tênias (dipylidium caninum, echinococcus granulosus). A pulga é HI do D. caninum. O controle de pulgas é feito pelo controle do animal e do ambiente. Temos também parasitos específicos de bovinos, equinos, etc.!! ANTI-HELMÍNTICOS! Os controle de helmintos sempre foi fundamentado na aplicação de medicamentos anti-helmínticos em esquemas curativos, táticos, estratégicos e seletivos. Os medicamentos classificados como anti-helmínticos são usados no controle dos endoparasitos nematódeos, cestódeos e trematódeos, localizados nos órgãos e tecidos dos animais, principalmente no TGI. ! Os anti helmínticos são medicamentos empregados para eliminar helmintos adultos ou suas formas em desenvolvimento, que invadem órgãos e tecidos. Geralmente os anti-helmínticos só atuam em formas adultas, tendo que tomar uma segunda dose posteriormente. Não temos um anti-helmíntico ideal, tentamos usar o anti-helmíntico mais adequado. ! Um anti-helmíntico “ideal" possui estabilidade na composição química; possui efetividade em diferentes espécies, atuam em linhagens com resistência a outros grupos de fármacos; um fármaco que permita associações com outros fármacos; não prejudique a imunidade dos pacientes tratados, atuação nos estágios de parasita adulto e em desenvolvimento, e a questão do manejo. ! O veterinário deve pensar na administraçãoa vários números de animais (rebanhos), e a forma de aplicação, assim como a palatabilidade. De preferencia doses únicas com esquemas de curta duração. Também buscamos uma diminuição na toxicidade com uma maior margem de segurança e um período de retirada curto, para que não haja formação de resíduos. ! Após a administração do fármaco, temos duas formas de chegada até os anti-helmínticos: (1) se o parasito estiver no TGI, a fração não absorvida chegará no parasito após administração oral. (2) se o parasito estiver no TGI ou outros tecidos, o fármaco chegará pelo sangue após ser absorvido, então, chegará em sua fração absorvível. ! O veterinário deverá escolher o melhor tipo de administração que pode ser por: preparação oral (absorção no estômago e intestino), preparações injetáveis (absorção pelo subcutâneo e intramuscular) e preparações por pour-on (absorção pela pele). Após absorção, o fármaco será distribuído pelo organismo animal e sofrerá biotransformação, na maioria no fígado, sendo excretado pela urina (maioria) ou fezes. Os fatores que afetam a metabolização e excreção são a espécie e o produto veterinário (dose, preparação e via de administração).!! CLASSIFICAÇÕES DOS ANTI-HELMÍNTICOS! Os anti-helmínticos são classificados em endoparasiticidas e ectoparasiticidas, de acordo com o tipo de parasita (interno ou externo) ao organismo animal. A classificação também se baseia na interferência sobre as funções do parasito e o mecanismo de ação do anti-helmíntico. ! Os endoparasiticidas focam em nematódeos e cestódeos. Já os ectoparasiticidas são os anticolinesterásicos (organofosforados e carbamatos), piretróides (crisântemo), formamidinas (amitraz), avermectinas (endectocidas) e pulicidas. ! Outra classificação é entre a interferência nas funções do parasito e no mecanismo do ação do anti- helmíntico. Temos os anti-helmínticos que atuam no metabolismo energético e os que atuam na função neuromuscular. !! Metabolismo energético: é o grupo dos benzimidazóis (albendazol, fembendazol, mebendazol, tiabendazol, etc.). Os princípios ativos do grupo dos benzimidazóis são usados, principalmente, como medicamentos antinematódeos. Outros compostos benzimidazóis agem com eficácia sobre trematódeos e cestódeos, mas requerem doses mais altas. ! O efeito que esses anti-helmínticos causam é de bloqueio da polimerização da tubulina, com paralisia, morte por inanição e efeito ovicida (morte dos ovos). ! Outros grupos que atuam no metabolismo energético são os substitutos fenólicos (disofenol, bitionol) e os salicilanilidas (niclosamida, closantel) que são desacopladores da fosforilação oxidativa, causando inanição do parasito. ! Ainda um terceiro grupo são as sulfonamidas (clorsulon) que causam a inibição da glicólise, com inanição do parasito. São eficazes no controle de estágios adultos e imaturos de fasciola hepática. O medicamento é absorvido no TGI. !! Função neuromuscular: temos vários grupos, como imidazotiazóis (levamisol, tetramisol), pirimidinas (morantel, pirantel). Atuam como agonista colinérgico que causa paralisia espástica. ! Também temos o grupo de organofosforados (coumafós, diclorvos, fention), que atuam como inibidores da acetilcolinesterase causando paralisia espástica do parasito. São absorvidos no TGI, porém apresentam um grau de instabilidade variável em meio alcalino, de modo que podem ser parcialmente hidrolisados nas áreas alcalinas do ID. São medicamentos lipossolúveis, facilmente absorvidos através da pele. ! Também temos o grupo pirazinoisoquinolona (praziquantel), que atuam na inibição da bomba de sódio e potássio, com aumento da permeabilidade da membrana a cátions (ex. Ca 2+) causando paralisia espástica do parasito. ! Temos a piperazina (dietilcarbamazina e piperazina) que causam potencialização do GABA com paralisia flácida do parasito. ! E por último temos as avermectinas (ivermectina, abamectina, doramecina) e as milbemicinas (milbemicina, moxidecina) que aumentam a afinidade de agonistas sobre os canais de cloreto do parasito, causando sua paralisia flácida. !! GRUPOS FARMACOLÓGICOS DE ENDOPARASITICIDAS!! Febantel: anti-helmíntico, anti nematódeo. Consegue atuar nas duas fases, nas quais os parasitos são larvas e nas quais eles são adultos. Possui uma ação sobre o parasita relacionado na interferência com o seu metabolismo de carboidratos (há diminuição das reações mitocondriais e diminuição da fumarato redutase, interferindo no transporte da glicose). ! Depois que é metabolizado a benzimidazol ele liga-se a tubulina (proteína estrutural) e previne a polimerização dos microtúbulos, com redução da absorção de nutrientes. Tem um espectro amplo, em equinos, cães e gatos, bovinos, ovinos e caprinos. Normalmente os anti-parasitários que contém febantel contém também um anti-cestódeo. ! É usado em equinos (strongylus vulgaris, S. edentatus, S. equinus, parascaris equorum, oxyuris equi), em cães e gatos (ancylostoma caninum, uncinaria stenocephala, toxocara canis, T. leonina, Trichuris vulpis), e em bovinos, ovinos e caprinos. Em cães usamos o febantel associado ao praziquantel para combate de a. caninum, u. stenocephala, t. vulpis, t. canis, t. leonina, dipylidium caninum, taenia psiformis. Em gatos usamos o febantel associado ao praziquantel para combate de a. tubaeforme, t. cati, d. caninum, taenia taeniaeformis. !! Praziquantel: associado ao febantel, ivermectina e as vezes pirantel, com a tentativa de aumentar o controle nas espécies e sobrepor a resistência já existente. É um anti-cestódeo, anti-helmíntico. Geralmente atua em indivíduos adultos, muito relacionado ao mecanismo de ação (libera o cálcio, interferindo no parasito adulto). É amplamente utilizado e possui uma maior segurança. Usado pelas vias PO, IM, SC. Em altas doses, atua sobre estágios imaturos no hospedeiro intermediário. ! Sua ação sobre o parasito está relacionada a toxicidade neuromuscular e paralisia por alteração da permeabilidade de cálcio. É indicado para cestódeos como dipylidium caninum, taenia pisiformis, echinococcus granulosos, e. multilocularis (cães), dilipidium caninum (gatos), taenia taeniaeformis (gatos), anoplocephala perfoliata (equinos). É associado ao febantel que controla os nematódeos. !! Fembendazol: é um anti-helmíntico, antinematódeo, controla nematódeos gastrointestinais e pulmonares em grandes animais, pequenos, aves e suínos. É mais seguro, apresentando eventualmente diarréias e vômitos. Tem uma ação sobre os microtúbulos do parasito (captação da glicose), evita a polimerização dos túbulos do citoesqueleto. Atua sobre o estágio adulto e imaturo, além de ser um ovicida. Indicado para várias espécies. Funciona muito bem. Causa um bloqueio irreversível da captação de glicose, com isso há diminuição do estoque de energia que pode causar morte ao parasita. ! As indicações são para toxocara, toxascaris, ancylostoma, trichuris. As espécies tratadas são cães, gatos, equinos, bovinos, ovinos e caprinos. !! Pirantel: é um anti-helmíntico para nematódeos gastrintestinais. É bastante seguro. É um vermífugo que atua sobre a função neuromuscular do parasito. É um agonista pro receptor nicotínico, afeta a transmissão ganglionar levando a uma paralisia do parasito, que é expulso via peristaltismo intestinal e eliminado pelas fezes. Atua sobre estágio adulto e imaturo. Pode ser usado para equinos, suínos, cães e gatos e em diversas espécies parasitárias. !! Ivermectina: vermífugo introduzido recentemente, uma das ultimas classes de vermífugos lançados. Faz parte das lactonas macrocíclicas. Possui um mecanismo de ação mais fácil de ser entendido. Tem um espectro muito amplo. Potencializam os canais de cloreto controlados por glutamato (efeito neurotóxico), com isso há aumento da permeabilidade do cloreto com hiperpolarização da célula nervosa, levando a paralisia e morte do parasita. A ivermectina potencializaos canais de cloreto controlados por GABA. ! Atua em equinos, bovinos (controla os ectoparasitos que causam sarna), suínos, cães e gatos (procuramos evitar seu uso, pois seu uso isolado é feito com muita cautela, podendo causar toxicidade). Tem um maior padrão de toxicidade em cães com focinho mais comprido. O uso em cães e gatos é mais restrito ou feito em baixas doses na combinação de anti-helmínticos para parasitos externos, dirofilariose, infecções intestinais muito graves. ! Os mamíferos não apresentam canais de cloreto controlados por glutamato, e sim canais mediados por GABA, mas a barreira hemato encefálica impede a penetração da ivermectina. O efeito é seletivo para o parasito. Cruzam com dificuldade a barreira hematoencefálica. ! Porém, em raças de focinho comprido sua barreira hematoencefálica é mais permeável, devendo-se evitar a ivermectina. Geralmente tem o quadro neurotóxico. Isso é causado devido a uma mutação de glicoproteínas P, que codificam a bomba de efluo do medicamento no SNC. Os problemas neurológicos são depressão, ataxia, problema de visão e coma. !! MECANISMO DE AÇÃO!! Polimerização da tubulina: os microtúbulos são organelas intracelulares presentes no reino animal, vegetal e nos fungos. Sua função é no esqueleto estrutural das células; movimento dos cromossomos durante a divisão celular (quando os cromossomos se dividem, caminham de uma célula a outra em direção aos fusos mitóticos pelo microtúbulo); movimento de partículas intracelulares, como metabólitos energéticos; e exocitose. ! O microtúbulo se forma a partir da polimerização da alfa e beta-tubulina. As unidades alfa e beta vão se ligando e formando esse microtúbulo. Cada proteína possui 450 aminoácidos. A célula forma um canudo progressivamente e pode se desfazer. Tem um polo negativo (onde ocorre a despolimerização) e um positivo (onde ocorre a polimerização), o que permite a plasticidade celular. Os fatores que favorecem a polimerização são o aumento da temperatura (a 37 graus), GTP e MG2+. E os fatores que favorecem a despolimerização são a diminuição da temperatura (a 4 graus), presença de cálcio ou calmodulina.! Os fármacos com esse mecanismo de ação impedirão a formação do microtúbulo pela extremidade positiva. Substâncias se ligam ao polo positivo, o chamado capeamento, e inibem a formação dos microtúbulos. Ex. colchicina, vimblastina, vincristina, inibidores mitóticos, e benzimidazóis. Outros fármacos que atuam na gota única também atuam sobre o microtúbulo. O mecanismo de ação dos benzimidazóis é a ligação seletiva às moléculas de beta-tubulina do nematódeo causando um efeito de inibição da formação dos microtúbulos. ! Os fármacos que inibem a polimerização dos microtúbulos são os benzimidazóis ( tiabendazol, cambendazol, mebendazol, fembendazol, oxibendazol, oxfendazol, albendazol, parbendazol, flubendazol, tricabendazol) e as pró drogas (netobimina, febantel, tiofanato). !! Desacoplamento da fosforilação oxidativa: no nível celular temos uma organela muito importante na produção de energia (ATP). Essa organela é a mitocôndria. Se não temos formação de ATP a célula entra em falência energética. ! A produção de ATP está acoplada ao gradiente de prótons através da membrana interna mitocondrial. A fosforilação oxidativa promove o carregamento de elétrons do NADH e FADH através de complexos protéicos da membrana int. mitocondrial. Os prótons são bombeados para fora da matriz mitocondrial, devido a uma força para movimento de prótons causada pelo gradiente de pH e potencial elétrico transmembrana. O ATP é produzido por complexo enzimático, quando os prótons voltam para a matriz mitocondrial. A fosforilação oxidativa ocorre nos animais parasitados e nos helmintos.! Os ionóforos de prótons (closantel e nitroxinil) são anti-helmínticos cujas moléculas contém próton detectável. São moléculas lipofílicas e podem introduzir os prótons na membrana interna da mitocôndria. Com isso retira o gradiente de prótons da membrana mitocondrial e “desacopla” a fosforilação oxidativa. Assim, a oxidação do NADH e FADH não ficará ligada à produção de ATP. ! O mecanismo de ação é pelo desacoplamento da fosforilação oxidativa mitocondrial com efeito sobre a biotransformação energética do parasito. Os fármacos que atuam por desacoplamento da fosforilação oxidativa são as salicilanilidas (closantel, rafoxanida, oxiclozanida, brotianida); substitutos fenólicos (nitroxinil, niclofolan, hexaclorofeno dibromsalam, niclosamida) e antitrematódeos e anticestódeos.!! Canais iônicos: atuam na função neuromuscular. Não vai ser bloqueados do cálcio, vai favorecer sua entrada, levando a contração muscular do parasita.! O cálcio é importante para a contração muscular do parasita. O Praziquantel atua aumentando o influxo de cálcio, causando efeito na contração muscular do parasita. Ocorre a abertura dos canais de cálcio e a liberação do cálcio presente no interior dos retículos sarcoplasmáticos. Os alvos do medicamento são os canais iônicos de cálcio na membrana do parasito, no tegumento e na célula muscular.! Os agonistas nicotínicos são seletivos de receptores colinérgicos nicotínicos das células musculares dos nematódeos. O efeito do fármaco é de aumentar a condutância ao Na+ causando contração e paralisia espástica do parasito. A eliminação do parasito é feita pelo pulmão, pelo muco brônquico ou do TGI pela fezes.! Os agonistas nicotínicos são os Imidazotiazoles (levamisol, butamisol); Tetrahidropirimidinas (pirantel, morantel, oxantel); Sais de amônio quaternário (befenium, teniun); Pirimidinas (metiridina). ! Os agonistas de canais iônicos gabaérgicos e glutamatérgicos são agonistas GABA (piperazinas), e potenciadores do receptor de cloreto ativado por glutamato (avermectinas), que possuem sítios de ligação do anti-helmíntico (subunidades alfa) e sítios de li’ação do glutamato (subunidades beta). !! Antiinflamatórios não esteroidais - DAINE!! Temos um conjunto de alterações biológicas relacionadas ao estresse. O diálogo é de célula para célula, leucócito para leucócito, etc, chamadas mediações químicas. Em um indivíduo saudável, o organismo encontra-se preparado e capaz de proteger-se contra agressões, através de mecanismos fisiológicos, tais como reações imunes e anti-inflamatórias. ! Qualquer estímulo, seja ele de natureza química, física ou mecânica, capaz de iniciar um processo inflamatório no organismo detonará, de forma mais ou menos extensa, a produção de uma série de mediadores químicos, que terão sua ação centrada principalmente sobre eventos vasculares ou celulares. ! Vários são os mediadores químicos envolvidos no desenvolvimento do processo inflamatório, podendo ser de origem tissular, como: aminas vasoativas, fator de ativação plaquetária, eicosanoides, citocinas, radicais livres superóxidos, óxido nítrico e neuropeptídeos, ou d’ origem plasmática, como: sistema de coagulação, sistema complemento e sistema das cininas. !! AUTACÓIDES! Os mediadores químicos endógenos que cuidam da nossa vida, do nosso organismo são medicamentos que o corpo produz. Autacóides são substancias que o organis’o produz em resposta a estímulos específico, como a dor. Atuam comumente no próprio local da síntese permanecendo ativos por curto período. Um exemplo é a histamina, bradicinina, prostaglandinas. Os autacóides são os anti-histamínicos, DAINEs, corticosteróides. ! Os DAINES surgiram a partir da religião. O reverendo Edward Stone descobriu o composto a partir da casca do salgueiro. Esses chás que ele fazia com a casca do salgueiro eram muito bons para tirar a dor, a febre. O salgueiro crescia em regiões onde havia malária, sendo muito útil no tratamento da malária. Alguns anos depois Leroux (1829) conseguiu isolar a salicina (efeito antipirético). E mais pra frente foi criado o salicilato de sódio, sendo usado na febre reumática e como antipirético(1875).! A descoberta ganhou o mercado farmacêutico depois do Dr. Felix Hoffman que conseguiu fazer a síntese do ácido acetilsalicílico transformando-o em aspirina. A aspirina como o próprio nome diz, teve seu nome cunhado a partir da planta que o produzia. Aspirina é o protótipo dos antiinflamatórios não esteroidais, ela representa um grande grupo de fármacos chamado de drogas antiinflamatórias não esteroidais (DAINE), antipiréticos, antiinflamatórios, analgésicos. Mas isso não significa que ela seja o melhor fármaco. ! A maioria dos antiinflamatórios é bem diferente da aspirina, seu efeito que é comum. O grupo de compostos é quimicamente heterogêneos. Em linhas gerais, os DAINES compartilham o mecanismo de ação, os efeitos terapêuticos e muitos dos efeitos colaterais. São também denominados de analgésicos, antipiréticos e antiinflamatórios. ! Os DAINES tem três efeitos clássicos: analgésico, antipirético e anti-inflamatório. Varia muito a intensidade desses efeitos de acordo com os grupos farmacológicos. Por exemplo: o paracetamol é bom para a dor, mas não é bom como anti-inflamatório. ! O efeito analgésico é o controle de alguns tipos de dor (dores inflamatórias e dores dos músculos esqueléticos), dores de intensidade fraca a moderada. O efeito antipirético diminui a temperatura se elevada. O efeito inflamatório causa redução da resposta inflamatória, coisa que o opióide não faz.!! INFLAMAÇÃO! Pode ser causada por uma resposta infecciosa (acompanhada por resposta inflamatória) e por algum tipo de trauma (sem ser de natureza infecciosa). É o conjunto de eventos de tecidos, eventos de células, que ocorrem em resposta a um patógeno invasor ou a um trauma. A pesar de não gostarmos da inflamação ela nos protege. São reações protetoras, importantes para a sobrevivência, mas se impróprias são prejudiciais ao organismo.! Temos os sinais cardiais da inflamação, que são: calor (aumento de temperatura no local inflamado), rubor (eritema), tumor (edema), dor (hipersensibilidade) e disfunção. A inflamação é muito complexa. Os mediadores que atuam na inflamação são os eicosanóides. O representante é o ácido araquidônico. !! Mediadores da inflamação ! O termo eicosanóide refere-se aos lipídios insaturados, derivados da cisão do ácido araquidônico a partir de enzimas específicas. Ao contrário da histamina, os eicosanóides não são pré-formados no tecido, sendo a sua produção vinculada a uma série de estímulos. Assim, uma lesão qualquer que danifique a membrana das diferentes células do organismo será capaz de liberar frações de fosfolipídeos, denominados ácidos araquidônicos, através da ação enzimática da fosfolipase A2 (FLA2). O ácido araquidônico, quando liberado, não tem ação inflamatória; entretanto, os produtos de sua degradação, formados através da ação de enzimas denominadas ciclo-oxigenase (COX) e lipo-oxigenase (LO), são mediadores químicos fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório. ! A quebra do ácido araquidônico pelas COX origina as prostaglandinas (PG), prostaciclinas (PGI2) e tromboxanas (TX). Por sua vez, as LO dão origem aos leucotrienos (LT). Durante este processo, as diferentes vias enzimáticas podem gerar radicais livres. ! O ácido araquidônico é o precursor dos mediadores da inflamação, é formado por fosfolipídeos que sofrem ação da fosfolipase PA2 (fosfolipase 2), que é ativada em respostas de estresse. Essa enzima atua sobre os fosfolipídeos plasmáticos da célula, gerando o ácido araquidônico (precursor). Outra enzima importante também é a COX (ciclooxigenase). Sobre o ácido araquidônico atuam a COX-1 e COX-2. !! Como são formados os eicosanoides ! Os eicosanóides são formados em situações de estresse, onde forma-se também as prostaglandinas (PGs). As prostaglandinas formadas pela cascata do ácido araquidônico possuem composição parecida ao ácido araquidônico. Temos diferentes prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos. As prostaglandinas atuam em receptores próprios a cada uma delas, ligados a proteína G, que vão alterar mensageiros celulares das células que forem responder as prostaglandinas. Dessa maneira a prostaglandina modula o processo inflamatório, os sinais cardiais da inflamação. !! PROSTAGLANDINAS! A célula endotelial próximo ao vaso, próximo ao músculo liso (responsivos ao cálcio, aumento do cálcio causa contração e diminuição do cálcio causa relaxamento), é controlada por prostaglandinas. O tromboxano promove uma contração nos vasos, relacionado ao aumento do cálcio. O tromboxano e a prostaglandina causam a mesma excitação. O controle da perfusão dos órgãos é feita pelo SN simpático, porém as prostaglandinas também atuam nesse controle. ! PGD2: Causa vasodilatação arteriolar;! PGE2: É a principal PG relacionada com o processo inflamatório agudo, produzindo vasodilatação arteriolar e potencializando a dor e a permeabilidade vascular produzida por outros mediadores químicos;! PGF2α: Luteólise.! PGI2 (prostaciclina): Inibe a agregação plaquetária e causa vasodilatação arteriolar.! As prostaglandinas também fazem controles como aumento do fluxo sanguíneo renal, a proteção da mucosa gástrica e atua em músculo liso dos vasos sanguíneos fazendo “sintonia fina” da irrigação tecidual.!! Prostaglandinas e a dor! Além das prostaglandinas participarem do controle da irrigação sanguínea elas também tem importância na dor. Elas não causam dor, mas modulam ela. A dor é uma percepção desagradável originária de uma região específica do corpo; ela incomoda, é uma sensação dominante, e não conseguimos sentir prazer em outras coisas se a dor for muito intensa. A dor é considerada um adjunto psíquico das respostas de proteção do corpo, funciona como um alarme, e sua função é proteger o organismo de uma lesão. Ela é um sinal de injúria e pessoas que não sentem dor morrem cedo. ! A dor é percebida por receptores neuronais presentes nos órgãos em geral, por exemplo na pele. O neurônio é chamado de bipolar e possui dois axônios. Quando esse neurônio é ativado ele libera alguns mediadores que causam ou vasodilatação ou aumento de permeabilidade, processos de início de inflamação. A prostaglandina não é um mediador que vai causar dor, ela mobiliza o neurônio a estímulos subliminares. ! A dor periférica é iniciada por bradicinina e histamina e amplificada pela ação das prostaglandinas, principalmente a PGE2 e a PGI2, através de sua ligação a receptores nociceptivos, verificando-se a diminuição do limiar doloroso e a promoção de descargas elétricas, através da variação no potencial de repouso dos nociceptores. Esta ação resulta em estímulos dolorosos, em função da estimulação de regiões talâmicas. A PGi2 está relacionada com a hiperalgia imediata e de curta duração, enquanto a PGE2 se relaciona com a hiperalgia longa e que pode persistir por um período de até 6h. ! Temos agentes que sensibilizam o nociceptor, diminuindo o limiar. Antes aquele estímulo que não provocava dor, se houver uma lesão nesse lugar vai haver uma hipersensibilidade. Temos substancias que são liberadas durante a inflamação que ativam o nociceptor e causam dor. !! Prostaglandinas e a febre! A história da prostaglandina na febre está diretamente relacionada a regulação da temperatura que realizamos em todo momento. Cada organismo tem seu metabolismo e vai se regulando. Quem faz o controle da temperatura é uma região hipotalâmica que recebe informação térmica dos receptores profundos e não profundos, e leva essa informação ao hipotálamo para tomar a decisão. O gato faz lambedura quando está muito quente. ! O caminho é diferente para o aumento da temperatura e para a diminuição. Tem gatos que procuram locais de calor quando estão com frio. Os animais de produção tendem a se agrupar para reunir calor. ! O processo febril ocorre quando os leucócitos, que estão fagocitando partículas estranhas, liberampirógenos endógenos (citocinas), que após liberados, ligam0se a receptores endoteliais cerebrais ou interagem com células da micróglia, ativando a formação de ácido araquidônico, via fosfolipase A2. Então, a COX cerebral produz PGE2, que por sua vez, aumenta a temperatura corporal, por desregular o funcionamento hipotalâmico. ! O desequilíbrio dos mecanismos que controlam a temperatura corporal faz com que o organismo reaja como se a temperatura externa estivesse baixa, produzindo vasoconstrição periférica, piloereção e tremores. A temperatura continuará elevada até que não existam mais patógenos e PGE2. !! Hipertermia: é a temperatura corporal acima do normal para aquela espécie. É um termo utilizado para descrever qualquer aumento da temperatu’a central do corpo acima do normal para a espécie em questão. A hipertermia tem várias causas, costumeiramente olhamos para a hipertermia como sinal de uma infecção bacteriana ou viral (febre verdadeira com produção de pirógenos endógenos), mas também temos outras doenças que geram aumento da temperatura. ! A dissipação inadequada ou intermação (ex: animais que ficam em um local fechado sem ventilação), nesse caso pode ocorrer um caso de CID levando a morte. Também temos hipertermia do exercício (por exercício normal, tetania hipocalcêmica e distúrbios convulsivos); hipocalcemia (animal pós-parto); e patológicas ou farmacológicas (lesões no hipotálamo anterior, hipertermia maligna, distúrbios hipermetabólicos, distúrbios do metabolismo de monoamina). ! A febre verdadeira é causada por agentes infecciosos. Temos uma resposta de pirógenos exógenos que são capazes de mobilizar células imunes que ativam a interleucina 1. A IL1 chegando ao hipotálamo causa um aumento de prostaglandina. O aumento do conteúdo de prostaglandinas no hipotálamo prejudica o termostático hipotalâmico; exemplo: o hipotálamo observa a temperatura de 37 e interpreta como se tivéssemos hipotermia, aumentando a temperatura. O hipotálamo faz isso pois quando aumentamos a temperatura há um benefício para as infecções microbianas (um aumento d’ temperatura impede a reprodução da bactéria). E também o aumento de temperatura ativa o sistema imune, sendo uma indicação que está ocorrendo um processo infeccioso. !!! ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (ASPIRINA)! Dentre os AINE, o ácido acetil-salicílico é o anti-inflamatório padrão. Ele é muito utilizado, apesar de haver vários novos compostos novos no mercado. Ele é o padrão de comparação com outros fármacos do grupo. Sua estrutura química está relacionada ao ácido salicílico (ácido ortohidroxibenzóico), que é muito irritante (uso apenas externo). Isso fez com que houvesse a busca de derivados do ácido salicílico para uso sistêmico, chegando ao ácido acetil salicílico (AAS). ! Cumpre bem a função de controlar a febre, e os sinais da inflamação. Possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas, além de também promover a inibição da agregação plaquetária, e não possui ação sobre a produção de superóxidos, atuando somente sobre a dor induzida pela liberação de PG. ! Funciona também para remoção de queratina. Como o próprio nome diz ele é um ácido, seu pKa é 3,5. Causa um efeito erosivo (pirose - estômago doi). Ele é bem absorvido no TGI (absorção rápida), pois se apresenta na forma não ionizada no estômago. Seu grande sítio de absorção é o ID. Embora os AINE encontrem0se, em sua maior parte, ligados às proteínas plasmáticas, o ácido acetilsalicílico constitui uma exceção a regra, pois somente cerca de 50 a 70% deste composto fazem este tipo de ligação. ! O ácido acetilsalicílico é metabolizado no fígado, conjugado com ácido glicurônico (glicuronil transferase) e glicina. Os gatos tem deficiência da glicuronil transferase, e sua meia vida é de 38h nestes animais, considerada muito longa, pois há um acúmulo da droga no organismo. A excreção é renal e temos filtração e secreção tubular. !! Mecanismo de ação: seu mecanismo de ação é de diminuir as prostaglandinas. Ele inibe enzimas que ativam a prostaglandina, as ciclooxigenases. Consegue inibir tanto a COX 1 quanto a COX 2 (inibição por ligação covalente irreversível). Inibindo essas enzimas ele produz efeitos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios e é um inibidor da agregação plaquetária, impedindo a formação de trombos. Faz com que haja baixa biossíntese protéica resultando em baixa regeneração da enzima e consequentemente inibição da agregação plaquetária. ! Na medida que há remoção da prostaglandina (que causa vasodilatação), temos uma redução da hiperemia, diminuição do calor, ambos gerados pela dilatação do vaso. Também temos uma diminuição do edema (prostaglandina aumenta a permeabilidade) e também diminui a hiperalgesia (menos prostaglandinas formadas e menos sensação de dor). Além disso temos o efeito antipirético; com a remoção das prostaglandinas que atuam no hipotálamo temos a diminuição da hipertermia. !! Uso clínico: a aspirina desempenha bem suas funções nas diferentes espécies, e também ajuda a reverter a CID. É usada como analgésico, antipirético e anti inflamatório em cães, gatos, bovinos, equinos, suínos e aves. A CID que relatamos precisa ser enfrentada e nem sempre é reversível. O animal deve perder a temperatura o mais rápido possível, com uso de bolsas de gelo combinado a fármacos. As doses de aspirina podem ser aumentadas em caso de CID. O tratamento da CID e a redução da agregação plaquetária (agente antitrombótico) são feitos geralmente em cães. ! Os gatos não conjugam bem o ácido glicurônico devido a falta da enzima. Ele pode receber até a mesma dose do cão, mas o intervalo posológico é aumentado. Em gatos usamos como tratamento coadjuvante da cardiomiopatia felina (agente antitrombótico). !! Contra indicações e efeitos adversos: o ácido acetilsalicílico é contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade ao fármaco; portadores de úlcera gastrintestinal (com sangramentos); uso muito cauteloso/ contra indicado em pacientes com desordens hemorrágicas, asma, insuficiência renal; deve ser feito o ajuste de dose para hipoalbunemia, doenca renal ou hepática; uso de ser suspenso (se possível) uma semana antes de cirurgias; evitar uso no último estágio de gestação (atrasa o parto); uso cauteloso em gatos e neonatos. ! Os efeitos adversos podem ser irritação gástrica/ intestinal (perda de sangue oculto nas fezes - informar ao proprietário); vômitos, anorexia e se grave, anemia, hipoproteine’ia. O animal pode chegar até a morrer. Em cães é preferível as preparações tamponadas ou de liberação intestinal. ! Esses efeitos colaterais que os antiinflamatórios causam tem uma relação direta com a fisiologia do ácido clorídrico. O ácido clorídrico é um componente do estômago, da digestão. O cloro vai para a luz estomacal junto com os prótons que vão controlar o HCL. Os prótons vão para a luz através da bomba de prótons. Essa bomba de prótons que joga o ácido no estômago durante o processo digestivo é normalmente ativada por proteínas quinases. ! O ácido clorídrico deve ser produzido quando necessário, não precisamos produzi-lo se o estômago estiver vazio. Os estímulos que levam ao aumento da atividade das quinases ativando a bomba, são três: histamina (importantíssima para a digestão, atua em um receptor histaminérgico H2); receptor muscarínico controlado por um nervo; e a gastrina (hormônio da digestão). Esses estímulos vão levar a produção de ácido gástrico para a digestão. ! As prostaglandinas possuem efeitos protetores sobre a mucosa gástrica. Elas diminuem a produção de HCL, aumento da produção do muco e bicarbonato, aumento da irrigação sanguínea da mucosa gástrica e aumento da proliferação celular. Atuam em receptores de prostaglandina inibindo a produção de AMPc. Geram benefícios a mucosa gástrica. ! A administração de AINE faz com que haja diminuição
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