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Apostila Instituições de Direito Atualizada 2015


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Universidade Federal de Uberlândia 
Curso: Relações Internacionais
Disciplina: Instituições de Direito
Profª: Mônica Alves Costa Ribeiro
Unidade 1
NOÇÕES DE TEORIA GERAL DO DIREITO
Estabelecer uma teoria significa sistematizar um conjunto de regras ou leis para um determinado assunto, portanto a Teoria Geral do Direito refere-se a “um sistema de conceitos fundamentais” para todo o campo de Direito. (JORGE LEITE, Gisele Pereira. 2014)
NATUREZA E CULTURA
Produto Natural e Produto Cultural
O homem ao viver em sociedade estabelece relações “de coordenação, de subordinação, de integração, ou de outra natureza”, com essas relações há também o aparecimento de regras de organização de conduta e podem ocorrer entre pessoas ou coisas. (REALE, Miguel. pag. 22)
Dessas relações nascem:
PRODUTO NATURAL (realidade natural): são coisas, cuja origem não precisa de nenhuma participação do homem para existir, aquilo que é dado.
 PRODUTO CULTURAL (realidade humana): são coisas que se originam naturalmente, porém há a ação do homem para adaptá-las a um determinado fim, aquilo que é construído.
A partir desses conceitos podemos definir o que é cultura:
CULTURA: “é o conjunto de tudo aquilo que, nos plano material e espiritual, o homem constrói sobre a base da natureza, quer para modificá-la, quer para modificar-se a si mesmo.” (REALE, Miguel. pag. 24)
 Assim, a cultura existe porque o homem transforma o natural de acordo com seus fins, e não só a altera a natureza, mas também a si próprio. (REALE, Miguel. pag. 24)
Leis Físico- Matemáticas e Leis Culturais
Podemos ter a existência de Leis Físico- Matemáticas e de Leis Culturais, todavia ambas são diferentes. As Leis Físico- Matemáticas são baseadas na Ciência Física que “é uma ciência descritiva do real, visando a atingir leis que sejam sínteses do fato natural”, ou seja, são leis que podem ser alteradas caso o fato observado mude. (REALE, Miguel. pag. 26)
Já as Leis Culturais “caracterizam-se por sua referência a valores, ou por adequarem meios afins”, ou seja, são leis baseadas no que foi construído pelo homem e não podem ser mudadas caso descumpridas, mas o autor é punido. (REALE, Miguel. pag. 27)
As Leis Culturais devido a sua ligação com valores possuem caráter axiológico (teoria dos valores) ou teológico (teoria dos fins). Essas valorações podem ser econômicas, sociológicas, demográficas, entre outras, e o legislador leva-as em consideração ao projetar normas. (REALE, Miguel. pag. 28)
Portanto, uma lei cultural implica no “reconhecimento da obrigatoriedade de um comportamento”, como resultado temos o que chamamos de regra ou norma. (REALE, Miguel. pag. 28)
O MUNDO ÉTICO
Juízos de Valor e de Realidade
Uma das características do Direito é a imperatividade, isso se deve ao juízo de valor que lhe atribuído. Para esclarecer essa afirmação, primeiro é necessário definir o que juízo. 
JUÍZO: “é o ato mental pelo qual atribuímos, com caráter de necessidade, certa qualidade a um ser, a um ente”, ou seja, liga-se uma qualidade a um indivíduo ou coisa. (REALE, Miguel. pag. 31)
 Há dois tipos de juízo: o juízo de valor e o juízo de realidade. O juízo de realidade diz respeito sobre o fato em si, o fato como ele realmente é. Enquanto que o juízo de valor refere-se a essa imperatividade do Direito, ou seja, o que deve ser, o que deveria ter ocorrido. (REALE, Miguel. pag. 31 e 32). Podemos representar esses dois tipos de juízo da seguinte forma: 
“S” é “P” (verbo no indicativo)
“S” deve ser “P¹” (verbo no imperativo)
 As normas éticas envolvem o juízo de valor no comportamento humano, dessa forma procuram definir “uma diretriz (regras) considerada obrigatória numa coletividade” (REALE, Miguel. pag. 31)
Estrutura das Normas Éticas
“Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga uma sanção, isto é, uma forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada permitida ou proibida.” (REALE, Miguel. pag. 33)
A palavra norma lembra aquilo que é normal, um comportamento previsto e esperado dos indivíduos que constituem a sociedade, baseado em valores dominantes nessa sociedade, todavia não descartando situações imprevistas ou particulares, que necessitem de normas complementares que agravem ou atenuem as consequências contidas na norma principal. (REALE, Miguel. pag 34)
A norma ética é formulada a partir do pressuposto da possibilidade de sua violação, ou seja, a formulação da norma considera a liberdade que o seu destinatário de obedecer ou não a norma, contudo a transgressão da norma não altera sua validade como norma ética, fixando a responsabilidade do transgressor. (REALE, Miguel. pag. 33)
Formas da Atividade Ética
A conduta ética pode se condicionar a realização de algum valor, determinado pela pessoa. Alguns desses valores são: (REALE, Miguel. pag. 35 - 37)
BELO: “Há homens que se preocupam, na vida, única e exclusivamente com o problema da beleza e a transformam no centro do seu interesse.” (REALE, Miguel. pag. 35)
ÚTIL: Busca pela realização de bens econômicos para a satisfação de necessidades. 
SANTO: “É o valor ao qual correspondem as religiões e os cultos.” (REALE, Miguel. pag. 36) 
AMOR
PODER: “É o valor determinante da Política, que é a ciência daa organização do poder e a arte de realizar o bem social com o mínimo de sujeição.” (REALE, Miguel. pag. 36)
BEM INDIVIDUAL E BEM COMUM
Direito e Moral
Os conceitos de Direito e Moral podem se confundir, por isso é necessário destingi-los, contudo sem separá-los, isto é, mesmo que os conceitos sejam diferentes há uma relação entre eles. Assim podemos dizer que a Moral se refere um “conjunto de práticas, costumes e padrões de conduta formadora da ambiência ética. Trata-se de algo que varia no tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua moral, que evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar.” (EBAH, 2014) E o Direito é 
Há muitas teorias sobre a relação entre Direito e Moral, todavia algumas se sobre saem:
1. Teoria dos círculos concêntricos: por esta teoria haveria dois círculos, sendo que um está inserido no outro. O maior pertenceria à moral, enquanto que o menor pertenceria ao Direito. Isso significa que a moral é maior que o Direito, e que o Direito dela faz parte; e que o Direito se subordina às regras morais. (JURISWAY, 2014)
 
2. Teoria dos círculos secantes: por essa teoria haveria dois círculos que se cruzam até um determinado ponto apenas. Isso significa que o Direito e a moral possuem um ponto comum, sobre o qual ambos têm competência para atuar, mas deverá haver uma área delimitada e particular para cada um, pois há assuntos que um não poderá interferir na esfera do outro. (JURISWAY, 2014)
3. A visão Kelseniana: Para Kelsen o Direito é autônomo e a validade de suas normas nada têm a ver com as regras morais. Para ele haveria dois grandes círculos totalmente independentes um do outro. (JURISWAY, 2014)
4. Teoria do mínimo ético: por essa teoria o Direito deveria conter o menor número possível de regras morais, somente aquelas que forem indispensáveis ao equilíbrio das relações. Pode-se dizer que essa teoria se opõe ao pensamento do máximo ético, que se expressa na adoção pelo Direito de uma grande parte da moral, para que as relações sociais sejam reguladas de forma mais próxima à consciência dos indivíduos. (JURISWAY, 2014)
Também é necessário que se faça a distinção entre o que imoral e amoral. Quando nos referimos a algo imoral, é tudo aquilo que fere a moral. Todavia algo amoral se refere a tudo aquilo que não influi no campo da moral, por exemplo, uma regra de trânsito, é uma norma jurídica que os veículos obedeçam à mão direita, mas se o legislador mudar essa norma, e em vez do lado direito for o esquerdo, essa alteração não influi no campo da moral. (REALE, Miguel. pag. 39)
Assim podemos dizer que a Moral se refere um “conjunto de práticas, costumes e padrões de conduta formadora da ambiência ética. Trata-se de algo quevaria no tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua moral, que evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar.” (EBAH, 2014)
	*Os campos do Direito e da Moral possuem diferenças e semelhanças:
* Baseado nas páginas de 40 a 54 do livro de Miguel Reale
	DIREITO
	MORAL
	É objetivo
	É subjetiva
	É coercitiva
	Não é coercitiva
	É o mesmo em todo o nosso território nacional
	Varia de uma região, de um grupo para outro.
	É coletivo
	É individual
	Projeta-se externamente
	Projeta-se internamente
	Ambas têm conteúdo ético.
	
	É heterônomo
	É autônomo (Kant)
	Situa-se no âmbito imperativo categórico (Kant)
	É um mandamento interno do homem (Kant)
	Sua fonte é legislativa, podendo ter, nos costumes, uma fonte secundária
	Suas fontes são a religião, a cultura social, a profissão ou a consciência individual
	Preocupa-se, unicamente, com o homem em sociedade. Nas suas relações com os demais membros
	Mira a conduta intima do homem e sua relação com a sociedade. Concentra-se no homem em relação aos deveres consigo mesmo e com os que estão próximos.
	Os julgamentos são feitos pelo Estado
	Os julgamentos são feitos pela própria consciência
	É provocada
	É espontânea
	Tem sanção fixa e determinada pela lei
	A sanção é interna ou, se externa, é feita por uma eventual reprovação social
	Regula quando se exterioriza
	Regula em seu momento interno
	É assegurada pela possibilidade de uma coerção material, praticada pelo Estado
	Sanção de ordem interna, o remorso, ou uma desconsideração social;
	É um sistema denso e concreto, composto por um indeterminado número de leis
	É um sistema rarefeito e genérico, inscrevendo-se, facilmente, na mente dos homens. São mandamentos simples, passados de geração em geração.
	No Direito eu posso punir uma conduta sem culpa (responsabilidade objetiva)
	Na moral, a culpa é essencial para a responsabilização do sujeito
	No Direito eu posso punir uma conduta sem culpa (responsabilidade objetiva)
	Na moral, a culpa é essencial para a responsabilização do sujeito
	Não existe direito, nem sanção, sem prescrição normativa escrita
	Na moral, nem as normas, nem as sanções estão escritas.
	É possível a existência de Direito distante do senso moral, porém, será sempre uma norma de questionável injustiça
	Não se questiona o caráter jurídico das normas morais.
	A norma jurídica pode ser cumprida coercitivamente, nem por isso deixa de ser lícita
	A norma moral se for cumprida impositivamente, deixa de ser moral. A moral é incoercitível.
	Possui bilateralidade atributiva.
	É unilateral
SEMELHANÇAS ENTRE DIREITO E MORAL:
a) ambas têm, por objeto os atos humanos;
b) têm a ética por fundamento;
c) são de caráter obrigatório, embora suas sanções sejam diferentes;
d) ambos são de caráter prescritivo, vinculam e estabelecem obrigações;
e) ambos são elementos indispensáveis à vida em sociedade.
Observação:
- Coerção é uma força que se observa no campo psicológico, levando alguém a cumprir determinada regra, a ter uma certa conduta, somente devido à pressão “abstrata” que o sujeito emissor da norma impõe. O Estado utiliza a coerção quando diz que um dispositivo de lei deve ser respeitado, acarretando uma sanção no caso de não cumprimento. O indivíduo segue a norma estatal para que não lhe seja aplicada a sanção preestabelecida no ordenamento jurídico, ou seja, ele se porta de acordo com a lei por “medo” de ser punido. Se não houvesse a sanção, ele poderia descumprir a regra, pois não teria prejuízos, já que o Estado não o puniria pela prática do ato infringente. (JESUS, Paulo Roberto Rocha de. 2013)
- Coação é outra fase da imposição da força, que ocorre no plano fático, é uma força evidentemente manifesta, pois reflete no campo físico. O Estado utiliza a coação quando a coerção não funcionou, e a sanção decretada também não foi cumprida pelo indivíduo. Quando um sujeito não cumpre a norma naturalmente, pelo efeito psicológico da coerção, o Estado ordena que ele obedeça à sanção estabelecida, como punição pelo desrespeito à regra legal. Caso não cumpra a sanção, ele sofrerá então a coação estatal, ou seja, aquela será aplicada forçosamente, pelo ente competente para tal função. A coação é a execução compulsória da sanção, quando o indivíduo não a cumpre, após ter desrespeitado a norma legal. (JESUS, Paulo Roberto Rocha de. 2013)
Unidade 2
Direito Público
“Normas de Direito Público são aquelas em que o Estado toma parte, ou seja, regulam as relações em que o Poder Público [...]. Considerando que o Estado intervém na relação jurídica como autoridade Estatal, norma de direito público é aquela que se refere aos interesses do Estado.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 5) Assim quanto ao conteúdo ou objeto da relação jurídica é visado o interesse geral, e a forma da relação jurídica é de subordinação, isto é, o Estado se põe como autoridade eminente. (Reale, Miguel. pág. 320 e 321)
Direito Privado
“Norma de Direito Privado tende sempre a regular um interesse dos particulares, ou seja, regula as relações entre os particulares.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 7) Assim quanto ao conteúdo ou objeto da relação jurídica o prevalecente é o interesse particular, e a forma de relação jurídica é de coordenação, isto é, as partes interessadas se encontram no mesmo plano. (Reale, Miguel. pág. 321)
 
 
Unidade 3
Normas Jurídicas
Normas Jurídicas são “esquemas ou modelos de organização e de conduta.” (REALE, Miguel. pág. 86)
Para Hans Kelsen, a norma é a exteriorização do direito. Para ele, toda regra de direito contém a previsão genérica de um fato, com a indicação de que, toda vez que um comportamento corresponder a esse enunciado, deverá advir um consequência.(REALE, Miguel. pág. 86)
Se F é, deve ser C. F=Fato; C= Consequência.
Todavia, as normas de organização, as dirigidas aos órgãos do Estado e as que fixam atribuições, na ordem pública ou privada, não seguem essa lógica, excluem qualquer condição. Por exemplo, Constituição Federal afirma no Art.18, que Brasília é a capital do Brasil. Qual a consequência jurídica disso? A norma pode ser infringida?(REALE, Miguel. pág. 86 e 87)
“O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, [...], é o fato de ser uma estrutura proposicional enunciativa de forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória.” (REALE, Miguel. pág. 88)
Tipos de normas jurídicas
Normas de organização e normas de conduta: são aquelas que disciplinam o comportamento humano. 
Normas primárias e secundárias: as normas primárias enunciam formas de ação ou comportamento lícito ou ilícito; as normas secundárias “possuem um caráter instrumental, visando à estrutura e funcionamento de órgãos, ou à disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação de normas, a fim de assegurar uma convivência juridicamente ordenada.” (REALE, Miguel. pag. 89) 
Validade da Norma Jurídica
Para que a norma de torne obrigatória é necessário que seja vista sob três aspectos: o da validade formal (vigência); o da validade social (eficácia ou efetividade); e o da validade ética(fundamento). (REALE, Miguel. pag. 97)
a) Validade formal ou vigência 
	A vigência refere-se à existência especifica da norma. Para que uma norma tenha vigência é preciso:
Legitimidade quanto ao órgão: fiz respeito ao órgão autor da norma.
Legitimidade quanto à competência ratione materiae: diz respeito ao conteúdo da norma.
Legitimidade do procedimento: o processo de elaboração da norma deve ser correto. 
Isto é, “onde a norma é elaborada por um órgão competente, ou seja, legitimo, respeitando-se o objeto contido na competência de tal órgão, e observando também os procedimentos para produção da norma.” (PINTO, Davi Souza de Paula. 2013)
b) Eficácia ou Efetividade
	A eficácia refere-se a “aplicação ou execução da norma jurídica, ou por outras palavras, é a regra jurídica enquantomomento da conduta humana, [...], a norma precisa ser formalmente válida e socialmente eficaz. (REALE, Miguel. pag. 104) 
Fundamento
“O fundamento é o valor ou fim objetivado pela regra do direito.” (REALE, Miguel. pag. 106) Ou seja, o valor ou fim visado pela norma. 
A vigência, a eficácia e o fundamento constituem a chamada Estrutura Tridimensional do Direito, a qual, a vigência refere-se à norma em si, a eficácia refere-se ao fato e o fundamento refere-se ao valor.
 Classificação da Normas
Quanto ao território:
Normas jurídicas de direito interno: aplicáveis apenas no Brasil;
Federais;
Estaduais;
Municipais.
Normas jurídicas de direito externo: aplicáveis a nível internacional (com ressalvas).
Quanto às fontes de direito:
Normas legais;
Normas consuetudinárias;
Normas jurisprudenciais;
Regras negociais.
Quanto à violação
plus quam perfectae: são aquelas cuja violação pode levar à nulidade do ato ou à imposição de uma pena; Ex. a bigamia, punida no cível, com a anulação do casamento e no penal, com pena.
perfectae: são aquelas que determinam a nulidade do ato, sem contudo possuírem sanção penal. Ex. um contrato celebrado com um menor, é nulo, mas penalmente nada pode ser feito. O Direito se contenta com a sanção civil.
Minus quam perfectae: se limitam a aplicar uma pena ou uma conseqüência restritiva e não querida, mas não privam o ato de sua eficácia. Ex. um contrato que rixa multa pelo atraso no pagamento das parcelas, no entanto não o torna nulo.
Imperfectae: São aquelas que não estabelecem uma sanção para o caso que a norma seja descumprida. O direito proíbe jogos de azar, porém, se alguém tem uma dívida de jogo e paga, não poderá recorrer à Justiça para receber o que pagou. Acredito que tenhamos outro exemplo: o CC diz o prazo de prescrição de uma dívida. Alguém para dívida prescrita, não pode receber de volta o que pagou.
Quanto à imperatividade 
Cogentes ou de ordem pública: são aquelas que implicam a exigência inegável de seu cumprimento, não importa o interesse dos contratantes. Isto ocorre, pois o interesse público é superior ao privado. Ex. João tenta matar Pedro, Pedro não quer processar João. O processo ocorrerá independentemente da vontade de Pedro. Outro exemplo, a compra a venda de bem imóvel sem escritura pública. 
Norma dispositiva: são as normas de conduta que deixam aos destinatários o direito de dispor de maneira diversa. Ex. uma compra e venda de bem móvel, pode ser feita verbalmente, por escrito, por telefone, pela internet... A nomeação ou não de testamenteiro pelo testador, etc..
Norma interpretativa: apenas faz uma interpretação autêntica. Não manda, não proíbe, apenas interpreta outra. Ex. Art. 24 e 25 do CP que definem legítima defesa e estado de necessidade.
Observação: Para determinar se as normas são de ordem pública ou dispositiva, depende da interpretação dada pela doutrina ou pela jurisprudência. 
Fontes do Direito 
“É chamada de Fonte do Direito os processos de produção de normas jurídicas.” (REALE, Miguel. pag. 129) Pode ser dividida em: 
Fontes materiais: são aqueles que têm mais a ver com a sociologia do direito do que com o próprio direito. Dizem respeito às situações econômicas, sociais, problemas de justiça, de segurança e outros fatores que levaram à criação da norma. Ou seja, é uma definição totalmente fora do direito.
Fontes formais: são os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa
Uma fonte de direito pode sobrepujar a outra dependendo do tipo de ordenamento jurídico: 
Tradição romanística (nações latinas e germânicas):caracteriza-se pelo primado do processo legislativo, com atribuição de valor secundário às demais fontes do direito. Acentuou-se após a revolução francesa, quando a lei passou a ser considerada a única expressão autêntica da Nação; (REALE, Miguel. pag. 131)
Tradição anglo-americana (common law): tem como base o uso e os costumes, assim como as decisões judiciais. É o que ocorre na Inglaterra. Se alguém quer saber se tem algum direito não procura na lei e sim procura saber como os tribunais decidem aquela situação. (REALE, Miguel. pag. 131)
Há quatro principais fontes de direito:
a) Os Usos e Costumes Jurídicos 
O costume se torna “um costume jurídico quando passa a interferir intencionalmente a valores do Direito, tanto para realizar um valor positivo, [...], como para impedir a ocorrência de um valor negativo” (REALE, Miguel. pag. 149), é o chamado Direito consuetudinário (baseado em costumes). Porém há divergências quanto os costumes e as leis:
*Quadro: REALE, Miguel. pág. 146 a 149
	
	LEIS
	COSTUMES
	Quanto à origem
	É sempre certa e pré determinada. Sua fonte será sempre o legislativo.
	Ninguém pode determinar, seguramente, sua origem.
	Quanto à forma de elaboração
	Resulta de um processo que culmina na lei.
	Não se pode determinar a partir de quanto um uso ou um costume passou a repetido, tanto pode ter sido uma determinação social, como um mero acaso.
	Quanto à eficácia
	Devem ser cumpridas por todos. 
	Costuma ser cumprida por um grupo. Dentro de uma mesma sociedade temos costumes diferentes em grupos diferentes.
	Quanto à forma
	É sempre escrita.
	Nem sempre é escrito, podendo acontecer de sê-lo, como no direito costumeiro mercantil.
	Quanto à vigência
	Ou vige até que seja revogada por outra lei, ou tem prazo predeterminado, como no caso das leis excepcionais ou temporárias.
	Ninguém sabe quando um costume perde sua vigência, visto que isto acontece com o desuso.
b) Processo Legislativo 
Entende-se por Processo Legislativo Brasileiro  a sequência dos atos realizados que buscam a elaboração de normas jurídicas. Para atingir esta finalidade é necessária a observação de regras particulares, como a iniciativa, o emendamento, a discussão, a votação, participação do Presidente da República em casos onde seja necessário, entre outras disposições que formam o conjunto de regras para o devido processo de elaboração de leis no país. Tal processo está previsto em nossa Carta Magna, no artigo 59 e o Congresso Nacional, respeitando este sistema, poderá produzir leis de vários tipos e características, como: (SANTIAGO, Emerson. 2011)
Emendas constitucionais - são as reformas no texto constitucional de grande ou pequena monta. São realizadas a partir de aprovação, em dois turnos, por três quintos de cada uma das casas do Congresso.
Leis complementares - atos legislativos admissíveis somente nos casos em que a própria constituição autorize. Destina-se a detalhar matéria que a constituição abordou genericamente. Terá de ser aprovada em dois turnos de casa do Congresso em maioria absoluta, dependendo ainda de aprovação do Presidente da República.
Leis ordinárias - leis comuns, produto da função primordial do Poder Legislativo em produzir leis, versando sobre todos os assuntos, exceto aqueles abordados por lei complementar. Sua aprovação depende de maioria simples.
Decretos legislativos - atos cuja competência é de total exclusividade do congresso, independentes de sanção do presidente. Aprovada por maioria simples, sua finalidade básica é a aprovação dos atos do chefe da nação.
Resoluções  - atos vinculados à atividade privativa do congresso, independentes de aprovação do presidente, assim como os decretos legislativos. Sua aprovação é por maioria simples, sendo que existem algumas resoluções, que apesar de não fazerem parte do processo legislativo, possuem força de lei, como a resolução que institui o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e as resoluções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral com a finalidade de garantir a execução fiel da legislação eleitoral.
Além de apreciar as medidas provisórias e autorizar a elaboração de leis delegadas, o artigo 59 da Constituição menciona ainda que é de alçada de lei complementar abordar a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.Estruturada dentro da organização política brasileira, o Poder Legislativo está presente, além da esfera federal, nos Estados e Municípios, deste modo: (SANTIAGO, Emerson. 2011)
Esfera Federal: Congresso Nacional (Câmara dos Deputados + Senado Federal) - atuam os deputados federais e senadores, respectivamente;
Esfera Estadual: Assembleia Legislativa - âmbito dos deputados estaduais;
Esfera Distrital (Distrito Federal): Câmara Legislativa - atuação dos deputados distritais;
Esfera Municipal: Câmara Municipal - reservada aos vereadores;
São estes os componentes do Poder Legislativo, e, do mesmo modo que o Congresso irá elaborar leis na esfera federal, os outros entes deste poder irão elaborar leis dentro do espaço que lhes é cabível. Como o Congresso Nacional se desdobra em Câmara dos Deputados e Senado Federal, dizemos que o sistema legislativo federal é bicameral, sendo que os dois recebem auxílio técnico do Tribunal de Contas da União (TCU), de modo que as leis elaboradas estejam em sintonia com a receita acumulada pelo poder público. Considera-se a câmara representativa direta do povo, enquanto que os senadores são interpretados como representantes dos Estados. (SANTIAGO, Emerson. 2011)
A elaboração das leis passará por um processo deveras complexo, que inclui:
iniciativa;
discussão;
votação;
aprovação;
sanção ou veto;
promulgação;
publicação;
O processo legislativo então terá início com um projeto de lei, em uma das casas, seja câmara ou senado, que será considerada deste ponto de vista, a "casa iniciadora". Presidente da República, Supremo Tribunal Federal e tribunais superiores, Procurador Geral da República, deputados e cidadãos em geral entram com seus projetos obrigatoriamente pela câmara. Já senadores e membros de Assembleia Legislativa encaminham seus projetos ao senado. Na casa iniciadora, o projeto passa por análise técnica, material e formal feita por uma das 16 comissões da casa (no caso da câmara; no senado, são 7). Passada esta fase, o projeto de lei é votado em plenário, e se rejeitado, será arquivado; se aprovado, irá para a casa revisora. Na casa revisora, se rejeitado, será arquivado; em caso de emendas, é devolvido para a apreciação da casa iniciadora; se aprovado, é enviado ao Presidente da República para sanção ou veto. (SANTIAGO, Emerson. 2011)
Ao presidente cabo aprovar, ou vetá-lo total ou parcialmente (não sendo permitido o veto de palavras soltas); o veto deve ser feito até 15 dias, e ser embasado juridicamente; mas este pode ser derrubado em até 30 dias pelo Congresso. Derrubado o veto, o projeto é encaminhado ao presidente, para promulgação. Caso o presidente se recuse a promulgar, o Presidente do Senado poderá assinar em seu lugar. (SANTIAGO, Emerson. 2011)
c) Jurisprudência
As Jurisprudências são, por conseguinte, normas originadas da atividade jurisdicional dos juízes que se formam, não apenas quando há lacunas da lei ou quando esta é defeituosa, e sim também na interpretação da norma preexistente, influenciando diretamente no fenômeno de produção do direito normativo. (UNAMA, 2011)
Ao analisarmos o atual conceito de jurisprudência, chegamos à conclusão de que existem duas noções a respeito à da jurisprudência: em sentido amplo e em sentido estrito. (UNAMA, 2011)
 A Jurisprudência em sentido amplo é a coletânea de decisões proferidas pelos juízes ou tribunais sobre uma determinada matéria jurídica. Tal conceito comporta outras duas sub-definições: a) Jurisprudência uniforme, caracterizada quando a interpretação judicial oferece idêntico sentido e alcance as normas jurídicas; e b) jurisprudência contraditória, que ocorre em face da divergência, entre os aplicadores do Direito, quanto à compreensão do Direito Positivo. (UNAMA, 2011)
 A Jurisprudência em sentido estrito consiste apenas no conjunto de decisões uniformes, prolatadas pelos órgãos do Poder Judiciário, sobre uma determinada questão jurídica. (UNAMA, 2011)
As decisões tomadas pelos juízes em um primeiro caso são chamadas de precedentes jurisprudenciais, 
 As espécies de jurisprudência, segundo Nader (2004), são:
a) Secundum legem , que se limita a interpretar determinadas regras definidas na ordem jurídica;
b) Praeter legem , que se desenvolve na falta de regras específicas, quando as leis são omissas;
c) Contra legem , que se forma ao arrepio da lei, é aplicada e surge quase sempre em face de leis anacrônicas ou injustas.
Com a intenção de solucionar o problema, o sistema jurídico brasileiro criou dispositivos capazes de combater as jurisprudências conflitantes. (UNAMA, 2011)
“Assim, com base na divergência de julgados entre dois ou mais tribunais de estados diferentes, a parte interessada, poderá, com fundamento no art. 105, III, “c”, da Constituição Federal, interpor recurso especial para pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça, que dará o seu ponto de vista, provocando, naturalmente, a unificação nos procedimentos de aplicação do Direito.” (NADER, 2004). 
Outro importante instrumento para solucionar o problema das divergências jurisprudenciais são as súmulas dos tribunais, pois sobre questões de Direito, em que se manifestam divergência de interpretação entre turmas ou câmaras, os tribunais fixam a sua inteligência, mediante ementas que servem de orientação para advogados e juízes, favorecendo a unificação da jurisprudência. (UNAMA, 2011
Fonte Negocial
As normas negociais regulamentam a relação jurídica entre os participantes, dentre elas há as normas contratuais, que normalmente são denominadas cláusulas contratuais. Essas normas tomam por base a autonomia da vontade, “isto é, o poder que tem cada homem de ser, de agir e de omitir-se nos limites das leis em vigor, tendo por fim alcançar algo de seu interesse e que, situado no âmbito da relação jurídica, se denomina bem jurídico.” (REALE, Miguel. pag. 170) (REALE, Miguel. pag. 169)
O caracteriza a fonte negocial é :
Manifestação de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo;
Forma de querer que não contrarie a exigida em lei;
Objeto lícito;
Quanto não paridade, pelo menos uma devida proporção entre os participantes da relação jurídica.
Hierarquia das Normas
Unidade 4
1. Constituição
“A Constituição Federal é o código de leis máximas e fundamentais do país sobre as quais todas as outras devem amoldar-se. É o estatuto da nação que trata dos direitos da pessoa humana, tanto os individuais como os sociais, da organização do Estado. É o conjunto de normas escritas impostas pelo Poder Constituinte, as quais têm o poder de constituir o Estado dando-lhe o estatuto fundamental de uma organização básica, que declara os direitos civis, sociais, políticos e econômicos da população e define a sua organização administrativa.” (DOWER, Nelson Godoy Bassil. pág. 26) 
2. Classificação 
(ESPAÇO JURÍDICO,2009)
a) Quanto à Origem
Promulgada: é aquela que conta com a participação popular seja para elaborá-la, seja para escolher seus representantes para a feitura da Lei Maior.
Outorgadas: são frutos de um ato unilateral de poder. Nascem em regimes ditatoriais, sem a participação do povo.
b) Quanto ao Conteúdo
 Formal: nessa classificação, leva-se em conta apenas o modo de 
elaboração da norma. Se ela passou por um processo mais solene, mais dificultoso de formação (constituição rígida), será formalmente constitucional, não importando de que matéria venha a tratar.
 Material: por sua vez, para serem consideradas materialmente constitucionais é completamente irrelevante o modo como as normas foram elaboradas. Tratando de matéria essencialmente constitucional (estabelecimento de poder e sua limitação – através de divisão de poderes e de estabelecimento de direitos fundamentais, por exemplo) será norma materialmente constitucional.
c) Quanto à Extensão
 Sintética: é aquela Constituição que versa apenas de normas essenciais à estruturação do Estado, sua organização e funcionamento, bem como da divisão dePoderes e dos direitos fundamentais.
 Analítica: de conteúdo extenso, a constituição analítica (prolixa, desenvolvida) trata de temas estranhos ao funcionamento do Estado, trazendo minúcias que encontrariam maior adequação fora da Constituição, em normas infraconstitucionais.
d) Quanto ao Modo de Elaboração
 Dogmáticas: elaboradas em um momento determinado, refletem os valores (dogmas) daquela época. Podendo ser classificadas em sua ideologia como ecléticas ou ortodoxas. São sempre escritas.
Históricas: formam-se a partir do lento evoluir da sociedade, dos seus costumes (daí serem chamadas de costumeiras). Em razão desse lento processo de formação e sedimentação dos valores, são sempre não escritas.
 Quanto à Ideologia
Ecléticas (Pragmáticas): também chamadas de compromissórias, são Constituições dogmáticas que se fundam em várias ideologias.
Ortodoxas: são fundadas em uma só ideologia.
 Quanto à finalidade
Constituição-Garantia: de texto reduzido (sintética), busca precipuamente garantir a limitação dos poderes estatais frente aos indivíduos.
Constituição Dirigente: caracterizada pela existência, em seu texto, de normas programáticas (de cunho eminentemente social), dirigindo a atuação futura dos órgãos governamentais.
Constituição-Balanço: destinada a registrar um dado estágio das relações de poder no Estado. Sua preocupação é disciplinar a realidade do Estado num determinado período, retratando o arranjo das forças sociais que estruturam o Poder. Faz um “balanço” entre um período e outro.
Quanto à Ontologia (Correspondência com a realidade)
Normativas: estão em plena consonância com a realidade social, conseguindo regular os fatos da vida política do Estado.
Nominativas (Nominalistas): são elaboradas com a finalidade de, efetivamente, regular a vida política do Estado. Mas, não alcança o seu objetivo.
Semântica: são criadas apenas para legitimar o poder daqueles que já o exercem. Nunca tiveram o desiderato de regular a vida política do Estado. É típica de regimes autoritários.
 Quanto à Alterabilidade
Imutável: não prevê mecanismos para sua alteração. Tem a pretensão de ser eterna.
Rígida: prevê um procedimento solene, mais dificultoso do que o previsto para alteração das leis ordinárias. Fundamenta-se no princípio da Supremacia Formal da Constituição.
Flexível: o procedimento para alterar a Constituição é o mesmo processo legislativo de elaboração e alteração das leis ordinárias.
Semirrígida: é em parte rígida e noutra parte flexível. Desse modo, algumas normas da Constituição só podem ser modificadas por um procedimento mais dificultoso, enquanto que as outras se submetem ao mesmo processo legislativo das leis infraconstitucionais.
 Quanto à Forma
Escritas: formadas por um conjunto de regras formalizadas por um órgão constituinte, em documentos escritos solenes. Podem ser (a) codificadas, quando sistematizadas em um único texto, ou (b) legais, quando se apresentam esparsas ou fragmentadas.
Não-Escritas (Costumeiras ou Consuetudinárias): não são solenemente elaboradas por órgão encarregado especialmente desse fim. São sedimentadas pelos usos, costumes, jurisprudência, etc.
3. Primado da Constituição
O primado da constituição significa a supremacia da constituição sobre todas as outras normas, sejam elas de origem pública ou privada. É por meio da Constituição que são explícitos os direitos e as garantias fundamentais, porém é importante salientar as diferenças entre esses dois conceitos. (CAMARGO, Daniel Marques de. 2011)
"[...]Os direitos representam por si só certos bens, as garantias destinam-se a assegurar a fruição desses bens; os direitos são principais, as garantias são acessórias; os direitos permitem a realização das pessoas e inserem-se direta e imediatamente, por isso as respectivas esferas jurídicas; as garantias só nelas se projetam pelo nexo que possuem com os direitos[...]os direitos declaram-se, as garantias estabelecem-se". (WADY, Ariane Fucci. 2009)
4. Controle de Constitucionalidade das Leis e dos Atos Normativos 
 ADIN: pode ser proposta perante o STF para obter a declaração de inconstitucionalidade de lei em tese ou ato administrativo normativo. (art.103, CF);
 ADIN por omissão: é proposta quando, por falta de norma reguladora, uma determinação constitucional não pode ser cumprida (art.103, § 2º);
Ação Declaratória de Constitucionalidade: ocorre quando o poder público propõe, perante o STF para obter declaração de constitucionalidade de lei ou ato normativo. A decisão tem efeito vinculante. (art.102, § 2º).
Arguição de descumprimento de preceito constitucional: coloca-se ao lado da ADIN e da ação declaratória de constitucionalidade. É mais restrita que estas, abrangendo atos comissivos e omissivos do Poder Público e também processos administrativos e judiciais, podendo incidir sobre estes em pleno andamento em Através desse, é possível suspender-se, liminarmente, ações judiciais ou processos administrativos em curso, os quais atingem TODOS os processos, os quais devem acatar a decisão do Supremo.
Unidade 5
1. Fato Jurídico e Ato Jurídico
(SOUZA, Marcus Vinícius Saavedra Guimarães de.)
Fato Jurídico é Todo acontecimento, natural ou humano e suscetível de produzir efeitos jurídicos. Os fatos Jurídicos constituem gênero que inclui eventos puramente naturais (fatos jurídicos em sentido restrito), e atos humanos de que derivam efeitos jurídicos, quais sejam, atos jurídicos e atos ilícitos. Tal a classificação adotada pelo Código Civil ao considerar que, no ato Jurídico ou lícito, o efeito jurídico deriva da vontade do agente (contratos, testamentos), ao passo que no ato ilícito o feito independe da vontade do agente, que, ao agir com dolo ou culpa e ocasionar dano a outrem, ocasionará efeitos jurídicos que, em absoluto, desejou, porque sempre sujeito às sanções legais.
Caso fortuito ou força maior são fatos capazes de modificar os efeitos de relações jurídicas já existentes, como também de criar novas relações de direito. São eventualidades que, quando ocorrem, pode escusar o sujeito passivo de uma relação jurídica pelo não cumprimento da obrigação estipulada. E o caso, por ex., de uma tempestade que provoque o desabamento de uma ponte por onde deveria passar um carregamento confiado a urna transportadora. Diante de tal situação e da impossibilidade da continuação do itinerário, a transportadora livra-se da responsabilidade pela entrega atrasada do material. Porém, para que determinado caso fortuito ou força maior possa excluir a obrigação estipulada em um contrato, é necessária a observação de certas circunstâncias, tais como a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de culpa das partes envolvidas na relação afetada. Caso não haja a presença de qualquer destes requisitos, não pode haver caso fortuito ou força maior que justifiquem o descumprimento contratual.
“Factum principis” é aquele fato também capaz de alterar relações jurídicas já constituídas, porém, através da presença da intervenção do Estado e não da ação da natureza ou de qualquer eventualidade. Tal situação se configura quando o Estado, por motivos diversos e de interesse público, interfere numa relação jurídica privada, alterando seus efeitos e, por vezes, até assumindo obrigações que antes competiam a um ou mais particulares. Por ex. o Estado pretende construir uma estrada que cortará o espaço físico de determinada indústria, provocando sua desapropriação e a conseqüente extinção do estabelecimento industrial, mediante, obviamente, indenização. Porém, não só a indústria será extinta como também os demais contratos de trabalho dos empregados do local. Diante de tal situação, a autoridade pública obriga-se a assumir as devidas indenizações trabalhistas, conforme disposto no art. 486 da CLT.
 
Atos Jurídicos no Sentido Amplo
 	O Ato jurídico “lato sensu”, necessariamente, é decorrente da vontade do homem devidamente manifestada, ou seja, não há ato jurídico sem a devida participação volitiva humana.
Para que se constitua um ato jurídico, o direito brasileiroadotou a necessidade da declaração da vontade, que pode ser expressa ou tácita.
 	Convém ressaltar que os efeitos jurídicos decorrentes da volição humana são instituídos pela norma jurídica, assim como os provenientes da ação da natureza também o são. Porém, no âmbito dos atos jurídicos, o caminho para a realização dos objetivos visados pelo declarante da vontade depende da natureza ou do tipo do ato realizado. Tal caminho terá que ser seguido na conformidade da lei ou poderá ser traçado autonomamente pela parte interessada.
 
Atos Jurídicos “Stricto Sensu”
 	Os atos jurídicos no sentido estrito são aqueles decorrentes de uma vontade moldada perfeitamente pelos parâmetros legais, ou seja, uma manifestação volitiva submissa à lei. São atos que se caracterizam pela ausência de autonomia do interessado para auto regular sua vontade, determinando o caminho a ser percorrido para a realização dos objetivos perseguidos.
 
2. Defeitos dos atos Jurídicos
a) Vícios do Consentimento:
a.1) Erro: Podemos considerar o erro como um falso conhecimento ou noção equivocada sobre um fato ou características referentes ao objeto, pessoa, cláusula ou sobre o próprio ato negocial como um todo. Erro, entretanto, só é considerado como causa de anulabilidade do negócio se for essencial, escusável e prejudicar real e efetivamente o declarante da vontade. Há vários tipos de erro:
 
Erro de Fato, aquele que recai sobre uma situação fática referente ao negócio realizado, subdivide-se em erro essencial e erro acidental.
Erro essencial ou substancial: É aquele que, de acordo com o    direito positivo (CC, art. 86), é capaz de viciar o consentimento do agente, tornando o negócio por ele praticado anulável. São quatro as modalidades de erro substancial, a saber:
Error in negotio: Este tipo de erro diz respeito à natureza própria do ato, ou seja, incide sobre a própria essência ou substância do negócio. Por ex., algum que pensa estar vendendo um objeto quando na verdade estar realizando uma doação.
Error in corpore: É aquele que recai sobre a identidade do objeto principal da relação jurídica negocial. Por ex., um indivíduo que acredita estar comprando uma motocicleta, mas na realidade adquire uma bicicleta.
Error in substantia: Incide sobre as características essenciais do objeto da declaração da vontade. Por ex., alguém que, sem saber, adquire uma casa de dois pavimentos, mas acreditava estar comprando uma de três.
Error in persona: Induz a uma falsa idéia sobre a própria pessoa que figura como a outra parte da relação negocial. É o caso, por ex., do marido que, sem ter o conhecimento do fato, contrai matrimônio com mulher já deflorada.(Código Civil, art. 219, IV).
Erro acidental: Em tese, não é capaz de viciar o consentimento do sujeito, pois recai apenas sobre qualidades acessórias do objeto da relação (error in qualitate), bem como sobre sua medida, peso ou quantidade (error in quantitate), desde que não importe em prejuízo real ao individuo. Por ex., uma pessoa que compra um automóvel e posteriormente descobre que o porta-malas é 5 cm2 menor do que pensava.
Já o erro de direito ou error juris é aquele que diz respeito à norma jurídica disciplinadora do negócio. Não se confunde, contudo, com a ignorantia legis, uma vez que esta é o desconhecimento completo da existência da lei, sendo o erro de direito seu conhecimento equivocado, apesar do Código Civil equiparar essas duas noções.
 
a.2) Dolo: A noção que teremos de dolo é diversa daquela empregada pelo direito penal, pois este o restringe apenas à vontade livre e consciente de praticar um crime.Dolo civil é todo ato malicioso ou fraudulento empregado por uma das partes ou por terceiro com o objetivo de ludibriar o outro contratante para que este manifeste seu consentimento de maneira prejudicial a sua vontade livre ou ao seu patrimônio, pois este consentimento seria declarado de forma diferente ou sequer teria existido caso não fosse utilizado tal artifício astucioso.Existem diversos tipos de dolo, sendo o dolus bonus e o dolus malus os que mais nos interessam.
Dolus bonus: É aquele freqüentemente empregado no comércio informal e até mesmo no formal. Consiste em exageros nas vantagens e boas qualidades da mercadoria oferecida pelo comerciante. 
Dolus malus: É o dolo que prejudica efetivamente a vítima, capaz de viciar sua vontade, tornando o negócio anulável. E um artifício fraudulento que consegue enganar até mesmo as pessoas mais cautelosas e instruídas.
a.3) Coação: Entende-se como coação capaz de viciar o consentimento todo fator externo capaz de influenciar, mediante força física ou grave ameaça, a vítima a realizar negócio jurídico que sua vontade interna não deseja efetuar.
 
b) Vícios Sociais
b.1) Simulação:Negócio simulado é aquele forjado pelas partes e que na verdade não existe, com o objetivo de prejudicar terceiros. São atos praticados sempre com a cumplicidade de outrem, ou seja, são bilaterais. Podem apresentar uma declaração de vontade intencionalmente discrepante da vontade real ou um consentimento externo em harmonia com a vontade interna, mas que de qualquer modo está em detrimento com a ordem jurídica.
 b.2)Fraude contra credores: A fraude contra credores é um ato praticado pelo devedor, com ou sem a cumplicidade de outrem, com o objetivo de desfazer o seu patrimônio para impossibilitar o pagamento de suas dívidas, prejudicando, portanto, os credores. Pode decorrer de uma simulação ou da realização de um negócio de fato existente, porém anulável, segundo o art. 147, II, CCB.
 
b.3) Atos Ilícitos:São atos que vão de encontro com o ordenamento jurídico, lesando o direito subjetivo de alguém.Para que se configure o ato ilícito é mister que haja um dano moral ou material à vítima, uma conduta culposa (dolo ou culpa “stricto sensu”) por parte do autor e um nexo causal entre o dano configurado e a conduta ilícita. Ilícito civil gera uma obrigação indenizatória pelos danos efetivos e, em alguns casos, pelo que a vítima deixou de lucrar com o dano provocado.Tal obrigação decorre da responsabilidade civil, que é a possibilidade jurídica que determinada pessoa tem de responder pelos seus atos, sejam eles lícitos ou não. A responsabilidade pode ser direta (responder pelos próprios atos) ou indireta (responder por atos de terceiros).
b.4)Ato Jurídico Inexistente: não constitui um ato propriamente dito, de vez que a própria expressão ato inexistente constitui uma contradictio in adiectio. 
b.5)Ato Jurídico Nulo: Ato desprovido de requisitos substanciais ou que fere a norma jurídica, sendo inquinado de ineficácia absoluta. O Código Civil exige, no art. 82, para a validade do ato jurídico, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei.
b.6) Ato Jurídico Anulável: ato praticável em desatendimento a formalidades legais, e que, embora ratificável, pode ser anulado por quem tenha interesse na sua ineficácia. Determina o Código Civil “Art. 147. anulável o ato Jurídico, por incapacidade relativa do agente (art. 6º); por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, ou fraude(arts. 86 a 113). Art. 148. O ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo direito de terceiro. A ratificação retroage à data do ato”. Oart. 152 estabelece: “As nulidades do art. 147 não tem efeito antes de julgadas por sentença, nem se pronunciam de ofício. Só os interessados as podem alegar, e aproveitam exclusivamente aos que as alegarem, salvo o caso de solidariedade, ou indivisibilidade”. 
b.7)Ato-Condição: Pressupõem um imperativo hipotético, cuja concretização depende da realização de certos atos voluntários ou, mesmo, fatos. Ato-condições não se confunde com o ato jurídico em sentido restrito porque no ato-condição o efeito jurídico, produzido pela aplicação de uma situação jurídica criada, ao passo que no ato Jurídico em sentido estrito, à vontade daquele que pratica o ato que produz o efeito jurídico. 
3.Negócios Jurídicos
O negócio jurídico é todo ato decorrente de uma vontade auto regulada, onde uma ou mais pessoas se obrigama efetuar determinada prestação jurídica colimando a consecução de determinado objetivo. Como em todo ato jurídico, os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas de direito, porém, os meios para a realização destes efeitos estão sujeitos à livre negociação das partes interessadas, que estabelecem as cláusulas negociais de acordo com suas conveniências, claro que sem ultrajar Os limites legais.
 O negócio jurídico mais comum é o contrato, apesar de existirem outros tipos de atos negociais, como o testamento, por exemplo. A classificação mais comum dos negócios jurídicos é a seguinte:
 
Negócios receptícios: é aquele em que a manifestação da vontade de uma parte deve estar em consonância com a outra parte para que o negócio se constitua e produza efeitos. Há a necessidade de duas vontades dirigidas em sentidos opostos, ou seja, à vontade de uma parte deve ser direcionada à outra parte, que, por sua vez, deve recebe-la e manifestar suas intenções ao outro interessado, produzindo então o acordo de vontades.
Negócios não receptícios: são aqueles que se realizam com uma simples manifestação unilateral de vontade, não havendo a necessidade de seu direcionamento a uma pessoa especifica para que se plenifique e produza efeitos.
 Os negócios“inter vivos”: são aqueles que se realizam e se aperfeiçoam enquanto as partes estão vivas.
“Mortis causa” são aqueles cujos efeitos só são produzidos com o advento da morte de uma das partes. E o caso dos testamentos ou dos contratos de seguro de vida.
Negócio jurídico oneroso: é aquele em que as partes acordam uma prestação e uma contra prestação pecuniária, produzindo, para ambas, vantagens e encargos.
O negócio gratuito ou gracioso: caracteriza-se pela presença de vantagens para somente uma das partes, enquanto que para a outra há somente encargos.
Negócios solenes: são aqueles que, por sua própria natureza ou por disposição legal, exigem o cumprimento de determinadas formalidades para que se configurem perfeitos.
Negócios não solenes são aqueles que não exigem tais formalidades para se constituírem, apesar de, geralmente, apresentarem forma apenas a título de prova de sua existência.
4.Estrutura dos Negócios Jurídicos
 
Consentimento: 
Sabemos que a presença da vontade é característica básica na formação de qualquer ato jurídico. Porém, se faz necessário a manifestação livre e consciente desta vontade, para que esta possa funcionar de maneira a expressar a verdadeira intenção do agente a respeito do negócio que está realizando. Caso isto não ocorra, caracterizam-se os chamados vícios do consentimento, situações que apreciaremos adiante.
Capacidade das partes: 
Se a vontade é pressuposto essencial para a existência dos atos jurídicos, conseqüentemente, a possibilidade jurídica ou capacidade para manifestá-la também o será.Dessa maneira, à vontade declarada por incapaz torna o negócio jurídico, a depender do grau da incapacidade (absoluta ou relativa), nulo ou anulável. Sendo assim, o Código Civil assim determina em seu art. 145: É nulo o ato jurídico: I. quando praticado por pessoa absolutamente incapaz;...”. E na mesma linha de raciocínio, o art. 147 assim reza: “É anulável o ato jurídico: I. por incapacidade relativa do agente;...”.Isso não significa que os incapazes não podem figurar como sujeitos de uma relação jurídica negocial. Participam indiretamente de tais relações através de seus representantes legais, no caso dos absolutamente incapazes, ou de um assistente, quando se trata dos relativamente incapazes. Dessa forma, a representação é a forma de suprimento da incapacidade absoluta, sendo a assistência a maneira adotada pelo direito para a proteção dos relativamente incapazes.
Há casos, entretanto, em que a capacidade ordinária ou geral a qual se referem os arts. 5º e 6º do Código Civil não é suficiente para conferir a possibilidade jurídica para uma pessoa manifestar validamente seu consentimento. Nestas situações, estamos na seara da chamada capacidade especial, que é exigida ao indivíduo devido à sua posição em relação ao objeto do ato negocial, ou devido a determinadas circunstâncias relativas à própria situação da pessoa.
Liceidade do objeto
Para que o negócio jurídico possa realizar-se de forma perfeita e eficaz, o direito, além de exigir a presença do consentimento e a capacidade das partes, pressupõe que a relação jurídica gire entorno de um objeto lícito, ou seja, tolerado pelo ordenamento jurídico e pelos bons costumes. De maneira que a presença de objeto ilícito é causa incontestável de anulação do negócio, conforme dita o art. 145, II, do Código Civil.
Idoneidade do objeto
Ainda nas considerações sobre o objeto da relação negocial, temos que, além de lícito, deve ser ele idôneo, ou seja, passível de figurar como centro de uma relação jurídica. Assim, o objeto cuja prestação for impossível de ser realizada tanto pelo devedor quanto por qualquer outra pessoa normal gera a nulidade do ato ao qual pertence.
Forma
À vontade, para que possa dar eficácia ao negócio jurídico colimado pelas partes, deve ser manifestada através de um meio determinado pela norma jurídica ou pelos próprios interessados. São solenidades ou ritos que devem ser seguidos para que a vontade deixe o âmbito subjetivo e passe a existir no mundo exterior ao individuo, gerando então efeitos jurídicos.
O nosso direito adota o princípio da forma livre para a validade das emissões volitivas na seara negocial, conforme podemos apreender do art. 129 do Código Civil. Porém, esse mesmo artigo põe a salvo os negócios cuja forma é previamente determinada pela lei, não se admitindo para a validade destes atos qualquer outro tipo de meio para a exteriorização da vontade senão aquele imposto pela norma legal. Dessa maneira, a regra é que os negócios jurídicos reputam-se válidos mediante qualquer instrumento de manifestação volitiva, e a exceção que determinado ato só serão considerados existentes caso observem a forma especial a eles determinada pela norma jurídica.
Unidade 6
Personalidade Jurídica no Direito Brasileiro
	(UNIVERSOJUS, 2011)
 O conceito de personalidade jurídica pode-se afirmar que: a) significa a possibilidade de alguém ser titular de relações jurídicas, como forma de expressão da dignidade da pessoa humana e, b) objeto de tutela privilegiada pela ordem jurídica constitucional.
1. Início da personalidade jurídica da pessoa natural
O início da personalidade é marcado pelo nascimento com vida, conforme dicção do art. 2º do CC. Clinicamente o nascimento é aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno.
Em consonância com o texto do art. 2º do CC, a doutrina majoritária defende que o Direito Civil positivo adotou a teoria natalista para o início da personalidade jurídica. Nessa linha, o nascituro, ente concebido, mas não nascido, não passa de uma potencialidade de direitos.
Em sentido contrário, por influência do Direito francês, surge a teoria concepcionista pela qual o nascituro adquiriria personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim,considerado pessoa. Aqui o nascimento não é condição para que a personalidade exista, mas para que se consolide.
2. Proteção jurídica do nascituro
Nascituro é o ente já concebido, mas ainda não nascido. Deixando de lado as discussões teóricas sobre o início da personalidade jurídica, é certo que a segunda parte do art. 2º do CC expressamente põe a salvo os seus direitos”. Assim, pode-se afirmar que na legislação em vigor o nascituro:
a) É titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida);
b) Pode receber doação, conforme dispõe o art. 542 do CC: “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita por seu representante legal”;
c) Pode ser beneficiado por legado e herança (art. 1798 do CC);
d) Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 do CPC);
e) O Código Penal tipifica o crime de aborto;
f) Tem direito a alimentos.
É bom lembrar que o enunciado 01, aprovado na Jornada de DireitoCivil, promovida pelo CEJ (Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal), em 2002, afirmou que a proteção que o Código Defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos de personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura”.
3. Capacidade de direito e capacidade de fato
Por capacidade de direito, também conhecida como capacidade de gozo ou capacidade de aquisição, pode ser entendida como a medida da intensidade da personalidade. Todo ente com personalidade jurídica possui também capacidade de direito, tendo em vista que não se nega ao indivíduo a qualidade para ser sujeito de direito. Personalidade e capacidade jurídica são as duas faces de uma mesma moeda.
A capacidade de direito não se confunde com a capacidade de fato, também chamada de capacidade de exercício. Este conceito se relaciona com as condições pessoais que determinado indivíduo reúne para exercer pessoalmente seus direitos. Ela nada mais é do quea habilidade para praticar de forma autônoma, ou seja, sem a interferência de terceiros na qualidade de representantes ou assistentes, seus direitos civis. Da capacidade de fato distingue-se a legitimidade (ou legitimação). Esta é uma forma específica de exercício de determinados atos da vida civil, ao contrário da capacidade, a qual se refere à aptidão para aprática em geral.
A capacidade de fato, ao contrário da capacidade de direito possui estágios definidos no próprio Código Civil. Ele distingue duas modalidades de incapacidade, a saber: a incapacidade em absoluta e a relativa. Trata-se de um divisor quantitativo de compreensão do  indivíduo.
De acordo com o art. 3º do CC são considerados absolutamente incapazes:
a) Os menores de 16 anos (art. 3º, I) – Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no. 8069/90), até os 12 anos de idade incompletos considera-se a pessoa criança. Entretanto, os adolescentes até os 16 também são reputados absolutamente incapazes.
b) Aqueles que sofrem de doença ou deficiência mental (art. 3º, II) – Trata-se de uma hipótese que o indivíduo é atormentado por uma patologia que o impede de praticar atos no comércio jurídico, tendo em vista o comprometimento do seu quadro cognitivo. Nesta hipótese a incapacidade deve ser reconhecida por meio da ação de interdição, prevista nos artigos 1.177 ao artigo 1186 do CPC.
c) Os que por causa transitória não puderem exprimir sua vontade (art. 3º, III) São elementos para a configuração dessa forma de incapacidade o caráter temporário e a impossibilidade total de expressão da vontade, os quais deverão ser verificados cumulativamente. (ex. coma).
De acordo com o art. 4º do CC são considerados relativamente incapazes:
a) Os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4º, I);
b) Os ébrios habituais e os viciados em tóxico (art. 4º, II);
c) Os deficientes mentais que tenham o discernimento reduzido (art. 4º, II);
d) Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo (art. 4º, III) – A previsão da incapacidade relativa dos excepcionais tem como propósito proteger os atos praticados pelos agentes nessas situações, sem prejuízo de sua salutar inserção no meio social.
e) Os pródigos (art. 4º, IV) – Esta modalidade de incapacidade deve ser decretada judicialmente por requisição do cônjuge ou familiar, já que o que se protege, com a incapacidade do pródigo, é exatamente o patrimônio da família, e não apenas o patrimônio do pródigo. De acordo com o art. 1782 do CC “a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração”.
É bom lembrar que a senilidade não é causa de restrição da capacidade, ressalvada a hipótese de a senectude gerar um estado patológico, a exemplo da arteriosclerose. Sobre a capacidade dos índicos está será regulada pela Lei no. 6.001/73 (Estatuto do Índio), tendo em vista que o código civil remete a matéria para a legislação especial (art. 4º,parágrafo único).
Unidade 8
 1. Organização dos Poderes do Direito Brasileiro
	 
	Poder Legislativo
	Poder Judiciário
	Poder Executivo
	Funções típicas, primárias, próprias ou ordinárias.
	Legislar e Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo.
	Julgar
	Administrar
	Funções atípicas, secundárias, impróprias ou extraordinárias.
	Administrar. Ex: conceder férias, licenças aos seus servidores.
 
Julgar. Ex: Cabe ao Senado julgar o Presidente nos crimes de responsabilidade.
 
	Administrar. Ex: organização de suas secretarias; conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários.
 
Legislar. Ex: elaboração do regimento interno.
	Julgar. Ex: Tribunal de Impostos e Taxas.
 
Legislar. Ex: Medida Provisória.
2. Poder Legislativo
a) Estrutura do Poder Legislativo:
 
-         Legislativo federal: Tem uma estrutura bicameral. (bicameralismo federativo). O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que é formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal (art. 44 da CF).
-         Legislativo estadual: Tem uma estrutura unicameral (unicameralismo). O Poder legislativo é exercido pela Assembléia Legislativa, que é composta pelos Deputados Estaduais. 
-         Legislativo distrital: Tem uma estrutura unicameral (unicameralismo). O Poder legislativo é exercido pela Câmara Legislativa, composta pelos Deputados Distritais.
-         Legislativo municipal: Tem uma estrutura unicameral (unicameralismo). O Poder legislativo é exercido pela Câmara dos Vereadores, que é composta pelos Vereadores.
 
b)Representantes: 
-         Deputados Federais: São representantes do povo.
-         Senadores: São representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. 
-         Deputados Estaduais: São representantes do povo do Estado. 
-         Deputados Distritais: São representantes do povo do Distrito Federal.
-         Vereadores: São representantes do povo do Município.
 
c)Sistema eleitoral:
 
-         Deputados Federais: Elegem-se pelo sistema proporcional, assim as cadeiras se distribuem na proporção dos votos obtidos pelo Partido (art. 45 da CF). Depende do número de votos que a legenda obtiver. 
-         Senadores: Elegem-se pelo sistema majoritário, assim o Senador que obter o maior número de votos será eleito (art. 46 da CF).
-         Deputados Estaduais: Elegem-se pelo sistema proporcional. 
-         Deputados Distritais: Elegem-se pelo sistema proporcional. 
-         Vereadores: Elegem-se pelo sistema proporcional.
d) Condições de elegibilidade:
 
-         Nacionalidade brasileira (art. 14, §3º, I da CF).
-         Pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, §3º, II da CF). 
-         Alistamento eleitoral (art. 14, §3º, III da CF).
-         Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, §3º, IV da CF).
-         Filiação partidária (art. 14, §3º, V da CF). 
-         Idade mínima (art. 14, §3º, VI da CF):
Deputado Federal: 21 anos (art. 14, §3º, VI, “c” da CF).
Senador: 35 anos (art. 14, §3º, VII, “a” da CF).
Deputado Estadual: 21 anos (art. 14, §3º, VI, “c” da CF).
Deputado Distrital: 21 anos (art. 14, §3º, VI, “c” da CF).
Vereador: 18 anos (art. 14, §3º, VI, “d” da CF).
 
e)Competência do Congresso Nacional:
 
-         Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre (art. 48 da CF):
Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas (art. 48, I da CF).
Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, divida pública e emissões de curso forçado (art. 48, II da CF).
Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas (art. 48, III da CF).
Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento (art. 48, IV da CF).
Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União (art. 48, V da CF).
Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas(art. 48, VI da CF).
Transferência temporária da sede do Governo Federal (art. 48, VII da CF).
Concessão de Anistia (art. 48, VIII da CF).
Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal (art. 48, IX da CF).
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o art. 84, VI, “b” (art. 48, X da CF). A extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, cabe privativamente ao Presidente da República (art. 84, VI, “b” da CF).
Criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (art. 48, XI da CF).
Telecomunicações e radiodifusão (art. 48, XII da CF).
Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações (art. 48, XIII da CF).
Moeda, seus limites de emissão e o montante da dívida mobiliária federal (art. 48, XIV da CF).
Fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõe os arts. 39, §4º, 150, II; 153 III e 153, §2º, I. (art. 48, XV da CF): A fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal será feita por lei ordinária, de iniciativa do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
 
-         Cabe ao Congresso Nacional exclusivamente (art. 49 da CF):
 
Resolver definitivamente sobre tratados ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromisso gravosos ao patrimônio nacional (art. 49, I da CF).
Autorizar o Presidente da República declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os aos previstos em lei complementar (art. 49, II da CF).
Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a 15 dias (art. 49, III da CF).
Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio ou suspender qualquer dessas medidas (art. 49, IV da CF).
Sustar os atos normativos do Poder executivo que exorbitem ao poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V da CF).
Mudar temporariamente a sua sede (art. 49, VI da CF).
Fixar idêntico subsídio para os deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõe os art. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III e 153, §2º, I. (art. 49, VII da CF).
Fixar subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõe os art. 37, XI, 39, §4º, 150, II, 153, III e 153, §2º (art. 49, VIII da CF).
Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar relatórios sobre a execução dos planos de governo (art. 49, IX da CF).
Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder executivo, incluídos os da administração indireta (art. 49, X da CF).
Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes (art. 49, XI da CF).
Apreciar os atos de concessão de emissoras de rádio e televisão (art. 49, XII da CF).
Escolher 2/3 dos membros do Tribunal de Contas da União (art. 49, XIII da CF).
Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares (art. 49, XIV da CF).
Autorizar referendo e convocar plebiscito (art. 49, XV da CF).
Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais (art. 49, XVI da CF).
Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (art. 49, XVII da CF).
f) Competência da Câmara dos Deputados (art. 51 da CF):
            Tais matérias são materializadas através de resoluções.
 Autorizar por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (art. 51, I da CF).
Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional após a abertura da sessão legislativa (art. 51, II da CF).
Elaborar seu regimento interno (art. 51, III da CF).
Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentária (art. 51, IV da CF).
 Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII (art. 51, V da CF).
 
 g) Competência do Senado Federal (art. 52 da CF):
 	 Tais matérias são materializadas através de resoluções
Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (art. 52, I da CF).
Funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condenação, que somente será proferida por 2/3 dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por 8 anos para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. (art. 52, parágrafo único da CF).
Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crime de responsabilidade (art. 52, II da CF).
Funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se à condenação, que somente será proferida por 2/3 dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por 8 anos para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis (art. 52, parágrafo único da CF).
  Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de (art. 52, III da CF):
Magistrados, nos casos estabelecidos na Constituição (art. 52, III, “a” da CF).
Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República (art. 52, III, “b” da CF).
Governador de Território (art. 52, III, “c” da CF).
Presidente e Diretores do Banco Central (art. 52, III, “d” da CF).
Procurador-Geral da República (art. 52, III, “e” da CF).
Titulares de outros cargos que a lei determinar (art. 52, III, “f” da CF).
Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha de chefes de missão diplomática de caráter permanente (art. 52, IV da CF).
Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios (art. 52, V da CF).
Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, VI da CF).
Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Município, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal (art. 52, VII da CF).
Dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno (art. 52, VIII da CF).
Estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, IX da CF).
Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, X da CF).
Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício do Procurador-Geral da República, antes do término do seu mandato (art. 52, XI da CF).
Elaborar o seu regimento interno (art. 52, XII da CF).
Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentária (art.52, XIII da CF).
Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII (art. 52, XIV da CF).
Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios (art. 52, XV da CF).
3. Poder Executivo
a) Sistema de Governo:
O Brasil adota o sistema de governo presidencialista, em que a chefia de Estado (política externa) e de Governo (política interna) encontram-se nas mãos de uma só pessoa (executivo monocrático). 
-         Âmbito federal: O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado (art. 76 da CF). 
-         Âmbito estadual: O Poder Executivo é exercido pelo Governador de Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado.
-         Âmbito distrital: O Poder Executivo é exercido pelo Governador do Distrito Federal. 
-         Âmbito municipal: O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais. 
Nos territórios federais a direção caberá a um Governador, nomeado pelo Presidente da República após aprovação pelo Senado Federal (art. 52, III, “c” e 84, XIV da CF).
 
   b) Condições de elegibilidade:
 
-         Nacionalidade brasileira (art. 14, §3º, I da CF).
-         Pleno exercício dos direitos políticos: Capacidade para votar e ser votado (art. 14, §3º, II da CF).
-         Alistamento eleitoral (art. 14, §3º, III da CF).
-         Domicílio eleitoral na circunscrição: Deve ter domicílio na circunscrição um ano antes da eleição (art. 14, §3º, IV da CF).
-         Filiação partidária: Deve ter filiação partidária um ano antes da eleição (art. 14, §3º, V da CF). 
-         Idade mínima (art. 14, §3º, VI da CF):
Presidente e Vice-Presidente: 35 anos (art. 14, §3º, VI, “a” da CF).
Governador e Vice-Governador do Estado e do Distrito Federal: 30 anos (art. 14, §3º, VI, “b” da CF).
Prefeito e Vice-Prefeito: 21 anos (art. 14, §3º, VI, “c” da CF).
 c) Compete privativamente ao Presidente da República:
O rol do artigo 84 da Constituição Federal é exemplificativo. 
-    Nomear e exonerar os Ministros de Estado (art. 84, I da CF): A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (art. 88 e 48, XI da CF). 
-         Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal (art. 84, II da CF). 
-         Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição (art. 84, III e 61, §1º da CF). 
-         Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução (art. 84, IV da CF): O Congresso Nacional poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V da CF).
-         Vetar projetos de lei, total ou parcialmente (art. 84, V da CF). 
-         Dispor, mediante decreto, sobre (art. 84, VI da CF): 
Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos (art. 84, VI, “a” da CF). 
Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos (art. 84, VI, “b” da CF): Diferentemente, a lei disporá sobre criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o art. 84, VI, “b” (art. 48, X da CF).
 
-         Manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos (art. 84, VII da CF).
-         Celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional (art. 84, VIII e 49, I da CF). 
-         Decretar o estado de defesa e o estado de sítio (art. 84, IX da CF): 
Cabe ao congresso Nacional aprovar o estado de defesa e autorizar o estado de sitio, ou suspender qualquer uma dessas medidas (art. 49, IV da CF); Ao Conselho de Defesa Nacional opinar sobre a decretação destas medidas (art. 91, §1º, II da CF) e ao Conselho da República, pronunciar-se sobre tais medidas (art. 90, I da CF). 
-         Decretar e executar a intervenção federal (art. 84, X da CF): 
Cabe ao congresso Nacional aprovar ou suspender a intervenção federal (art. 49, IV da CF) e ao Conselho de Defesa Nacional, opinar sobre a decretação dessa medida (art. 91, §1º, I da CF) e ao Conselho da República, pronunciar-se sobre tais medidas (art. 90, I da CF). 
-         Remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias (art. 84, XI da CF).
-         Conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei (art. 84, XII da CF).
-         Exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos (art. 84, XIII da CF): A lei disporá sobre a fixação e modificação do efetivo das forças armadas. 
-         Nomear, após aprovação pelo Senado Federal (voto secreto), os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei (art. 84, XIV e 52, III da CF). 
-         Nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União (art. 84, XV da CF): Cabe ao Senado aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública (art. 52, III da CF) e ao Congresso Nacional escolher 2/3 dos membros do Tribunal de contas da União (art. 49, XIII da CF).
-         Nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União (art. 84, XVI da CF): Cabe ao Senado aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública (art. 52, III da CF). 
-         Nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII (art. 84, XVII da CF): A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também elegem membros do conselho da República (art. 51, V e art. 52, XIV da CF).
 
-         Convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (art. 84, XVIII da CF).
-         Declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional (art. 84, XIX da CF):
O Congresso Nacional tem que autorizar o Presidente (art. 49, II da CF) e cabe ao Conselho de Defesa Nacional opinar sobre a declaração de guerra (art. 91, §1º, I da CF). 
-         Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional (art. 84, XX e 49, II da CF): O Congresso Nacional tem que autorizar o Presidente (art. 49, II da CF) e cabe ao Conselho de Defesa Nacional opinar sobre a celebração de paz (art. 91, §1º, I da CF).
 
-         Conferir condecorações e distinções honoríficas (art. 84, XXI da CF).
 
-         Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente (art. 84, XXII da CF): O Congresso Nacional precisa autorizar o Presidente, salvo nos casos previstos em lei complementar (art. 49, II da CF). 
-         Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição (art. 84, XXIII da CF): A lei disporá sobre plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado (art. 48, II da CF).
-         Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior (art. 84, XXIV da CF): O Congresso Nacional irá julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente