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Objetivos de ensino, blocos temáticos, orientações didáticas e avaliação em Geografia – Contribuições dos PCN Confrontar as expectativas de aprendizagem propostas para os alunos do ensino fundamental I com os recursos necessários e possibilidades de concretizá-las. Nas duas aulas anteriores, discutimos bastante a respeito do que se pretende que os alunos aprendam, em Geografia, na fase do Fundamental I. Esses objetivos representam o que, nacionalmente, se espera em termos de aprendizagem. Compreendê-los é a nossa tarefa inicial, para colocá-los como norteadores da prática docente. Agora, cabe-nos analisar como fazer isso. Ou seja, quais temas são necessários e pertinentes? Que estratégias utilizar? Como realizar uma avaliação que possibilite ajustes em prol dos resultados esperados? A relação entre temas e estratégias cognitivas expressa nas aprendizagens que se deseja construir Já tivemos a oportunidade de analisar os objetivos propostos para o ensino fundamental I, no que diz respeito à geografia. Em qualquer objetivo de ensino, dois elementos são fundamentais, para que possamos compreendê-lo. O primeiro aponta para a qualidade da aprendizagem, ou seja, indica como se dá a apropriação do conhecimento, ou ainda, que estratégias cognitivas são necessárias para apreendê-lo. Quem expressa isso é o verbo que inicia o objetivo, sempre escrito no modo infinitivo. O segundo elemento, o que expressa o complementando do verbo, indica a temática a que se refere, ou os conteúdos ou informações necessárias para a referida aprendizagem ou à construção desse conhecimento. Assim, um objetivo de ensino sempre indica um conteúdo a ser aprendido e um nível de aprofundamento ou qualidade do que será aprendido. Nisso reside a importância dos objetivos. A partir deles percebemos quais os saberes com os quais devemos nos comprometer, temos as pistas para selecionar e delimitar os conteúdos e, talvez o mais importante, temos base para selecionar os procedimentos didáticos sem os quais, as operações mentais necessárias à concretização da aprendizagem deixam de ser realizadas, pelo aluno, no nível que se pretende. Reafirmamos, assim, que, no planejamento feito pelo professor, os objetivos são o ponto de partida, mas também, são o fio condutor e o resultado. Deles, e coerentes com eles, emanam a relação de conteúdos, a relação de atividades e recursos e, também a forma como se avaliam as aprendizagens, quer como processos, quer como resultados. Também nas aulas anteriores, alguns temas foram apresentados, vimos grandes blocos como paisagem local, a natureza, a conservação do ambiente, paisagens urbanas e rurais, entre outros apontados pelos parâmetros e vimos os grandes blocos apresentados pela secretaria municipal de São Paulo, como lugar onde vivemos, modos de viver, o que compartilhamos, quem somos, entre outros. Agora, começa o trabalho do professor que precisa, com base nestes grandes temas, planejar o seu trabalho, primeiro identificando e listando os objetivos ou aprendizagens que precisa mediar, não se esquecendo de relacioná-los aos nacionais e locais; segundo, em absoluta consonância com esses objetivos, já direcionados para a sua turma, isto é, especificados e apropriados para a sua realidade, indicar de forma estruturada a sequência das informações que são necessárias à aprendizagem; terceiro, identificar estratégias compatíveis e recursos disponíveis para permitir que a aprendizagem se concretize no nível requerido pelos objetivos nacionais, locais e particulares. Dois lembretes se fazem agora necessários. Quando se fala em conteúdos e, no nosso caso, conteúdos de geografia, estamos falando, segundo Zabala (1998), em conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e atitudinais, todos necessários, em perfeita integração, para atingir objetivos de diferentes níveis. Os níveis dizem respeito ao processo mental utilizado pelo aluno em referência à aprendizagem que precisa construir. Bloom, Hastings e Madaus (1983) apresentam uma classificação de objetivos com os seguintes níveis: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Para nossa discussão, no momento, priorizamos os três primeiros níveis, entendendo o primeiro como o nível de memorização de fatos, informações e conceitos, tornando-se capaz de repetir o que aprendeu. O segundo em que o aluno ultrapassa o uso da memória e estabelece conexões entre fatos, informações e conceitos tornando-se o aluno capaz de comparar, extrapolar, deduzir, concluir. O terceiro em que o aluno é capaz de utilizar o que sabe, em diferentes situações, produzindo autonomamente e criativamente, propondo soluções e resolvendo problemas. Analisando os objetivos propostos anteriormente, podemos verificar que todos eles apontam para níveis de qualidade acima da memorização e da repetição. Esse também é um compromisso que precisamos assumir. Com relação às orientações didáticas, os parâmetros enfatizam que a aprendizagem se faça mediante "situações que problematizem os diferentes espaços geográficos […] e promovam o domínio de procedimentos que permitam aos alunos ler a paisagem local e outras paisagens presentes em outros tempos e espaços". (BRASIL/MEC/SEF. PCN história e geografia, 2000, p.153). As indicações acima constituem ações didáticas que permitem o alcance de aprendizagens em níveis que saem da memorização para outros que darão autonomia ao aluno no seu processo construtivo. Os parâmetros sugerem que "[…] o professor pode planejar essas situações considerando a própria leitura da paisagem, a observação e a descrição, a explicação e a interação, a territorialidade e a extensão, a análise e o trabalho com a representação do espaço." (BRASIL/MEC/SEF. PCN história e geografia, 2000, p.153). A avaliação na e da aprendizagem de geografia no ensino fundamental I – O ponto de vista dos PCN A avaliação escolar tem em vista constatar se as aprendizagens previstas tornaram-se realidade. Daí vê-se que são os objetivos que orientam e parametrizam o processo de avaliação, havendo necessidade de acompanhar o processo e também testemunhar os resultados finais. Luckesi (2011, p.277) distingue dois tipos de avaliação: A avaliação na e da aprendizagem de geografia no ensino fundamental I – O ponto de vista dos PCN Assim, entendemos a avaliação de acompanhamento como uma avaliação de processo para detectar falhas na aprendizagem, visando corrigi-las enquanto a avaliação de produto constata os resultados da aprendizagem, ao final. Para o autor citado, os dois tipos são necessários: "a de acompanhamento, monitorando a construção do resultado almejado, e a de produto, a fim de testemunhar a qualidade final do que foi produzido." (LUCKESI, 2011, p.277) Voltando aos parâmetros e reafirmando que a avaliação incide nas aprendizagens retratadas nos objetivos elencados nos nossos planos de ensino, são apresentados alguns critérios que traduzem essa ideia. (BRASIL/MEC/SEF. PCN História e Geografia, 2000, p. 136-137 e 150-151) Relacionar manifestações da sociedade e natureza presentes na vida cotidiana e na paisagem local.l Comparar as características da paisagem local com outras paisagens.l Representar o espaço por meio de mapas.l Comparar os elementos sociais e naturais que compõem paisagens urbanas e rurais brasileiras.l Identificar semelhanças e diferenças entre os modos de vida das cidades e do campo.l Analisar o papel das tecnologias, da informação, da comunicação e dos transportes na configuraçãol de paisagens urbanas e rurais e na estruturação da vida em sociedade. Utilizar procedimentos convencionais da linguagem cartográfica.l Representar paisagens urbanas e rurais.l Esses são exemplos de aprendizagens que, se forem constatadas no processo avaliativo, constituem indicadores para a confirmação da qualidade alcançada. Finalizando Tratamos hoje da relação entre os objetivos que traduzem as aprendizagens que desejamos realizar e a seleção de conteúdos, estratégias e modos de avaliação, entendendo que eles constituem o eixo integrador de todo o processo de ensino e de estudo. Reveja o texto, procure tirar as dúvidas com o seu professor-tutor. Complemente a leitura com a bibliografia indicada. Referências BLOOM, B.S; HASTINGS, J, T.; MADAUS, G. F. Manual de Avaliação formativa e somativa do aprendizado escolar. São Paulo: Pioneira, 1983. BRASIL/MEC/SEF. Parâmetros Curriculares Nacionais: história e geografia. Secretaria de Educação Fundamental. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011. VESENTINI, J. W. Educação e ensino da geografia: instrumentos de dominação e/ou libertação. In CARLOS, A. F. A. (Org.) A geografia na sala de aula. 9. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2012. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
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