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Introdução O gênero Sarcocystis pertence ao Filo Protozoa e a Família Sarcocystiae. São coccídeos obrigatórios e/ou facultativos e possuem duas espécies que parasitam o homem: S. hominis e S. suihominis e numerosas outras espécies que ocorrem em animais silvestres e domésticos. É um protozoário com dois hospedeiros (carnívoros como hospedeiro definitivo e herbívoros como hospedeiro intermediário) e se multiplica por reprodução assexuada no hospedeiro intermediário. A sarcocitose na maioria dos casos pode causar doenças debilitantes em animais, mas no homem as infecções são aparentemente subclínicas e autolimitantes. A doença é mais comum na Europa, sendo que no Brasil sua prevalência é de 1%. As formas morfológicas dependem da fase evolutiva podendo ser merontes, sarcocistos, bradizoítos ou oocistos. Figuras 1 e 2: Merontes, bradizoitos e Sarcocystis sp em músculo de peru.(Heydorn;Rommel,1972) Patogenia As espécies de sarcocystis do homem (S. hominis) e do gato (S. hirsuta) são pouco patogênicas para os bovinos, praticamente não causando sinais clínicos, enquanto o S. cruzi , cujo hospedeiro definitivo é o cão, provoca sinais clínicos e doenças severas em bovinos. A sarcositose é uma doença grave para os hospedeiros intermediários em todo o mundo e sua maior importância está relacionada aos mesmos, pois nesses, ocorre a dispersão do parasita por todo sistema sanguíneo. Na maioria das espécies ele é responsável por uma doença debilitante que pode causar a morte do animal. Hospedeiro intermediário: se instala na parede das artérias e capilares viscerais, causando lesões vasculares. Merontes Merozoitas Cistos no tecido Hospedeiro definitivo: oocisto dois esporocistos quatro esporozoítos Figura 4: Cistos no tecido Patologia A maioria das lesões são similares tanto em bovinos adultos como em bezerros. À necropsia observa-se emaciação, aumento generalizados dos linfonodos, petéquias por todo o subcutâneo, serosas da cavidade torácica e abdominal, hemorragia subpleural e subpericárdica e bem pronunciada na musculatura intercostal, aumento de fluído avermelhado nas cavidades pericárdica, torácica e abdominal. Microscopicamente observa-se anormalidades em linfonodos, músculo esquelético, cardíaco, pulmão, fígado, rins e cérebro. Associadas as lesões observam-se fases merogônicas ou mesmo das lesões causadas por estas na íntima dos vasos sangüíneos. Degeneração das fibras musculares são observadas na musculatura esquelética variando de intensidade de um local para outro onde se observa edema, hemorragia e infiltração de células mononucleares. Prevenção Prevenir a infecção do predador, evitando que este ingira carne crua do hospedeiro intermediário; não deixar carcaças de animais abatidos no campo, evitando que sejam consumidas pelos cães; uso de privadas ou fossas para evitar contaminação do meio ambiente por fezes humanas e consequente infecção dos hospedeiros intermediários e esclarecer aos habitantes rurais sobre esta doença. Se possível alimentos secos ou enlatados devem ser dados a cães e gatos e suas fezes devem ser removidas das instalações onde vivem animais de produção, depósitos de grãos e alimentos devem ser mantidos cobertos para que não sejam contaminados com esporocistos oriundos das fezes de carnívoros. Ciclo biológico Figura 3: Ciclo biológico de Sarcocystis hominis e S. suihominis. (Neves et al, 11 ed.). Sinais clínicos Os sinais clínicos variam de acordo com o grau de infecção, na fase aguda pode-se observar: febre, anorexia, dispnéia, prostração intensa levando ao decúbito, salivação, palidez das mucosas, corrimento nasal e ocular e opistótono, que caso não tratados os próximos desfechos são: rápido emagrecimento, prostração, alopecia e até mesmo morte (em humanos), em animais, observa-se a queda da produção leiteira, retenção de placenta, casos de abortos, nascimentos de animais fracos , trazendo diversos prejuízos. Figuras 5 e 6: Opistótono Epidemiologia A distribuição da sarcocistose é cosmopolita, mas a prevalência das espécies que ocorrem no homem não é bem conhecida. A prevalência entre hospedeiros intermediários (bovinos e suínos) pode chegar a 60% em algumas áreas. Em áreas onde há histórico de aborto entre os animais de produção, deve sempre observar se há sinais da fase aguda compatíveis com a sarcocistose entre as fêmeas. Os fatores de risco podem estar relacionados à presença de carnívoros na proximidade das instalações dos animais, principalmente tratando-se do cão por se HD das espécies mais patogênicas para animais de produção. Não se pode descartar a presença de outros carnívoros silvestres, como o cachorro do mato, do cão e do gato que podem ser responsáveis pela eliminação e dispersão dos esporocistos em diferentes sistemas de produção existentes no Brasil. A prevalência da sarcocistose intestinal no homem varia com os hábitos alimentares da população, onde a doença é mais comum na Europa com índices de 2% na França, 1,6% a 7,3% na Alemanha, 10,4% na Polônia e no Brasil menos de 1%, mas em um estudo realizado em São Paulo, esta prevalência atingiu 3,7% em 10.475 amostras de fezes humanas examinadas. Considerações finais Ainda não foram amplamente estudados os efeitos da Sarcocystes no homem devida a sua pouca relevância. Os estudos representativos foram/são desenvolvidos na veterinária onde o controle da doença se faz necessário para reduzir as perdas financeiras e aumentar a produtividade do rebanho. Como não existe um tratamento eficaz para esta doença, devem ser adotadas medidas preventivas (profilaxia) e de controle. Referências bibliográficas • ALMEIDA, Elan Cardozo Paes de. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS LESÕES EM LINFONODOS MESENTÉRICOS E INTESTINOS EM CÃES INFECTADOS NATURALMENTE POR ESPÉCIES DE Sarcocystis: (Apicomplexa:Sarcocystidae). 2007. 73 f. Tese (Doutorado) - Curso de Patologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2007. Disponível em: <http://www.bdtd.ndc.uff.br/tde_arquivos/20/TDE-2007-11-08T131514Z- 1077/Publico/Tese-Elan.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2016. • NEVES, David Pereira et al. Parasitologia Humana. 11. ed. [s.n]: Ateneu, 498 p. • DUBEY, J. P. et al. Sarcocystosis of Animals and Humans. 2. ed. [s.n]: Crc Press, 2016. 380 p. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA GESTÃO EM SAÚDE AMBIENTAL PARASITOLOGIA Sarcocystis spp. Clara Pereira Santana Hiago Alessandro Soares Nunes Luiz Fernando Alves de Oliveira Priscila do Nascimento Messias
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