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Direito Falimentar 8 sem 2013 2

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Prévia do material em texto

Direito das Falências 
"A bondade é o único investimento que nunca vai à falência." 
Henry David Thoreau
2º semestre de 2013 
Por Rommel Andriotti 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 1 49
DIREITO FMU
INTRODUÇÃO 
Olá caro colega, e seja bem vindo ao maravilhoso mundo do Direito! 
O resumo que você tem em mãos foi confeccionado com o maior esmero 
possível, e é resultado do meu entendimento das aulas que assisti e das pesquisas 
que realizei sobre o tema. 
Em razão disso, nenhum professor, aluno, instituição, ou mesmo eu próprio é 
responsável por este conteúdo. Ele foi elaborado como um caderno de estudante, e por 
isso não há garantia de isenção de erros. Entretanto, conforme mencionado, o que 
você lerá foi confeccionado com muita dedicação, e por isso certamente poderá 
acrescentar valor aos seus estudos. 
É importante ressaltar ainda que esse material não tem fins lucrativos. Você 
tem minha autorização para utiliza-lo como desejar, bem como para divulgar esse 
material a vontade. Conhecimento é para ser disseminado, multiplicado e perpetuado! 
Por fim, com a devida vênia, gostaria de com essas poucas palavras dedicar 
esse material à minha amada, Letícia, que dá razão à minha vida, e acalma minha 
alma mesmo nas piores turbulências. 
Como ler esse material 
Cada aula é iniciada com um título grande que indica o número da aula, a data 
que ela me foi lecionada, e seu tema principal. 
Ex.: 
AULA 52 (29.02.2008) - OS REGIMES DE 
CASAMENTO 
Depois, vocês verão textos corridos, eventualmente divididos por outros títulos e 
subtítulos, como esse: 
As citações 
Quando eu for citar algum autor, jurisprudência, notícias, etc, eu seguirei padrões 
para facilitar a identificação do que esta sendo lendo. 
Normalmente o layout será esse: 
Quando eu fizer um comentário pessoal, ele estará escrito dessa forma, como 
anotações em um caderno. 
Se eu quero transcrever uma citação ou dica especifica do professor, a 
observação estará assim, em giz. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 2 49
Quando transcrevermos um artigo de lei, ele estará assim: 
CF. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade 
Ao transcrevermos uma sumula ou jurisprudência o layout será esse: 
STF Súmula nº 691 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 5; DJ de 
10/10/2003, p. 5; DJ de 13/10/2003, p. 5. Competência - 
Conhecimento de Habeas Corpus Contra Indeferimento de 
Liminar em HC Impetrado em Tribunal Superior. 
Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas 
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 
(Conhecimento na Hipótese de Flagrante Constrangimento 
Ilegal - HC 85185, HC 86864 MC-DJ de 16/12/2005 e HC 90746-
DJ de 11/5/2007)
Doutrinas estarão na fonte times. 
Se eu for citar um filosofo ou mesmo um cientista antigo, a fonte será essa, como 
se escrito em papiro. 
Se faremos uma citação jornalística, a forma será a seguinte, em homenagem à 
máquina de escrever: 
Folha de São Paulo - 23/08/2013 - 23h40 
Brigas de Joaquim Barbosa com membros do STF são tema de matéria do 'New 
York Times' 
As brigas entre Joaquim Barbosa e os demais membros do (STF) Supremo Tribunal 
Federal foram tema de matéria do jornal americano "The New York Times" nesta 
sexta-feira (23). À publicação, o chefe do Judiciário brasileiro voltou a dizer que não 
pretende se candidatar a nenhum cargo. 
A matéria caracterizou Barbosa como uma pessoa "direta" e "sem medo de 
aborrecer o status quo". "Quando o presidente do Tribunal, Joaquim Barbosa, 
adentra a corte, os outros dez ministros se preparam para o que pode vir depois", 
escreveu o correspondente americano Simon Romero, que viajou do Rio à Brasília 
para a entrevista. 
"Ele é a força motriz por trás de uma série de decisões socialmente liberais", diz o 
texto, acrescentando a atuação do ministro virou motivo de fascínio popular. 
Além do recente episódio em que Barbosa acusou Ricardo Lewandowski de fazer 
"chicanas" no julgamento dos recursos do mensalão, Romero cita uma ocasião em 
que o juiz discutiu com Marco Aurélio Mello, sugerindo que este só virou ministro 
por ser parente do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Também foi mencionada 
uma briga em que o presidente do Supremo insinua que Gilmar Mendes tem 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 3 49
"capangas", em resposta ao que julgou ser uma fala condescendente do colega, e a 
entrevista na qual disse que os juízes brasileiros de têm mentalidade "conservadora" 
e "pró impunidade". 
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1331441-brigas-de-joaquim-barbosa-
com-membros-do-stf-e-tema-de-materia-do-new-york-times.shtml 
Por fim, estrangeirismos estarão em itálico (fumus boni iuris et Periculum in mora), e 
partes importantes estarão devidamente destacadas. 
Você pode ajudar na confecção desse resumo notificando quaisquer erros que 
você encontre ou me enviando material para complementarmos a aula. Estarei disponível 
24/7 no email: rommel.andriotti@outlook.com 
Enfim, espero que vocês gostem e aproveitem este material. 
Bons estudos! 
Rommel Andriotti
Aula 01 (ago/2013) - direito falimentar 
Aula indisponível em razão de minha ausência. 
AULA 02 (AGO/2013) - SITUAÇÕES 
ENSEJADORAS DA FALÊNCIA 
A confecção desta aula só foi possível graças a gentil contribuição de Ana Paula Marin, 
a quem eu externo minha profunda gratidão. 
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: 
I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, 
obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos 
protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 
(quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; 
II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não 
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do 
prazo legal; 
III - pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte 
de plano de recuperação judicial: 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 4 49
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança 
mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o 
objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio 
simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a 
terceiro, credor ou não; 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens 
suficientes para solver seu passivo; 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento 
com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para 
prejudicar credor; 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída 
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados 
suficientes para saldar seu passivo; 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com 
recursos suficientes para pagar os credores, abandona 
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local 
de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação 
assumida no plano de recuperação judicial. 
§ 1º - Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de 
perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base 
no inciso I do caput deste artigo. 
§ 2º - Ainda que líquidos, não legitimam o pedido de falência 
os créditos que nela não se possam reclamar. 
§ 3º - Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido 
de falência será instruído com os títulos executivos na forma 
do parágrafo único do art. 9º desta Lei, acompanhados, em 
qualquercaso, dos respectivos instrumentos de protesto para 
fim falimentar nos termos da legislação específica. 
§ 4º - Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o pedido 
de falência será instruído com certidão expedida pelo juízo em 
que se processa a execução. 
§ 5º - Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, o pedido 
de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-
se as provas que houver e especificando-se as que serão 
produzidas. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 5 49
1º Requisito: Insolvência
Temos que caracterizar, portanto, o que ela é e o que ela representa. 
A insolvência é a impossibilidade momentânea ou definitiva de o empresário não 
pagar os seus débitos. Portanto, insolvente é aquele que no momento não tem 
condições de quitar as dívidas assumidas e vencidas (art. 94 da lei de falências) (dívida 
liquida certa e vencida) ou duradouramente, o que os autores chamam de insolvência 
definitiva, pois os devedores não terão como pagar as dívidas nem hoje, nem amanhã. 
Sem insolvência não há falência. 
No direito anterior a insolvência poderia ser declarada pelo juiz, no direito do decreto 
7661/45 - antiga lei de falência – no entanto a insolvência passou a ser presumida. 
Insolvência presumida ocorre quando a empresa não tem condições de resgatar 
naquele momento a dívida líquida e certa protestada. Para isso o protesto ainda é eficaz. 
Protesto é o lugar onde os credores apresentam os títulos para serem resgatados. 
No direito anterior a respeito disso, o empresário não poderia deixar o título ser 
protestado porque essa circunstância formal do protesto irá impedir o pedido de 
concordata, um protesto apenas seria suficiente. 
Hoje o protesto não tem o condão de impedir a recuperação, só que o legislador atual 
copiou o legislador de 45, exigindo a insolvência presumida. 
IMPORTANTE: Presunção de insolvência – mesmo se a empresa tiver um patrimônio 
gigantesco, se naquele momento não tem condições de quitar aquela divida, está 
insolvente para o direito brasileiro falitário. 
Por essas razões os juízes sustam os protestos para o título não ser protestado. Porque 
um título, quando é protestado, não induz o não pleito da concordata, mas induz a 
insolvência presumida. 
O protesto caracteriza a chamada insolvência presumida. Se insolvência é a 
incapacidade de solver/pagar, a insolvência para efeito da falência tem que ser 
caracterizada. A insolvência é caracterizada pelo protesto, embora seja presumida. 
A insolvência definida é aquela que a empresa nos embargos não tem condições de 
provar que tem patrimônio para suportar a insolvência.
No CPC se a empresa provar nos embargos que tem condições de suportar a divida, o 
juiz deve julgar improcedente a execução de declaração de insolvência e procedente os 
embargos. Julgados procedentes os embargos descaracterizam a insolvência. (CAI 
NA PROVA) 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 6 49
O legislador (das falências) deveria ter feito como no CPC dizendo que: A insolvência só 
é caracterizada na sentença da falência e não essa presunção caracterizada pelo 
protesto. 
Mas pra nossos efeitos, a insolvência, portanto, é presumida. E essa insolvência 
presumida vai causar um dano a empresa se ela tiver um patrimônio ou senão um dano 
ao juiz porque o juiz fica com o resgate dessa insolvência. Porque se o juiz não der, vão 
dizer que ele não esta cumprindo a lei. Então o juiz é obrigado a declarar a falência. E o 
juiz obrigado a declarar a falência causa às vezes um dano inseparável para a empresa. 
A insolvência na lei de falência não precisa ser caracterizada, basta a presunção. E a 
presunção quando ocorre pode ser desmistificada/descaracterizada. 
Ela ocorre quando o devedor provar, o teor da resposta da empresa nos termos do artigo 
96 da lei de falência. 
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do 
caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: 
I - falsidade de título; 
II - prescrição; 
III - nulidade de obrigação ou de título; 
IV - pagamento da dívida; 
V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou 
não legitime a cobrança de título; 
VI - vício em protesto ou em seu instrumento; 
VII - apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo 
da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; 
VIII - cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) 
anos antes do pedido de falência, comprovada por documento 
hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá 
contra prova de exercício posterior ao ato registrado. 
§ 1º - Não será decretada a falência de sociedade anônima 
após liquidado e partilhado seu ativo nem do espólio após 1 
(um) ano da morte do devedor. 
§ 2º - As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste 
artigo não obstam a decretação de falência se, ao final, 
restarem obrigações não atingidas pelas defesas em montante 
que supere o limite previsto naquele dispositivo. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 7 49
A insolvência não ocorre quando o titulo é falso, quando houve a prescrição ou 
decadência, quando o título já foi pago, quando houver vício no protesto, quando no 
momento da contestação o devedor apresenta a recuperação, nesse caso o juiz tem que 
mandar atuar em separado a recuperação e apreciá-la. Se entender que é viável a 
recuperação, manda processá-la e suspende, a teor do art. 265, o pedido de falência. 
Quando título é falso a obrigação é nula. Ocorre normalmente quando sacam duplicatas, 
que são aceitas por pessoas que não são devedoras, portanto a obrigação é nula e título 
falso. 
O protesto deve ser tirado desde que o devedor seja regularmente intimado ou 
presumivelmente intimado (por meio do sócio, empregado, cônjuge). Vale o principio da 
transparência. 
A insolvência é presumida, e decorre daquilo que os doutrinadores chamam de 
impontualidade injustificada, porque se for justificada esta de acordo com o art. 96, 
então não está insolvente. 
O principio que gera insolvência no direito brasileiro é injustificável porque se for 
justificável não é insolvente. 
E desde que a dívida ultrapasse o valor de 40 salários mínimos, porque abaixo de 
40 salários mínimos não cabe pedido de falência, o que cabe é AÇÃO EXECUTÓRIA. 
(CAI NA PROVA) 
Nessa hipótese, portanto, temos a insolvência presumida dos títulos de credito. 
A insolvência é típica quando ocorre aquilo que na doutrina chama-se de insolvência 
presumida, em razão da prática de atos incompatíveis com ela, liquidação precipitada, 
retardamento dos pagamentos, transfere estabelecimento, negócio simulado, negócios 
fraudulentos. 
O credor entra com ação pedindo a falência e dizendo que ele se obrigaria a provar que 
os negócios que ela estaria praticando são simulados ou negócios que vão causar 
danos aos futuros credores se houver falência. Essa insolvência portanto ocorre em 
razão de atos jurídicos contrários a lei. 
IMPORTANTE: A insolvência não é só presumida por impontualidade injustificada, 
também ocorre em razão de atos ilícitos praticados e contrários ao universo dos 
credores, que é a base de sustentação para que todos recebam os seus créditos. 
Liquidação nada tem haver com a falência, a liquidação é uma outra lei. As instituições 
bancárias, as instituições securitárias, os consórcios, as empresas de alienação 
fiduciária em garantia não vão à falência a pedido do credor, só vão à falência se na 
liquidação o Banco Central pedir a falência. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 8 49
A insolvência tem dupla vertente: 
Primeira vertente é o titulo de crédito, é a insolvência presumida com impontualidade 
injustificada. 
Segunda vertente é a prática de atos inequívocos, contrários a uma empresa regular que 
costuma pagar os seus débitos dentro do prazolegal, chamada insolvência por prática 
de atos ilícitos. 
O sistema brasileiro é hibrido, ou há insolvência por impontualidade injustificada ou há 
insolvência pela prática de atos mercantis ilícitos e que causam dano aos credores. 
Sobre os 40 salários mínimos, os credores podem se reunir em litisconsórcio a fim de 
satisfazer o limite mínimo. 
Para ocorrer a falência, o devedor não pode ter relevante razão nem direito para não 
pagar, mas sim uma impontualidade injustificada. Se ele não paga por relevante razão 
de direito, ele não é insolvente. 
2º requisito: Ser comerciante ou empresário
Há necessidade de ser uma sociedade empresária. Não cabe falência contra sociedade 
de médicos, sociedade de advogados, sociedade de engenheiros, a não ser quando 
essas sociedades, com exceção dos advogados, tenham como substrato principal a 
engenharia e a medicina, aí são empresas e vão para falência. 
Aulas 03 e 04 (ago/2013) - Direito Falimentar e Recuperacional 
Aula ainda indisponível. 
AULA 05 (19.08.2013) - O DEPÓSITO 
ELISIVO 
Deposito elisivo 
É um instituto de direito processual que tem por finalidade garantir a sentença 
de improcedência do pedido de falência. Esse deposito proíbe a decretação da falência. 
Parágrafo único do Art. 98 da lei das falências: Parágrafo único. 
Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 
desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar 
o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de 
correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese 
em que a falência não será decretada e, caso julgado 
procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o 
levantamento do valor pelo autor. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 9 49
Existe semelhança com o depósito feito em ações fiscais propostas pela fazenda 
para obstar a continuação das multas, juros e correção monetária em face dos 
contribuintes. 
Esse depósito consiste no 
Valor do crédito + honorários advocatícios + juros legais (SELIC) + 
correção monetária, custas e despesas. 
Feito o depósito, abre-se vista para a outra parte. Faltando alguma importância, o 
juiz pode decretar a falência ainda assim. No entanto, existe posição forte de que o juiz 
poderia abrir prazo para complementação de tal valor. 
A natureza jurídica é pressuposto processual negativo da sentença. É uma 
extinção superveniente do direito de cobrar a divida. 
O deposito não pode ser desrespeitado pelo juiz, sob cabimento de recursos ou 
mandado de segurança. 
Dolo na ação de falência 
Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será 
condenado, na sentença que julgar improcedente o pedido, a 
indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em liquidação de 
sentença. 
Ninguém pode dolosamente requerer a falência de outrem, ou seja, ninguém 
pode ingressar com a ação de falência tendo ciência de que a demandada tem condições 
de arcar com suas obrigações, meramente com o intuito de prejudicar a ré. 
§ 1º - Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão 
solidariamente responsáveis aqueles que se conduziram na forma 
prevista no caput deste artigo. 
§ 2º - Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar 
indenização dos responsáveis. 
O fiador e o avalista são exemplos do parágrafo 2º. 
ATOS ILÍCITOS QUE GERAM FALÊNCIA 
Estas hipóteses estão previstas nas alíneas do inciso III do artigo 94 da lei das 
falências. 
Liquidação precipitada 
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança 
mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; 
É exemplo a Fraude de credores com negocio simulado. Privilegia-se um credor 
em detrimento de outros ou ainda realiza pagamentos fraudulentos, ou seja, pagamentos 
com títulos falsificados que visam ludibriar o credor. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 10 49
Retardamento ou fraude de credores 
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o 
objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio 
simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a 
terceiro, credor ou não; 
Auto-explicativo. Além desses casos, dar a determinados credores privilégios 
fraudulentos também enseja na falência. 
Transferencia fraudulenta 
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o 
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens 
suficientes para solver seu passivo; 
É o trespasse. 
Simulação de transferencia 
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com 
o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para 
prejudicar credor; 
A simulação de transferência visa especialmente burlar o fisco, tentando fazer 
com que a empresa escape do pagamento de determinados tributos. Como a competência 
do juízo da falência, como veremos posteriormente, é determinada pelo local do 
estabelecimento principal, a transferencia deste pode demonstrar-se um meio de 
manipular a competência ou retardar/dificultar a ação falimentar. 
Dar garantia fraudulenta 
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída 
anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados 
suficientes para saldar seu passivo; 
Dá em garantia bens sem reservas para arcar com outros passivos, ou seja, esta 
basicamente dando em garantia algo que potencialmente não é seu. 
Ausência e ocultação 
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com 
recursos suficientes para pagar os credores, abandona 
estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local 
de sua sede ou de seu principal estabelecimento; 
Em outras palavras, fugir. 
Desobediência ao plano recuperacional 
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida 
no plano de recuperação judicial. 
A recuperação judicial já é uma das consequências do processo falimentar. Por 
isso, é claro que a desobediência de uma obrigação recuperacional acarretará na imediata 
falência do devedor. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 11 49
AULA 06 (20.08.2013) - LEGITIMIDADE 
LEGITIMIDADE ATIVA PARA REQUERER A FALÊNCIA 
Atenção pois o pedido de falência segue ritos diferentes em função de quem é 
seu autor. 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
I - o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 
desta Lei; 
O próprio devedor pode requerer a falência. Essa é chamada autofalência, e 
segue o rito do art. 105/107 LF. Todos os demais casos seguirão o rito do art. 98, LF. 
Então o próprio devedor também pode requerer a própria falência. 
LF. Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que 
julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação 
judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as 
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade 
empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: (...) 
II - o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou 
o inventariante; 
O cônjuge sobrevivente também pode requerer a falência. Atenção nesse caso 
pois a nova interpretação também admite que aquele que detém união estável requeira a 
falência. 
III - o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do 
ato constitutivo da sociedade; 
Claro, pois eles (tanto II quanto III) têm interesse que o passivo seja solvido. 
IV - qualquer credor. 
Este inciso é o mais importante, e amplia visivelmente o rol dos legitimados 
ativos para propor este tipo de demanda. 
§ 1º - O credor empresário apresentará certidão do Registro 
Público de Empresas que comprove a regularidade de suas 
atividades. 
Ou seja, se o credor não for registrado legalmente ele não poderá requerer a 
falência. 
§ 2º - O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar 
caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de 
que trata o art. 101 desta Lei. 
Serve para o casode o credor perder a falência. Como nesse caso o credor não 
tem domicilio em território nacional, a justiça tem de garantir segurança no caso de 
improcedência da ação. O artigo 101 por sua vez refere-se ao dolo na ação de falência, 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 12 49
vejam: "Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença que 
julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em 
liquidação de sentença". 
A lei diz que pode ser qualquer credor (IV). O credor não precisa ser 
comerciante, mas se for uma sociedade essa deve estar devidamente regulada. Então, as 
sociedades ilegais não podem pedir a falência das regulares, mas as regulares 
podem pedir a falência das ilegais (irregulares). 
Outros que podem requerer falência: 
O avalista pode, o endossante poderá se provar o debito de que pagou e o 
protesto do título. 
Sociedades empresarias também podem requerer falência. As sociedades civis 
não podem. 
CREDOR TRIBUTÁRIO 
O credor Tributário nao pode requerer a falência. O art. 29 da lei 6830 (lei da 
execução fiscal) diz que a fazenda nao pode participar de ações em concurso. Como a 
falencia é um concurso ativo, então o credor fazendário deve ter outros meios, no caso a 
execução. 
Art. 29. A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda 
Pública não é sujeita a CONCURSO de credores ou 
habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário 
ou arrolamento 
Citação 
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação 
no prazo de 10 (dez) dias. 
A citação nesse caso teoricamente não poderia ser realizada por hora certa, muito 
embora atualmente os tribunais vem aceitando isso. A citação por edital é utilizada. 
ENSINAMENTO DO MESTRE
Se o direito processual lhe garante uma via 
curta, não use a longa. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 13 49
AULA 07 (26.08.2013) - A DEFESA 
A citação só pode ser pessoal ou por edital. Não se admite correios. 
A ré pode realizar o deposito Elisivo no prazo da contestação. O mero deposito 
sem contestação no entanto ainda implica na revelia. 
Se o réu deposita mas ganha na defesa, o autor perde, e este deverá pagar as 
custas, honorários, e eventualmente o dolo de que trata o art. 101, se houver. O réu então 
levantará para si o deposito que fizera anteriormente, e poderá prosseguir com o 
processo para cobrar aquelas verbas (custas, etc). 
Lembre-se que o deposito elisivo é pressuposto negativo da sentença de falência, 
mas não de uma sentença de condenação de cobrança. 
Obs.: o sócio só será réu junto da pessoa jurídica nas sociedades de 
responsabilidade ilimitada. 
Nesses casos, os bens dos sócios são arrecadados junto da sociedade, exceto os 
bens descritos no art. 649 CPC (impenhoráveis), e os bens de família da lei 8009. Há 
também o beneficio de ordem, ou seja, os bens da sociedade serão atingidos 
anteriormente. 
Nos casos de sociedades de responsabilidade limitada, somente os bens da 
empresa serão atingidos. 
Se for empresário individual também ele poderá se defender pessoalmente na 
demanda. 
Para haver falência devem haver: 
• Insolvência 
• Atividade econômica 
• Sentença de procedência da FALÊNCIA 
Casos de contestação (não decretação da falência) 
A lei diz os casos de contestação: 
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do 
caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: 
I - falsidade de título; 
Essa é a mesma falsidade do direito penal, e envolve a falsidade material e 
ideológica. 
Material - é alteração do título. É mudança dos valores existentes no título ou nas 
datas, prazos, e outros dados pertinentes ao título. Também há a contrafação parcial ou 
total. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 14 49
Contrafação - é mudança total ou parcial do título. Na contrafação há a 
adição de pessoas, valores, etc. 
Ideológica - é exemplo a duplicata fria, ou seja, quando o réu não fez qualquer 
tipo de compra e venda com o autor mas o título existe. A falsidade ideológica consiste 
em uma falsidade criada do zero, sem base em outro título, criando uma relação jurídica 
fraudulenta. Na ideológica portanto, o titular do título não faz parte da criação do mesmo. 
II - prescrição; 
A prescrição é algo que requer muita atenção pois os diversos títulos de credito e 
dividas tem períodos prescricionais distintos. O cheque por exemplo deve ser 
apresentado no prazo de trinta dias ao banco e, se ele voltar sem fundos, deverá haver a 
ação dentro de seis meses. No caso da duplicata, o prazo para propositura é de três anos, 
assim como nas letras de câmbios e promissórias, contando a partir do vencimento do 
título. 
Se houverem outros títulos, eles são os do código civil, cujo prazo é de cinco 
anos. Honorários advocatícios também tem prazo prescricional de cinco anos. 
III - nulidade de obrigação ou de título; 
A nulidade pode ser absoluta ou relativa (anulabilidade). A total ocorre nos casos 
de nulidade absoluta, como incapacidade total dos agentes. A anulabilidade requer uma 
analise mais próxima do juiz, pois envolve situações como dolo, culpa, etc. Ou seja, 
nulidades relativas dependem de caso a caso, pois para gerar anulabilidade, o erro por 
exemplo deve ser grave, e não escusável. 
A coação implica na nulidade, lembrando apenas que essa deve ser irresistível, 
ou seja, grave e injusta. Outro exemplo de nulidade é o estado de perigo (necessidade). 
Fraude contra credores - A fraude contra credores constitui defeito social do 
negócio jurídico, que, nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves: “não conduzem a um 
descompasso entre o íntimo querer do agente e a sua declaração. A vontade manifestada 
corresponde exatamente ao seu desejo. Mas é exteriorizada com a intenção de prejudicar 
terceiros ou de fraudar a lei”. (Direito Civil – Parte Geral, vol. I, São Paulo, Ed. Saraiva, 
1997, p. 98)
Na fraude contra credores ocorre, por exemplo, o reforço da garantia. 
IV - pagamento da dívida; 
Obviamente, o pagamento da dívida inviabiliza a falência. 
V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda 
obrigação ou não legitime a cobrança de título; 
Esse inciso V é muito importante, pois ele faz com que o rol não seja taxativo, 
mas exemplificativo, uma vez que abre as hipóteses para outras não previstas serem 
possíveis. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 15 49
Em razão disso, além das situações previstas neste artigo, outros fatos extintivos 
da obrigação podem ser arguidos em contestação. 
VI - vício em protesto ou em seu instrumento; 
O protesto que é realizado deve ter intimação em face do devedor, sendo feito a 
ele próprio ou na pessoa daquele que representa o devedor. O STF diz que é nulo o 
protesto que não descreve pessoalmente aquele que recebeu a intimação. 
VII - apresentação de pedido de recuperação 
judicial no prazo da contestação, observados os 
requisitos do art. 51 desta Lei; 
"A melhor defesa". É quando o devedor diz que quer a recuperação 
judicial. Nesse caso o pedido de falência é suspenso e procede-se a 
recuperação. 
VIII - cessação das atividades empresariais mais de 
2 (dois) anos antes do pedido de falência, 
comprovada por documento hábil do Registro 
Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra 
prova de exercício posterior ao ato registrado. 
Se as atividades empresariais foram cessadas dois anos antes do pedido de 
falência, a mesma não prosseguirá, desde que o documento próprio para comprovar esse 
fato seja apresentado. 
Note que mesmo após a extinção "oficial" da empresa, se ela continuar exercendo 
atividade empresarial, ainda que irregularmente, ainda poderá ficar suscetível à falência, 
bastando ao autor demonstrar que de fato a empresa teve exercício posterior à sua 
extinção oficial.Peculiaridades
§ 1º - Não será decretada a falência de sociedade anônima após liquidado e 
partilhado seu ativo nem do espólio após 1 (um) ano da morte do devedor. 
§ 2º - As defesas previstas nos incisos I a VI do caput deste artigo não obstam a 
decretação de falência se, ao final, restarem obrigações não atingidas pelas defesas em 
montante que supere o limite previsto naquele dispositivo. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 16 49
AULA 08 (27.08.2013) - COMPETÊNCIA 
Competência do juízo falimentar
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação 
extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a 
falência o juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
Fixa o chamado princípio da unicidade do juízo da falência. Segundo Fábio 
Coelho é o estabelecimento maior, mas a jurisprudência diz que o juízo do principal 
estabelecimento é onde irradia o centro de negócios da empresa, ou seja, é de 
onde vêm as decisões da sociedade. Ex.: os magazine Luiza são da cidade de Franca. São 
Paulo e Rio de Janeiro tem filiais maiores, mas as decisões ainda são tomadas de Franca. Por isso, 
o juízo de Franca seria o competente para julgar uma ação falimentar envolvendo esses 
magazines. 
Diz-se que isso é a visa atrativa, é força atrativa de todas as ações falimentares, 
que deverão ser processadas neste juízo. 
Ações que este juízo processará:
• Ação de anulação de credito a favor de determinado credor 
• Ação de fraude contra credores 
• Ação anulatória de negocio jurídico da falida 
• Ações revogatórias (art. 130, 131, lei das falências) 
• Anulação de síndico 
• Rejeição de habilitação de credito 
• Ação anulatória de habilitação de credito 
• Ação de redução de credito 
• Demais ações falimentares, seja a sociedade ré ou autora, pois o juízo é universal e 
indivisível 
A dificuldade é diferenciar quais são as ações falimentares e quais não são. Por 
exemplo, se a falida entra com ação de indenização por dano em seu veículo a 
competência não será a mesma, mas sim a comum. 
O juízo da falência é diferente do juízo das ações comuns. 
Art. 126. Nas relações patrimoniais não reguladas 
expressamente nesta Lei, o juiz decidirá o caso atendendo à 
unidade, à universalidade do concurso e à igualdade de 
tratamento dos credores, observado o disposto no art. 75 desta 
Lei. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 17 49
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de 
suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização 
produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os 
intangíveis, da empresa. 
Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos 
princípios da celeridade e da economia processual. 
Então o juízo especial é somente para ações de cunho essencialmente falimentar. 
Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para 
conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do 
falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não 
reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou 
litisconsorte ativo. 
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no 
caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador 
judicial, que deverá ser intimado para representar a massa 
falida, sob pena de nulidade do processo. 
Então existem exceções para a competência deste juízo único e universal. 
Exceções à competência do juízo falimentar
1ª Exceção: Ações Trabalhistas - as ações trabalhistas e os créditos 
conseqüentes trabalhistas só podem ser julgados por juízo específico trabalhista em razão 
de uma designação ratione materie constitucional. O juiz comum só pode fazer algo com a 
verba trabalhista após sua decisão e liquidação na justiça trabalhista. O juiz comum só 
verificará se o credito é trabalhista stricto senso ou não, para fins de classificação, já que o 
crédito trabalhista é o prioritário na lei: 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à 
seguinte ordem: 
I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 
150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os 
decorrentes de acidentes de trabalho; 
2ª Exceção: Ações de justiça federal - o juízo federal desloca a competência da 
justiça comum, rescindindo o juízo universal da falência. 
3ª Exceção: Ações de execução fiscal - o art. 187 do CTN e 28 da execução 
fiscal proíbem a fazenda de participar de concurso de credores. Ora, a falência é uma 
execução coletiva. Por isso, a fazenda não pode participar da falência, razão pela qual a 
ação fiscal tem via autonoma. Note que a ação fiscal vai meramente declarar a existência 
da dívida, e uma vez declarada ela entra na ordem hierárquica de credito da falência. 
NÃO TEM PENHORA NA FALÊNCIA, pois há arrecadação. Os atos 
constritivos como sequestro, arresto, penhora, etc., não funcionam na falência, mas sim a 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 18 49
arrecadação. O pagamento é feito por ordem hierárquica de credito, e nao por ordem de 
penhora. 
A única penhora que sobrevive na falência é a do crédito fiscal, pois a fazenda 
não faz parte da falência. Se a penhora é realizada depois do inicio da falência, então ela 
será realizada no rosto dos autos, para garantir o recebimento do crédito fiscal. 
Então o juiz fiscal penhora, apura e recolhe o dinheiro da execução fiscal, e então 
manda esse dinheiro para o juízo da falência. Como o crédito fiscal é o terceiro na 
hierarquia, o juiz da falência que dirá se há credito anterior, e, se sobrando, os créditos 
fiscais serão pagos. 
4ª exceção: Quantia Ilíquida - durante a falência, há uma ação contra a falida 
por indenização por quantia ilíquida. Nesses casos, ela deve ser julgada até o fim no juízo 
da quantia ilíquida. Então, quando essa quantia tornar-se líquida, o juízo comum poderá 
ainda fazer o leilão de bens do devedor para obter tal quantia e por fim envia-la para o 
juízo falimentar, para entrar no bolo e ser paga conforme a hierarquia de crédito. 
Esses processos serão paralelos, mas se o processo da falência estiver na frente, 
poderá ser aplicado o artigo 6º: 
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do 
processamento da recuperação judicial suspende o curso da 
prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, 
inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário. 
§ 1º - Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se 
processando a ação que demandar quantia ilíquida. 
§ 2º - É permitido pleitear, perante o administrador judicial, 
habilitação, exclusão ou modificação de créditos derivados da 
relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, 
inclusive as impugnações a que se refere o art. 8º desta Lei, 
serão processadas perante a justiça especializada até a 
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-
geral de credores pelo valor determinado em sentença. 
§ 3º - O juiz competente para as ações referidas nos §§ 1º 
(quantia ilíquida) e 2º (trabalhista) deste artigo poderá 
determinar a reserva da importância que estimar devida na 
recuperação judicial ou na falência, e, uma vez reconhecido 
líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. 
5ª exceção: Ações de competência absoluta - denunciação de obra nova, as 
ações reivindicatórias, as ações possessórias, as ações demolitórias, ações de despejo, etc, 
são ações previstas no CC, e têm competência absoluta. 
Essa é uma exceção pois essas ações não tem cunho falimentar, tendo 
competência absoluta o juízo do local onde se encontra o bem. 
No caso de ações de despejo o juízo é o do domicilio do réu, salvo foro de eleição. 
Nas ações de foro rei sitae (foro da situação da coisa), o juízo deve ser o desse foro. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 19 49Se a ação for falimentar, o foro privilegiado é o da falida, mesmo que ela seja 
autora. 
 
AULA 09 (02.09.2013) - A 
SENTENÇA FALIMENTAR 
A sentença falimentar
A sentença da falência (art. 99) é dividida em três partes. 
1ª Parte (Síntese)
A sentença fixará a síntese do pedido, identificar o falido, administradores e 
ademais sócios falidos se houver. 
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre 
outras determinações: 
I - conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os 
nomes dos que forem a esse tempo seus administradores; 
2ª parte (Estabelecimento do período suspeito)
A sentença falimentar retrotrai, "volta para trás". A sentença busca a insolvência 
para trás, noventa dias antes da data do primeiro protesto ou do pedido de recuperação 
judicial transformado em falência. 
II - fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por 
mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do 
pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto 
por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os 
protestos que tenham sido cancelados; 
Esse período é considerado como "período suspeito", ou termo legal da 
falência. É o período de noventa dias que antecede uma das situações descritas no inciso 
II. Durante esse período, os negócios jurídicos citados no art. 129 da lei das falências são 
ineficazes perante a massa. Cuidado pois os negócios nao são nulos, mas meramente são 
ineficazes, ou seja, nao valem e nao causam efeitos na massa falida. Vejamos: 
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não 
o contratante conhecimento do estado de crise econômico-
financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar 
credores: 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 20 49
I - o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo 
devedor dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do 
direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título; 
Se o falido paga um título nao vencido nesse tempo, ele será considerado sem 
efeito, para resguardar a ordem de pagamento da falência. Nesses casos, uma ação 
revogatória é cabível, para promover a devolução do dinheiro. 
II - o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado 
dentro do termo legal, por qualquer forma que não seja a 
prevista pelo contrato; 
Se houver um adimplemento de dívida por uma forma não prevista 
contratualmente, tal ato será ineficaz perante a massa. Ex.: pagar com dinheiro quando a 
forma prevista era em saca de cafés ou vice-versa. 
III - a constituição de direito real de garantia, inclusive a 
retenção, dentro do termo legal, tratando-se de dívida 
contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem 
objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte 
que devia caber ao credor da hipoteca revogada; 
Então é ineficaz nesse lapso de tempo do período suspeito reforçar uma garantia 
para quem já tem essa garantia com o mesmo empréstimo e com o mesmo valor. 
IV - a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes 
da decretação da falência; 
Então, se por acaso o falido faz doação de bens dentro de dois anos antes da 
decretação da falência, tal negocio também é ineficaz. 
V - a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da 
decretação da falência; 
A renúncia à uma herança ou legado é um ato no mínimo "incomum". Advindo 
de uma empresa ou dirigente de empresa que em seguida tem a falência decretada, esse 
ato torna-se muito suspeito, pois faz supor que o renunciante já conhecia o estado 
iminente da falência, ou pior, já tinha como intenção fraudar credores. 
VI - a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o 
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores, 
a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens 
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 
(trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem 
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do 
registro de títulos e documentos; 
É vender a empresa sem autorização dos credores quando ela já não tem 
comprovadamente bens suficientes para solver seu passivo. Esse ato também é 
considerado ineficaz perante a massa. 
VII - os registros de direitos reais e de transferência de 
propriedade entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 21 49
averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da 
falência, salvo se tiver havido prenotação anterior. 
Então depois de decretada a falência não se pode mais haver transferência de 
bens ou registro. ATENÇÃO POIS ESSE INCISO, DIFERENTEMENTE DOS 
RESTANTES, FAZ NULO O NEGÓCIO JURÍDICO. 
Além disso, é possível a revogação de negócios jurídicos, com fulcro no artigo 130 
da lei. 
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de 
prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o 
devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo 
sofrido pela massa falida. 
Essa ineficácia só é eficaz se a falência for até o fim. Se houver uma recuperação 
judicial ou acordo, então os atos anteriores não serão afetados. 
3ª parte (nominação dos credores)
III - ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 
(cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, 
importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, 
se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de 
desobediência; 
Essa lista é obrigatória, se já não existente, e balizará toda a falência. Isso facilita a 
falência, pois caso contrario haveria uma habilitação de credito credor por credor. Isso 
em uma empresa que tivesse 15 mil credores tornaria o procedimento da habilitação do 
credito infinita. 
AULA 10 (03.09.2013) - 
REVOGABILIDADE NA FALÊNCIA 
Recapitulando: os pagamentos realizados pelo falido durante o período suspeito 
serão ineficazes perante a massa, bem como os pagamentos feitos em outras moedas que 
não a prevista, ou que reforçar garantia de negócio jurídico já existente sem altera-lo, e 
assim por diante, de acordo com os artigos que vimos na aula anterior. 
Lembre-se que nao se trata nulidade. O ato é válido, e será ineficaz perante a 
massa. Isso significa que, no fim, se durante a falência aquela transação não for afetada, 
então ela continuará valendo. Se ela fosse nula, ela não persistiria valendo. 
Art. 129. Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de 
ofício pelo juiz, alegada em defesa ou pleiteada mediante ação 
própria ou incidentalmente no curso do processo. 
Tratando da ação revogatória, do artigo 130 da lei das falências, o procedimento é 
diferente, podendo atingir inclusive um período anterior ao suspeito. 
No entanto, para esse caso, de estar provado o dolo de fraude contra credores. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 22 49
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de 
prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o 
devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo 
sofrido pela massa falida. 
Então nós temos DUAS formas de atingir atos realizados pela falida. A 
declaração de ineficácia ou a Revogabilidade. 
O prazo no caso da revocatória é de três anos: 
Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, 
deverá ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer 
credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três) anos 
contado da decretação da falência. 
Legitimidade ativa
Podem propor a ação qualquer credor, o administrador judicial, ou o MP, 
conforme o artigo supracitado. 
Legitimidade passiva
Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida: 
I - contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito 
dele foram pagos, garantidos ou beneficiados; 
Qualquer um que conste na relaçãojurídica a ser revogada. 
II - contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, 
ao se criar o direito, da intenção do devedor de prejudicar os 
credores; 
Ou seja, os terceiros devem estar de MÁ FÉ! 
III - contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas 
nos incisos I e II do caput deste artigo. 
Então a falência pode perseguir e atingir até mesmo a sucessão. 
Recapitulando, a ação revogatória se propõe contra todos aqueles que figuram no 
ato a ser revogado, contra os beneficiados, e contra os terceiros adquirentes. 
Contra os terceiros adquirentes no entanto, só cabe a ação se por acaso houver 
prova de que eles tinham conhecimento de que a transferencia para eles estava 
prejudicando terceiros credores. 
Em outras palavras, um dos legitimados ativos tem que provar que os terceiros 
sabiam que estavam prejudicando os credores. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 23 49
Procedimento
Art. 134. A ação revocatória correrá perante o juízo da falência 
e obedecerá ao procedimento ordinário previsto na Lei no 
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
Rito ordinário. A ação corre em autos apartados nos mesmos autos da falência. A 
falência continua correndo enquanto é julgada a ação revocatória. 
Efeitos da sentença
Art. 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória 
determinará o retorno dos bens à massa falida em espécie, com 
todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos das 
perdas e danos. 
Parágrafo único. Da sentença cabe apelação. 
A sentença que declarar a revogação procedente fará os bens e seus acessórios 
voltarem à massa falida, em espécie e acrescidos das devidas correções, inclusive perdas e 
danos, como no caso de que o terceiro adquirente sabia do vício contido no negócio 
jurídico. 
Se o terceiro está de boa fé, ele terá direito a receber de volta o que pagou. 
A apelação de que trata o parágrafo único é processada no próprio juízo e 
encaminhada para uma das câmaras do TJ correspondente. 
Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a 
ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o 
contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou 
valores entregues ao devedor. 
§ 1º - Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não 
será declarada a ineficácia ou revogado o ato de cessão em 
prejuízo dos direitos dos portadores de valores mobiliários 
emitidos pelo securitizador. 
§ 2º - É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, 
propor ação por perdas e danos contra o devedor ou seus 
garantes. 
Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação 
revocatória, ordenar, como medida preventiva, na forma da lei 
processual civil, o seqüestro dos bens retirados do patrimônio 
do devedor que estejam em poder de terceiros. 
Segundo o professor Sérgio Resende, no caso do sequestro o ônus 
de provar a boa fé é do terceiro adquirente, e não do autor. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 24 49
Continuando sobre a recapitulação da sentença falimentar
III - ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 
(cinco) dias, relação nominal dos credores, indicando endereço, 
importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, 
se esta já não se encontrar nos autos, sob pena de 
desobediência; 
Essa lista é obrigatória, se já não existente, e balizará toda a falência. Isso facilita a 
falência, pois caso contrario haveria uma habilitação de credito credor por credor. Isso 
em uma empresa que tivesse 15 mil credores tornaria o procedimento da habilitação do 
credito infinita. 
Essa lista permite ao síndico fazer o quadro geral de credores, respeitando a 
hierarquia de credito. 
Continuando as partes da sentença 
Agora que já recapitulamos as três partes anteriores, vejamos as seguintes: 
IV - explicitará o prazo para as habilitações de crédito, 
observado o disposto no § 1º do art. 7º desta Lei; 
O parágrafo 1º do artigo 7º diz: "§ 1º - Publicado o edital previsto no art. 52, § 1º, ou 
no parágrafo único do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para 
apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos 
relacionados." 
V - ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções 
contra o falido, ressalvadas as hipóteses previstas nos §§ 1º e 
2º do art. 6º desta Lei; 
Então a sentença falimentar suspende todas as ações executórias, salvo quantia 
ilíquida, trabalhista e débitos federais, que são exceções que nós já vimos em aulas 
passadas. Se você não lembra volte um pouco e dê uma olhada. 
Se suspende as ações, as penhoras são também 
suspensas. Isso ocorre porque com a sentença o administrador 
judicial arrecadará os bens, e essa arrecadação é um ato de 
constrição também, sendo as outras constrições suspensas. 
Portanto, A ARRECADAÇÃO SUBSTITUI AS PENHORAS, 
EXCETO AS FISCAIS. 
VI - proibirá a prática de qualquer 
ato de disposição ou oneração de 
bens do falido, submetendo-os preliminarmente à 
autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os 
bens cuja venda faça parte das atividades normais do devedor 
se autorizada a continuação provisória nos termos do inciso 
XI do caput deste artigo; 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 25 49
A venda de qualquer bem fica proibida, a não ser os bens que fazem parte da 
atividade normal da empresa na hipótese de o juiz na sentença determinar a 
continuidade dos negócios do falido, que estará sob a fiscalização do administrador 
judicial e outro administrador nomeado que prestará contas periodicamente. 
Esse administrador a ser escolhido pode ser um dos descritos no artigo 21: "Art. 
21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, 
administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada." 
VII - determinará as diligências necessárias para 
salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo 
ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus 
administradores quando requerida com fundamento em 
provas da prática de crime definido nesta Lei; 
A prisão pode ocorrer na hipótese de crimes previstos na própria lei de falência, 
que veremos posteriormente. 
VIII - ordenará ao Registro Público de Empresas que 
proceda à anotação da falência no registro do devedor, para 
que conste a expressão "Falido", a data da decretação da 
falência e a inabilitação de que trata o art. 102 desta Lei; 
Dessa forma, a condição de falida da empresa estará pública. Além disso, o falido 
fica inabilitado: "Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade 
empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas 
obrigações" (...); 
IX - nomeará o administrador judicial, que desempenhará 
suas funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta 
Lei sem prejuízo do disposto na alínea a do inciso II do 
caput do art. 35 desta Lei; 
Auto explicativo. 
X - determinará a expedição de ofícios aos órgãos e 
repartições públicas e outras entidades para que informem a 
existência de bens e direitos do falido; 
Serve para buscar outros bens que possivelmente ainda não foram adicionados. 
XI - pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das 
atividades do falido com o administrador judicial ou da 
lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 
109 desta Lei; 
Então as atividades do falido pode ser continuada ou o estabelecimento pode ser 
lacrado. 
XII - determinará, quando entender conveniente, a convocação 
da assembléia-geral de credores para a constituição de Comitê 
de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 26 49
Comitê eventualmente em funcionamento na recuperação 
judicial quando da decretaçãoda falência; 
Veremos mais sobre o comitê oportunamente. 
XIII - ordenará a intimação do Ministério Público e a 
comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal e de 
todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver 
estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
De cunho meramente processual. O MP e pessoas políticas tem de saber da 
existência da falência. 
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da 
decisão que decreta a falência e a relação de credores. 
Favorecendo assim a publicidade do ato, pois a falência é de interesse de toda a 
sociedade. 
AULA 11 (09.09.2013) - AÇÕES 
INCIDENTAIS NA FALÊNCIA 
Diferentemente do direito civil e direito processual civil, na falência nós temos 
praticamente duas ações para buscar os bens que foram dispostos e possuídos pelo 
falido, a restitutória e os embargos de terceiro. 
Ação restitutória 
Se no direito processual civil há as ações possessórias e reivindicatórias, aqui (na 
falência) há uma conotação muito mais simples, pois trata-se de apenas um tipo de ação: 
a restitutória, que engloba tanto as possessórias quanto reivindicatórias. 
No processo falimentar não há portanto a distinção entre aquelas ações como faz 
o código civil. 
As ações de restituição se encontram no art. 85 até 93 da lei das falências. 
Cuidado: a ação revocatória pode revogar a restitutória. 
Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a 
ação revocatória, as partes retornarão ao estado anterior, e o 
contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou 
valores entregues ao devedor. 
Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, 
ainda que praticado com base em decisão judicial, observado 
o disposto no art. 131 desta Lei. 
Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, 
ficará rescindida a sentença que o motivou. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 27 49
Então, se o juiz no começo da lide concede embargos de terceiro ou julga 
procedente ação de restituição, e ao final se percebe que essas ações foram fraudulentas, 
a ação revocatória pode revogar o anteriormente concedido, mesmo judicialmente e com 
trânsito em julgado. 
Hipótese de cabimento
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de 
falência ou que se encontre em poder do devedor na data da 
decretação da falência poderá pedir sua restituição. 
Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de 
coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) 
dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não 
alienada. 
O administrador judicial não pode discricionariamente escolher se os bens que 
se encontram na posse da empresa falida pertencem a terceiro. O terceiro portanto só 
terá liberação desses bens com autorização judicial mediante ação restitutória. 
A ação restitutória é em regra uma ação dominial (ligada à propriedade), mas 
também pode advir de outras relações, como por exemplo o comodato, e o aluguel. 
Há um problema. O legislador permitiu a restituição na hipótese de venda a 
prazo cuja a entrega se deu em até quinze dias antes do pedido de falência. Se esse bem 
nao se encontrar mais na posse do falido, o produto da venda deve ser colocado 
a disposição do vendedor credor. 
Então, tanto a propriedade (direito real) quanto a posse (direito pessoal) podem 
acarretar a ação de restituição. 
Hipóteses em que a restituição se faz em dinheiro
• Se a coisa não existir ao tempo da restituição 
• Se houver ocorrido a venda do bem 
Em ambos os casos recebe-se o valor atualizado. 
No caso da alienação fiduciária em garantia é diferente, pois o credor é dono e 
portanto titular do domínio, logo tendo direito à restituição do bem. 
Outros entendem que o juiz ouvirá o administrador judicial e poderá determinar 
que o bem não seja devolvido. 
Nesses casos de alienação fiduciária em garantia, a ação cabível é de busca e 
apreensão, onde poderá ser concedida liminar para o credor. Se o bem some, a única 
chance que o credor fiduciário tem é o de habilitar seu crédito na massa falida. 
Embargos de terceiro 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 28 49
Os embargos de terceiro também podem ser intentados para recuperar bens. Em 
geral, tanto embargos de terceiro quanto restitutória cabem simultaneamente, exceto 
para um caso: turbação na posse. 
No caso da turbação na posse, só caberá embargos de terceiro. Ex.: o terceiro fica 
sabendo que o administrador judicial arrecadará bens. 
Não poderíamos pedir a restituição de algo que ainda não esta sob apreensão 
judicial. 
Nos embargos cabe liminar. 
AULA 12 (10.09.2013) - AÇÕES 
INCIDENTAIS CONT. 
Lembretes: 
A restituição serve tanto para posse como para domínio. 
Quando nao há restituição, será cabível também embargos de terceiro, 
especialmente na hipótese de turbação, seja na posse, seja no domínio. 
Com relação à propriedade, se for arrecadado bem de terceiro, ele terá direito à 
restituição. Esse bem de terceiro ocorre quando o terceiro é dono de determinado bem e 
o administrador judicial (sindico) arrecada o bem que pertencia a ele, seja a título de 
propriedade ou posse (locação, comodato, etc). 
O sindico não tem discricionariedade para aferir quem é proprietário ou nao. Ele 
meramente arrecadará tudo o que estiver com o falido. 
Obs.: não há reintegração de posse. Se o bem estiver na posse de falido e 
pertencer a outrem, a ação é de restituição, e não de reintegração de posse. 
Pode até haver a reintegração de posse se proposta antes da ação de falência. 
Se há uma venda para terceiro, deve haver avaliação do bem e restituição em 
dinheiro. 
Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: 
I - se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de 
restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da 
avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o 
respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; 
Obviamente, se a coisa não existir mais, não há como entrega-la ao restituendo, 
que deverá receber a quantia equivalente. 
II - da importância entregue ao devedor, em moeda corrente 
nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio 
para exportação, na forma do art. 75, §§ 3º e 4º, da Lei no 4.728, 
de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 29 49
inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas 
normas específicas da autoridade competente; 
Esse caso é conhecido como credito de exportação. Como a exportação, para se 
efetivar, demora, as empresas requerem um crédito ao banco para compensar isso. 
Havendo falência, o dinheiro entregue ao devedor será restituído imediatamente em 
dinheiro. 
Nesse caso, o banco tem direito ao adiantamento ao contrato de cambio. 
III - dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-
fé na hipótese de revogação ou ineficácia do contrato, 
conforme disposto no art. 136 desta Lei. 
O contratante de boa fé pode, por exemplo, comprar uma filial da empresa. O juiz 
reconhece uma fraude contra credores mas admite que o comprador esta de boa fé. 
Então, um pedido de restituição pode ser feito pelo comprador, que receberá a quantia 
paga. 
Parágrafo único. As restituições de que trata este artigo 
somente serão efetuadas após o pagamento previsto no art. 151 
desta Lei. 
Venda e compra com reserva de domínio
Vende-se um bem, mas há um domínio resolúvel onde o credor só passa a não 
ser dono quando ele recebe o ultimo valor devido pelo contrato. 
Nesse caso, se o comprador vai para a falencia, os bens arrecadados são do 
credor, e não do falido, e esse pode pedir a restituição. 
Leasing
Financeiro - o titular do leasing não é o dono, então caberá restituição também. 
Nesse caso, acredita-se queo juiz deve perguntar o que o sindico prefere fazer: 
continuar pagando o leasing e reter o bem ou devolve-lo. 
Leasing de aeronaves - nesse caso temos uma exceção: 
Art. 199. Não se aplica o disposto no art. 198 
desta Lei às sociedades a que se refere o art. 
187 da Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 
1986. 
§ 1º - Na recuperação judicial e na falência das 
sociedades de que trata o caput deste artigo, 
em nenhuma hipótese ficará suspenso o 
exercício de direitos derivados de contratos de 
locação, arrendamento mercantil ou de 
qualquer outra modalidade de arrendamento 
de aeronaves ou de suas partes. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 30 49
Alienação fiduciária em garantia 
No caso da alienação fiduciária em garantia o proprietário é o arrendador, e o 
falido poderá ser o arrendatário, que é a massa falida. 
Diz a jurisprudência que o sindico nesse caso pode continuar pagando o preço 
devido e reter o bem, se isso for interessante a massa. 
Na alienação fiduciária em garantia cabe busca e apreensão. Se por acaso o bem 
não for encontrado nas mãos do falido ou da massa falida, o arrendador deverá habilitar 
seu crédito. Esse crédito é quirografário, pois o STJ já assinalou que a alienação 
fiduciária em garantia é praticamente uma venda e compra. 
Procedimento da restituição
Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente 
determinará a entrega da coisa no prazo de 48 (quarenta e oito) 
horas. 
Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será 
condenada ao pagamento de honorários advocatícios. 
Sentença
Da sentença caberá apelação. 
Embargos de terceiro
É possível tanto o pedido de restituição quanto embargos de terceiro 
simultaneamente. No entanto, se passar o prazo para restituição ou nao for essa cabível, 
caberá embargos de terceiro. 
AULA 13 (16.09.2013) - EFEITOS DA 
FALÊNCIA 
Efeitos em relação aos contratos
A lei estrutura os contratos. Se no direito privado as relações contratuais 
normalmente são livres, e tendo algumas relações com intervenção estatal como a 
locação, aqui na falência as relações contratuais devem ser direcionadas ao instituto da 
falência. Primeiro porque a falência não pode se eternizar, ela tem um prazo que deve ser 
respeitado. Em segundo lugar, os credores devem receber os seus créditos, e como esses 
créditos nunca são totais deve haver uma premência para a solução dos contratos 
favorecendo os credores na sua ordem hierárquica de credito. 
A lei divide contratos uni e bilaterais. Não existe contratos unilaterais quanto a 
sua formação. Os efeitos do contrato é que podem ser unilaterais ou bilaterais. Nos 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 31 49
contratos unilaterais, se a falida for credora ela deverá cumprir o contrato. Se a falida for 
devedora o síndico deverá optar pela continuidade do contrato ou não. 
Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do 
Comitê, poderá dar cumprimento a contrato unilateral se esse 
fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou 
for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, 
realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada. 
Nota: danos emergentes são devidos contra a massa falida, mas não lucros 
cessantes. 
No contrato bilateral (aquele que nasce, vive, e se extingue bilateralmente), a 
regra é a mesma: Se o administrador entender correto continuar com o cumprimento do 
contrato, então se continuará. 
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e 
podem ser cumpridos pelo administrador judicial se o 
cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa 
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus 
ativos, mediante autorização do Comitê. 
O administrador responderá se sua decisão causar dano. 
§ 1º - O contratante pode interpelar o administrador judicial, 
no prazo de até 90 (noventa) dias, contado da assinatura do 
termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias, 
declare se cumpre ou não o contrato. 
§ 2º - A declaração negativa ou o silêncio do administrador 
judicial confere ao contraente o direito à indenização, cujo 
valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito 
quirografário. 
Se em 90 dias o administrador não se manifesta, o credor pode se manifestar, 
requerendo sua manifestação. 
Negrão diz que nem sempre esse credito será quirografário. 
Regras próprias da lei de falência para as relações contratuais
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas 
prevalecerão as seguintes regras: 
Stoppage in transitu 
I - o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas 
ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do 
requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à 
vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues 
ou remetidos pelo vendedor; 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 32 49
O vendedor pode obstar a entrega da coisa enquanto ela ainda está em transito 
se o credito não é honrado. Essa pratica é chamada Stopagge in Transitu. 
Em outras palavras, é ato pelo qual o vendedor obsta a entrega de uma 
mercadoria ao comprador que tem decretada a sua falência. 
Se o comprador já tiver revendido as mercadorias enquanto elas estavam em 
trânsito, o stoppage in transitu não será possível. 
Há um porém aqui: 
Entrega simbólica - o comprador vai até a industria do vendedor, e logo as 
mercadorias estão em transito por conta do comprador. Nesse caso, não há como impedir 
a entrega do bem, devendo o vendedor habilitar o crédito. 
Não há entrega simbólica - o vendedor vai entregar os bens ao comprador, 
arcando com o transito. Nesse caso é possível o Stopagge in transitu. Se a entrega for 
posterior aos quinze dias, vai depender do administrador judicial assinalar se quer ficar 
com a coisa ou não. 
Se o comprador não vendeu pra terceiro e não tem interesse, então será 
permitido o Stopagge in transitu, caso contrario, não se poderá obstar a entrega. 
II - se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador 
judicial resolver não continuar a execução do contrato, poderá 
o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já 
recebidas, pedindo perdas e danos; 
Se a venda é de coisa composta e nem todos os componentes foram entregues, 
há essa opção, em que a devedora massa falida pode não continuar a executar o contrato, 
e o comprador que já recebeu algumas partes do produto composto pode devolve-las, 
ocasião em que receberá suas perdas e danos. 
AULA 14 (17.09.2013) - CONTRATOS NA 
FALÊNCIA 
III - não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado 
serviço que vendera ou contratara a prestações, e resolvendo o 
administrador judicial não executar o contrato, o crédito 
relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; 
A massa falida devolve como credito extra falimentar, ou seja, nao será 
necessária habilitação. 
IV - o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a 
coisa móvel comprada pelo devedor com reserva de domínio 
do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, 
exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores 
pagos; 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 33 49
A reserva de domínio nao foi regulada pelo código de processo civil. Na venda e 
compra com reserva de domínio, o domínio pleno fica nas mãos do vendedor, enquanto 
que o resolúvel é adquirido pelo comprador. Ocorre que o contrato tem uma data e prazo 
para serem pagos os bens. 
Se o comprador não paga, o vendedor tem o direito de reaver todos os bens 
novamente, pois pertence a ele o domínio. Na falência, uma vez decretada a falência do 
comprador, o vendedor tem direito à restituição. O síndico no entanto pode continuar 
pagando. 
Se for restituir o credor, o credor deve receber somente o que lhe é devido. Se 
elereceber a mais, entregará o que recebeu a mais à massa falida, e se recebeu a menos 
deverá habilitar o crédito. 
V - tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham 
cotação em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato 
pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-
se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da 
época da liquidação em bolsa ou mercado; 
VI - na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a 
legislação respectiva; 
Aplica-se a legislação do compromisso particular de venda e compra. Lá diz que 
se por acaso falir o devedor, o administrador judicial é obrigado a levar a leilão o 
compromisso de venda e compra. 
Levando a leilão, o novo adquirente assume as prestações futuras, sendo 
obrigado a pagar como fruto do leilão. As prestações fazem parte do leilão. 
VII - a falência do locador não resolve o contrato de locação e, 
na falência do locatário, o administrador judicial pode, a 
qualquer tempo, denunciar o contrato; 
A massa falida tem direito ao despejo se desejar, e se for locatária, poderá 
denunciar o contrato unilateralmente. 
VIII - caso haja acordo para compensação e liquidação de 
obrigações no âmbito do sistema financeiro nacional, nos 
termos da legislação vigente, a parte não falida poderá 
considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em 
que será liquidado na forma estabelecida em regulamento, 
admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a 
ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo 
contratante; 
IX - os patrimônios de afetação, constituídos para 
cumprimento de destinação específica, obedecerão ao disposto 
na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e 
obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo 
termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 34 49
o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa 
falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela 
remanescer. 
Para entender o que é patrimônio de afetação contaremos uma historinha... 
Três incorporadores muito amigos 
compram um terreno para incorporar um 
prédio. Eles contratam uma construtora para 
construir o prédio. 
Cada imóvel tem o seu cadastro no 
cartório de registro de imóvel competente. 
Eles averbam à margem no cadastro que a 
construção esta sendo feito pela construtora. 
Assim, o imóvel esta afetado pela averbação 
da construtora. De repente, a construtora vai 
à falência, e o prédio que ela estava 
construindo, dos amigos incorporações, é 
arrecadado na falência. 
Os credores, que são os adquirentes 
das unidades autônomas, e os amigos incorporadores, pedem para tirar aquele 
patrimônio da falência. 
Os três amigos incorporadores e os titulares das unidades autônomas podem 
continuar com a obra até o fim com outra construtora. 
A falida terá direito de receber aquilo que ela executou contra o incorporador e 
os titulares das unidades autônomas. 
Esse é um exemplo de patrimônio de afetação. 
No patrimônio de afetação, o legislador cria um patrimônio em separado, que não 
será atingido pela falencia. Notem que se isso não existisse, quando a construtora falisse, 
o prédio e terreno seriam tomados pela falência, e os três amigos incorporadores e os 
adquirentes dos apartamentos ficariam a ver navios... 
Obs. Adicionais: 
• Contratos de direito do trabalho continuam. 
• Nas sociedades cuja a responsabilidade é ilimitada (sociedade em comandita em lição 
ao Socio comanditado, etc), o Socio vai a falência junto da sociedade. O Socio pode 
ser chamado então para integralizar um valor que nao fora integralizado. O sindico 
arrecada tudo o que lhe compete. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 35 49
• A ação de embargos de terceiro é a cabível quando o sindico não respeita o beneficio 
de ordem, e arrecada bens dos sócios quando a sociedade tinha meios de arcar com 
todos os débitos. 
Compensação 
Art. 122. Compensam-se, com preferência sobre todos os 
demais credores, as dívidas do devedor vencidas até o dia da 
decretação da falência, provenha o vencimento da sentença de 
falência ou não, obedecidos os requisitos da legislação civil. 
Parágrafo único. Não se compensam: 
I - os créditos transferidos após a decretação da falência, salvo 
em caso de sucessão por fusão, incorporação, cisão ou morte; 
ou 
Para evitar fraudes, a lei diz que compensam-se as dividas vencidas mas não as a 
vincendas. Isso existe pois se as vincendas fossem compensáveis alguém poderia fazer 
contratos a tempo futuro para ludibriar o sistema. 
II - os créditos, ainda que vencidos anteriormente, transferidos 
quando já conhecido o estado de crise econômico-financeira 
do devedor ou cuja transferência se operou com fraude ou 
dolo. 
Nesta hipótese só se compensam os créditos se anteriores a falência e ao 
conhecimento do estado critico da empresa. 
AULA 15 (23.09.2013) - A HIERARQUIA 
DO CRÉDITO 
O artigo 83 classifica os credores, e em classificando os credores, no momento do 
pagamento, alguns têm prevalência a outros. Se porventura não sobrar dinheiro para 
pagar esses "outros", eles simplesmente não serão pagos. 
A hierarquia do credito. 
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à 
seguinte ordem: 
Cuidado, pois há um credito, também trabalhista, que vem antes do credito 
trabalhista deste artigo, que é o credito trabalhista de estrita subsistência: "Art. 151. Os 
créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à 
decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) SALÁRIOs-mínimos por trabalhador, serão 
pagos tão logo haja disponibilidade em caixa". 
Agora sim, vamos à hierarquia oficial do credito: 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 36 49
Crédito trabalhista 
I - os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 
150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os 
decorrentes de acidentes de trabalho; 
Qualquer tipo de valor decorrente de justiça trabalhista tem prioridade. 
O que passar dos cento e cinquenta salários mínimos passará a ser credito 
quirografário. 
Se há credores que não receberam credito de natureza salarial, eles serão pagos 
primeiro. 
Obs.: § 4º - Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados 
quirografários. 
Créditos de garantia 
II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem 
gravado; 
Por uma ingerência governamental, resolveram passar os créditos com garantia 
real para o 2º lugar, e os fiscais para terceiro (antes era ao contrário). 
Em poucas palavras, garantia real é a garantia que cobre o valor de um bem 
negociado com a ajuda de uma financeira, com a finalidade de garantir que no 
inadimplemento do devedor a financeira pudesse receber. 
Muito cuidado com o limite do credito. Se o valor do bem for 1000, e a garantia 
for de 1500, os 500 restantes serão considerados quirografários. 
Obs.: § 1º - Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor 
do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no 
caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado. 
Créditos fiscais 
III - créditos tributários, independentemente da sua natureza e 
tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias; 
Esses são os créditos fiscais. Aqui entra também os créditos previdenciários, que 
são equiparados aos tributários pela constituição (art. 193). 
Pelo CTN, esses créditos são adquiridos primeiro pela união e suas autarquias, 
depois os estados e as suas, e por ultimo as municipalidades e as suas. 
Direito Falimentar Por Rommel Andriotti de 37 49
C u i d a d o : a s a u t a r q u i a s r e c e b e m 
proporcionalmente

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