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108.Corrupção ativa

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CORRUPÇÃO ATIVA 
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108.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS 
DO CRIME 
A corrupção ativa está assim definida no art. 333 do Código Penal: “oferecer ou 
prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir 
ou retardar ato de ofício”. A pena: reclusão, de dois a doze anos, e multa, conforme 
redação dada pela Lei nº 10.763, de 12 de novembro de 2003. 
O bem jurídico protegido é a Administração Pública, seu prestígio, sua credibilidade, 
seu normal e regular funcionamento através dos seus agentes. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa, inclusive quem seja funcionário público. Sujeito 
passivo é o Estado. 
 
108.2 TIPICIDADE 
O caput do art. 333 descreve o tipo básico e o parágrafo único contém uma causa de 
aumento de pena. 
 
108.2.1 Conduta e elementos do tipo 
São duas as condutas incriminadas: oferecer ou prometer vantagem. Oferecer é ofertar, é 
colocar à disposição. Prometer é comprometer-se, obrigar-se a dar. Realiza-se por qualquer 
meio, verbal, escrito e até gestual. Pode ser realizada diretamente pelo agente ao funcionário 
ou por interposta pessoa que, então, participa do crime. 
O agente, espontaneamente, oferece ou promete dar ao funcionário público uma 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
vantagem a que esse não tem direito, isto é, indevida. A vantagem pode ser econômica ou 
de qualquer outra natureza, moral inclusive. 
Há crime independentemente da atitude do funcionário, que pode aceitá-la – 
cometendo o crime de corrupção passiva – ou rejeitá-la. Se, entretanto, é o funcionário que 
exige a vantagem e o particular cede, não estará cometendo corrupção ativa mas é vítima 
do delito de concussão (art. 316). Penso que também quando o funcionário solicita a 
vantagem e o particular apenas atende ao pedido, somente aquele comete o crime de 
corrupção passiva (art. 317). 
O oferecimento ou a promessa da vantagem visa a que o funcionário pratique, omita ou 
retarde a prática de um ato de ofício. Desse modo, deve o funcionário ser o competente para 
praticar, omitir ou retardar o ato de ofício. É de ver, ainda, que não pode haver delito quando 
o agente oferece ou promete vantagem para determinar o funcionário a não praticar – omitir 
– ou retardar a prática de um ato ilegal. 
É crime doloso. O agente tem consciência de que está oferecendo uma vantagem 
indevida – ilícita – para um funcionário público, presente, ainda, o elemento subjetivo: 
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar o ato de ofício. Age com livre vontade, sem 
outro fim. 
 
108.2.2 Consumação e tentativa 
Consuma-se no instante em que o agente oferece ou promete a vantagem e o 
funcionário toma conhecimento, independentemente de aceitá-la ou de praticar, omitir ou 
retardar o fato. O crime é formal, de resultado cortado. A tentativa ocorrerá se, por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, não chegar ao conhecimento do funcionário. 
 
108.2.3 Aumento de pena 
O parágrafo único do art. 333 determina o aumento da pena, em um terço se, em 
razão da vantagem ou da promessa, o funcionário efetivamente retardar ou omitir o ato de 
ofício ou praticá-lo com infração de dever funcional. Não incidirá o aumento se, por causa 
da promessa, o funcionário praticar o ato de acordo com as normas incidentes, mas apenas 
quando o fizer ilegalmente. 
Corrupção Ativa - 3 
 
108.2.4 Conflito aparente de normas 
Se a vantagem é oferecida à testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete para 
fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou 
interpretação, o delito será o tipificado no art. 343 do Código Penal. 
 
108.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, permitida a suspensão 
condicional do processo penal apenas em relação ao delito sem aumento de pena.

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