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Aula nº 2 História do Pensamento Contábil

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1 
 
UNIRP - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO 
Curso de Ciências Contábeis 
Iniciação à Contabilidade I 
Prof. MSC. Walter Mazzotti Filho 
Prof. Marcos Antonio do Prado 
Aula nº 2 
História do Pensamento Contábil 
 
 
“Se enxerguei longe, foi porque subi no ombro de gigantes” disse Isaac Newton), 
referindo-se a todos os outros grandes físicos e matemáticos que trabalharam em prol da 
ciência antes dele. O mesmo aconteceu com Frei Luca Pacciolli, quando escreveu “Summa de 
arithmetica, geometria et proportioni et proportionalita - Tractatus Particularis de Cumputis et 
Scripturis “ e tornou-se o primeiro a sistematizar e publicar o processo das Partidas 
Dobradas. 
O estudo do pensamento contábil é necessário, pois reflete as ideias, as opiniões 
e reflexões dos contabilistas vividos em cada época com o objetivo de gerar informações para 
a tomada de decisão. O conhecimento de estudos e tratados históricos nos permite subir nos 
ombros dos principais pensadores das Ciências Contábeis e enxergar mais longe. 
 
O início da Contabilidade 
 A Contabilidade nasceu, espontaneamente, com os agrupamentos humanos e o 
seu desenvolvimento está intimamente ligado ao progresso da sociedade. A história da 
Humanidade está repleta de inscrições atestando essa preocupação dos povos, independente 
de sua localização geográfica. No Egito (3.600 a 5.600 a.C.), muitos anos antes dos gregos e 
romanos, já escrituravam as entradas e saídas de ouro do tesouro dos faraós. Na Grécia (429 
a 495 a.C.), a administração pública já mantinha cuidadosa escrituração de suas rendas e 
despesas. Os romanos (27 a.C. a 476 d.C.), seguindo o exemplo dos gregos, foram excelentes 
organizadores. 
Na conquista do Peru e México, pelos espanhóis, do outro lado do mundo, os 
registros de controle dos bens também foram encontrados, provando, assim, o desejo e a 
necessidade de controlar ou contabilizar os bens econômicos sempre foi objetivo dos povos. 
A partir do final do Império Romano até o século XIII, final da Idade Média, os 
registros dos fatos econômicos foram abrandados e consequentemente a Contabilidade não 
evoluiu. 
O primeiro grande surto de desenvolvimento da Contabilidade, data do início do 
século XIII, quando em 1202, Leonardo Fibonnacci, um negociante bizantino, trouxe da Índia 
as regras da aritmética e publicou um compêndio sobre cálculo comercial – “Liber Abaci” - 
considerado um marco entre a era da Contabilidade Antiga e a era da Contabilidade Moderna. 
A partir de Fibonnacci, a Contabilidade contribuiu poderosamente para as constantes 
transformações do mundo econômico. 
2 
 
 
3 
 
O Renascimento e Frei Luca Pacciolli 
O Renascimento, período da história européia, caracterizada por um renovado 
interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. Começou na 
Itália, no século XIV e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI, 
transformando a sociedade feudal da Idade Média em uma sociedade dominada por 
instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e mercantil, período em que 
floresceu o mecenato da educação, das artes e da música. 
O Renascimento foi uma época de descobertas. Colombo içou as velas e 
descobriu as Américas; pouco depois, Copérnico revolucionou a visão da humanidade em 
relação ao próprio firmamento. 
No campo da tecnologia, a invenção da imprensa revolucionou a difusão dos 
conhecimentos, e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 e 
1550. 
No campo do direito, procurou-se substituir o abstrato método dialético dos juristas 
medievais por uma interpretação filológica e histórica das fontes do direito romano. Os 
renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. 
Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a 
manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos. 
Foi nesse ambiente macroeconômico e social, primeiro surto da globalização, que 
o matemático e acadêmico italiano Frei Luca Pacciolli (1445 a 1514) incluiu em sua famosa 
obra "Summa de arithmetica, geometria et proportioni et proportionalita" (as obras acadêmicas 
mais sérias ainda eram escritas em latim), uma parte denominada "Tractatus Particularis de 
Cumputis et Scripturis" com a qual se tornou o primeiro grande expositor das partidas 
dobradas. 
Embora não fosse inventada por Pacciolli, as “Partidas Dobradas” recebeu o 
mais extenso tratamento até então. A noção de Contabilidade por partidas dobradas já se 
esboçara no Liher abaci, de Fibonacci, e aparecera em um livro publicado em torno de 1305, 
pela filial londrina de uma empresa italiana. Qualquer que tenha sido a sua origem, essa 
inovação revolucionária nos métodos contábeis teve importantes consequências econômicas, 
só comparáveis à descoberta da máquina a vapor trezentos anos depois. 
As observações de Luca Pacciolli são relevantes e atuais quanto o foi há mais de 
500 anos. (HENDRIKSEN, 1999) transcreve parte dos escritos de Luca Pacciolli que descreve 
o que fazer após a confecção de um balancete, deve sempre que possível ser divulgado em 
função de sua clareza e objetividade. Escreveu Pacciolli: 
Para que tudo fique mais claro no encerramento mencionado, é 
necessário que faça esta outra comparação, a saber, somar numa 
folha de papel todos os débitos de Razão e colocá-los do lado 
esquerdo, e somar todos os créditos e colocá-los do lado direito, e 
depois estas últimas somas serão ressomadas; uma das somas será 
o total dos débitos, e a outra será o total dos créditos. Agora, se as 
4 
 
duas somas forem iguais, ou seja, uma for igual à outra, ou seja, as 
somas dos débitos e dos créditos, sua conclusão será a de que seu 
Razão terá sido bem mantido; mas, se uma das somas for maior do 
que outra, terá havido um erro no seu Razão o qual, com diligência, 
será melhor que o encontre com a inteligência que Deus lhe deu, e 
com os recursos de raciocínio que tiver adquirido, e que são muito 
necessários para o bom comerciante; caso contrário, não sendo um 
bom contador em seus negócios, andará como um cego, e muitas 
perdas poderão surgir. 
 
 O escrito de Luca Pacciolli mostra-se atual e importante para os profissionais da 
Contabilidade no Brasil, principalmente o fato de que, no nosso país, a escrituração fiscal, 
cresceu em importância em detrimento da Contabilidade como geradora de informações para a 
tomada de decisão. 
 
Comentário 
Você percebe quanto o comentário de Luca Pacciolli é importante para os profissionais 
da Contabilidade no Brasil? 
Esta importância se deve principalmente ao fato de que, no nosso país, a escrituração 
fiscal cresceu em importância em detrimento da Contabilidade como geradora de informações 
para a tomada de decisão. 
E na Europa, qual teria sido a repercussão da publicação de Luca Pacciolli? 
Continue lendo o texto para descobrir. 
 
As Escolas de Contabilidade Européia 
A publicação de Luca Pacciolli desobstruiu o caminho da arte da escrituração para 
a ciência da informação dos negócios. Muitos foram os seguidores do grande mestre. Surgiram 
várias escolas do pensamento contábil, tentando explicar a razão de ser da Contabilidade e 
procurando caracterizar seu objeto e fins, tais como: Contismo, Personalismo, Controlismo, 
Reditualismo, Aziendalismo e Patrimonialismo. 
O Contismo considerava a Contabilidade como ciência das contas e foi a primeira 
escola de pensamento contábil. Seus líderes intelectuais foram Nicolo D’Anastasio, autor do 
livro “La scritturaa doppia ridotta a scienza”, 1803 e Giuseppe Bornaccini, autor do livro Idee 
teoretiche e oratauche di ragioneria e doppia registrazione, 1818. 
O Personalismo caracterizava a Contabilidade como ciência da administração 
patrimonial e considerava o patrimônio como conjunto de direitos e de obrigações.Seus líderes 
intelectuais foram Francesco Marchi - Principal obra: I Cinquecontisti. Editada em Prato em 
1867; Giuseppe Cerboni - Principal obra: Primi saggi di logismografia. 
O Controlismo apresentava a Contabilidade como ciência do controle econômico 
patrimonial. Seus líderes intelectuais foram Fábio Besta - Principal obra: La ragioneria, 1909. 
5 
 
O Reditualismo considera a Contabilidade como ciência que tem por finalidade o 
levantamento do rédito. O lucro é o que mais preocupa como objeto de estudo, sendo o 
fenômeno básico a ser observado, embora com a relatividade necessária. Seus líderes 
intelectuais foram Eugen Schmalenbach - Principal obra: O Balanço Dinâmico – publicado em 
1919. 
O Aziendalismo considera a Contabilidade como apenas o levantamento dos 
fatos aziendais. Seus líderes intelectuais foram Alberto Ceccherelli e Gino Zappa. 
O Patrimonialismo considera a Contabilidade como ciência do patrimônio. Seu 
lider intelectual foi Vicenzo Masi, autor de diversas obras entre elas, La fagioneria e la scienza 
del patrimonio, 1941. 
 
Comentário 
Todas as escolas clássicas europeias com diferentes formas de conceber a 
Contabilidade contribuíram para o desenvolvimento das Ciências Contábeis. 
 
A Escola norte-americana 
A evolução da Contabilidade seguiu o caminho traçado pelas grandes corporações 
surgidas no princípio do século XX. A necessidade de saber o custo dos produtos fabricados 
em série, na velocidade exigida pelo desenvolvimento frenético das indústrias automobilísticas, 
petrolíferas, da construção civil etc., que motivaram o aparecimento do mercado de capitais, 
levou a Contabilidade a preocupar-se com o usuário da informação voltada para a tomada de 
decisão. 
No início a Contabilidade norte americana apresentou-se caótica, pois cada 
contador fazia a Contabilidade a sua maneira. Em 1930 com o surgimento do American 
Institute of Certifiede Public Accountants, o desenvolvimento da Contabilidade e os princípios 
contábeis passaram a ter comportamento uniforme. IUDÍCIBUS 1997, p. 33 define a sólida 
base da evolução da Contabilidade nos Estados Unidos, a saber: 
1. O grande avanço e o refinamento das instituições econômicas e sociais; 
2. O investidor médio é um homem que deseja estar permanentemente bem 
informado, colocando pressões não percebidas no curtíssimo prazo, mas 
frutíferas nos médios e longos prazos, sobre os elaboradores de 
demonstrativos financeiros, no sentido de que sejam evidenciadores de 
tendências; 
3. O governo, as universidades e os corpos associativos de contadores 
empregam grandes quantias para pesquisas sobre princípios contábeis; 
4. O Instituto dos Contadores Públicos Americanos é um órgão atuante em 
matéria de pesquisa contábil, ao contrário do que ocorre em outros países; 
5. Mais recentemente, a criação do FASB (Financial Accounting Standard 
Board) e, há muitos anos, do SEC (a CVM deles), tem propiciado grandes 
avanços na pesquisa sobre procedimentos contábeis. 
 
6 
 
Comentário 
“Se alguém estivesse escrevendo a história dos mercados de capitais americanos, eu sugeriria 
que a inovação mais importante que modelou o nosso mercado de capitais foi a ideia dos 
princípios contábeis geralmente aceitos.” 
Larry Summers – subsecretário do Tesouro norte americano 
 
Síntese do tema 
• A Contabilidade surgiu pela necessidade do homem de fazer registros e controle de 
bens. 
• O primeiro grande surto de desenvolvimento da Contabilidade data do início do século 
XIII com a publicação de um compêndio sobre cálculo comercial – “Liber Abaci” 
realizada por Leonardo Fibonnacci em 1202. 
• O segundo grande surto veio com o renascimento quando o matemático e acadêmico 
italiano Frei Luca Pacciolli (1445 a 1514) incluiu em sua famosa obra "Summa de 
arithmetica, geometria et proportioni et proportionalita" que trazia uma parte 
denominada "Tractatus Particularis de Cumputis et Scripturis" que expunha a 
Contabilidade por meio das Partidas Dobradas. Sua obra desobstruiu o caminho da 
arte da escrituração (Contabilidade) para a ciência da informação dos negócios. 
• As várias escolas do pensamento contábil na Europa, inspiradas na obra de Pacciolli, 
tentaram explicar a razão de ser da Contabilidade e caracterizar seu objeto e fins. 
Dentre as escolas destacamos: Contismo, Personalismo, Controlismo, Reditualismo, 
Aziendalismo e Patrimonialismo. 
• A escola norte-americana de Contabilidade se desenvolveu somente a partir de 1930 e 
os princípios contábeis passaram a ter um comportamento uniforme com o surgimento 
do American Institute of Certifiede Public Accountants, que definiu a sólida base da 
evolução da Contabilidade nos Estados Unidos. 
 
A evolução da Contabilidade no Brasil 
O Brasil tem tido um comportamento legalista em todas as áreas do 
comportamento social, e a Contabilidade não poderia fugir dessa tendência. A participação 
governamental, nesse sentido, tem sido muito expressiva. E tudo começou com a chegada da 
Família Imperial, vejamos: 
O primeiro sinal digno de nota foi sem dúvida um Alvará de D. João VI, em 1808, 
cujo teor é o seguinte: 
Alvará de 28 de junho de 1808 que creou o Erario Regio e o Conselho 
de Fazenda: 
TITULO I – Do Methodo da Escripturação Contabilidade do Erario. 
I – Para que o methodo de escriptura, e formulas de Contabilidade 
da minha Real Fazenda não fique arbitrario, e sujeito a maneira de 
pensar de cada um dos contadores geraes, que sou servido crear 
7 
 
para o referido Erario: ordeno que a escripturação seja a mercantil 
por partidas dobradas, por ser a única seguida pelas nações mais 
civilizadas, assim pela sua brevidade para o maneio de grandes 
sommas, como, por ser a mais clara, e a que menos logar dá a erros 
e subterfugios, onde se esconda a malicia e a fraude dos 
prevaricadores. 
II – Portanto, haverá em cada uma das contadorias geraes um 
Diario, um livro Mestre, e um Memorial ou Borrador, além de mais um 
livro Auxiliar ou de Contas Correntes para cada um dos rendimentos 
das Esstações de Arrecadação, Thezourarias, Recebedorias, 
Contractos ou Administrações da minha Real Fazenda. E isto para 
que sem delongas se veja, logo que se precisar, o estado da conta de 
cada um dos devedores ou exactores das rendas da minha Corôa e 
fundos publicos. 
III – Ordeno que os referidos livros de escripturação sejam 
inalteraveis, e que para ella se não possa augmentar ou diminuir 
nenhum, sem faze saber, por consulta do Presidente, a necessidade 
que houver para se diminuir ou accrescentar o seu numero. 
 
Este documento teve existência praticamente nula em função de uma economia 
rudimentar e sem condições de avaliar a sua importância, mas a intervenção do Estado não 
parou aí e outras Leis e Decretos estão sempre regulamentando a atividade, muitas vezes 
benéficas outras nem tanto. As mais importantes são: 
 
Código Comercial de 1850 
O Código Comercial brasileiro foi criado pela Lei nº. 556, de 25 de junho de 1850. 
Foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, França e Espanha. Em 10 de janeiro de 
2002 foi promulgado o novo Código Civil pela Lei n°. 10.406 e traz em seu conteúdo matéria 
comercial 
Decreto-lei nº 2627 – das Sociedades Anônimas 
O Decreto-lei nº.2.627, de 26 de setembro de 1940, dispõe sobre as sociedades 
por ações, gênero de que é espécie a sociedade anônima. Em seu artigo 135 trata das 
demonstrações contábeis. 
Artigo 135 – O balanço deverá exprimir, com clareza, a situação real da sociedade, 
e, atendidas as peculiariedades do gênero de indústria ou comércio explorado pela sociedade, 
nele se observarão as seguintes regras: 
a. O ativo será dividido em ativo imobilizado, estável ou fixo, ativo disponível, 
ativo realizável em curto prazo e a longo prazo, contas de resultado 
pendente, contas de compensação; 
b. O passivo será divididoem passivo exigível, a longo e curto prazo, e 
passivo não exigível, neste compreendidos o capital e as reservas legais e 
8 
 
estatutárias, e compreenderá também as contas de resultado pendente e 
as contas de compensação 
Parágrafo 1º. De nenhum balanço poderá constar, seja no ativo, seja no 
passivo, sob o título “Diversas Contas”, ou outro semelhante, importância 
superior a uma décima parte do valor do capital social. 
Parágrafo 2º. Se a sociedade participar de uma ou mais sociedades, ou delas 
possuir ações, do balanço deverão constar, sob rubricas distintas, o valor da 
participação ou das ações e as importâncias dos créditos concedidos às ditas 
sociedades. 
Os diretores, no seu relatório, deverão dar informações precisas sobre a 
situação das sociedades “controladas” ou coligadas. 
O balanço e a demonstração da conta de lucros e perdas somente terão 
eficácia legal após assinados pelos diretores e pelo técnico responsável pela 
Contabilidade da companhia, contador ou guarda-livros. 
 
Lei 4728, de 14 de julho de 1965 que instituiu o Mercado de Capitais 
A Lei 4728, de julho de 1965, disciplina o mercado de capitais e estabelece 
medidas para o seu desenvolvimento. Os mercados financeiro e de capitais serão disciplinados 
pelo Conselho Monetário Nacional e fiscalizados pelo Banco Central da República do Brasil. 
 
Lei 6385/76 cria a CVM – Comissão de Valores Mobiliários; 
A Lei 6385, de 7 de dezembro de 1976, dispõe sobre o mercado de valores 
mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários inspirada na Securities and Exchange 
Commission, dos Estados Unidos, para exercer uma função até então atribuída ao Banco 
Central: regular, prestar consultoria e julgar, em instância administrativa, as operações e 
dispositivos do Mercado de Valores Mobiliários. 
Sob a jurisdição da CVM estão as bolsas de valores, as sociedades corretoras, os 
bancos de investimentos, as sociedades distribuidoras, as companhias abertas, os agentes 
autônomos de investimento, as carteiras de depósito de valores mobiliários, os fundos e 
sociedades de investimento, os auditores independentes, os consultores de analistas de 
valores mobiliários. 
 
Lei 6404/76 das Sociedades Anônimas 
A lei 6404/76 das Sociedades Anônimas de 15 de dezembro de 1976 representou 
uma verdadeira revolução no campo da Contabilidade, introduzindo muitas técnicas para as 
quais uma parcela substancial dos profissionais da área não estava preparada. 
O artigo 176 trata das demonstrações financeiras 
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na 
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que 
9 
 
deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as 
mutações ocorridas no exercício: 
• Balanço Patrimonial 
• Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados 
• Demonstração do Resultado do Exercício 
• Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos 
• Notas Explicativas 
 
O artigo 177 trata da escrituração contábil. 
Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, 
com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios 
de Contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios 
contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o 
regime de competência. 
§ 1º As demonstrações financeiras do exercício em que houver modificação de 
métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e 
ressaltar esses efeitos. 
§ 4º As demonstrações financeiras serão assinadas pelos administradores e por 
contabilistas legalmente habilitados. 
O artigo 178 trata do Balanço Patrimonial 
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do 
patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a 
análise da situação financeira da companhia. 
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de 
liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: 
a) Ativo Circulante; 
b) Ativo Realizável a Longo Prazo; 
c) Ativo Permanente dividido em Investimentos, Ativo Imobilizado e Ativo Diferido. 
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: 
a) Passivo Circulante; 
10 
 
b) Passivo Exigível a Longo Prazo, Resultados de Exercícios Futuros 
c) Patrimônio Líquido dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Reservas 
de Reavaliação, Reservas de Lucros, Lucros ou Prejuízos Acumulados 
Código Civil 
O novo Código Civil Brasileiro instituído pela Lei n° 10.406, que entrou em vigor a 
partir de 11.01.2003, trouxe, entre as várias inovações, a obrigatoriedade da 
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis – RPEM. 
Um dos objetivos do novo Código Civil é reestruturar as instituições empresariais 
regidas por leis que, além de estarem superadas pelo desenvolvimento econômico-
social, estejam servindo de cobertura de odiosos privilégios. 
Também, com a publicação do Novo Código Civil foram introduzidas algumas 
alterações nos procedimentos contábeis das empresas, bem como em relação à 
responsabilidade do contador. Observamos que algumas regras já existiam na 
legislação anterior, mas a partir da vigência do Novo Código as normas 
apresentadas abaixo aplicam-se não só às sociedades, como também às 
sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em 
país estrangeiro (art. 1195 do Novo Código Civil). 
 
Responsabilidade do contador 
O novo Código Civil, na Seção III - Do Contabilista e outros Auxiliares, trata das 
responsabilidades civis dos contadores (prepostos), definindo que são os mesmos 
responsáveis pelos atos relativos à escrituração contábil e fiscal praticados e ao 
mesmo tempo, respondendo solidariamente quando praticarem atos que causem 
danos à terceiros (clientes por exemplo). Nesse sentido, os artigos 1.177 e 1.178: 
 
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer 
dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver 
procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. 
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos
 
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, 
praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda 
que não autorizados por escrito. 
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, 
somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, 
cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. 
 
 
11 
 
Obrigatoriedade da Escrituração 
A empresa é constituída para praticar atos mercantis, financeiros, trabalhistas, 
fiscais, civis, mas de maneira documentada. Para um documento ser hábil é 
necessário que seja: a) idôneo; b) devidamente preenchido; c) vinculado com a 
atividade da empresa, com formalidades extrínsecas e intrínsecas. 
Podemos definir a escrituração como sendo o ato de registrar as operações 
exercidas e comprovadas que ocorrem no decorrer de um período. A escrituração 
tem a função de relatar o passado, para que se tenha ideia do que se passará no 
futuro. 
Para tal, deve-se manter um sistema de escrituração uniforme dos atos e fatos 
administrativos ocorridos na sociedade empresarial, através de processo manual, 
mecanizado ou eletrônico (Resolução 1330, de 18/03/11 do Conselho Federal de 
Contabilidade), de livre escolha do empresário, mas desde que cumpridos algumas 
formalidades básicas previstas nas legislações de regência, como: 
Em idioma e moeda nacional; em forma contábil; em ordem cronológica de dia, 
mês e ano; sem ausência de espaços embranco, entrelinhas, borrões, rasuras, 
emendas, com base em documentos de origem externa ou interna, ou na sua falta, 
em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e atos e a prática de atos 
administrativos. 
 Pelo Princípio Contábil da Entidade, é a partir da aquisição da personalidade 
jurídica que se pode ter início a escrituração contábil da sociedade. O empresário e 
a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de Contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em 
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o 
balanço patrimonial e o de resultado econômico (Art. 1.179). 
 
Lei 11.638/07 e 11.941/09 
Com a edição das Leis nºs. 11.638/07 e 11.941/09 (esta transformando em lei a 
MP nº. 449/08) e com a criação do CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis – em 2005, 
produziu-se, durante 2008 e 2009, enorme conjunto de novas normas, aprovadas pela CVM e 
pelo CFC e outros órgãos reguladores, agora com a convergência completa às normas 
internacionais de Contabilidade (IASB). Com essa participação do Conselho Federal de 
Contabilidade, tem havido uma expansão das normas, que antes atingiam apenas as 
sociedades anônimas e certas limitadas, para praticamente todas as entidades de fins 
lucrativos no Brasil. Com a adoção dos Pronunciamentos Técnicos, inclusive o específico de 
Pequenas e Médias Empresas, não sobram empresas que não tenham que aplicar as normas 
contábeis emitidas pelo IASB e aqui reaplicadas pelo CPC. E essa está sendo a grande 
revolução contábil deste século no nosso país. A linguagem contábil é universal, e, com a 
globalização dos negócios, tornou-se por demais importante para todos os países, não 
podendo mais ser praticada por cada um conforme seus próprios desejos. Aliás, tudo o que é 
12 
 
relevante e se globaliza se obriga, cada vez mais, a um processo de convergência mundial 
para facilitar a comunicação, o entendimento, a análise, o uso enfim para qualquer finalidade. 
(Iudícibus...et al.2010). 
As regras de classificação contábil são de fato muito diferentes e sem dúvida 
deveremos estudar o desenvolvimento de processos em diversas Entidades para que 
compreendamos exatamente o que são as normas internacionais de Contabilidade, sua 
funcionalidade e seu desenvolvimento com base na Lei 11638/07 e 11.941/09, nos 
Pronunciamentos Contábeis emitidos pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis e nas 
normas emitidas pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários e pelo CFC - Conselho Federal 
de Contabilidade. 
Diante do exposto, a Lei 6404/76, antes da Lei 11638/07 e 11.941/09, 
determinava, em seu artigo 178, como já vimos, a estrutura do Balanço Patrimonial. 
A Medida Provisória (MP) 449/08, editada em 03 de dezembro, transformada em 
lei (Lei 11.941/09) alterou a estrutura do Balanço Patrimonial prevista na Lei das S/A - que já 
tinha sido alterada há pouco mais de um ano pela Lei 11.638/07 de dezembro de 2007 - 
apresentando mudanças significativas na sua forma de apresentação. 
O balanço patrimonial tem por finalidade apresentar a posição financeira e 
patrimonial da empresa em determinada data, representando, portanto, uma posição estática. 
O balanço é composto por três elementos básicos: Ativo, Passivo e Patrimônio 
Líquido. 
O Ativo compreende os recursos controlados por uma entidade e dos quais se 
esperam benefícios econômicos futuros. 
O Passivo compreende as exigibilidade e obrigações. 
O Patrimônio Líquido representa a diferença entre Ativo e Passivo, ou seja, o valor 
líquido da empresa. 
No Ativo, são apresentadas em primeiro lugar as contas mais rapidamente 
conversíveis em disponibilidade. 
No Passivo, classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocorre 
antes. 
O Ativo será composto por: Ativo Circulante e Ativo Não Circulante esse composto 
pelo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. 
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O Passivo + Patrimônio Líquido serão compostos por: Passivo Circulante; Passivo 
Não Circulante, composto por Exigível a Longo Prazo e Receitas e Despesas Diferidas e pelo 
Patrimônio Líquido, composto por Capital Social, reservas de capital , ajustes de avaliação 
patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. 
Como podemos observar acima, o Ativo passou a ter somente dois grupos de 
Contas: Ativo Circulante e Não Circulante. O grupo Permanente deixou de existir. O ARLP de 
grupo virou subgrupo do Ativo Não Circulante! 
 A mudança mais significativa foi à extinção do subgrupo Diferido, que tinha a 
finalidade de contabilizar as despesas iniciais na implantação das empresas, e diluir em 
exercícios posteriores, os gastos necessários nas suas reorganizações. 
Com relação ao Passivo, o grupo do Exigível a Longo Prazo foi substituído pelo 
Passivo Não- Circulante, portanto todas as obrigações das empresas cujo vencimento seja 
após o exercício seguinte, deverão ser classificadas como não circulantes. 
A segunda e última mudança no Passivo foi a extinção do grupo Resultado dos 
Exercícios Futuros, toda e qualquer receita antecipada deverá ser classificada no Passivo Não 
Circulante. 
Comentário 
"Se tivéssemos de vir a escolher o profissional mais importante entre aqueles que participam 
do mercado de capitais, visando assegurar aos investidores que as regras vão ser cumpridas, 
que as normas vão ser observadas, que os documentos e as informações prestadas são 
fidedignos e que, portanto, os investidores podem destinar sua poupança às companhias com 
base naquelas informações, não há dúvidas de que esse profissional seria o de auditoria". 
Marcelo Trindade - Presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 
Síntese da aula 
• O primeiro sinal digno de nota sobre a Contabilidade e as partidas dobradas foi o 
Alvará de D. João VI, em 28 de junho de 1808 que criou o Erario Regio e Conselho 
de Fazenda. 
• Em 25 de junho de 1850 foi criado pela Lei nº. 556 o Código Comercial brasileiro e 
em 10 de janeiro de 2002 foi promulgado o novo Código Civil pela Lei nº. 10.406 
que traz em seu conteúdo matéria comercial. 
• Em 26 de setembro de 1940 foi editado o Decreto-lei nº. 2.627 que trata sobre as 
sociedades por ações, gênero de que é espécie a sociedade anônima e define as 
regras contábeis das ditas companhias. 
• A Lei 4728, de julho de 1965, disciplina o mercado de capitais e estabelece 
medidas para o seu desenvolvimento. 
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• A Lei 6385, de 7 de dezembro de 1976, dispõe sobre o mercado de valores 
mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. 
• A lei 6404/76 das Sociedades Anônimas de 15 de dezembro de 1976 representou 
uma verdadeira revolução no campo da Contabilidade, introduzindo muitas 
técnicas para as quais uma parcela substancial dos profissionais da área não 
estava preparada. 
• O novo Código Civil Brasileiro instituído pela Lei n° 10.406, que entrou em vigor a 
partir de 11.01.2003, trouxe, entre as várias inovações, a obrigatoriedade da 
inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis – RPEM trata 
da responsabilidade civil do contador e da obrigatoriedade de escrituração contábil. 
• A nova lei das Sociedades Anônimas (11.638/07 e 11.941/09) e com a criação do 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis produziu enorme conjunto de novas 
normas contábeis para a completa convergência às normas internacionais de 
Contabilidade. 
 
Comentário 
Agora que você já conhece a trajetória histórica da Contabilidade, que tal analisar as 
concepções de Contabilidade? Na sua visão ela seria uma Ciência ou apenas uma Técnica? 
Vejamos as considerações na aula a seguir.

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