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Direito Romano Modulo 6

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Módulo 6
Processo Civil Romano, 
Direito Romano Medieval 
e Influências do Direito 
Romano no Brasil
Sumário
Módulo 6
Referências Questões
(para revisão e 
aprofundamento)
Créditos Anotações
1. Processo Civil Romano 4
Módulo 6
Processo Civil 
Romano, Direito 
Romano Medieval e 
Influências do Direito 
Romano no Brasil
22 23 26 27
1.1 Conceituações preliminares
1.2 Conceitos básicos do Direito Processual
1.3 Sistemas processuais
2. Direito Romano Medieval e Moderno
2.1 Leis romanas bárbaras
2.2 Glosadores e pós-glosadores
2.3 Ordenações portuguesas e Direito brasileiro
2.4 O Direito Romano e o Corpus Juris Civilis
2.5 Conclusão: a presença do Direito Romano 
no Direito brasileiro 
14
5
4
8
15
16
17
19
20
44
1. PROCESSO CIVIL ROMANO
Olá!
Neste módulo vamos finalizar o estudo desta disciplina à 
distância. No entanto, se ainda restam dúvidas, você pode 
recapitular os módulos anteriores, responder novamente aos 
exercícios e conferir as dicas do professor clicando em Podcast.
Bons estudos!
exercícios e conferir as dicas do professor clicando em 
viaconversando
A seguir, confi ra a meta para este módulo.
PrOPOSITUMobjetivo
Este módulo tem como objetivo descrever as diversas formas do 
exercício do ‘jus actionis’ no Direito Romano, identificando o 
modo como chegaram à modernidade. Além disso, este estudo 
se propõe a analisar a evolução deste Direito após a queda de 
Roma e demonstrar sua presença no Direito brasileiro atual.
1.1 Conceituações preliminares
A pesquisa histórica demonstra que as comunidades humanas 
primitivas inicialmente adotavam procedimentos de autotutela, 
evoluindo progressivamente para formas mais humanizadas de 
composição dos seus conflitos, de acordo com o aperfeiçoamento das relações 
sociais. Foram, primeiramente, constituídos os sacerdotes como julgadores, 
dada a sua maior aproximação com o sagrado e o numinoso, pois o ato de julgar 
era entendido como uma atribuição dos deuses. Depois, o ofício de julgar foi sendo 
desvinculado dos conceitos espirituais e passado para a esfera do Estado, ficando 
esta tarefa reservada aos reis. Mais adiante, os reis delegavam prepostos para esta 
função, surgindo então os magistrados. Estas etapas acompanharam o surgimento 
e o desenvolvimento desse instrumento jurídico que chamamos “processo”.
evoluindo progressivamente para formas mais humanizadas de 
composição dos seus conflitos, de acordo com o aperfeiçoamento das relações 
evoluindo progressivamente para formas mais humanizadas de 
composição dos seus conflitos, de acordo com o aperfeiçoamento das relações 
evoluindo progressivamente para formas mais humanizadas de 
sociais. Foram, primeiramente, constituídos os sacerdotes como julgadores, 
composição dos seus conflitos, de acordo com o aperfeiçoamento das relações 
sociais. Foram, primeiramente, constituídos os sacerdotes como julgadores, 
composição dos seus conflitos, de acordo com o aperfeiçoamento das relações 
COMMENTARIuscomentário
O processo judicial (‘jus actionis’) decorre do direito subjetivo que o cidadão tem de poder 
acionar as autoridades públicas, quando tem um direito seu violado. O Estado, por sua vez, atua através 
de órgãos próprios, segundo as normas legais. O processo é resultado do aperfeiçoamento desses 
procedimentos em vista da defesa dos interesses materiais e pessoais juridicamente protegidos.
MÓDULO VI
5
MEMORARElembrando
Já observamos, no início do curso, que a palavra ‘jus’ significava, para 
os romanos, tanto o aspecto objetivo quanto o aspecto subjetivo do Direito. 
Sempre que se fala em direito, está implícita a participação do Estado, 
porque sem esta proteção estatal, o direito deixaria de existir ou restaria 
ineficaz. É aqui que se fundamenta a teoria da ‘actio’ (ação), ou seja, a 
atividade estatal destinada à proteção do direito.
NOTIO PERMAGNAimportante
Processo, em geral, é um conjunto de atos e regras que o possuidor de um direito 
deve seguir a fim de obter o seu reconhecimento. Processo civil romano é o conjunto 
das ações e regras que o cidadão romano devia seguir para realizar o seu direito. Por 
isso, direito e ação são conceitos estritamente relacionados na atividade jurídica dos 
romanos. Aliás, todo o sistema jurídico romano, dada a sua característica casuística, é 
muito mais um sistema de ações e de meios processuais do que de teorias e enunciados.
O estudo teórico do Direito Romano, conforme foi dividido no decorrer de todo o curso, é subtraído 
pelos romanistas do contexto geral do ‘jus actionis’, que compreende o aparelhamento judiciário romano 
e o modo de impulsioná-lo, em vista da efetivação da justiça.
A defi nição de ‘actio’, dada pelo jurisconsulto Celso, é: o direito de perseguir em juízo aquilo 
que é devido a alguém.1 A ‘actio’ é a evolução mais perfeita do exercício do direito subjetivo, que 
se iniciou com o “fazer justiça com as próprias mãos”. No entanto, muito embora toda esta evolução, 
o Direito continuou reconhecendo a possibilidade da autotutela, em casos de emergência, como é o 
exemplo da legítima defesa. Porém, essas possibilidades devem ser restringidas ao máximo, porque o 
sistema judiciário não tolera o abuso do direito, que facilmente pode ocorrer nessas circunstâncias.
1.2 Conceitos básicos do Direito Processual
Conceitos
Processual
basicos DO
Direito
Partes
Ação
Jurisdição
Juízes ou
ÁrbitrosJus e Judicium
Representação Processual
Magistrados
Órgãos
Colegiados
1 Nihil aliud est actio quam ius iudicio persequendi quod sibi debeatur. (Digesto, 44, 7, 51)
direito romano
6
 # Ação: em latim, ‘actio’ deriva do verbo ‘agere’ (agir, realizar). O Direito Romano 
está montado num sistema de ações da lei (actiones legis), passando por um processo 
histórico evolutivo, até chegar à sua forma mais evoluída, que ainda hoje é seguida. 
Havia as ações pessoais (actiones in personam) e ações reais (actiones in rem).
 # Jus e Judicium: são os nomes com que os romanistas designam as duas fases em que 
tramitava o processo civil romano mais antigo, separadas em dois momentos. ‘Jus’ era 
a fase em que a questão tramitava perante o magistrado (in jure); ‘Judicium’ era a fase 
posterior, realizada perante um juiz ou árbitro, que podia ser escolhido pelas partes ou 
designado pelo magistrado para julgar a questão (apud judicem).
 # Partes: eram o ‘actor’ (autor) e o ‘reus’ (réu). Todo cidadão romano ‘sui juris’ podia 
ser parte num processo como autor ou réu. Em geral, as partes compareciam a juízo 
acompanhadas por parentes e amigos. Essas pessoas eram convidadas (ad + vocatas 
= chamadas para) assistir a disputa, sem intervir. Não havia, no início, a fi gura do 
advogado, como hoje conhecemos.
 # Representação Processual: entre os romanos, não era conhecido o sistema da 
representação direta, nem mesmo no sistema processual. Daí que o representante 
(procurator), se fosse o caso, agia em nome próprio, e não em nome do representado. 
Somente no período de Justiniano, surgiu a fi gura do “advogado” como representante 
da parte, podendo se manifestar em nome desta.
 # Magistrados: convém lembrar que o magistrado romano não era somente o julgador de 
causas. A função da magistratura era diversifi cada e evoluiu historicamente. No início 
da República (510 a.C.), a magistratura era exercida pelos cônsules, que possuíam 
atribuições executivas e judiciárias, além dos senadores, que exerciam a magistratura 
senatorial e possuíam atribuições legislativas. Com a criação dos ‘praetores’ (pretores), 
no ano 367 a.C., passaram estes a exercer a administração da justiça, deixando os 
cônsules com funções executivas e militares. Eram magistrados superiores, aos quais 
fora concedido o ‘imperium’, ou seja, o supremo poder da ‘jurisdictio’(jurisdição: 
dizer o direito - jus dicere) e da ‘coercitio’ (coerção: castigar os descumpridores), sendo 
auxiliados por juízes inferiores (juízes pedâneos). No tempo do império, a ‘jurisdictio’ 
era exercida pelo Imperador e seus prepostos.
2 Conforme Cretella Jr. (op. cit, pág. 290), os romanos não tinham a noção da separação dos poderes. Os 
magistrados romanos eram cidadãos eleitos, nem sempre conhecedores do Direito, pois exerciam funções 
políticas cumulativamente. Daí porque delegavam a função propriamente dita de julgar aos ‘judices’ por ele 
indicados. Somente no alto império surgiram os magistrados especializados.
MÓDULO VI
7
Os ‘praetores’ (pretores) dividiam-se em:
 ø Pretores urbanos: julgavam causas entre os cidadãos romanos;
 ø Pretores peregrinos: julgavam causas entre cidadãos romanos e estrangeiros 
ou entre estrangeiros somente;
 ø Edis curuis: julgavam as questões envolvendo vendas de animais e de escravos;
 ø Governadores: nas províncias romanas, acumulavam as funções executivas 
e judiciárias.
 # Jurisdição: poder que o magistrado tem de “dizer o direito” (jus dicere), juntamente 
com o ‘imperium’ (poder de mando). A ‘jurisdictio’ era realizada com a pronúncia 
de uma destas três palavras formulares obrigatórias: ‘do’ (designo um julgador para 
a questão); ‘dico’ (declaro o direito em favor de fulano); ‘addico’ (adjudico, isto é, 
entrego a coisa a fulano).
Havia outros órgãos julgadores que atuavam numa segunda fase processual:
 # Juízes ou Árbitros: Eram cidadãos designados pelos magistrados para o julgamento de 
uma causa determinada, função semelhante à exercida por quem compõe hoje o tribunal do 
júri. Não eram permanentemente juízes ou árbitros, ou seja, eram designados caso a caso, 
de modo que, terminado o julgamento da causa, cessava a sua atividade de julgador. Havia 
um livro (álbum judicum) onde constava uma relação de pessoas cadastradas para esta 
atividade, podendo ser escolhido pelas partes, ou designado diretamente pelo magistrado. 
Porém, o juiz é sempre singular, já os árbitros podem ser vários, para a mesma causa.
 # Órgãos Colegiados: eram grupos de cidadãos encarregados do julgamento de determinadas ações:
 ø Recuperatores: existiram no fi nal da República, eram um conselho de três a 
cinco cidadãos, que julgavam causas entre romanos e estrangeiros;
 ø Decenviri litibus juricandis: colegiado de dez cidadãos, que existiu entre os anos 
242 a 227 a. C., para julgar ações que envolviam a liberdade e as vendas públicas;
 ø Centunviri: conselho de 150 cidadãos, que existiu na segunda metade da 
República, para julgar ações sobre propriedade, sucessão e estado das pessoas.
 ø Questiones perpertuae: existiram no fi nal da República, funcionavam sob a 
presidência de um pretor, para julgamento das ações criminais. Compunha-se 
de cinquenta cidadãos, formando uma espécie de grande tribunal do júri nos 
moldes modernos, em que o pretor apenas presidia e anunciava o resultado, não 
interferindo nas decisões.
direito romano
8
1.3 Sistemas processuais
O Direito Romano conheceu três sistemas processuais, dentro de sua evolução histórica. O mais 
antigo é o sistema ‘legis actiones’ ou ações da lei, cujos primórdios remontam à Lei das XII Tábuas. 
Em 149 a. C., com a lei Aebutia, foi criado um sistema de fórmulas processuais (processo formular), 
que foi aos poucos abolindo o mais antigo. Estes dois sistemas são denominados ‘ordo judiciorum 
privatorum’ (ordem dos juízos privados), quando não havia ainda o julgamento por um juiz estatal, mas 
por juízes privados. A partir do século III d. C., passou a vigorar o sistema ‘extraordinaria cognitio’, 
que foi o início da justiça administrada e aplicada pelo Estado.
a) ‘Ordo judiciorum privatorum’
NOTIO PERMAGNAimportante
O primeiro tipo processual deste sistema denomina-se ‘Legis Actiones’, que 
remonta à Lei das XII Tábuas, porém a sua existência é anterior, oriunda do 
Direito Consuetudinário oral. Eram instrumentos processuais exclusivos dos 
cidadãos romanos, tendo em vista a guarda de seus direitos subjetivos previsto no 
antigo ‘jus quiritarium’. Caracterizava-se pela pronúncia de certas palavras rituais 
regulamentadas no ‘jus civile’. Essas palavras rituais (verba certa) eram obrigatórias e 
imutáveis, causando nulidade o seu uso incorreto. Ou seja, o não uso das ‘verba certa’ ou 
a troca de palavras significava perda da ação. Não cabia apelação das decisões.
Cretella Júnior3 assim descreve o procedimento adotado nesse sistema processual: “o réu é 
procurado pelo autor que, se o encontra na rua, lhe dirige as ‘verba certa’ chamando-o ao tribunal. 
O réu é obrigado a atender à citação e, se não a atende, o autor arranja testemunhas e o prende. Se o 
demandado foge, o autor tem o direito de empregar a força, prendendo-o e torcendo-lhe o pescoço.” 
Neste sistema, todas as ações processuais são empreendidas pelas partes, não havendo participação da 
autoridade judiciária ou de seus auxiliares. 
O processo civil romano antigo se desenvolvia em duas fases. A primeira chamava-se In 
Jure. O autor comparece perante o magistrado e expõe as suas pretensões e o réu as contesta. Após 
isso, inicia-se a segunda fase, chamada de In Judicio ou Apud Judicem. O magistrado designa 
um juiz ou árbitro para julgar a demanda, marcando uma data para o julgamento. Na ocasião do 
julgamento, as partes travarão os embates judiciários perante o juiz ou árbitro, cada um defendendo 
o seu ponto de vista. Caso o réu não compareça na hora marcada, espera-se por ele até o meio 
dia. Ao fi nal dos embates ou ao fi nal do prazo, o juiz ou árbitro proferirá a sentença, cabendo ao 
vencedor providenciar a sua execução. Caso o devedor ofereça resistência à execução, o credor 
poderá intentar uma ação executória, dando início a outro processo.
3 Cretella Jr., op. cit, pág. 293
MÓDULO VI
9
Segundo Gaio4, as ‘legis actiones’ eram de cinco espécies:
 # Legis actio per sacramentum: era uma espécie geral, usada sempre que a lei não prescrevia 
um tipo especial. As partes faziam, perante o magistrado, uma espécie de juramento ou 
de aposta (sacramentum) entre si, fi cando marcada uma data após trinta dias para ambos 
comparecerem ao fórum a fi m de exporem suas alegações e ouvirem o pronunciamento 
de um juiz. O objeto da aposta podia ser animais (carneiros, bois) ou dinheiro. O vencido 
pagava a aposta. Se fossem animais, esses eram sacrifi cados aos deuses; se fosse dinheiro, 
seria revertido em favor do Estado, uma espécie de antecipação do que são hoje as custas 
processuais. Esta parte ritual era seguida também nos outros tipos de ações.
 # Legis actio per judicis (arbitrive) postulationem: era uma ação específi ca utilizada 
para cobrança de dívidas oriundas de contratos verbais solenes, de partilhas de herança 
ou de bens comuns (coproprietários), sem necessidade de aposta sacramental. Fazia-
se mediante petição oral diretamente ao juiz ou árbitro e este convocava o(s) réu(s). 
Seguia-se, no mais, o ritual anterior.
 # Legis actio per conditionem: era uma ação específi ca utilizada para cobrança de 
dívidas provenientes de empréstimos de dinheiro ou de coisas determinadas. O nome 
‘conditionem’ signifi ca um aviso (conditio), notifi cação ou citação do réu diretamente 
pelo autor para que pagasse a dívida vencida ou devolvesse a coisa. Caso o réu se 
negasse, então o autor o citava para comparecer, dentro de trinta dias, ao fórum para 
ouvirem o pronunciamento do juiz. Seguia-se, no mais, o ritual anterior.
 # Legis actio per manus injectionem: era uma espécie de execução legal em caso de 
cobranças de dívidas monetárias ou de execução de decisões judiciais. A palavra 
‘injectionem’ signifi ca apoderamento do devedor pelo credor. Em épocas mais antigas, o 
devedor podia ser morto pelo credor em caso de não pagamento da dívida. O pagamento 
podia serfeito por ele próprio ou por um parente ou amigo. Posteriormente, esse rigor 
foi aliviado, podendo o credor instituir uma “servidão” sobre o corpo do devedor e 
depois vender esta servidão ‘trans Tiberim’ (do outro lado do rio Tibre, isto é, fora de 
Roma). No fi nal da República, o réu que não pagasse o débito não poderia ser morto 
nem vendido como escravo, mas seu credor poderia levá-lo para sua casa e mantê-lo 
preso até que pagasse sua dívida com trabalho.
 # Legis actio per pignoris captionem: era uma espécie de execução real, voltada para os 
bens do devedor, não para a sua pessoa física. A palavra ‘pignoris’ signifi ca penhor. Por 
esta ação, o credor, mesmo sem a presença ou a ordem do magistrado, podia apoderar-
se dos bens do devedor diretamente ou através dos publicanos e guardar consigo como 
garantia do pagamento da dívida, até a quitação do débito. Trata-se de uma prática 
comum entre os povos antigos, não apenas entre os romanos. Era um tipo de ação 
sumária que, em geral, se realizava sem a interferência do magistrado.
4 Institutas, IV, 2 - Gaio
direito romano
10
illustratiodica
Segundo os romanistas, as três primeiras ações seriam as fontes do nosso atual 
processo de conhecimento e as duas últimas, do processo de execução. Convém 
destacar ainda que as ações ‘per sacramentum’ podiam ser intentadas ‘in 
personam’, quando a discussão envolvia contratos ou serviços, ou ‘in rem’, 
quando envolviam objetos, originando-se daí as ações pessoais e as ações reais.
Este sistema ‘legis actiones’, que era dirigido preponderantemente pelos particulares, quase 
sem controle do Estado, foi caindo em desuso com o aperfeiçoamento da máquina estatal, tendo sido 
substituído pelo sistema do processo formular. Com efeito, o crescimento da máquina pública não podia 
admitir um sistema em que o magistrado fosse mero expectador, sem poder de interferir nas ações. 
Além disso, o seu excessivo formalismo e a total oralidade tornaram necessário um aprimoramento dos 
instrumentos processuais, de modo que houvesse maior controle por parte das autoridades e também 
que não se restringisse apenas aos cidadãos romanos.
NOTIO PERMAGNAimportante
O segundo tipo processual da ‘ordo judiciorum privatorum’ foi o Processo Formular. 
Iniciado com a Lei Aebutia (149 a.C.)5, foi utilizado paralelamente com o 
sistema ‘legis actiones’ até que este foi abolido pelo imperador Augusto (17 a.C.). 
Tinha algumas partes escritas, embora mantivesse ainda atos orais. Por força do 
‘jus gentium’, passou a ser adotado também por estrangeiros. Chamava-se ‘formula’ ao 
documento escrito pelo magistrado, indicando a questão que um juiz devia resolver.
5 Conforme Cretella Jr. (op. cit., pág. 300), é impossível determinar a data da Lei Aebutia, sendo certo apenas 
que entre esta e as leis Julias, do imperador Augusto, decorreram aproximadamente 100 anos.
Embora o processo formular continuasse a ter duas fases, tal como era nas ‘legis actiones’ (fase 1 - 
as partes dirigem-se ao magistrado superior; fase 2 - este designa um juiz para julgar a causa), a criação 
da fórmula signifi cou um aumento do poder do magistrado na dinâmica processual. Nesse caso, o pretor 
tem mais autonomia porque compete a ele tomar por termo o pedido e enquadrá-lo juridicamente, pois 
agora era este quem resumia os pontos da lide, que seriam submetidos ao juiz, desviando-se também 
do rigorismo das palavras rituais “verba certa” do sistema anterior. O juiz, por sua vez, pode participar 
ativamente das discussões entre as partes, deixando de ser mero expectador passivo. Isso torna o processo 
mais rápido, menos formalista e também mais justo.
illustratiodica
A primeira fase processual do Processo Formular desenvolve-se também 
perante o magistrado. Deixa de existir, porém, o aspecto da violência a ser 
empregada em caso de recusa do réu. No novo sistema, caso o réu citado pelo 
autor não compareça, o magistrado aplica-lhe uma multa. Nova recusa do réu 
configura delito, que como tal será punido pelo magistrado. As partes expõem os fatos e 
suas razões, inclusive as provas, o autor através da ‘postulatio’, e o réu pode confessar 
ou negar. Após colher os elementos necessários, o magistrado resume a questão na ‘litis 
contestatio’ e as partes concordam que um juiz resolva o litígio, fazendo uma espécie 
de contrato judiciário. A fórmula é escrita pelo magistrado, na qual ele orienta o juiz 
para o proferimento da sentença, passando-se para a segunda fase processual.
MÓDULO VI
11
No período republicano, ainda não se conheciam os recursos das sentenças, para que fossem 
submetidas a um novo julgamento em instância superior. Havia, porém, alguns procedimentos que 
correspondiam a um recurso indireto. Por exemplo, a parte perdedora podia tentar anular a sentença, 
oferecendo o dobro da condenação para o caso de ter o seu pedido recusado. No período do império foi 
instituído o recurso de apelação, o qual seria dirigido ao magistrado que escreveu a fórmula. Em caso 
de insucesso, cabia um último recurso diretamente ao imperador.
Após a sentença fi nal, não poderiam as partes litigar em juízo pelo mesmo motivo, baseado no 
princípio de que a coisa julgada tem-se por verdadeira sobre o mesmo assunto e entre as mesmas 
pessoas. Nasce o princípio jurídico da coisa julgada, que, em Roma, não é absoluto, mas relativo, 
pois não se aplica à sentença proferida pelo juiz, somente à possibilidade de nova ação, à fórmula dada 
pelo magistrado. Caso a pessoa tentasse ingressar com nova ação pelo mesmo motivo, o magistrado a 
recusaria. Contudo, a decisão proferida pelo juiz não era contemplada pelo instituto da coisa julgada, 
pois tendo sido proferida por um particular, não tinha a autoridade de decisão ofi cial. 
A execução continuava atribuída ao vencedor em caráter particular, como era no sistema das 
‘legis actiones’, porém não mais com a morte ou a escravidão do devedor. Os pretores, através do ‘jus 
honorarium’, introduziram a prática da ‘venditio bonorum’ (venda dos bens) do devedor para satisfação 
da obrigação, em vez das sanções corporais.
Com o surgimento dos recursos de apelação ao magistrado autor da fórmula 
processual, a figura do juiz ou árbitro particular foi-se tornando obsoleta, 
passando o magistrado prolator da fórmula a julgar logo a ação, em vez de 
encaminhar ao juiz. Esta prática deu origem a um novo sistema processual, 
denominado de ‘cognitio extra ordinem’ ou ‘extraordinaria cognitio’, o que 
significa o abandono da ‘ordo judiciorum privatorum’ e, com ela, a abolição dos 
dois sistemas processuais derivados dela: legis actiones e processo formular. Passa-
se, então, para a terceira fase do processo civil romano.
attendeatenção
A segunda fase se desenvolve diante do juiz. Incumbe às partes desenvolverem as provas 
apresentadas ao magistrado na fase anterior, cabendo ao autor o ônus de provar a sua 
pretensão e ao réu o direito de opor as suas exceções. As provas podem ser orais ou escritas. 
Apreciando as provas e argumentos de ambas as partes, o juiz, ao formar sua convicção, 
profere a ‘sententia’. Caso ele não consiga formar um juízo conclusivo, pode abster-se de 
julgar aquela causa, sendo substituído por outro. O julgamento é feito sempre nos termos da 
fórmula, tal como o magistrado de hoje, que deve julgar nos termos da lei. Pela sentença, o 
juiz vai realizar o terceiro princípio geral do direito romano: dar a cada um o que é seu.
direito romano
12
b) ‘Extraordinaria cognitio’
A evolução do Direito Processual romano prosseguiu, a partir do século III d.C., com a 
‘extraordinaria cognitio’ ou ‘cognitio extra ordinem’, assim denominada por não mais seguir a ‘ordo 
judiciorum privatorum’. 
As principais modifi cações trazidas foram: 
 ø Unifi cação das duas fases processuais (in jure – in judicio) e processo com 
documentos escritos;ø Juízes com formação jurídica;
 ø Possibilidade da representação processual (advocacia) e o direito de apelação 
(jus appelationis);
 ø Na prática, o Estado romano assumiu o comando do processo.
CURIOsitascuriosidade
Esta mudança processual teve início com um costume adotado pelos imperadores de 
comparecerem pessoalmente ao fórum e se colocarem à disposição dos cidadãos para julgarem 
duas demandas. Fazendo uso do seu poder sem limites, o imperador julgava sem a observância 
dos formalismos e ninguém podia contrapor-se a isso. Por vezes, o imperador também delegava este 
poder a funcionários de sua confiança, cujas decisões eram tidas como se fossem do próprio imperador. Tal 
costume terminou por romper com a ordem formalista anterior, produzindo uma nova processualística.
Isso signifi cou também a assunção da função jurisdicional pelo Estado, fato que trouxe como 
consequência a extinção da gratuidade da justiça, devendo as partes arcarem com as custas do processo, 
pagas ao Estado. Por todas essas inovações, levou o nome de ‘cognitio extraordinaria’ ou ‘cognitio 
extra ordinem’. O novo sistema rapidamente ganhou a preferência do povo romano e dos magistrados, 
primeiro nas províncias e, por fi m, em Roma. Assim, o processo vai se retirando do universo privatizado 
e passando para a esfera do publicismo, isto é, do direito público.
Outra característica dessa nova ordem processual foi a sua tramitação reservada aos interessados 
na lide, diferentemente da ordem anterior, na qual tudo era assistido por todos. O juiz passou a ter uma 
sala própria no fórum, num compartimento separado por paredes (cancellae) e vedado por uma cortina, 
que só era aberta no momento de proferir a sentença. A oralidade é substituída por documentos escritos, 
redigidos pelos auxiliares do juiz e pelos advogados.
A magistratura passou também a ter maior atenção do poder público, criando-se a hierarquia 
dos magistrados, o que possibilitou o surgimento do recurso de apelação, permitindo ao perdedor a 
possibilidade de recorrer a um outro magistrado de categoria mais elevada. 
MÓDULO VI
13
Havia três classes de magistrados: 
 # Superiores (os imperadores, os quais podiam julgar em qualquer instância, mas também 
eram a instância máxima, e os praefecti pretorii); 
 # Ordinários (os magistrados, os prefeitos de Roma e de Constantinopla e os 
governadores das províncias); 
 # Pedâneos (juízes de pequenas causas, que fi cavam na parte anterior do fórum e apreciavam 
as causas mais simples, reservando aos magistrados as causas mais complexas).
CURIOsitascuriosidade
Aperfeiçoou-se também o instituto da representação, que antes era indireta, e, a 
partir de Justiniano, surgiu a figura do ‘procurator’ ou representante para a lide, a 
quem uma pessoa confere poderes para representá-lo e agir em seu lugar. Podiam representar 
tanto o autor quanto o réu. Foi nessa época que os advogados começaram a se reunir em corporações, 
constituindo uma classe social de destaque, com maiores prerrogativas. Eles participavam também do 
rateio das custas processuais (sportulae), juntamente com os serventuários da justiça.
O processo tramitava todo perante o magistrado. O autor apresentava o seu pedido (libellus 
conventionis) e o juiz mandava fazer a citação por escrito (litis demonstratio), entregue ofi cialmente ao 
réu. A citação é feita pelo “executor”, um agente público. Embora o réu fosse obrigado a comparecer, 
a sua revelia não signifi cava perda da ação, cabendo ao autor provar o seu direito perante o juízo (‘si 
bonam causam habuerit’, isto é, que tinha uma boa causa).
Também a contestação do réu devia ser por escrito (libellus contradictionis), após dez dias. As 
partes e seus advogados faziam um juramento de boa fé perante o juiz e procediam-se aos debates e 
apresentação das provas. Realizadas as provas, era proferida a decisão fi nal (sententia), da qual era 
possível a interposição de recursos de apelação (appelatio), que podia remeter a lide até o imperador. 
Havendo apelação, a execução da sentença fi cava suspensa, até a decisão fi nal da autoridade superior.
NOTIO PERMAGNAimportante
A execução da sentença deixou de ficar a cargo do vencedor da ação, sendo 
feita por agentes da organização judiciária. Era admitido o emprego da força 
pública, caso houvesse resistência do executado, mas a execução dirigia-se aos 
bens do devedor, não mais à sua pessoa. Caso, porém, o devedor não tivesse bens para 
pagar a dívida, podia ser preso em prisão pública. Como se verifica, este avanço 
processualístico significou, na prática, um intervencionismo do Estado onde antes era 
esfera privativa dos cidadãos, ou seja, o abandono de um princípio que sempre foi muito 
caro ao ‘jus civile’, que era a não intervenção estatal nos negócios privados.
direito romano
14
A nova ordem processual sintetizou os diferentes institutos processuais utilizados nas etapas anteriores, 
integrando-os e harmonizando-os num bloco compacto. Este formato é seguido até os nossos dias na grande 
maioria dos países do mudo, sobretudo nos povos de língua neolatina. O estudo das raízes da processualística 
romana, à luz dos dados históricos, ajuda a compreender a atual teoria geral do processo, demonstrando 
novamente a importância do estudo do Direito Romano pelos estudantes do curso de Direito.
Concluímos aqui a parte temática do estudo do 
Direito Romano. Passaremos a apresentar, a seguir, 
a continuidade da influência da matriz jurídica 
romana na Europa e no Oriente Próximo mesmo 
após a queda do Império Romano, demonstrando a 
permanência de sua presença na Idade Média, bem como 
sua importância para a formação dos direitos nacionais 
dos países europeus modernos, até a sua chegada ao Brasil, 
trazido pelas mãos dos colonizadores portugueses.
viaconversando
2. DIREITO ROMANO MEDIEVAL E MODERNO
A derrota de Roma para os bárbaros, no século V, e a posterior derrota de Constantinopla para os 
turcos, no século XV, puseram fi m ao império político dos romanos, mas não à sua infl uência social e 
cultural, pois esta continuou a se manifestar forte e duradoura na Europa e nos demais territórios não 
europeus antes dominados pelos romanos. 
Os povos que venceram os romanos pelas armas sabiam muito bem o valor da cultura por eles transmitida, 
especialmente na forma da organização social, nos conhecimentos científi cos e, sobretudo, na produção 
jurídica. Os romanos haviam construído um sistema de estradas que percorria toda a Europa, parte da Ásia e 
da África, que continuou sendo utilizado ainda por muitos séculos, pelo menos até a época das navegações. A 
administração das cidades, o sistema tributário, a moeda e a língua usadas pelos romanos serviram de fontes 
subsidiárias para que os povos bárbaros, de cultura inferior, organizassem as suas sociedades e preparassem 
o advento das novas culturas que se moldavam nos antigos territórios romanos.
illustratiodica
Assim é que, desde a Idade Média até a Revolução Francesa, os modelos 
social, jurídico e político herdados dos romanos foram dominantes na Europa 
ocidental e no Mediterrâneo, sendo transferidos para o continente americano 
através das expedições colonizadoras de portugueses e espanhóis. As Leis 
Romanas Bárbaras e o monumental trabalho dos Glosadores são uma clara 
demonstração da continuidade da influência romana na área do Direito.
MÓDULO VI
15
2.1 Leis romanas bárbaras
Durante o período histórico conhecido como Idade Média, que vai da queda do Império Romano 
do Ocidente (476 d.C.) à Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, houve muitas 
transformações na Europa, intimamente associadas às invasões bárbaras, época em que o Direito 
Romano entrou em decadência no território europeu.
As invasões dos bárbaros tiveram importante influência na formação do 
regime feudal,no qual a autoridade dos reis foi aos poucos substituída pelo 
poder local dos senhores de terras. Assim, o “Direito Medieval” representou um 
retrocesso em relação ao Código de Justiniano, condensando-se em coleções orais, 
contendo o primitivo direito consuetudinário, e algumas leis escritas regulando 
as novas relações decorrentes do feudalismo, expedidas por algumas autoridades 
europeias mais esclarecidas, com vigência territorial mais restrita.
attendeatenção
Esta legislação medieval elaborada sob a infl uência dos bárbaros dividia-se em leis bárbaras 
para os romanos, leis bárbaras para os bárbaros e leis bárbaras para bárbaros e romanos. Com 
efeito, os bárbaros (os visigodos, por exemplo) editaram leis para serem aplicadas aos súditos romanos. 
Assim, a Lex Romana Visigothorum (lei romana dos visigodos) foi baixada por Alarico II, em 506, 
para ser aplicada as romanos no reino visigótico.
NOTIO PERMAGNAimportante
Tais codificações foram compiladas com aproveitamento de textos romanos diversos, 
por exemplo, dos Código Gregoriano, Hermogeniano, Teodosiano, das sentenças do 
jurisconsulto Paulo, das respostas de Papiniano e das Institutas de Gaio. Como exemplo 
de lei bárbara para os bárbaros, temos a Lex Romana Burgundiorum (Lei Romana dos 
Burgúndios ou Borguinhões), também chamada Lex Gundobalda (Lei Gundobalda), para 
reger as relações entre os Borguinhões. Exemplo de lei bárbara de aplicação geral é o Edictum 
Theodorici (Edito de Teodorico) aplicável aos godos e aos romanos.
Ressalte-se que, nessa época, por causa da expansão do Cristianismo no território europeu, havia 
ainda grande infl uência das leis canônicas da Igreja Romana (Corpus Juris Canonici). Convém destacar 
que essas leis canônicas tinham sido elaboradas ainda na época do Império Romano e eram totalmente 
compatíveis com as leis civis romanas, de tal maneira que o uso da legislação canônica correspondia, 
indiretamente, ao uso das normas romanas nela contidas.
Acrescentem-se ainda a Lex Salica (Lei Sálica), que, para muitos juristas, tem origem céltica; 
a Lei dos Francos Ripuários, geralmente aceita como tendo sido escrita por ordem de Teodorico II 
e mais conhecida por Lex Ripuaria ou Ripuariorum; a Lex Francorum Chamavorum (Lei dos 
direito romano
16
Francos Camavos); o Pactus, mais tarde chamado de Lex Alammanorum (Lei dos Alamanos); o 
Fuero Juzgo (ou o Breviarium Alericianum), denominação sob a qual foi aplicada na Espanha a 
Lex Romana Visigothorum. 
illustratiodica
As Leis Romanas Bárbaras marcaram o início das legislações 
próprias das nações europeias, ainda em fase de formação 
política. Algumas regiões da Europa, nessa época, sofriam com 
as invasões dos mouros (muçulmanos), sobretudo na Península 
Ibérica, dificultando a organização política desses povos. Com a 
gradual consolidação dos estados europeus modernos, essas leis, assim 
como o trabalho interpretativo dos Glosadores, foram fundamentais 
para o desenvolvimento do Direito europeu moderno.
A partir do século X, com a criação das Universidades europeias e com a instalação dos primeiros 
cursos jurídicos, essas correntes jurídicas romana, bárbara e canônica combinaram-se para formar o chamado 
“jus commune”, base jurídica comum de onde emergiu mais tarde o Direito das Nações modernas. Os 
Glosadores ajudaram a resgatar também o Código de Justiniano, que passou a denominar-se Corpus Juris 
Civilis, contribuindo ainda para o início da ciência jurídica moderna, com suas glosas e seus comentários.
2.2 Glosadores e pós-glosadores
CURIOsitascuriosidade
A retomada do estudo do Direito Romano na Europa foi obra dos monges do 
mosteiro de Bolonha, na Itália, no século X. Devido à grande quantidade 
e variedade das leis vigentes no território europeu, esses monges passaram a 
estudar o Digesto do Código de Justiniano, fazendo a sua adaptação às novas 
condições sociais e políticas da Europa medieval, através de análises do texto latino 
escrito nas entrelinhas ou nas margens das páginas. Esses breves comentários eram 
chamados de “glosas”, surgindo daí o título de Glosadores a eles atribuído.
Este trabalho foi iniciado com o monge Irnério que, após encontrar parte dos manuscritos do 
Digesto, em uma biblioteca de Pisa, criou em Bolonha, no século XII, uma Escola com a fi nalidade de 
atualizar os ensinamentos de Justiniano e aplicá-los na prática. Isso correspondeu à primeira Escola de 
Direito criada na Europa, após aquelas existentes na Roma antiga. Irnério procurava atualizar o texto do 
Código de Justiniano, adaptando-o aos costumes da época e às normas canônicas, criando um grupo de 
especialistas em Direito, dentre os quais se destacou outro monge, Acúrsio, que escreveu a obra Magna 
Glosa, na qual comenta todo o livro do Digesto. Este livro serviu como referência para os estudantes 
de Direito da Europa durante vários séculos, sendo conhecido também fora da Itália, em Paris, Oxford, 
Valência, Salamanca, Lisboa e Coimbra. 
MÓDULO VI
17
Sucedendo os Glosadores, surgiram no século XIII os Pós-Glosadores ou Comentadores os 
quais deram sequência ao trabalho daqueles na Escola de Bolonha e se tornaram o centro de referência 
do estudo do Direito na Europa. Este novo grupo começou com Cino de Pistoia, mas o mais famoso 
comentador foi o monge italiano Bártolo de Sassoferrato, também professor da Escola de Bolonha.
NOTIO PERMAGNAimportante
Bártolo criticava o método tradicional dos glosadores, que ele considerava muito 
formal e analítico, propondo em vez disso que se fizessem estudos mais completos, com 
o desenvolvimento de temas em longos comentários, relacionando o Direito Romano 
com o Direito Canônico e os demais direitos regionais. Utilizava, para tanto, do método 
escolástico adotado nas Universidades medievais para o estudo da filosofia e da teologia, por 
influência de Santo Tomás de Aquino. Aos poucos, os estudos de Bártolo passaram a ocupar o 
lugar de destaque da antiga Magna Glosa, de Acúrsio, transformando-se na metodologia do 
estudo do Direito que se tornou padrão na Europa, até a Revolução Francesa.
Desse modo, em vários países europeus, como na Alemanha, na França, na Espanha 
e em Portugal, ocorreu a recepção do Direito Romano, que passou por um processo de 
adaptação e vigorou como direito ordinário até o surgimento das codificações modernas. O 
Direito Romano passou a ser considerado como uma espécie de “direito comum” a todos os 
povos europeus, suprindo ou mesmo substituindo os costumes e normas locais, ganhando 
status de norma geral em todo o continente. Em Portugal, por exemplo, as conhecidas 
Ordenações Portuguesas são fruto da organização jurídica do Direito Português, a partir 
dos costumes lusitanos, dos estudos dos Glosadores e Pós-Glosadores e das normas canônicas.
Apesar de não serem especialistas em Direito, uma vez que o seu objeto próprio de estudo era 
a fi losofi a e a teologia, as escolas de Bolonha (Glosadores e Pós-Glosadores) são consideradas as 
percussoras da ciência jurídica moderna, por haverem transformado o Direito em uma matéria de estudo 
das Universidades, o que antes não existia. A infl uência sobretudo de Bártolo na Europa foi de tamanha 
importância que se afi rmava naquela época: “ninguém é jurista se não for bartolista”. Em Portugal, foi 
necessária uma ação enérgica do governo, através de uma lei aprovada pelo Marquês de Pombal, em 
1769, então primeiro-ministro nacional, proibindo a utilização dos comentários de Bártolo, que eram 
mais conceituados pelos profi ssionais do Direito do que as próprias Ordenações do reino.
2.3 Ordenações portuguesas e Direito brasileiro
No século XIII, após a expulsão dos mouros da Península Ibérica, Portugal começou a se organizar 
como estado autônomo e independente. Esta organização política trouxe a necessidade de uma reformulação 
do seu direito, que aindaestava ligado ao antigo sistema feudal, apenas modifi cado pela infl uência da Lex 
Romana Visigothorum, trazida para lá cerca de um século antes. Nessa época, encontrava-se em pleno apogeu 
a Escola de Bolonha, que formava juristas de todas as nacionalidades europeias. O governo português viu 
neste fato uma resposta para os seus problemas jurídicos e assim contratou juristas Pós-Glosadores oriundos 
de Bolonha como conselheiros para promoverem a atualização jurídica dos bacharéis lusitanos.
direito romano
18
illustratiodica
Foi assim que se deu a recepção do Direito Romano em Portugal, durante o 
reinado de D. Diniz, o responsável pela organização política portuguesa. Aos 
poucos, o Direito trazido pelos bolonheses foi substituindo aos velhos costumes 
portugueses, tendo sido introduzido como matéria nova no curso de Direito da 
Universidade de Lisboa, fundada em 1290, onde o Direito Romano passou a ser estudado 
ao lado do Direito Canônico. Ação semelhante também se verificou na Universidade 
de Coimbra, onde foi criada uma cátedra específica para o estudo do Direito Romano.
A consolidação dessa nova matriz jurídica trazida pelos estudiosos de Bolonha foi fundamental 
para o surgimento das Ordenações Portuguesas, cuja primeira edição foi publicada alguns anos depois, 
em 1446, pelo Rei Afonso V, sendo denominadas por isso de Ordenações Afonsinas. Estas continham 
todas as leis, regras e normas tradicionais, adaptadas e reorganizadas de acordo com os princípios do 
Direito Canônico e segundo os novos ensinamentos dos Pós-Glosadores. A doutrina destes passou a ser 
reconhecida ofi cialmente como fonte subsidiária do Direito Português.
Mantendo as mesmas linhas gerais, as Ordenações Afonsinas foram reformuladas pelo rei D. 
Manuel, em 1521, transformando-se nas Ordenações Manuelinas. Alguns anos mais tarde, em 1603, 
foi a vez do rei D. Felipe fazer novas atualizações dessas normas, que passaram a ser chamadas de 
Ordenações Filipinas. Este foi o Direito Português trazido para as terras brasileiras. Por ocasião do 
descobrimento do Brasil, em 1500, ainda estavam em vigor as Ordenações Afonsinas. Porém, quando 
começou efetivamente a colonização portuguesa no Brasil, com a criação das Capitanias Hereditárias, 
em 1533, já estavam em vigor as Ordenações Manuelinas.
Por fi m, ante o fracasso das Capitanias, o governo português criou a primeira organização 
propriamente estatal em terras brasileiras, através do sistema de Governos Gerais, tendo sido Tomé 
de Sousa o primeiro Governador Geral. Este recebeu delegação do rei de Portugal para implantar no 
Brasil a primeira máquina estatal, que passou a funcionar através da criação de Câmaras Municipais, da 
nomeação de Juízes de Direito, da instalação de Coletorias Fiscais para arrecadação de impostos, dos 
ouvidores e fi scais da Coroa. Tudo isso foi realizado sob o comando das Ordenações Manuelinas, que 
passaram a vigorar no Brasil e em Portugal. Portanto, o primeiro estatuto jurídico que prevaleceu em 
terras brasileiras foram estas ordenações.
Concluímos, assim, que o ordenamento jurídico brasileiro tem as mesmas origens 
e características do Direito Romano contidas no Direito Português, podendo-se 
afirmar que a própria Lex Romana Visigothorum vigorou no Brasil, de forma 
indireta, através das Ordenações Portuguesas. O nosso Direito tem, pois, uma linha 
de influência direta do Direito Romano, com a interpretação dada pelos
indireta, através das Ordenações Portuguesas. O nosso Direito tem, pois, uma linha 
COMMENTARIuscomentário
MÓDULO VI
19
Em relação ao Código Civil de 1916, projeto elaborado por Clóvis Beviláqua, que era grande 
admirador do Direito Romano, dos seus 1.807 artigos, cerca de 1400 são provenientes, de forma direta ou 
indireta, das disposições jurídicas contidas no Digesto de Justiniano. É importante lembrar que o Brasil teve 
a sua primeira Constituição aprovada ainda no tempo do Império, por D. Pedro I, em 1824. No entanto, o 
nosso Direito Civil continuou seguindo as regras das Ordenações Filipinas, completadas subsidiariamente 
com as regras do Direito Canônico, sobretudo na parte referente ao direito matrimonial e patrimonial.
NOTIO PERMAGNAimportante
É óbvio que, após a independência, o Direito brasileiro foi cada vez mais adquirindo 
características próprias, fruto das necessidades sociais específicas do nosso povo e com 
a influência da formação recebida por juristas brasileiros em outras Universidades 
europeias, sobretudo na França, que se tornou o centro de referência cultural do 
mundo, a partir do século XIX. No entanto, isso não eliminou as raízes romanas do Direito 
brasileiro, que persistem até hoje. O novo Código Civil de 2002, que alterou em parte o anterior 
de 1916, introduziu diversos comandos atualizados no perfil do nosso Direito, sem no entanto 
descaracterizar a matriz romanista, que é a sua marca mais profunda.
2.4 O Direito Romano e o Corpus Juris Civilis
Quando se fala hoje em Direito Romano, a primeira referência bibliográfi ca histórica acerca do 
tema é o Corpus Juris Civilis. Merece, portanto, uma breve explicação esse compêndio clássico.
Conforme exposto acima, os Glosadores e Pós-Glosadores foram os responsáveis pela retomada do 
Direito Romano clássico na Europa, a partir do século X, com os estudos sobre o Digesto de Justiniano. 
Depois foi estabelecida a Escola de Bolonha e, em decorrência, várias gerações de juristas europeus 
foram formadas tendo como base de seus estudos o Direito Romano.
Todavia, conforme também já exposto antes, o Digesto era apenas 
uma das partes do Código de Justiniano, ao lado do próprio 
Código, das Institutas e das Novellas. Os Glosadores italianos 
não utilizavam como base de seus estudos o Código de Justiniano 
completo, talvez até porque não dispusessem de todo o seu conteúdo. 
As glosas se referem, portanto, ao conteúdo do Digesto.
attendeatenção
Glosadores e Pós-Glosadores de Bolonha. Toda a estrutura do Direito Civil brasileiro provém 
dos princípios, das classificações, dos métodos e ritos processuais herdados do Direito Romano. 
Basta nos lembrarmos de que as Ordenações Filipinas tiveram vigor em terras brasileiras até a 
aprovação do nosso Código Civil de 1916, quando já tinham sido revogadas em Portugal.
direito romano
20
No século XVI, os romanistas franceses começaram um trabalho de busca em diversas bibliotecas 
antigas, tanto na Europa como no Oriente próximo quanto na região de Constantinopla e no norte da 
África, na tentativa de reaver os demais textos e assim recompor o compêndio completo do Direito 
Justinianeu. Tal objetivo foi alcançado no fi nal do século XVI, quando Dionísio Godofredo publicou, em 
1583, quatro volumes contendo o Códex, o Digesto ou Pandectas, as Institutas e as Novellas, reunindo-
os sob o título de Corpus Juris Civilis. Este passou a ser, a partir de então, o nome de referência para 
identifi cação do antigo Código de Justiniano.
O nome Corpus Juris Civilis foi escolhido por analogia com o direito canônico da Igreja Católica, 
que não era, na época, um único código, mas um conjunto legislativo de várias épocas históricas, reunidas 
sob o título de Corpus Juris Canonici. Como se tratava de um compêndio legislativo que era adotado pelos 
Glosadores e Pós-Glosadores como fonte subsidiária do Direito por eles ensinado, Dionísio Godofredo 
optou por utilizar um título assemelhado, substituindo a palavra fi nal Canonici por Civilis.
2.5 Conclusão: a presença do Direito Romano no Direito brasileiro 
Com essas informações complementares, concluímos o nosso curso de Direito Romano. O propósito 
deste estudo, conforme destacado desde o início, foi mostrar a atualidade do Direito Romano e a sua 
importância na formação jurídica dos profi ssionais do Direito da atualidade. Ao mesmo tempo, procurou-
se apresentaruma visão histórica da evolução da ciência do Direito, tomando como fi o condutor a presença 
e a utilização dos princípios, conceitos, teorias e procedimentos criados pelos romanos, nas diferentes 
épocas e nas múltiplas sociedades que se instalaram na Europa, após o fi m do Império Romano.
O que se pode agora destacar, à guisa de conclusão, é a forte infl uência dos Glosadores e Pós-
Glosadores na formação do nosso Direito, tanto europeu quanto brasileiro. Quando nós afi rmamos que o 
Direito brasileiro provém das fontes do Direito Romano, agora podemos entender que isso não se refere à 
fontes clássicas do Direito tal qual era praticado em Roma, mas se refere à interpretação que foi dada ao 
Direito Romano pelos professores de Bolonha, responsáveis pela formação dos juristas europeus e pela 
criação da base jurídica comum, que serviu de inspiração para os Direitos nacionais dos países da Europa.
Qual a principal diferença, então, entre o Direito Romano original de Roma 
e aquele trabalhado e ensinado pelos Glosadores e Pós-Glosadores medievais? 
Esta diferença está na metodologia do seu estudo e na técnica de sua aplicação. 
Enquanto o Direito em Roma era totalmente casuístico, ou seja, desenvolvia-se caso 
a caso, dando aos pretores romanos total liberdade e autoridade para encontrar a
melhor solução jurídica para cada caso, os professores de Bolonha criaram uma
COMMENTARIuscomentário
 
MÓDULO VI
21
Enquanto os pretores romanos sempre analisavam e decidiam diante de casos concretos, não se 
preocupando em desenvolver conceitos ou teorias jurídicas, os Glosadores e Pós-Glosadores deixaram de 
lado os casos concretos e passaram a realizar comentários sobre princípios gerais, aplicáveis a diversos 
casos. Desse modo, os professores de Bolonha introduziram no Direito as teorias da lógica pura medieval 
e esse foi o principal componente inovador trazido pelo Direito Romano medieval, o qual contribuiu para 
o excesso de formalismo que marca o Direito moderno, abrindo caminho para o positivismo jurídico.
Conforme visto no decorrer do estudo, o Direito Romano arcaico e quiritário era essencialmente 
formalista, mas, aos poucos e por infl uência do ‘jus honorarium’, que era o poder jurisdicional dos pretores, 
e com a criação dos ‘jus gentium’, que era o Direito Romano fl exibilizado para ser aplicados aos estrangeiros, 
houve uma superação daquele formalismo inicial, chegando-se a formulações e práticas jurídicas dinâmicas, 
constantemente atualizadas pela experiência e pela competência dos magistrados romanos, na solução das 
novas lides que apareciam com frequência, fruto do rápido crescimento da metrópole romana.
Embora sem deixar de reconhecer a importância contributiva do trabalho dos Glosadores e 
Pós-Glosadores medievais para a criação do Direito moderno, devemos, porém, compreender que a 
sua produção jurídica resultou no retorno do excessivo formalismo ao Direito, fato que já havia sido 
superado desde os tempos do Direito Romano pós-clássico. Isso, porém, não foi uma atitude proposital 
dos monges de Bolonha, mas resultado da própria circunstância em que se encontravam. Com efeito, 
naqueles tempos medievais, onde predominavam a fi losofi a e a teologia escolásticas, ambas marcadas 
por excessiva argumentação baseada na lógica formal e pela utilização de conceitos gerais abstratos, essa 
metodologia de estudo fi losófi co e teológico teve um peso considerável nos estudos e nos ensinamentos 
dos monges, que eram fi lósofos e teólogos de formação, e apenas ocasionalmente estudiosos do Direito.
Podemos verifi car esta diferença sobre o modo autenticamente romano de compreender o Direito e 
o modo reinterpretado pelos professores bolonheses quando confrontamos o nosso sistema jurídico com o 
sistema da ‘common law’, dominante na Inglaterra e, a partir dela, nos países sob sua infl uência cultural. A 
Inglaterra, talvez pelo fato de ser uma ilha, veio a receber pouca infl uência cultural jurídica dos Glosadores 
e Pós-Glosadores de Bolonha, não se alinhando ao ‘jus commune’ europeu, mas mantendo a utilização do 
sistema jurídico tradicional, com base no direito jurisprudencial e na equidade. Se considerarmos a atuação 
dos pretores romanos, conforme foi apresentado no decorrer deste curso, verifi ca-se que o Direito inglês 
está mais próximo das matrizes romanas históricas do que os sistemas jurídicos da ‘civil law’, os quais são 
baseados no direito legislativo, como é o caso do Brasil e da maioria dos países ocidentais.
tipologia do direito baseada em princípios gerais retirados dos ensinamentos dos romanos. A ideia de 
transformar os ensinamentos jurídicos do Digesto em princípios foi importante para a criação da 
ciência jurídica moderna, mas, por outro lado, introduziu uma nova vertente de produção jurídica, 
que é o estudo jurídico “em tese”, ou seja, separado do caso concreto, desconhecido pelos antigos romanos.
direito romano
22
Nessa linha de raciocínio, podemos concluir que o Direito Romano é também fonte do direito 
jurisprudencial inglês da ‘common law’, seja pelo fato de ter havido uma insignifi cante infl uência dos 
ensinamentos dos professores bolonheses no território inglês, permanecendo os modelos jurídicos 
romanos clássicos, seja porque os refl exos da Revolução Francesa foram também de pouca monta na 
sociedade inglesa. Essas informações vêm complementar o nosso estudo sobre a importância do Direito 
Romano, demonstrando a sua presença mesmo em um sistema jurídico que, aparentemente, lhe é oposto.
Por fim, esperamos que o estudo, que ora encerramos, tenha 
contribuído de forma significativa para a formação profissional 
dos nossos alunos e alunas, além de haver despertado em todos o 
interesse pela continuidade do estudo do Direito Romano. viaconversando
REFERRereferências
bibliográfi cas
ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. 
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Romano. 29ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
LUIZ, Antônio Filardi. Curso de Direito Romano. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
MARKY, Thomas. Curso Elementar de Direito Romano. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995. 
PESSOA, Eduardo. História do Direito Romano. São Paulo: Habeas Editora, 2001.
RICCOBONO, Salvatore. Roma: Madre de las Leyes. Buenos Aires: Depalma Ediciones, 1975.
TABOSA, Agerson. Direito Romano. 2ª ed. Fortaleza: Editora FA7, 2003.
23
QUESTÕES
para revisão e aprofundamento
1. Na perspectiva histórica evolutiva, o que signifi ca o Processo Civil Romano?
2. O que signifi ca a característica casuística do sistema jurídico romano?
3. Explique o conceito da ‘actio’ romana.
4. O que signifi cam as ‘actiones in personam’ e as ‘actiones in rem’?
5. Quem podia ser parte (autor ou réu) no Processo Civil Romano? Por que?
6. Explique como ocorria o sistema da representação processual em Roma.
7. Qual a compreensão do conceito de “magistrado” em Roma? Como se distinguia do juiz?
8. O que signifi cam os conceitos de ‘jurisdictio’ e de ‘coercitio’?
9. Quais as palavras formulares obrigatórias para o exercício da jurisdição?
10. Além dos magistrados, quais eram os outros órgãos julgadores existentes em Roma?
11. O sistema processual romano mais antigo é a ‘ordo judiciorum privatorum’. Qual a relação 
deste com o ‘jus quiritarium’?
12. O que eram as palavras rituais ou “verba certa” no sistema processual mais antigo?
13. Explique as fases processuais do sistema das “legis actiones”.
14. O que é o ‘sacramentum’ e qual a sua função no processo civil romano antigo?
15. O que representava a ‘conditio’ na ação ‘per conditionem’?
16. Qual o signifi cado e o resultado prático da ‘manus injectionem’?
17. O que signifi ca a ‘pignoris captionem’?
18. Por que o sistema das ‘legis actiones’ foi substituído pelo processo formular?
19. O processo formularseguia o ‘jus gentium’. Qual a principal consequência prática disso?
20. Qual a principal mudança processual introduzida pelo uso da fórmula?
direito romano
24
21. De que modo o processo formular infl uenciou na conduta do juiz?
22. Qual a mudança trazida pelo processo formular acerca da citação do réu?
23. O que estava contido na ‘litis contestatio’?
24. Havia obrigatoriedade para o juiz de julgar e de seguir a fórmula?
25. De que modo funcionava o sistema de recursos na era republicana?
26. Por que o conceito da “coisa julgada” era relativa, no processo civil romano?
27. De que modo o ‘jus honorarium’ alterou o sistema de execução de sentenças judiciais?
28. Em termos conceituais, o que signifi cou a criação do sistema da ‘cognitio extra ordinem’?
29. Quais as principais modifi cações trazidas com o novo sistema processual extraordinário?
30. O processo extraordinário acarretou a publicização do Direito processual romano. 
Explique.
31. Explique a evolução da magistratura romana, após o processo extraordinário.
32. De que modo também foi alterado o sistema da representação processual?
33. A revelia do réu acarretava a sua condenação nos termos pedidos pelo autor? Justifi que.
34. De que modo a execução da sentença também mudou no processo extraordinário?
35. Qual a repercussão do processo extraordinário romano no processo civil contemporâneo?
36. Por que a derrota militar dos romanos não ocasionou o abandono do seu sistema jurídico 
e social?
37. Como surgiram e quais eram as leis romanas bárbaras?
38. De que modo as leis canônicas foram aproveitadas no direito medieval?
39. Qual a importâncias das leis bárbaras e canônicas para os países europeus?
40. O que é o ‘jus commune’ europeu?
41. Quem eram os Glosadores e por que tinham esse nome?
42. Qual a importância dos trabalhos de Irnério e de Acúrsio?
25
43. Qual a inovação jurídica trazida pelos Pós-Glosadores?
44. Qual a grande contribuição de Bártolo de Sassoferrato?
45. Que relação existe entre os monges de Bolonha e as Ordenações Portuguesas?
46. Por que se diz que os Glosadores e Pós-Glosadores são os criadores da ciência jurídica 
moderna?
47. Qual a importância do trabalho de D. Diniz para a recepção do Direito Romano em 
Portugal?
48. Em que circunstâncias o Direito português, contido nas Ordenações, foi introduzido em 
terras brasileiras?
49. Como se pode observar a infl uência indireta das leis romanas bárbaras e do ensinamento 
dos Glosadores e Pós-Glosadores no Direito Brasileiro?
50. Em que aspecto o projeto do Código Civil Brasileiro de 1916, da autoria de Clóvis 
Beviláqua, foi infl uenciado pelo Direito Romano?
51. Por que razão podemos afi rmar que a reforma do Código Civil Brasileiro, em 2002, não 
alterou substancialmente a matriz romanista do nosso Direito Civil?
52. Qual a principal diferença entre o Direito Romano original de Roma e a interpretação 
dada pelos juristas medievais e que infl uiu nos Direitos dos países modernos?
QUESTõES
2626
Núcleo de Educação a Distância
O assunto estudado por você nessa disciplina foi planejado 
pelo professor conteudista, que é o responsável pela produção de 
conteúdo didático. E foi desenvolvido e implementado por uma 
equipe composta por profissionais de diversas áreas, com o objetivo 
de apoiar e facilitar o processo ensino-aprendizagem.
Projeto Instrucional
Jackson de Moura Oliveira
Roteiro de Áudio e Vídeo
José Moreira de Sousa
Produção de Áudio e Vídeo
Natália Magalhães Rodrigues
Identidade Visual
Viviane Cláudia Paiva
Arte
João José Barros Marreiro
Sérgio Oliveira Eugênio de Souza
Programação
Antônia Suyanne Lopes Alves
Implementação
Jorge Augusto Fortes Moura
Animação
Francisco Kaléo Mendes Liberato
Editoração
Régis da Silva Pereira
Sávio Félix Mota
Revisão Gramatical
Luís Carlos de Oliveira Sousa
Coordenação Geral
Mateus Mosca Viana
Supervisão Administrativa
Graziella Batista de Moura
Assessoria Pedagógica
Xênia Diógenes Benfatti
Professor conteudista
Antonio Carlos Machado
CRÉDITOS
quem faz
27
ANOTAÇÕES

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