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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 1grifado

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FACAMP – Faculdades de Campinas 
Faculdade de Relações Internacionais 
Campinas, 21 de setembro de 2012 
 
 
 
 
 
Direito Internacional Privado 
Prof. José Evangelista 
 
 
 
 
Resumo 
Direito Internacional Privado 
Nádia Araújo 
 
 
1ª Prova Bimestral: 03/10/12 
 
 
 
3º Ano / 2º Semestre – Turma B 
Representante: Bárbara Hanashiro 
 
 
 
Sumário: 
 
Capítulo 3: Métodos de Escolha da Lei Aplicável......................................................01 
André Massei, Gustavo Krzizanski 
 
Capítulo 4: As Modificações no DIPr Europeu..........................................................04 
Ana Flávia Cury, Luciana de Oliveira, Rafael Chies 
 
Capítulo 5: A Situação na América Latina e no Brasil..............................................08 
Caio Barros, Caroline Ribeiro, Luís Felipe Carreira 
 
Capítulo 6: Os Limites à Aplicação da Lei Estrangeira.............................................15 
Amanda Spinelli, Bárbara Hanashiro, Daniela Lopes, Gabriella Karam, Karina Szücs, Rafael Soares 
 
Capítulo 7: Fontes de DIPr e seus Conflitos................................................................18 
Isabella Micelli, Jóice Domeniconi, Júlia Landers, Karel Pianez, Yagho Toledo 
 
Capítulo 8: Processo Civil Internacional.....................................................................24 
Desiree Almeida, Juliana Franco, Vinícius Possari 
 
Capítulo 9: Competência Internacional no Brasil......................................................25 
Desiree Almeida, Juliana Franco, Vinícius Possari 
 
Capítulo 10: Imunidade de Jurisdição.........................................................................29 
Diego Acciari, João Magaldi, Túlio Nardacchione 
 
Capítulo 11: Aplicação e Prova do Direito Estrangeiro.............................................31 
Gabriela Ferreira, Natalya Moraes, Raíssa Comisso 
 
Capítulo 12: A Caução de Estrangeiro ou Pessoa Jurídica Domiciliada no Exterior.........34 
Gabriela Ferreira, Natalya Moraes, Raíssa Comisso 
 
Capítulo 13: Cooperação Jurídica Internacional.......................................................35 
André Maluf, Bruna Raffi, Camille Mallis, Guilherme Garrido, Ísis Gimenes, Marcelo Dias 
 
 
FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 
1 
 
Capítulo 3: Métodos de Escolha da Lei Aplicável 
 
O Direito Internacional Privado é um direito sobre outro direito, com regras 
sobre a aplicação de um determinado direito, regulamentando a vida social das pessoas 
implicadas na ordem internacional. Em todos os sistemas jurídicos há regras criadas 
expressamente para essas categorias de situações conectadas a mais de um sistema 
jurídico, que são chamadas de regras de conexão ou normas indiretas. Hoje, as regras 
indiretas perderam sua exclusividade no DIPr, existindo regras de caráter material, 
regras alternativas e regras que exigem do aplicador uma busca do direito adequado. 
O método conflitual surgiu na Idade Media, por obra dos professores de 
Bolonha, para resolverem os conflitos de contratos de mercadores entre as cidades-
estado italianas. O século XIX inaugura o DIPr positivo, com regras inseridas nas 
grandes codificações e o surgimento das teorias de Savigny e Mancini. O primeiro 
desenvolveu a noção de que vivemos em uma comunidade de direito internacional, em 
cujo âmbito é possível resolver os conflitos de lei de caráter internacional através da 
paridade de tratamento entre a lei de foro e lei estrangeira. Já Mancini acreditava no 
caráter nacional como regulador do DIPr. 
As doutrinas do século XIX são todas de caráter universalista – o DIPr deveria 
ser o mesmo em todos os Estados, trazendo mais vantagens para as pessoas – e foi 
tendência predominante ate a Primeira Guerra Mundial. Já para os particularistas as 
diversidades de sistemas nacionais era uma realidade legitima em razão da diversidade 
estrutural dos Estados. As grandes diferenças entre as normas adotadas resultaram em 
uma falta de uniformidade. O entre guerras viu o declínio da tendência universalista, 
pois os ressentimentos deixados pela primeira Guerra e o aumento das relações 
comerciais resultaram no aumento do particularismo, focando no interesse dos 
indivíduos. Após a segunda Guerra, com a multiplicação de situações internacionais que 
exigiam a utilização das regras de conflitos, um maior numero de países envolvidos, em 
decorrência da descolonização ocasionaram mudanças no DIPr. Surgem cada vez mais 
regras materiais, que atuam diretamente na situação jurídica, ao invés de procurar lei 
aplicável pela regra indireta. 
O método conflitual tradicional possui uma regra peculiar, a regra de conflito, 
que é a solução de uma questão de direito que possui um conflito entre leis, essa solução 
se dá através da utilização da norma indireta. Esse método não serve para fornecer a 
norma material, mas sim designar o ordenamento jurídico ao qual a norma aplicável 
deverá ser solicitada. 
Para os clássicos as normas de conflito servem para cumprir a missão de 
promover a regulamentação da vida jurídica internacional. O problema do DIPr é a 
escolha da melhor lei aplicável ao caso, que é indicada pela norma de conflito e não por 
uma lei material. Esses teóricos afirmam que o DIPr serve para promover e garantir a 
continuidade e a estabilidade das situações jurídicas multinacionais, através da 
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igualdade de tratamento, previsibilidade das soluções encontradas e as relações jurídicas 
universais. Portanto, esse sistema não cuida da utilização das suas normas, mas sim das 
conectadas a questão. Segundo Ferrer Correa não se trata de escolher a melhor lei, mas 
sim a melhor colocada para intervir. 
Contudo, existem problemas que ameaçam a segurança jurídica e são elas: a 
situação pode ser resolvida de forma diferente em cada Estado; a decisão válida em um 
Estado não é no outro; e o fórum shopping, que é quando as partes procuram se 
beneficiar da diferença entre os sistemas, procurando a solução que lhes pareça mais 
favorável. Apesar desses problemas, existem maneiras de enfrentar as diferenças entre 
as regras conflituais, elaborando novas regras matérias de DIPr, harmonizando o 
sistema através da criação de normas conflituais internacionais e adequando essa 
metodologia aos conceitos de proteção, garantidos pelos direitos fundamentais, portanto 
não é só mais promover a segurança jurídica. 
Outro sistema apontado nesse capítulo é o sistema unilateral. Nesse, a mesma 
norma que soluciona o problema de uma relação multiconectada propõe-se apenas a 
delimitar o domínio de aplicação das leis materiais do ordenamento jurídico onde vigora 
(lei do foro). O importante autor Cavers dizia que os tribunais não faziam escolhas 
livres de valoração, pois sempre pensavam no resultado final. Entretanto, a metodologia 
unilateralista utiliza como modo de operação: a comparação dos resultados obtidos pela 
aplicação da lei na situação e depois avalia os resultados em função das considerações 
de justiça social. Autores argumentam que a aplicação do DIPr tem que levar em 
consideração uma busca mais adequada na proteção à vítima em um ato ilícito e que é 
necessário a elaboração de regras materiais para regular as situações de DIPr. Juenger 
classifica essa fórmula de mos americanos, argumentando que a maioria dos tribunais 
dizem seguir a análise de interesses, considerando principalmente o alcance territorial 
das normas jurídicas, com ênfase no resultado e não no método utilizado, ao contrário 
dos europeus, para os quais os método multilateralé mais valorizado do que os seu 
resultado concreto (Caso Babcock). 
Na chamada revolução americana, os tribunais tinham como objetivo vítimas de 
situações multiconectadas, valendo em conta a responsabilidade civil, diferentemente do 
método tradicional, que gerava, muitas vezes, um resultado injusto. Portanto, no sistema 
americano a questão deve ser vista a partir do resultado sendo a solução feita de acordo 
com o conteúdo do problema, procurando a melhor norma material para solucioná-lo. 
Alguns autores argumentam que isso produz decisões internamente inconsistentes, 
porém existe um padrão, já que, a maioria dos casos foi de responsabilidade civil por 
ato ilícito. 
Existiu, portanto, uma cisma entre o sistema europeu e o americano, entretanto a 
autora argumenta que essa cisma não foi tão grande. Segundo ela existem cinco fatores 
que explicam essa perplexidade dos europeus: diferença entre responsabilidade civil e 
mudança no campo da família; grandes volumes de decisões americanas divulgadas; 
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modo dos autores americanos de escrever; falta de cerimônia; e rapidez da transição. 
Segundo Alejandro Garro o mos americanos teve maior repercussão no campo da 
responsabilidade civil, no qual a solução da regra bilateral era insatisfatória, e na área 
contratual, desenvolvendo o princípio da proximidade. 
 
 
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Capítulo 4: As Modificações no DIPr Europeu 
 
 4.1 – A convergência com os princípios do direito americano 
 Europa – nova era do DIPr: busca promover uma regulamentação mais 
adequada e justa para a resolução de conflitos de leis. 
 Convergência entre os modelos europeu e americano: a Europa não repudia 
mais as regras conflituais dos EUA e nem a utilização de critérios de justiça 
material. Inclusive, há o surgimento de regras de conflitos materiais nos 
códigos de alguns países europeus. 
 
 4.2 – A codificação internacional e as Convenções de Haia 
 A Conferência Permanente de DIPr é sediada em Haia. 
 Nos últimos anos a Convenção de Haia tem adotado regras de conflito de 
caráter substancial. 
 Nova fase (1961): Convenção Sobre os Conflitos de Leis em Matéria de 
Forma das Disposições Testamentárias: referente à validade dos testamentos 
e incorporação de regras alternativas. 
 1980 – Convenção Sobre Aspectos Civis do Sequestro Internacional de 
Menores: busca a devolução do menor ao país de origem, dentre outras 
medidas. 
 1993 – Convenção de Haia Sobre Cooperação Internacional e Proteção de 
Crianças e Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional: medidas para 
que a adoção sirva ao interesse superior da criança. 
O que marca as Convenções é a desconflitualização, ou seja, a substituição de 
normas conflituais clássicas por normas materiais e flexíveis. Desse modo, o DIPr se 
torna mais pragmático, uma vez que procura solucionar questões que preocupam a nova 
conformação da sociedade internacional. 
*Conflito de leis é quando duas ou mais leis (de diferentes Estados) incidem 
sobre a mesma questão jurídica, ou seja, quando duas diferentes leis podem tratar da 
mesma questão. 
 
 4.3 – A codificação comunitária 
No plano regional, o papel do DIPr Europeu foi instaurado em diversas 
instâncias como as convenções, diretivas e principalmente regulamentos. 
Convenções: fontes primárias do Direito Comunitário construídas pelos Estados-
Membros. 
Regulamentos e Diretivas: fontes secundárias do Direito Comunitário (oriundas 
de órgãos comunitários). 
 Regulamento: é obrigatório em todos seus elementos (meios e resultados). 
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 Diretivas: os resultados são obrigatórios, mas os meios de alcançar esses 
objetivos ficam a critério das instâncias nacionais. 
 
 Regulamento nº 44/2001 relativo à Competência Judiciária, ao 
Reconhecimento e à Execução de Decisões em Matéria Civil e 
Comercial. 
Originou-se em 1968 na Convenção de Bruxelas (a qual esse regulamento 
substituiu) que por sua vez foi formulada e fundamentada no Tratado de Roma que 
instituiu a Comunidade Europeia. 
Estipula: 
1. A criação de um espaço jurídico europeu de caráter federativo. As 
competências são distribuídas entre os Estados-Membros 
Critério de Competência: domicílio do réu. Não importa a nacionalidade 
(entretanto, podem existir critérios especiais). 
2. Competência exclusiva nas matérias de direitos reais sobre bens imóveis. 
Técnica que garante sua aplicação uniforme: interpretação autônoma. 
 
 Regulamento nº 2.201/2003 do Conselho da União Europeia 
relativo à Competência, ao Reconhecimento e à Execução de 
Decisões em Matéria Matrimonial e em Matéria de 
Responsabilidade Parental. 
Apresenta definições de expressões e institutos (o que é Tribunal, Juiz, 
Responsabilidade Parental, etc.). 
É evidência do pluralismo de métodos do novo DIPr Europeu. Por exemplo, a 
competência internacional em relação aos casos de divórcios, separações, anulação de 
casamento, pode variar; Tribunais dos Estados-Membros competentes podem ser vários. 
Polêmica: crítica a essa característica da DIPr: a Convenção que, antes, 
preservava a integridade da família, agora facilita o divórcio. 
 
 Regulamento Europeu que substitui a Convenção de Roma sobre a 
Lei Aplicável às Obrigações Contratuais, de 19 de Junho de 1980. 
 
Exemplo da influência do método americano no DIPr Europeu: 
Convenção de Roma Regulamento 
Entrou em vigor em 1988, chegou a ter 27 
países membros. 
Substituiu a Convenção em 2006. 
Estabelece regras para contratos 
internacionais. 
Estabelece regras para contratos 
internacionais. 
Maneiras de escolha da lei aplicável: 
1) Princípio da autonomia da vontade. 
2) Princípio da Proximidade (regra geral 
da Convenção- vínculos mais estreitos). 
1) A lei escolhida deve ser de um estado e 
não pode prejudicar a utilização do direito 
comunitário e do direito contratual. 
2) Teoria da prestação característica (o 
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3) Contrato com os consumidores: separa 
esse contrato com os demais, criando 
regras específicas mas havia possibilidade 
de escolha. 
contrato será conectado com a lei que tem 
características parecidas com o contrato 
3) Contrato com os consumidores: não 
existe mais possibilidade de escolha (tem 
que seguir regra específica). 
 
 
 4.3.1 – As diretivas 
Como forma de codificação supranacional também são fonte de normas de DIPr, 
e do direito comunitário derivado. 
As diretivas são entendidas como vinculadoras do destinatário quanto ao 
objetivo, sendo flexíveis em relação à forma e ao meio de implementação no Estado 
Membro. 
Porém, o Tribunal de Justiça da EU passou a admitir a aplicabilidade direta de 
Diretivas que possuem um conteúdo claro e objetivo, e indica como e através de que 
meios os Estados Membros deverão implementá-las. Elas contém normas de DIPr e são 
utilizadas para promover a harmonização do direito nacional dos Estados-Membros das 
Comunidades Europeias. 
 
 4.4 – A codificação nacional 
Os tribunais locais dos países europeus foram precursores nas mudanças da 
disciplina ao decidirem questões plurilocalizadas sem utilizar o método conflitual 
tradicional. 
A Norma Materialde DIPr surgiu na decisão da justiça francesa dos anos 50 – 
em que afirmou se serem todos os contratos conectados à lei de um Estado, não sendo 
admitido a existência de contrato internacional destituído de lei, e a ausência de direito 
no espaço internacional. Admitiu se um caráter internacional do contrato. 
Nas últimas décadas, varias leis nacionais de DIPr se modificaram, havendo a 
criação de normas bilaterais. Logo, as novas regras não estão alheias aos resultados 
finais, mas procuram prever mais de um resultado, seja por meio de alternativas ou até 
mesmo de uma regra de salvaguarda. 
Tais mudanças são respostas de duas modificações: 
1. As decorrentes dos efeitos dos regulamentos e diretivas comunitárias. 
2. A dos conceitos de direitos fundamentais e sua aplicação horizontal (em 
especial na questão relativa aos conflitos de nacionalidade). Nesses casos 
prevalecia a nacionalidade do marido, mas hoje é aplicado o principio de 
igualdade. 
No Código Civil Francês o reconhecimento da paternidade é valida se em 
conformidade seja a lei pessoal do autor ou a lei pessoal do menor. 
Já a Lei Suíça prevê em uma regra com cláusula de salvaguarda (Artigo 15-1) 
pág. 73 – por se encontrar nas disposições gerais, esse princípio é aplicado a todas as 
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áreas reguladas pelo DIPr suíço. É criada uma válvula de escape ao funcionamento 
regular da norma de conflito, mas que indica a aplicação de outro direito estrangeiro. A 
sua atuação é de natureza conflitual e destina- se a corrigir a norma de conflitos que 
conduziu à lei estrangeira, indicando outra lei estrangeira, pois é mais pertinente ao caso 
concreto. 
Na Grécia, o código civil designa como aplicável à forma dos atores jurídicos, 
três normas: a lex causae, a lex loci actus e a lex patriae das partes, bastando que a 
forma esteja em conformidade com um delas. Também há a extensão da regra dos 
vínculos mais estreitos para além da área contratual, no direito de família, ao se permitir 
que quando os esposos tenham lei nacional diversa, ou domicilio diverso, seja aplicável 
com aquela que possuam os vínculos mais estreitos. 
Na Espanha, o Direito Internacional Privado foi reformado, tanto pela adoção de 
normas comunitárias quanto pela ratificação de convenções internacionais, como 
também pela necessidade de adaptação do direito interno às novas regras constitucionais. 
Entre outras, se incorporou as Convenções de Haia sobre lei aplicável à 
responsabilidade pela fabricação de produtos de 73; sobre conflitos de lei em matéria de 
forma das disposições testamentárias; e também a Convenção de Roma , de 1980. 
O direito alemão adotou diversas regras com conexões alternativas ou 
subsidiárias. A regra aplicável ao regime de bens no casamento indica a mesma lei para 
os efeitos pessoais do casamento, permitindo aos cônjuges escolher a lei de 
nacionalidade ou de domicilio de cada um deles. 
As normas de DIPr para os contratos internacionais também representam a 
flexibilização do método tradicional ao adotar o principio da autonomia da vontade, 
permitindo que as partes escolham a lei aplicável ao seu contrato. Se não houver a 
escolha, a lei do Estado que tenha ligação estreita com o contrato é a valida. 
O direito português não se comportou diferente a estas alterações. A forma 
externa dos negócios jurídicos é um bom exemplo disso, pois admite a aplicação de 
diversas leis alternativas, para assegurar a validade do ato. Tal alternância pode dar 
lugar à competência exclusiva de uma das leis designadas quando houver uma exigência. 
A validade do ato será reconhecida em todos os sistemas. 
E se falando em Direito de Família, o Código Civil Português determina que os 
efeitos pessoais do casamento sejam regidos pela lei comum nacional dos cônjuges, se 
esta for diversa, será a lei de residência comum e se caso ainda não houver esta, a do 
país com o qual a vida familiar mais se conecta. 
 
 
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Capítulo 5: A Situação na América Latina e no Brasil 
 
 CIDIPs – Convenções Interamericanas Especializadas sobre o Dir. Internacional 
Privado: 
CIDIP I: realizada em 1975, no Panamá (primeiro passo para o movimento 
uniformizador latino-americano). Maior objetivo: desenvolver uma estrutura jurídica 
adequada em matéria comercial, para estimular o desenvolvimento dos processos de 
integração regional. 
CIDIP II: ocorreu em Montevidéu, em 1979. Maior realização: criação da 
Convenção sobre Normas Gerais de DIPr, que regula a base do sistema conflitual 
interamericano. 
CIDIP III: efetuou-se em La Paz, em 1984. Maior realização: estudos na área de 
menores. 
CIDIP IV: realizada em Montevidéu, em 1989. Maior realização: convenção 
sobre restituição internacional de menores, alimentos e transporte internacional de 
mercadorias. 
CIDIP V: sediada na Cidade do México, em 1994. Maior realização: aprovação 
de duas constituições; uma sobre contratação internacional e a outra sobre tráfico de 
menores. 
CIDIP VI: ocorreu em Washington, em 2002. Maior realização: adoção da 
técnica de Lei-Modelo, ou seja, uniformização de direito material, mas de caráter não 
vinculante. 
 
 CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE DIREITO APLICÁVEL AOS 
CONTRATOS INTERNACIONAIS 
 
Os Estados Partes nesta Convenção, 
REAFIRMANDO sua vontade de prosseguir o desenvolvimento e codificação 
do direito internacional privado entre Estados membros da Organização dos Estados 
Americanos; 
REITERANDO a conveniência de harmonizar as soluções para as questões 
relacionadas com o comércio internacional; 
CONSIDERANDO que a interdependência econômica dos Estados tem 
propiciado a integração regional e continental e que, para estimular esse processo, é 
necessário facilitar a contratação internacional removendo as diferenças que seu 
contexto jurídico apresenta, 
CONVIERAM em aprovar a seguinte Convenção: 
 
 CAPÍTULO PRIMEIRO – Âmbito de aplicação 
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 5.1.1 – A convenção Interamericana sobre Direito Aplicável aos Contratos 
Internacionais 
O campo de aplicação dessa convenção se circunscreve expressamente aos 
contratos internacionais, contendo uma qualificação autônoma restritiva. Além desse 
fator ela inova ao estabelecer uma definição para o seu campo de aplicação espacial, ou 
seja, terá como efeito a modificação da legislação interna de um país que a adotar, 
sendo este um elemento uniformizador do DIPr. Trata-se da regra substantiva (que 
substituirá a norma de direito positivo interno, com relação aos co-contratantes, ou 
mesmo definirá o contrato internacional nas legislações desprovidas de tal norma. 
A convenção do México: dois critérios para definir um contrato internacional 1) 
geográfico: quando a residência habitual ou o estabelecimento comercial das partes for 
localizado em países-membros distintos; 2) quando o contrato tiver pontos de contatos 
objetivos com mais de um Estado-parte.(parte do contrato em outro Estado). 
A regra geral para estabelecer a lei aplicável é a autonomia da vontade, quase na 
mesma forma estabelecida pela convenção de Roma, aceitando, inclusive, o dépeçage 
voluntário. Permite a escolha de uma lei desvinculada do contrato,uma escolha de um 
conjunto de princípios para reger um contrato. Com esse dispositivo é válida a escolha 
de uma lei neutra, sem qualquer conexão com o contrato. 
Ronald Herbert esclarece que essa amplitude de opção deveu-se ao temor de que 
qualquer limitação permitisse aos juízes de um caso concreto desvirtuar o sentido 
original da faculdade das partes. Traz, como consequência, a possibilidade da escolha 
de uma lei de regência mais moderna e adequada à problemática do contrato em questão. 
A escolha do foro não significa a escolha da lei. A regra de conexão adotada 
para os casos em que não houve escolha foi a dos “vínculos mais estreitos” (principio da 
proximidade). É um exemplo da circulação de ideias mais abertas e voltadas para a 
aplicação de uma lei que indique o resultado mais adequado ao contrato. 
Conceito dos vínculos mais estreitos: evolui na convenção do México para uma 
acepção mais genérica. Segundo ele, caberá ao juiz analisar os elementos objetivos e 
subjetivos existentes no contrato para determinar quais serão esses vínculos mais 
estreitos. Nood Taquela acredita que representa uma mudança de mentalidade em face 
da tradição anterior de regras de conexão do tipo tradicional, como local da execução e 
local da constituição. Esse conceito é uma das grandes inovações da Convenção do 
México. 
Objetivo da convenção: tornar-se um instrumento comum de uniformização na 
área da ALCA, se todos os países envolvidos adotarem, pois se poderá garantir a 
harmonização da legislação nos Estados-parte na área integrada. Sua adoção representa 
a possibilidade de uma solução rápida para um problema crescente na área da ALCA, e 
auxiliará a facilitação das trocas comerciais internacionais. 
 
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Artigo l: Esta Convenção determina o direito aplicável aos contratos 
internacionais. Entende-se que um contrato é internacional quando as partes no mesmo 
tiverem sua residência habitual ou estabelecimento sediado em diferentes Estados Partes 
ou quando o contrato tiver vinculação objetiva com mais de um Estado Parte. Esta 
Convenção aplicar-se-á a contratos celebrados entre Estados ou em que forem partes 
Estados, entidades ou organismos estatais, a menos que as partes no contrato a excluam 
expressamente. Entretanto, qualquer Estado Parte poderá declarar, no momento de 
assinar ou ratificar esta Convenção, ou a ela aderir, que ela não se aplicará a todos os 
contratos ou a alguma categoria de contrato em que o Estado, as entidades ou 
organismos estatais forem partes. Qualquer Estado Parte, no momento de assinar ou 
ratificar esta Convenção, ou a ela aderir, poderá declarar a que espécie de contrato não 
se aplicará a mesma. 
Artigo 2: O direito designado por esta Convenção será aplicável mesmo que se 
trate do direito de um Estado não Parte. 
Artigo 3: As normas desta Convenção serão aplicáveis, com as adaptações 
necessárias e possíveis, às novas modalidades de contratação utilizadas em 
consequência do desenvolvimento comercial internacional. 
Artigo 4: Para os efeitos de interpretação e aplicação desta Convenção, levar-se-
ão em conta seu caráter internacional e a necessidade de promover a uniformidade da 
sua aplicação. 
Artigo 5: Esta Convenção não determina o direito aplicável a: 
a. questões derivadas do estado civil das pessoas físicas, capacidade das 
partes ou consequências da nulidade ou invalidado do contrato que 
decorram da incapacidade de uma das partes; 
b. obrigações contratuais que tenham como objeto principal questões 
sucessórias, testamentárias, de regime matrimonial ou decorrente de 
relações de família; 
c. obrigações provenientes de títulos de crédito; 
d. obrigações provenientes de transações de valores mobiliários e; 
e. acordos sobre arbitragem ou eleição de foro; 
f. questões de direito societário, incluindo existência, capacidade, 
funcionamento e dissolução das sociedades comerciais e das pessoas 
jurídicas em geral. 
Artigo 6: As normas desta Convenção não serão aplicáveis aos contratos que 
tenham regulamentação autônoma no direito convencional internacional vigente entre 
os Estados Partes nesta Convenção. 
 
 CAPÍTULO SEGUNDO – Determinação do direito aplicável 
Artigo 7: O contrato rege-se pelo direito escolhido pelas partes. O acordo das 
partes sobre esta escolha deve ser expresso ou, em caso de inexistência de acordo 
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expresso, depreender-se de forma evidente da conduta das partes e das cláusulas 
contratuais, consideradas em seu conjunto. Essa escolha poderá referir-se à totalidade 
do contrato ou a uma parte do mesmo. A eleição de determinado foro pelas partes não 
implica necessariamente a escolha do direito aplicável. 
Artigo 8: As partes poderão, a qualquer momento, acordar que o contrato seja 
total ou parcialmente submetido a um direito distinto daquele pelo qual se regia 
anteriormente, tenha este sido ou não escolhido pelas partes. Não obstante, tal 
modificação não afetará a validade formal do contrato original nem os direitos de 
terceiros. 
Artigo 9: Não tendo as partes escolhido o direito aplicável, ou se a escolha do 
mesmo resultar ineficaz, o contrato reger-se-á pelo direito do Estado com o qual 
mantenha os vínculos mais estreitos. 
O tribunal levará em consideração todos os elementos objetivos e subjetivos que 
se depreendam do contrato, para determinar o direito do Estado com o qual mantém os 
vínculos mais estreitos. Levar-se-ão também em conta os princípios gerais do direito 
comercial internacional, aceitos por organismos internacionais. Não obstante, se uma 
parte do contrato for separável do restante do contrato e mantiver conexão mais estreita 
com outro Estado, poder-se-á aplicar a esta parte do contrato, a titulo excepcional, a lei 
desse outro Estado. 
 
 5.2 – A codificação do Mercosul 
O Mercosul caracteriza-se pela sua ausência de supranacionalidade; além disso, 
é uma união aduaneira imperfeita onde seus países membros precisam levar em 
consideração as decisões tomadas no âmbito do Direito Internacional Público para a 
incorporação de determinado tratado internacional. 
Nesse contexto, tem-se no Protocolo de Ouro Preto um instrumento de garantia 
de execução simultânea dos protocolos do Mercosul. No que tanger as especificidades 
do Direito Internacional Público, existem 3 maneiras para a resolução de controvérsias 
no Mercosul. Elas podem ser executadas simultaneamente. São elas: “a via institucional, 
quando o litígio é entre os Estados (regulada pelo Protocolo de Brasília), a via judicial, 
quando está em questão a utilização e interpretação de uma norma do Mercosul já 
incorporada (interesses privados), e a via arbitral, quando há arbitragem comercial para 
tratar de questões de âmbito privado” (ARAUJO, 2010. p. 96). Tem-se então que a 
aplicação das regras do Mercosul não é algo uniforme pois cada país pode proceder de 
acordo com a interpretação que fizer das normas. 
Por exemplo, o Protocolo de Las Leñas e a Convenção sobre Cartas Rogatórias 
possuem regras similares pautadas no estabelecimento de comunicação entre 
autoridades centrais. No que tange ao conflito de leis, os protocolos que têm normas 
direcionadas à resolução de conflitos. São eles: o Protocolo de São Luiz (acidentes de 
trânsito – oferece uma alternativa à regra geral), o Protocolo de Buenos Aires 
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(Jurisdição Internacional em Matéria Contratual- autonomia das partes de escolher o 
foro da causa), o Protocolo de Santa Maria (ainda não foi incorporado no Brasil – 
proteção específica aos consumidores) e o Regulamento Sobre Arbitragem Comercial 
(regras e princípios para o estabelecimento de arbitragens processadas no âmbito do 
Mercosul). 
 
* Nota de aula: quanto ao Protocolo de Santa Maria, cabe lembrar que este não foi 
incorporado à jurisdição brasileira, pois julga-se o Código do Consumidor Brasileiro 
como um documento mais completo que, pro sua vez, descartaria a incorporação de um 
outro documento. 
 
É uma tendência dos tratados postos no Mercosul, assim como nos demais 
âmbitos do direito internacional moderno, a uniformização das normas de conflitos de 
lei com o intuito de aperfeiçoar a sua aplicabilidade e o bom andamento das relações de 
comércio internacionais. 
 
 5.3 – Codificação Nacional 
A OEA, por meio das CIDIPs, tem orientado as modificações nos Direito 
Internacional Privado nos países da América Latina. Na Venezuela, há uma 
flexibilização do método conflitual que permite ao juiz recorrer à justiça material de 
cada caso. Na área da família, usa-se a regra do domicilio comum dos cônjuges; na área 
de contratos internacionais, adota-se o principio da autonomia da vontade, ou da 
proximidade, quando não houver escolha. 
No México, abre-se para a incorporação de convenções internacionais, 
principalmente as da OEA. Já a Argentina está revisando o seu Código Civil e leva em 
consideração nessa revisão, a incorporação no seu Direito Internacional Privado a partir 
das CIDIPs. 
 
 5.4 – O exemplo Brasileiro – Codificação de DIPr no Brasil 
No período do Império, o Brasil iniciou sua codificação com a elaboração da 
Constituição e do Código Comercial. Antes da criação do Código, as normas de Direito 
Internacional Privado que vigorava no país eram de sua metrópole, Portugal. Somente 
em 1917, com a Introdução ao Código Civil já no período republicano é que o Brasil 
aderiu a um conjunto de regras específicas. Porém, este ainda possuía lacunas. Em 1942, 
mudanças foram trazidas após a incorporação da LICC – Lei de Introdução ao Código 
Civil – vigente até os dias atuais. 
A maior mudança trazida pela LICC em comparação às codificações anteriores 
foi a substituição do critério de nacionalidade pelo domiciliar, alinhando o Brasil aos 
demais países latino-americanos, onde essa regra já vigorava. Mesmo após algumas 
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tentativas, a LICC manteve-se inalterada: o Novo Código Civil Brasileiro, introduzido 
posteriormente, não modificou leis já existentes na LICC. 
O Direito Internacional Privado brasileiro continua utilizando regras de 
conexões bilaterais rígidas, provenientes das noções clássicas do século XIX. A 
necessidade de uma modernização dessas regras é latente. Há apenas um exemplo capaz 
de ilustrar essa modernização: a sucessão internacional. Essa é uma regra que se 
preocupa com os resultados a serem alcançados. A regra de sucessão internacional é de 
caráter unilateral, pois, em primeira instancia, privilegia a norma brasileira: deve-se 
analisar as duas regras (nacional e estrangeira) para, posteriormente, aplica-la de acordo 
com a que trouxer maiores benefícios para o caso. 
As mudanças no Direito Internacional Privado no Brasil estão ocorrendo de fora 
para dentro: o país tem ratificado diversos tratados internacionais que, por sua vez, 
exigem uma adaptação do Direito Internacional Privado interno. Nesse sentido, o STF 
reconhece esses tratados e, após a Emenda Constitucional 45/04, foi transferida ao STJ 
a responsabilidade pela aplicação das regras dessas convenções. 
 
Glossário 
 
Supranacionalidade: A supranacionalidade como ideologia se opõe ao nacionalismo que 
busca a soberania absoluta da nação. Está acima de cada nacionalidade separadamente. 
 
Lei de Introdução ao Código Civil (LICC): ou Lei de Introdução às normas do Direito 
Brasileiro, é uma norma de caráter universal, aplicável a todos os ramos do direito. O 
objeto da LICC é a organização das demais normas no ordenamento. 
 
Jurisprudência: conjunto das decisões e interpretações das leis. A jurisprudência é uma 
fonte de direito, composta pelos atos passados dos quais tenha resultado a criação ou a 
alteração das normas jurídicas. 
 
Convenções Internacionais: É declaração de vontades entre nações soberanas, por 
intermédio de agentes diplomáticos ou delegados especiais, na negociação e resolução 
de certo caso, ou na execução da mesma obra, ou plano de interesse comum. 
 
Exequatur: execute-se. É um termo jurídico que se pode definir como uma autorização 
para que uma sentença estrangeira ou um pedido formulado por autoridade estrangeira 
por carta rogatória sejam cumpridos no Brasil. 
 
Jurisdição: ao poder que detém o Estado para aplicar o direito ao caso concreto, com o 
objetivo de solucionar os conflitos de interesses e, com isso, resguardar a ordem jurídica 
e a autoridade da lei. 
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Litígio: contestação, pendência contestada. 
 
Cooperação Interjurisdicional: Cooperação interjurisdicional ou simplesmente 
cooperação judicial significa, em sentido amplo o intercâmbio internacional para o 
cumprimento extraterritorial de medidas processuais provenientes do Judiciário de um 
outro Estado. 
 
Lex loci delicti commissi: lei do lugar onde um ato ilícito foi cometido. 
 
Foro: é o local onde são processados assuntos relacionados com a justiça, com o Direito. 
É o mesmo que tribunal. A pronúncia da palavra foro pode alterar o seu significado. 
 
Convenção Internacional de Arbitragem: acordo que estabelece regras e princípios para 
as arbitragens processadas em seu âmbito - regras particulares e de comum acordo entre 
os interessados. 
 
Outorgar: Do latim: ouctoricare – ato de transmitir, conceder, consentir poderes a 
outrem. 
 
Cooperação Jurídica Internacional: A cooperação jurídica internacional, de acordo com 
difundido conceito, é o intercâmbio internacional para o cumprimento extraterritorial de 
medidas processuais do Poder Judiciário de outro Estado. Dado o processo de 
globalização, a integração dos mercados, os crescentes fluxos migratórios e o 
aprimoramento das tecnologias de informação e transporte, o mundo hodierno configura 
uma verdadeira aldeia global, como se convencionou chamar. Esta situação urge a 
existência de meios adequados e eficientes para que os Estados possam, em colaboração 
mútua, conferir maior eficácia ao seu poder jurisdicional; o que se constata com o 
combate ao crime de caráter internacional. É nesse sentido que se verifica, ultimamente, 
o fortalecimento do instituto da cooperação, que vem sendo positivado em tratados 
internacionais e na legislação interna de cada país; buscando-se, destarte, o 
aprimoramento da efetividade e agilidade da prestação jurisdicional. 
 
 
 
 
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Capítulo 6: Os Limites à Aplicação da Lei Estrangeira 
 
 Ordem Pública e regras de caráter imperativo 
Em todos os sistemas jurídicos existe a previsão para a solução de conflitos 
entre normas em casos que envolvam sujeitos de diferentes países. A solução dada por 
essa previsão pode ser impedida pela aplicação da ordem pública, que é o afastamento 
da lei aplicável com o objetivo de proteger os princípios do país onde ocorre o caso.Pode-se dizer que a ordem pública é a válvula de escape que dá ao sistema de conflito 
de leis uma certa flexibilidade. Já normas de caráter imperativo são normas que 
possuem aplicação obrigatória, sem depender do conflito de leis. A diferença principal 
entre a ordem pública e normas de caráter imperativo é que a ordem pública é aplicada 
depois da solução de conflitos, e as normas de caráter imperativo são aplicadas antes 
mesmo que se solucione o conflito. 
 
 Ordem pública no DIPr e os direitos fundamentais 
Tanto a ordem pública quanto as normas de caráter imperativo estão 
subordinadas aos critérios de proteção garantidos pelos direitos fundamentais. Isso 
significa que ambos servem para prevenir que os resultados da solução de conflitos 
sejam contrários aos princípios constitucionais 
Nessa questão entra a perspectiva retórico-argumentativa, que é a realização de 
uma interpretação dos princípios a fim de encontrar a solução mais justa em um 
determinado caso. 
 
 6.2.1 – Breves notas sobre a argumentação jurídica 
Alguns juristas definem a importância dessa perspectiva retórico-argumentativa. 
Ronald Dworkin destaca a importância dos princípios a partir dos casos difíceis, pois os 
princípios possibilitam a articulação entre direito e moral. Chaim Perelman concorda 
com esse argumento, e considera que os princípios são lugares comuns que o juiz 
poderia utilizar como ponto de partida na fundamentação da decisão. Theodor Viehweg 
considera que não há relação de primazia entre regras e princípios. Para Manuel Atienza 
a argumentação jurídica atinge três pontos: a produção de normas, a aplicação das 
normas e a dogmática jurídica. E Robert Alexy acredita que regras e princípios se 
diferenciam pela generalidade e pela qualidade. 
 
 6.2.2 – A aplicação da nova concepção de ordem pública no DIPr atual 
Os princípios são como normas-chave do sistema jurídico. No momento de 
aplicar a norma estrangeira, eles têm primazia sobre a norma. Ainda mais se a questão 
girar em torno da violação da dignidade humana. O princípio da dignidade humana 
funciona como um dos eixos básicos dos direitos humanos (no plano internacional) e 
dos direitos fundamentais (no plano interno). A regra estrangeira, se em colisão com um 
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princípio (visto a superioridade deste na pirâmide normativa), será considerada contrária 
ao princípio da ordem pública. 
 Exemplo da nova metodologia jurídica no DIPr: em 1971, um espanhol, 
solteiro, e uma alemã, divorciada, queriam se casar. Para o direito 
alemão, seria possível o casamento desde que ambas as partes 
comprovassem que a capacidade das partes (regida pelo direito nacional 
de cada) respeitava a lei do país de origem. Contudo, sendo o divórcio 
proibido na Espanha, o espanhol não conseguiu o certificado que 
comprovasse sua legalidade na situação. Depois de alguns processos, as 
partes, por fim, recorreram ao Tribunal Constitucional alegando a 
violação de um direito constitucional do indivíduo, o da liberdade de 
casamento. O TC decidiu pela preservação do princípio sobre a norma, 
ao entender que tal violação ocorrera. Exerceu-se aqui a teoria do Efeito 
Horizontal, quando há uma interferência direta da Constituição no 
momento da aplicação da norma escolhida pela regra de conflitos, pois 
entre o principio que assegura como um direito fundamental a liberdade 
de contrair matrimônio, e a norma espanhola designada pelo DIPr do 
foro, prevaleceu o primeiro. 
Os direitos fundamentais impostos pela Constituição Europeia de Dir. Humanos 
e as Convenções Internacionais são fundamentais na hora de aplicar o Dir. Internacional 
Privado, pois delimitam suas normas. 
 Caso Mackx: a mãe solteira de uma criança não possuía direitos 
automáticos sobre ela, pois a legislação de seu país (a Bélgica) não 
reconhecia esse tipo de filiação naquele tempo. A mãe, então, acionou a 
Corte Europeia de Direitos Humanos, que decidiu a seu favor. Como 
resultado, a Corte deu um prazo para a Bélgica adequasse sua legislação 
sobre o tema; o que foi conseguido só em 1987. Esse caso exemplifica a 
desigualdade entre os direitos humanos protegidos no âmbito europeu e 
a legislação interna de alguns países. Todavia, com a influência da Corte 
Europeia, essas legislações foram sendo alteradas e foi se aplicando o 
efeito horizontal da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. 
A Convenção de Haia ratificou a intenção ao desaparecimento da discriminação 
a respeito da filiação na maioria dos países europeus. Aqui, o efeito horizontal propôs a 
construção de uma ordem pública europeia; “extensão de sua compreensão a oposição 
desses direitos também às relações interindividuais”. 
 
 6.2.3 – A aplicação do princípio da ordem pública pelo STF 
O caso histórico mais relevante é a questão dos divórcios. Enquanto a lei do 
divórcio ainda não havia sido promulgada no Brasil, alguns casais tentaram se divorciar 
no exterior e, posteriormente, perseguiram o objetivo de regularizar essa situação no 
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país. Entretanto, como a possibilidade do divórcio não estava prevista em nossas leis, o 
STF indeferia cada pedido sob a justificativa de que essa situação perturbaria a ordem 
pública, ferindo os nossos costumes. 
Logicamente, quando a referida lei entrou em vigor, situações semelhantes a 
essa não mais ocorreram. Assim, um aspecto que marca tal questão é a mutabilidade da 
atuação do STF, tanto no tocante a concessão de „exequatur‟ [executar] às cartas 
rogatórias [instrumentos de intercâmbio jurídico entre países] quanto à homologação de 
sentenças estrangeiras. 
Mas o que significa isso? As cartas rogatórias são emitidas por um primeiro país 
e chega a um segundo país pedindo que esse tome uma determinada atitude com relação 
a um determinado assunto. A justiça desse país, então, julgará o caso proposto através 
dessas cartas rogatórias e, se considerá-lo justo e de acordo com seus costumes, emitirá 
uma concessão de exequatur. Isso é, ele permitirá que a ordem emitida através das 
cartas rogatórias do primeiro país seja, de fato, aplicada pelos organismos responsáveis 
no segundo país. No Brasil, no entanto, essa situação nem sempre foi assim. O nosso 
entendimento jurídico tradicional sempre havia sido de que as cartas rogatórias que 
possuíssem fins executórios – isso é, que deveriam ser postas em execução – feriam os 
nossos costumes. Dessa forma, sempre que casos assim chegavam ao STF ou ao STJ, os 
seus pedidos eram indeferidos com base na interpretação de que a sua natureza atentava 
contra a nossa ordem pública. Atualmente, a situação mudou bastante. Hoje, é muito 
mais comum do que antes que se aceite a execução dos pedidos das cartas rogatórias. 
Podemos verificar com isso, portanto, que fica clara a relação que existe entre os 
princípios gerais de um determinado sistema jurídico, os direitos humanos garantidos 
por tratados internacionais e o princípio do “comitas gentium” no tocante à aplicação do 
conceito de ordem pública. 
 
 
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Capítulo 7: Fontes de DIPr e seus Conflitos 
 
 7.1 – Histórico do ensino do DIPr no Brasil e sua literatura 
1827 – criação dos primeiros cursos jurídicos no Brasil em São Paulo e no 
Recife, isso significou uma maior independência da colônia em relação a Portugal. 
1907 – surgimento da disciplina de DIPr no Rio de Janeiro. 
 
Século XIX – dois juristas principais 
Pimenta Bueno, buscou argumentar em favor da regulamentaçãodos atos entre 
indivíduos devido à necessidade de se garantir legitimidade e validade aos atos 
praticados, de maneira que estes se tornassem válidos não apenas em âmbito interno, 
mas também, em outros lugares e tribunais. Pois, caso contrário, as relações entre 
nações seriam bastante prejudicadas. Ademais, Pimenta Bueno foi adepto do critério de 
nacionalidade como base do DIPr para definir quais leis/foro deveriam prevalecer em 
determinada situação. 
Teixeira de Freitas, por sua vez, defendia o critério de domicílio para a 
determinação do DIPr e influenciou, inclusive, países da América Latina ( se opondo ao 
critério de nacionalidade adotado no Brasil). Em suas publicações defendeu o conceito 
de sede da relação jurídica para a definição de lei aplicável a ser aplicada, ou seja, 
escolher-se-ia o foro a ser utilizado a partir da sede. 
 
Século XIX e XX 
Clóvis Bevilaqua – foi responsável pela formulação do Código Civil brasileiro. 
Lafayette Rodrigues Pereira – foi responsável pelo desenvolvimento do Código 
de DIPr, o qual não adotado, mas representou as bases fundamentais do DIPr brasileiro 
atual, a não ser por seguir o critério de nacionalidade. 
 
Anos 30...; Anos 50...; Década de 80... 
Pode-se compreender, segundo a autora, que durante grande parte da história 
brasileira houve uma falta de obras gerais de DIPr, porém, sua importância cresce a 
medida que barreiras físicas (espaciais) são quebradas e há uma expansão das vias de 
comunicação, as quais permitem um maior contato entre indivíduos distantes entre si. 
Existe, inclusive, um processo de estreitamento das relações entre Direito Internacional 
Privado, direito constitucional e DIPr. 
 
 7.2 – Fontes do DIPr no Brasil 
 7.2.1 – Fontes de origem nacional 
Existem três tipos de fontes de DIPr de origem nacional, são elas: 
 Fonte legislativa. 
 Lei de Introdução ao Código Civil – trata do DIPr 
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 Constituição Federal de 1988 – Ex: nacionalidade 
 Código de Processo Civil – Ex: jurisdição internacional 
 Doutrina (intérprete e guia para a jurisprudência). 
 Jurisprudência – Supremo Tribunal Federal (STF). 
 
 7.2.2 – Fontes de origem internacional 
Existem três tipos de fontes de DIPr de origem internacional 
 Legislativa – envolve tratados e convenções internacionais. 
 1990 – uniformização do DIPr brasileiro com o sistema Latino 
Americano a partir de convenções realizadas pelas CIDIPS, maior 
integração. 
 Mercosul – prevê uma maior integração econômica, dependendo, 
portanto, de uma uniformização do direito nos países do bloco. 
 Conferência de Haia – fórum específico de DIPr e possui um 
caráter universal. 
 1980 – tratou da regulamentação do DIPr acerca dos aspectos civis 
do sequestro internacional de menores 
 1993 – convenção sobre cooperação internacional e proteção de 
crianças e adolescentes em matéria de adoção internacional. 
 2000 - Brasil retoma sua participação na conferência de Haia. 
 Doutrinária – está relacionada a obras literárias sobre o DIPr de outros 
países. 
 Jurisprudencial – tribunais internacionais + decisões de DIPr dos 
tribunais brasileiros. 
 
 7.3 – Conflitos de fontes 
Velha discussão (que vem desde a época do Império até hoje em dia) sobre o 
conflito entre as fontes internas e internacionais acerca dos tratados internacionais no 
ordenamento jurídico brasileiro: a divergência entre a escola monista de Kelsen e a 
dualista de Triepel e Anzilotti. Vale ressaltar, entretanto, que não aparece somente nos 
tratados internacionais, mas também na responsabilidade do transportador aéreo, direito 
tributário, direito do trabalho, protocolos no Mercosul, direitos humanos, etc. 
 
 7.3.1 – Incorporação dos tratados no direito interno brasileiro 
A terminologia para os tratados no meio internacional é bastante imprecisa na 
prática. A dominação mais utilizada encontra-se na Convenção da ONU sobre o Direito 
dos Tratados, de 1969 (Convenção de Viena). 
“Art. 1º. ... a) „tratado‟ significa um acordo internacional celebrado entre 
Estados em forma escrita e regido pelo direito internacional que conste, ou de um 
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instrumento único ou de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja a sua 
denominação específica” (ARAÚJO, 2011, p. 146). 
As condições para validade de um tratado: capacidade das partes contratantes, 
habilitação dos agentes signatários, consentimento mútuo e objeto lícito e possível. Com 
a ampla aceita da norma pacta sunt servanda, é conferida obrigatoriedade aos tratados. E 
eles só produzem efeitos entre as partes contratantes desde que tenham entrado em vigor. 
Uma vez celebrados, os tratados estabelecem uma relação jurídica entre 
Estados (ou entre Estados e organizações Internacionais) e aplicam-se em todo o 
território estatal, desde o momento de sua internalização. 
 
 7.3.2 – Fases de incorporação dos tratados 
No Brasil, as fases de elaboração dos tratados são: negociação, assinatura, 
ratificação, promulgação, publicação e registro. A competência para a conclusão de 
tratados internacionais é do Poder Executivo. Segundo a Constituição Federal (artigo 84, 
VIII) é privativo do Presidente da República celebrar os tratados. Em seguida, o 
Presidente manda os tratados para serem apreciados pelo Congresso Nacional, a quem 
cabe resolver definitivamente sobre a sua aprovação. Uma vez aprovados, por meio do 
Decreto Legislativo, os atos internacionais voltam ao Executivo, para a ratificação. A 
ratificação é dever somente do Presidente e o ato da ratificação confirma as outras 
partes a disposição do Estado em cumprir o tratado. Reiterando, então, os tratados 
internacionais só passam a integrar o ordenamento jurídico nacional depois de sua 
aprovação pelo Poder Legislativo e promulgação pelo Poder Executivo. 
Fases da elaboração e Internalização do tratado: 
1. Negociação; 
2. Assinatura; 
Poder para celebrar tratados: Presidente da República. 
3. Resolução pelo Congresso Nacional; passa por um exame detalhado do 
Poder Legislativo. 
4. Ratificação – Presidente da República – validade externa; troca de notas 
diplomáticas (bilateral). 
5. Registro1. 
6. Promulgação – Presidente da República – validade interna. 
 
 7.3.3 – A polêmica entre os dualistas e monistas 
Velha controvérsia entre as ideias colocadas nos anos 20 por dualistas e 
monistas. 
A teoria dualista, por Triepel, defendia a existência de dois sistemas distintos: 
1. Ordem jurídica internacional. 
 
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 Aqui, há uma problemática: segundo o professor, normalmente há primeiro o registro e depois a 
promulgação; entretanto, no livro, promulgação está anterior ao registro. Perguntamos ao professor e ele 
disse que não está errada nenhuma das formas. 
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2. Ordem jurídica interna. 
- Direito interno é o estabelecido na comunidade nacional, pelo Estado, 
segundo suas regras. 
- Direito internacional só tratava das relações entre os Estados, na sua 
condição de iguais. Partes privadas excluídas desse sistema, pois só os Estados eram os 
sujeitos. 
Não havia, portanto, concorrência entre essas normas. A diferença para 
Triepel era entre as fontesjurídicas de cada sistema. Enquanto o direito interno vinha da 
vontade coletiva do Estado, no campo internacional essa lei derivava de uma vontade 
coletiva de Estados. 
Segundo Triepel, seria necessária uma transposição da norma de origem 
internacional para o sistema interno através de uma manifestação legislativa, para então 
ser transformada em norma interna. O processo não ocorria de forma direta, mas 
somente depois de uma internalização. (Valia a lei interna publicada, não o tratado 
internacional que lhe dera origem). 
Já a teoria monista fundamentada por Kelsen, defendia e existência de uma 
única ordem jurídica, com projeções interna e internacional. As leis seriam expressões 
da ordem interna e os tratados, expressões da ordem internacional. Não havia 
necessidade, portanto, de internalização das obrigações decorrentes do tratado em plano 
interno perante a ausência de separação entre leis internas e internacionais, aceitação 
automática. Havia, dessa forma, a possibilidade de conflitos de regras, os quais seriam 
solucionados pela supremacia do direito internacional ou pela do direito interno. Tais 
conflitos ocorrem dentro da ordem jurídica nacional sem que a unidade dessa ordem 
seja posta em risco. Além, entendia as normas do DI como incompletas e dependentes 
das normas internas. 
Para Kelsen, o dualismo (ou pluralismo, como ele chamava), era 
insustentável porque o direito internacional e o nacional não podiam ser sistemas 
diferentes se as normas de ambos forem consideradas válidas para o mesmo espaço e ao 
mesmo tempo. Argumentava que não era possível distinguir negócios nacionais dos 
negócios entre Estados, já que os temas nacionais também podiam ser objetos de 
tratados. Não havia nenhuma matéria que poderia ser regulamentada só pelo direito 
nacional; dependeria do princípio da eficácia, que é de origem internacional, e o DI 
determinaria não apenas sua esfera de validade como também a da ordem interna. 
 
 7.3.4 – Jurisprudência 
A discussão entre fontes de direito de origem internacional (tratados) e fontes 
de origem interna (leis), tem dois momentos: 
1. Incorporação das fontes internacionais ao ordenamento jurídico interno. 
2. Posição das normas oriundas de tratados vis-à-vis demais leis já 
existentes. 
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CLASSIFICAÇÃO RADICAL EXTREMADO MODERADO 
Dualismo 
Critério: dualidade de 
sistemas – o interno e o 
internacional – que não se 
comunicam. Daí a 
necessidade de 
mecanismos de 
internalização dos tratados, 
para que tenham vigência 
no território nacional. 
 
Necessidade de edição de 
lei para incorporação do 
tratado à ordem jurídica 
nacional. 
 
A incorporação prescinde 
de lei, embora seja 
necessária a observância do 
iter procedimental previsto 
no direito interno. No 
Brasil: aprovação 
congressual e promulgação 
presidencial. 
Monismo 
Critério: o direito interno e 
o internacional integram o 
mesmo e único sistema. 
Daí a admissibilidade da 
existência de conflitos 
entre tratados e a ordem 
jurídica nacional. 
 
Prevalência do tratado 
sobre a ordem jurídica 
interna. 
 
Equiparação hierárquica do 
tratado à lei ordinária. 
Consequências: 
(i) subordinação do tratado 
à Constituição; (ii) quanto 
à lei ordinária, aplicação 
dos critérios temporal e da 
especialidade para a 
solução de antinomias. 
 
No Brasil, há predomínio do dualismo moderado. Mesmo após as mudanças 
propostas pela EC 45, mantém-se a obrigatoriedade do ato complexo para efetivar a 
incorporação do tratado no sistema jurídico interno. 
No tocante à questão da hierarquia das normas, há elementos do monismo 
moderado presentes no sistema judiciário brasileiro. O tratado (exceto aqueles de caráter 
tributário) é equiparado às leis ordinárias e seus possíveis conflitos são solucionados 
pelos critérios temporal e de especialidade, aplicados indistintamente, caso a caso. 
 
 7.3.5 O parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição Federal (EC 45) 
Emenda Constitucional 45 “Art. 5º § 3º Os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)”. 
- Direito internacional: Dir. humanos que pertencem a tratados internacionais 
tem status superior, logo acredita-se que davam ser automaticamente equiparados à 
posição de emendas constitucionais. 
- Tal medida gera conflito dentro da hierarquia do ordenamento jurídico, e o 
impasse só é resolvido por meio da Emenda Constitucional 45 (acima). 
 
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 Evolução do sistema jurídico brasileiro: a partir de agora há um novo 
conjunto de tratados (direitos humanos) que passam a ser alçados ao 
patamar constitucional, precisando unicamente respeitar os critérios da EC 
45. 
 
- Novos Impasses: 1) E os tratados internacionais assinados anteriormente 
passarão a ser válidos em nível constitucional? NÃO, pois além de não pertencerem ao 
mesmo status normativo, não passaram pelos critérios de aprovação estabelecidos na 
EC 45; 2) E se não houver promulgação do Presidente, é válido a promulgação do 
Congresso Nacional? Não há uma norma para esses casos, o que prova que a EC 45 
deixou este ponto em aberto; 3) Questão da “denúncia”- diz respeito à renúncia do 
Poder Executivo aos tratados internacionais de direitos humanos incorporados. 
 
Crítica de Gustavo Binebojm: exclui Executivo. Acredita que tratados devem 
chegar ao Congresso como proposta de emenda. 
 
Dentro dessa nova sistêmica jurídica, apenas a questão da prisão civil e do 
duplo grau de jurisdição foi enfrentada pelos tribunais. Isso acontece devido ao alto teor 
de generalidade e existência de normas muito similares, o que evita conflitos. Ex: 
julgamentos de habeas corpus relativos à questão da prisão civil, o Tribunal se 
manifestou no sentido de acatar a antiga norma, enquanto outro Ministro cuidou de caso 
semelhante apropriando-se da EC 45, pois acreditava que esta atingia melhor a hipótese 
em questão. 
Para evitar futuros atritos, a questão da hierarquia dos tratados no 
ordenamento jurídico foi repensada pelo Ministro Gilmar Mendes com a seguinte 
solução: cria-se um novo nível de status normativo, e o sistema passará a se organizar 
hierarquicamente da seguinte forma: 
 
 Constituição 
 
 
 
 
 
Leis ordinárias 
Supralegal 
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Capítulo 8: Processo Civil Internacional 
 
O objeto do Processo Civil Internacional são as situações processuais civis com 
contatos internacionais. Abrange a regulação dos conflitos internacionais de jurisdição, 
a determinação das condições para o reconhecimento e execução das sentenças 
estrangeiras e a realização de atos processuais do interesse de outra jurisdição. 
Eduardo Vescovi identifica cinco princípios básicos do Processo Civil 
Internacional: a jurisdição razoável, o acesso à justiça, a não-discriminação do litigante, 
a cooperação interjurisdicional e a circulação internacional das decisões estrangeiras. 
A jurisdição razoável diz respeito ao princípio de que todo caso com elementos 
transfronteiriços deve ser julgado por um juiz que tenha razoável conexão com o objetodos litígios. O acesso à justiça está ligado à gratuidade de justiça e à existência de um 
sistema de assistência judiciária gratuita. No Brasil, esses dois pontos estão regulados e 
constituem parte da garantia de não-discriminação do litigante, que não faz distinção 
entre nacionais e estrangeiros. 
A cooperação entre poderes judiciários provém da elaboração, entre os Estados, 
de normas que influenciam direta e indiretamente as normas de direito processual civil 
internacional. Essas regras têm caráter recíproco, estabelecem direitos e obrigações 
comuns aos Estados e buscam atingir uniformidade. A cooperação do Brasil com um 
Estado é regulada de formas diferenciadas, contudo a cooperação interjurisdicional não 
inclui o reconhecimento e execução das sentenças estrangeiras, somente o cumprimento 
dos atos que ocorrem durante o processo. Por último, para que uma sentença estrangeira 
produza efeitos no Brasil, é necessário que tenha sido enunciada por um juiz competente. 
 
 
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Capítulo 9: Competência Internacional no Brasil 
 
Competência é o que vai determinar se um país está hábil ou não para julgar um 
caso. O Código de Processo Civil (CPC) brasileiro fixa para si o que é chamado de 
monopólio jurisdicional absoluto, ou seja, quase na íntegra dos processos o Brasil pode 
ser responsável pelos julgamentos. Isso se define por meio de dois artigos existentes em 
tal Código, que são partes integrantes da seção denominada “Da Competência 
Internacional”. O primeiro deles é o artigo 88, que é referente ao que se denomina de 
Competência Concorrente; o segundo é o artigo 89, que diz respeito à Competência 
Exclusiva. 
A Competência Concorrente é baseada no artigo 88 do CPC. Em tal artigo há 
hipóteses (incisos) em relação ao que seria competente à autoridade judiciária brasileira. 
Assim, diante de um pedido de processo, será avaliado se alguma das hipóteses se 
confirma, e, caso isso ocorra, a autoridade jurisdicional brasileira será competente para 
o julgamento. O nome concorrente vem do fato de o Brasil, embora tenha a competência, 
considerar que a justiça de outro Estado também a tem, sendo ambos cabíveis de prestar 
a jurisdição. 
A Competência Exclusiva é baseada no artigo 89 do CPC. Em tal artigo também 
há hipóteses que devem ser confirmadas, mas, o que difere do artigo 88 é que somente a 
autoridade jurídica brasileira pode conhecer o problema, assim, não há a consideração 
da competência estrangeira e apenas a Justiça do Brasil pode apreciar as causas. O 
artigo 89 é destinado a imóveis e bens físicos. 
São duas as finalidades de tais artigos: 
1. Cuidar do conhecimento de um caso que pode, pelo fato de ter elementos 
processuais de diferentes países, ser julgado pela justiça de um ou mais 
Estados; ou então, quando já há o processo em outro país, mas opta-se 
por realizá-lo também no Brasil, é o que se denominaria litispendência. 
2. Reconhecer as decisões estrangeiras ou decisões feitas por meio da 
Arbitragem, ou então, no pedido de cumprimento de medidas judiciárias 
determinadas por juízes ou tribunais de outros países. 
A determinação da competência ocorre em duas etapas: primeiro, determina-se 
pelo Poder Judiciário qual vai ser a jurisdição (administração da justiça), ou seja, o 
espaço territorial, os limites espaciais no qual o processo ocorrerá, sendo que no âmbito 
internacional isso é definido pelo Estado que terá o julgamento da causa; em seguida, a 
segunda etapa é definir a competência interna, como o processo será julgado no país. 
Mas e quando as hipóteses previstas na lei (artigos 88 e 89) não dão conta de 
definir a competência da justiça brasileira? Há um debate em torno disso. Para Botelho 
de Mesquita, quando não há a confirmação pelas hipóteses, a situação está excluída da 
justiça brasileira, não sendo então do interesse do judiciário julgá-lo, pois, já que a 
jurisdição é algo oneroso (que pode causar prejuízos), não deve ser aplicada 
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desnecessariamente. Segundo Antenor Madruga, a norma tem um sentido negativo, ou 
seja, limita a jurisdição brasileira, assim, o que não se inclui no artigo 88 seria de 
incompetência de juízes brasileiros; para Madruga, isso ocorre, pois o propósito dessas 
regras é de limitar a abrangência da jurisdição nacional. Por sua vez, Marcelo de Nardi 
desenvolve sua argumentação com base no conceito de eficácia; para o autor, se um 
processo tiver eficácia no exterior, lá deve ser considerada a competência, ao passo que, 
se no Brasil fosse considerada sua eficácia, aqui deveria ser julgado mesmo que não 
tenham incidências as hipóteses dos artigos 88 e 89. Por fim, Barbosa Moreira afirma 
que, nos casos em que o artigo 88 não pode incidir, as normas de competência interna 
deveriam ser aplicadas, servindo essas, então, como também determinantes da 
competência internacional. Nos casos em que nem a judiciário interno nem o 
internacional se afirmam competentes, haveria denegação de justiça, ou seja, o processo 
não teria um Estado responsável pelo julgamento. 
Quando há em um contrato uma cláusula arbitral, as partes envolvidas em um 
processo optaram por não utilizar nem a justiça nacional, nem a estrangeira, assim, os 
juízes ficam impossibilitados de aceitar jurisdição sobre a causa. No caso de um 
contrato internacional, por exemplo, o juiz segue duas etapas: primeiro se declara 
competente caso esteja diante de uma das hipóteses previstas no artigo 88, em seguida, 
declara-se incompetente pelo fato da existência da cláusula arbitral. 
Casos relacionados à família, mesmo que diante de uma eventual incompetência 
da justiça brasileira, possuem um tratamento diferente, podendo ficar em jurisdição 
brasileira mesmo quando não incluído nas hipóteses do artigo 88. Isso está baseado na 
ideia manutenção da ordem pública, e que se difere, por exemplo, dos casos que 
envolvem contratos internacionais, que são baseados na ideia de preservação da vontade 
das partes envolvidas. Em casos de lacuna da lei interna, as convenções internacionais 
podem ser a base jurídica (como exemplo, o Código de Bustamante). 
Nos países da common law há o chamado forum non conveniens, que diz 
respeito à abstenção e um país em prestar jurisdição a determinado caso; dessa forma, 
mesmo que um Estado seja competente, a causa pode ser recusada. É o que ocorre 
principalmente nos Estados Unidos, onde, pelo conhecimento das altas indenizações 
determinadas pela justiça estadunidense, muitas vezes os envolvidos tentam encontrar 
fatos para que a causa lá seja julgada. Exemplos de tais ações foram os acidentes da Gol 
e da TAM. 
 
 9.1 – Competência Internacional 
A competência concorrente ocorre em hipóteses predeterminadas, nas quais o 
Estado brasileiro se julga competente, mas admite que a justiça de outro Estado também 
o seja (p. 242). As hipóteses da competência concorrente encontram-se no Art. 88 do 
Código de Processo Civil (CPC). 
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A competência brasileira se firma quando ocorrer qualquer das hipóteses do art. 
88 do CPC. A partir disso, o autor do caso pode escolher entre o julgamento brasileiro 
ou estrangeiro. Se optar pelo estrangeiro, a sentença estrangeira pode ser homologada 
aqui, pelo STF, desde que presentes alguns requisitos legais, como não ofender a 
soberania nacional,a ordem pública e os bons costumes. 
Exemplo: helicóptero que caiu nas Bahamas em viagem inaugural ao Brasil: o 
STJ decidiu que havia competência da justiça brasileira em julgar o caso, apesar de 
fatos como a ocorrência do acidente no exterior, o contrato ter sido celebrado nos EUA, 
e a ré lá ser domiciliada. Isso porque o destino era o Brasil, o que encaixou o caso no 
Inciso II do art. 88 (obrigação). 
“No fundo, para o Brasil, a [competência] brasileira é o que seria a única 
competente em princípio, ao passo que alguma outra unicamente pode vir a tornar-se 
competente, em virtude de ato da parte, anterior ao processo, cláusula de eleição do foro 
ou, praticado nele, submissão tácita” (Moreira apud Araújo, p. 245) 
Em caso de competência da justiça estrangeira, sendo a ação proposta no 
exterior e se o réu aqui domiciliado aceitar a jurisdição estrangeira, por carta rogatória 
ou pessoalmente, a sentença é homologada no STF sem problemas. O órgão não obsta 
em conceder exequatur e cartas rogatórias se a parte concordar. 
Se a ação se iniciar simultaneamente a do Brasil (litispendência internacional) a 
justiça brasileira se dá por competente, independentemente do que venha a ocorrer na 
justiça estrangeira. A decisão estrangeira não poderá ser homologada se a questão já 
tiver sido decidida aqui, pois ela não prorroga a competência brasileira. 
Exemplo: o TJ do RS julgou extinta uma ação proposta lá, pois o objeto já havia 
sido julgado anteriormente no Uruguai, e houve homologação do STF. 
Importante: debate sobre os efeitos da cláusula de eleição do foro em um 
contrato. Se for escolhido um foro estrangeiro pelas partes, isso impede o recurso à 
jurisdição nacional, ainda que se enquadre nas hipóteses do art. 88. Contudo, o STJ crê 
que a competência brasileira é norma imperativa e não pode ser derrogada, a priori, por 
disposição das partes. 
Exemplo: essa posição não é tão rígida, pois, depois de uma ação envolvendo a 
Petrobrás, o STJ decidiu que a eleição do foro pelas partes é válida, com exceção dos 
casos que envolvem interesses públicos, pois estes se diferem dos contratos em geral. 
Outros casos importantes: discutem a cláusula de eleição do foro, dentro do 
comportamento contraditório das partes. 
1º caso – Uma pessoa, depois de perder a ação no estrangeiro, tentou ajuizá-la 
aqui, somente para impedir sua validação, por recurso de efetividade da cláusula de 
eleição do foro do art. 88. Houve a negação do pedido, e posicionamento contrário do 
STJ por conta de má-fé da parte. 
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2º caso – O TJ do RJ teve um caso de contrato comercial com cláusula de 
eleição do foro em Londres, onde efetivamente se deu a disputa. A parte vencida, 
insatisfeita com o resultado, iniciou ação no Brasil, a qual também foi negada por má-fé. 
3º Caso – O TJ do RS avaliou um caso de uma empresa brasileira que não 
aceitava ser processada no Brasil, baseando-se no Protocolo de Buenos Aires, já que sua 
obrigação era na Argentina. Contudo, como não houve prévia eleição do foro e a ré era 
aqui domiciliada, a competência brasileira foi assegurada pelo art. 88, I. 
Outras decisões sobre competência internacional: 
I. Em um caso no TJ do RS, foi declarada incompetência da justiça brasileira, 
por causa de uma cláusula que elegia o foro como o Uruguai, por vontade das partes. 
Foi validada aplicabilidade dessa cláusula, assim como a lei uruguaia, porque a 
residência do autor era neste país. 
II. No RJ, uma das partes desqualificava a competência brasileira, por conta da 
cláusula de eleição do foro como Madri. Contudo, foi decidido que essa cláusula não 
impedia a competência da justiça brasileira, pois as duas empresas eram aqui sediadas e 
não existia utilidade prática da mudança de foro. Alegou-se que a eleição do foro não 
seria aceita, pois isso afetaria a soberania nacional. 
Observamos que ainda não há posição predominante sobre a questão do foro. 
Sua validade não é questionada, mas diante de uma contestação, seu poder de 
derrogação da competência oscila. 
Autonomia da vontade: casos de definição do foro em contratos com arbitragem. 
Em um caso do RS, decidiu-se que era aplicável o do art. 88, em que as partes são livres 
para escolher a arbitragem de outro país para solução de conflitos. Em um outro caso, 
STJ não reconheceu a ação no Brasil, pois entendeu que a aplicabilidade da cláusula de 
eleição era do foro da Flórida (domicilio do réu era incerto). 
 
 9.2 – Competência Exclusiva 
A competência exclusiva (art. 89 do CPC) dirige-se às ações relativas a bens 
imóveis situados no Brasil, e ao inventário e partilha de quaisquer bens (móveis ou 
imóveis) no país. 
Artigo 89: Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer 
outra: I- conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II- proceder a 
inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja 
estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
Os Estados tendem a ter competência exclusiva para casos relacionados aos 
imóveis em seus territórios, pois essas são questões de ordem pública lato sensu e de 
segurança jurídica. Entretanto, sobre o inciso II desse artigo que se refere à sucessão 
mortis causae, o STF entende como aceitável a partilha feita no exterior de bens 
situados no Brasil quando relativas ao divórcio. 
 
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Capítulo 10: Imunidade de Jurisdição 
 
Os agentes diplomáticos de um Estado estrangeiro possuem imunidade, pois eles 
representam e conduzem os interesses do Estado em outro país estrangeiro. Ou seja, o 
Estado e seus representantes oficiais não estão sujeitos a Jurisdição do Estado em que 
estão. 
As bases teóricas da imunidade de jurisdição estão no princípio de igualdade das 
nações e no principio de soberania dos Estados. Essa prática teve inicio no período 
medieva, quando a imunidade era reconhecida ao representante do rei ou monarca. No 
âmbito internacional todos os soberanos eram considerados iguais. Já com o surgimento 
do Estado soberano, a imunidade deixa de ser atributo pessoal e passa a ser do Estado. 
A imunidade de jurisdição surgiu como solução para tribunais domésticos que 
enfrentavam o problema de ter Estados estrangeiros como parte em ações. Inicialmente, 
a imunidade concedida tinha caráter ilimitado, porém, em sua versão moderna ela tem 
limitações. Nessa versão, ela limita-se aos atos de império. Atos de império são atos em 
que a Administração (Estado) pratica usando de sua supremacia sobre o administrado. 
Exemplo: procedimentos de desapropriação e interdição de atividade. Já ato de gestão é 
o ato em que o Estado age em igualdade de forças com o particular, ou seja, atos que 
não importam submissão obrigatória dos administrados. Exemplo: Contrato de aluguel 
entre Administração (Estado) e particulares. Para diferenciar os atos de império dos atos 
de gestão, o tribunal local deverá analisar o caso concreto para determinar a 
classificação. 
O país pioneiro na implantação do conceito de imunidade limitada foi a Bélgica, 
que implantou o modelo em 1878. Há um consenso entre os Estados da necessidade de 
restringir a imunidade de jurisdição. Contudo, não há uniformidade na Comunidade 
Internacional em relação à aplicação e distinção do jus imperii (ato de império) e jus 
gestionis (ato de gestão). 
 
 10.2 – Nas convenções internacionais 
Houve muitas tentativas de codificar o DIPu na América Latina durante o séc. 
XX. Epitácio Pessoa apresentou em conferências Pan-americanas o Código de DIPu, 
onde

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