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PESQUISA E PRAT. EM EDUC. IV Aulas 1 a 10

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PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃO IV
AULA 1- CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
OS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO
No percurso feito até aqui, você deve ter percebido que alguns princípios fundamentam o curso de Pedagogia da UNESA. Sendo assim, estaremos destacando alguns deles para que possamos compreender o caminho que iremos trilhar em nossa disciplina. São eles:
CONHECIMENTO CONTEXTUALIZADO
O conhecimento veiculado nas disciplinas é contextualizado, ou seja, procuramos compreender o contexto histórico em que o mesmo tenha sido produzido, como e para que foi produzido. Além disso, se tal conhecimento sofreu mudanças ao longo da história, por quê e para quê.
NATUREZA HUMANA
A compreensão de que a natureza humana não é algo dado ao ser humano, mas é por ele construída, ou seja, homens e mulheres necessitam produzir a sua própria existência.
TRABALHO
A produção da existência humana é feita através do trabalho. Este se constitui como elemento essencial da produção material (bens de consumo duráveis) e da produção não material (o saber, o conhecimento, a linguagem, a cultura). Para tanto, o homem antecipa em sua mente a sua ação e, como parte da natureza, retorna à mesma e a transforma, modifica, segundo suas necessidades. Dessa forma, o homem se constitui como um ser de necessidade e o trabalho com ato intencional humano.
HOMEM-NATUREZA-HOMEM
O conflito homem-natureza-homem, através do trabalho, provoca transformações no ser humano, ou seja, ao produzir a sua existência, além de modificar a natureza, o homem se modifica, se altera, se transforma. Sendo assim, o homem é o sujeito de sua própria história.
Mediante o exposto até o momento, reflita sobre a relação homem-natureza, a partir do pensamento de Marx:
A vida genérica, tanto no homem como no animal, consiste fisicamente, em primeiro lugar, em que o homem (como o animal) vive da natureza inorgânica, e quanto mais universal é o homem e o animal tanto mais universal é o âmbito da natureza inorgânica da qual vive. Assim como as plantas, os animais, as pedras, o ar, a luz etc. constituem, teoricamente, uma parte da consciência humana, em parte como objetos da ciência natural, em parte como objetos da arte (sua natureza inorgânica espiritual, os meios de subsistência espiritual que ele prepara para o prazer e assimilação) assim também constituem praticamente uma parte da vida e da atividade humana. Fisicamente, o homem vive só desses produtos naturais, apareçam na forma de alimentação, calefação, vestuário, moradia etc. A universalidade do homem aparece na prática justamente na universalidade que faz da natureza todo seu corpo inorgânico tanto por ser (1) meio de subsistência imediata como por ser (2) a matéria, o objeto e o instrumento de sua atividade vital. A natureza é o corpo inorgânico do homem; a natureza enquanto ela mesma, não é corpo humano.
Que o homem vive da natureza, quer dizer que a natureza é o seu corpo, com o qual tem que se manter em processo contínuo para não morrer. Que a vida física e espiritual do homem está ligada com a natureza não tem outro sentido que o de que a natureza está ligada consigo mesma, pois o homem é uma parte da natureza. (...) O animal é imediatamente uno com sua atividade vital. Não se distingue dela. É ela. O homem faz de sua própria atividade vital objeto de sua vontade e de sua consciência. Tem atividade vital consciente. Não é determinação com a qual o homem se funda imediatamente. A atividade vital consciente distingue imediatamente o homem da atividade vital animal. (MARX, Karl. Manuscritos econômicos e filosóficos, p.110-111)
Decorrente deste conflito e desta produção, a humanidade percebeu a necessidade de transmitir às futuras gerações as experiências e os conhecimentos acumulados. É da relação homem-natureza-homem, mediada pelo trabalho, que surge outro fenômeno humano: o fenômeno educativo.
Sobre a produção do conhecimento (não material), leia os fragmentos abaixo e reflita sobre o significado da Ciência enquanto produto humano:
(...) e toda ciência seria supérflua, se a forma de manifestação e a essência das coisas coincidissem imediatamente. (Karl Marx). O modo de produção da vida material condiciona o processo em geral da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser social que determina a sua consciência. (MARX, Karl. Prefácio para a crítica da economia política. p.25.)
Os diferentes tipos de Conhecimento.
Conhecimento Mítico: 
Senso Comum: 
Conhecimento Artístico: 
2“A imaginação, ao tornar o mundo presente em imagens, nos faz pensar. Saltamos dessas imagens para outras semelhantes, fazendo uma síntese criativa. O mundo imaginário, assim criado, não é irreal. É antes, pré-real, isto é, antecede o real porque aponta suas possibilidades em vez de fixá-lo numa forma cristalizada. Por isso, a imaginação alarga o campo do real percebido, preenchendo-o de outros sentidos”. (ARANHA, Maria Lúcia Arruda. Filosofia da educação. Editora Moderna, 2006. p. 19-20).
Conhecimento Filosófico: 
CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTIFICO
Diante da diferença apresentada, podemos agora nos dedicar à Ciência e ao Conhecimento Cientifico.
Você já deve ter percebido que geralmente usamos determinadas palavras sem ao menos pensarmos sobre a sua origem, seu sentido e seu significado. Sendo assim, faremos um percurso para que possamos refletir sobre a palavra Ciencia.
CIENCIA –UM BREVE HISTORICO
O CONHECIMENTO CIENTIFICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta aula, você:
 Conheceu e refletiu sobre alguns princípios que norteiam a formação no curso de Pedagogia.
- Diferenciou os diferentes tipos de conhecimento.
- Compreendeu o sentido da palavra Ciência e analisou o desenvolvimento do conhecimento científico da antiguidade a modernidade.
AULA 2 - CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO 
Seja bem-vindo à disciplina de Pesquisa e Prática em Educação IV.  Nesta aula, teremos a preocupação de conhecermos o percurso da Pedagogia na Cultura Ocidental. Inicialmente, esta área de conhecimento era vista como uma Filosofia da Educação, mas, na sociedade moderna, com o nascimento e desenvolvimento do conhecimento científico a partir do século XVII, será definida como Ciência da Educação no século XIX.
2- Pedagogia – Etimologia
Deriva de duas palavras gregas: paidós (criança) e apogé (condução). Na cultura ocidental, a Pedagogia é vista como correlata a educação. Contudo, entendemos que a prática educativa é um fenômeno humano, portanto, histórico-social. A prática educativa possibilitou o desenvolvimento de um saber sistematizado, a qual denominamos de Pedagogia. Dessa forma, podemos compreender que a finalidade desta área de conhecimento é reflexiva, investigativa e, portanto, científica.
Sendo assim, convidamos você a conhecer a construção da Pedagogia como Filosofia da Educação e, na modernidade, como Ciência da Educação.
2.1 – Pedagogia – Filosofia da Educação
As mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais que se teceram na Grécia Antiga, a partir do século VIII a.C., afetaram profundamente a relação do homem com a natureza, consigo mesmo e com os demais seres humanos na sua capacidade de produzir a sua própria existência (produção material e não material), pois, com o advento da Pólis (Cidade-Estado) e os conflitos decorrentes da mesma, possibilitou o nascimento de um novo tipo de pensamento e um novo modelo de educação.
“A identidade política e econômica da pólis levou ao desenvolvimento da noção de cidadania e democracia, sendo o cidadão responsável pela participação ativa nas decisões e organizações da sociedade. A noção de cidadania, entretanto, aprofundou também a diferenciação entre cidadãos, de um lado, e escravos, mulheres e estrangeiros de outro, estes sem poder decisório e sem direito à participação.
Imerso nesse complexo conjunto de relações e diferenciações entre atividades, entre grupos, entre indivíduos, e nas diversas formas e níveis de organização implicadosna vida da pólis, o homem grego tornava-se capaz de transpor para o pensamento as várias instâncias presentes em sua vida: tornava-se capaz de reconhecer como distintos o próprio homem, a sociedade, a natureza, o divino; tornava-se capaz de refletir no conhecimento que produzia as abstrações que, cada vez mais, marcavam as várias instâncias de sua vida (como, por exemplo, a abstração envolvida no uso da moeda), tão distantes do mundo que se limitava aos laços a contatos práticos, sensíveis, que limitava aos laços tangíveis de parentesco produzido no mito e tornava-se capaz de associar o conhecimento com discussão, com debate, com a possibilidade do diferente, da divergência, impossíveis dentro do mundo que havia dado origem ao conhecimento mítico, marcado pelo dogmatismo, pela pretensão ao absoluto. 
Assim, por exemplo, a própria vida social das cidades-estado passou a ser objeto de reflexão; o debate público nela desenvolvido levava, segundo Vernant (1981), à discussão da ordem humana, procurando defini-la em si mesma e traduzi-la em fórmulas acessíveis à inteligência. As explicações sobre a natureza humana buscavam também a descoberta de uma ordem que lhe fosse própria; a partir de então, o universo deveria ser explicado sem mistérios, e o entendimento que dele se tinha devia ser suscetível de ser debatido publicamente, como todas as questões da vida corrente. Mais que isso, um entendimento que pudesse ser submetido a uma crítica no nível do próprio conhecimento: a apreensão do mundo, com toda a complexidade que então manifestava, deveria ser expressa em um discurso coerente internamente.
O desenvolvimento da pólis constituía, fator fundamental para o nascimento do pensamento racional: criava as condições objetivas para que, partindo do mito e superando-o, o saber fosse racionalmente elaborado e para que alguns homens pudessem se dedicar à elaboração desse saber”. (ANDERY, Maria Amália; MICHELETTO, Nilza; SÉRIO, Tereza Maria P. O mundo tem uma racionalidade, o conhecimento depende dele. In: ANDERY, Maria Amália. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Garamond, 2007: p. 35).
O ápice do projeto da pólis grega se realiza em Atenas, durante os séculos V e IV a.C., com o desenvolvimento da democracia ateniense. Os fundamentos do novo modelo de educação, agora expressam preocupação com a formação do cidadão da pólis, pois a este cabe decidir sobre os destinos da cidade nas discussões das assembleias. Dessa forma, necessita-se ter o domínio da palavra. Esta, por sua vez, é desnudada do caráter mítico-religioso, expressa-se como uma construção racional e se institui como instrumento de poder na busca do consenso entre os homens livres da cidade.
Como havíamos apontado em aula anterior, tal período é marcado pelo desenvolvimento de um pensamento que tem como finalidade compreender o homem enquanto um ser cognitivo, ou seja, que conhece a realidade e atinge a verdade, como também, de um ser ético-político. Nesse contexto, difunde-se uma filosofia essencialista que será a base para uma pedagogia da essência. Vejamos a análise de Dermeval Saviani a respeito desta questão no período antigo:
“Se nós voltarmos à antiguidade grega, vamos verificar que, em verdade, a filosofia da essência não implicava maiores problemas lá, e a pedagogia que decorria dessa filosofia, por sua vez, não implicava problemas políticos muito sérios, na medida em que o homem, o ser humano, consequentemente, a essência humana só era realizada nos homens livres. Então, o problema do escravismo, sobreo que se assentava a produção da sociedade grega, fica descartado e nem era um problema do ponto de vista filosófico-pedagógico” (Escola e Democracia. Campinas: Autores Associados, 2008. p.31).
A perspectiva essencialista, da filosofia clássica de Platão e de Aristóteles, foi a base filosófica necessária para o desenvolvimento da filosofia cristã no período medieval. De um lado, teremos o idealismo platônico cristão, tendo como maior representante Santo Agostinho, no século V, e de outro teremos a teologia de São Tomas de Aquino que se baseou na metafísica e na lógica de Aristóteles.
Durante a Idade Média, essa concepção essencialista recebe uma inovação que diz respeito justamente à articulação da essência humana com a criação divina: portanto, ao serem criados os homens, segundo uma essência pré-determinada, também já seus destinos eram definidos previamente. Consequentemente, a diferenciação da sociedade entre senhores e servos já estava marcada pela própria concepção que se tinha da essência humana. Então, a essência humana justifica as diferenças”. (Escola e Democracia. Campinas:
Autores Associados, 2008. p.31-32).
O desenvolvimento da escolástica medieval se deu em um contexto que sinalizava o início da decadência do sistema feudal, que mais tarde será superado pelo capitalismo. Alguns fatores foram fundamentais para tal crise. São eles:
O renascimento comercial e a formação de uma nova classe social, a burguesia capitalista.
O renascimento urbano e a formação das primeiras universidades a partir do século XI.
O desenvolvimento das grandes navegações a partir do século XV e, consequentemente, do mercantilismo (capitalismo comercial)que marca a ascensão econômica da burguesia.
O início da ruptura coma escolástica medieval com o desenvolvimento da filosofia humanista renascentista que buscava valorizar o ser humano retomando os ideais da cultura clássica.
A burguesia assume o papel de mecenas e financia o desenvolvimento de toda a concepção de mundo expressa na filosofia (humanismo renascentista e depois na Filosofia Moderna), na arte renascentista e no desenvolvimento da ciência moderna.
A adoção dos sistemas de colonização por parte dos europeus no novo mundo (Américas), ou seja, de um sistema de colonização de povoamento (colônias inglesas) e de uma colonização de exploração (colônias espanholas e portuguesas). A partir desse contexto, a burguesia capitalista e a monarquia europeia adotaram as seguintes práticas para a acumulação da riqueza: a prática da pirataria, extermínio das populações nativas (indígenas) da América, o comércio de escravos trazidos da África, a exploração das riquezas naturais e etc.
O fortalecimento do Estado-Nação absolutista, ou seja, a formação de um Estado centrado no poder do rei e, tal poder, era justificado como decorrente de uma vontade de um ser superior.
A Reforma Protestante do século XVI e com ela dois fatores importantes: na Alemanha, a defesa de Lutero de que o indivíduo pode estabelecer uma relação direta com Deus, tanto que traduziu a Bíblia Sagrada para a língua nacional e, na Holanda, a ética calvinista que se constituirá a ética da sociedade capitalista. Segundo Calvino, a riqueza é um dom ou uma graça divina e o indivíduo deve fazer todo e qualquer esforço para reproduzir a mesma, como forma de agradecimento. Esta é a justificativa ética para a exploração da força de trabalho e a acumulação da riqueza na sociedade capitalista. Em outras palavras, se a ética católica se constitui na ética do sistema feudal, a ética protestante será a ética da sociedade moderna e burguesa. Em consequência, a resposta da Igreja Católica com a contrarreforma e, no século XVII, a Guerra dos 30 anos entre católicos e protestantes.
A revolução científica com a defesa de Copérnico do sistema heliocêntrico, no século XVI, e a comprovação do mesmo por parte de Galileu, no século XVII. A partir deste momento, dá-se o desenvolvimento da ciência moderna e a mesma irá provocar outra revolução: a junção entre ciência e técnica que promoverão desenvolvimento da manufatura, do sistema fabril e, mais tarde, culminará na Revolução Industrial no século XIX.
As revoluções burguesas no plano político-social com a Revolução Gloriosa, em 1688, na Inglaterra, com a independência das13 colônias inglesas e a formação dos Estados Unidos em 1776 e, na Europa, a Revolução Francesa, em 1789, tendo como lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
No século XIX, a consolidação da burguesiacomo classe dominante (do ponto de vista econômico) com a Revolução Industrial e dirigente (do ponto de vista político) com a formação do Estado moderno.
Depois de identificarmos as mudanças e transformações que ocorreram neste longo período histórico em nossa cultura, podemos retomar a questão da Pedagogia da Essência na Modernidade. Segundo Saviani:
“Ora, coisa diversa vem ocorrer na época moderna, com a ruptura da produção feudal e a gestação do modo de produção capitalista. Nesse momento, a burguesia, classe em ascensão, vai se manifestar como uma classe revolucionária, e, enquanto classe revolucionária, vai advogar a filosofia da essência como um suporte para a defesa da igualdade dos homens como um todo e é justamente a partir daí que ela aciona as críticas à nobreza e ao clero. Em outros termos: a dominação da nobreza e do clero era uma dominação não-natural, não essencial, mas social e acidental, portanto, histórica. Vejam que toda postura revolucionária é uma postura essencial mente histórica, é uma postura que se coloca na direção do desenvolvimento da história. Naquele momento, a burguesia colocava-se na direção do desenvolvimento da história e seus interesses coincidiam com os interesses do novo, com os interesses da transformação. É nesse sentido que a filosofia da essência, que vai ter depois como consequência a pedagogia da essência, vai fazer uma defesa intransigente da igualdade essencial dos homens.
Sobre essa base da igualdade dos homens, de todos os homens, é que se funda a liberdade e é sobre, justamente, a liberdade que se vai postular a reforma da sociedade. Lembrem-se, de passagem, de Rousseau. O que defendia Rousseau? Que tudo é bom enquanto sai do autor das coisas. Tudo degenera quando passa às mãos dos homens. Em outros termos, a natureza é justa, é boa e, no âmbito natural, a igualdade está preservada. As desigualdades(vejam o Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens) são geradas pela sociedade. Esse raciocínio significa outra coisa senão colocar diante da nobreza e do clero a ideia de que as diferenças, os privilégios de que eles usufruíam, não eram naturais e muito menos divinos, mas eram sociais. Enquanto diferenças sociais, configuravam injustiça; enquanto injustiça, não poderiam continuar existindo. Logo, aquela sociedade fundada em senhores e servos não poderia persistir. Ela teria que ser substituída por uma sociedade igualitária. Nesse sentido, então que a burguesia vai reformar a sociedade, substituindo uma sociedade com base num suposto direito natural por uma sociedade contratual” (SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 2008. p.32).
“(...) Os homens são essencialmente livres; essa liberdade funda-se na igualdade natural, ou melhor, essencial dos homens, e se eles são livres, então podem dispor de sua liberdade, e na relação com os outros homens, mediante contrato, fazer ou não concessões. É sobre essa base da sociedade contratual que as relações de produção vão se alterar; do trabalhador servo, vinculado à terra, para o trabalhador não mais vinculado à terra, mas livre para vender a sua força de trabalho e ele a vende mediante contrato. Então, quem possui os meios de produção é livre para aceitar ou não a oferta de mão de obra, e vice-versa, quem possui a força de trabalho é livre para vendê-la ou não, para vendê-la a este ou àquele, para vender a quem quiser. Esse é o fundamento jurídico da sociedade burguesa. Fundamento, como veremos, formalista, de uma igualdade formal. No entanto, é sobre essa base da igualdade que vai se estruturar a pedagogia da essência e, assim que a burguesia se torna a classe dominante, ela vai, a partir de meados do século XIX, estruturar os sistemas nacionais de ensino e vai advogar a escolarização para todos. Escolarizar todos os homens era condição para converter os servos em cidadãos, em condição para que esses cidadãos participassem do processo político, e, participando do processo político, eles consolidariam a ordem democrática, a democracia burguesa, é óbvio, mas o papel político da escola está aí muito claro. A escola era proposta como condição para a consolidação da ordem democrática” (SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas: Autores Associados 2008. p.3 2-33).
Compreendido em que contexto surgiu e se desenvolveu a Pedagogia essencialista e a compreensão da mesma como uma filosofia da educação, podemos agora compreender a construção da Pedagogia como ciência, a partir do século XIX, com o nascimento das ciências humanas. Para tanto, aprofundaremos o nosso entendimento sobre o modelo científico que se desenvolveu na modernidade.
2.2 – Ciência Moderna
Se pararmos para observar e pensar um pouco sobre o que está a nossa volta, veremos uma forte presença da ciência e da técnica em nosso cotidiano, pois existe um consenso de que o conhecimento científico e tecnológico se constituiu como um conhecimento fundamental na organização das relações humanas e sociais da modernidade, tanto que os meios de comunicação de massa (jornais, revistas, televisão, cinema) fazem questão de anunciar pelos quatro cantos os resultados das pesquisas desenvolvidas.
Além disso, difundem uma imagem positiva dos cientistas, da existência de laboratórios equipados, de instrumentos precisos, bem como, dos investimentos que são feitos pelos países desenvolvidos. Toda essa divulgação tem por finalidade reafirmar uma crença em torno do conhecimento científico, ou seja, de que o mesmo tem por finalidade a riqueza e o bem-estar social e que os países que não investem em pesquisa científica estão condenados ao atraso e a uma perpetuação da pobreza da grande maioria. Em outras palavras, estamos diante do mito da ciência e do cientista na modernidade. A esse respeito, vejamos o que nos tem a dizer Maria Célia Marcondes de Moraes:
“Tanto assim que é comum ouvirmos frases do tipo: ‘se já foi provado cientificamente, então não se discute’, ou então ‘é uma questão de tempo e os cientistas descobrirão a cura do câncer, da AIDS, de tantas doenças que atormentam os homens’. Mas a crença e a esperança são tão fortes que nem percebemos que a solução para a dengue, a malária, o cólera e outras  doenças que assolam o país e nossos vizinhos latino-americanos, está muito mais vinculada à superação da miséria, da falta de higiene, saneamento e informações das populações carentes, do que propriamente as pesquisas de laboratório!” (A revolução científica moderna.
In: HÜHNE, Leda Miranda. Fazer filosofia. Rio de Janeiro: Uapê, 1994. p. 77-78).
Do exposto anterior, podemos compreender que a ciência moderna criou um estatuto em que afirma que, um conhecimento científico para ser válido, deve ser um conhecimento neutro e objetivo, ou seja, o mesmo não pode sofrer qualquer tipo de interferência do sujeito do conhecimento em sua relação como objeto ou fenômeno a ser conhecido. Além disso, tal conhecimento dá-se através da experiência e da comprovação da mesma a partir de enuncia dos lógicos e precisos que garantam a sua validade. Portanto, firma-se a objetividade como sendo o elemento central de seu desenvolvimento.
separar os elementos subjetivos e objetivos de um fenômeno;
construir o fenômeno como um objeto do conhecimento, controlável, verificável, interpretável e capaz de ser retificado ou corrigido por novas elaborações;
demonstrar e provar os resultados, obtidos durante a investigação, graças ao rigor das relações definidas entre os fatos estudados; a demonstração deve ser feita não só para verificar a validade dos resultados obtidos, mas também para prever racionalmente novos fatos como efeitos dos já estudados;
relacionar com outros fatos um fato isolado, integrando-o numa explicação racional unificada, pois somente essa integração transforma o fenômeno em objeto científico, isto é, em fato explicado por uma teoria;
formular uma teoria geral sobre o conjunto dos fenômenos observados e dos fatos investigados, isto é, formular um conjunto sistemático de conceitos que expliquem e interpretemas causas e os efeitos, as relações de dependência, identidade e diferença entre todos os objetos que constituem o campo investigado.
2.3 – As Ciências Humanas
Se partirmos da compreensão de que o conhecimento é um fenômeno produzido pelo homem, podemos considerar que todas as ciências existentes são ciências humanas, mas o que difere as ciências humanas das ciências da natureza? Por certo, é o seu objeto de estudo particular (o homem), com um método específico e que se desenvolveu a partir do século XIX.
Sendo assim, você poderia perguntar se antes o homem não era estudado. Tal estudo se deu no campo da Filosofia antiga até os dias de hoje. Contudo, as ciências humanas, na era moderna, se constituíram quando o homem passou a ser considerado um novo objeto de investigação no campo científico, ou seja, daquele que vive o seu dia a dia (com todas as suas implicações), que fala e que produz através do trabalho as condições materiais e não materiais de sua existência.
Período do Humanismo: Inicia-se no século XV com a ideia renascentista da dignidade do homem como centro do universo, porque nos séculos XVI e XVII com o estudo do homem como agente moral, político e técnico-artístico, destinado a dominar e controlar a natureza e a sociedade, chegando ao século XVIII quando surge a ideia de civilização, isto é, o homem como razão que se aperfeiçoa e progride temporalmente por meio das instituições sociais e políticas e do desenvolvimento das artes, das técnicas e dos ofícios. O humanismo não separa homem e natureza, mas considera o homem um ser natural diferente dos demais, manifestando essa diferença como ser racional e livre, agente ético, político, técnico e artístico.
Período do Positivismo: Inicia-se no século XIX, com Augusto Comte, para quem a humanidade atravessa três etapas progressivas, indo da superstição religiosa à metafísica e à teologia para chegar finalmente à ciência positiva, ponto final do progresso humano. Comte enfatiza a ideia do homem como um ser social e propõe um estudo científico da sociedade: assim como há uma física da natureza, deve haver uma física do social, a sociologia, que deve estudar os fatos humanos usando procedimentos, métodos e técnicas pelas ciências da natureza. A concepção positivista não termina no século XIX com Comte, mas será uma das correntes mais poderosas nas ciências humanas em todo o século XX. Assim, por exemplo, a psicologia positivista afirma que seu objeto não é o psiquismo como consciência, mas como comportamento observável que pode ser tratado como método experimental das ciências naturais. A sociologia positivista (iniciada por Comte e desenvolvida como ciência pelo francês Émile Durkheim) estuda a sociedade como fato, afirmando que o fato social deve ser tratado como uma coisa ao qual são aplicados os procedimentos de análise e síntese criados pelas ciências naturais. Os elementos ou átomos sociais são os indivíduos, obtidos por via de análise; as relações causais entre os indivíduos, recompostas por via de síntese, constituem as instituições sociais (família, trabalho, religião, Estado etc.).
Período Historicismo: Desenvolvido no final do século XIX e início do XX por Dilthey, filósofo e historiador alemão. Essa concepção, herdeira do idealismo alemão (Kant, Fichte, Schelling, Hegel), insiste na diferença entre homem e natureza e entre ciências naturais e humanas, chamadas por Dilthey de “ciências do espírito ou da cultura”. Os fatos humanos são históricos, dotados de valor e de sentido, de significação e finalidade e devem ser estudados com essas características que os distinguem dos fatos naturais. As ciências do espírito ou da cultura não podem e não devem usar o método da observação-experimentação, mas devem criar o método da explicação e compreensão do sentido dos fatos humanos, encontrando a causalidade histórica que os governa. O fato humano é histórico ou temporal: surge no tempo e se transforma no tempo. Em cada época histórica, os fatos psíquicos, sociais, políticos, religiosos, econômicos, técnicos e artísticos possuem as mesmas causas gerais, o mesmo sentido e seguem os mesmos valores, devendo ser compreendidos, simultaneamente, como particularidades históricas ou ‘visões de mundo’ específicas ou autônomas e como etapas ou fontes do desenvolvimento geral da humanidade, isto é, de um processo causal universal, que é o progresso.
2.4 – Pedagogia – Ciência da Educação
Pedagogia Filosófica: a ação pedagógica é voltada para a educação do homem integral, em todas as suas dimensões assume um caráter ora normativo, ora compreensivo, envolvendo diferentes influências teóricas como o humanismo clássico, o iluminismo, o romantismo e o idealismo.
Pedagogia crítico-emancipatória: propõe uma ação pedagógica para formar o homem na e pela práxis social voltada para a transformação da realidade histórico-social. Dessa forma, compreende que o conhecimento tem uma ligação direta coma vida social. Dessa forma, a ação pedagógica é uma ação político-social. Tem como referência o materialismo dialético e a teoria crítica da escola de Frankfurt.
Pedagogia Técnico-científica: tendo como base o racionalismo do empirismo inglês e estruturada a partir do método experimental, defende a normatização e a prescrição para a prática educativa voltada para a socialização dos educandos.
Nesta aula, você:
- Compreendeu a etimologia da palavra pedagogia.
- Aprendeu o desenvolvimento da Pedagogia concebida como Filosofia da Educação.
- Entendeu o contexto histórico para o nascimento e desenvolvimento do conhecimento científico na modernidade e a construção das ciências humanas.
- Analisou o desenvolvimento da Pedagogia como ciência na modernidade.
AULA 3- PROCEDIMENTOS CIENTÍFICOS: A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO
Nesta aula, aprenderemos sobre conceitos relacionados à organização do trabalho acadêmico, suas caracterizações e particularidades, possibilitando a reflexão sobre os significados das palavras organização, trabalho e acadêmico. Conheceremos ainda o histórico da Internet, que é a rede mundial de computadores, e identificaremos os principais sites de pesquisa na área educacional.
Antes de iniciarmos um percurso sobre a organização do trabalho acadêmico, vamos refletir sobre o sentido destas palavras.
Organização: Geralmente, utilizamos esta palavra como o modo organiza um determinado sistema. Em outros termos, é a palavra que indica arranjar, dispor ou classificar documentos, informações e objetos. Prova disso é que trabalhamos com o conceito de pensamento sistemático, ou seja, um pensamento organizado de forma rigorosa e precisa a partir de determinadas regras de organização da nossa capacidade de pensar e representar pela linguagem o próprio pensamento.
Trabalho: Podemos compreendê-lo como um ato vital para garantir a sobrevivência humana. Em outras palavras, é um ato intencional do homem num movimento de retorno à natureza para produzir sua existência. Decorre de uma relação dialética (conflituosa) entre o homem e a natureza, ou seja, o homem como produto da natureza retorna à mesma para produzir as condições materiais de sua existência. Nesse processo, antecipa a sua ação em sua mente e, com isso, produz os sentidos e os significados sobre a natureza, o homem e de como este se relaciona com ela, consigo e com os outros seres humanos. Em outras palavras, produzimos sentidos e significados. Portanto, produzimos conhecimento e formamos a nossa consciência.
Acadêmico: O termo decorre do filósofo grego Platão à sua escola: academia. Esta foi fundada na parte noroeste da cidade de Atenas, mais precisamente em um terreno que homenageava a deusa Atena da Mitologia Grega. De acordocom a tradição da cidade, acreditava-se que o jardim pertenceu a Academo (uma personagem mitológica). Por esta razão é que designamos o termo aos estabelecimentos que se destinam à atividade do ensino (principalmente do ensino superior de base científica) como também para designar a prática de esportes ou ginásticas. Além disso, refere-se às instituições que se dedicam à vida artística, literária e científica.
O termo acadêmico se refere à atividade do ensino (principalmente do ensino superior de base científica).
Podemos afirmar que o trabalho acadêmico decorre da tradição de uma cultura, portanto de uma determinada forma de evidenciar formas de organização do pensamento, da linguagem e dos resultados de uma investigação rigorosa, seja ela filosófica, científica ou artística.
A partir das concepções sobre o trabalho acadêmico, podemos lançar algumas questões, tendo a finalidade de possibilitarmos a reflexão crítica sobre o domínio das regras e do conteúdo de um texto acadêmico. São elas:
Do ponto de vista pedagógico: Qual é a finalidade do trabalho acadêmico em nossa formação?
Do ponto de vista teórico-ideológico: Qual é a finalidade do trabalho acadêmico para a sociedade?
Do ponto de vista epistemológico: Qual é a forma (o método) e o conteúdo (as bases teóricas) do trabalho acadêmico?
Em referência ao trabalho acadêmico, estamos querendo afirmar que o mesmo é intencional e datado historicamente. Portanto, ele expressa determinados interesses da época em que é ou foi produzido. Sendo assim, aquele que produz um trabalho acadêmico se constitui como autor, ou seja, o responsável pelo que declara. Isso nos leva a afirmar que é uma questão ética evidenciarmos com quem, como e para que dialogamos em nossos textos.
Texto Acadêmico – Caracterização
Todo texto acadêmico resulta de um processo de investigação rigorosa, seja ela filosófica, científica ou artística. Sendo assim, podemos compreender que a sua essência ou razão de ser encontra-se no objeto de análise de pesquisa.
Um segundo aspecto – tão importante quanto o primeiro – é a distinção existente entre o conteúdo (bases teóricas) e a forma (o método, a linguagem, a organização dos elementos e etc.). A esta altura, você deve estar se perguntando: se o conteúdo sobrepõe a forma ou se a forma sobrepõe ao conteúdo?
Essa é uma questão complexa para tratarmos rigorosamente da mesma em nossa aula. Mas vale fazermos a seguinte consideração: vai depender de qual base teórico-metodológica nos apoiamos para compreender a relação entre conteúdo e forma. 
Por conseguinte, cabe-nos fazer uma opção teórica e explicitarmos como ela compreende tal relação.
Sendo assim, tomemos como referencial a perspectiva de análise dialética. Segundo a dialética, embora o conteúdo e a forma sejam coisas distintas, uma só existe mediante a existência da outra, ou seja, uma constitui e é constituída pela outra. Além disso, compreende que a forma e o conteúdo de um texto rigoroso revelam uma determinada compreensão acerca da natureza, do mundo, do homem, da sociedade e das relações que estabelecemos com os mesmos. Portanto, um texto não é neutro e objetivo, mas subjetivo, histórico, social e intencional.
Tipos de textos acadêmicos:
Todo trabalho acadêmico, ou seja, toda pesquisa ou atividade acadêmica pode e deve ser divulgada em diferentes tipos de textos:
Livro: tradicionalmente utilizado para veicular os resultados da pesquisa científica, literária ou artística.
Artigos: em decorrência do aumento da produtividade nos meios acadêmicos e científicos do século XX para cá, como também do fenômeno da especialização nas áreas de conhecimento, optou-se por uma forma de texto que pudesse divulgar os resultados de uma pesquisa ou de um estudo de forma rápida. Dessa necessidade, surgiram os periódicos especializados (revistas) que tem por finalidade publicar artigos e resenhas. Hoje, com o advento da Internet e com a propagação de sites de caráter científico, acadêmico, filosófico e literário, expandiram as possibilidades de publicação e de divulgação.
Outros: teses, dissertações, monografias, ensaios, relatórios de pesquisa, trabalhos de curso, memorial, portfólio e etc, são textos mais restritos, ou seja, atendem às necessidades do processo de formação, pesquisa e apresentação de seus resultados.
A leitura e o texto acadêmico
Possivelmente, quando você iniciou o seu curso, deve ter ficado(a) impressionado(a) com a quantidade de leituras diferentes que deve enfrentar em cada disciplina, esta ou aquela matéria difícil e, como se não bastasse, produzir trabalhos acadêmicos que devem seguir determinadas normas ou regras para serem avaliados. Ufa! Haja fôlego.
A respeito da formação acadêmica, inicialmente, gostaríamos de dizer que, como professores universitários, um dia fomos alunos da universidade. Provavelmente, no passado fizemos tais perguntas em algum momento, seja na graduação ou na pós-graduação.
Hoje nos deparamos com a responsabilidade de orientar e formar o nosso aluno a partir dos rituais existentes como, por exemplo, do domínio crítico do conhecimento e das regras de organização do trabalho acadêmico. Quem sabe um dia você não poderá estar ocupando este lugar!
Uma formação acadêmica, de base teórico-metodológica e crítica, só se faz mediante a leitura atenta, rigorosa e investigativa da obra. Desse modo, passamos a uma questão central: qual é a importância da leitura?
O educador brasileiro Paulo Freire em sua obra “A importância do ato de ler” faz uma análise profunda sobre a coerência entre a prática e o discurso.
Tal análise aponta para a compreensão de que é possível o exercício de uma prática pedagógica baseada numa perspectiva libertadora da educação, ou seja, de uma prática que supera a opressão e a dominação da prática tradicional, autoritária e bancária que predominou no modelo de escola da sociedade moderna.
Durante a obra, Freire faz uma profunda reflexão entre a vivência do autor na infância e a sua concepção de leitura e ressalta que antes todo ser humano sabe ler antes mesmo de conhecer e dominar a palavra escrita. Desse entendimento, compreende que assim como fazemos a leitura do mundo, conseguimos escrevê-lo, ou seja, traduzi-lo em palavras. Além disso, salienta que não existe texto sem contexto. Em outras palavras, um texto é uma forma de compreensão da realidade. Sendo assim, convidamos-lhe a conhecer as palavras deste autor sobre a importância do ato de ler.
A respeito do ato de ler, mediante o exposto até o momento, indicamos a você os seguintes procedimentos de estudo:
Ao fazer a leitura dos textos (livro didático da disciplina, textos complementares, aulas on-line), procure registrar as palavras que você não conhece e faça uma pesquisa no dicionário (ele é uma fonte de consulta fundamental em nossa formação). Após compreender o significado da palavra, refaça a leitura do texto. Assim, estará ampliando o seu entendimento, portanto,  apropriando-se do conteúdo.
Procure fazer uma síntese (resumo) das principais ideias do(a) autor(a) com suas palavras ou com as palavras do (a) autor (a). Tal prática é fundamental para você compreender o que está e como está sendo dito.
Anote suas dúvidas e coloque-as para o(a) professor(a). Assim, o (a) mesmo (a) terá como fazer as devidas orientações para os seus estudos e entendimentos.
Sempre que possível, consulte outras fontes de pesquisa, como Internet, jornal, artigos, livros de assuntos que você não domina. A prática da pesquisa é um diferencial na formação de ensino superior.
Procure elaborar novas questões problematizando o que está sendo estudado e faça uma relação entre os referenciais teóricos e as práticas sociais. Com o tempo, você perceberá que toda prática social está alicerçada em uma determinada forma de compreensão e que toda teoria é resultado de práticas humanas como, por exemplo, a pesquisa.
Agora, dedicando-nos a estudar a Internet como fonte de pesquisa na área da educação, destacaremos alguns sites fundamentais para o campo educacional.
Breve Histórico da InternetBoa parte da produção do conhecimento científico e tecnológico no século XX se desenvolveu a partir de pesquisas desenvolvidas na área militar. A Internet surgiu nos tempos áureos da Guerra Fria.
Guerra Fria: Corresponde ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados e a União Soviética. Iniciou-se após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e vai até a dissolução da União Soviética em 1991.
Esse período expressa a disputa entre dois projetos distintos de sociedade, ou seja, entre o Capitalismo e Socialismo.
Nesse contexto, qualquer inovação científica e tecnológica era de interesse das duas grandes potências da época: os Estados Unidos e a União Soviética. Elas compreendiam que era necessária uma eficácia dos meios de comunicação. Tal situação levou os EUA, que temia um ataque soviético ao seu país, a investirem num modelo de troca e compartilhamento de informação que permitisse a descentralização das informações armazenadas no Pentágono (Central das Forças Armadas dos Estados Unidos, inaugurado em 13/01/1943). Sendo assim, foi criada pela ARPA (AdvancedResearchProjectsAgency a ARPANET que operava através de um sistema de chaveamento de pacotes, ou seja, de um sistema de transmissão de dados em rede de computadores.
Como o conflito militar entre as duas grandes potências (EUA e União Soviética) não se materializou nos anos 70, o governo norte-americano permitiu que pesquisadores das universidades de seu país desenvolvessem estudo na área de defesa. A partir daí, o sistema foi dividido em dois grupos: MILNET (para localidades militares) e a ARPANET (para as localidades não militares) o que acabou impulsionando as pesquisas na área de ciências da computação.
A Internet decorre da lógica de um projeto de defesa militar, a partir do momento em que jovens da contracultura buscaram a difusão da informação. Sendo assim, foi criado um sistema técnico denominado “Protocolo da Internet”, permitindo que o tráfego de informações fosse encaminhado de uma rede para outra.
No ano de 1991, foi criado, pelo cientista Tim Berners-Lee, a World Wide Web (WWW) e a   empresa norte-americana Nescape criou o protocolo HTTPS. Este protocolo possibilitou o envio de dados criptografados para transações comerciais pela Internet.
Portanto, a década de 90 marcou a explosão e a popularização da Internet. Só para se ter uma ideia, em 2003, cerca de 600 milhões de pessoas estavam conectadas à rede e, em junho de 2007, esse número chegava a 1,234 bilhão de usuários espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Internet – A rede mundial de computadores
A rede mundial de computadores, denominada de Internet, tornou-se uma grande fonte de pesquisa para todas as áreas do conhecimento, pois a mesma disponibiliza um grande acervo de dados aos interessados. Além disso, o conteúdo disponível pode ser acessado com facilidade, pois os atuais recursos informacionais e comunicacionais estão acessíveis no mundo inteiro.
As informações que são armazenadas num Web Site permite ao usuário navegar por toda a rede de computadores, podendo realizar consultas e buscar informações de toda ordem. Segundo Severino, a Internet “permite ainda aos pesquisadores de todo o planeta trocar mensagens e informações, com rapidez estonteante, eliminando assim barreiras de tempo e de espaço“. (2008, p. 137)
A Internet estrutura-se da seguinte forma: pela WWW (World Wid Web) e que o acesso deverá ser feito através do protocolo HTTP (Protocolo de Transporte de Hipertexto), ou seja, é uma técnica utilizada pelos servidores da rede para passarem informações para os programas rastreadores (browsers web). Além disso, existem os provedores que são grandes centros que articulam as redes de computadores.
A pesquisa científica na rede mundial de computadores
Uma das primeiras preocupações que se deve ter para realizar uma pesquisa de caráter científico na Internet é ter clareza do que e onde pesquisar, pois, por se tratar de uma rede mundial de computadores, encontramos as mais variadas informações e comunicações, mas nem todas atendem às necessidades de uma pesquisa acadêmica.
Em primeiro lugar, devemos diferenciar os sites informacionais dos sites de instituições que se dedicam às pesquisas científicas nas mais diversas áreas do conhecimento.
Para se ter acesso aos diversos sites que disponibilizam os resultados de pesquisas científicas, você poderá fazer um levantamento através dos Web Sites de Busca.
Ou seja, no acesso aos programas que ficam vinculados à rede de computadores e que tem por finalidade localizar os sites que tratam do tema pesquisado. Entre os sites mais populares da rede encontram-se:
O Google (www.google.com.br), o Yahoo (www.yahoo.com), o Alta Vista (www.altavista.com), entre outros. Ao se conectar a um dos sites, você deverá digitar uma palavra-chave, o assunto, o nome de uma pessoa ou de uma entidade etc. A partir dessa informação inicial, aparece uma relação de sites onde se poderá ter acesso ao conteúdo do que se pesquisa.
Outro dado importante é compreendermos que existem sites oficiais do governo que disponibilizam seus dados através da Internet. Vejamos alguns sites:
Nesta aula, você:
- Teve a possibilidade de compreender a organização do trabalho acadêmico.
- Conheceu o histórico da Internet: a rede mundial de computadores.
- Identificou os principais sites de pesquisa na área educacional.
AULA 4 - PROCEDIMENTOS CIENTÍFICOS II: O LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
Nesta aula, conheceremos o processo histórico-social da técnica, bem como as exigências de elaboração de um trabalho acadêmico de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Será dada ênfase às Referências Bibliográficas.
O tecnicismo educacional tem como fundamento o seguinte principio: aprender a fazer.
Normas, procedimentos e técnicas – o cotidiano racionalizado
Uma das formas de compreendermos o tempo histórico em que vivemos é considerarmos o modo de organização da produção material e não material de nossa sociedade. Assim sendo, para entendermos as relações às quais estamos sujeitos em nossa contemporaneidade, temos que refazer o percurso e compreender alguns elementos centrais na formação e desenvolvimento da cultura urbano-industrial.
Pré-História: A partir de um breve estudo histórico sobre a formação cultura urbano-industrial, iremos apenas identificar alguns pontos que nos permitirá uma radiografia da mesma. Para tanto, retomaremos ao processo de constituição da sociedade moderna e capitalista, bem como o desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico. Tal conhecimento constituiu-se como um dos pilares centrais para a racionalização das relações humanas (sejam elas políticas, econômicas e sociais).
Modernidade e o Capitalismo: O sistema capitalista de produção, baseado no processo de industrialização, só foi possível com o nascimento e desenvolvimento da ciência moderna. Esta, por sua vez, acabou por atender às necessidades da burguesia capitalista que, a partir de sua ascensão econômica, aspirava ao controle do poder político-social e, para tanto, teria que promover processos revolucionários nos planos teóricos e práticos. Assim, se por um lado a burguesia comercial assumiu o papel de mecenas, financiando o desenvolvimento da arte, da filosofia moderna e da ciência, por outro lado, o conhecimento científico produzido promoveu a junção da ciência com a técnica, provocando profundas mudanças nas relações do homem com a natureza e consigo mesmo.
O processo revolucionário burguês estendeu-se ao campo político e econômico. No plano econômico, foi possível o desenvolvimento de um novo sistema de produção a partir da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, e mais tarde, na Alemanha do século XIX. No plano político, impulsionado pelas ideias do liberalismo, no século XVIII, deu-se Revolução Francesa fundamentada nos princípios da liberdade, igualdade e fraternidade.
Revolução Industrial significou um conjunto de transformações emdiferentes aspectos da atividade econômica (indústria, agricultura, transportes, bancos, etc.) que levou a uma afirmação do capitalismo como modo de produção dominante com suas duas classes básicas: a burguesia, detentora dos meios de produção e concentrando grande quantidade de dinheiro, e o proletariado, que, desprovido dos meios de produção, vende a sua força de trabalho para subsistir. Significou, sobretudo, uma revolução no processo de trabalho, por meio da “(...) criação de um ‘sistema fabril’ mecanizado que por sua vez produz em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado (...)”. (HOBSBAWM, 1981, p.48. in: PEREIRA, Maria Eliza M.; RUBANO, Denize Rosana & MOROZ, Melamia. Séculos XVIII e XIX: revolução na economia e na política, p. 257).
Se o século XVIII presenciou o nascimento da indústria mecanizada, podemos apontar alguns efeitos desse processo, a partir do século XIX, tais como:
Do ponto de vista político, os séculos XVIII e XIX trouxeram:
A destituição das relações feudais;
Uma postura contrária ao absolutismo assumida pela burguesia (poder absoluto do rei);
A defesa de um governo liberal, ou seja, a defesa de um Estado baseado no contrato social entre Estado e Sociedade;
A formação e o desenvolvimento do Estado-Nação;
A divisão social do trabalho;
O aprofundamento da divisão social de classes;
Introdução da divisão social do trabalho.
A racionalização da produção material e não material, na sociedade moderna, instituiu novas formas de controle racional sobre a vida. O Estado Moderno ou Estado Nação assume o papel de regulador das relações políticas, econômicas e sociais no novo modelo de sociedade. Com o emprego da ciência e da tecnologia no mundo do trabalho e da produção, desenvolve-se um conjunto de princípios racionais para regular as relações humanas e sociais.
Desta forma, é no aparelho estatal que se configuram as regras e/ou normas que procuram padronizar procedimentos a partir de critérios científicos e reconhecidos por um determinado grupo ou classe.
A partir do controle do Estado, todo indivíduo, ao nascer, deve passar pelo crivo do reconhecimento do aparelho estatal através do Registro Civil (ou Certidão de Nascimento) para se constituir como cidadão de direitos e deveres de uma sociedade racionalizada. Desse documento derivam-se outros, tais como:
EX. Carteira de Identidade, CPF, Certificado de Reservista, Carteira Profissional, etc. A partir dos números dos registros em documentos, faz-se um controle das ações dos indivíduos em sociedade. Fica claro que o não cumprimento de seus deveres implicará em um conjunto de sanções sobre o indivíduo e/ou grupo.
A cultura urbano-industrial, por ser uma cultura complexa nas suas formas de organização e controle, atinge as diversas áreas do saber com os critérios bem definidos, para organizar o que, como e para que produzir algo ou alguma coisa. Diante do exposto até o momento, podemos conhecer a Associação Brasileira de Normas Técnicas.
- A Associação Brasileira de Normas Técnicas é responsável pela determinação das normas dos trabalhos científicos e acadêmicos em nossa sociedade.
- A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é uma entidade privada, sem fins lucrativos. Ela foi fundada em 1940 e é reconhecida como único Fórum Nacional de Normalização através da Resolução Nº 07 do CONMETRO, de 21.08.1992.
A finalidade da ABNT é “Prover a sociedade brasileira de conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio ambiente e defesa do consumidor” (retirado do site da ABNT. Acessado em 01 jun. 2010).
Fases de elaboração do trabalho acadêmico:
CAPA: Por se tratar de um trabalho acadêmico, portanto de caráter científico ou filosófico, deve conter as seguintes informações: nome da instituição, nome do autor, título do trabalho, local (cidade) da instituição, ano de entrega do trabalho. Use a fonte Times New Roman ou Arial, tamanho 14 e em caixa alta. A capa é um elemento obrigatório em um texto acadêmico. Veja o exemplo do documento CAPA na Biblioteca Virtual da disciplina.
FOLHA DE ROSTO OU CONTRACAPA: Contém as mesmas informações da capa, mas com fonte menor, ou seja, de 12 cm. Além disso, contém um texto sintético no canto inferior direito sobre o tipo do trabalho a ser desenvolvido, instituição, objetivo do trabalho e nome do orientador. Da mesma forma que a capa, a contracapa é obrigatória. Veja o exemplo do documento CONTRACAPA na Biblioteca Virtual da disciplina.
AGRADECIMENTOS ou DEDICATÓRIA: Vai depender da natureza e da especificidade do trabalho. Em um trabalho acadêmico mais extenso, que envolve um tempo de pesquisa e de produção longo, como é o caso da Dissertação de Mestrado ou Tese de Doutorado, o autor tem a liberdade de escrever seus agradecimentos em um texto longo. Em trabalhos específicos de uma disciplina, como um fichamento, resumo, trabalhos de pesquisa, deve-se fazer um texto conciso, ou seja, um texto mais curto. Veja o exemplo do documento AGRADECIMENTOS ou DEDICATÓRIA na Biblioteca Virtual da disciplina.
RESUMO: Deve expressar os pontos essenciais ou fundamentais do trabalho desenvolvido. Portanto, deve informar os resultados e as conclusões mais relevantes. É elaborado ao final do processo de uma pesquisa realizada. Esse parágrafo deve ser escrito no centro da folha e recomenda-se o mínimo de 100 palavras e o máximo de 250 palavras. É um elemento obrigatório em um trabalho de caráter acadêmico. Veja o exemplo do documento RESUMO na Biblioteca Virtual da disciplina.
EPÍGRAFE: É uma citação que se relaciona com o tema do trabalho, ou seja, é um primeiro convite à reflexão sobre a temática que será apresentada. Situa-se geralmente no canto inferior da página e consiste em uma frase de caráter reflexivo. Além disso, deve-se citar o nome do autor da frase. Veja o exemplo do documento EPÍGRAFE na Biblioteca Virtual da disciplina.
SUMÁRIO: Evidencia cada uma das partes do trabalho (capítulo, título, subtítulo, considerações finais, referências bibliográficas e anexos. Ele não é obrigatório, mas deve ser colocado, quando necessário, pois  é um documento comprobatório de determinadas questões que foram desenvolvidas). Veja o exemplo do documento SUMÁRIO na Biblioteca Virtual da disciplina.
CORPO DO TRABALHO: É importante destacar que a Capa não faz parte da contagem, ou seja, a contagem deve ocorrer a partir da folha de rosto ou contracapa. É fundamental compreender que a visualização numérica da página ocorrerá a partir da primeira página de conteúdo.
Na produção de uma trabalho acadêmico, deve-se utilizar a seguinte formatação:
Títulos e subtítulos devem ser digitados em letra Times New Roman ou Arial, tamanho 14 e espaçamento simples entre as linhas.
Citações existem 3 tipos a) Citação de abertura: localiza-se após o título ou subtítulo, que deve ter uma relação com o tema a ser desenvolvido. Deve-se utilizar o recuo de 4 cm da margem esquerda e colocar em "CAIXA ALTA" o nome do autor, ano e página.
b) Citação no corpo do parágrafo: só é permitida se a mesma não ultrapassar as três linhas e deve estar entre aspas. Em seguida, deve-se colocar em “caixa alta” o nome do autor, ano e página e; 
c) Citação em destaque: é feita quando a mesma ocupar mais de 03 linhas de texto e sem aspas, pois ela encontra-se em destaque. Deve-se utilizar o recuo de 4 cm a partir da margem esquerda, tamanho 11 e espaçamento simples entre as linhas. Em seguida, deve-se colocar em "CAIXA ALTA" o nome do autor, ano e página.
O texto deve ser digitado em letra Times New Roman ou Arial, tamanho 12 e espaçamento de 1,5cm entre as linhas.
Vejamos a seguir os principais exemplos de citações e como fazê-las:
a) Livros são citados da seguinte forma:
SOBRENOME, Nome do Autor.Título. Cidade: Editora, ano. Exemplos:
CHAUÍ, Marilena. Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008 (Coleção Educação Contemporânea).
b) Artigos de Jornais são citados da seguinte forma:
SOBRENOME, Nome do Autor (se houver). Título do artigo. Nome do jornal, cidade, data de publicação. Caderno, página. Exemplo:
NASSIF, Luís. O neonacionalismo nascente. Folha de São Paulo, São Paulo, 07 jul. 2004. Caderno B, p.3.
c) Artigos de Revistas são citados da seguinte forma:
SOBRENOME DO AUTOR, Nome do autor (se houver). Título do artigo. Nome da revista. Cidade, Nº do volume, Nº do fascículo, Páginas consultadas inicial-final, mês ano. Exemplo:
WORRAL, Simon. Londres volta por cima. NationalGeographic. São Paulo, v.1, nº 2, p.22-43, junho 2003.
d) Textos de Internet são citados da seguinte forma:
Texto com Autoria:
SILVA, Deonísio. Até o mais amargo fim. Disponível em: <http://www.deonisio.com>. Acesso em: 12 dez. 2007.
Texto sem autoria:
ESTUDANTES ajudam na preservação ambiental. Disponível em: <http://www3.uberlandia.mg.gov.br/noticia.php?id=885>. Acesso em: 19 set. 2007.
d) Textos de Internet são citados da seguinte forma:
Trabalho acadêmico, dissertação ou tese:
PEDOTT, Paulo Roberto. Publicidade na Internet: a internet como ferramenta de comunicação de marcketing. 2002. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002. Disponível em: <http://www.ufrgs.br>. Acesso em: 07 maio 2003.
Legislação: BRASIL. Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/5198.html>. Acesso em: 12 dez. 2007.
Vimos que na produção do trabalho acadêmico devem ser observadas diversas regras.Você deve ter observado ainda que os títulos encontram-se em ITÁLICO. Além desse tipo de formato, você poderá usar também o NEGRITO ou SUBLINHADO. Contudo, ao optar por um deles, deverá utilizá-lo até o final de seu trabalho. Alertamos para o fato de que se deve procurar pesquisar sites com credibilidade, como, por exemplo, sites de universidades, centros de pesquisa, jornais, revistas, etc.
Nesta aula, você:
-Refletiu sobre a dimensão histórico-social da técnica.
-Analisou os fatores políticos, econômicos e sociais do desenvolvimento da cultura urbano-industrial.
-Conheceu a história e o papel da Associação Brasileira de Normas Técnicas.
-Compreendeu a necessidade de organização das Referências Bibliográficas.
AULA 5 - A ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO UNIVERSITÁRIO 
No curso de Pedagogia, você tem a oportunidade de refletir sobre o processo de investigação científica e compreender que a mesma decorre de uma forma rigorosa de organização de estudo. Além disso, procuramos diferenciar os tipos de conhecimento e entender que o conhecimento científico é um tipo de conhecimento lógico e sistemático. Estudaremos as três fases de desenvolvimento de um projeto científico e as fontes bibliográficas que compõem o mesmo.
Evidenciamos, também, que faz parte de nosso Projeto Político Pedagógico a formação com base na pesquisa, pois um dos nortes é a formação do pedagogo como pesquisador-reflexivo. Contudo, ao entrarmos na Universidade, nos deparamos com um “universo” que nos é totalmente desconhecido, começamos a estudar áreas ou disciplinas de conhecimento que constituem a nossa formação político-pedagógica, pois a prática educativa é uma prática social e política.
Com o decorrer das aulas e dos estudos, começamos a conhecer novos referenciais teóricos de análise advindos das ciências humanas e sociais, como parte da área de fundamentação teórica, como também, as disciplinas de fundamentação da prática pedagógica a partir de uma realidade social concreta. Além disso, o currículo apresenta a disciplina de Pesquisa e Prática em Educação (PPE), como uma disciplina que perpassa toda a estrutura curricular visando uma formação de base teórica-metodológica e investigativa.
Aos poucos, vamos percebendo que o viés teórico do curso é marcado pela análise ou reflexão crítica dos conteúdos, estes, por sua vez, são problematizados a partir dos contextos históricos e sociais em que foram produzidos. Tal perspectiva é essencial para o desenvolvimento do espírito de problematização e investigação da realidade educacional - ou seja, do fenômeno educativo como um fenômeno humano - de nossos tempos e em todas as suas formas de organização e expressão.
Com o passar do tempo, das aulas on-line e tele-transmitida, das leituras, dos diálogos em nossos fóruns temáticos e do Projeto Integrador, fica evidente que uma formação de ensino superior exige de nós uma forma de organização de estudo, principalmente das leituras realizadas, para compreendermos as principais temáticas que perpassam a nossa área de formação profissional e político-social, pois, geralmente, é na universidade que descobrimos as duas grandes dimensões da prática educativa: a pedagógica e a político-social.
Para além dessas descobertas, passamos a conhecer um novo universo para a prática do(a) pedagogo(a) em nossa sociedade, ou seja, descobrimos que o sistema educacional brasileiro organiza a educação da seguite forma:
Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), Educação Superior (Graduação e Pós-Graduação), Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação Indígena, Educação Corporativa, Educação Presencial e a Distância, Educação de Jovens e Adultos, Educação de Formação Profissional etc. Além disso, tal organização estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação que vai oferecer as bases da Educação Nacional.
Além deste universo, descobrimos outros para a prática pedagógica em nossa sociedade, espaços educativos tais como: organizações não governamentais, empresas, associação de moradores, comunidades carentes e religiosas.
Todo este universo nos dá a certeza de que a prática educativa não pode e não deve ser espontânea, mas deve ser planejada a partir de referenciais teórico-metodológicos, como também, da clareza das finalidades (objetivos) a serem atingidas.
Por fim, fica evidente para todos nós (professores e alunos) uma questão essencial:
Como organizar de forma sistemática os meus estudos e leituras?
Preocupados como esta questão, estudaremos nesta aula as técnicas de registro de nossos estudos.
MÉTODO DE ESTUDO
Ao iniciarmos o período, nos deparamos com uma infinidade de livros e textos das disciplinas que estamos cursando para fazermos uma leitura rigorosa. Se não tivemos uma base educacional que nos permite a leitura atenta de um texto, ou seja, de compreendermos o tema ou problema abordado, bem como o desenvolvimento das principais ideias de análise e das considerações finais do autor, nos sentimos perdidos e com a sensação de que não conseguiremos caminhar durante o curso. Além disso, é claro, a sensação de não entendermos determinados termos e/ou palavras que nos aparecem pela primeira vez.
Aos poucos, vamos percebendo que se não organizarmos os nossos hábitos quanto à organização de nosso tempo para os estudos, temos o sentimento de estarmos perdidos e confusos e, consequentemente, não sabemos por onde começar.
Tal apreensão é nítida nos relatos dos alunos através da Central de Mensagens e de alguns fóruns temáticos que são realizados nas disciplinas. Assim, os professores do curso estão disponibilizando para os alunos algumas orientações de métodos de estudo para se organizarem ao longo de sua formação.
É fundamental esclarecer que a utilização da terminologia Método de Estudo decorre de duas questões fundamentais:
Primeiro, por se tratar de uma formação de Ensino Superior de base científico-tecnológica e;
Segundo, que tal formação é sistemática e, portanto, deveser organizada tanto na dimensão do ensino quanto da aprendizagem.
Mediante esta realidade, iremos destacar alguns instrumentos de estudo que possibilitarão tanto a organização de seus estudos como o domínio dos referenciais teórico-metodológicos dos autores estudados. Portanto, destacaremos: o fichamento, o resumo, a resenha crítica e o glossário.
Fichamento: Uma das técnicas de registro de estudos na formação acadêmica, em especial na Universidade, é a técnica do fichamento. Esta é uma forma de investigação do conteúdo e da forma de um texto ou livro pelo ato de fichar (registrar) o material necessário em seus estudos, seja em uma disciplina do curso ou na pesquisa de uma determinada temática ou autor.
Até o momento da popularização do computador, os registros de fichamento eram feitos de forma manuscrita ou datilografada em fichas. Como estamos num curso da modalidade de Educação a Distância, podemos organizar pastas temáticas para guardarmos os nossos registros.
Sendo assim, sugerimos um passo a passo importante para você organizar, em seu computador, os registros de suas leituras. Vejamos os mesmos:
Em Meus Documentos, abra uma pasta com o nome do curso: PEDAGOGIA.
Em seguida, clique na pasta PEDAGOGIA e abra novas pastas com os nomes das disciplinas que você estiver cursando.
Logo após, clique na pasta da disciplina e abra novas pastas tais como: Fichamento, Resumo, Resenha Crítica, Textos da Disciplina, Textos da Internet, Trabalhos, Glossário, Autores e etc.
Em outras palavras, crie quantas pastas forem necessárias para a organização de seus estudos.
Tais passos indicam uma forma de arquivar o material da disciplina, como também, o registro de suas leituras e pesquisas. Sendo assim, retornemos ao fichamento.
Em nosso caso, usuários de computadores, faremos os nossos fichamentos em um Arquivo do Word obedecendo às seguintes formas de organização:
Cabeçalho: coloque o título genérico ou específico do texto ou da obra (livro). Em seguida, registre as Referências Bibliográficas, tais como: o sobrenome do autor em caixa alta e, depois da vírgula, o nome do autor, título da obra, subtítulo se houver, edição, local de publicação, editora, ano de publicação, coleção (se fizer parte).
Na barra de ferramentas, clique em Inserir e, em seguida, em Número de páginas. Abrirá uma telinha. Escolha a opção Posição e, logo após, escolha a opção Início da página (cabeçalho) e clique em OK. Tal procedimento é fundamental, pois, ao final do registro de sua leitura, o seu fichamento poderá conter mais de uma página.
Organizado os dados básicos, você estará pronto(a) para registrar as suas leituras de textos, artigos e obras. Passemos ao próximo passo, o passo do registro de nossos estudos.
No corpo da folha, procure redigir um texto com uma linguagem clara, objetiva, direta, sem comentários pessoais tais como: eu penso que, eu acho que, eu concordo com, eu discordo de etc. Entenda que um fichamento é uma técnica de registro que deve privilegiar dois aspectos: as principais ideias que perpassam a análise desenvolvida por um autor e seus comentários e reflexões que afloraram na leitura de entendimento de um texto ou livro. Em outras palavras, registre o assunto abordado pelo autor, ou seja, qual o tema, como é desenvolvido (identifique as principais ideias de análise) e qual ou quais as considerações finais do autor.
Sendo assim, é importante salientarmos que seu texto poderá ser estruturado de duas formas diferentes, tais como:
registro das principais partes, ou seja, o essencial e fundamental, com as palavras do próprio texto ou da obra estudada. Caso opte por este recurso, não se esqueça de fazer os registros dos trechos retirados da fonte entre aspas e, ao final, coloque entre parênteses o número da(s) página(s) da citação que compõe a síntese da obra.
registro das principais partes, ou seja, o essencial e fundamental, com as suas próprias palavras intercaladas de passagens (entre aspas e com a numeração da página) do próprio texto ou da obra. Portanto, você poderá enriquecer o seu fichamento utilizando-se de dois outros elementos de registros. São eles: Comentários e Ideação.
Comentários – expressando a compreensão crítica do texto, baseando-se ou não em outros autores e outras obras.
Ideação (Reflexões) – colocando em destaque as novas ideias que surgiram durante a leitura reflexiva.
RESUMO
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Resumo é o ato ou efeito de resumir (-se), ou seja, é uma exposição abreviada de uma sucessão de ideias, princípios, normas, regras, acontecimentos, características gerais de uma determinada coisa e assim por diante. Tal recurso tem por finalidade favorecer uma visão global de forma sintética.
Caso você tenha organizado as pastas das disciplinas, como também de seus arquivos, como indicamos anteriormente, cabe a você anotar as referências bibliográficas e iniciar o registro de seu resumo.
Da mesma forma como acontece no fichamento, você poderá realizar um Resumo Crítico, ou seja, de um registro de análise (reflexão) e ideação. Contudo, fazemos o mesmo quando temos um certo domínio da temática abordada pelo autor.
RESENHA CRÍTICA
 O primeiro aspecto a ser destacado sobre a Resenha Crítica é que a mesma é um recurso muito utilizado nos meios acadêmicos. Contudo, deve ser um recurso a ser utilizado quando já se tem um bom domínio de conhecimento sobre a temática em questão.
A Resenha Crítica é um recurso utilizado com a finalidade de se relatar qualquer acontecimento da realidade (um filme, uma peça teatral, um evento esportivo, um congresso acerca de uma determinada temática, um acontecimento histórico, etc.), como também, o registro da forma e do conteúdo de obras como livros e textos diversos.
GLOSSÁRIO
 Conforme você for realizando as leituras e pesquisas das disciplinas que você estiver cursando, procure ter uma pasta denominada Glossário para que você possa fazer o registro das palavras que não são de seu domínio, principalmente, dos principais conceitos ou categorias de análise de uma área de conhecimento. Tais conceitos ou categorias podem estar presentes nos conteúdos das aulas on-line e teletransmitidas, como também, nos textos e livros-estudos ao longo do curso. 
O Glossário é um recurso de registro, estudo e entendimento dos diferentes significados de uma palavra, conceito ou categoria de uma determinada área de conhecimento ou saber. Sendo assim, deve-se organizar o mesmo em ordem alfabética com os significados e a fonte na qual o mesmo foi retirado.
Tal recurso é fundamental para que você amplie o seu vocabulário. Portanto, sua forma de compreensão e análise será também uma excelente fonte de consulta quando você tiver que elaborar seus trabalhos acadêmicos, tais como: texto científico, relatório de estágio, projeto de pesquisa, monografia e outros.
Nesta aula, você :
- Compreendeu a necessidade de organizar de forma metódica, rigorosa e sistemática o seu processo de formação.
- Aprendeu sobre os recursos de registro de leitura, estudos e pesquisas, tais como: fichamento, resumo, resenha e glossário.
- Refletiu que uma formação acadêmica de nível superior requer uma organização de nosso tempo e dos meios para se estudar e se apropriar criticamente dos referenciais teóricos das diciplinas que compõem o nosso curso de formação.
AULA 6 – UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A PESQUISA NO BRASIL E AS ABORDAGENS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS
Nesta aula, teremos a preocupação de fazermos um breve histórico sobre o desenvolvimento da pesquisa no Brasil, mais especificamente, a pesquisa no campo educacional. Além disso, explicitaremos os estudos quantitativos decorrentes do modelo das ciências naturais. Tal modelo se pauta na busca de uma relação de causalidade entre as variáveis investigadas, bem como na crença da objetividade e neutralidade do conhecimento construído e da imutabilidade da verdade científica.
Por fim, explicitaremos o advento dos métodos qualitativos orientados por uma abordagem crítico-dialética, como também,das novas possibilidades de compreensão dos fenômenos educativos trazidos pela pesquisa participante, pela pesquisa etnográfica e pelos estudos de caso.
Sendo assim, convidamos você a ler o texto: Educação, Ciência e Tecnologia no Brasil – um breve histórico das políticas de Estado na segunda metade do século XX, que se encontra disponível na Biblioteca Virtual de nossa disciplina.
Segundo o Dicionário Michaellis, pesquisa significa: 
sf (cast pesquisa) 1 Ação ou efeito de pesquisar; busca, indagação, inquirição, investigação. 2 Exames de laboratório. P. de audiência: aquela que é levada a efeito entre o público exposto às transmissões de uma emissora de rádio ou televisão ou a um determinado programa, para saber a frequência e a intensidade com que a emissora ou o programa é ouvido; enquete. P. de mercado: coleta e análise interpretativa de fatos relativos a um produto ou serviço capazes de influir na sua comercialização e na planificação de sua propaganda. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno
/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=pesquisa, Acesso em: 24 jan. 2011.
Da definição acima, podemos compreender que a pesquisa é uma prática humana. Enquanto prática decorreu e decorre da necessidade do homem compreender a existência das coisas e de si mesmo, com a finalidade de dominá-las e produzir a sua própria existência.
O modelo das ciências naturais será aplicado ao campo das ciências humanas e sociais, a partir do século XIX, através da corrente do positivismo desenvolvida pelo filósofo francês Augusto Comte.
Esta vertente desenvolveu a perspectiva quantitativa que esteve presente no nascimento e desenvolvimento da pesquisa em nosso país. Desta forma, estaremos enfatizando tanto as contribuições quanto os limites deste modelo de pesquisa.
Portanto, tal prática possibilita dois elementos centrais para o homem. São elas:
a da necessidade de produzir a sua existência;
desta a necessidade de conhecer;
por fim, a produção de saberes que expressam os resultados de sua investigação.
Partindo da compreensão de que a pesquisa é uma prática histórico-social e, portanto, humana, é fundamental entendermos como a mesma se desenvolveu na cultura ocidental.
Sendo assim, faça uma leitura atenta do texto “Visão Histórica da Pesquisa Científica”, de Dante Marcello Claramonte Gallian, que se encontra na Biblioteca Virtual.
Neste texto, você terá a oportunidade de compreender que:
Nos mitos cosmogônicos mais importantes das grandes civilizações, a ciência ou conhecimento aparece como elemento definidor por excelência do homem.
Nos relatos mais antigos, como na Bíblia e nos livros mesopotâmicos, nos poemas épicos e gestas das mais diversas civilizações, identifica-se a distinção entre o conhecimento revelado e o adquirido, a ciência humana.
Nascidos num contexto histórico muito peculiar, no entrecruzamento de diversas etnias, culturas e sociedades, os pensadores gregos foram talvez os primeiros homens a empreenderem uma confrontação sistemática de saberes e tradições cosmogônicas que acabou por gerar um método de análise e, ao mesmo tempo - com consequências mais revolucionárias - uma perspectiva fundamentalmente nova de olhar o universo: a crítica.
Os grandes tratados científicos da Alta Idade Média são, em sua maioria, sumárias compilações do conhecimento antigo, sem nenhuma pretensão crítica.
Mais tarde, entretanto, principalmente depois de Descartes, a ciência moderna começou a firmar sua autonomia, reivindicando a tarefa de redefinir o cosmos a partir de uma metodologia própria, inteiramente assentada na lógica racional. Entramos assim na aurora do Iluminismo, momento em que se começa a acreditar na possibilidade de alcançar a verdadeira verdade através das luzes da razão científica, banindo para sempre as trevas do misticismo religioso e mítico.
A matemática não euclidiana ou a física não newtoniana, que vão eclodir no fechamento do século XIX e início do século XX, determinam uma mudança de mentalidade, tanto em nível filosófico - abalando a crença religiosa na ciência - quanto em nível metodológico - relativizando o império do quantitativo, do empírico e do mensurável.
O século XX se encarregaria, portanto, do difícil trabalho de desconstrução e reconstrução da herança do XIX, trilhando novos caminhos, encontrando novas encruzilhadas. Às vezes, de maneira cética ou niilista, às vezes de maneira esperançosa e entusiasta. De qualquer forma, os novos problemas colocados pela ciência na passagem do século se apresentaram como um vasto programa que, gradativamente, vai sendo assumido por todas as ciências, tanto as novas como as mais antigas.
O problema fundamental que se apresenta na pesquisa científica, ao despontar o século XXI, é, sem dúvida, a necessidade de se redefinir o conceito de razão que herdamos do iluminismo e do positivismo dos séculos XVIII e XIX. Passadas e esgotadas as tentativas resistematizadoras do século passado - os neo empirismo, positivismo, racionalismo, etc – cabe agora o desafio de resgatar outras tradições, para além da herança cientificista. A consideração de outras percepções da inteligência humana, além do universo racional matemático, na construção da nova teoria do conhecimento tem sido um dos dados mais significativos deste processo de transformação que já estamos vivendo.
Diante do exposto, até o momento, podemos sinalizar que a pesquisa, por decorrer de uma prática humana, tem o seu caráter histórico-social, como também, político-ideológico.
Em outras palavras, os resultados de uma pesquisa e a demonstração dos mesmos obedecem a critérios definidos pela própria razão e expressam uma determinada forma de compreensão da relação do homem com a natureza, consigo mesmo e com os demais seres humanos.
Isto nos permite postular que a pesquisa científica não é neutra, mas intencional, por ser datada historicamente e por atender a determinadas necessidades construídas por grupos ou classes sociais em um contexto específico.
Reveja o texto: “Marx e a Crítica da Ideologia” de Danilo Marcondes (Livro do aluno: História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein da disciplina de Filosofia da Educação).
Compreendido o conceito de ideologia, podemos afirmar que uma pesquisa científica pode assumir um caráter ideológico, portanto, de falseamento da realidade. Isto se deve às bases em que se sustentam um projeto de pesquisa, bem como a que e a quem o mesmo atende. Em outras palavras, estamos afirmando que todo projeto de pesquisa, portanto, de investigação, está alicerçado em uma determinada visão de mundo, de homem e de sociedade.
O senso comum, ignorando as complexas relações entre as teorias científicas e as técnicas, entre ciência pura e ciência aplicada, entre teoria e prática e entre verdade e utilidade, tende a identificar as ciências com os resultados de suas aplicações. Essa identificação desemboca numa atitude conhecida como cientificismo, isto é, a fusão entre ciência e técnica e a ilusão da neutralidade científica (...).
   O Cientificismo
   O cientificismo é a crença infundada de que a ciência pode e deve conhecer tudo; que, de fato, conhece tudo e é a explicação causal das leis da realidade tal como esta é em si mesma.
   Ao contrário dos cientistas, que não cessam de enfrentar obstáculos epistemológicos, problemas e enigmas, o senso comum cientificista redunda numa ideologia e numa mitologia da ciência.
   Ideologia da ciência: crença no progresso e na evolução dos conhecimentos científicos, que, um dia, explicarão totalmente a realidade e permitirão manipulá-la tecnicamente, sem limites para a ação humana.
   Mitologia da Ciência: crença na ciência como se fosse magia e poderio limitado sobre as coisas e os homens, dando-lhe o lugar que muitos costumam dar às religiões, isto é, um conjunto doutrinário de verdades intemporais, absolutas e inquestionáveis.
   A ideologia e a mitologia cientificistas encaram a ciência não pelo prisma do trabalho do conhecimento, mas pelo prisma dos resultados (apresentados

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