Buscar

Penal 28 Apostila completa de Direito Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 136 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Aula 30/07/2009
Quarta-feira
DIREITO PENAL 
1- INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
Conceito e finalidade: 
Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como infrações penais, define seus agentes e fixa as 
sanções a serem-lhes aplicadas. 
Sob o enfoque sociológico , direito penal é mais um instrumento (ao lado dos 
demais ramos do direito) de controle social de comportamento desviados, visando 
assegurar a necessária disciplina social, bem como a convivência harmônica entre os 
membros do grupo.
Movimento funcionalismo nasceu para analisar a real função do direito penal.
- Funcionalismo teleológico: a função do direito penal é assegurar bens 
jurídicos indispensáveis a harmônica convivência dos membros da sociedade.
- Funcionalismo sistêmico: a função do direito penal é assegurar o 
império da norma, ou seja, resguardar o sistema (quem viola o sistema é seu inimigo – 
direito penal do inimigo). 
A diferença com os demais é que o direito penal traz as conseqüências mais 
drásticas, por isso é a última “ratio” (princípio da intervenção mínima)
Sobre a finalidade, há duas teorias (que discutem a FUNÇÃO); são as teorias 
funcionalistas: a) funcionalismo teleológico (Roxin) e b) funcionalismo sistêmico 
(Jacobs).
Pela teoria do funcionalismo teleológico (Roxin) a função do direito penal é assegurar 
bens jurídicos indispensáveis, valendo-se das medidas de política criminal.
Pela teoria do funcionalismo sistêmico (Jacobs) a função do direito penal é 
resguardar a norma (sistema) atrelado aos fins da pena.
Ex.: furto de uma caneta “bic” para Roxin é possível aplicar o princípio da 
insignificância e para Jacobs é crime porque feriu o sistema (direito penal do inimigo do 
“sistema”).
Direito Penal Objetivo/Subjetivo:
O direito penal objetivo é o conjunto de leis penais em vigor no país (CP). O direito 
penal subjetivo é o direito de punir do Estado. São complementares. O direito penal 
objetivo é expressão ou emanação do direito penal subjetivo.
Direito Punitivo:
Monopólio do direito de punir:
1
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Monopólio estatal – somente o Estado pode punir penalmente alguém.
Há exceções? Ou seja, o Estado tolera a punição penal do particular? 
R.: Lei 6.001/73, art. 57 – grupos tribais aplicar sanções penais aos seus membros.
Exceção – art. 57 do estatuto do índio (lei nº. 6.001/73), o Estado pune e a tribo 
também, para preservar as tradições indígenas.
Na ação penal privada o Estado não transfere o poder de punir (jus puniendi), mas 
sim transfere-se o jus persequendi, ou seja, a titularidade da ação penal ao particular, 
vítima.
OBS.: Consagrou-se o princípio da complementariedade, isto é, o TPI não pode intervir 
indevidamente nos sistemas penais nacionais, que continuam tendo a responsabilidade 
de investigar e processar os crimes cometidos nos seus limites territoriais, salvo nos 
casos em que os Estados se mostrem incapazes ou não demonstrem efetiva vontade 
de punir. (O TPI SERÁ CHAMDO A INTERVIR SOMENTE SE E QUANDO A JUSTICA 
REPRESSIVA INTERNA NÃO FUNCIONE) - Art. 1° do Estatuto de Roma, Brasil é 
signatário, instituiu o Tribunal Penal Internacional. 
É limitado. Ex: limite temporal (prescrição) com exceção do racismo e do grupo 
armado contra o Estado Democrático de Direito; limite espacial - art. 5º, CP (princípio 
da territorialidade – exceção: extraterritorialidade); limitação modal (princípio da 
dignidade da pessoa humana).
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, 
ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se 
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no 
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)
Fontes:
É a origem jurídica.
A) Fonte material (produção/criação): órgão encarregado da criação do Direito 
Penal. Em regra, somente a União está autorizada a produzir (art. 22, I da CF), mas o § 
único diz que LC pode autorizar o Estado em matéria de interesse local.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
 I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do 
trabalho
2
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo
B) Fonte formal (revelação/divulgação): processo de exteriorização da fonte 
material. Fonte de conhecimento. Existem duas formais a doutrina clássica e a 
moderna.
A doutrina clássica divide em: imediata (lei) e mediata (costumes e princípios gerais 
de direito).
A doutrina moderna também em imediata e mediata, mas divide a imediata em 
direito penal incriminador (lei) e não incriminador (CF, tratados internacionais, lei e 
jurisprudência, súmula vinculante). As mediatas são os costumes e Princípio Gerais de 
Direito.
Costume: comportamentos uniformes e constantes (prática reiterada) pela convicção 
de sua obrigatoriedade e sua necessidade jurídica – não existe no Brasil o costume 
incriminador – não se cria crime, nem se comina pena. 
Costume revoga infração penal?
R.: 1°) corrente: não, pois lei somente pode ser revogada por outra lei (LICC) – Jogo de 
bicho é contravenção e será punido.
 2°) corrente: revoga, em especial quando a infração penal é tolerada pela 
sociedade – Jogo do bicho não é mais contravenção penal.
 3°) corrente: costume não revoga formalmente infração penal, mas não pune o 
comportamento quando perde eficácia social – Jogo do bicho é contravenção que não 
mais se pune. 
Prevalece a primeira corrente, mas a doutrina e jurisprudência moderna estão 
com a terceira corrente. 
A utilidade do costume no direito penal brasileiro é o costume interpretativo, 
aclarar o sentido na norma jurídica penal. Ex.: art. 155, § 1° - repouso noturno - período 
que determinada a sociedade retira para descanso diário; ato obsceno.
Princípios Gerais do Direito: Direito que vive na consciência comum de um povo. 
Como ocorre com os costumes, também o PGD não pode ser fonte de norma 
incriminadora, atuando somente no campo da interpretação. 
FONTES DO DIREITO PENAL ANTES DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATA: Lei
- MEDIATAS: Costumes e princípios gerais do direito
FONTES DO DIREITO PENAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL 45/04
- IMEDIATAS: 1) Lei (única que pode versar sobre norma penal incriminadora).
 2) Constituição Federal
3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos
3
DIREITO PENAL
Intensivo IProf. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
4) Atos administrativos
5) Jurisprudência (súmula vinculante)
- MEDIATA: doutrina
OBS.: Costumes passou a ser fonte informal do direito penal.
Tratados Internacionais:
STF
a) art. 5°, § 2° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos tem status 
de norma infraconstitucional.
b) Art. 5°, § 3° da CF: Os tratados internacionais aprovados com quorum 
qualificado tem status constitucionais.
INTERNACIONALISTAS
a) art. 5°, § 2° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos 
aprovados com quorum simples é materialmente constitucional.
b) art. 5°, § 3° da CF: Os tratados internacionais de direitos humanos 
aprovados com quorum qualificado é materialmente e formalmente 
constitucional.
OBS: o STF está discutindo o “status” dos tratados internacionais e as súmulas 
vinculantes.
Os atos administrativos das normas penais em branco também são fonte formal 
imediata.
OBS: STATUS DOS TRATADOS INTERNAIONAIS: 
O STF esta mudando seu entendimento sobre o status do tratado internacional 
ratificado pelo BR. Tem se dividido da seguinte maneira:
Se for anterior a EC/45, tem status de norma constitucional (Celso de Mello).
Se for posterior a EC/45 e tratar de direitos humanos com quórum de aprovação 
qualificado (3/5 – EC) tem status de norma constitucional, mas se for quórum simples 
tem status de norma supra legal. Se não tarar de direitos humanos e tiver quórum 
qualificado, tem status de norma legal, mas se o quórum for simples, tem status de lei 
(legal).
Conclusão: no ápice da pirâmide estão a CF e a Convenção Americana de Direitos 
Humanos.
Os costumes nunca poderão criar crime (só a lei pode), mas existem duas correntes 
quanto à possibilidade de revogação. A 1ª entende que só lei revoga lei (LICC) – 
4
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
majoritária. A 2ª entende possível, quando por costume um crime perde eficácia social 
(tolerância) – LFG (ex: jogo do bicho). Mas o costume é mais utilizado como forma de 
interpretação. Ex: repouso noturno (art. 155, § 1º, CP).
Os PGD é o direito que vive na consciência comum do povo.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:
Explicar, explanar ou aclarar o significado de palavra, expressão ou texto.
A) Quanto ao sujeito (origem): 
- Autêntica/legislativa: dada pela lei – art. 327 do CP, conceito de funcionário 
público; 
- Doutrinária ou científica: dada pelos estudiosos; 
- Jurisprudencial: fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não 
vinculantes, exceção: súmulas vinculantes editadas pelo STF;
OBS.: Exposição de motivos do código penal é interpretação doutrinária, vez que dada 
pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. A exposição de motivos do código de 
processo penal é autêntica ou legislativa ou autêntica. 
B) Quanto ao modo: 
- Literal ou gramatical: leva em conta o sentido literal das palavras;
- Teleológica: indaga-se a vontade ou intenção objetivada na lei; 
- Histórica: procura-se a origem da lei;
- Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto da legislação e dos princípios 
gerais de direito.
- Progressiva: a lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência.
Transexual pode ser vítima de estupro?
R.: Interpretação literal – não; Interpretação progressiva – sim.
C) Quanto ao resultado : 
- Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente aquilo que o legislador quis 
dizer.
- Extensiva: amplia-se o alcance das palavras da lei para corresponder ao 
alcance/vontade do texto.
- Restritiva e progressiva (evolutiva/adaptativa): reduz-se o alcance das palavras da 
lei para corresponde ao alcance/vontade do texto.
5
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
OBS.: É possível a interpretação extensiva no Brasil?
R.: 1° corrente: O Brasil, diferentemente de outros países (Equador), não proíbe a 
interpretação extensiva. 
 2° corrente: Admite-se no Brasil a interpretação extensiva, somente quando 
favorável ao réu (in dúbio pro réu – princípio das provas). Doutrina democratizou o 
princípio do in dubio pro reu aplicando-o na interpretação.
Art. 157, § 2° do CP – expressão “arma” gera controvérsia – 1°) corrente: sentido 
próprio: instrumento fabricado com finalidade bélica. Ex.: revólver. 2°) corrente: 
sentido impróprio: instrumentos com o sem finalidade bélica, capaz de servir ao 
taque/defesa. Ex.: faca de cozinha. A primeira corrente utiliza a interpretação restritiva 
e a segunda extensiva.
OBS.: Interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica. Nesta, 
o significado que se é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao 
caso concreto), levando-se me conta as expressões genéricas e abertas utilizadas pelo 
legislador.
 
INTERPRETAÇÃO 
EXTENSIVA
INTERPRETAÇÃO 
ANALÓGICA
ANALOGIA (integração)
Existe norma para o caso 
concreto
Existe norma para o caso 
concreto
Não existe norma para o caso 
concreto 
Amplia-se o alcance na 
palavra “arma” – art. 157, 
§ 2° do CP
O legislador previu uma 
fórmula genérica, 
permitindo ao juiz encontrar 
outros
Juiz aplica a lei prevista para 
outro caso no caso em que há 
lacuna.
A interpretação extensiva e analógica não se confundem com a analogia (esta não é 
interpretação, mas regra de integração), neste caso, ao contrário dos anteriores, 
partimos do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, 
motivo pelo qual, socorre-se daquilo que o legislador previu para outro similar.
Interpretação analógica é quando a lei traz exemplos e permite que o interprete 
encontre outros casos. Ex: art. 121, § 2º, CP.
A analogia, por sua vez, é quando há uma lacuna na lei. É, portanto, regra de 
integração. No direito penal ela só ocorre se for em bonan parte – a favor do réu.
- art. 306 do CTB – interpretação analógica.
6
FATO
NATUREZA
HUMANO
DESEJADOS INDESEJADOS
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL
Os princípios gerais do direito penal podem ser divididos em quatro 
grupos:
1) Princípios relacionados com a missão fundamental do direito penal;
2) Princípios relacionados com o fato do agente;
3) Princípios relacionados com o agente do fato;
4) Princípios relacionados a pena do agente.
I - PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO 
PENAL:
A) Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos: impede que o Estado 
venha a utilizar o direito penal na proteção de bens ilegítimos. Para ser utilizado 
de forma legítima deve se limitar a missão de proteger os bens jurídicos mais 
relevantes para o homem.
B) Princípio da intervenção mínima: o direito penal só deve ser aplicada quando 
estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. Está legitimado 
a agir quando houver o fracasso dos demais ramos, acrescido da relevante lesão 
ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É composto de duas características: 
subsidiariedade (o direito penal intervém em abstrato somente quando ineficazes 
os demais ramos do direito – ultima ratio) e fragmentariedade (direito penal 
intervém em concreto somente quando houver relevante lesão ou perigo de lesão 
ao bem jurídico tutelado).
A subsidiariedade orienta a intervenção em abstrato – odireito penal só 
intervem quando os demais ramos forem ineficientes, no combate do comportamento 
humano indesejado. O direito penal deve ser a última ratio (derradeira trincheira).
A fragmentariedade orienta a intervencao em concreto. O direito penal só 
intervém no caso concreto quando houver relevante lesão ao bem jurídico. O princípio 
da insignificância decorre da fragmentariedade.
Aula 06/08/2009
 Quinta-Feira
7
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Princípio da insignificância
 Instrumento de interpretação restritiva do tipo penal. Para que o fato seja 
materialmente típico exige-se relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA
STF STJ
Requisitos:
1) Mínima ofensividade da conduta do 
agente;
2) Nenhuma periculosidade social da 
ação;
3) Reduzido grau de reprovabilidade 
do comportamento;
4) Inexpressividade da lesão jurídica 
provocada. 
Requisitos:
1) Mínima ofensividade da conduta do 
agente;
2) Nenhuma periculosidade social da 
ação;
3) Reduzido grau de reprovabilidade 
do comportamento;
4) Inexpressividade da lesão jurídica 
provocada. 
Relevância do bem Jurídico:
1) Analisa a realidade econômica do 
país;
2) Importância do bem lesado para a 
vítima.
Relevância do bem Jurídico:
1) Significado do bem para o ofendido.
(HC 95.226- MS)
Admite a aplicação do princípio nos 
delitos contra a administração pública. Ex. 
descaminho.
Não admite a aplicação do princípio nos 
delitos contra a administração pública 
(por ofender a moralidade administrativa, 
que jamais pode ser tida como lesada de 
forma insignificante). Ex. descaminho.
Ambos os Tribunais Superiores vedam a aplicação do princípio da insignificância nos 
crimes contra a fé pública. Ex. moeda falsa.
O princípio da intervenção mínima serve para orientar o legislador onde o direito penal 
não mais precisa intervir. Ex.: adultério, sedução, rapto consensual, contravenção 
penal da mendicância, (enfoque negativo) e onde o direito penal deve intervir (enfoque 
positivo).
II - PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:
A) Princípio da exteriorização ou materialização do fato: o Estado só pode 
incriminar penalmente condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. Ex: art. 2º, CP 
8
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
(não pune pelo que é, pelo que pensa, por seus desejos ou por seu estilo de vida, 
isto é direito penal do autor), mas não se esquece do autor que é utilizado para 
individualizar a pena. Ex: art. 59 da LCP (vadiagem - colide com esse princípio e 
não foi recepcionado). Direito brasileiro adota do direito penal do fato e proíbe-se 
o direito penal do autor (ex. nazismo).
B) Princípio da legalidade: (pilar do garantismo) art. 1º do CP (Art. 1º - Não há 
crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)) – constitui uma real limitação ao Poder Estatal de interferir 
na esfera de liberdades individuais (art. 5º, XXXIX, CF - XXXIX - não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;). Em síntese é uma contenção 
ao poder punitivo (art. 9º da CADH – ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões 
que, no momento em que foram cometidos, não constituam delito, de acordo com o direito 
aplicável. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento da 
ocorrência do delito. Se depois de perpetrado o delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, 
o delinqüente deverá dela se beneficiar.).
Diferença entre princípio da legalidade e da reserva legal:
1ª corrente: diz que princípio da legalidade é sinônimo de reserva legal.
2ª corrente: diz que não se confundem. Na legalidade (lei em sentido amplo – 
todas as espécies normativas do art. 59, CF). Já a reserva (lei em sentido estrito – 
abrangendo lei ordinária e lei complementar). Assim, para essa corrente o art. 1º adota 
o princípio da reserva legal (FMB).
3ª corrente: diz que princípio da legalidade é reserva legal + anterioridade. Assim, 
o art. 1º adotou o princípio da legalidade (Fernando Capez). Esta é a corrente que 
prevalece.
Esse princípio é a viga mestra para o garantismo.
O princípio da legalidade constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir na 
esfera de liberdades individuais (garantia do indivíduo contra o Estado, jamais pode ser 
usado pelo Estado contra o indivíduo). Este princípio está previsto no art. 5°, XXXIX da 
CF, no art. 1° do CP e na CADH no art. 9°, Estatuto de Roma art. 22 e 23. 
Origem do princípio da legalidade:
1° corrente: o princípio da legalidade nasceu no Direito Romano;
2° corrente: nasceu na Carta de João Sem Terra (1215). 
3° corrente: nasceu no Iluminismo, tendo sido recepcionado pela Revolução Francesa. 
(prevê reserva legal + anterioridade - Cesare Becaria).
Fundamentos:
1°) Político: exigência de vinculação do Executivo e Judiciário à leis formuladas de 
forma abstrata. Impede o poder punitivo com base no livre arbítrio. 
9
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
2°) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes/funções. Só o 
Parlamento, representante do povo, pode ser criar crimes.
3°) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. 
• É aplicável às contravenções penais? 
R.: A doutrina pacificamente entende que onde o art. 1º escreve crime é infração 
penal. 
• É aplicável às Medidas de Segurança? 
R.: A 1ª corrente considera a finalidade da MS (curativa) e não punitiva, não 
está submissa ao princípio da legalidade (Francisco de Assis Toledo); 2ª corrente 
diz que sendo espécie de sanção penal submete-se ao princípio da legalidade (onde 
escreve pena diz sanção penal), porém pena e medida de segurança são institutos 
diferentes, porém ambas soa espécies de sanção penal. É a majoritária.
OBS.: O art. 1° dever ser lido: “Não a infração penal sem lei que o defina, nem sanção 
penal sem prévia cominação legal.”
OBS.: O art. 3° do CPM não obedeceu o princípio da legalidade, visto que apesar de 
respeitar a reserva legal não respeita a anterioridade, vez que admite a aplicação da lei 
não vigente a época do fato, mas a época da sentença e até mesmo vigente a época 
da execução, assim, não foi recepcionado pela CF/88.
OBS.: Princípio da legalidade para ser garantia do cidadão deve começar dizendo que 
não há crime ou pena sem lei (em seu sentido restrito – ordinária e complementar). 
Assim, medida provisória (ato normativo com forca normativa) não cria crime, porque 
não é lei em sentido estrito. Assim, direito penal incriminador não pode ser objeto de 
medida provisória. Mas pode legislar sobre direito penal não incriminador?
1ª corrente: não, seja ele incriminador ou não - art. 62, § 1º, I, b, CF (majoritária 
pela doutrina);
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, 
com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 32, de 2001)
 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
32, de 2001)
 I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
 b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 
2001)2ª corrente: entende que pode ser objeto de medida provisória se tratar de direito 
penal não incriminador (LFG), em favor do réu. Um exemplo é o Estatuto do 
Desarmamento (Lei nº. 11.706), tendo a MP prorrogado o período pala licenciamento 
da arma de fogo. É o entendimento do STF. O STF no RE 254.818-PR, discutindo os 
efeitos benéficos trazidos pela MP 1571/97 (permitiu o parcelamento de débitos 
tributários e previdenciários, com efeitos extintivos da punibilidade) proclamou sua 
admissibilidade em favor do réu.
10
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Resolução do TSE, CNJ, CNMP pode versar sobre direito penal?
R.: Não pois não é lei em sentido estrito, portanto não pode versar sobre direito 
penal.
Lei delegada pode versar sobre direito penal (incriminador ou não incriminador)?
R.: Art. 68, § 1°, II da CF – Não, a vedação do artigo está na expressão “direitos 
individuais”, visto que direito penal é eminentemente individual.
Princípio da legalidade – para ser garantia do cidadão contra a ingerência arbitrária do 
Estado, a lei deve ser:
a) Anterior – aos fatos que busca incriminar (veda-se a retroatividade 
maléfica). Ex.: art. 213 do CP passou a tipificar o antigo estupro e o 
atentado violento ao pudor como figura única, ou seja, foram reunidos e 
geraram um crime de ação múltipla, assim retroagirá para beneficiar o 
réu;
b) Escrita – veda-se o costume incriminador;
c) Estrita – veda-se a analogia incriminadora;
d) Certa – taxatividade na determinação das condutas. Ex.: art. 20, art. 
7179/83 (crimes contra segurança nacional) – terrorismo é crime no 
Brasil? R.: o art. 20 não é claro em definir a conduta, usando somente a 
expressão “atos de terrorismo” – não trazendo fácil compreensão, fere a 
segurança jurídica, dizendo a maioria da doutrina que este dispositivo não 
foi recepcionado pela CF;
e) Necessária – é desdobramento do princípio da intervenção mínima.
Aula dia 20/08/2009
 Qui
nta-feira 
É preciso acrescentar ao art. 1º a anterioridade – lei anterior que o defina. A 
retroatividade maléfica não é possível, mas a benéfica é.
Exige lei escrita (proibindo o costume incriminador). É possível, no entanto, costume 
interpretativo.
Exige também lei anterior escrita estrita (proíbe a analogia incriminadora). Mas é 
possível a analogia “in bonan parte”.
Exige, também, lei anterior, escrita, estrita e certa (de fácil entendimento). Princípio 
da taxatividade ou mandado de certeza.
Exige lei anterior, escrita, estrita, certa e necessária (princípio da intervenção 
mínima).
O princípio da legalidade é o pilar do GARANTISMO – poder punitivo mínimo do Estado 
em face ao máximo de garantias aos indivíduos. Para o bom cidadão o máximo de 
bem-estar para o mau cidadão o mínimo de mal-estar. 
11
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
OBS.: Lei penal
1) Completa: dispensa complemento normativo (dado por outra norma) ou 
valorativa (dado pelo juiz). Ex. art. 121 do CP.
2) Incompleta: necessita de complemento normativo ou valorativo.
Lei penal incompleta se divide em:
a- Norma penal em branco: lei que depende de complemento normativo (dado 
por outra norma). Que se divide em:
a.1- Norma penal em branco própria (em sentido estrito/heterogenia): lei 
de drogas que é complementada por portaria do Ministério da Saúde 344/98.
a.2- Norma penal em branco imprópria (em sentido amplo/homogenia): 
complemento narmativo que emana do legislador. 
a.2.1- Homovitelina (homologa): o complemento emana da mesma 
instancia legislativa (mesmo estatuto). Ex.: funcionário público.
a.2.2- Heterovitelina (heteróloga): o complemento emana de instancia 
legislativa diversa (estatutos diferentes). Ex.: art. 236 do CP, onde o 
complemento está no CC. 
a.2.3 – Norma penal em branco ao revés – neste caso o complemento 
normativo diz respeito a sanção e não ao conteúdo proibitivo. Ex.: Lei 2.889/55, 
art. 1° - (Lei do genocídio). Na norma penal em branco ao revés o complemento 
só pode ser através de lei.
b- Tipo aberto: depende de comportamento valorativo dado pelo juiz. Ex.: 
crimes culposos (negligencia, imprudência e imperícia). 
Norma penal em branco heterogênea é constitucional?
R.: Para Rogério Greco a norma penal em branco heterogênea é inconstitucional, 
ofendendo o princípio da reserva legal. Argumento o referido autor que seu 
conteúdo é criado e modificado sem que haja uma discussão amadurecida da 
sociedade a seu respeito, como acontece quando os projetos de lei são 
submetidos à apreciação do Congresso. Prevalece, no entanto, a 
constitucionalidade da norma penal em branco heterogênea. Neste caso, há um 
tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito, pois o 
legislador não pode deixar a descrição típica essencial por conta da autoridade 
administrativa. O que a autoridade administrativa pode fazer é explicitar um dos 
requisitos típicos dados pelo legislador. 
- Art. 269 CP (doença de notificação compulsória) – norma penal em branco 
incompleta própria/em sentido estrito/heterogencia.
12
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Princípio da legalidade é compatível com a lei penal em branco? Existe norma que 
contém pena determinada, mas seu preceito primário (conteúdo) permanece 
indeterminado. Dependendo para a sua exeqüibilidade de complementação de outra 
norma ou ato administrativo. É a chamada norma penal em branco.
É compatível (é constitucional), pois só se aplica depois de complementada.
Espécies de norma penal em branco:
1) homogenia ou em sentido amplo: a lei é complementada pela mesma espécie 
normativa (lei). Pode ser homóloga/homovitelinea quando a lei está no mesmo 
estatuto. Ex: art. 312 e 327 do CP. Ou heteróloga/heterovitelinea: quando a lei 
está em outro estatuto.
2) Heterogênea/sentido estrito: lei complementar por espécie normativa diferente 
da lei (ex: portaria – lei de drogas).
Norma penal em branco heterogênea é constitucional? Rogério Greco entende que é 
inconstitucional, porque quem dá o conteúdo criminoso é o executivo. No entanto, a 
corrente contrária diz que quem deu a competência para o executivo foi o legislativo.
3) Ao revés/invertida: nesse caso o complemento normativo diz respeito à 
sanção, não ao conteúdo proibido que está determinado (ex: Lei nº. 2.889/56 - 
genocídio).
OBS: só pode ter como complemento outra lei, jamais outra espécie normativa. 
Fundamentos: político (impede o poder punitivo com base no livre arbítrio); 
democrático (parlamento, representante do povo, deve ser responsável pela criação de 
crimes); jurídico (uma lei prévia e clara produz importante poder intimidativo).
Legalidade formal: obediência aos trâmites procedimentais legislativos (lei vigente).
Legalidade material: obediência ao conteúdo imposto pela CF, respeitando-se suas 
proibições e imposições para a garantia dos nossos direitos fundamentais (lei válida). 
Ex.: Regime integral fechado e foro por prerrogativa de função para ex-autoridades 
(fere o princípio da isonomia, visto se constituir em privilégio). 
C) Princípio da ofensividade ou lesividade (“nullum crime sine injuria”): para 
que ocorra a infração penal é imprescindível efetiva lesão ou perigo delesão ao 
bem jurídico tutelado. Assim, questiona-se a constitucionalidade dos delitos de 
perigo abstrato, onde o perigo é presumido absolutamente por lei, nos de perigo 
concreto (precisa ser comprovado), pode ser determinado (alguém) e 
indeterminado (carece de pessoa certa). Ex: embriaguez ao volante.
Ao se adotar este princípio os crimes de perigo abstrato estão abolidos do sistema, 
além de ferir a ampla defesa por ser uma presunção absoluta. Ex: porte de arma 
desmuniciada. O STF diz que tem que comprovar o perigo.
13
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
O STF decidiu que crime de perigo abstrato somente é cabível em casos 
excepcionalíssimo, pois ofende o princípio da ofensividade e da ampla defesa. A 
doutrina diz que os crimes de perigo abstratos é instrumento do direito penal do 
inimigo. Ex.: O STF arma desmuniciada, constitui crime de perigo abstrato não sendo 
concebido.
OBS.: Crimes de perigo se dividem em:
A- De perigo abstrato: perigo é absolutamente presumido por lei (basta se 
comprovar a existência da conduta).
B- De perigo concreto: o perigo deve ser demonstrado (exige-se perigo 
concreto/real/efetivo).
III- PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO AGENTE DO FATO:
A) Princípio da responsabilidade pessoal: proibi-se o castigo penal pelo fato de 
outrem e o castigo coletivo. Não existe no direito penal responsabilidade coletiva. 
Está no art. 29 do CP. Denúncia não individualizada/genérica é inepta.
- Há entendimento doutrinário que a responsabilidade da pessoa jurídica fere este 
princípio, por ser responsabilidade coletiva.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
B) Princípio da responsabilidade penal subjetiva: não basta que o fato seja 
materialmente causado pelo agente, só podendo ser responsabilizado se o fato foi 
querido, aceito ou previsível. Não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa. 
Existem dois dispositivos que se não forem corrigidos pela doutrina, prevêem 
responsabilidade objetiva: art. 28, II e a rixa do art. 137, § ú do CP. Não que 
prevêem, mas podem redundar.
- Tem doutrina entendendo que a responsabilidade da pessoa jurídica fere este 
princípio, por ser responsabilidade penal sem culpa.
C) Princípio da culpabilidade: ninguém pode ser punido por fato quando incapaz 
ou sem potencial consciência da ilicitude ou sendo dele inexigível comportamento 
diverso.
14
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
D) Princípio da igualdade/isonomia: art. 5º, caput, CF – “todos são iguais perante 
a lei sem distinção de qualquer natureza” (art. 24 da CADH- Convenção 
Americana de Direitos Humanos – todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, 
têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção de lei). É igualdade substancial 
(tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual na medida de 
suas desigualdades). Ex: art. 117, III, LEP, abrange também o condenado, desde 
que comprove que o filho depende dele. Este princípio obriga o legislador e o juiz 
a tratar todos conforme a igualdade substancial. 
E) Princípio da presunção de inocência ou não culpabilidade: art. 5º, LVII, CF 
(LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória). o STF tem usado a expressão “princípio da presunção de não culpa”, 
visto ser incoerente com o Brasil que adota o sistema de prisão provisória 
(Mirabete). Já o direito internacional se adota o princípio da presunção de 
inocência, o art. 8º, II da CADH (toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se 
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, 
toda pessoa tem direito, em plena igualdade as seguintes garantias míninas...) trata da 
inocência presumida. Art. 66 do Estatuto de Roma traz as conseqüências da 
presunção de inocência ou não culpa. São conseqüências deste princípio: 1) 
prisão apenas após a condenação definitiva (mas admite prisão provisória em 
casos excepcionais – imprescindibilidade); 2) Incumbe ao acusador o ônus da 
prova; 3) Sentença condenatória exige; 2) Incumbe ao acusador o ônus da prova; 
3) Sentença condenatória exige certeza do crime e sua autoria; 
Na prova usar o termo presunção de inocência ou não culpa/culpabilidade como 
sinônimos. 
Art. 312, CP, traz a expressão “conveniente”, mas deveria ser necessidade. 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, 
por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova 
da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
Súmula 9 do STJ; 2) a responsabilidade penal do acusado deve ser comprovada pelo 
órgão de acusação (inversão do ônus da prova); 3) é o que fomenta o “in dúbio pro 
reo” (dúvida na análise probatória).
SÚMULA 9, STJ: A EXIGÊNCIA DA PRISÃO PROVISÓRIA PARA APELAR, NÃO OFENDE A GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
III- PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA:
A) Princípio da proibição da pena indigna: a ninguém pode ser imposta pena 
ofensiva a dignidade da pessoa humana (art. 5º, I da CADH – toda pessoa tem direito a 
que se respeite sua integridade física, psíquica e moral - e art. 5º, XLIX, CF - é assegurado aos 
presos o respeito à integridade física e moral).
15
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
B) Princípio da humanização das penas: nenhuma pena pode ser desumana, cruel 
ou degradante (art. 5º, II da CADH – ninguém pode ser submetido a torturas, nem penas ou tratos 
cureis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o devido 
respeito à dignidade inerente ao ser humano - e art. 5º, XLVII, CF - XLVII - não haverá penas: a) de 
morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de 
trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis).
Com base neste princípio o STF julgo inconstitucional o regime integralmente 
fechado. Atualmente esta sub judice do STF o regime disciplinar diferenciado (o STJ já 
julgou constitucional, porém não pode ser banalizado).
C) Princípio da proporcionalidade: a pena deve ser proporcional à gravidade da 
infração penal. A pena deve ser meio suficiente para atingir seus fins: retribuição, 
prevenção e ressocializacao. Observado: 1) na criação da lei (legislativo); 2) na 
cominação da pena em concreto (judicial); 3) na execução. No momento legislativo já 
ocorre um intimidação. Este princípio está implícito no princípio da individualização da 
penal. No estudo do princípio há de analisar dois aspectos: 1) evitar os excessos, que 
gera a hipertrofia das punições); 2) A pena deve também evitar a insuficiência da 
intervenção estatal, objetivandoevitar a impunidade. Ex2- Arrt. 319-A CP, porém o juiz 
não pode aplicar pena mais severa, sob pena de infringir o princípio da legalidade.
D) Princípio da pessoalidade (personalidade) da pena: art. 5º, XLV, CF (XLV - 
nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação 
do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o 
limite do valor do patrimônio transferido) – nenhuma pena passará da pessoa do condenado. 
Primeira corrente diz que é relativo, admitindo exceção prevista na própria CF, em 
razão do perdimento de bens (pena de confisco) que transfere aos 
herdeiros/sucessores (Flávio Monteiro de Barros). Segunda corrente diz que o 
princípio da pessoalidade á absoluto, significando dizer que não admite exceções. 
Afirma esta corrente que confisco não é pena, mas efeito da sentença/condenação 
(corrente majoritária, inclusive LFG). É portanto, absoluto (art. 5º, III da CADH – a pena 
não pode passar da pessoa do delinqüente).
OBS.: A multa apesar de ser executada como dívida ativa não passa da pessoa do 
condenado, ou seja, não transfere a responsabilidade aos sucessores.
E) Princípio da vedação do “bis in idem”: não tem previsão expressa na CF, mas 
esta no Estatuto de Roma (que criou o TPI) em seu art. 20 - ninguém pode ser punido 
mais de uma vez pela prática do mesmo ato (art. 61, CP). 
Este princípio possui três significados:
1) Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime;
2) Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo 
fato;
3) Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações 
relacionadas com o mesmo fato.
16
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Este princípio é absoluto ou admite exceções? 
R.: Não, caso ligado a extraterritorialidade da lei penal (será demonstrado em aulas 
posteriores).
A reincidência é uma hipótese de “bis in idem” (LFG/Paulo Rangel). Porém a maioria 
da doutrina diz que é uma circunstância necessária para a individualização da pena.
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 a) por motivo fútil ou torpe;
 b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
 c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou 
impossível a defesa do ofendido;
 d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia 
resultar perigo comum;
 e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
 f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Incluído pela Lei nº 11.340, de 
2006)
 g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
 h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei 
nº 10.741, de 2003)
 i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
 j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça 
particular do ofendido;
 l) em estado de embriaguez preordenada.
LEI PENAL DO TEMPO
A lei busca regular os atos praticados na sua vigência, mas a lei penal pode ser 
retroativa ou ultrativa quando for benéfica ao réu.
Em regra “tempus regit acto”.
Quando no tempo o crime se considera praticado?
A) Teoria da atividade: tempo da conduta;
B) Teoria do resultado: tempo da consumação;
C) Teoria mista/ubiqüidade: tempo da conduta e da consumação.
O CPB preferiu a teoria da atividade – art. 4º (Art. 4º - Considera-se praticado o crime no 
momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)). Repercute na imputabilidade do agente.
Três repercussões práticas:
1) Analisar a capacidade/imputabilidade do agente.
2) Analise das qualidades ou condições da vítima. Ex.: 121 do CP.
17
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
3) Sucessão de leis penais no tempo. A regra extraída do art. 1° do CC é a 
irretroatividade. A exceção está no art. 2° do CP, qual seja, a retroatividade.
a- No momento do fato indiferente penal lei posterior incriminou o fato = 
irretroativa (art. 1°). Ex.: visita levar celular para preso – Lei 12.012/09 – art. 
349-A CP.
b- Momento do fato havia o crime, lei posterior aboliu o crime = retroativa (art. 2°). 
Ex.: crime de adultério que foi abolido pela Lei 11.106/05.
c- Momento do fato havia crime, lei posterior continua encarando como crime, 
porém elevou a pena = irretroativa (art. 1°). Ex.: art. 217 do CP modificada pela 
Lei 10.763/03.
d- Momento do fato era crime, lei posterior diminui a pena = retroage (art. 2°). 
O art. 2° é uma exceção na sucessão de leis penais no tempo. Este artigo traz o 
instituo da “abolitio criminis” sendo hipótese de supressão da figura criminosa. 
Qual a natureza jurídica da abolitio criminis? 
R.: 1° corrente: causa extintiva da punibilidade – adotada pelo CP no art. 107, III do CP.
 2° corrente: causa de exclusão da tipicidade, consequentemente extingue o direito 
do Estado de punir. (Flávio Monteiro de Barros e Basileu Garcia).
Lei abolicionista não respeita coisa julgada. Se ocorrer na fase de execução, esta será 
extinta. Sendo que cessa os efeitos penais (reincidência), sendo que os extrapenais 
(sentença condenatória continua servindo como título executivo judicial e perda do 
cargo) permanecem. O art. 2 ° do CP não infringe o art. 5° XXXVI da CF, pois o 
mandamento constitucional tutela a garantia individual do cidadão e não o direito de 
punir do Estado.
Aplicação de lei em período de vacatio legis.
R.: 1° corrente: lei na vacatio não retroage, pois carece de eficácia jurídica ou social 
(majoritária).
 2° corrente: lei na vacatio retroage desde que o réu demonstre conhecer a 
alteração (Alberto Silva Franco).
OBS: horário de verão: a jurisprudência diz que o horário de verão é transitório, é uma 
ficção, tem função de economizar energia. Aplica o ECA (Nucci) se pelo horário 
convencional ainda era inimputável.
No caso de sucessão de lei penal no tempo existe uma regra geral – art. 1º, CP 
(irretroatividade), mas usa-se também a exceção – art. 2º e 3º, CP.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Lei penal no tempo
18
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984)Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
1) Fato atípico, no entanto, lei posterior passou a considerar crime – IRRETROATIVA 
(art. 1º);
2) Quando do fato era crime, mas lei posterior aboliu – RETROATIVA (art. 2º);
3) Quando do fato era crime, mas lei posterior diminuiu a pena – RETROATIVA (art. 2º);
4) Quando do fato era crime, mas lei posterior aumenta a pena – IRRETROATIVA (art. 
1º).
O art. 2º, caput, traz a “abolitio criminis” = supressão da figura criminosa. Tem 
natureza jurídica: uma primeira corrente diz que é uma hipótese de exclusão da 
tipicidade (FMB) e uma segunda corrente diz que extingue a punibilidade (art. 107, CP).
Lei abolicionista não respeita a coisa julgada (é uma garantia do indivíduo, mas não 
pode servir para o Estado punir).
Os efeitos civis permanecem intactos podendo ser executado no cível.
Se for durante a “vacatio”, tem duas correntes:
1ª) não tem eficácia jurídica e social, então não retroage (majoritária);
2ª) considera a finalidade da “vacatio”, a lei pode se mais benéfica retroagir e ser 
aplicada neste estado, desde que o destinatário já tenha conhecimento (minoritária).
Lei penal no tempo e continuidade delitiva: o art. 71, CP, diz que por ficção jurídica 
existe um único crime, se houver mudança de lei, uma 1ª corrente aplica “in dúbio pro 
reo”, mas foi superada pela Súmula 711, STF (aplica sempre a lei última mesmo que 
mais gravosa). O crime continuado se considera praticado no momento do primeiro 
ato, assim como no último, assim sendo aplicada a lei mais gravosa.
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma 
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os 
subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave 
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos 
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do 
art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
SÚMULA 711 DO STF: A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME 
PERMANENTE, SE SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU PERMANENCIA.
É possível combinação de leis:
19
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
1) não se admite a combinação de leis penais, pois o juiz, assim agindo, eleva-se a 
legislador, criando uma terceira lei (Nelson Hungria, Fragoso, Aníbal Bruno e a 1° 
Turma do STF – RHC 94802 10/02/09);
2) é possível a combinação de leis penais para favorecer o réu, se o juiz pode o mais 
pode o menos (Basileu Garcia, Delmanto e 2° Turma do STF – HC 95.435 21/10/2008).
 Na fase de execução quem aplica (após o trânsito em julgado)? Se for de ordem 
matemática é o juízo da execução. Porém, se não for, precisa de Revisão Criminal, pois 
depende de juízo de valor. Desta forma, a súmula 611, STF, só se aplica se for de 
ordem matemática (o entendimento da súmula deve ser usado para a primeira fase). 
Para a segunda fase do concurso a resposta será: depende do conteúdo da lei mais 
benéfica. Se de aplicação meramente matemática - juiz da execução; se conduzir a 
juízo de valor – revisão criminal.
SÚMULA 611, STF: TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS 
EXECUÇÕES A APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENIGNA.
O complemento da norma penal sofre alteração. Retroage?
R.: A alteração benéfica da norma penal em branco imprópria sempre retroage.
O problema está para o norma penal em branco própria. Quando o complemento for 
norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal implica, ou 
não, na supressão do caráter ilícito do fato. Por exemplo, no art. 269 do CP a exclusão 
de doença de notificação compulsória torna a omissão do médico um indiferente penal 
(abolitio criminis). Nesta hipótese o que se alterou foi a própria matéria da proibição, 
com redução da área de incidência do tipo. Diferentemente no caso de simples 
atualização de valores monetários, modificando-se os quantitativos de tabelas de 
preços. 
Aula dia 27/08/09
Quinta-feira
LEI PENAL NO TEMPO
O art. 3º do CP, excepcionalmente prevê uma ultratividade maléfica, ou seja, em 
prejuízo do agente.
A) Lei temporária/lei temporária em sentido estrito: é aquela que tem prefixado no 
seu texto o tempo de sua vigência.
B) Lei excepcional/lei temporária em sentido amplo: é a que atende a transitórias 
necessidades estatais, tais como, guerras, calamidades, epidemias etc., 
perdurando por todo o tempo excepcional.
A importância do art. 3° é reconhecida pela doutrina. Se não houvesse a disposição 
legal do art. 3° se sancionaria o absurdo de reduzir as leis temporárias e excepcionais a 
uma espécie de ineficácia preventiva, instalando a impunidade em relação aos fatos 
praticados durante a sua vigência (Bettiol).
20
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Se não fosse assim (ultrativo) elas estariam fadadas ao insucesso.
É importante, assim, que sua eficácia perdure no tempo.
Este art. 3º, CP, foi recepcionado pela CF/88?R.: 1°) corrente: Zaffaroni e Rogério 
Greco entendem que não foi recepcionado, porque a CF não prevê qualquer exceção a 
proibição da ultra-atividade maléfica, julga o art. 3° do CP não recepcionado, porém 
esta corrente é minoritária. 2°) corrente: a lei nova não revoga a anterior (não há uma 
verdadeira sucessão de leis penais) porque não trata exatamente da mesma matéria, 
do mesmo fato típico (é a anterior que deixa de ter vigência em razão de sua 
excepcionalidade), logo não se tratando de leis penais no tempo, o art. 3° foi 
recepcionada pela CF – esta é a corrente que prevalece, sendo adotada pelo LFG.
Como fica a alteração do complemento da norma penal em branco? O complemento 
pode ser lei (homogênea) ou por ato administrativo (heterogênea). Se o complemento 
for lei e sua alteração for mais benéfica, retroage. (ex: crime de casar ocultando 
impedimento. O impedimento está no CCB, que se for alterado para deixar de ser 
impedimento, retroage). Se o complemento é um ato administrativo vai depender. Se 
for norma infralegal o decisivo é saber se a alteração da norma implica ou não na 
suspensão do caráter criminoso ou se se trata de mera atualização. (ex: lei de drogas – 
complemento por portaria que diz que lança perfume é droga – se retirar esta 
substância, há supressão da figura criminosa, logo retroage. Outro exemplo: crime de 
vender carne acima do tabelado – tabela diz que o máximo é R$ 10, mas em razão da 
inflação passou a ser de R$20, logo não houve supressão, então não retroage).
FMB diz que (uma parcela da doutrina) que investiga o momento em que surgiu a 
norma legal e sua alteração, se nem estado de normalidade (portaria da lei de drogas)sua alteração benéfica retroage; se num estado de emergência (portaria de 
congelamento de preços) sua alteração não retroage, aplicando-se o espírito do art. 3º.
Como fica a alteração de súmula vinculante? Ex: supor que portar arma 
desmuniciada é crime, durante o processo o STF cancela. Se a alteração é benéfica 
retroage, aplicando o espírito das leis, tratando como se fosse lei.
O que era rapto tornou-se seqüestro qualificado (para fins libidinosos) – princípio da 
continuidade normativa típica x “abolitio”: na “abolitio” existe uma supressão formal 
da matéria criminosa (a intenção do legislador é não mais considerar o fato como 
crime). Ex: rapto consensual (art. 220, CP, adultério art. 240, sedução art. 217).
Alteração formal e a manutenção da matéria criminosa ocorre no principal. Assim, a 
intenção do legislador é manter o fato como crime, alterando apenas a sua roupagem. 
Ex: art. 219 que virou art. 148, § 1º, V, CP, crimes falimentares e estatuto do 
desarmamento. Mas, deve cuidar da pena se mais grave ou não, mantendo sempre a 
mais benéfica. – princípio da continuidade normativo típico.
Abolitio criminis Princípio da continuidade normativo-
tipica
Supressão formal + supressão do 
conteúdo criminoso
Alteração formal, porém com a 
manutenção do conteúdo criminoso
21
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
A intenção do legislador é não mais 
considerar o fato como crime
A intenção do legislador é manter 
criminoso o fato
Ex.: art. 217, 220, 240, todos do CPB Ex.: art. 214 do CP – 213 do CP.
Alteração de entendimento jurisprudencial retroage?
R.: Sumula 174 (cancelada). Prevalece que não existe retroatividade de entendimento 
jurisprudencial, ainda que mais benéfico. Cuidado!!! Ganhava força o entendimento 
que se for súmula vinculante retroagirá, sem mais benéficas (não é entendimento 
dominante, as discussões estão em fase embrionárias). 
LEI PENAL NO ESPAÇO
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou 
mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir 
qual é o âmbito territorial (o espaço) de aplicação da lei penal brasileira, bem como de 
que formão Brasil se relaciona com outros paises em matéria penal.
Princípios aplicáveis:
A) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do território do delito (não 
importa a nacionalidade dos envolvidos ou dos bens jurídicos lesados);
B) Principio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente 
(não importa o local do crime ou a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos 
lesados);
C) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei penal da nacionalidade do 
agente apenas quando atingir um co-cidadão (não importa o local do crime) é a 
ativa + vítima co-cidadã;
D) Princípio da defesa, da proteção ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima 
ou do bem jurídico (não importa local ou nacionalidade do agente)
E) Princípio da Justiça universal/cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país em 
que for capturado (não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente 
ou da vítima)
F) Princípio da representação/da bandeira/subsidiário: a lei penal nacional aplica-se 
aos crimes praticados em embarcações e aeronaves privadas, quando no 
estrangeiro e aí não são julgados. O país em que o crime ocorreu não age.
O Brasil adotou o princípio da territorialidade (art. 5º, CP). 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, 
ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se 
achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no 
22
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984)
O art. 5° adotou a territorialidade temperada pela intraterritorialidade. Ex.: 
imunidade diplomática. 
Diferentemente do processo penal que adota o princípio da territorialidade 
relativa/temporária (intraterritorialidade – tratados e convenções).
Podem ocorrer três fenômenos:
TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDA
DE
INTRATERRITORIALIDAD
E
Lei do Brasil Lei do Brasil Lei do estrangeiro
Local Brasil Local estrangeiro Local Brasil (imunidade 
diplomática)
O que é seu território nacional? (limite de aplicação da lei). Não apenas o espaço 
físico, mas, também, um espaço jurídico por ficção/equiparação/extensão, previsto no 
art. 5º, § 1º, CP. Aeronave e navio público ou a serviço do Brasil onde quer que se 
encontre. Se for privada ou mercante somente se tiver em auto-mar (aplica-se a 
bandeira). 
Embaixada não é extensão do território que representa. No entanto, ela é inviolável.
A contrario sensu o Brasil obedece ao princípio da reciprocidade/simetria/paralelismo 
– art. 5º, § 2º, CP.
Problemas doutrinários (Basileu Garcia):
1) Navio de bandeira holandês esta em alto mar e pratica aborto. Por ser extensão do 
território holandês e neste país não ser conduta típica a brasileira não pratica crime.
2) Navio brasileiro em alto mar, de natureza privada, , naufraga e sobre seus destroços 
um holandês mata um norte-americano: Brasil (os destroços da embarcação continua 
ostentando a bandeira brasileira);
3) Um navio brasileiro privado que colide com uma embarcação italiana também 
privada em alto mar, juntam seus destroços e um italiano mata um argentino – a lei 
não resolve – na dúvida lei da nacionalidade do agente (ativa), neste caso lei italiana;
4) Navio público colombiano atracado em um porto brasileiro – aplica-se a lei 
colombiana. Se um marinheiro sai do navio e estupra uma mulher no território 
brasileiro, vai depender da finalidade: se desceu do navio por motivo 
profissionais/público é a lei da Colômbia, se particular é a lei brasileira.
Lugar do Crime
23
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Onde o crime se considera praticado no Brasil? Art. 6º, CP (teoria da ubiqüidade ou 
mista); mesmo quando o resultado deveria acontecer no Brasil, sendo indispensável 
que no Brasil tenha tido início a execução (tem que iniciar ou terminar no Brasil).
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, 
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
OBS.: Cogitação, planejamento, atos preparatórios no Brasil, não fazem o Brasil lugar 
do crime. O crime não se considera praticado no território brasileiro, é imprescindível o 
início da execução.
De acordo com o PC o crime cometido dentro do território nacional, a bordo de navio 
que apenas passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porqieo 
crime tocou o nosso território. Hoje, porém, em casos tais, aplica-se a chamada 
passagem inocente, quando um navio passa no território nacional somente como 
passagem necessária para chegar ao seu destino não se aplica a lei brasileira. Há que 
se atentar que o navio nunca atracaria ao território nacional. A passagem inocente 
somente se refere a navio, a doutrina brasileira utiliza o instituto também para as 
aeronaves que aqui não pousariam.
Art. 5º, § 2º - “Instituto da Passagem Inocente”: crime cometido dentro do 
território nacional, à bordo de avião que apenas sobrevoou o país, não aplica a lei 
penal brasileira, mas sim o instituto da passagem inocente (aplicado quando a 
aeronave passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar 
ao seu destino final).
Não confundir crime plurilocal com crime à distância. 
Crime à distância (espaço máximo): é quando um fato punível percorre territórios 
de dois ou mais Estados soberanos (conflito internacional de jurisdição que se resolve 
com o art. 6º, CP – teoria da ubiqüidade). 
Crime plurilocal: quando um fato punível percorre pluralidade de locais de um mesmo 
Estado Soberano (conflito interno de competência). Para dirimir conflito de 
competência aplica-se o art. 70, do CPP (teoria do resultado) na lei dos juizados aplica-
se a teoria da atividade.
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no 
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
 § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência 
será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
 § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz 
do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
 § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição 
por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência 
firmar-se-á pela prevenção.
Hipóteses de extraterritorialidade:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
 I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
24
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder 
Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 1984)
 II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 1984)
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984)
 e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
1) Art.7º, I, “a”: princípio da defesa ou real;
2) Art. 7º, I, “b”: princípio da defesa ou real;
3) Art. 7º, I, “c”: princípio da defesa ou real;
4) Art. 7º, I, “d”: três correntes. A primeira diz que o Brasil adotou o Princípio da Justiça 
Universal, visto ser crime que o Brasil se comprometeu a reprimir; A segunda diz que é 
da defesa ou real quando for contra brasileiro; a terceira diz que é princípio da 
nacionalidade ativa (esta é a menos correta, visto que pode também ser pessoa 
domiciliada no Brasil). Prevalece a primeira.
5) Art. 7º, II, “a”: princípio da justiça universal;
6) Art. 7º, II, “b”: nacionalidade ativa;
7) Art. 7º, II, “c”: princípio da representação;
8) Art. 7º, § 3º: a primeira corrente diz que é princípio da nacionalidade passiva (FMB e 
LFG). Porém, não está correto, visto que necessita de ser concidadãos – vítima 
brasileira – princípio da defesa ou real (maioria).
Se aderir LFG, o Brasil adota todos os princípios; mas pela maioria da doutrina o 
único não adotado é o princípio da nacionalidade passiva.
OBS: não existe extraterritorialidade em contravenção penal.
OBS: o art. 7º está dividido em 3 partes. No inciso I é a extraterritorialidade 
incondicionada (§ 1º). Já o inciso II e § 3º são extraterritorialidade condicionada.
Quais são as condições cumulativas? Art. 7º, § 2º, CP.
Alínea “a”: passar os limites da fronteira não precisa permanece, somente tocar. 
Território físico ou jurídico, essa condição é chamada de condição de procedibilidade, 
sendo sua natureza jurídica;
25
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
Aliena “b”: natureza de condição objetiva de punibilidade, ou seja, sua ausência gera 
a absolvição;
Alínea “c”: natureza de condição objetiva de punibilidade (a lei utilizou como 
parâmetro o Estatuto do Estrangeiro, qual seja, pena máxima superior a um ano);
Alínea “d”: o Brasil respeita coisa julgada estrangeira. Condição objetiva de 
punibilidade.
Para o § 3º, além dessas, ainda, existem mais duas condições, chamada de 
extraterritorialidade hipercondicionada, visto que além de obedecer os casos previstos 
no inciso II, também tem que observar os requisitos do § 3°.:
Ex: art. 7º, I, “a” – matar o Lula (latrocínio – fica no § 3º porque é patrimônio) – crime 
cometido por estrangeiro contra brasileiro;
Caso Batisti – qual a Justiça: Justiça Estadual (vide informativo 402 STJ) – não há 
nenhum requisito do art. 109 da CF que justifique a competência da Justiça Federal. 
Mas na Justiça Estadual, qual o juízo competente? A capital do estado onde ele mora ou 
morou/ se nunca morou – capitalda república .
Existe extraterritorialidade em lei especial? Lei de tortura (art. 2º da Lei nº. 
9.455/97).
Art. 8º do CP existe para evitar “bis in idem”.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ex: condenado por 10 anos no estrangeiro e 15 no Brasil, cumpre só mais 05 anos 
aqui. Mas, se tiver pena privativa de liberdade com pena pecuniária fica a critério do 
juiz (decisão fundamentada).
OBS.: O art. 8° do CP não evita o bis in idem, ele atenua o mesmo (Assis Toledo 
considera que evita, mas é posicionamento isolado). Há 02 processos, 02 condenações 
– atenua-se os efeitos deste bis in idem.
Aula dia 02/09/09
Quarta-feira
TEORIA GERAL DO DELITO
(Prof. Luiz Flávio Gomes)
26
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
- Conceito formal: (preponderou do final do século XIX até meados do século XX) 
crime é o fato descrito na lei. É a mera desobediência a norma. Crítica: é uma corrente 
muito formalista, legalista. Para ela basta a adequação do fato à lei. A lógica é: FATO 
LEI TÍPICO ANTIJURÍDICO. Visão legalista do delito.
- Conceito material: crime é o fato humano lesivo ou concretamente perigoso 
(ofensivo) a um bem jurídico relevante. Não há crime sem ofensa ao bem jurídico. 
Princípio da ofensividade. Ofensa ao bem jurídico biparte-se: pode ser por lesão ou por 
perigo concreto. Ex.: Matar alguém lesão ao bem jurídico, tentativa de homicídio é 
perigo concreto ao bem jurídico. A lógica é FATO LEI 
OFENSIVO TÍPICO. Conceito adotado pelo professor. Pelo princípio da ofensividade não 
há crime sem ofensa ao bem jurídico – “nullum crimen sine injuria” (não há crime se 
ofensa). Visão constitucionalista do delito.
- Conceitos analíticos de delito: 
1) Conceito de Deciano (1551 – Idade Média): delito é o fato humano cometido 
com dolo ou culpa, previsto na lei, proibido sob pena, que não esteja amparado por 
causa justificante. 
2) Conceito Feuerbach (começo do século XIX): crime é uma ação contrária ao 
direito de outra pessoa cominada com pena em uma lei. Iluminismo e Escola clássica. 
(Pais do direito penal moderno Feuerbach e Becaria).
3) Causalismo (final do séc. XIX início do séc. XX): o crime é divido em duas 
etapas: 
1º) Von Liszt: parte objetiva – fato humano + antijuridicidade;
2°) parte subjetiva: culpabilidade
- Beling (criou a teoria da tipicidade 1906): ato humano descrito na lei – ato típico. 
Para ele a parte objetiva era tipicidade + antijuridicidade; subjetiva a culpabilidade.
Assim, somando a teoria de Von Liszt com Beling tem-se o conceito tripartido de delito, 
qual seja: crime e fato típico, antijurídico e culpável. Grande parcela da doutrina 
continuam acompanhando este conceito de crime, apesar de ultrapassada (1900). 
Críticas: 
A) O causalismo falava em ação, sendo que Radbruch diz que o conceito 
de ação não compreende a omissão, assim não se pode trabalhar com este 
conceito de ação, visto que o mesmo é falho, insuficiente. Assim, o correto é se 
falar em CONDUTA, visto que abrange a ação e a omissão. 
B) Há requisitos subjetivos que não pertencem à culpabilidade. Para os 
causalistas todos os requisitos subjetivos estão na culpabilidade. A crítica é que 
há elementos subjetivos que estão no tipo (parte objetiva). Ex. art. 155 do CPB.
27
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
C) A culpabilidade não é só subjetiva, ela é também normativa.
OBS.: Subjetivo é tudo o que pertence à cabeça do réu. Ex.: dolo (intenção). Ex. art. 
155 do CP – para si ou para outrem;
 Normativo: é tudo o que depende de juízo de valor do juiz. Ex. art. 155 do CP – 
coisa alheia móvel.
4) Conceito neoclássico ou neokantisto de delito (Mazger) (1900 a 1930): o 
delito e a teoria dos valores (todos os requisitos do delito são valorativos); tipicidade 
antijuridicidade e culpabilidade (psicológico-normativo). O que muda é o conteúdo de 
cada um dos elementos. O tipo penal não é neutro. Esta corrente chama-se 
neokantismo porque recupera a teoria dos valores de Emanuel Kant. 
A) A tipicidade não é neutra, mas valorativa – o verbo é valorado 
negativamente, por isso é considerado o crime;
B) A antijuridicidade no causalismo era formal, agora é material. O fato só 
é criminoso quando gera danosidade social.
C) A culpabilidade não é só psicológica, mas também normativa. Isto 
ocorre porque tem elementos subjetivos (agente imputável – quem tem 
capacidade de entender e de querer; dolo ou culpa) e normativo (exigibilidade 
de conduta diversa) – Frank 1907. Crítica a condutas dolosas que não causam a 
responsabilidade. Ex.: coação moral irresistível, obediência hierárquica. 
5) Teoria Finalista da Ação (Welzel): Crime é um fato típico, antijurídico e culpável. 
Os elementos não mudam, o que muda são os seus requisitos. Ocorreram quatro 
mudanças fundamentais na concepção de Welzel:
A) Dolo e culpa saem da culpabilidade e vão para tipicidade. Sem saber o 
dolo/intenção, não tem como identificar o tipo penal. Ex.: mulher colocada à 
força no caso;
B) Abandona o conceito de dolo jurídico, também chamado dolo 
normativo, adotando o conceito de dolo natural. 
Qual a diferença de dolo jurídico e natural?: o primeiro é previsto no 
causalismo e neokantismo significava consciência do fato mais consciência da 
ilicitude (que é proibido). Dolo natural é o dolo sem a consciência da ilicitude, 
sendo apenas a consciência do que se faz e querer o que se faz.
C) Culpabilidade é puramente normativa, ou seja, não tem requisitos 
subjetivos. Seus requisitos são três: imputabilidade potencial consciência da 
ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa.
OBS.: A imputabilidade antes era enfocada do ponto de vista da pessoa, dependia da 
cabeça da pessoa. A partir de Welzer quem valora a capacidade de entender e de 
querer é do juiz, sendo assim elemento normativo não subjetivo. O dolo está na cabeça 
28
DIREITO PENAL
Intensivo I
Prof. Rogério Sanches
_______________________________________________________________________________________________________2009
do réu e a culpabilidade esta na cabeça do juiz, visto que é ele quem valora, logo 
normativo.
D) A antijuridicidade é pessoal (contradição do fato com a norma, mas 
contradição relacionada com um determinado autor, tendo em vista seu 
afastamento dos valores tutelados). (equivoca-se quando mistura ética com 
direito).
Como pode se exigir consciência da ilicitude de um leigo? R.: Devemos exigir a 
consciência leiga, ou seja, popular, trabalhamos com a esfera do profano, visto que ele 
sabe o que é proibido e o que é permitido, tendo em vista a consciência popular.
Dentro do finalismo há duas correntes divergentes:
I- Teoria Social da Ação (Wessels): seguiu o finalismo, porém para eles ação é todo 
comportamento humano socialmente relevante. Crítica: o conceito socialmente 
relevante é muito vago, por isso essa doutrina não prosperou. É uma variante do 
finalismo que não prosperou. 
II- Finalismo dissidente Brasileiro (Dotti, Mestiere, Mirabete, Demanto, 
Damázio, Capez – década de 70): o crime só tem dois requisitos, quais sejam, fato 
típico e antijurídico. Culpabilidade não faz parte do crime, mas pressuposto para 
aplicação da pena. Assim, no Brasil criou-se uma divergência, no concurso analisar a

Outros materiais