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DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Aula 30/07/2009 Quarta-feira DIREITO PENAL 1- INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL Conceito e finalidade: Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas. Sob o enfoque sociológico , direito penal é mais um instrumento (ao lado dos demais ramos do direito) de controle social de comportamento desviados, visando assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica entre os membros do grupo. Movimento funcionalismo nasceu para analisar a real função do direito penal. - Funcionalismo teleológico: a função do direito penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis a harmônica convivência dos membros da sociedade. - Funcionalismo sistêmico: a função do direito penal é assegurar o império da norma, ou seja, resguardar o sistema (quem viola o sistema é seu inimigo – direito penal do inimigo). A diferença com os demais é que o direito penal traz as conseqüências mais drásticas, por isso é a última “ratio” (princípio da intervenção mínima) Sobre a finalidade, há duas teorias (que discutem a FUNÇÃO); são as teorias funcionalistas: a) funcionalismo teleológico (Roxin) e b) funcionalismo sistêmico (Jacobs). Pela teoria do funcionalismo teleológico (Roxin) a função do direito penal é assegurar bens jurídicos indispensáveis, valendo-se das medidas de política criminal. Pela teoria do funcionalismo sistêmico (Jacobs) a função do direito penal é resguardar a norma (sistema) atrelado aos fins da pena. Ex.: furto de uma caneta “bic” para Roxin é possível aplicar o princípio da insignificância e para Jacobs é crime porque feriu o sistema (direito penal do inimigo do “sistema”). Direito Penal Objetivo/Subjetivo: O direito penal objetivo é o conjunto de leis penais em vigor no país (CP). O direito penal subjetivo é o direito de punir do Estado. São complementares. O direito penal objetivo é expressão ou emanação do direito penal subjetivo. Direito Punitivo: Monopólio do direito de punir: 1 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Monopólio estatal – somente o Estado pode punir penalmente alguém. Há exceções? Ou seja, o Estado tolera a punição penal do particular? R.: Lei 6.001/73, art. 57 – grupos tribais aplicar sanções penais aos seus membros. Exceção – art. 57 do estatuto do índio (lei nº. 6.001/73), o Estado pune e a tribo também, para preservar as tradições indígenas. Na ação penal privada o Estado não transfere o poder de punir (jus puniendi), mas sim transfere-se o jus persequendi, ou seja, a titularidade da ação penal ao particular, vítima. OBS.: Consagrou-se o princípio da complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir indevidamente nos sistemas penais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade de investigar e processar os crimes cometidos nos seus limites territoriais, salvo nos casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade de punir. (O TPI SERÁ CHAMDO A INTERVIR SOMENTE SE E QUANDO A JUSTICA REPRESSIVA INTERNA NÃO FUNCIONE) - Art. 1° do Estatuto de Roma, Brasil é signatário, instituiu o Tribunal Penal Internacional. É limitado. Ex: limite temporal (prescrição) com exceção do racismo e do grupo armado contra o Estado Democrático de Direito; limite espacial - art. 5º, CP (princípio da territorialidade – exceção: extraterritorialidade); limitação modal (princípio da dignidade da pessoa humana). Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Fontes: É a origem jurídica. A) Fonte material (produção/criação): órgão encarregado da criação do Direito Penal. Em regra, somente a União está autorizada a produzir (art. 22, I da CF), mas o § único diz que LC pode autorizar o Estado em matéria de interesse local. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho 2 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo B) Fonte formal (revelação/divulgação): processo de exteriorização da fonte material. Fonte de conhecimento. Existem duas formais a doutrina clássica e a moderna. A doutrina clássica divide em: imediata (lei) e mediata (costumes e princípios gerais de direito). A doutrina moderna também em imediata e mediata, mas divide a imediata em direito penal incriminador (lei) e não incriminador (CF, tratados internacionais, lei e jurisprudência, súmula vinculante). As mediatas são os costumes e Princípio Gerais de Direito. Costume: comportamentos uniformes e constantes (prática reiterada) pela convicção de sua obrigatoriedade e sua necessidade jurídica – não existe no Brasil o costume incriminador – não se cria crime, nem se comina pena. Costume revoga infração penal? R.: 1°) corrente: não, pois lei somente pode ser revogada por outra lei (LICC) – Jogo de bicho é contravenção e será punido. 2°) corrente: revoga, em especial quando a infração penal é tolerada pela sociedade – Jogo do bicho não é mais contravenção penal. 3°) corrente: costume não revoga formalmente infração penal, mas não pune o comportamento quando perde eficácia social – Jogo do bicho é contravenção que não mais se pune. Prevalece a primeira corrente, mas a doutrina e jurisprudência moderna estão com a terceira corrente. A utilidade do costume no direito penal brasileiro é o costume interpretativo, aclarar o sentido na norma jurídica penal. Ex.: art. 155, § 1° - repouso noturno - período que determinada a sociedade retira para descanso diário; ato obsceno. Princípios Gerais do Direito: Direito que vive na consciência comum de um povo. Como ocorre com os costumes, também o PGD não pode ser fonte de norma incriminadora, atuando somente no campo da interpretação. FONTES DO DIREITO PENAL ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04 - IMEDIATA: Lei - MEDIATAS: Costumes e princípios gerais do direito FONTES DO DIREITO PENAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04 - IMEDIATAS: 1) Lei (única que pode versar sobre norma penal incriminadora). 2) Constituição Federal 3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos 3 DIREITO PENAL Intensivo IProf. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 4) Atos administrativos 5) Jurisprudência (súmula vinculante) - MEDIATA: doutrina OBS.: Costumes passou a ser fonte informal do direito penal. Tratados Internacionais: STF a) art. 5°, § 2° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos tem status de norma infraconstitucional. b) Art. 5°, § 3° da CF: Os tratados internacionais aprovados com quorum qualificado tem status constitucionais. INTERNACIONALISTAS a) art. 5°, § 2° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com quorum simples é materialmente constitucional. b) art. 5°, § 3° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com quorum qualificado é materialmente e formalmente constitucional. OBS: o STF está discutindo o “status” dos tratados internacionais e as súmulas vinculantes. Os atos administrativos das normas penais em branco também são fonte formal imediata. OBS: STATUS DOS TRATADOS INTERNAIONAIS: O STF esta mudando seu entendimento sobre o status do tratado internacional ratificado pelo BR. Tem se dividido da seguinte maneira: Se for anterior a EC/45, tem status de norma constitucional (Celso de Mello). Se for posterior a EC/45 e tratar de direitos humanos com quórum de aprovação qualificado (3/5 – EC) tem status de norma constitucional, mas se for quórum simples tem status de norma supra legal. Se não tarar de direitos humanos e tiver quórum qualificado, tem status de norma legal, mas se o quórum for simples, tem status de lei (legal). Conclusão: no ápice da pirâmide estão a CF e a Convenção Americana de Direitos Humanos. Os costumes nunca poderão criar crime (só a lei pode), mas existem duas correntes quanto à possibilidade de revogação. A 1ª entende que só lei revoga lei (LICC) – 4 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 majoritária. A 2ª entende possível, quando por costume um crime perde eficácia social (tolerância) – LFG (ex: jogo do bicho). Mas o costume é mais utilizado como forma de interpretação. Ex: repouso noturno (art. 155, § 1º, CP). Os PGD é o direito que vive na consciência comum do povo. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL: Explicar, explanar ou aclarar o significado de palavra, expressão ou texto. A) Quanto ao sujeito (origem): - Autêntica/legislativa: dada pela lei – art. 327 do CP, conceito de funcionário público; - Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos; - Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes, exceção: súmulas vinculantes editadas pelo STF; OBS.: Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de processo penal é autêntica ou legislativa ou autêntica. B) Quanto ao modo: - Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras; - Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei; - Histórica: procura-se a origem da lei; - Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito. - Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência. Transexual pode ser vítima de estupro? R.: Interpretação literal – não; Interpretação progressiva – sim. C) Quanto ao resultado : - Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer. - Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. - Restritiva e progressiva (evolutiva/adaptativa): reduz-se o alcance das palavras da lei para corresponde ao alcance/vontade do texto. 5 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 OBS.: É possível a interpretação extensiva no Brasil? R.: 1° corrente: O Brasil, diferentemente de outros países (Equador), não proíbe a interpretação extensiva. 2° corrente: Admite-se no Brasil a interpretação extensiva, somente quando favorável ao réu (in dúbio pro réu – princípio das provas). Doutrina democratizou o princípio do in dubio pro reu aplicando-o na interpretação. Art. 157, § 2° do CP – expressão “arma” gera controvérsia – 1°) corrente: sentido próprio: instrumento fabricado com finalidade bélica. Ex.: revólver. 2°) corrente: sentido impróprio: instrumentos com o sem finalidade bélica, capaz de servir ao taque/defesa. Ex.: faca de cozinha. A primeira corrente utiliza a interpretação restritiva e a segunda extensiva. OBS.: Interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica. Nesta, o significado que se é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto), levando-se me conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo legislador. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA (integração) Existe norma para o caso concreto Existe norma para o caso concreto Não existe norma para o caso concreto Amplia-se o alcance na palavra “arma” – art. 157, § 2° do CP O legislador previu uma fórmula genérica, permitindo ao juiz encontrar outros Juiz aplica a lei prevista para outro caso no caso em que há lacuna. A interpretação extensiva e analógica não se confundem com a analogia (esta não é interpretação, mas regra de integração), neste caso, ao contrário dos anteriores, partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar. Interpretação analógica é quando a lei traz exemplos e permite que o interprete encontre outros casos. Ex: art. 121, § 2º, CP. A analogia, por sua vez, é quando há uma lacuna na lei. É, portanto, regra de integração. No direito penal ela só ocorre se for em bonan parte – a favor do réu. - art. 306 do CTB – interpretação analógica. 6 FATO NATUREZA HUMANO DESEJADOS INDESEJADOS DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL Os princípios gerais do direito penal podem ser divididos em quatro grupos: 1) Princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal; 2) Princípios relacionados com o fato do agente; 3) Princípios relacionados com o agente do fato; 4) Princípios relacionados a pena do agente. I - PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL: A) Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos: impede que o Estado venha a utilizar o direito penal na proteção de bens ilegítimos. Para ser utilizado de forma legítima deve se limitar a missão de proteger os bens jurídicos mais relevantes para o homem. B) Princípio da intervenção mínima: o direito penal só deve ser aplicada quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. Está legitimado a agir quando houver o fracasso dos demais ramos, acrescido da relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É composto de duas características: subsidiariedade (o direito penal intervém em abstrato somente quando ineficazes os demais ramos do direito – ultima ratio) e fragmentariedade (direito penal intervém em concreto somente quando houver relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado). A subsidiariedade orienta a intervenção em abstrato – odireito penal só intervem quando os demais ramos forem ineficientes, no combate do comportamento humano indesejado. O direito penal deve ser a última ratio (derradeira trincheira). A fragmentariedade orienta a intervencao em concreto. O direito penal só intervém no caso concreto quando houver relevante lesão ao bem jurídico. O princípio da insignificância decorre da fragmentariedade. Aula 06/08/2009 Quinta-Feira 7 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Princípio da insignificância Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Para que o fato seja materialmente típico exige-se relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA STF STJ Requisitos: 1) Mínima ofensividade da conduta do agente; 2) Nenhuma periculosidade social da ação; 3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. Requisitos: 1) Mínima ofensividade da conduta do agente; 2) Nenhuma periculosidade social da ação; 3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. Relevância do bem Jurídico: 1) Analisa a realidade econômica do país; 2) Importância do bem lesado para a vítima. Relevância do bem Jurídico: 1) Significado do bem para o ofendido. (HC 95.226- MS) Admite a aplicação do princípio nos delitos contra a administração pública. Ex. descaminho. Não admite a aplicação do princípio nos delitos contra a administração pública (por ofender a moralidade administrativa, que jamais pode ser tida como lesada de forma insignificante). Ex. descaminho. Ambos os Tribunais Superiores vedam a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública. Ex. moeda falsa. O princípio da intervenção mínima serve para orientar o legislador onde o direito penal não mais precisa intervir. Ex.: adultério, sedução, rapto consensual, contravenção penal da mendicância, (enfoque negativo) e onde o direito penal deve intervir (enfoque positivo). II - PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE: A) Princípio da exteriorização ou materialização do fato: o Estado só pode incriminar penalmente condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. Ex: art. 2º, CP 8 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 (não pune pelo que é, pelo que pensa, por seus desejos ou por seu estilo de vida, isto é direito penal do autor), mas não se esquece do autor que é utilizado para individualizar a pena. Ex: art. 59 da LCP (vadiagem - colide com esse princípio e não foi recepcionado). Direito brasileiro adota do direito penal do fato e proíbe-se o direito penal do autor (ex. nazismo). B) Princípio da legalidade: (pilar do garantismo) art. 1º do CP (Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)) – constitui uma real limitação ao Poder Estatal de interferir na esfera de liberdades individuais (art. 5º, XXXIX, CF - XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;). Em síntese é uma contenção ao poder punitivo (art. 9º da CADH – ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da ocorrência do delito. Se depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinqüente deverá dela se beneficiar.). Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal: 1ª corrente: diz que princípio da legalidade é sinônimo de reserva legal. 2ª corrente: diz que não se confundem. Na legalidade (lei em sentido amplo – todas as espécies normativas do art. 59, CF). Já a reserva (lei em sentido estrito – abrangendo lei ordinária e lei complementar). Assim, para essa corrente o art. 1º adota o princípio da reserva legal (FMB). 3ª corrente: diz que princípio da legalidade é reserva legal + anterioridade. Assim, o art. 1º adotou o princípio da legalidade (Fernando Capez). Esta é a corrente que prevalece. Esse princípio é a viga mestra para o garantismo. O princípio da legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais (garantia do indivíduo contra o Estado, jamais pode ser usado pelo Estado contra o indivíduo). Este princípio está previsto no art. 5°, XXXIX da CF, no art. 1° do CP e na CADH no art. 9°, Estatuto de Roma art. 22 e 23. Origem do princípio da legalidade: 1° corrente: o princípio da legalidade nasceu no Direito Romano; 2° corrente: nasceu na Carta de João Sem Terra (1215). 3° corrente: nasceu no Iluminismo, tendo sido recepcionado pela Revolução Francesa. (prevê reserva legal + anterioridade - Cesare Becaria). Fundamentos: 1°) Político: exigência de vinculação do Executivo e Judiciário à leis formuladas de forma abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio. 9 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 2°) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes/funções. Só o Parlamento, representante do povo, pode ser criar crimes. 3°) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. • É aplicável às contravenções penais? R.: A doutrina pacificamente entende que onde o art. 1º escreve crime é infração penal. • É aplicável às Medidas de Segurança? R.: A 1ª corrente considera a finalidade da MS (curativa) e não punitiva, não está submissa ao princípio da legalidade (Francisco de Assis Toledo); 2ª corrente diz que sendo espécie de sanção penal submete-se ao princípio da legalidade (onde escreve pena diz sanção penal), porém pena e medida de segurança são institutos diferentes, porém ambas soa espécies de sanção penal. É a majoritária. OBS.: O art. 1° dever ser lido: “Não a infração penal sem lei que o defina, nem sanção penal sem prévia cominação legal.” OBS.: O art. 3° do CPM não obedeceu o princípio da legalidade, visto que apesar de respeitar a reserva legal não respeita a anterioridade, vez que admite a aplicação da lei não vigente a época do fato, mas a época da sentença e até mesmo vigente a época da execução, assim, não foi recepcionado pela CF/88. OBS.: Princípio da legalidade para ser garantia do cidadão deve começar dizendo que não há crime ou pena sem lei (em seu sentido restrito – ordinária e complementar). Assim, medida provisória (ato normativo com forca normativa) não cria crime, porque não é lei em sentido estrito. Assim, direito penal incriminador não pode ser objeto de medida provisória. Mas pode legislar sobre direito penal não incriminador? 1ª corrente: não, seja ele incriminador ou não - art. 62, § 1º, I, b, CF (majoritária pela doutrina); Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)2ª corrente: entende que pode ser objeto de medida provisória se tratar de direito penal não incriminador (LFG), em favor do réu. Um exemplo é o Estatuto do Desarmamento (Lei nº. 11.706), tendo a MP prorrogado o período pala licenciamento da arma de fogo. É o entendimento do STF. O STF no RE 254.818-PR, discutindo os efeitos benéficos trazidos pela MP 1571/97 (permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários, com efeitos extintivos da punibilidade) proclamou sua admissibilidade em favor do réu. 10 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Resolução do TSE, CNJ, CNMP pode versar sobre direito penal? R.: Não pois não é lei em sentido estrito, portanto não pode versar sobre direito penal. Lei delegada pode versar sobre direito penal (incriminador ou não incriminador)? R.: Art. 68, § 1°, II da CF – Não, a vedação do artigo está na expressão “direitos individuais”, visto que direito penal é eminentemente individual. Princípio da legalidade – para ser garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do Estado, a lei deve ser: a) Anterior – aos fatos que busca incriminar (veda-se a retroatividade maléfica). Ex.: art. 213 do CP passou a tipificar o antigo estupro e o atentado violento ao pudor como figura única, ou seja, foram reunidos e geraram um crime de ação múltipla, assim retroagirá para beneficiar o réu; b) Escrita – veda-se o costume incriminador; c) Estrita – veda-se a analogia incriminadora; d) Certa – taxatividade na determinação das condutas. Ex.: art. 20, art. 7179/83 (crimes contra segurança nacional) – terrorismo é crime no Brasil? R.: o art. 20 não é claro em definir a conduta, usando somente a expressão “atos de terrorismo” – não trazendo fácil compreensão, fere a segurança jurídica, dizendo a maioria da doutrina que este dispositivo não foi recepcionado pela CF; e) Necessária – é desdobramento do princípio da intervenção mínima. Aula dia 20/08/2009 Qui nta-feira É preciso acrescentar ao art. 1º a anterioridade – lei anterior que o defina. A retroatividade maléfica não é possível, mas a benéfica é. Exige lei escrita (proibindo o costume incriminador). É possível, no entanto, costume interpretativo. Exige também lei anterior escrita estrita (proíbe a analogia incriminadora). Mas é possível a analogia “in bonan parte”. Exige, também, lei anterior, escrita, estrita e certa (de fácil entendimento). Princípio da taxatividade ou mandado de certeza. Exige lei anterior, escrita, estrita, certa e necessária (princípio da intervenção mínima). O princípio da legalidade é o pilar do GARANTISMO – poder punitivo mínimo do Estado em face ao máximo de garantias aos indivíduos. Para o bom cidadão o máximo de bem-estar para o mau cidadão o mínimo de mal-estar. 11 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 OBS.: Lei penal 1) Completa: dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou valorativa (dado pelo juiz). Ex. art. 121 do CP. 2) Incompleta: necessita de complemento normativo ou valorativo. Lei penal incompleta se divide em: a- Norma penal em branco: lei que depende de complemento normativo (dado por outra norma). Que se divide em: a.1- Norma penal em branco própria (em sentido estrito/heterogenia): lei de drogas que é complementada por portaria do Ministério da Saúde 344/98. a.2- Norma penal em branco imprópria (em sentido amplo/homogenia): complemento narmativo que emana do legislador. a.2.1- Homovitelina (homologa): o complemento emana da mesma instancia legislativa (mesmo estatuto). Ex.: funcionário público. a.2.2- Heterovitelina (heteróloga): o complemento emana de instancia legislativa diversa (estatutos diferentes). Ex.: art. 236 do CP, onde o complemento está no CC. a.2.3 – Norma penal em branco ao revés – neste caso o complemento normativo diz respeito a sanção e não ao conteúdo proibitivo. Ex.: Lei 2.889/55, art. 1° - (Lei do genocídio). Na norma penal em branco ao revés o complemento só pode ser através de lei. b- Tipo aberto: depende de comportamento valorativo dado pelo juiz. Ex.: crimes culposos (negligencia, imprudência e imperícia). Norma penal em branco heterogênea é constitucional? R.: Para Rogério Greco a norma penal em branco heterogênea é inconstitucional, ofendendo o princípio da reserva legal. Argumento o referido autor que seu conteúdo é criado e modificado sem que haja uma discussão amadurecida da sociedade a seu respeito, como acontece quando os projetos de lei são submetidos à apreciação do Congresso. Prevalece, no entanto, a constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea. Neste caso, há um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito, pois o legislador não pode deixar a descrição típica essencial por conta da autoridade administrativa. O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos requisitos típicos dados pelo legislador. - Art. 269 CP (doença de notificação compulsória) – norma penal em branco incompleta própria/em sentido estrito/heterogencia. 12 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Princípio da legalidade é compatível com a lei penal em branco? Existe norma que contém pena determinada, mas seu preceito primário (conteúdo) permanece indeterminado. Dependendo para a sua exeqüibilidade de complementação de outra norma ou ato administrativo. É a chamada norma penal em branco. É compatível (é constitucional), pois só se aplica depois de complementada. Espécies de norma penal em branco: 1) homogenia ou em sentido amplo: a lei é complementada pela mesma espécie normativa (lei). Pode ser homóloga/homovitelinea quando a lei está no mesmo estatuto. Ex: art. 312 e 327 do CP. Ou heteróloga/heterovitelinea: quando a lei está em outro estatuto. 2) Heterogênea/sentido estrito: lei complementar por espécie normativa diferente da lei (ex: portaria – lei de drogas). Norma penal em branco heterogênea é constitucional? Rogério Greco entende que é inconstitucional, porque quem dá o conteúdo criminoso é o executivo. No entanto, a corrente contrária diz que quem deu a competência para o executivo foi o legislativo. 3) Ao revés/invertida: nesse caso o complemento normativo diz respeito à sanção, não ao conteúdo proibido que está determinado (ex: Lei nº. 2.889/56 - genocídio). OBS: só pode ter como complemento outra lei, jamais outra espécie normativa. Fundamentos: político (impede o poder punitivo com base no livre arbítrio); democrático (parlamento, representante do povo, deve ser responsável pela criação de crimes); jurídico (uma lei prévia e clara produz importante poder intimidativo). Legalidade formal: obediência aos trâmites procedimentais legislativos (lei vigente). Legalidade material: obediência ao conteúdo imposto pela CF, respeitando-se suas proibições e imposições para a garantia dos nossos direitos fundamentais (lei válida). Ex.: Regime integral fechado e foro por prerrogativa de função para ex-autoridades (fere o princípio da isonomia, visto se constituir em privilégio). C) Princípio da ofensividade ou lesividade (“nullum crime sine injuria”): para que ocorra a infração penal é imprescindível efetiva lesão ou perigo delesão ao bem jurídico tutelado. Assim, questiona-se a constitucionalidade dos delitos de perigo abstrato, onde o perigo é presumido absolutamente por lei, nos de perigo concreto (precisa ser comprovado), pode ser determinado (alguém) e indeterminado (carece de pessoa certa). Ex: embriaguez ao volante. Ao se adotar este princípio os crimes de perigo abstrato estão abolidos do sistema, além de ferir a ampla defesa por ser uma presunção absoluta. Ex: porte de arma desmuniciada. O STF diz que tem que comprovar o perigo. 13 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 O STF decidiu que crime de perigo abstrato somente é cabível em casos excepcionalíssimo, pois ofende o princípio da ofensividade e da ampla defesa. A doutrina diz que os crimes de perigo abstratos é instrumento do direito penal do inimigo. Ex.: O STF arma desmuniciada, constitui crime de perigo abstrato não sendo concebido. OBS.: Crimes de perigo se dividem em: A- De perigo abstrato: perigo é absolutamente presumido por lei (basta se comprovar a existência da conduta). B- De perigo concreto: o perigo deve ser demonstrado (exige-se perigo concreto/real/efetivo). III- PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO AGENTE DO FATO: A) Princípio da responsabilidade pessoal: proibi-se o castigo penal pelo fato de outrem e o castigo coletivo. Não existe no direito penal responsabilidade coletiva. Está no art. 29 do CP. Denúncia não individualizada/genérica é inepta. - Há entendimento doutrinário que a responsabilidade da pessoa jurídica fere este princípio, por ser responsabilidade coletiva. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) B) Princípio da responsabilidade penal subjetiva: não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível. Não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa. Existem dois dispositivos que se não forem corrigidos pela doutrina, prevêem responsabilidade objetiva: art. 28, II e a rixa do art. 137, § ú do CP. Não que prevêem, mas podem redundar. - Tem doutrina entendendo que a responsabilidade da pessoa jurídica fere este princípio, por ser responsabilidade penal sem culpa. C) Princípio da culpabilidade: ninguém pode ser punido por fato quando incapaz ou sem potencial consciência da ilicitude ou sendo dele inexigível comportamento diverso. 14 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 D) Princípio da igualdade/isonomia: art. 5º, caput, CF – “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza” (art. 24 da CADH- Convenção Americana de Direitos Humanos – todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção de lei). É igualdade substancial (tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida de suas desigualdades). Ex: art. 117, III, LEP, abrange também o condenado, desde que comprove que o filho depende dele. Este princípio obriga o legislador e o juiz a tratar todos conforme a igualdade substancial. E) Princípio da presunção de inocência ou não culpabilidade: art. 5º, LVII, CF (LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória). o STF tem usado a expressão “princípio da presunção de não culpa”, visto ser incoerente com o Brasil que adota o sistema de prisão provisória (Mirabete). Já o direito internacional se adota o princípio da presunção de inocência, o art. 8º, II da CADH (toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade as seguintes garantias míninas...) trata da inocência presumida. Art. 66 do Estatuto de Roma traz as conseqüências da presunção de inocência ou não culpa. São conseqüências deste princípio: 1) prisão apenas após a condenação definitiva (mas admite prisão provisória em casos excepcionais – imprescindibilidade); 2) Incumbe ao acusador o ônus da prova; 3) Sentença condenatória exige; 2) Incumbe ao acusador o ônus da prova; 3) Sentença condenatória exige certeza do crime e sua autoria; Na prova usar o termo presunção de inocência ou não culpa/culpabilidade como sinônimos. Art. 312, CP, traz a expressão “conveniente”, mas deveria ser necessidade. Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) Súmula 9 do STJ; 2) a responsabilidade penal do acusado deve ser comprovada pelo órgão de acusação (inversão do ônus da prova); 3) é o que fomenta o “in dúbio pro reo” (dúvida na análise probatória). SÚMULA 9, STJ: A EXIGÊNCIA DA PRISÃO PROVISÓRIA PARA APELAR, NÃO OFENDE A GARANTIA CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. III- PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA: A) Princípio da proibição da pena indigna: a ninguém pode ser imposta pena ofensiva a dignidade da pessoa humana (art. 5º, I da CADH – toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral - e art. 5º, XLIX, CF - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral). 15 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 B) Princípio da humanização das penas: nenhuma pena pode ser desumana, cruel ou degradante (art. 5º, II da CADH – ninguém pode ser submetido a torturas, nem penas ou tratos cureis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o devido respeito à dignidade inerente ao ser humano - e art. 5º, XLVII, CF - XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis). Com base neste princípio o STF julgo inconstitucional o regime integralmente fechado. Atualmente esta sub judice do STF o regime disciplinar diferenciado (o STJ já julgou constitucional, porém não pode ser banalizado). C) Princípio da proporcionalidade: a pena deve ser proporcional à gravidade da infração penal. A pena deve ser meio suficiente para atingir seus fins: retribuição, prevenção e ressocializacao. Observado: 1) na criação da lei (legislativo); 2) na cominação da pena em concreto (judicial); 3) na execução. No momento legislativo já ocorre um intimidação. Este princípio está implícito no princípio da individualização da penal. No estudo do princípio há de analisar dois aspectos: 1) evitar os excessos, que gera a hipertrofia das punições); 2) A pena deve também evitar a insuficiência da intervenção estatal, objetivandoevitar a impunidade. Ex2- Arrt. 319-A CP, porém o juiz não pode aplicar pena mais severa, sob pena de infringir o princípio da legalidade. D) Princípio da pessoalidade (personalidade) da pena: art. 5º, XLV, CF (XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido) – nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Primeira corrente diz que é relativo, admitindo exceção prevista na própria CF, em razão do perdimento de bens (pena de confisco) que transfere aos herdeiros/sucessores (Flávio Monteiro de Barros). Segunda corrente diz que o princípio da pessoalidade á absoluto, significando dizer que não admite exceções. Afirma esta corrente que confisco não é pena, mas efeito da sentença/condenação (corrente majoritária, inclusive LFG). É portanto, absoluto (art. 5º, III da CADH – a pena não pode passar da pessoa do delinqüente). OBS.: A multa apesar de ser executada como dívida ativa não passa da pessoa do condenado, ou seja, não transfere a responsabilidade aos sucessores. E) Princípio da vedação do “bis in idem”: não tem previsão expressa na CF, mas esta no Estatuto de Roma (que criou o TPI) em seu art. 20 - ninguém pode ser punido mais de uma vez pela prática do mesmo ato (art. 61, CP). Este princípio possui três significados: 1) Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime; 2) Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato; 3) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas com o mesmo fato. 16 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Este princípio é absoluto ou admite exceções? R.: Não, caso ligado a extraterritorialidade da lei penal (será demonstrado em aulas posteriores). A reincidência é uma hipótese de “bis in idem” (LFG/Paulo Rangel). Porém a maioria da doutrina diz que é uma circunstância necessária para a individualização da pena. Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. LEI PENAL DO TEMPO A lei busca regular os atos praticados na sua vigência, mas a lei penal pode ser retroativa ou ultrativa quando for benéfica ao réu. Em regra “tempus regit acto”. Quando no tempo o crime se considera praticado? A) Teoria da atividade: tempo da conduta; B) Teoria do resultado: tempo da consumação; C) Teoria mista/ubiqüidade: tempo da conduta e da consumação. O CPB preferiu a teoria da atividade – art. 4º (Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)). Repercute na imputabilidade do agente. Três repercussões práticas: 1) Analisar a capacidade/imputabilidade do agente. 2) Analise das qualidades ou condições da vítima. Ex.: 121 do CP. 17 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 3) Sucessão de leis penais no tempo. A regra extraída do art. 1° do CC é a irretroatividade. A exceção está no art. 2° do CP, qual seja, a retroatividade. a- No momento do fato indiferente penal lei posterior incriminou o fato = irretroativa (art. 1°). Ex.: visita levar celular para preso – Lei 12.012/09 – art. 349-A CP. b- Momento do fato havia o crime, lei posterior aboliu o crime = retroativa (art. 2°). Ex.: crime de adultério que foi abolido pela Lei 11.106/05. c- Momento do fato havia crime, lei posterior continua encarando como crime, porém elevou a pena = irretroativa (art. 1°). Ex.: art. 217 do CP modificada pela Lei 10.763/03. d- Momento do fato era crime, lei posterior diminui a pena = retroage (art. 2°). O art. 2° é uma exceção na sucessão de leis penais no tempo. Este artigo traz o instituo da “abolitio criminis” sendo hipótese de supressão da figura criminosa. Qual a natureza jurídica da abolitio criminis? R.: 1° corrente: causa extintiva da punibilidade – adotada pelo CP no art. 107, III do CP. 2° corrente: causa de exclusão da tipicidade, consequentemente extingue o direito do Estado de punir. (Flávio Monteiro de Barros e Basileu Garcia). Lei abolicionista não respeita coisa julgada. Se ocorrer na fase de execução, esta será extinta. Sendo que cessa os efeitos penais (reincidência), sendo que os extrapenais (sentença condenatória continua servindo como título executivo judicial e perda do cargo) permanecem. O art. 2 ° do CP não infringe o art. 5° XXXVI da CF, pois o mandamento constitucional tutela a garantia individual do cidadão e não o direito de punir do Estado. Aplicação de lei em período de vacatio legis. R.: 1° corrente: lei na vacatio não retroage, pois carece de eficácia jurídica ou social (majoritária). 2° corrente: lei na vacatio retroage desde que o réu demonstre conhecer a alteração (Alberto Silva Franco). OBS: horário de verão: a jurisprudência diz que o horário de verão é transitório, é uma ficção, tem função de economizar energia. Aplica o ECA (Nucci) se pelo horário convencional ainda era inimputável. No caso de sucessão de lei penal no tempo existe uma regra geral – art. 1º, CP (irretroatividade), mas usa-se também a exceção – art. 2º e 3º, CP. Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Lei penal no tempo 18 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 1) Fato atípico, no entanto, lei posterior passou a considerar crime – IRRETROATIVA (art. 1º); 2) Quando do fato era crime, mas lei posterior aboliu – RETROATIVA (art. 2º); 3) Quando do fato era crime, mas lei posterior diminuiu a pena – RETROATIVA (art. 2º); 4) Quando do fato era crime, mas lei posterior aumenta a pena – IRRETROATIVA (art. 1º). O art. 2º, caput, traz a “abolitio criminis” = supressão da figura criminosa. Tem natureza jurídica: uma primeira corrente diz que é uma hipótese de exclusão da tipicidade (FMB) e uma segunda corrente diz que extingue a punibilidade (art. 107, CP). Lei abolicionista não respeita a coisa julgada (é uma garantia do indivíduo, mas não pode servir para o Estado punir). Os efeitos civis permanecem intactos podendo ser executado no cível. Se for durante a “vacatio”, tem duas correntes: 1ª) não tem eficácia jurídica e social, então não retroage (majoritária); 2ª) considera a finalidade da “vacatio”, a lei pode se mais benéfica retroagir e ser aplicada neste estado, desde que o destinatário já tenha conhecimento (minoritária). Lei penal no tempo e continuidade delitiva: o art. 71, CP, diz que por ficção jurídica existe um único crime, se houver mudança de lei, uma 1ª corrente aplica “in dúbio pro reo”, mas foi superada pela Súmula 711, STF (aplica sempre a lei última mesmo que mais gravosa). O crime continuado se considera praticado no momento do primeiro ato, assim como no último, assim sendo aplicada a lei mais gravosa. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) SÚMULA 711 DO STF: A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU PERMANENCIA. É possível combinação de leis: 19 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 1) não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a legislador, criando uma terceira lei (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e a 1° Turma do STF – RHC 94802 10/02/09); 2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais pode o menos (Basileu Garcia, Delmanto e 2° Turma do STF – HC 95.435 21/10/2008). Na fase de execução quem aplica (após o trânsito em julgado)? Se for de ordem matemática é o juízo da execução. Porém, se não for, precisa de Revisão Criminal, pois depende de juízo de valor. Desta forma, a súmula 611, STF, só se aplica se for de ordem matemática (o entendimento da súmula deve ser usado para a primeira fase). Para a segunda fase do concurso a resposta será: depende do conteúdo da lei mais benéfica. Se de aplicação meramente matemática - juiz da execução; se conduzir a juízo de valor – revisão criminal. SÚMULA 611, STF: TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES A APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENIGNA. O complemento da norma penal sofre alteração. Retroage? R.: A alteração benéfica da norma penal em branco imprópria sempre retroage. O problema está para o norma penal em branco própria. Quando o complemento for norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal implica, ou não, na supressão do caráter ilícito do fato. Por exemplo, no art. 269 do CP a exclusão de doença de notificação compulsória torna a omissão do médico um indiferente penal (abolitio criminis). Nesta hipótese o que se alterou foi a própria matéria da proibição, com redução da área de incidência do tipo. Diferentemente no caso de simples atualização de valores monetários, modificando-se os quantitativos de tabelas de preços. Aula dia 27/08/09 Quinta-feira LEI PENAL NO TEMPO O art. 3º do CP, excepcionalmente prevê uma ultratividade maléfica, ou seja, em prejuízo do agente. A) Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. B) Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., perdurando por todo o tempo excepcional. A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição legal do art. 3° se sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a uma espécie de ineficácia preventiva, instalando a impunidade em relação aos fatos praticados durante a sua vigência (Bettiol). 20 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Se não fosse assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso. É importante, assim, que sua eficácia perdure no tempo. Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88?R.: 1°) corrente: Zaffaroni e Rogério Greco entendem que não foi recepcionado, porque a CF não prevê qualquer exceção a proibição da ultra-atividade maléfica, julga o art. 3° do CP não recepcionado, porém esta corrente é minoritária. 2°) corrente: a lei nova não revoga a anterior (não há uma verdadeira sucessão de leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico (é a anterior que deixa de ter vigência em razão de sua excepcionalidade), logo não se tratando de leis penais no tempo, o art. 3° foi recepcionada pela CF – esta é a corrente que prevalece, sendo adotada pelo LFG. Como fica a alteração do complemento da norma penal em branco? O complemento pode ser lei (homogênea) ou por ato administrativo (heterogênea). Se o complemento for lei e sua alteração for mais benéfica, retroage. (ex: crime de casar ocultando impedimento. O impedimento está no CCB, que se for alterado para deixar de ser impedimento, retroage). Se o complemento é um ato administrativo vai depender. Se for norma infralegal o decisivo é saber se a alteração da norma implica ou não na suspensão do caráter criminoso ou se se trata de mera atualização. (ex: lei de drogas – complemento por portaria que diz que lança perfume é droga – se retirar esta substância, há supressão da figura criminosa, logo retroage. Outro exemplo: crime de vender carne acima do tabelado – tabela diz que o máximo é R$ 10, mas em razão da inflação passou a ser de R$20, logo não houve supressão, então não retroage). FMB diz que (uma parcela da doutrina) que investiga o momento em que surgiu a norma legal e sua alteração, se nem estado de normalidade (portaria da lei de drogas)sua alteração benéfica retroage; se num estado de emergência (portaria de congelamento de preços) sua alteração não retroage, aplicando-se o espírito do art. 3º. Como fica a alteração de súmula vinculante? Ex: supor que portar arma desmuniciada é crime, durante o processo o STF cancela. Se a alteração é benéfica retroage, aplicando o espírito das leis, tratando como se fosse lei. O que era rapto tornou-se seqüestro qualificado (para fins libidinosos) – princípio da continuidade normativa típica x “abolitio”: na “abolitio” existe uma supressão formal da matéria criminosa (a intenção do legislador é não mais considerar o fato como crime). Ex: rapto consensual (art. 220, CP, adultério art. 240, sedução art. 217). Alteração formal e a manutenção da matéria criminosa ocorre no principal. Assim, a intenção do legislador é manter o fato como crime, alterando apenas a sua roupagem. Ex: art. 219 que virou art. 148, § 1º, V, CP, crimes falimentares e estatuto do desarmamento. Mas, deve cuidar da pena se mais grave ou não, mantendo sempre a mais benéfica. – princípio da continuidade normativo típico. Abolitio criminis Princípio da continuidade normativo- tipica Supressão formal + supressão do conteúdo criminoso Alteração formal, porém com a manutenção do conteúdo criminoso 21 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 A intenção do legislador é não mais considerar o fato como crime A intenção do legislador é manter criminoso o fato Ex.: art. 217, 220, 240, todos do CPB Ex.: art. 214 do CP – 213 do CP. Alteração de entendimento jurisprudencial retroage? R.: Sumula 174 (cancelada). Prevalece que não existe retroatividade de entendimento jurisprudencial, ainda que mais benéfico. Cuidado!!! Ganhava força o entendimento que se for súmula vinculante retroagirá, sem mais benéficas (não é entendimento dominante, as discussões estão em fase embrionárias). LEI PENAL NO ESPAÇO Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial (o espaço) de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que formão Brasil se relaciona com outros paises em matéria penal. Princípios aplicáveis: A) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não importa a nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados); B) Principio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente (não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados); C) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente apenas quando atingir um co-cidadão (não importa o local do crime) é a ativa + vítima co-cidadã; D) Princípio da defesa, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (não importa local ou nacionalidade do agente) E) Princípio da Justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país em que for capturado (não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da vítima) F) Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em embarcações e aeronaves privadas, quando no estrangeiro e aí não são julgados. O país em que o crime ocorreu não age. O Brasil adotou o princípio da territorialidade (art. 5º, CP). Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no 22 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) O art. 5° adotou a territorialidade temperada pela intraterritorialidade. Ex.: imunidade diplomática. Diferentemente do processo penal que adota o princípio da territorialidade relativa/temporária (intraterritorialidade – tratados e convenções). Podem ocorrer três fenômenos: TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDA DE INTRATERRITORIALIDAD E Lei do Brasil Lei do Brasil Lei do estrangeiro Local Brasil Local estrangeiro Local Brasil (imunidade diplomática) O que é seu território nacional? (limite de aplicação da lei). Não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço jurídico por ficção/equiparação/extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP. Aeronave e navio público ou a serviço do Brasil onde quer que se encontre. Se for privada ou mercante somente se tiver em auto-mar (aplica-se a bandeira). Embaixada não é extensão do território que representa. No entanto, ela é inviolável. A contrario sensu o Brasil obedece ao princípio da reciprocidade/simetria/paralelismo – art. 5º, § 2º, CP. Problemas doutrinários (Basileu Garcia): 1) Navio de bandeira holandês esta em alto mar e pratica aborto. Por ser extensão do território holandês e neste país não ser conduta típica a brasileira não pratica crime. 2) Navio brasileiro em alto mar, de natureza privada, , naufraga e sobre seus destroços um holandês mata um norte-americano: Brasil (os destroços da embarcação continua ostentando a bandeira brasileira); 3) Um navio brasileiro privado que colide com uma embarcação italiana também privada em alto mar, juntam seus destroços e um italiano mata um argentino – a lei não resolve – na dúvida lei da nacionalidade do agente (ativa), neste caso lei italiana; 4) Navio público colombiano atracado em um porto brasileiro – aplica-se a lei colombiana. Se um marinheiro sai do navio e estupra uma mulher no território brasileiro, vai depender da finalidade: se desceu do navio por motivo profissionais/público é a lei da Colômbia, se particular é a lei brasileira. Lugar do Crime 23 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Onde o crime se considera praticado no Brasil? Art. 6º, CP (teoria da ubiqüidade ou mista); mesmo quando o resultado deveria acontecer no Brasil, sendo indispensável que no Brasil tenha tido início a execução (tem que iniciar ou terminar no Brasil). Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) OBS.: Cogitação, planejamento, atos preparatórios no Brasil, não fazem o Brasil lugar do crime. O crime não se considera praticado no território brasileiro, é imprescindível o início da execução. De acordo com o PC o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio que apenas passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porqieo crime tocou o nosso território. Hoje, porém, em casos tais, aplica-se a chamada passagem inocente, quando um navio passa no território nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu destino não se aplica a lei brasileira. Há que se atentar que o navio nunca atracaria ao território nacional. A passagem inocente somente se refere a navio, a doutrina brasileira utiliza o instituto também para as aeronaves que aqui não pousariam. Art. 5º, § 2º - “Instituto da Passagem Inocente”: crime cometido dentro do território nacional, à bordo de avião que apenas sobrevoou o país, não aplica a lei penal brasileira, mas sim o instituto da passagem inocente (aplicado quando a aeronave passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino final). Não confundir crime plurilocal com crime à distância. Crime à distância (espaço máximo): é quando um fato punível percorre territórios de dois ou mais Estados soberanos (conflito internacional de jurisdição que se resolve com o art. 6º, CP – teoria da ubiqüidade). Crime plurilocal: quando um fato punível percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado Soberano (conflito interno de competência). Para dirimir conflito de competência aplica-se o art. 70, do CPP (teoria do resultado) na lei dos juizados aplica- se a teoria da atividade. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Hipóteses de extraterritorialidade: Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 24 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 1) Art.7º, I, “a”: princípio da defesa ou real; 2) Art. 7º, I, “b”: princípio da defesa ou real; 3) Art. 7º, I, “c”: princípio da defesa ou real; 4) Art. 7º, I, “d”: três correntes. A primeira diz que o Brasil adotou o Princípio da Justiça Universal, visto ser crime que o Brasil se comprometeu a reprimir; A segunda diz que é da defesa ou real quando for contra brasileiro; a terceira diz que é princípio da nacionalidade ativa (esta é a menos correta, visto que pode também ser pessoa domiciliada no Brasil). Prevalece a primeira. 5) Art. 7º, II, “a”: princípio da justiça universal; 6) Art. 7º, II, “b”: nacionalidade ativa; 7) Art. 7º, II, “c”: princípio da representação; 8) Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e LFG). Porém, não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima brasileira – princípio da defesa ou real (maioria). Se aderir LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o único não adotado é o princípio da nacionalidade passiva. OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal. OBS: o art. 7º está dividido em 3 partes. No inciso I é a extraterritorialidade incondicionada (§ 1º). Já o inciso II e § 3º são extraterritorialidade condicionada. Quais são as condições cumulativas? Art. 7º, § 2º, CP. Alínea “a”: passar os limites da fronteira não precisa permanece, somente tocar. Território físico ou jurídico, essa condição é chamada de condição de procedibilidade, sendo sua natureza jurídica; 25 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 Aliena “b”: natureza de condição objetiva de punibilidade, ou seja, sua ausência gera a absolvição; Alínea “c”: natureza de condição objetiva de punibilidade (a lei utilizou como parâmetro o Estatuto do Estrangeiro, qual seja, pena máxima superior a um ano); Alínea “d”: o Brasil respeita coisa julgada estrangeira. Condição objetiva de punibilidade. Para o § 3º, além dessas, ainda, existem mais duas condições, chamada de extraterritorialidade hipercondicionada, visto que além de obedecer os casos previstos no inciso II, também tem que observar os requisitos do § 3°.: Ex: art. 7º, I, “a” – matar o Lula (latrocínio – fica no § 3º porque é patrimônio) – crime cometido por estrangeiro contra brasileiro; Caso Batisti – qual a Justiça: Justiça Estadual (vide informativo 402 STJ) – não há nenhum requisito do art. 109 da CF que justifique a competência da Justiça Federal. Mas na Justiça Estadual, qual o juízo competente? A capital do estado onde ele mora ou morou/ se nunca morou – capitalda república . Existe extraterritorialidade em lei especial? Lei de tortura (art. 2º da Lei nº. 9.455/97). Art. 8º do CP existe para evitar “bis in idem”. Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Ex: condenado por 10 anos no estrangeiro e 15 no Brasil, cumpre só mais 05 anos aqui. Mas, se tiver pena privativa de liberdade com pena pecuniária fica a critério do juiz (decisão fundamentada). OBS.: O art. 8° do CP não evita o bis in idem, ele atenua o mesmo (Assis Toledo considera que evita, mas é posicionamento isolado). Há 02 processos, 02 condenações – atenua-se os efeitos deste bis in idem. Aula dia 02/09/09 Quarta-feira TEORIA GERAL DO DELITO (Prof. Luiz Flávio Gomes) 26 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 - Conceito formal: (preponderou do final do século XIX até meados do século XX) crime é o fato descrito na lei. É a mera desobediência a norma. Crítica: é uma corrente muito formalista, legalista. Para ela basta a adequação do fato à lei. A lógica é: FATO LEI TÍPICO ANTIJURÍDICO. Visão legalista do delito. - Conceito material: crime é o fato humano lesivo ou concretamente perigoso (ofensivo) a um bem jurídico relevante. Não há crime sem ofensa ao bem jurídico. Princípio da ofensividade. Ofensa ao bem jurídico biparte-se: pode ser por lesão ou por perigo concreto. Ex.: Matar alguém lesão ao bem jurídico, tentativa de homicídio é perigo concreto ao bem jurídico. A lógica é FATO LEI OFENSIVO TÍPICO. Conceito adotado pelo professor. Pelo princípio da ofensividade não há crime sem ofensa ao bem jurídico – “nullum crimen sine injuria” (não há crime se ofensa). Visão constitucionalista do delito. - Conceitos analíticos de delito: 1) Conceito de Deciano (1551 – Idade Média): delito é o fato humano cometido com dolo ou culpa, previsto na lei, proibido sob pena, que não esteja amparado por causa justificante. 2) Conceito Feuerbach (começo do século XIX): crime é uma ação contrária ao direito de outra pessoa cominada com pena em uma lei. Iluminismo e Escola clássica. (Pais do direito penal moderno Feuerbach e Becaria). 3) Causalismo (final do séc. XIX início do séc. XX): o crime é divido em duas etapas: 1º) Von Liszt: parte objetiva – fato humano + antijuridicidade; 2°) parte subjetiva: culpabilidade - Beling (criou a teoria da tipicidade 1906): ato humano descrito na lei – ato típico. Para ele a parte objetiva era tipicidade + antijuridicidade; subjetiva a culpabilidade. Assim, somando a teoria de Von Liszt com Beling tem-se o conceito tripartido de delito, qual seja: crime e fato típico, antijurídico e culpável. Grande parcela da doutrina continuam acompanhando este conceito de crime, apesar de ultrapassada (1900). Críticas: A) O causalismo falava em ação, sendo que Radbruch diz que o conceito de ação não compreende a omissão, assim não se pode trabalhar com este conceito de ação, visto que o mesmo é falho, insuficiente. Assim, o correto é se falar em CONDUTA, visto que abrange a ação e a omissão. B) Há requisitos subjetivos que não pertencem à culpabilidade. Para os causalistas todos os requisitos subjetivos estão na culpabilidade. A crítica é que há elementos subjetivos que estão no tipo (parte objetiva). Ex. art. 155 do CPB. 27 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 C) A culpabilidade não é só subjetiva, ela é também normativa. OBS.: Subjetivo é tudo o que pertence à cabeça do réu. Ex.: dolo (intenção). Ex. art. 155 do CP – para si ou para outrem; Normativo: é tudo o que depende de juízo de valor do juiz. Ex. art. 155 do CP – coisa alheia móvel. 4) Conceito neoclássico ou neokantisto de delito (Mazger) (1900 a 1930): o delito e a teoria dos valores (todos os requisitos do delito são valorativos); tipicidade antijuridicidade e culpabilidade (psicológico-normativo). O que muda é o conteúdo de cada um dos elementos. O tipo penal não é neutro. Esta corrente chama-se neokantismo porque recupera a teoria dos valores de Emanuel Kant. A) A tipicidade não é neutra, mas valorativa – o verbo é valorado negativamente, por isso é considerado o crime; B) A antijuridicidade no causalismo era formal, agora é material. O fato só é criminoso quando gera danosidade social. C) A culpabilidade não é só psicológica, mas também normativa. Isto ocorre porque tem elementos subjetivos (agente imputável – quem tem capacidade de entender e de querer; dolo ou culpa) e normativo (exigibilidade de conduta diversa) – Frank 1907. Crítica a condutas dolosas que não causam a responsabilidade. Ex.: coação moral irresistível, obediência hierárquica. 5) Teoria Finalista da Ação (Welzel): Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. Os elementos não mudam, o que muda são os seus requisitos. Ocorreram quatro mudanças fundamentais na concepção de Welzel: A) Dolo e culpa saem da culpabilidade e vão para tipicidade. Sem saber o dolo/intenção, não tem como identificar o tipo penal. Ex.: mulher colocada à força no caso; B) Abandona o conceito de dolo jurídico, também chamado dolo normativo, adotando o conceito de dolo natural. Qual a diferença de dolo jurídico e natural?: o primeiro é previsto no causalismo e neokantismo significava consciência do fato mais consciência da ilicitude (que é proibido). Dolo natural é o dolo sem a consciência da ilicitude, sendo apenas a consciência do que se faz e querer o que se faz. C) Culpabilidade é puramente normativa, ou seja, não tem requisitos subjetivos. Seus requisitos são três: imputabilidade potencial consciência da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa. OBS.: A imputabilidade antes era enfocada do ponto de vista da pessoa, dependia da cabeça da pessoa. A partir de Welzer quem valora a capacidade de entender e de querer é do juiz, sendo assim elemento normativo não subjetivo. O dolo está na cabeça 28 DIREITO PENAL Intensivo I Prof. Rogério Sanches _______________________________________________________________________________________________________2009 do réu e a culpabilidade esta na cabeça do juiz, visto que é ele quem valora, logo normativo. D) A antijuridicidade é pessoal (contradição do fato com a norma, mas contradição relacionada com um determinado autor, tendo em vista seu afastamento dos valores tutelados). (equivoca-se quando mistura ética com direito). Como pode se exigir consciência da ilicitude de um leigo? R.: Devemos exigir a consciência leiga, ou seja, popular, trabalhamos com a esfera do profano, visto que ele sabe o que é proibido e o que é permitido, tendo em vista a consciência popular. Dentro do finalismo há duas correntes divergentes: I- Teoria Social da Ação (Wessels): seguiu o finalismo, porém para eles ação é todo comportamento humano socialmente relevante. Crítica: o conceito socialmente relevante é muito vago, por isso essa doutrina não prosperou. É uma variante do finalismo que não prosperou. II- Finalismo dissidente Brasileiro (Dotti, Mestiere, Mirabete, Demanto, Damázio, Capez – década de 70): o crime só tem dois requisitos, quais sejam, fato típico e antijurídico. Culpabilidade não faz parte do crime, mas pressuposto para aplicação da pena. Assim, no Brasil criou-se uma divergência, no concurso analisar a
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