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APOSTIla de direito civil para 2° semesmtre

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FATOS JURÍDICOS 
Qualquer acontecimento que seja importante para o direito, 
classificados em: 
1 - Fato jurídico stricto sensu  são aqueles em que não há atuação 
humana ou em que esta não é relevante. 
Fato Natural 
a) Ordinários ou comuns  forma esperada (nenhuma repercussão 
jurídica). 
b) Extraordinário  forma inesperada (caso fortuito e força maior) 
2 - Fatos jurídicos lato sensu  são os acontecimentos aptos a gerar 
qualquer efeito jurídico consistente na aquisição, conservação, modificação, 
transmissão ou extinção de alguma relação ou situação jurídica. Fatos jurídicos 
lato sensu podem ser: 
I - Atos jurídicos stricto sensu (ou atos meramente lícitos)  
São aqueles em que a vontade humana é dirigida a prática do ato, 
mas os efeitos são definidos pelo ordenamento sem qualquer influência de 
vontade do agente (do autor do ato). Ex: mudança de residência (é um fato 
jurídico, a vontade de mudar é da pessoa, o efeito quem determina é a lei); 
reconhecimento de filhos, a partir do momento que é reconhecido, os efeitos 
quem determina é a lei. 
II – Negócio jurídico  
As aqueles em que a vontade humana é dirigida não só para prática 
do ato, mas também para o conteúdo ou os efeitos que são gerados por ele. 
Ex: testamento, porque os efeitos são definidos pelo próprio agente. 
III – Atos ilícitos  
São aqueles que são capazes de gerar dano a alguém. Ato ilícito gera 
efeitos: direito de indenizar, por isso ato jurídico ilícito é um ato jurídico que 
gera conseqüências. 
 
 
 
 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
Sub classificados em: 
1) Negócio jurídico unilateral (ex: testamento; promessa de recompensa; 
emissão de títulos de créditos etc.) 
1.1) Negócio jurídico receptício é o que depende de chegar ao 
conhecimento de uma pessoa para produzir efeitos, já que a 
manifestação da vontade de uma parte deve estar em 
consonância com a outra. 
1.2) Negócio jurídico não receptício não precisa chegar ao 
conhecimento de ninguém para produzir efeitos, já que se 
realizam com uma simples manifestação unilateral de vontade, 
não havendo a necessidade de seu direcionamento a uma 
pessoa específica para que produza efeitos. 
2) Negócio jurídico bilateral = sinônimo de contrato (ex: doação é contrato, é 
negócio jurídico bilateral) (ou plurilaterais). Contratos podem ser sub 
classificados em: contrato unilateral e contrato bilateral (seria melhor 
sinalagmáticos). 
3) Negócio jurídico plurilateral: trata-se de um negócio jurídico em que há a 
vontade de mais de duas pessoas em cada polo, ou seja, mais de uma como 
sujeito ativo e/ou mais de uma como sujeito passivo. 
O contrato exige alteridade contratual, que é a necessidade de se ter no 
mínimo duas pessoas na relação contratual. O contrato consigo mesmo ou 
autocontrato, previsto no art. 117 do CC, em regra, é anulável, no prazo de 
dois anos a contar da data da conclusão do ato (art. 179 do citado Código). 
Como exemplo citamos o mandato para compra e venda de imóvel, onde o 
mandante outorga à outra parte mandato para que o mandatário venda bem 
para si mesmo (esse mandato denomina-se mandato em causa própria 
 
 
 
 
PLANOS DO NEGÓCIO JURÍDICO  EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA. 
1) Plano da existência jurídica 
É o preenchimento dos elementos constitutivos do negócio jurídico 
(mínimo dispensável). 
As expressões verificadas para existência são: elementos (e não 
requisitos) que preencham o modelo abstrato daquele negócio, que são quatro: 
1 – Declaração de vontade. que pode ser expressa por meio da 
palavra escrita, falada ou por gestos, ou ainda tácita. O silêncio também é 
forma de manifestação da vontade quando não for necessário que ela ocorra 
expressamente (art. 111 do CC). 
Art. 111, CC  negócio celebrado por um dos agentes que ficou em 
silêncio  o silêncio importa em declaração de vontade, quando as 
circunstâncias ou os usos o autorizarem e não for exigida manifestação 
expressa. 
Art. 110, CC  reserva mental: é a declaração de vontade não 
desejada pelo emissor com a intenção de enganar o destinatário; só se 
considera existente se não for conhecida do destinatário; caso contrário, se o 
destinatário conhecia a reserva legal o negócio será inexistente. 
Nelson Nery " Reserva Mental é a emissão de uma declaração não 
querida em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, tendo por único 
objetivo enganar o declaratário" (Nery, Vícios, n. 3.1, p. 18) 
2 – Agente emissor da vontade. 
3 – Objeto  toda utilidade material ou imaterial sobre a qual se 
refere à declaração de vontade. 
4 – Forma pela qual a vontade é exteriorizada. 
Elementos categoriais específicos ou especiais de certas modalidades 
de negócio jurídico formalidade de prazos para a celebração são elementos 
categoriais para o casamento. 
Art. 170, CC  conversão substancial do negócio jurídico  na falta 
de um elemento categorial pode se considerar existente outra categoria de 
negócio jurídico se for possível supor que seria essa a vontade dos agentes. 
 
2) Plano da validade 
É a qualidade do negócio jurídico que se traduz na sua regularidade 
formal e substancial. 
Nulidade e anulabilidade estão no plano da validade. 
Validade em si mesma  quatro requisitos (art. 104, CC que só 
menciona três): 
1- Vontade livre consciente e isenta de má-fé; 
2 – Agente capaz e legitimado para o ato; 
Capacidade de Fato e de direito 
3 – Objeto lícito, possível e determinado (ou determinável). 
Objeto lícito: o objeto não pode ser proibido pelo ordenamento, pela 
moral ou pelos bons costumes. 
Objeto possível: deve ser possível de execução. 
Objeto determinado: deve ser previamente conhecido, individualizado. 
Objeto determinável: é aquele indicado pelo gênero e pela quantidade, mesmo 
que a qualidade não seja apontada imediatamente. 
Impossibilidade do objeto pode ser: 
 Jurídica: decorre das normas, da lei. Ex.: contrato de compra e 
venda de uma praça pública, ou de uma estrada. 
 Material (física). A impossibilidade material pode ser: 
Absoluta, quando não puder ser cumprida por ninguém. Ex. atravessar 
Oceano Atlântico a nado. Neste caso, o negócio é inválido. 
Relativa, quando não puder ser cumprida pelo devedor. Ex.: 
atravessar uma piscina de 2 metros a nado (para uma pessoa que é aleijada). 
Neste caso, o negócio jurídico é válido, e se converte em perdas e danos. 
4 - Forma prescrita ou não defesa em lei – segundo a forma, os 
negócios podem ser: 
Informais: não exigem forma específica; (Livre) 
Solenes ou formais: exigem forma específica. Ex.: compra e venda de 
imóveis com valor acima de 30 salários mínimos, que só podem ser feitos 
mediante escritura pública. Ex2.: emancipação. 
A forma dos negócios jurídicos pode ser de dois tipos diferentes: 
ad solenitatem: a forma é da substância do negócio, e o seu 
desrespeito acarreta a nulidade dele. 
ad probationem tantum: a forma não é essencial para a validade do 
negócio, mas é exigida para a sua prova em juízo. Ex.: compra e venda de um 
quadro valiosíssimo. Este contrato é válido se feito apenas verbalmente. 
Contudo, para que o negócio jurídico possa ser provado em juízo, é necessário 
que ele seja escrito, art. 227 do CC (em negócios com valor acima de 20 
salários mínimos, a sua prova não pode ser realizada apenas mediante 
depoimento testemunhal). 
 
Inexistência de defeito (ou vício) no negócio jurídico 
Os defeitos do negócio jurídico são o vício da vontade ou do 
consentimento e os vícios sociais. 
Vício da vontade ou do consentimento: trata-se de vício que macula a 
vontade de uma das partes. São eles o erro, dolo, coação, lesão e estado de 
perigo. 
Todos esses vícios gerama anulabilidade do negócio jurídico, que 
deve ser arguida no prazo de quatro anos a contar da data da celebração do 
negócio, exceto no caso da coação, que terá o seu prazo contado de quando 
cessar a coação. 
Vícios sociais: trata-se de vícios que não contaminam a vontade, mas 
que prejudicam a sociedade. São os casos da fraude contra credores e a 
simulação. A fraude contra credores tem o mesmo tratamento dos vícios de 
vontade (gera anulabilidade no prazo de quatro anos contado da celebração do 
negócio). 
Embora a simulação não esteja mais prevista no Código Civil no título 
que trata dos defeitos do negócio jurídico, ainda é uma causa invalidante do 
negócio jurídico, já que a consequência que ela gera ao negócio jurídico é a 
nulidade e não anulabilidade como todos os vícios acarretam. 
 
Os vícios dos negócios jurídicos 
a) Erro ou ignorância 
É a noção falsa sobre uma pessoa ou objeto. Não devemos confundir 
o erro (que é um vício da vontade) com o vício redibitório, pois enquanto o 
primeiro recai sobre o consentimento, o segundo recai sobre a coisa. 
As espécies de erro são: erro substancial ou essencial e erro acidental. 
Erro substancial ou essencial: é aquele que recai sobre qualidade 
essencial da pessoa ou coisa. Como exemplo citamos o caso de uma pessoa 
que compra uma estátua pensando ser de marfim, quando na verdade é de 
material sintético. 
De forma mais detalhada, estabelece o art. 139 do CC que o erro será 
substancial quando: 
a) interessar à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, 
ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
b) concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem 
se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
c) sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o 
motivo único ou principal do negócio jurídico. 
De acordo com o Enunciado 12 do CJF, atualmente não se analisa 
mais a escusabilidade do erro. Diz o referido enunciado que: Enunciado 12 do 
CJF – Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, 
porque o dispositivo adota o princípio da confiança. 
Assim, para o negócio jurídico ser anulável por erro essencial, há a 
necessidade de se verificar se a outra parte tinha condições de saber que o 
errante possuía a noção falsa, já que o art. 138 do CC menciona na parte final 
que o erro deve poder ser percebido por pessoa de diligência normal, em face 
das circunstâncias do negócio. 
Nessa parte final o artigo não se refere ao errante, mas sim à outra 
parte, motivo pelo qual se ela sabia da noção falsa, o negócio jurídico será 
anulável, caso contrário será válido. 
Erro acidental: é aquele que recai sobre qualidade secundária da 
pessoa ou da coisa. Ele não contamina a vontade, motivo pelo qual o ato é 
válido, porém se resolve em perdas e danos. Como exemplo citamos o caso da 
pessoa que compra uma casa pensando que tinha sete janelas, quando na 
verdade só possuía seis. 
 
b) Dolo 
É o artifício astucioso usado para enganar a vítima. Não se confunde 
com o dolo, que é um dos pressupostos da responsabilidade civil e que é 
conceituado como uma conduta volitiva em que o agente deseja produzir certo 
resultado. 
A diferença entre erro e dolo é que o primeiro é um engano 
espontâneo, enquanto o segundo é um engano induzido. 
São espécies de dolo: 
Principal x acidental: o dolo principal, ou "causam", é a causa 
determinante da celebração do negócio jurídico, motivo pelo qual acarreta a 
anulabilidade do ato; já o dolo acidental ou “incidens”, é aquele que não 
contamina a vontade, mas é utilizado para que o negócio seja celebrado de 
outra forma mais onerosa ou menos vantajosa. 
Ele não gera a anulabilidade, pois o negócio se resolve em perdas e 
danos. 
Bonus x malus: o dolo bonus é o que acarreta um exagero na 
qualidade, enquanto o dolo malus é aquele praticado com a intenção de 
prejudicar a outra parte. 
Positivo x negativo: o dolo positivo é fruto de uma atuação comissiva, 
enquanto o dolo negativo é aquele em que há uma atuação omissiva (dolo por 
omissão). 
Que provém de terceiro: trata-se de um dolo que é praticado por 
terceira pessoa que não faz parte da relação negocial. De acordo com o art. 
148 do CC, que adota a Teoria da Confiança, se o beneficiado pelo dolo sabia, 
ou tinha condições de saber, da sua existência, o negócio será anulável, senão 
se resolve em perdas e danos. 
Bilateral, recíproco ou enantiomórfico: Esse é o dolo cometido por 
ambas as partes, que, de acordo com o art. 150 do CC, não invalida o negócio 
jurídico e não permite que a parte pleiteie indenização. 
 
c) Coação 
Trata-se da violência física ou moral que impede a real declaração da 
vontade. 
Existem duas espécies de violência: vis absoluta (violência física) e vis 
compulsiva (violência moral). 
O art. 171 do CC estabelece que a coação gera anulabilidade do 
negócio jurídico, mas é relevante destacar que existe parte da doutrina que 
entende, nos casos de vis absoluta, que haverá a inexistência do negócio 
jurídico e não invalidade, já que no caso não há declaração de vontade 
(consentimento) no negócio jurídico, pois o paciente está ciente do que está 
acontecendo. A importância de tal celeuma é que a ação declaratória de 
inexistência é imprescritível e a anulatória está sujeita a um prazo decadencial 
de quatro anos. 
São características da coação: 
1) A coação deve gerar medo no paciente. 
2) O medo que a coação deve gerar, necessariamente, tem que se 
referir à pessoa do paciente, a sua família ou aos seus bens. 
3) Se a coação disser respeito à pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, é quem analisará se houve ou 
não coação (art. 151, parágrafo único, do CC). 
4) Ao analisar a coação, devemos considerar o sexo, a idade, a 
condição, a saúde, o temperamento do paciente e outras circunstâncias que 
possam interferir na gravidade dela. 
5) Não podemos confundir coação com temor reverencial (respeito). 
6) A coação pode ser exercida por terceiro estranho ao contrato. 
Nesse caso, o art. 154 do CC adota a “Teoria da Confiança”, pois se a pessoa 
favorecida pela coação tiver ou devesse ter conhecimento da sua existência, o 
ato é anulável, respondendo solidariamente por perdas e danos a parte 
favorecida e do terceiro (trata-se de um exemplo de solidariedade legal – ver 
art. 265 do CC). Mas, se a parte favorecida com a coação dela não sabia, o 
negócio é válido, mas o terceiro responderá por perdas e danos. 
 
d) Lesão 
Ocorre a lesão quando alguém se obriga a uma prestação 
manifestamente desproporcional em razão de necessidade ou inexperiência. 
Teve sua origem em laesio enormis. 
A laesio enormis foi um termo cunhado pelos glosadores, no século 
XIII, e não consta expressamente das fontes romanas, pois o estudo 
sistemático do Corpus Iuris Civilis demonstra que a palavra lesão foi diversas 
vezes associada a qualificativos de tamanho, o que deve ter ensejado o termo 
medieval. O texto que deu origem ao instituto, a Lex Secunda de Diocleciano 
(C. 4.44.2), fala em laesio ultra dimidium, ou “lesão além da metade” em 
português. Trata-se de um rescrito em que se possibilitava a extinção do 
negócio lesado, quando o vendedor de um imóvel recebia menos do que a 
metade do preço justo. O comprador podia optar entre completar o preço ou 
desfazer o ato. 
O Código Civil de 1916 expurgou a lesão do direito positivo brasileiro, 
até então presente nas Ordenações Filipinas. O Código Civil de 2002 resgatou o 
instituto na legislação civil, em que pese ter havido figuras parecidas no âmbito 
trabalhista e consumeristadurante o século XX. 
A Consolidação das Leis do Trabalho, no art. 462, §§ 2º a 4º, traz 
vedação ao Truck System, ou seja, ao pagamento da remuneração laboral em 
vales para gastar no armazém do empregador. 
De acordo com o art. 157 do CC vigente, a lesão é defeito do negócio 
jurídico constituído de dois tipos de elementos: elemento subjetivo – o 
elemento subjetivo é a inferioridade do lesado (sua inexperiência ou premente 
necessidade); elemento objetivo – o elemento objetivo é a desproporção 
manifesta entre as diferentes prestações do negócio. 
Segundo o Enunciado 290 do CJF, não basta a desproporção 
manifesta (elemento objetivo), é necessária a necessidade ou a inexperiência 
do lesado (elemento subjetivo). 
Conforme o art. 157, § 2º, do CC, não será anulado o negócio jurídico 
se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte concordar com a redução 
do proveito. Isso se dá pelo princípio da conservação do negócio jurídico, que 
tem por objetivo determinar que se faça uma tentativa de revisão do negócio 
antes de extingui-lo, pois a anulação deve ser a última hipótese. 
 
Tal pensamento encontra guarida no Enunciado 149 do CJF, para 
quem é dever do magistrado incitar as partes a rever os negócios jurídicos, ao 
invés de anulá-lo. Na IV Jornada do Conselho de Justiça Federal foi aprovado o 
Enunciado 291, que entende ser faculdade do lesionado rever o negócio jurídico 
ou anulá-lo. Mas, caso ele não exerça tal faculdade, o juiz terá de aplicar o 
Enunciado 149 acima. 
Por fim, verifica-se, de acordo com o Enunciado 150 do CJF, que na 
lesão não é exigido o dolo de aproveitamento. Podemos conceituar o dolo de 
aproveitamento como a intenção de uma das partes de gerar dano a outra ao 
estipular prestações contratuais desarrazoadas entre si. Trata-se de uma 
situação de necessidade que deve ser conhecida da parte beneficiada pelo 
negócio que se está celebrando. 
 
e) Estado de perigo 
Configura-se o estado de perigo quando alguém, com necessidade de 
salvar a si ou pessoa de sua família de um grave dano conhecido pela outra 
parte, assumir obrigação excessivamente onerosa. 
São seus requisitos (cumulativos): 
a) necessidade de salvar a si ou alguém da família; 
b) grave dano conhecido pela outra parte; 
c) obrigação excessivamente onerosa. 
Ele pode se configurar quando um médico decide cobrar R$ 
1.000.000,00 de honorários para fazer uma cirurgia numa pessoa que sofreu 
um acidente. 
Sobre o tema, cumpre ressaltar que hospitais e prestadores de serviço 
médico não podem exigir cheque-caução ou nota promissória antes de prestar 
atendimento. 
A Agência Nacional de Saúde Suplementar criou a Resolução 
Normativa n. 44, de 24-7-2003, que proíbe a exigência de caução no ato ou 
anteriormente à prestação de serviço médico2. Se for exigido cheque, nota 
promissória ou qualquer outro documento a título de caução, antes da 
prestação do serviço médico, tal procedimento implicará em investigação, a ser 
apurada pela Agência Nacional de Saúde e pelo Ministério Público Federal3. 
Porém, infelizmente, se numa situação de perigo for exigido cheque-caução, 
claro que a pessoa terá que ceder a tal pressão, e fazer a denúncia 
posteriormente, para que não se coloque em risco a vida de alguém. Isso não 
invalida a possibilidade da propositura de ação anulatória por lesão do cheque 
emitido. 
De acordo com o parágrafo único do art. 156 do CC, é possível se 
caracterizar o estado de perigo na hipótese de a pessoa que se encontrar em 
estado delicado não ter vínculo de parentesco com a parte celebrante do 
negócio, porém caberá ao juiz decidir tal questão. 
Por fim, de acordo com o Enunciado 148 do CJF, deverá ser aplicado 
por analogia ao estado de perigo o art. 157, § 2º, do CC, que permite no vício 
da lesão o juiz não anular o negócio jurídico se as partes oferecerem 
suplemento suficiente, ou se a outra concordar com a redução do proveito, em 
atendimento ao princípio da conservação do contrato. 
 
f) Fraude contra credores 
Trata-se da prática maliciosa para tornar o devedor insolvente. De 
acordo com o art. 955 do CC, procede-se à declaração de insolvência toda vez 
que as dívidas excedam à importância dos bens do devedor. A insolvência não 
se confunde com a falência, e pode ser declarada tanto para a pessoa natural 
quanto para a jurídica. 
Nesse caso instaura-se o chamado concurso de credores, cujo objetivo 
é verificar quem possui a preferência para receber o crédito. A prevalência se 
dá na seguinte ordem: 
1º) Crédito Real. 
2º) Crédito pessoal. O crédito pessoal pode ser privilegiado ou 
simples. O crédito pessoal privilegiado tem preferência sobre o crédito pessoal 
simples (que é crédito quirografário). Os créditos privilegiados se dividem em 
especial e geral. 
O crédito privilegiado especial (art. 964 do CC) tem preferência sobre 
o crédito privilegiado geral (art. 965 do CC). 
De acordo com o art. 964 do CC, têm privilégio especial: 
a) sobre a coisa arrecadada e liquidada, o credor de custas e despesas 
judiciais feitas com a arrecadação e liquidação; 
b) sobre a coisa salvada, o credor por despesas de salvamento; 
c) sobre a coisa beneficiada, o credor por benfeitorias necessárias ou 
úteis; 
d) sobre os prédios rústicos ou urbanos, fábricas, oficinas, ou 
quaisquer outras construções, o credor de materiais, dinheiro, ou serviços para 
a sua edificação, reconstrução, ou melhoramento; 
e) sobre os frutos agrícolas, o credor por sementes, instrumentos e 
serviços à cultura, ou à colheita; 
f) sobre as alfaias e utensílios de uso doméstico, nos prédios rústicos 
ou urbanos, o credor de aluguéis, quanto às prestações do ano corrente e do 
anterior; 
g) sobre os exemplares da obra existente na massa do editor, o autor 
dela, ou seus legítimos representantes, pelo crédito fundado contra aquele no 
contrato da edição; 
h) sobre o produto da colheita, para a qual houver concorrido com o 
seu trabalho, e precipuamente a quaisquer outros créditos, ainda que reais, o 
trabalhador agrícola, quanto à dívida dos seus salários. 
 
1º) Crédito Real – Garantido por penhor, hipoteca e anticrese 
 
2º) Crédito PESSOAL 
 Privilegiado Especial (art. 964 CC) Geral (art. 965 do CC) 
 Simples (Quirografário) 
 
Já de acordo com o art. 965 do CC, goza de privilégio geral, na ordem 
seguinte, sobre os bens do devedor: 
a) o crédito por despesa de seu funeral, feito segundo a condição do 
morto e o costume do lugar; 
b) o crédito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadação e 
liquidação da massa; 
c) o crédito por despesas com o luto do cônjuge sobrevivo e dos filhos 
do devedor falecido, se foram moderadas; 
d) o crédito por despesas com a doença de que faleceu o devedor, no 
semestre anterior à sua morte; 
e) o crédito pelos gastos necessários à mantença do devedor falecido 
e de sua família, no trimestre anterior ao falecimento; 
f) o crédito pelos impostos devidos à Fazenda Pública, no ano corrente 
e no anterior; 
g) o crédito pelos salários dos empregados do serviço doméstico do 
devedor nos seus derradeiros seis meses de vida; 
h) os demais créditos de privilégio geral. 
O negócio jurídico fraudulento é anulado, com AÇÃO PAULIANA 
também chamada de REVOCATÓRIA (não confundir com a revocatória proposta 
pelo síndico da massa falida), no prazo de quatro anos da celebração do 
negócio jurídico. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de 
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à 
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus direitos. Igual direito assiste aos credores 
cuja garantiase tornar insuficiente e só os credores que já o eram ao tempo 
daqueles atos podem pleitear a sua anulação. 
Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor 
insolvente quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser 
conhecida do outro contratante. 
Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago 
o preço, e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-
o em juízo, com a citação de todos os interessados. Mas, se inferior, o 
adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes 
corresponda ao valor real. 
A ação pauliana poderá ser proposta contra o devedor insolvente, a 
pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou 
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. 
O credor quirografário que receber do devedor insolvente o 
pagamento da dívida ainda não vencida ficará obrigado a repor, em proveito do 
acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que 
recebeu. 
Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as 
garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor, bem 
como presumem- -se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários 
indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, 
ou à subsistência do devedor e de sua família. 
Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá 
em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. 
Mas, se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, 
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na 
anulação da preferência ajustada. 
São requisitos da fraude contra credores (cumulativos): 
1) Ato que implique redução patrimonial. 
2) Insolvência quando da prática do ato. 
3) Preexistência de credores. 
4) Eventus damni, que é o prejuízo do credor. 
5) Consilium fraudis, que é o propósito de fraudar. 
OBSERVAÇÃ O: Não confundir concilium fraudis (que é a reunião de 
pessoas mal intencionadas) com consilium fraudis (que é a vontade de 
fraudar). 
 
Fraude contra credores Fraude à execução Fraude à lei 
 
É um vício do negócio jurídico. 
 
Atenta contra a administração da justiça. 
Trata-se de violação de uma norma 
cogente proibitiva por negócio feito por 
interposta pessoa. 
Exige a propositura da ação 
pauliana. 
É reconhecida na própria execução ou 
no cumprimento de sentença. Exige a propositura da ação declaratória 
de nulidade. 
Gera a anulabilidade do negócio 
jurídico. 
O negócio jurídico é ineficaz. 
O ato é nulo. 
 
g) Simulação 
Trata-se da declaração enganosa da vontade visando produzir efeito 
diverso do ostensivamente indicado. 
Espécies de simulação: 
Simulação absoluta: trata-se da declaração de vontade, ou confissão 
de dívida, emitida para não gerar efeito jurídico algum. 
Simulação relativa: nessa modalidade as partes realizam um negócio 
jurídico para esconder um outro negócio que desejam encobrir. Por esse 
motivo, teremos dois tipos de negócios: simulado e dissimulado. O negócio 
simulado é aquele que aparece para o mundo, que todos podem ver. Já o 
negócio dissimulado 
é o pretendido pelas partes, o que elas buscam esconder, mas 
desejam os seus efeitos. Na tabela abaixo seguem alguns exemplos. 
 
 
Negócio simulado 
(o quE aparEcE para o 
mundo) 
Negócio dissimulado (o 
pretendido pelas partes) 
Exemplo 1: 
Compra e venda feita para 
amante, sem o pagamento do preço descrito 
no contrato (esse negócio SEMPRE será 
NULO). 
Exemplo 1: 
A compra e venda feita para 
amante, sem o pagamento do preço 
descrito no contrato, visa encobrir uma 
doação que é repudiada pelo art. 550 do 
Código Civil (esse negócio também é NULO, 
pois a lei o proíbe). 
Exemplo 2: 
Compra e venda de imóvel 
declarada pelo valor venal, quando realizada 
por valor maior (esse negócio SEMPRE será 
NULO). 
Exemplo 2: 
A compra e venda de imóvel 
declarada pelo valor venal, quando 
realizada por valor maior, visa esconder o 
real valor (esse negócio é válido porque a 
lei não o proíbe). 
O negócio simulado sempre é 
nulo. 
O negócio dissimulado pode ser 
nulo ou válido, dependendo de a lei proibi-
lo ou autorizá-lo. 
 
De acordo com o Enunciado 153 do CJF, o negócio jurídico simulado é 
nulo, mas o dissimulado é válido se não ofender a lei nem trazer prejuízos a 
terceiros. Nesse caso ocorre o fenômeno da EXTRAVERSÃO, que é a entrada do 
ato dissimulado no mundo jurídico. 
Já o Enunciado 293 do CJF estabelece que o aproveitamento do 
negócio dissimulado depende do preenchimento de todos os requisitos 
substanciais, formais e de validade. 
De acordo com o § 1º do art. 167 do CC, haverá simulação nos 
negócios jurídicos quando: 
a) aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas 
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; 
b) contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não 
verdadeira; 
c) os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
Simulação inocente: é aquela onde inexiste o desejo de prejudicar 
alguém. 
Simulação maliciosa ou nocente: é aquela em que existe o 
desejo/intenção de prejudicar. 
Cumpre ressaltar que, de acordo com o Enunciado 152 do CJF, toda 
simulação, inclusive a inocente, é invalidante. O referido enunciado se justifica 
em razão de o Código Civil de 1916 fazer essa distinção, que não é apresentada 
no Código Civil vigente. 
Por fim, de acordo com o Enunciado 294 do CJF, sendo a simulação 
uma causa de nulidade do negócio jurídico, ela pode ser alegada por uma das 
partes contra a outra, já que se trata de preceito de ordem pública. 
 
Principais diferenças entre ato nulo e anulável 
Abaixo, em formato de tabela, apontamos as principais diferenças 
entre ato nulo e anulável. 
Ato nulo Ato anulável 
Atinge preceitos de ordem pública. Atinge preceitos de ordem 
privada. Pode ser declarado ex officio pelo 
juiz. 
Não pode ser declarado ex 
officio pelo juiz. 
O reconhecimento se dá em ação 
declara- tória de nulidade. 
O reconhecimento se dá em 
ação anulató- ria. 
A legitimidade para arguir a 
nulidade é dos interessados e do Ministério 
Público (quando lhe couber intervir no 
processo). 
A legitimidade para arguir a 
anulabilidade é somente dos 
interessados. 
Não tem prazo para ser arguida, 
pois o ato nulo não se convalida no tempo 
(a ação declaratória de nulidade é 
imprescritível). 
A ação anulatória está sujeita a 
prazo decadencial, pois o ato anulável se 
convalida no tempo (na Parte Geral tais 
prazos estão descritos no art. 178 do CC, 
mas há diver- sos outros na Parte 
Especial do Código Civil). 
O efeito da sentença é ex tunc 
(retroativos) 
O efeito da sentença é ex nunc 
(não retroativos). Cumpre ressaltar que o 
art. 182 do CC contraria essa regra, mas 
a interpretação que prevalece é a primeira. 
Não há prazo geral para a 
nulidade, pois o ato nulo não se convalida no 
tempo. 
Se a lei dispuser que o ato é 
anulável e não estabelecer prazo, será o 
mesmo de dois anos contados da 
conclusão do negócio (art. 179 do CC). Não se usa mais a nomenclatura 
nulidade absoluta, mas apenas nulidade. 
 
 
Não se usa mais a 
nomenclatura nulidade relativa, mas 
apenas anulabilidade. 
O ato nulo não admite confirmação, 
apenas conversão do negócio jurídico (art. 
170 do CC). 
O ato anulável admite 
confirmação, afasta- da a hipótese de 
conversão do negócio jurídico. 
 
A conversão do negócio jurídico vem estabelecida no art. 170 do CC, 
que, em difícillinguagem, estabelece: 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de 
outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que 
o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 
Como exemplo citamos a compra e venda de um imóvel com valor 
superior a trinta salários mínimos feita por instrumento particular. Por não 
obedecer a forma prevista em lei, esse contrato é nulo (art. 166, IV, do CC). 
Mas como o contrato preliminar de compra e venda de imóvel não depende de 
forma solene (arts. 462 e 1.417 do CC), o mesmo pode ser convertido em 
promessa de compra e venda. Nesse caso temos a CONVERSÃO SUBSTANCIAL 
DO NEGÓCIO JURÍDICO, pois converte-se um negócio jurídico em outro. 
Outro exemplo é o caso do testamento público. O art. 1.864 do CC 
estabelece os seus requisitos, dentre eles a observância da oralidade (ser lido o 
testamento ao testador na presença de duas testemunhas). Imaginemos que 
isso não ocorreu, mas que o testador, por excesso de cautela, levou três 
testemunhas para presenciar o ato. Por ter sido preterida essa formalidade 
essencial prevista na lei, o testamento é nulo (art. 166, V, do CC). Porém, como 
o testamento particular não possui tal requisito, e os que estão previstos no art. 
1.876 do CC foram preenchidos, é possível converter esse testamento público 
(que é nulo) em particular, para produzir os efeitos desejados. Nesse caso, 
temos a conversão formal do negócio jurídico, pois o negócio jurídico 
permanece o mesmo, mas a forma pública é convertida em particular. 
O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de 
terceiro, e o ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado 
e a vontade expressa de mantê-lo. 
É dispensável a confirmação expressa, quando o negócio já foi 
cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que existia. A confirmação 
expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, importa a extinção de 
todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. Quando 
a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado 
se este a der posteriormente. 
 
Hipóteses de Anulabilidade 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável 
o negócio jurídico: 
I – por incapacidade relativa do agente; 
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão 
ou fraude contra credores. 
 
Hipóteses de Nulidade 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV – não revestir a forma prescrita em lei; 
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para 
a sua validade; 
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem 
cominar sanção. 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se 
dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
 
 
3) Plano da Eficácia 
Elementos acidentais 
São cláusulas aptas a modificar a eficácia do negócio. 
Negócios puros e simples: são aqueles que não admitem condição, 
termo ou encargo. Exs.: casamento, adoção, aceitação de renúncia ou herança, 
etc. 
Condição (arts. 121 a 130 do CC) 
É a cláusula que, decorrente da vontade das partes, subordina a 
eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto. 
Elementos caracterizadores: 
Futuridade: o fato deve ser obrigatoriamente futuro. 
Incerteza quanto à ocorrência do fato: o fato deve ser incerto. 
E a morte? A morte de uma pessoa ou de um animal é um futuro 
certo. Assim, em regra, a morte caracteriza termo, e não condição. Contudo, a 
morte dentro de um prazo fixado é condição, e não termo, pois não é possível 
saber se ela irá ou não ocorrer. 
Voluntariedade: a condição surge apenas pela vontade das partes. 
Quando o requisito de eficácia decorrer da própria lei (condições legais ou 
conditio iuris), não haverá condição propriamente dita. Ex.: pacto antenupcial – 
o casamento é condição de eficácia do pacto antenupcial prevista por lei. Não 
se trata, portanto, de condição. 
Espécies de Condição: 
1) Quanto ao modo de atuação: 
 Suspensiva (art. 125 do CC): 
É aquela que, enquanto não verificada, impede que sejam gerados os 
efeitos, bem como adquiridos os direitos decorrentes do negócio. Antes dela, o 
sujeito tem apenas a expectativa de direito (ou direito eventual). 
O pagamento feito antes do implemento da condição é indevido e, por 
isso, gera direito à repetição (dever de devolver). 
Art. 130 do CC: o titular de direito condicional (direito sob condição) 
pode praticar atos destinados a sua conservação. 
Art. 126 do CC: é inválida qualquer disposição negocial que seja 
incompatível com a condição pendente. 
 Resolutiva (ou extintiva): 
É aquela cuja ocorrência extingue os efeitos do negócio jurídico. 
Art. 129, CC  trata da boa-fé objetiva  Considera-se não realizada 
a condição levada a efeito por má-fé do beneficiário. Considera-se realizada a 
condição que por má-fé foi obstada por aquele que poderia se prejudicar por 
ela. 
2) Quanto à licitude: 
Condições ilícitas: 
Se suspensiva torna nulo o negócio que for inserido; se for resolutiva 
considera-se como não escrita e o negócio é puro e simples. São 05 
subespécies: 
1 - Condições ilícitas propriamente ditas  prática de qualquer 
conduta vedada pelo ordenamento. 
2 - Condições imorais  aquelas que contrariam os bons costumes; 
aquelas que se relacionam a alguma aspecto de liberdade do sujeito. 
3 - Condições impossíveis ou inexeqüíveis  impossibilidade de que 
ela seja cumprida ou executada. 
4 - Condições perplexas, contraditórias ou incompreensíveis  são 
aquelas que são impossíveis do ponto de vista lógico e que por isso privam o 
negócio jurídico de todo e qualquer efeito. Ex: empresto meu carro, mas desde 
que você não use; deixo minha herança para você depois que você morrer. 
5 – Condições puramente potestativa  são aquelas cujo implemento 
está relacionado ao mero arbítrio de uma das partes. Ex: dou meu carro se no 
dia em que eu acordar estiver feliz. 
São válidas as condições mera ou simplesmente potestativas, ou seja, 
são aquelas em que existe uma conjugação entre a vontade de um dos sujeitos 
e um fator externo. Ex: dou um bem para você se e desde que passe no 
concurso (depende da vontade de estudar, ir ao curso, da intenção). 
 
Termo 
É o acontecimento futuro e certo que subordina o início ou o termino 
dos efeitos de um determinado negócio jurídico. 
Espécies de Termo 
Quanto à determinação da data (ou conhecimento prévio da data) 
Termo certo (dies certus quandu) 
Quando a data for previamente conhecida, indicada. 
Termo incerto (dies incertus quandu) 
Quando a data precisa não é conhecida. 
Quanto ao modo de atuação 
Termo inicial (suspensivo ou dies a quo) 
É aquele que enquanto não verificado impede o exercício dos direitos 
decorrentes do negócio, mas não impede a sua aquisição. 
Termo final (extintivo, resolutivo ou dies ad quem) 
É aquele cuja verificação extingue os direitos decorrentes do negócio. 
Arts. 132 e 133, CC  regras de contagem de prazo. 
 
Encargo ou Modo 
Arts. 136 e 137, CC. 
O encargo é uma limitação ou restrição imposta a vantagem criada ao 
beneficiário de um negócio jurídico; é um ônus que reduz a extensão da 
liberalidade que foi feita. O encargo não impede a aquisição e nem o exercício 
dos direitos decorrentes do negócio, salvo se for previsto como condição 
suspensiva.Porém, uma vez aceita torna-se obrigatório (compulsório). A 
execução pode ser exigida é beneficiário, pelo próprio instituidor ou pelo MP 
quando o encargo for de interesse geral. 
O instituidor pode propor ação revocatória pelo descumprimento do 
encargo. 
Art. 137, CC. 
 
 
PRESCRIÇÃO e DECADÊNCIA 
Conceito de Prescrição  é a perda da pretensão em razão da inércia 
do seu titular no período de tempo fixado pela lei. Pretensão  é o direito de 
exigir a subordinação alheia a um interesse próprio; direito de exigir uma 
pretensão; é o direito de exigir do outro um crédito, uma prestação, que 
cumpra uma obrigação etc. 
Conceito de Decadência  é a perda de um direito potestativo em 
razão da inércia do seu titular durante um prazo estabelecido (por lei ou pelo 
contrato).  Direito potestativo é aquele que o sujeito tem de por sua exclusiva 
vontade gerar modificações, alterações na esfera jurídica alheia; o outro 
envolvido encontra-se em “estado de sujeição”. 
Critério para identificar a natureza do prazo 
Leva em conta a natureza da sentença que seria proferida na hipótese 
de acolhimento do pedido. 
1. Se a sentença for condenatória o prazo será prescricional. Exceção 
 art. 37, §5º parte final  ações de ressarcimento de danos ao poder público 
é imprescritível. 
2. Se a sentença for constitutiva ou desconstitutiva, o prazo 
eventualmente previsto será de decadência (alguns direitos potestativos não se 
sujeitam a decadência por ausência de previsão de prazo). 
3. Se a sentença for declaratória o direito a pretensão será 
imprescritível. 
Regras Especiais da Prescrição 
1. Art. 190, CC  a exceção prescreve no mesmo prazo da pretensão 
 por isso não se admite que sejam invocadas como defesa pretensões que 
estão prescritas, por exemplo, compensação cuja pretensão já se perdeu. 
2. Não se pode afirmar que dívida prescrita é inexistente uma vez que 
o seu pagamento voluntário (espontâneo) é devido (embora inexigível) e por 
isso não dá direito a repetição (devolução daquilo que foi pago). 
Renúncia a Prescrição 
Art. 191, CC  O devedor pode abrir mão dela desde que já esteja 
consumada (não se admite renúncia antecipada da prescrição). A renúncia 
pode ser expressa ou tácita (decorre do comportamento do devedor 
incompatível com a prescrição). 
Art. 192, CC  as partes não tem a liberdade de modificar os prazos 
prescricionais previsto na lei fixados por normas cogentes (de ordem pública). 
A prescrição não se sujeita ao princípio da eventualidade ou 
concentração. 
Art. 194 do CC foi substituído pelo art. 219, § 5º do CPC  a 
prescrição será reconhecida de ofício pelo juiz. 
Responsabilidade civil dos representantes dos incapazes ou das 
pessoas jurídicas que derem a causa à prescrição ou não alegarem 
oportunamente. 
Art. 196, CC  a prescrição iniciada contra um sujeito continua a 
correr em relação aos seus sucessores. 
Circunstâncias que suspendem (se o prazo já estava iniciado) ou 
impedem o curso da prescrição (o prazo nem se inicia) 
Art. 197, CC  causas subjetivas bilaterais: 
1. Não corre prescrição entre cônjuges na constância do casamento. 
Também se aplica a união estável (aos companheiros) por analogia; 
2. Não corre prescrição entre ascendentes e descendentes durante o 
poder familiar (quando cessar o poder familiar será possível a prescrição entre 
pai e filho); 
3. Não corre prescrição entre o tutor e tutelado e curador e curatelado 
enquanto não cessado o encargo. 
Art. 198, CC  causas subjetivas unilaterais: 
1. Não corre prescrição contra os absolutamente incapazes; 
2. Não corre prescrição em relação aos ausentes do país em serviço 
público; 
3. Não corre prescrição para aqueles que servirem as Forças Armadas 
em caso de guerra. 
Art. 199, CC  causas objetivas: 
1. Não corre prescrição pendente condição suspensiva; 
2. Não corre prescrição estando vencido o prazo; 
3. Não corre prescrição pendente ação de evicção. 
Obs. 
Art. 200, CC  não corre prescrição enquanto não proferida sentença 
definitiva no juízo criminal. 
Art. 201, CC  quando os credores forem solidários a suspensão em 
favor de um só beneficia os outros se a dívida for indivisível. 
Causas que Interrompem a Prescrição 
A partir do art. 202, CC. 
A prescrição só pode ser feita uma vez. 
1. Art. 202, I  interrompe a prescrição por despacho do juiz que 
determina a citação ainda que incompetente, desde que seja promovida nos 
termos da lei processual; 
Embora o art. 219 do CPC estabeleça que a interrupção decorra da 
citação, prevalece o CC que é norma posterior. De qualquer forma, o efeito 
interruptivo retroage a data da propositura da demanda, salvo se não se 
realizar no prazo de 100 dias por culpa exclusiva do autor. 
Art. 220, CPC  a citação (ou despacho do Juiz) também impede que 
se consume a decadência, também com efeito retroativo a data da propositura. 
É irrelevante para a interrupção que o processo tenha sido extinto 
sem resolução do mérito (art. 267, CPC). 
2. Art. 202, II, CC  Por protesto judicial; 
3. Por protesto cambial; 
4. Pela apresentação do título de crédito no inventário ou concurso de 
credores; 
5. Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
6. Qualquer ato ainda que extrajudicial que importe reconhecimento 
da dívida pelo devedor. 
Art. 202  dos Incisos I ao V são causas interpelativas de 
interrupção; o inciso VI, trata da interrupção recognocitiva porque o devedor 
reconhece a dívida. 
Observações 
1. A interrupção ocorre mesmo que o processo seja extinto sem 
resolução do mérito, salvo se o motivo tiver sido a falta ou nulidade da citação. 
2. § ú do art. 202  a prescrição uma vez interrompida recomeça a 
correr: 
a) do ato que a interrompeu (é o que se aplica para as chamadas 
causas instantâneas de interrupção – ex: protesto cambial, reconhecimento da 
obrigação pelo próprio devedor etc.); 
b) do último ato do processo que foi iniciado com a finalidade de 
interromper a prescrição (são as chamadas causas permanentes de 
interrupção); 
É por isso que em regra, não se verifica no processo de conhecimento 
a prescrição intercorrente. 
Na execução  uma vez arquivados os autos, por inexistência de 
bens penhoráveis, se a paralisação for superior ao prazo de prescrição para 
aquele tipo de crédito poderá ser reconhecida a prescrição intercorrente. Art. 
40 da Lei 6830/80. 
Excepcionalmente poderá ocorrer no processo de conhecimento se 
houver paralisação por culpa exclusiva do autor por período de tempo superior 
ao prazo prescricional para aquele tipo de pretensão. 
3. A regra que limita a interrupção a uma única vez só se aplica aos 
atos extraprocessuais (inciso III ou VI do art. 202 do CC); a propositura da 
demanda interrompe sempre a prescrição ainda que tal fato tenha ocorrido 
anteriormente; pela propositura admitem-se interrupções sucessivas. 
Prazos da Prescrição 
1. Prazo ordinário, comum ou supletivo  10 anos quando não houver 
previsão de prazo menor (art. 205, CC). 
2. Prazos especiais  Art. 206, CC. 
Norma Transitória (Art. 2028, CC) 
Reduzido o prazo: 
a) continua a ser aplicado o prazo antigo se houver transcorrido mais 
da metade dele no momento da entrada em vigor da lei nova. 
b) será aplicado o prazo novo se no momento da lei nova houver 
decorrido menos da metade do prazo antigo (do prazo original); o prazo novo 
deve ser contado a partir da lei nova (a partir do momento em que ela entra 
em vigor). 
Regras da Decadência 
Art. 207, CC  salvo disposição em contrário, não se aplicam a 
decadência as causas que suspendem, impedem ou interrompem a prescrição. 
Art. 208, CC  aplica-se a decadênciaa regra do art. 198, I do CC. 
Não corre a decadência contra os absolutamente incapazes. 
Art. 209, CC  é irrenunciável a decadência fixada pela lei; admite-se 
a renúncia quando se tratar de decadência convencional. 
Art. 210, CC  pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, desde que se 
trate de decadência legal (a convencional depende de alegação). 
Art. 211, CC  a decadência convencional depende de alegação, mas 
não se sujeita ao princípio da eventualidade ou da concentração. Embora não 
alegada na contestação pode ser invocada posteriormente. 
Ações imprescritíveis 
1) Ligadas a direitos de personalidade. 
2) Ligadas a bens públicos. 
3) Ligadas aos bens confiados a guarda em depósito. 
4) Ligadas ao Direito de família (questões de Estado). 
5) Ações meramente declaratórias, tais como a de nulidades absolutas. 
Preclusão é a perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual 
pelo decurso do prazo (temporal) ou por outra atitude processual 
(consumativa). Ela impede se renovar as mesmas questões no mesmo 
processo. Ocorrendo a preclusão, impedida estará, à parte, de praticar 
determinados atos ou de discutir determinados assuntos. 
Perempção é a extinção do direito de ação como pena pela extinção do feito, 
sem julgamento do mérito, por três vezes (art. 268 do CPC). 
 
Das diferenças entre prescrição e decadência 
Prescrição Decadência 
Extingue a pretensão Extingue o direito potestativo 
Os prazos são estabelecidos em lei e não 
podem ser alterados por convenção das 
partes. 
Os prazos são estabelecidos em lei (deca- 
dência legal) ou por convenção das partes 
(decadência convencional). DEVE ser declarada de ofício pelo juiz (art. 219, 
§ 5º, do CPC). 
A decadência legal pode ser declarada de ofício 
pelo juiz, já a decadência convencio- nal não. 
O prazo pode ser suspenso, impedido ou 
interrrompido. 
Em regra não tem impedimento, 
suspensão ou interrupção dos prazos de 
decadência, salvo disposição em lei, 
como no caso dos absolutamente 
incapazes, em que o prazo não se inicia. 
 
 
 
Critério científico para distinguir o prazo prescricional do prazo decadencial 
 
Prescrição Decadência 
O prazo de prescrição só poderá ser de 
aNOs. 
O prazo de decadência poderá ser de 
DIAS, MESES, aNOs e ANO e DIA. 
O prazo de aNO na prescrição só poderá ser 
de 1, 2, 3, 4, 5 ou 10 anos. 
Como o prazo de decadência também 
poderá ser de aNOs, saberemos que 
prazos de 6, 7, 8, 9, ou 11 anos em diante 
SERãO obrigatoriamente de decadência. 
A prescrição está relacionada com direitos 
subjetivos, atingindo ações condenatórias. 
A decadência está relacionada com direitos 
potestativos, atingindo ações constitutivas 
e desconstitutivas, como a ação anulatória.

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