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Parasitologia Médica M4 – 2011.2 Mariana Tanaka Por Mariana Tanaka P ág in a 1 Qualquer pessoa chamará de “parasita” a um individuo que viva a custa de outro, ou da sociedade a que pertencem. Muitos pensam a mesma coisa dos microrganismos e animais parasitos, mesmo quando não se lhes possa atribuir responsabilidade consciente e moral por esse tipo de comportamento. De fato os parasitos dependem de outros seres vivos, eventualmente dos seres humanos, que se tornaram seus hospedeiros, involuntariamente. O parasitismo representa a forma de associação mais estreita e profunda, pois estabelece entre os indivíduos de duas espécies diferentes um contato intimo e duradouro, em nível histológico. Na maioria dos casos, o hospedeiro passa a constituir o meio ecológico onde vive o parasito. Além disso, criam-se entre eles laços de dependência metabólica, ficando o metabolismo do parasito vinculado ao de seu hospedeiro. O parasito nesse caso retira do animal parasitado, todos ou grande parte dos materiais de que necessita. Os parasitos externos – ectoparasitos – podem obter o oxigênio diretamente do meio exterior, enquanto que os internos – endoparasitos – dependem totalmente de seus hospedeiros como fonte nutritiva. O parasitismo é então uma relação ecológica, desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se observa, além de associação íntima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variável, e pode ser uma condição temporária ou permanente. Há parasitos que necessitam de um só hospedeiro para completar seu ciclo vital. Ao passar de um hospedeiro a outro, repetem sempre exatamente a mesma ordem de eventos fisiológicos. Esse tipo de ciclo é chamado de monoxeno. No ciclo heteroxeno o parasito só completa seu desenvolvimento passando sucessivamente e sempre na mesma ordem por dois ou mais hospedeiros. Os primeiros hospedeiros, onde crescem e se diferenciam as fases larvárias do parasito são considerados hospedeiros intermediários (vetores), enquanto os últimos, onde se desenvolvem e vivem as formas adultas do parasito, são chamados de hospedeiros definitivos. Principais Grupos de Protozoários e Metazoários em que há Parasitos do Homem ou seus Vetores: Protozoários (Reino Protista, sub-reino Protozoa): Os flagelados (subfilo mastigophora), as amebas (subfilo sarcodina), os esporozoários (filo apicomplexa), os ciliados (filo ciliophora) Metazoários (Reino Animalia, sub-reino Metazoa): Os helmintos chatos (filo plathelminthes), os helmintos redondos (filo nemathelmintes), os artrópodes (filo arthropoda, classe insecta), os carrapatos e ácaros (classe arachnida, subclasse acari) e moluscos (filo molusca) REINO ANIMALIA (SUB-REINO METAZOA) - Metazoários FILO ASCHELMINTES – Os Helmintos Redondos Os representantes desse filo caracterizam-se pelo corpo cilíndrico, não-segmentado e com simetria bilateral, revestido por uma cutícula formada por escleroproteínas. Cavidade geral constituída por um pseudoceloma. Sistema digestório completo, com esôfago altamente diferenciado. Sistema respiratório e circulatório ausentes. Sexos são separados. Inclui a classe Nematoda FILO PLATYHELMINTES – Os Platelmintos Os representantes desse filo caracterizam-se pela ausência do exo ou endoesqueleto; são achatados dorsoventralmente, sem ânus, sem aparelho respiratório, sem aparelho circulatório. Com simetria bilateral. Podem ser de vida livre, exo ou endoparasitos. Inclui as classes Cestoda e Trematoda REINO PROTISTA (SUB-REINO PROTOZOA) - Protozoários Relembrando: Reino – Filo – Classe – Ordem – Família – Gênero - Espécie Por Mariana Tanaka P ág in a 2 TRICURÍASE Classe: Nematoda Gênero: Trichuris Família: Trichuridae Espécie: Trichuris trichiura São vermes de tamanho pequeno ou médio, cujo corpo é filiforme (forma linear e alongada) em sua porção anterior e fusiforme posteriormente (alongado e com “extremidades mais estreitas que o centro”). Os órgãos bucais são rudimentares. O homem é habitualmente infectado por Trichuris trichiura. A doença é dita tricuríase, tricurose ou tricocefalose. Na grande maioria dos casos, o parasitismo é silencioso, porém os pacientes, que em vista de suas condições físicas ou até mesmo condições gerais de vida, acabam por contrair um número muito elevado de vermes e então passam a sofrer de perturbações intestinais que podem ser tão graves e levar à morte. VERMES ADULTOS Medem de 3 a 5 cm de comprimento, sendo os machos um pouco menores que as fêmeas. A parte delgada anterior é bem mais longa que a posterior, dando a eles um aspecto de chicote. Na extremidade anterior do segmento delgado está a boca, provida de um estilete e ao longo de toda a extensão desse segmento, o espaço permanece ocupado pelo esôfago (esticossomo), bastante longo e delgado que continua depois com o intestino. A parte mais posterior contém o intestino, o reto (cloaca) e os órgãos reprodutores. As fêmeas têm os órgãos sexuais femininos singelos, há apenas um ovário, seguido de um oviduto, útero e vagina. O macho é menor, possui testículo único, seguido por canal deferente, canal ejaculador que termina com um espículo (ponta), que é único, longo e cercado por uma bainha que o envolve, a bainha do espículo. A superfície externa dessa bainha é revestida por minúsculos espinhos. Os vermes adultos vivem no cécum, no apêndice ou nas últimas porções do íleo, sempre com a porção anterior mergulhada na mucosa, de onde retiram seu alimento. A parte posterior do macho é bem mais enrolada que a fêmea. OVOS O tamanho dos ovos varia entre 50 e 55 μm de comprimento por 22 ou 23 μm de largura. Apresentam um aspecto elíptico característico, pois têm forma de um barril alongado, com os poros salientes e transparentes em ambas as extremidades, preenchidos por um material lipídico. A casca do T. trichiura é formada por três visíveis camadas: a externa, mas espessa e de cor castanha, lipídica. As duas camadas internas são mais claras e de aspecto hialino. A intermediária é quitinosa e a interna tem membrana vitelina e núcleo não dividido. HABITAT Os adultos de T. trichiura são parasitos de intestino grosso de humanos, e em infecções leves a moderadas, estes vermes habitam freqüentemente o ceco e o cólon ascendente de hospedeiros. Nas infecções mais graves, eles habitam também o cólon distal, o reto e a porção distal do íleo. Toda a região esofagiana do parasito penetra na camada epitelial da mucosa intestinal de seu hospedeiro, onde se alimenta principalmente de resto de enterócitos lisados pela ação de enzimas proteolíticas secretadas pelas glândulas esofagianas do parasito (esticócitos). CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO É do tipo monoxeno; fêmeas e machos que habitam o intestino grosso se reproduzem sexuadamente e os ovos são eliminados para o meio externo através das fezes. A sobrevivência dos vermes no homem é estimada de três a quatro anos. Por Mariana Tanaka P ág in a 3 A fêmea fecundada elimina de 3.000 a 20.000 ovos por dia. Enquanto no intestino do hospedeiro, os ovos permanecem sem embrionar. Mas no meio externo começa a segmentação da célula ovo, que leva à formação da larva ao fim de duas a três semanas. A larva não abandona a casca, nem sofre ecdises (mudança do exoesqueleto), porém o ovo embrionado passa a ser infectante para o homem, ou seja, o embrião contido no ovo recém eliminado se desenvolve no ambiente para se tornar infectante. Os ovos infectantes podem contaminar alimentos sólidos e líquidos, podendo assim, ser ingeridospelo homem. Quando ingeridos, eles eclodem na luz do intestino e as larvas depois de saírem por um dos poros do ovo, penetram nas criptas glandulares do cécum, próximas do intestino delgado, onde permanecem dois dias. A penetração do Trichuris trichiura ocorre principalmente no intestino grosso. Completado seu desenvolvimento, os vermes adultos fixam-se à mucosa, onde mantêm mergulhada a extremidade anterior e decorridos 70 a 90 dias, depois da ingestão do material infectante, completa-se o ciclo biológico com o aparecimento de ovos nas fezes do hospedeiro. PATOGENIA O número de espécimes de T. trichiura que vive no intestino grosso dos humanos varia muito, mas está compreendida entre 2 e 10 helmintos. A grande maioria dos indivíduos parasitados é de portadores assintomáticos. A gravidade da tricuríase depende da carga parasitária, mas também tem importante influencia fatores como a idade do hospedeiro, estado nutricional e distribuição dos vermes adultos no intestino. As lesões traumáticas que os parasitos causam à mucosa são mínimas, e mesmo nas infecções pesadas não se observam fenômenos inflamatórios importantes. Em geral, observa-se uma correlação positiva entre intensidade da infecção e gravidade da sintomatologia, portanto, a maioria dos pacientes com infecções leves é assintomática ou apresenta sintomatologia intestinal discreta, enquanto pacientes com infecções moderadas apresentam grau variado de sintomas. O quadro clínico pode ser discreto e indefinido, com nervosismo, insônia, perda de apetite e eosinofilia sangüínea. Pode ser caracterizados por diarréia, dor abdominal, tenesmo e perda de peso. DIAGNÓSTICO O quadro clínico associado à tricuríase não é específico, portanto deve ser confirmado com diagnóstico laboratorial. O diagnóstico pode ser por pesquisa de seus ovos nas fezes. A morfologia dos ovos é inconfundível. Quando quiser calcular o número de helmintos adultos existentes, emprega-se a técnica de contagem de Stoll ou a de Kato-Katz. Leve: Menos de 5.000 ovos por grama de fezes; Média: Entre 5.000 e 10.000 ovos/grama; Pesada: Acima de 10.000 ovos/grama. TRATAMENTO O tratamento pode ser através de Albendazol e Mebendazol. EPIDEMIOLOGIA Quase sempre a prevalência de T. Trichiura segue paralelamente à de Ascaris Lumbricoides, devido ao semelhante modo de transmissão. Prevalência maior em lugares de clima quente e úmido, onde falte saneamento básico. O homem é a única fonte de infecção para esta helmintíase, que se transmite através do solo (geo-helmintíase), das mãos sujas, dos alimentos contaminados e da poeira. PROFILAXIA Tratamento dos infectados e tratamento em massa dos habitantes de áreas endêmicas Educação em saúde Saneamento Básico Higiene Pessoal Por Mariana Tanaka P ág in a 4 ASCARIDÍASE Classe: Nematoda Gênero: Ascaris Família: Ascaridae Espécie: Ascaris lumbricoides Ascaríase é uma parasitose geralmente benigna desenvolvida no homem por um grande nematóide, Ascaris lumbricoides. Outros nomes para designar a doença: ascaridíase, ascaridose e ascaridiose. Os áscaries são conhecidos popularmente por lombrigas ou bichas. O A. lumbricoides é encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com freqüência variável em virtude das condições climáticas. É a mais freqüente das helmintíases humanas. As crianças são as mais atingidas. VERMES ADULTOS Os áscaries são vermes longos, cilíndricos e com extremidades afiladas, sobretudo na região anterior. Os machos medem cerca de 20 a 30 cm de comprimento e apresentam cor leitosa. A boca está localizada anteriormente e é contornada por três fortes lábios com serrilha de dentículos, sendo um dorsal e dois látero- ventrais, providos de papilas sensoriais é seguida pelo esôfago é musculoso, cilíndrico e tem a luz trirradiada quando vista em corte transversal. Ele continua com o intestino e o reto, envolvido por músculos depressores, comunica-se com o exterior por um ânus em forma de fenda transversal. Há apenas um testículo, também de tipo tubular, longo e enovelado, seguido de um canal deferente e por fim um canal ejaculador retilíneo, abrindo-se na cloaca. Como anexos dos genitais masculinos, encontram-se dois espículos grossos, curvos e iguais, que funcionam como órgãos acessórios da copula. Sua extremidade posterior é fortemente encurvada para a parte ventral, e isso é um forte sinal de diferenciação entre o macho e a fêmea. As fêmeas medem cerca de 30 a 40 cm e são maiores e mais grossas que os machos, tendo a parte posterior retilínea ou ligeiramente encurvada. A cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes ao do macho. Apresentam dois ovários enovelados que continuam como ovidutos, diferenciando em úteros que vão se unir em uma única vagina, que se exterioriza pela vulva. OVOS Originalmente são brancos, mas adquirem cor castanha devido ao contato com as fezes. São grandes, com cerca de 50 μm de diâmetro, ovais e com capsula espessa, em razão da membrana externa mamilonada, formada por mucopolissacarídeos. A essa membrana, segue-se uma membrana média constituída de quitina e proteína e uma mais interna, delgada e impermeável a água. Internamente, os ovos apresentam uma massa de células germinativas. Freqüentemente, podemos encontrar nas fezes, ovos inférteis. São mais alongados, possuem membrana mamilonada mais delgada e o citoplasma granuloso. Algumas vezes, os ovos férteis também podem aparecer sem a membrana mamilonada. Uma fêmea de Ascaris põe 200 mil ovos por dia, que podem ser: Férteis com casca (apresentam três membranas: externa mamilonada, média, formada por quitina e interna, lipídica), férteis sem casca (não apresenta a membrana mamilonada e pode ser confundido com ovos de ancilostomídeos, para diferenciar, observe que os ovos de Ascaris têm uma membrana dupla) e inférteis (ovo mais alongado, apresentando vários pontos de granulação no seu interior, mas sem apresentar larvas). HABITAT Em infecções moderadas, os vermes são encontrados no intestino delgado, principalmente no jejuno e no íleo, mas, em infecções intensas, estes podem ocupar toda a extensão do intestino delgado. Podem ficar presos a mucosa, com auxilio dos lábios ou migrarem para a luz intestinal. Poucos são vistos no duodeno ou no estômago. Possuem um ciclo pulmonar, assim como os demais nematelmintos estrongilóide e ancilostomídeo. Das três parasitoses com ciclo pulmonar, a ascaridíase é responsável por uma maior expressão das manifestações no aparelho respiratório. Por Mariana Tanaka P ág in a 5 CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO A primeira larva (L1) forma dentro do ovo e é do tipo rabditóide (esôfago com duas dilatações uma em cada extremidade e uma constrição no meio). Após uma semana, ainda dentro do ovo, essa larva sofre uma muda, virando L2 e após uma nova muda, transforma-se em L3 infectante, do tipo filarióide (esôfago retilíneo). Essas formas permanecem no solo, podendo ser ingeridas por hospedeiros. Após a ingestão, os ovos contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem no intestino delgado. Eles se mantêm em atividade contínua, movendo-se contra a corrente peristáltica. Não é raro que um paciente elimine vermes pela boca ou pelo nariz, quando há infecções maciças ou quando os vermes são irritados por alimentos ou drogas. As larvas, uma vez liberadas atravessam a parede intestinal, na altura do ceco, caem nos vasos linfáticos e veias e invadem o fígado, entre 18 e 24 da infecção. Em dois a três dias chegam ao coração direito e quatro a cinco dias depois são encontradas no pulmão (ciclo de LOSS). Cerca de oitodias de infecção, as larvas sofrem L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos, onde mudam pra L5. Chegam até a faringe, através da arvore brônquica e traquéia e podem ser expelidas com expectoração ou deglutidas, atravessando o estomago e se fixando no intestino delgado. Transformam-se em adultos jovens 20 a 30 dias após infecção. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual, fazem copula, ovipostura e já são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. A fêmea deve ser fecundada, repetidas vezes pelo macho e os espermatozóides, desprovidos de flagelos, acumulam-se nos úteros ou começo dos ovidutos, onde os ovos são fertilizados à medida que por aí passem. Quando postos pelo helminto, esse s ovos férteis contêm a célula germinativa não segmentada, com o citoplasma finamente granuloso, envolvidos por uma casca grossa. As fêmeas não fecundadas podem eliminar ovos inférteis. Eles são mais alongados e têm a casca mais delgada, com a camada albuminosa muito reduzida, irregular ou ausente. O citoplasma é granuloso e de aspecto grosseiro. Esses ovos aparecem nas fezes quando fêmeas jovens e ainda não fecundadas começam a ovipor, ou quando a proporção fêmeas-macho é muito grande, ou quando a infecção é só por fêmeas. Não há mecanismo de auto-infecção na ascaridíase, portanto o número de ovos ingeridos determina o número de vermes parasitando o individuo. A transmissão ocorre através da ingestão de água ou de alimentos contaminados pelos ovos contendo a L3. Poeira, aves e insetos são capazes de veicular mecanicamente ovos de Ascaris. Esses ovos não são removidos com facilidade por lavagens. PATOGENIA Larva: Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração. Em infecções maciças encontramos lesões hepáticas e pulmonares. No fígado, ocorrendo uma lesão maciça, aparecerão pequenos focos hemorrágicos e de necrose, bem como reação inflamatória e em alguns casos, aumento do volume do fígado. Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. Ocorre um quadro denominado Síndrome de Loeffler, na qual, há febre, tosse e eosinofilia sangüínea elevada, que persiste por muitos dias; Vermes Adultos: Em infecções de baixa intensidade, três a quatro vermes, o hospedeiro não apresenta manifestação clinica. Já nas infecções médias ou maciças podemos encontrar alterações como: subnutrição (os vermes consomem grande quantidade de proteínas, lipídios e carboidratos); edema (reação entre antígenos parasitários e anticorpos do hospedeiro); obstrução (vermes causam irritação das paredes e podem enovelar-se na luz intestinal) Na luz do intestino delgado, as Ascaris podem permanecer sem molestar seu hospedeiro, só sendo descobertos, ocasionalmente quando um deles é expulso com as fezes ou quando se faz um exame coproscópico. As manifestações mais freqüentes são: desconforto abdominal, que se manifestam através cólicas intermitentes, dor epigástrica e má digestão; náuseas; perda de apetite e emagrecimento; sensação de coceira no nariz; irritabilidade; sono tranqüilo e ranger de dentes à noite. Por Mariana Tanaka P ág in a 6 DIAGNÓSTICO Usualmente a ascaridíase é pouco sintomática e, portanto difícil de ser diagnosticada clinicamente. O diagnostico laboratorial é feito pela pesquisa de ovos nas fezes. Como as fêmeas eliminam diariamente milhares de ovos, não há necessidade de exames de rotina, metodologia especifica ou métodos de enriquecimento, bastando a técnica de sedimentação espontânea. O método de Kato-Katz permite a quantificação dos ovos e conseqüentemente estima o grau de parasitismo dos portadores. Leve infecção com menos de cinco vermes (ou menos de 5.000 ovos por grama de fezes); regular, entre cinco e 10 vermes (5.000 a 10.000 vermes por grama) e pesada com mais de 10. Muitas vezes, é a eliminação espontânea de algum espécime, pelo anus ou pela boca, que esclarece o caso. O diagnostico pode ser feito pelo encontro de ovos nas evacuações do paciente. TRATAMENTO O tratamento pode ser com Albendazol, Mebendazol, Pirantel, Levamisol e Piperazina. EPIDEMIOLOGIA É amplamente distribuída pelas regiões tropicais e temperadas do mundo e incide mais intensamente nos lugares com clima quente e úmido, bem como onde as condições higiênicas da população são mais precárias. ESTRONGILOIDÍASE Classe: Nematoda Gênero: Strongyloides Família: Strongyloididae Espécie: Strongyloides stercoralis Os Rhabdiasoidea são pequenos nematóides que vivem em geral no solo ou na água, como seres de vida livre. O homem é infectado por Strongyloides stercoralis, que possui em seu ciclo vital machos e fêmeas capazes de viver no solo, mas outra parte do ciclo é obrigatoriamente parasitária e tem por habitat a parede intestinal. A doença pode ser chamada de estrongiloidíase, estrongiloidose ou anguilulose. O S. stercoralis apresenta distribuição mundial, especialmente em regiões tropicais, a maioria infectando mamíferos, entre eles cães, gatos e macacos. Ao contrário de outros parasitas, estes podem viver no solo, de forma livre. VERMES ADULTOS As fêmeas parasitas partenogenéticas possuem o corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Mede de 1,7 a 2,5 mm de comprimento por 0,03 a 0,04 mm de largura. Apresenta cutícula fina e transparente. Tem aparelho digestivo simples, com boca contendo três lábios, esôfago longo, tipo filarióide cilíndrico e possui um colar esofagiano. Seguido pelo intestino simples, terminando no ânus. O aparelho genital com útero em posição divergente apresenta ovários, oviduto e vulva. Elimina de 30 a 40 ovos por dia e é ovovípara (ovos permanecem dentro do corpo), pois elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado. A larva rabditóide, que é liberada no interior torna-se a forma evolutiva de fundamental importância no diagnostico. Elas produzem larvas que, saindo para o meio externo, dão machos e fêmeas de vida livre. Estas, por sua vez, põem ovos e originam nova geração de larvas. Os machos participam do processo reprodutivo apenas parcialmente, sendo necessária a copula e a penetração de espermatozóide, para que os oócitos das fêmeas de vida livre embrionem. A fêmea de vida livre mede de 1 a 1,5 mm de comprimento, com corpo fusiforme e com extremidade anterior arredondada, onde se abre a boca cercada de três pequenos lábios e a posterior, afilada. Seu aparelho genital é constituído de útero anfidelfo, contendo até 28 ovos, ovários, ovidutos e a vulva. O macho de vida livre é menor, medindo 0,7 mm de comprimento. Tem sua cauda recurvada ventralmente. Possui apenas um testículo, continuado pelo canal deferente e pelo canal ejaculador, que se abre na cloaca, onde termina também o tubo digestivo. A cópula é facilitada pela presença de dois pequenos espículos. Esses vermes vivem no solo ou no esterco, onde se alimentam de bactérias e de matéria orgânica. A fêmea Poe ovos de casca muito delgada medindo 70 x 40 mm. OVOS São elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos ancilostomídeos. Os originários das fêmeas parasitas medem 0,05 mm de comprimento por 0,03 mm de largura e os de fêmea de vida livre são maiores, medindo 0,07 mm de comprimento por 0,04 mm de largura. LARVAS A larva rabditóide possui um esôfago rabditóide. As originarias das fêmeas parasitas são praticamente indistinguíveis das originarias das fêmeas de vida livre. Possuem uma cutícula fina e hialina. Medem de 0,02 a 0,03 mm de comprimento por 0,015 mm de largura. O vestíbulo bucal é curto e o intestino termina em ânus afastado da extremidade posterior. Terminam em cauda pontiaguda. Elas podem evoluir paralarvas filarióides. Por Mariana Tanaka P ág in a 7 A larva filarióide tem um esôfago muito longo e cilíndrico, sem dilatação bulbar. Tem também cutícula fina e hialina. Medem cerca de 500 μm de comprimento e são bastante ativas. Sua porção anterior é ligeiramente afilada e a posterior afina-se gradualmente, terminando em duas pontas, conhecida como cauda entalhada, que é pontiaguda. Esta é a forma infectante do parasito (L3), capaz de penetrar na pele e nas mucosas. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO As larvas rabditóides eliminada nas fezes do indivíduo parasitado podem seguir dois ciclos: o direto (partenogenético) ou o indireto (sexuado, de vida livre). No ciclo direto as larvas rabditóides no solo ou sobre a pele da região perineal, após 24 a 72 horas se transformam em larvas filarióides infectantes. No ciclo indireto, as larvas rabditóides sofrem quatro transformações no solo e após 18 a 24 horas produzem fêmeas e machos de vida livre. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou na mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que atingem a circulação venosa e linfática e através destes vasos seguem para o coração e pulmões. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4 e atravessam a membrana alveolar e através da migração pela arvore brônquica, chegam a faringe. Podem ser expelidas ou deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas. Os ovos são depositados na mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. O tempo decorrido desde a penetração da larva filarióide na pele, até que ela se torne adulta e comece a eliminar ovos larvados e eclosão das larvas no intestino é de 15 a 25 dias. Quando adultas, as fêmeas são capazes de se multiplicarem com posturas de 40 ovos por dia, que se transformam em larvas. Elas podem ser eliminadas pelas fezes enquanto que algumas larvas não infectantes podem sofrer mutações em infectantes que invadem a parede gastro-intestinal e estabelece uma hiper infecção. A transmissão pode ocorrer: Larvas filarióides infectantes (L3) penetram através da pele ou por mucosas, principalmente da boca e do esôfago. Nas pessoas que não usam calcados a penetração pode ocorrer pela pele dos pés. Larvas rabditóides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarióides infectantes e aí penetram, completando o ciclo direto. Pode ocorrer em crianças, idoso ou pacientes internados que defecam na fralda ou na roupa. Também pode ocorrer em indivíduos que, por deficiência de higiene, deixam permanecer restos de fezes em pêlos perianais. Larvas rabditóides na luz intestinal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarióides que penetram na mucosa intestinal. Esse mecanismo (auto-infecção) pode cronificar a doença por vários meses ou anos. PATOGENIA Por Mariana Tanaka P ág in a 8 Pacientes portadores de pequeno número de parasitos no intestino geralmente são assintomáticos. Formas graves, às vezes fatais relacionam-se com fatores extrínsecos, principalmente pela carga parasitaria adquirida e com fatores intrínsecos (má alimentação, diarréia e vômitos que facilitam auto-infecção), alcoolismo, infecções parasitarias associadas,...). Os sintomas mais comuns dos pacientes parasitados são os quadros de pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, distensão abdominal... DIAGNÓSTICO Pode ser feito através da pesquisa nas fezes em liquido duodenal, liquido pleural, líquido cefalorraquidiano e exsudato pulmonar. Como métodos parasitológicos: Exame de fezes, pesquisa de larvas em secreções e outros líquidos orgânicos, endoscopia digestiva, etc. TRATAMENTO De difícil tratamento, porém usa-se Ivermectina, Albendazol, Tiabendazol. ENTEROBÍASE Classe: Trematoda Gênero: Enterobius Família: Oxyuridae Espécie: Enterobius vermicularis A enterobíase, enterobiose ou oxiurose é uma verminose intestinal causada pelo Enterobius vermicularis. Ela costuma ser benigna, mas incômoda, pois produz um intenso prurido anal e por suas complicações. O principal meio de transmissão é através da ingestão de ovos infectantes. É uma parasitose altamente contagiosa. VERMES ADULTOS O E. vermicularis apresenta nítido dimorfismo sexual, porém alguns caracteres são comuns aos dois sexos: cor branca, filiformes (delgados). Na extremidade anterior, notam-se expansões vesiculosas muito típicas, chamadas “asas cefálicas”. A boca é pequena, seguida por um esôfago claviforme, terminando em um bulbo cardíaco. A fêmea é maior que o macho e mede cerca de 1 cm de comprimento. Ela é fusiforme, sendo sua cauda particularmente afilada. A vulva abre-se na porção média anterior, a qual é seguida por uma curta vagina que se comunica com dois úteros. Cada ramo uterino se continua com o oviduto e ovário. O macho mede de 3 a 5 mm e tem a extremidade posterior enrolada ventralmente, com um espículo presente. Apresenta um único testículo e se difere da fêmea apenas pela sua porção posterior e tamanho. OVOS São muito característicos. Medem de 50 a 60 μm de comprimento por 20 a 30 μm de largura e se apresentam ligeiramente achatados de um lado, enquanto o outro é convexo, dando lhe um aspecto de “D”. Possui membrana dupla, lisa e transparente. Têm superfície pegajosa, que adere facilmente a qualquer suporte. No momento que sai da fêmea, já apresenta em seu interior uma larva, pois ela pode desenvolver-se até o segundo estádio em condições de anaerobiose. HABITAT O habitat dos vermes adultos é a região cecal do intestino grosso humano e suas imediações. Machos e fêmeas vivem aderidos à mucosa ou livres na cavidade, alimentando-se do conteúdo intestinal. As fêmeas fecundadas não ovipõem no intestino, mas acumulam de 5.000 a 16.000 ovos, de modo que seus úteros acabam por se transformar em um único saco. Elas abandonam o cécum e migram para o reto e o períneo do paciente. Com a oviposição, que se dá na região perianal, completa-se a vida do helminto adulto, que não tardará a morrer. Outras vezes, ao chegarem ao períneo, as fêmeas morrem, ficam ressecadas e se rompem, liberando então milhares de ovos cada uma. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO Por Mariana Tanaka P ág in a 9 É do tipo monoxênico; após a cópula, os machos são eliminados com as fezes e morrem. As fêmeas, repletas de ovos se desprendem do ceco e dirigem-se para o ânus. Ocorre então a oviposição na região perianal ou as fêmeas após morrerem, liberam os ovos. Os ovos eliminados, já embrionados, se tornam infectantes em poucas horas e são ingeridos pelo hospedeiro. No intestino delgado, as larvas rabditóides eclodem e sofrem duas mudas no trajeto intestinal até o ceco. Aí chegando, transforma-se em vermes adultos. Um a dois meses depois as fêmeas são encontradas na região perianal. Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se aí. A transmissão pode se dar de diferentes formas: a hetero-infecção e a auto-infecção. Pode ser por via aérea ou através de mãos sujas. Hetero- infecção: Quando os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem um novo hospedeiro. Indireta: Da região anal para a boca, através de mãos contaminadas de outra pessoa. Auto- infecção: É a reinfecção com ovos procedentes do mesmo indivíduo. Pode se realizar por via aérea ou quando os vermes da região perianal vão à boca. Retro infecção: As larvas eclodem na região perianal, penetram pelo ânus e migram pelo intestino grosso,chegando até o ceco, onde se transformam em vermes adultos. PATOGENIA Na maioria dos casos, o parasitismo passa despercebido pelo paciente. Este só nota que alberga o verme quando sente ligeiro prurido anal (mais freqüente a noite) ou quando vê o verme nas fezes. A ação patogênica no intestino é principalmente de natureza mecânica e irritativa. Pode provocar enterite catarral, o ceco pode estar inflamado e o apêndice também. A alteração mais intensa e freqüente é o prurido anal, causado pela presença do parasito na pele da região. A margem do ânus apresenta-se então avermelhada, congestionada e por vezes recoberta de muco que chega a ser sanguinolento. O prurido é intenso, levando o paciente a coçar-se e produzir escoriações na pele que abrem caminho a infecções bacterianas. Nas mulheres, acompanha-se por vezes de prurido vulvar. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico pode ser através do prurido anal noturno e continuado. Isso leva a uma suspeita de enterobiose. O diagnostico é fácil quando as pessoas que cuidam da higiene encontram vermes na roupa íntima ou de cama, ou no períneo de crianças. O diagnóstico laboratorial pode ser feito através da fita adesiva (transparente) ou método de Graham. O exame de fezes não funciona para essa verminose intestinal. O método da fita consiste em aplicar sobre a pele da região perianal (onde as fêmeas grávidas se encontram e fazem suas desovas) uma fita adesiva transparente. Os ovos, quando presentes, aderem à superfície gomada da fita. Depois de removida da pele a fita será colada sobre uma lâmina de microscopia e examinada no microscópio. Esse exame deve ser feito pela manhã. Assim que o paciente levantar e antes de banhar-se, pois a positividade diminui no decurso do dia, à medida que os ovos se desprendem da pele. EPIDEMIOLOGIA Tem alta prevalência nas crianças em idade escolar, com distribuição universal. É de transmissão eminentemente domestica ou de ambientes coletivos fechados. Os fatores responsáveis por essas situações são: Somente a espécie humana alberga; Os ovos em poucas horas se tornam infectantes; os ovos resistem até três semanas em ambientes domésticos. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 0 PROFILAXIA Banhos matinais diários, de preferência de chuveiro Lavagem cuidadosa das mãos, após a defecação, antes de comer e antes de preparar alimentos. Manter as unhas curtas ou usar escova para sua limpeza. Mudar freqüentemente as roupas íntimas, as roupas de cama Evitar superlotação de quartos e alojamentos. Educação Sanitária TRATAMENTO O tratamento pode ser pelo emprego de anti-helmínticos como: Albendazol, Mebendazol, Pamoato de Pirantel, Piperazina ou Pamoato de Pirvínio. ANCILOSTOMÍASE Classe: Nematoda Gênero: Ancylostoma e Necator Família: Ancylostomidae Espécie: Ancylostoma duodenale e Necator americanus A ancilostomose, conhecido também como amarelão, é uma doença causada por vermes nematódeos. O N. americanus é o mais freqüente dos ancilostomídeos humanos. Em ambos os casos, o homem constitui a única fonte de infecção para a ancilostomíase. Larvas de ancilostomídeos de animais e algumas outras larvas de nematóides que, tendo penetrado na pele humana não conseguem completar suas migrações normais e ficam abrindo tuneis entre a epiderme e a derme até morrer, produzem a Larva Migrans Cutânea. VERMES ADULTOS Os ancilostomídeos são pequenos vermes redondos, de cor branca, com cerca de 1 cm de comprimento, que apresentam duas estruturas muito características: a cápsula bucal (permite o helminto fixar-se a parede dos órgãos parasitados e abocanhar por aspiração fragmentos da mucosa) e a bolsa copuladora. O A. duodenale possui dois pares de de ntes quitinosos bem desenvol vidos, enquanto o N. american us apresenta estruturas semelhantes à lâminas. As fêmeas medem em torno de 1 cm de comprimento e tem o corpo cilíndrico, afinando-se nas extremidades, principalmente na posterior, que termina em ponta fina. Os machos são menores e se distinguem mesmo a olho nu, por terem a extremidade posterior expandida para formar a bolsa copuladora. O A. duodenale tem dimensões pouco maiores que o N. americanus e seu corpo é um tanto encurvado, lembrando o desenho da letra “C”. O N. americanus apresenta uma curvatura na região esofagiana, voltada dorsalmente, pelo que imita um “S” alongado. OVOS Os ovos das espécies são muito parecidos, ovóides ou elípticos, de casca fina e transparente. Entre a casca e a célula-ovo há sempre um espaço claro. No seu interior, encontramos células em divisão denominadas blastômeros. A larva fica formada depois de 18 horas e a eclosão dar-se em um ou dois dias, desde que encontre no meio externo, oxigênio, umidade e temperatura adequada. A oviposição de A. duodenale é da ordem de 20.000 a 30.000 ovos/dia enquanto a de N. americanus está em torno de 9.000 ovos/dia. LARVAS Por Mariana Tanaka P ág in a 1 1 Como no desenvolvimento de Strongyloides stercoralis, a larva (L1) que sai do ovo tem esôfago do tipo rabditóide (diferenciado em corpo, istmo e bulbo posterior). Esta larva se alimenta ativamente no solo, ingerindo principalmente bactérias e cresce de modo que no terceiro dia tem lugar a primeira muda (L2). A larva rabditóide de segundo estádio cresce mais e começa então a se modificar, passando seu esôfago a ter configuração filarióide (cilíndrico, muito alongado e sem bulbo), quando passa pela segunda muda ou ecdise (L3). A larva em L3 é infectante e apresenta uma bainha de revestimento (cutícula de L2 permanece envolvendo a larva filarióide, como se fosse uma bainha e isolando-a do meio externo). Essas larvas são de vida livre e se mostram muito ativas no solo, com mais agilidade. Em seu deslocamento, observa-se a influência de quatro tipos de tropismos: Geotropismo negativo: Tendência das larvas a se deslocarem para cima, em busca de posições sempre mais altas, até chegarem a acumularem-se como feixes de larvas no vértice dos grãos de terra, nas extremidades de galhos e de folhas ou de qualquer relevo que se levante do solo. Hidrotropismo: Busca pela umidade. Tigmotropismo: É despertado pelo contato e faz com que as larvas adiram à superfície de partículas sólidas se acaso estão nadando na água, ou seja, afinidade pela pele do hospedeiro por exemplo. Termotropismo: Explica a ativação e a orientação das larvas filarióides no sentido de penetração, quando em contato com a pele do hospedeiro. CICLO BIOLÓGICO Infecção por Necator americanus: Só se produz por penetração cutânea das formas infectantes, ou seja, das larvas filarióides embainhadas. Em contato com a pele humana, seja dos pés ou de outras áreas, as larvas penetram utilizando as lâminas do vestíbulo bucal e suas secreções contendo enzimas. A bainha das larvas é abandonada à superfície da pele. Alcançada a circulação cutânea, linfática ou sangüínea, elas são levadas ao coração e aos pulmões, aonde chegam em três a cinco dias ou mais. Dá-se então a passagem ativa dos parasitos do interior dos capilares pulmonares para a luz dos alvéolos pulmonares. No pulmão tem lugar a terceira muda (L4), que produz larvas dos quarto estádio com cápsula bucal provisória. Arrastada pelas secreções da árvore respiratória e batimentos ciliares da mucosa dos bronquíolos, brônquios e traquéia, elas sobem até a laringe e faringe dos hospedeiros, completando o ciclo pulmonar. Deglutidas com muco, as larvas vão ter os intestinos. Completam sua migração sofrendo a quarta muda (L5) e se transformam em vermes com a cápsula bucal definitiva. Crescendo e amadurecendo passam a constituir vermes adultos, machose fêmeas. Infecção por Ancylostoma duodenale: A penetração das formas infectantes (larvas do terceiro estádio – L3) pode ser por via cutânea ou oral. Por via cutânea, dá-se a migração parasitária com realização do ciclo pulmonar como com o N. americanus. Por via oral, as larvas ingeridas com alimentos ou com água contaminada completam sua evolução no tubo digestivo, sem fazer o ciclo pulmonar. Os ovos dos ancilostomídeos depositado pelas fêmeas no intestino delgado dos hospedeiros são eliminados para o meio exterior através das fezes. A formação da larva de primeiro estádio (L1) do tipo rabditóide ocorre no meio exterior. A L1 se desenvolve até sofrer a primeira muda e virar L2, também rabditóide. A L2 passa pela segunda muda e se transformam em L3, do tipo filarióide e infectante, com formação da bainha de revestimento. Então, a L1 é formada no ovo e ocorre sua eclosão em 12 a 24 horas; A L1 se transforma em L2 em três a quatro dias; e a L2 muda para L3 após cinco dias. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 2 A infecção pelos ancislotomídeos só ocorre quando L3 penetram ativamente, através da pele, conjuntiva e mucosa, ou a partir da via oral. Quando a infecção é ativa, as L3 ao contatarem o hospedeiro, são estimuladas por efeitos térmicos e químicos, iniciam o processo de penetração, escapando da cutícula externa. Da pele, as larvas alcançam a circulação sangüínea e/ou linfática e chega ao coração, indo pelas artérias pulmonares, para o pulmão. Atingindo os alvéolos, as larvas migram para os bronquíolos, brônquios, traquéia, faringe e laringe, quando então são ingeridas, indo para seu habitat final, o intestino. Durante a migração para os pulmões a larva sofre ecdise e vira L4. Ao chegar ao intestino delgado, após oito dias de infecção a larva fixa a capsula bucal na mucosa do duodeno. A transformação em L5 ocorre 15 dias após a infecção. PATOGENIA As lesões causadas no organismo humano diferem segundo a carga infectante, a fase de infecção, a localização e o estádio em que se encontram os parasitos. No período de invasão cutânea, as lesões são mínimas, imperceptíveis, exceto em casos raros de ataque maciço por milhares de larvas. Nesse caso, aparecem erupções pápulo-eritematosas, edemas ou uma dermatite alérgica. Nas infecções pesadas, durante o período migratório das larvas, através dos pulmões e da arvore brônquica, é possível que ocorram as mesmas alterações já descritas da estrongiloidíase, inclusive a síndrome de Loeffler. No período de parasitismo intestinal é quando se observam quase todas as manifestações da doença. Na mucosa intestinal pode ocorrer a dilaceração e maceração de fragmentos da mucosa (em decorrência das lâminas de N. americanus ou dos dentes de A. duodenale). O material necrosado e parcialmente digerido é finalmente ingerido pelo verme, junto com o sangue que passa da lesão para o tubo digestivo do parasito e depois goteja pelo ânus deste. Do sangue retirado e evacuado pelos ancilostomídeos, boa parte do ferro é reabsorvida pelos intestinos; se não for, o paciente pode ter um quadro de anemia. Os sintomas podem ser: prurido na pele da região invadida pelas larvas, com eritema edematoso ou erupção pápulo-vesiculosa; mal estar abdominal, localizado na região epigástrica, anorexia, náuseas e vômitos. Em infecções maciças pode haver ulcera duodenal ou de apendicite, anemia grave com dilatação cardíaca e insuficiência circulatória e eventualmente, à morte. DIAGNÓSTICO Os ovos de ancilostomídeos são típicos e costumam ser abundantes na matéria fecal dos pacientes. O exame de fezes por método qualitativo costuma ser eficiente. Para obter uma estimativa da carga parasitaria procede-se a contagem de ovos por grama de fezes, pelo método de Stoll. Admite-se que cada 35 a 40 ovos por grama de fezes formadas correspondam a uma fêmea de ancilostomídeo e que estas representem metade da população helmíntica. O método de Kato-Katz pode servir para o mesmo fim, desde que a leitura não tarde a ser feita. TRATAMENTO O uso de vermífugos a base de pirimidinas (pamoato de pirantel) e de benzimidazóis (mebendazol e albendazol) têm sido os mais indicados. EPIDEMIOLOGIA A distribuição é mundial, mas afeta de maneira mais prevalente as regiões com clima quente e tropical. Deve haver fezes humanas contaminadas no solo para haver disseminação. É uma parasitose bastante comum devido ao grande número de ovos liberados pela fêmea em um único dia, alem de que eles apresentam uma grande resistência, podendo durar por até um ano em certo ambiente. LARVA MIGRANS CUTÂNEA Classe: Nematoda Gênero: Ancylostoma Família: Ancylostomidae Espécie: Ancylostoma braziliense (principal) Há nematóides que penetram na pele humana, mas permanecem vagando entre a epiderme e a derme, sem poder completar sua evolução. Esse quadro pode ser conhecido também como dermatite serpiginosa ou dermatite linear serpiginosa. Popularmente é conhecida como “bicho geográfico” ou “bicho das praias”. Os principais agentes etiológicos envolvidos são as larvas infectantes de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, parasito do intestino delgado de cães e gatos. VERMES Os adultos caracterizam-se por seu tamanho menor (as fêmeas medem 6,5 a 9 mm de comprimento e os machos de 5 a 7,5 mm) e por apresentarem na cápsula bucal apenas um par de grandes dentes ventrais, além de outro par muito rudimentar. Eles vivem no intestino delgado de cães e gatos. O ciclo é muito parecido com o das outras espécies de Ancylostoma, podendo invadir os hospedeiros tanto pela pele como pela via oral. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 3 As larvas, ao entrarem em contato com a pele humana, perfuram o estrato epitelial, mas não podem atravessar as camadas subjacentes. Elas se mantêm vivas aí por muito tempo, ficando sua atividade reduzida a caminhar ao acaso, abrindo um túnel microscópico do qual ocupam sempre a extremidade anterior. CICLO BIOLÓGICO As fêmeas dos parasitos realizam a postura dos ovos, que são eliminados diariamente com as fezes dos cães e gatos infectados. No meio exterior, em condições ideais de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre desenvolvimento de larva de primeiro estádio (L1) dentro do ovo, que eclodem e se alimentam no solo de matéria orgânica e microorganismos. Em um período de sete dias, a L1 realiza duas mudas, atingindo o terceiro estádio, de larva infectante (L3). Esta não se alimente e pode sobreviver no solo por várias semanas. Os cães e gatos podem se infectar pelas vias oral, cutânea e transplacentária. As L3 sofrem duas mudas nesses hospedeiros, chegam ao intestino delgado e atingem a maturidade sexual em aproximadamente quatro semanas. As L3 desses ancilostomídeos penetram ativamente na pele do ser humano e migram através do tecido subcutâneo durante semanas ou meses e então morrem. À medida que as L3 progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso. PATOLOGIA O momento de penetração das larvas infectantes pode passar despercebido. Porém em pessoas sensibilizadas, surgem pontos eritematosos ou pápulas, acompanhados de prurido. Desses pontos partem os túneis que desenham um trajeto irregular e caprichoso, avançando 2 a 5 centímetros por dia. Enquanto avança, a lesão vai ficando para trás como um cordão eritematoso, saliente, irregular e pruriginoso, recoberto por vezes de vesículas. Com o passar dos dias, a parte mais antiga do trajeto, tende a desinflamar, deixando em seu lugar apenas uma faixa hiperpigmentada, que desaparecerá mais tarde. As partes do corpo com mais freqüência são aquelas que entram em maior contato com o solo: pés, pernas, nádegas, mãos eantebraços e, mais raramente, boca, lábios e palato, mas podem atingir qualquer parte do corpo. Crianças que brincam no chão exibem-se na região glútea, coxas, etc... DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O aspecto dermatológico das lesões e sua evolução constituem os únicos recursos para o diagnóstico. Baseia-se no exame clinico: anamnese, sintomas e aspecto dermatológico da lesão, caracterizado por erupção linear e tortuosa na pele. O tratamento é feito com Ivermectina, Albendazol e Tiabendazol. EPIDEMIOLOGIA É encontrada por toda a parte onde se encontrem cães e gatos infectados com ancilostomídeos. O problema é mais freqüente em praias e terrenos arenosos, onde esses animais poluem o meio com suas fezes. Nesses lugares a natureza do solo, o calor e a umidade elevada favorecem o desenvolvimento das larvas até o estádio infectante. Em algumas regiões isso só ocorre nos meses mais quentes e úmidos do ano. As zonas banhadas diretamente pelo mar não oferecem risco, pois o teor salino do terreno impede a sobrevivência dos ovos e larvas dos ancilostomídeos. Em muitos lugares são os gatos as principais fontes de infecção, devido ao habito de enterrar excrementos e a preferência por fazê-lo em lugares arenosos. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 4 LARVA MIGRANS VISCERAL Classe: Nematoda Gênero: Toxocara Família: Ascarididae Espécie: Toxocara canis Os nematóides próprios de animais domésticos, que entram no organismo humano por via oral e que deveriam fazer o ciclo pulmonar (para que alcancem o tubo digestivo), estão propensos a encalhar no fígado, nos pulmões ou em outros órgãos do hospedeiro inadequado, provocando uma síndrome clínica denominada larva migrans visceral ou toxocaríase. VERMES E CICLO BIOLÓGICO Este nematóide vive no intestino delgado do cão e de canídeos silvestres (eventualmente, do gato), onde leva uma existência semelhante à dos áscaris humanos. Os vermes machos medem 4 a 10 cm e as fêmeas 6 a 18 cm de comprimento. Além dos três lábios que precedem a b oca, possuem duas expansões cervicais em forma de aletas. As fêmeas põem 2 milhões de ovos por dia no período mais fértil de sua existência, caindo para 200.000 ovos por dia em média. Apenas os ovos embrionados, contendo larvas de terceiro estádio (L3) são infectantes. Quando ingeridos por cães jovens, ainda sem proteção imunológica, eclodem no intestino, invadindo a mucosa e a circulação porta. Fazem o ciclo fígado – coração – pulmão, regressando ao tubo digestivo via brônquios, traqueia e esôfago. Quando um cão adulto e com imunidade específica contra L3 é infectado experimentalmente, podem-se encontrar, durante muito tempo depois de completado o ciclo pulmonar, larvas L3 no fígado, nos pulmões, nos músculos e em outros órgãos, mostrando uma tendência de T. canis a produzir formas latentes, mesmo no hospedeiro natural. A ingestão de ovos embrionados de T. canis, contendo no seu interior larvas infectantes é seguida, na espécie humana, pela eclosão e libertação das larvas L3, nas porções altas do intestino delgado. Depois de invadir a mucosa, elas podem entrar na circulação venosa, sendo levadas para o fígado; ou ingressar nos vasos linfáticos que as transportam diretamente ao coração direito e aos pulmões. Os órgãos mais afetados pelo parasitismo são: o fígado, os pulmões, o cérebro, os olhos e os linfonodos. PATOGENIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Os sinais mais freqüentes são leucocitose e eosinofilia. A síndrome de Loeffler também pode estar presente. O diagnóstico fundamenta-se em dados clínicos, hematológicos, radiológicos e imunológicos. O exame de fezes é sempre negativo, visto não completar-se no homem. Emprega-se com êxito a técnica de ELISA, utilizando-se como antígenos larvas de segundo estádio ou seus produtos. O tratamento é desnecessário na maioria dos casos, por serem casos benignos e auto limitados, curando-se espontaneamente. Nas formas mais graves, Dietilcarbamazina, Albendazol, Mebendazol, Tiabendazol. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 5 FILARIOSE LINFÁTICA Classe: Nematoda Gênero: Wuchereria Família: Onchocercidae Espécie: Wuchereria bancrofti A filariose linfática humana, também conhecida como elefantíase, devido ao aspecto de perna de elefante do paciente com essa doença, é causada por helmintos da espécie W. bancrofti, comumente chamado de filária, que se aloja nos vasos linfáticos causando linfedema. Essa parasitose é endêmica em várias regiões tropicais. Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes. Quando o nematódeo obstrui o vaso linfático, o edema é irreversível. VERMES ADULTOS A W. bancrofti possui diferentes formas evolutivas nos hospedeiros humanos e nos mosquitos vetores. O macho tem o corpo delgado e branco-leitoso. Ele mede de 3,5 a 4 cm de comprimento e 0,1mm de diâmetro. Sua extremidade anterior é afilada e a posterior enrolada ventralmente. As fêmeas têm também o corpo delgado e branco-leitoso. Medem de 7 a 10cm de comprimento e 0,3mm de diâmetro. Possuem órgãos genitais duplos, com exceção da vagina, que é única, e se exterioriza em uma vulva localizada próximo a extremidade anterior. MICROFILÁRIA Esta forma nada mais é do que um ovo embrionado, isto é, a fêmea faz a postura de ovos contendo embriões, sendo que estes possuem uma membrana extremamente delicada, funcionando como uma bainha. A microfilária mede de 250 a 300μm e se movimenta ativamente na corrente sangüínea do hospedeiro. A bainha cuticular lisa é apoiada sobre numerosas células subcuticulares (que irão formar a hipoderme e a musculatura do helminto adulto) e células somáticas (que irão formar o tubo digestivo e órgãos); A presença da bainha é importante, pois alguns filarídeos vistos no sangue não possuem tal estrutura, sendo este um dos critérios para diagnostico diferencial. LARVA São encontradas no inseto vetor (Culex quinquefasciatus). A larva de primeiro estádio (L1) mede em torno de 300 μm e é originaria da transformação da microfilária. Essa se diferencia em larva de segundo estádio (L2), três a quatro vezes maiores e sofre nova muda, originando a larva infectante (L3) que tem entre 1,5 a 2 mm de comprimento. HABITAT Vermes adultos permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos humanos (machos e fêmeas). As regiões do corpo que abrigam as formas adultas são: abdominal, pélvica (atingindo pernas e escroto), mamas e braços. As microfilárias eliminadas pela fêmea saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação sangüínea. Vivem em média cerca de 4 a 8 meses. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO É do tipo heteroxênico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao exercer o hematofagismo em pessoas parasitadas, ingere microfilárias que no estômago do mosquito, após poucas horas, perdem a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral e migram para o tórax, aonde se alojam nos músculos torácicos e transformam-se em uma larva, a larva L1. Seis a dez dias após o repasto infectante ocorre a primeira muda, originando L2. Esta cresce muito e, 10-15 dias depois, sofre a segunda muda, transformando-se em larva infectante (L3), que migra pelo inseto até alcançar a probóscida (aparelho picador) concentrando-se no lábio do mosquito. O ciclo no hospedeiro invertebrado (vetor) é de 15 a 20 dias. Quando o vetor vai fazer novo repasto sangüíneo, as larvas L3 escapam do lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro (não são inoculadas pelos mosquitos), migram para os vasos linfáticos, tornam-se vermes adultos e, sete a oito meses depois, as fêmeas grávidas produzemas primeiras microfilárias. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 6 A transmissão ocorre pela picada da fêmea de C. quinquefasciatus e deposição das larvas infectantes na pele lesada das pessoas. Parece que o estimulo que provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito é o calor emanado do corpo humano. A pele, estando úmida (suor e alta umidade do ar), permite a progressão e penetração das larvas. É importante salientar que a vida média de um mosquito do gênero Culex é aproximadamente um mês e o ciclo biológico do parasito no interior deste vetor (de microfilária ingerida até larva L3) ocorre em torno de 20 dias. Assim, é curto o período de tempo no qual o vetor pode estar transmitindo o parasito ao ser humano. PATOGENIA A parasitose se caracteriza por uma variedade de manifestações clinicas que podem ser divididas em dois tipos: um devido aos vermes adultos no sistema linfático e outro causado por hiper-reação imunológica do hospedeiro contra microfilárias e antígenos do parasito. As manifestações agudas são: linfagite, linfadenite associada com febre e mal estar, funiculite e orquiepididimite. As crônicas são: hidrocele, quiluria e elefantíase e iniciam-se em geral, 10 a 15 anos após inicio dos ataques agudos em moradores de áreas endêmicas. É importante distinguir os casos de infecção (presença de vermes e microfilárias sem sintomatologia) dos casos de doença. Os assintomáticos ou com manifestações discretas podem apresentar alta microfilaremia, e os pacientes com elefantíase e outras manifestações crônicas não apresentam microfilaremia periférica ou esta é bastante reduzida. As lesões surgidas são devidas a dois fatores principais: ação mecânica e ação irritativa. A ação mecânica se deve a presença de vermes adultos dentro de um vaso linfático, podendo provocar obstrução do mesmo causando os seguintes distúrbios: estase linfática com linfagiectasia (dilatação dos vasos linfáticos) ou derramamento linfático (se ocorre nos tecidos, provoca edema linfático; se na cavidade abdominal, provoca ascite linfática; se na túnica escrotal, a linfocele; Se no tórax, o linfotórax; se nas vias urinárias, linfúria ou quilúria). A ação irritativa ocorre se há presença dos vermes dentro dos vasos, bem como os produtos oriundos do seu metabolismo e desintegração após a morte do helminto, provoca fenômenos inflamatórios. Pode ocorrer a linfagite (inflamação dos vasos) ou linfadenite. A elefantíase é caracterizada por um processo de inflamação e fibrose crônica do órgão atingido, com hipertrofia do tecido conjuntivo, dilatação dos vasos linfáticos e edema linfático. Inicialmente, há hipertrofia da derme, porém epiderme é normal. Com a progressão, há esclerose da derme e hipertrofia da epiderme, danado a aparência típica da elefantíase: aumento exagerado do volume do órgão com queratinização e rugosidade da pele. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O clinico é muito difícil devido à semelhança das alterações provocadas pela W. bancrofti com aquelas produzidas por outros agentes etiológicos com efeitos parecidos. O laboratorial pode ser feito pela pesquisa de microfilárias nos sangue periférico; pela pesquisa de anticorpos e antígenos circulantes (por ELISA ou por imunocromatografia rápida) ou pela pesquisa de vermes adultos pela ultra- sonografia. O tratamento é feito através de dietilcarbamazina, Ivermectina, albendazol. Não há medicamento profilático para quem se encontra em áreas endêmicas. Deve ser evitado o contato humano-vetor. O controle tem como base rês pontos básicos: tratamento de todas as pessoas parasitadas, combate ao inseto vetor e melhoria sanitária. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 7 ONCOCERCOSE Classe: Nematoda Gênero: Onchocerca Família: Onchocercidae Espécie: Onchocerca volvulus É considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma das mais graves endemias. Por ser freqüentemente encontrada próxima de rios, é denominada “cegueira dos rios”. VERMES E CICLO BIOLÓGICO Os parasitos vivem enovelados em oncocercomas ou nódulos fibrosos subcutâneos. Há geralmente, um casal de vermes adultos em cada nódulo. Um casal de vermes vive aproximadamente 10 anos e cada fêmea produz até um milhão de microfilárias por ano. As fêmeas medem cerca de 40 cm e os machos entre 2 e 4cm. As microfilárias não apresentam bainha e medem desde 150 até 360 μm de comprimento. Circulam nos linfáticos superficiais e no tecido conjuntivo da pele, mas podem ser encontrados também na conjuntiva bulbar. Podem em alguns casos, alcançar o sangue. O ciclo evolutivo do parasito é heteroxênico e ocorre entre o homem e dípteros do gênero Simulium, conhecidos como “borrachudo”. Esses insetos são hematófagos, mas sugam também o líquido tissular, ocasião em que ingerem as microfilárias que irão se desenvolver até a larva infectante. As larvas infectantes alcançam a probóscida do vetor e na ocasião do repasto sangüíneo, irão atingir um novo hospedeiro, originando vermes adultos, aproximadamente um ano após a infecção. PATOGENIA As principais manifestações da parasitose são: oncocercomas – os helmintos são envolvidos por uma capsula de tecido fibroso, formando os nódulos subcutâneas que medem desde alguns milimetros até 3 cm ou mais de diâmetro. São bem delimitados, indolores e geralmente livres e móveis. Quando esses vermes morrem, há intenso processo inflamatório, dor e aparecimento de fibrose. Dermatite oncocercosa ou oncodermatite - Causada pela migração das microfilárias através do tecido conjuntivo da pele. É uma dermatite eczematóide extremamente pruriginosa, seguida às vezes de liquenificação e perda de pigmento. Lesões Oculares – A mais séria manifestação de oncocercose. Todos os tecidos do olho, com exceção do cristalino podem ser invadidos pelas microfilárias. Só aparece em regiões de endemicidade alta e pacientes com parasitismo intenso. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O melhor método é a retirada de um fragmento superficial da pele na região do corpo mais afetada. Esse fragmento é colocado em uma gota salina sobre uma lâmina de vidro e coberto com uma lamínula. Em alguns minutos as microfilárias abandonam o fragmento de pele, sendo vistas ao microscópio movimentando-se ativamente. O tratamento deve ser feito com critério, pois muitos portadores da oncocercose são assintomáticos e as drogas podem apresentar efeitos colaterais inconvenientes. Assim, recomenda-se tratar doentes com sintomatologia evidente e aqueles que estejam sujeitos a acometimentos oculares. Pode ser feito com extirpação cirúrgica dos nódulos cutâneos (oncocercomas) e uso de drogas especificas. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 8 TENÍASE E CISTICERCOSE Classe: Cestoda Gênero: Taenia Família: Taeniidae Espécie: Taenia solium e Taenia saginata A teníase é uma doença causada pela forma adulta da tênia. Muitas vezes o paciente nem sabe que convive com o parasita em seu intestino delgado. São duas fases distintas de um mesmo verme, causando, portanto duas parasitoses no homem. As tênias também são chamadas de solitárias porque na maioria das vezes o portador tem somente um verme adulto. Os vermes adultos causam pouco dano no hospedeiro, porem as larvas (cisticercos) é que são comumente responsáveis pela doença. A teníase é uma parasitose intestinal ocasionada pela presença das formas adultas de Taenia solium ou Taenia saginata. É transmitida através da ingestão de carnes cruas ou mal cozidas de porco ou de boi, contaminadas com larvas ou cisticercos. Pode ser caracterizadapor dores abdominais, náuseas, debilidade e perda de peso. O homem ao ingerir ovos de T. solium adquire cisticercose humana. VERMES ADULTOS As tênias apresentam corpo achatado, dorsoventralmente em forma de fita, dividido em escólex (cabeça), colo (pescoço) e estróbilo (corpo). São de cor branco leitosa, com a extremidade anterior bastante afilada de difícil visualização. 1. Escólex: É um órgão adaptado para a fixação do verme na mucosa do intestino delgado. Apresenta quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondas e proeminentes. A T. solium possui um rostelo ou rostro armado com uma fileira de vinte e cinco a cinqüenta acúleos. A T. saginata não possui tal rostelo 2. Colo: Abaixo do escólex. Não tem segmentação, mas suas células estão em constante atividade reprodutora, dando origem às proglotes jovens. É conhecido como zona de crescimento ou de formação das proglotes. 3. Estróbilo: É o corpo do helminto, formado pela união de proglotes (anéis) podendo ter de oitocentos a mil e atingir três metros na T. solium ou ter mais de mil proglotes e atingir até oito metros na T. saginata. As proglotes estão subdividas em jovens, maduras e grávidas. Como cada proglote tem sua individualidade alimentar (difusão do alimento no tegumento) e reprodutiva (órgão masculino e feminino), nós podemos dizer que o corpo de uma tênia é formado pela justaposição de várias proglotes. A proglote que possui os órgãos genitais masculinos e femininos desenvolvidos e aptos para a fecundação é a proglote madura. Proglotes grávidas são aquelas que apresentam o útero cheio de ovos. A proglote grávida de T. solium é quadrangular, sendo o útero formado por doze pares de ramificações do tipo dendritica, contendo aproximadamente 80 mil ovos, enquanto que a proglote de T. saginata é retangular apresentando um máximo de 26 ramificações uterinas do tipo dicotômica. Por Mariana Tanaka P ág in a 1 9 OVOS São esféricos, com 30 μm de diâmetro. São constituídos por uma casca protetora chamada embrióforo, que é formado por blocos piramidais de quitina, unidos entre si por uma substancia cimentante. Dentro do embrióforo, encontramos a oncosfera ou embrião hexacanto (apresenta seis espinhos) com dupla membrana e três pares de acúleos. É quase que impossível diferenciar uma espécie da outra. A diferenciação é evidente apenas observando as proglotes maduras liberadas nas fezes juntos aos ovos. As proglotes da T. saginata são maiores, mais retangulares e com mais ramificações uterinas (com aspecto mais cheio), sendo as ramificações da T. saginata do tipo diplotônica (agrupada em pares); diferentemente da proglote de T. solium, cuja proglote gravídica é menor, mais quadrangular e suas ramificações uterinas são do tipo dendriticas. LARVAS OU CISTICERCOS O cisticerco da T. solium é constituído de uma vesícula translucida com liquido claro, contendo invaginado em seu interior um escólex com quatro ventosas, rostelo e colo. O cisticerco da T. saginata apresenta a mesma morfologia diferindo pela ausência do rostelo. A parede da vesícula dos cisticercos é composta por três membranas: cuticular (externa), uma celular (intermediaria) e uma reticular (interna). Essas larvas podem atingir até 12 mm de comprimento. O Cysticercus bovis é o cisticerco da T. saginata que não apresenta acúleos. O Cysticercus cellulosae é o cisticerco da T. solium que apresenta escólex com acúleos e vesícula translucida. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO Para o individuo estar infectado, ele deve possuir a forma adulta do verme no seu intestino delgado. Os humanos parasitados eliminam as proglotes grávidas cheias de ovos para o meio exterior. Em alguns casos, a proglote pode romper-se dentre do intestino e os ovos serem eliminados nas fezes. Mais freqüentemente, a proglote se rompe no meio exterior, liberando ovos no solo. Um hospedeiro intermediário ingere os ovos. No estômago, os embrióforos (cascas dos ovos) sofrem a ação da pepsina, que atua sobre a substância cimentante dos blocos de quitina. No intestino, as oncosferas sofrem ação de sais biliares, que são de grande importância na sua ativação e liberação. Uma vez ativadas, as oncosferas liberam-se do embrióforo e movimentam-se no sentido da vilosidade, onde penetram com auxilio dos acúleos. Após aproximadamente quatro dias, penetram nas vênulas e atingem as veias e linfáticos mesentéricos. Atingem a corrente circulatória, sendo transportadas por via sangüínea a todos os órgãos e tecidos do organismo. As oncosferas desenvolvem-se para cisticercos em qualquer tecido mole (pele, músculos esqueléticos e cardíacos, olhos, cérebro, etc), mas preferem os músculos de maior movimentação e com maior oxigenação (masseter, língua, coração, cérebro). No interior dos tecidos perdem os acúleos e cada oncosfera transforma-se em um pequeno cisticerco delgado e translucido, que começa a crescer atingindo ao final de quatro ou cinco meses de infecção 12 mm de comprimento. Permanecem viáveis nos músculos por alguns meses e o cisticerco da T. solium no SNC, alguns anos. A infecção humana ocorre pela ingestão de carne crua ou mal cozida, de boi ou porco infectados. O cisticerco ingerido sofre ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se, através do escolex, na mucosa do intestino delgado, transformando- se em uma tênia adulta. Três meses após a ingestão do cisticerco, inicia-se a eliminação de proglotes grávidas. Varias proglotes grávidas se desprendem diariamente do estróbilo, três a seis de cada vez em T. solium e oito a nove, INDIVIDUALMENTE, na T. saginata. Um indivíduo que possua T. solium em seu organismo pode estar mais susceptível a desenvolver neurocisticercose por meio de uma auto-infecção externa, em que ao liberar ovos de T. solium nas fezes, caso não haja uma boa higiene pessoal e com seus alimentos, esses mesmos ovos podem retornar ao TGI, gerando cisticercose. Duas situações são fundamentais para que ocorra cisticercose: os ovos ingeridos devem ser de T. solium e eles devem passar pelo estomago, para que haja o enfraquecimento do embrióforo. Por Mariana Tanaka P ág in a 2 0 A transmissão da teníase ocorre da seguinte forma: O hospedeiro definitivo (humanos) infecta-se ao ingerir carne bovina ou suína, crua ou mal cozida, infectada respectivamente pelo cisticerco de cada espécie de tênia. A cisticercose humana é adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase. Os mecanismos possíveis de infecção humana são: Auto-infecção externa: Ocorre em portadores de T. solium quando eliminam proglotes e ovos da sua própria tênia, levando-os a boca pelas mãos contaminadas ou pela coprofagia (ingestão de fezes). Auto-infecção interna: Poderá ocorrer durante vômitos ou movimento retro peristálticos do intestino, possibilitando presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium no estômago. Estes, depois da ação do suco gástrico e posterior ativação das oncosferas voltariam ao intestino delgado, desenvolvendo o ciclo auto-infectante. Hetero infecção: Ocorre quando os humanos ingerem alimentos ou água contaminados com os ovos da T. solium disseminados no ambiente através das dejeções de outro paciente. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA Devido ao longo período em que as tênias parasitam o homem, elas podem causar fenômenos tóxicos alérgicos, através de substancias excretadas, provocar hemorragia através da fixação na mucosa, destruir o epitélio e produzir inflamação com infiltrado celular com hipo ou hipersecreção de muco. O acelerado crescimento do parasito requer um considerável suplemento nutricional. Tonturas,astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdômen e perda de peso são alguns dos sintomas observados em decorrência da infecção. O problema sério que provoca lesões graves no homem é a cisticercose. As manifestações clínicas causadas pelo C. cellulosae dependem não somente da localização, bem como do número de parasitos e de seu estagio de desenvolvimento e da característica orgânica do paciente. As lesões presentes no cérebro podem causar dores de cabeça com vômitos, ataques epileptiforme, desordem mental com formas de delírio, prostração, alucinações, hipertensão intracraniana. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO O parasitológico é feito pela pesquisa de proglotes e mais raramente de ovos de tênias nas fezes pelos métodos rotineiros ou pelo método de fita gomada. Para diagnostico específico (pois os ovos das duas tênias são iguais) há necessidade de realizar a “tamização” (lavagem em peneira fina) de todo o bolo fecal, recolher proglotes e identificá- las pela morfologia da ramificação uterina. O clínico é praticamente impossível de ser realizado em pacientes assintomáticos. O diagnóstico radiológico pode auxiliar o clínico, mas nem sempre os parasitos são evidenciados, havendo necessidade dos cisticercos estarem calcificados para melhor detecção pelos raios x. O tratamento é feito com iclosamida ou praziquantel, além do albendazol. CISTICERCOSE HUMANA É obtida através da ingestão do ovo de T. solium presente na carne do porco ou até mesmo em alimentos. O cisticerco Cysticercus cellulosae apresenta uma parede em forma de vesícula composta por membrana cuticular, celular e reticular. Pode ser encontrado nos tecidos celular subcutâneo, muscular, cerebral e nos olhos de suínos e acidentalmente no homem. Como na cisticercose o cisticerco não se localiza em momento algum no trato TGI, o exame parasitológico de fezes não será um método efetivo para diagnóstico. Por Mariana Tanaka P ág in a 2 1 ESQUISTOSSOMOSE Classe: Trematoda Gênero: Schistosoma Família: Schistomatidae Espécie: Schistosoma mansoni A esquistossomose é uma doença crônica causada pelos parasitos multicelulares platelmintos do gênero Schistosoma. Pode ser conhecida pelos seguintes termos: xistossomose, xistosa, doença do caramujo, doença de Pirajá da Silva, barriga d’água,... VERME ADULTO Os vermes adultos habitam o sistema porta do hospedeiro definitivo. Com a maturação sexual, migram para as veias mesentéricas superiores onde acasalam e liberam ovos. O macho mede cerca de um cm. Tem cor esbranquiçada, com tegumento recoberto de minúsculas projeções (tubérculos). Apresenta o corpo dividido em duas porções: anterior, na qual encontramos a ventosa oral e a ventral (acetábulo), e a posterior, onde encontramos o canal ginecóforo (uma fenda longitudinal, para albergar a fêmea e fecundá-la). A fêmea mede cerca de 1,5 cm. Tem cor esbranquiçada, com tegumento liso. Na metade anterior, encontramos a ventosa oral e o acetábulo. Seguinte a este temos a vulva, depois o útero e o ovário. A metade posterior é preenchida pelas glândulas vitelogênicas e o ceco. O aparelho reprodutor desses vermes, por serem dióicos (duas formas: uma para cada sexo), apresenta suas peculiaridades. O macho não apresenta órgão copulador. A cópula é feita no momento em que a fêmea se abriga no canal ginecóforo, recebendo um “banho” de gametas. As massas testiculares e seus ductos, que se unem para formar um ducto único, trazem esses gametas até o canal ginecóforo. A fêmea alojada nesse canal recebe esses gametas por meio de seu orifício genital, que está diretamente ligada ao útero. OVO, MIRACÍDIO, ESPOROCISTO E CERCÁRIA O ovo mede cerca de 150 micrômeros de comprimento, por 60 de largura, sem opérculo, com formato oval, sendo que a parte mais larga apresenta um espículo voltado para trás. O ovo maduro é caracterizado pela presença de um miracídio formado. O ovo maduro é a forma encontrada nas fezes. A principal característica desse ovo é a presença de um espículo lateral. Os ovos ao serem depositados, podem levar dois caminhos: serem eliminados nas fezes ou formarem granulomas (ovos+células de defesa do sistema imune). O miracídio tem um formato oval, com medidas semelhantes ao ovo, e apresenta o tegumento recoberto de cílios (que vão permitir o movimento no meio aquático). Na extremidade anterior, apresenta uma papila apical ou terebratorium, que abriga glândulas de penetração (centrais) e adesivas (laterais) – importantes para sua adesão no caramujo. Na extremidade posterior, além de outras estruturas, encontramos numerosas células germinativas que irão dar origem aos esporocistos. Eles são atraídos pela luz (fototropismo positivo) e as secreções de Biomphalaria (caramujo), chamadas miraxones excitam a movimentação dos mesmos (quimiocinese). No ciclo biológico, o miracídio, ao chegar ao caramujo, se converte em esporocisto e depois em cercária. Após penetrar no caramujo, o miracídio perde os cílios, glândulas de penetração, terebratorium, etc... E transforma- se em esporocisto. Nessa fase, tem sua forma semelhante ao miracídio, porém sem cílios. Alguns dias depois, apresenta-se medindo cerca de 1,5mm de comprimento por 150μm de largura, sem formato definido, contendo cerca de 150 a 200 células germinativas. No seu interior, as massas germinativas dão origem a numerosos esporocistos secundários que saem do esporocisto primário, e migram para as glândulas digestivas do caramujo. Nessa fase, as células germinativas dão origem às cercárias. As cercárias apresentam-se divididas em duas partes: corpo e cauda, medindo cerca de 500μm no total. O corpo apresenta-se com cutícula recoberta de pequenos espinhos e com duas ventosas: oral (anterior) e ventral (posterior). É principalmente através da ventral que a cercária fixa-se na pele do hospedeiro no processo de penetração. Sua cauda se bifurca. Por Mariana Tanaka P ág in a 2 2 CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO O S. mansoni, ao atingir a fase adulta do seu ciclo biológico no sistema vascular do homem e de outros mamíferos, alcança as veias mesentéricas, principalmente a veia mesentérica inferior, migrando contra a corrente circulatória; as fêmeas fazem a postura no nível da submucosa. Os ovos colocados nos tecidos levam cerca de uma semana para tornarem-se maduros (miracídio formado). Da submucosa chegam à luz intestinal. Se os ovos não conseguirem atingir a luz intestinal, ocorrerá a morte dos miracídios. Os ovos podem ficar presos na submucosa intestinal ou serem arrastados pro fígado. Os ovos que conseguirem chegar à luz intestinal, vão para o exterior junto com o bolo fecal e têm uma expectativa de vida de 24 horas (fezes liquidas) há cinco dias (fezes sólidas). Alcançando a água, os ovos liberam o miracídio, estimulado pelos seguintes fatores: temperaturas mais altas, luz intensa e oxigenação da água. A larva, após a penetração do caramujo, perde as glândulas de adesão e penetração e continua a perder outras estruturas no processo de penetração. Dessa forma, o passo seguinte será a perda do epitélio ciliado e a degeneração do terebratorium. O miracídio transforma-se em um saco com paredes cuticulares, contendo a geração das células germinativas ou reprodutivas que recebe o nome de esporocisto. A formação completa da cercária, até sua emergência para o meio aquático pode ocorrer num período de 27 a 30 dias. As cercárias nadam ativamente na água e ao alcançarem a pele do homem, promovem a penetração do corpo cercariano e a concomitante perda da cauda. Quando ingeridas com água as que chegam ao estomago são destruídas
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