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2015.01 – Direito Penal II – 1ª Avaliação Parcial – Prova Presencial – Questões Objetivas 01 a 24. Nome______________________________Matricula___________________Data_______________Hora_______________ 1. Dentre as finalidades do esquema estrutural da Teoria Geral do Delito, a identificação dos sujeitos envolvidos no delito tem especial relevância, uma vez que possibilita a investigação técnica dos elementos da tipicidade da conduta lesiva praticada. Diante disso, torna-se viável determinar o sujeito ativo e o sujeito passivo da infração penal, constituindo-se em uma tarefa essencial, não só para o Direito Penal; mas também para o próprio processo penal, onde tal busca é primordial ao desenvolvimento da acusação e eventual responsabilização penal face à conduta praticada concretamente. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 145). Assim, atenta-se para o delito previsto no tipo penal do Art. 213, do Código Penal (Decreto-Lei n.º 2.848/1940): Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Tendo em vista o referido dispositivo, assinale a única opção que identifica corretamente o sujeito passivo do delito estipulado no referido tipo penal: a) ( ) idoso; b) ( ) mulher; c) ( ) homem; d) ( ) qualquer pessoa; e) ( ) grupo de pessoas indeterminadas; 2. A conduta de omissão provoca modificações no mundo dos fatos, na medida em que o omitente, ao permanecer inerte, fez coisa diversa da que deveria ter sido feito pelos mandamentos legais. Assim, a omissão nada mais é do que uma forma de ação. Ora, se ela é uma ação, então tem relevância na cadeia de causalidade, ou seja, aquele que se omite também dá causa ao resultado, e por ele deve responder. Desse modo, Reinhart Maurach, observou que, se a omissão é um nada, do nada, nada pode surgir, e afirma que, por isso, o delito de omissão não pode originar nenhuma causalidade. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 141). Sob tais aspectos técnicos, algumas teorias tentaram, ao longo da história, determinar o grau de repercussão penal de uma conduta omissiva. Tendo em vista tal aporte doutrinário, relacionado às teorias da conduta de omissão, na Teoria Geral do Delito, analise as seguintes afirmações: I – a Teoria da Omissão Naturalística se caracteriza pela busca do elemento subjetivo da tipicidade na conduta omissiva; II – a omissão, à luz da Teoria Naturalística, provoca modificações no mundo naturalístico (mundo concreto, material dos fatos), na medida em que o omitente, ao permanecer inerte, fez coisa diversa daquilo que deveria fazer. III – a Teoria da Omissão Normativa determina a responsabilização criminal do omitente em função do resultado lesivo, uma vez que ele está vinculado a este, sendo, portanto, desnecessário averiguar a presença do dever jurídico de agir derivado da lei penal em relação ao omitente. IV – a Teoria da Omissão Normativa postula que, para a omissão ter relevância causal (por presunção legal), há necessidade de uma norma impondo, na hipótese concreta, o dever jurídico de agir. Só aí se pode falar em responsabilização do omitente pelo resultado lesivo. Estão CORRETAS apenas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e III. c) ( ) II e III. d) ( ) II e IV. e) ( ) III e IV. 3. O Tipo Penal tem especial relevância na determinação da adequação típica, uma vez que seus elementos devem corresponder ao fato concreto ocorrido. Assim, segundo Fernando Capez: “O tipo legal (...) consiste na descrição abstrata da conduta humana feita pormenorizadamente pela lei penal e correspondente a um fato criminoso (tipo incriminador). O tipo é, portanto, como um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as pessoas sabem que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante do modelo legal.” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 185-186). Por isso, em algumas circunstâncias fáticas, quando submetidas à análise da tipicidade, na Teoria Geral do Delito, podem ocorrer alguns problemas que inviabilizam a adequação típica, originando assim, um fato atípico, capaz de absolver o acusado da imputação criminal oferecida em juízo. Sob tais circunstâncias, é possível afirmar que o Tipo Penal ou Lei Penal (abstrata) é composto integralmente pelos seguintes elementos: a) ( ) elementos normativos, elementos descritivos, dolo ou culpa. b) ( ) conduta, resultado, nexo causal, tipicidade estrita, dolo ou culpa. c) ( ) tipicidade estrita, legítima defesa e estado de necessidade putativo. d) ( ) conduta, resultado, nexo causal naturalístico, tipicidade estrita, dolo ou culpa. e) ( ) verbo núcleo do tipo, elementos descritivos, elementos normativos, dolo ou culpa. 4. Na Teoria Geral do Delito, a conduta tem especial relevância na determinação da tipicidade, eis que se constitui na matriz originária do agir, ou do não agir humano criminoso, que redundará no resultado lesivo. Assim, e, tendo em vista a doutrina de Fernando Capez, “conduta é a ação ou a omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Os seres humanos são entes dotados de razão e vontade. A mente processa uma série de captações sensoriais, transformadas em desejos (...)” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Volume 1 - parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 114). Sob tal perspectiva doutrinária acerca do conceito de conduta penalmente relevante, analise o seguinte evento hipotético: um pedestre presencia um atropelamento e sadicamente acompanha os gemidos da vítima, sem prestar-lhe socorro. De posse de seu aparelho celular, o pedestre começa a filmar a agonia da vítima, sem solicitar o auxílio de autoridades ou de uma ambulância no local do acidente. Enquanto este fazia o vídeo no celular com a finalidade de postá-lo nas redes sociais, a vítima do atropelamento morre em consequência dos ferimentos. Diante de tais aspectos técnicos e fáticos, salienta-se que algumas teorias tentaram, ao longo da história, determinar o grau de repercussão penal de uma conduta omissiva. Desse modo, assinale a única opção que retrata, de forma correta, a Teoria da Omissão e os seus respectivos fundamentos técnicos, teoria esta que tenha sido adotada pela Teoria Geral do Delito em curso atualmente no Brasil. a) ( ) em relação à Teoria Naturalística da Omissão o referido pedestre não deverá ser responsabilizado pelo homicídio da vítima (Art.121, do Código Penal), pois não existe nexo de causalidade entre sua inação e as múltiplas faturas, que vieram a provocar o óbito da vítima do atropelamento. b) ( ) em relação à Teoria Normativa da Omissão o referido pedestre deverá ser responsabilizado pelo homicídio da vítima (Art. 121, do Código Penal), pois não existe nexo de causalidade entre sua inação e as múltiplas faturas, que vieram a provocar o óbito da vítima do atropelamento. c) ( ) em relação à Teoria Naturalística da Omissão o referido pedestre deverá ser responsabilizado apenas pelo crime de omissão de socorro qualificada pelo resultado morte, eis que deixou de prestar assistência a pessoa ferida, sendo possível fazê-lo; ou, não pediu o socorro da autoridade pública, conforme previsão do Art. 135, parágrafo único, segunda parte, do Código Penal. d) ( ) em relação à Teoria Normativa da Omissão o referido pedestre deverá ser responsabilizado apenas pelo crime de omissão de socorro qualificada pelo resultado morte, eis que deixou de prestar assistência a pessoa ferida, sendo possível fazê-lo; ou, não pediu o socorro da autoridade pública, conforme previsão do Art. 135, parágrafo único, segunda parte, do Código Penal. e) ( ) a omissão do pedestre, à luz da Teoria Normativa da Omissão, provoca modificações no mundo natural(mundo dos fatos), na medida em que o omitente, ao permanecer inerte (omisso), fez coisa diversa daquilo que deveria fazer pela determinação constante em lei penal. Assim, a omissão nada mais é do que uma forma de ação. Ora, se ela é uma ação, então tem relevância causal, ou seja, aquele que se omite também dá causa ao resultado lesivo, e por ele deve responder; situação esta, que determina a responsabilização do pedestre, no caso em análise, pelo delito de homicídio da vítima (Art. 121, do Código Penal), a título de omissão criminosa. 5. Algumas situações fáticas possibilitam que mais de uma causa tenha participação concreta na produção de um resultado lesivo. Por isso, faz-se necessário, para a Teoria Geral do Delito, no que diz respeito ao eixo da tipicidade, determinar qual das causas é a responsável pela produção do referido resultado, a fim de punir adequadamente a conduta principal desencadeadora da lesão ocasionada ao bem jurídico-penal. (PRADO, Cleber Freitas do. Do controle da criminalidade à criminalidade do controle estatal: a expansão do novo modelo de Direito Penal e a sua ineficiência na concretização de direitos fundamentais. Dissertação Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. São Leopoldo: Unisinos, 2009). Sob tal circunstância relacionada ao estudo das concausas, analise o seguinte fato hipotético. Mévio estava caminhando pela calçada de uma rua central de sua cidade, quando se depara com seu devedor Caio. Há muito tempo que Mévio cobra o pagamento de um valor emprestado a Caio, e este não lhe paga o devido. Desta vez, no entanto, Mévio está disposto a assustar seu devedor. Diante disso, com a nítida intenção de causar uma lesão corporal simples em Caio, logo que se aproximam no passeio público, Mévio desfere-lhe um murro no rosto. Devido ao golpe, Caio cai e bate a cabeça em uma lixeira de metal que estava ao seu lado. Devido ao choque com a lixeira, Caio fica caído ao chão e em estado de inconsciência. Mévio, assustado com o acontecido, sai do local. Terceiros acionam uma ambulância, que chega rápido ao local e dirige-se com a vítima da agressão para o hospital. Já no hospital, Caio estava internado no Bloco C, área do hospital com severas infiltrações no teto. O referido hospital já havia sido advertido acerca da necessidade de reparos imediatos na estrutura no referido bloco C, mas nada havia sido feito neste sentido. Naquela mesma noite, enquanto Caio se recuperava do ferimento ocasionado pela agressão que sofrera de Mévio, há um intenso barulho de concreto se partindo, e o teto do quarto de Caio vem abaixo. Um pesado bloco de concreto e ferro retorcido cai em cima de Caio, provocando seu esmagamento e, por isso, sua morte instantânea. Tendo em vista as causas concorrentes para o evento morte, bem como a relação causal estabelecida entre elas na situação fática noticiada, assinale a única opção que responde corretamente ao seguinte problema: O nexo causal havido entre a conduta de agressão de Mévio e o resultado morte de Caio no hospital é rompido pela lei penal brasileira em razão de qual espécie de concausa? a) ( ) trata-se de causa absolutamente dependente posterior; b) ( ) trata-se de causa relativamente independente preexistente; c) ( ) trata-se de causa relativamente independente concomitante; d) ( ) trata-se de causa absolutamente independente preexistente; e) ( ) trata-se de causa relativamente independente superveniente; 6 Determinadas situações fáticas possibilitam que mais de uma causa tenha participação concreta na produção de um resultado lesivo. Por isso, faz-se necessário, para a Teoria Geral do Delito, no que diz respeito ao eixo da tipicidade, determinar qual das causas é a responsável pela produção do referido resultado, a fim de punir adequadamente a conduta principal desencadeadora da lesão ocasionada ao bem jurídico-penal. (PRADO, Cleber Freitas do. Do controle da criminalidade à criminalidade do controle estatal: a expansão do novo modelo de Direito Penal e a sua ineficiência na concretização de direitos fundamentais. Dissertação Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. São Leopoldo: Unisinos, 2009). Sob tal circunstância relacionada ao estudo das concausas, analise o seguinte fato hipotético. Themis e Mévio são casados há trinta e cinco anos. Ocorre que Themis, nos últimos doze meses, se apaixonou por Caio, com quem passou a ter uma relação extraconjugal. Com o objetivo de ajudar Themis a ficar muito rica, Caio a estimula para que se livre do marido Mévio, uma vez que este tem muitas propriedades de alto valor econômico. Desse modo, Caio orientou Themis a ministrar uma substância letal no café matinal de Mévio. Themis concorda com o plano, e, faria isso na manhã do dia 22.04.2015. Assim, na manhã do dia combinado, Themis levanta mais cedo e vai para a cozinha preparar o café de Mévio. Nesse instante Caio aparece na casa de Themis, e esta abre a porta dos fundos para que ele entre. Caio, então, passa-lhe o veneno e esta o adiciona ao café de Mévio. Em seguida, Caio permanece na cozinha da casa, enquanto Themis volta para o quarto levando o café envenenado para Mévio, que ainda dormia. Mévio se acorda com Themis oferecendo-lhe o café. Mévio ingere o café, contendo a referida substância tóxica, que levaria 15 minutos para fazer efeito e causar a sua paralisia cardíaca. Themis, sabedora do tempo do efeito, fala para o marido voltar a dormir, e se dirige à cozinha. Importante referir que há alguns meses Mévio estava desconfiado de que Themis tivesse um amante, e estranhou o fato de a mesma ir a cozinha tão cedo da manhã para lhe oferecer um café, situação que não ocorria há bastante tempo. Assim, Mévio pega uma arma e se dirige à cozinha, e quando lá chega flagra sua esposa aos beijos com Caio. Altamente transtornado, Mévio empunha a arma e atira contra a cabeça de Caio, causando-lhe a morte. Em seguida, Mévio olha para Themis, que está assustada e com medo de ser morta, e, ainda com a arma em punho, Mévio decide atirar contra sua própria cabeça, vindo a cometer suicídio. O que Themis não sabia era que, há cinco meses, Mévio estava sem auto-estima, em profunda depressão crônica. Já havia, inclusive, planejado formas de cometer suicídio, tendo já deixado uma carta dentro de um cofre, na qual narra o desgosto pelo qual estava passando. O médico-legista, na necropsia do cadáver de Mévio, determinou como sendo a causa da morte o disparo de arma de fogo contra a têmpora direita do cadáver. Da mesma forma, o legista encontrou no exame residográfico pólvora na mão direita de Mévio, compatível, portanto, com o fato dele ser destro. O perito legista identificou, ainda, a substância letal que estava em seu organismo, e que poderia levar à morte da vítima, mas antes que a referida substância fizesse efeito, Mévio cometera suicídio, motivado pela depressão crônica que apresentava. Tendo em vista as causas concorrentes para o evento morte da vítima, bem como a relação causal estabelecida entre elas na situação fática noticiada, assinale a única opção que responde corretamente ao seguinte problema: O nexo causal para o delito de homicídio consumado da vítima, havido entre a conduta de Themis, ao ministrar o veneno em seu café e a morte ocorrida em razão do suicídio, cometido por Mévio, é rompido em razão de qual espécie de concausa? a) ( ) trata-se de causa absolutamente dependente; b) ( ) trata-se de causa relativamente independente preexistente; c) ( ) trata-se de causa absolutamente independente superveniente; d) ( ) trata-se de causa absolutamente independente preexistente; e) ( ) trata-se de causa relativamente independente superveniente; 7. Em determinadas situações fáticas é possível que mais de uma causa tenha participação concreta na produção de um resultado lesivo. Tal fenômeno é denominado de concausa. Por isso, faz-se necessário, para a Teoria Geral do Delito,no que diz respeito ao eixo da tipicidade, determinar qual das causas é a responsável pela produção do referido resultado, a fim de punir adequadamente a conduta principal desencadeadora da lesão ocasionada. Ainda que mais de uma causa tenha aparente responsabilidade na produção do resultado, é necessário averiguar tecnicamente qual causa foi verdadeiramente responsável pela lesão penal ao bem jurídico tutelado pela norma penal, de modo que cada agente responda criminalmente na medida exata de sua conduta deflagradora do resultado. (PRADO, Cleber Freitas do. Do controle da criminalidade à criminalidade do controle estatal: a expansão do novo modelo de Direito Penal e a sua ineficiência na concretização de direitos fundamentais. Dissertação. Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. São Leopoldo: Unisinos, 2009). Tendo em vista tal consideração doutrinária, suponha a seguinte situação fática. Caio deve a quantia de R$ 2.000,00 a Mévio. Certo dia, após inúmeras tentativas frustradas de cobrança do valor devido, Mévio encontra Caio na rua. Ambos começam a discutir sobre a dívida não paga. Mévio, muito irritado, efetua um golpe no rosto de Caio, com a intenção de causar-lhe uma lesão corporal. Devido ao golpe, Caio sofre uma queda e bate a cabeça em uma grande pedra que estava sobre a calçada, ficando desacordado. Mévio, assustado com o ocorrido, sai correndo do local. Terceiros que passavam naquele momento acionam a ambulância, que chega em poucos minutos. Os socorristas carregaram Caio, que ainda estava inconsciente, para o interior da ambulância. Em seguida, durante o trajeto para o hospital, um caminhão sem freios e desgovernado, cruza o semáforo no vermelho e se choca violentamente contra a ambulância que transportava Caio. Devido ao choque a ambulância foi arremessada e prensada contra um posto de iluminação. O poste se rompe e cai em cima da ambulância. Em razão da queda do poste Caio teve traumatismo craniano e morreu instantaneamente, assim como, um dos socorristas que estava na parte traseira da ambulância. Tendo em vista as causas concorrentes para o fato morte, bem como a relação causal estabelecida entre elas na situação fática noticiada, assinale a única opção que responde corretamente ao seguinte problema: O nexo causal havido entre a conduta de agressão de Mévio e o resultado morte de Caio no interior da ambulância, é rompido pela lei penal brasileira em razão de qual espécie de concausa? a) ( ) trata-se de causa absolutamente dependente posterior; b) ( ) trata-se de causa relativamente independente preexistente; c) ( ) trata-se de causa relativamente independente concomitante; d) ( ) trata-se de causa absolutamente independente preexistente; e) ( ) trata-se de causa relativamente independente superveniente; 8. Para os defensores da Teoria da Imputação Objetiva, a responsabilidade do autor só pode ir até os limites de sua atuação, ou seja, um resultado lesivo somente pode ser imputado ao agente, quando constituir parte de sua conduta, de modo a evitar a responsabilidade baseada na mera causalidade (natural ou normativa), na má sorte ou no destino. (Fernando Galvão, Imputação Objetiva, p. 25; André Luís Calegari, Imputação Objetiva no Direito Penal, RT-764/435). Assim, a imputação objetiva considera que apenas o nexo de causalidade é insuficiente para imputar ao agente a responsabilidade de um resultado ocasionado pela sua conduta. Resta ainda observar se a conduta do agente gerou um risco juridicamente desaprovado, e se houve a realização desse risco como dano efetivo a um bem juridicamente protegido, além da subsunção dessa conduta a uma norma penal expressa (tipicidade). (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 184). Diante de tais postulados doutrinários, analise o seguinte caso hipotético: Lucrecia desejava receber o seguro de vida de seu marido, pois não gostava mais dele. Sabedora que o mesmo tem compulsão alimentar convidou-o para jantar em um restaurante de comida livre. O objetivo de Lucrecia estava centrado na possibilidade de que seu marido se engasgasse e morresse de tanta comida que chegava a sua mesa. Os garçons traziam muita comida a mesa dos dois, e, o marido de Lucrecia já não mais vencia comer tudo que era servido. Não demorou muito, seu marido se engasga e vem a falecer restaurante. Alguns garçons e terceiros tentaram ajudá-lo, mas não houve tempo. Nesse contexto, e, considerando apenas os postulados da Teoria da Imputação Objetiva, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Lucrecia será responsabilizada criminalmente ao levar o marido em um restaurante de comida livre, já que era sabedora do seu distúrbio alimentar compulsivo, situação que comprova o seu dolo de matar. PORQUE II – Para a Teoria da Imputação Objetiva a causalidade material não é suficiente, exigindo-se que, além dela, deva ficar comprovado que a ação (a conduta), no momento de sua execução, constituía um perigo (um risco) juridicamente reprovável, e que, esse perigo reprovável tenha se concretizado no resultado típico de lesão ao bem jurídico. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 9. O elemento subjetivo da conduta típica estriba-se na identificação fática do dolo ou da culpa. Sob tal perspectiva, consigna-se que o elemento subjetivo da conduta é fundamental na caracterização da tipicidade técnica da conduta fática deflagrada. Sob tal aspecto, relacionado à Teoria Geral do Delito, Johannes Wessels, refere que: “Elementos subjetivos do tipo são os que pertencem ao campo psíquico-espiritual e ao mundo da representação do autor. Encontram-se, antes de tudo, nos denominados ‘delitos de intenção’, em que uma representação especial do resultado ou do fim deve ser acrescentada à ação típica executiva como tendência interna transcendente; assim, por exemplo, a intenção de se apropriar do ladrão ou assaltante; a intenção de enriquecimento do estelionatário; etc.” (WESSELS, Johannes. Direito Penal; parte geral. Trad. Juarez Tavares, Porto Alegre: Sérgio A. Fabris Editor, 1976). Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – No dolo eventual, o agente, ao dar início à conduta, assume o risco de produzir o resultado lesivo. PORQUE II – O agente visualiza o risco, e, mesmo assim, permanece indiferente à provável ocorrência do resultado de lesão, prosseguindo com sua conduta. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 10. O elemento subjetivo da conduta típica estriba-se na identificação fática do dolo ou da culpa. Sob tal perspectiva, consigna-se que o elemento subjetivo da conduta é fundamental na caracterização da tipicidade técnica da conduta fática deflagrada. Sob tal aspecto, relacionado à Teoria Geral do Delito, Johannes Wessels, refere que: “Elementos subjetivos do tipo são os que pertencem ao campo psíquico-espiritual eao mundo da representação do autor. Encontram-se, antes de tudo, nos denominados ‘delitos de intenção’, em que uma representação especial do resultado ou do fim deve ser acrescentada à ação típica executiva como tendência interna transcendente; assim, por exemplo, a intenção de se apropriar do ladrão ou assaltante; a intenção de enriquecimento do estelionatário; etc.” (WESSELS, Johannes. Direito Penal; parte geral. Trad. Juarez Tavares, Porto Alegre: Sérgio A. Fabris Editor, 1976). Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Na culpa consciente o agente prevê o resultado, embora não o deseje. PORQUE II – Há no agente a representação mental da possibilidade do resultado, mas ele a afasta de pronto, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 11. O Tipo Penal tem especial relevância na determinação da adequação típica, uma vez que seus elementos devem corresponder ao fato concreto ocorrido. Assim, segundo Fernando Capez: “O tipo legal (...) consiste na descrição abstrata da conduta humana feita pormenorizadamente pela lei penal e correspondente a um fato criminoso (tipo incriminador). O tipo é, portanto, como um molde criado pela lei, em que está descrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as pessoas sabem que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante do modelo legal.” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 185-186). Por isso, em algumas circunstâncias fáticas, quando submetidas à análise da tipicidade, na Teoria Geral do Delito, podem ocorrer alguns problemas que inviabilizam a adequação típica, originando assim, um fato atípico, capaz de absolver o acusado da imputação criminal oferecida em juízo. Dentre os problemas que impedem a adequação típica, referem-se: I – a ausência fática dos elementos subjetivos da tipicidade na conduta; II – a presença fática de elementos objetivos e subjetivos da tipicidade; III – a presença de nexo causal normativo entre a conduta e o resultado lesivo; IV – a ausência de nexo causal normativo entre a conduta e o resultado lesivo; Os problemas que realmente poderão ocorrer são: a) ( ) I e II. b) ( ) I e IV. c) ( ) II e III. d) ( ) II e IV. e) ( ) III e IV. 12. Precisar o momento inicial da consumação delituosa é importante para fins de aplicação da sanção penal ao autor da conduta típica. Para tanto, o processo deflagrador da identificação do caminho do crime é tecnicamente denominado de iter criminis. Sob tal perspectiva, importa compreender o critério técnico que melhor possa determinar o momento fático de consumação da conduta delituosa. Esse raciocínio passa pelo entendimento de que a tentativa delituosa tem início em determinado lapso temporal do atuar criminoso, ou seja, a tentativa de lesão tem início quando o bem jurídico tutelado pela lei penal começa a ser agredido pela conduta, muito embora, em específicas situações fáticas, tenha o legislador criminalizado atos de mera preparação da conduta criminosa, mediante a edição de tipos penais voltados para punir atos anteriores ao fim criminoso eventualmente visado pelo agente. (CALLEGARI, André Luís. Teoria Geral do Delito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 19); (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 241). Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Somente se diz que os atos preparatórios são puníveis quando erigidos a tipos penais PORQUE II –. Todos os atos preparatórios que não ingressarem na esfera de uma figura típica, não são passíveis de punição penal. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 13. Segundo Fernando Capez, o poder da vontade humana não se esgota apenas no exercício da atividade final positiva (o fazer), mas também na sua omissão. Ao lado da ação, a omissão aparece como uma forma independente de conduta humana, suscetível de ser regida pela vontade, dirigida a um fim. Assim, em relação às condutas de omissão criminosa, o referido doutrinador refere que, no instante em que a norma impõe a realização de uma conduta positiva, a omissão dessa imposição legal gera a lesão da norma penal, já que esta (imposição legal) é de caráter mandamental. Logo a norma é lesionada mediante a omissão da conduta ordenada pela lei penal. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 140). Sob tal perspectiva, suponha-se uma mãe, que deixa de alimentar o próprio filho, de 5 (cinco) meses de idade, vindo este, após vários dias de um árduo e triste choro de sofrimento e angústia, a morrer de inanição (morte em razão da fome não saciada). Tendo em vista os termos do fato narrado, e considerando o resultado morte da criança em face da conduta da referida mãe, é possível afirmar que a adequação típica entre estes elementos dar-se-á adequadamente pela opção: Suporte legislativo: Crime de infanticídio: Art. 123, do Código Penal – Decreto-Lei n.º 2.848, de 7.12.1940: Art. 123 – Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Crime de homicídio: Art. 121 – Matar alguém. a) ( ) trata-se do crime de infanticídio, na forma de ação própria; b) ( ) trata-se do crime de homicídio, na forma de omissão própria; c) ( ) trata-se do crime de homicídio, na forma comissiva por omissão; d) ( ) trata-se do crime de infanticídio, na forma de omissão imprópria; e) ( ) não cometeu fato típico, eis que não deu causa ao resultado lesivo, pela ausência de nexo causal naturalístico entre a conduta omissiva e a morte da criança; 14. Segundo a doutrina de Luiz Luisi, “o Tipo Penal é a descrição dos elementos materiais do delito, contidos na respectiva disposição legal incriminadora”. (LUISI, Luiz. O tipo penal, a teoria finalista e a nova legislação penal. Porto Alegre, Fabris, 1987, p. 15). Sob tal ótica, Luiz Luisi salienta ainda, que, o tipo penal não é o fato objetivo em que, concretamente, se realiza o delito, mas, segundo, Beling, é a mera descrição dos dados materiais que configuram (na abstração da lei) o crime. Trata-se, portanto, não da realidade do delito, mas dos conceitos que subsumem esta realidade. Ou, na própria linguagem de Ernst Beling: “o tipo não é valorativo, mas descritivo, pertence à lei, e não à vida real”. (ASUA, Luis Jiménez de. Tratado de Derecho Penal. 2. Ed. 1958, p. 751). Por isso, o Tipo Penal consiste na previsão abstrata da conduta delituosa, trazendo consigo, como consequência da violação, a imposição de uma sanção, também de natureza penal. Por tal razão, o conteúdo abstrato do Tipo Penal é concebido de forma universal, pois se dirige abstratamente à coletividade de pessoas indeterminadamente. Assim, salienta-se que o Tipo Penal é composto por elementos que tem por finalidadedescrever, de forma minuciosa, a conduta que está criminalizada pela lei penal em abstrato. Diante de tais contextos doutrinários, analise o tipo penal do Art. 38, da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Antidrogas), que a seguir está transcrito: Suporte Legislativo: Art. 38, da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Antidrogas): Prescrever, ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa. Em seguida, assinale a única alternativa que, de forma correta, se relaciona à caracterização técnica dos elementos componentes do mencionado Tipo Penal: a) ( ) o elemento “culposamente” constitui o verbo núcleo do tipo penal; b) ( ) o termo: “fazê-lo” constitui elemento normativo do referido tipo penal; c) ( ) os termos: “sem que delas necessite o paciente” são elementos subjetivos do tipo penal; d) ( ) os termos “prescrever” e “ministrar” são elementos descritivos da conduta que se quer censurar; e) ( ) os termos: “em desacordo com determinação legal ou regulamentar” constituem-se em exemplo de norma penal em branco; 15. Fato típico é o fato do mundo da vida que se adapta perfeitamente aos elementos referenciados no modelo previsto na lei penal. Fato Típico também pode ser compreendido por meio do encontro normativo entre o modelo penal incriminador (TIPO PENAL) e o fato concreto ocorrido no mundo da vida, conforme denominação cunhada por Zaffaroni. (ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Tratado de Derecho Penal, parte general, I. Argentina: Ediar, 1987, p. 12). Assim, a tipicidade consiste no primeiro eixo da Teoria Geral do Delito. É composta de elementos objetivos e de elementos subjetivos, determinantes e decisivos para a configuração da tipicidade ou atipicidade da conduta. Sob tais parâmetros de orientação técnica, é possível inferir que dentre os elementos da conduta típica, o dolo possui algumas variações, todas decorrentes do comportamento do agente em relação à conduta e à possibilidade de ocorrência do resultado lesivo. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – O dolo indireto eventual é caracterizado pelo instante em que o agente prossegue com sua conduta, tendo visualizado a possibilidade de ocorrência do resultado lesivo PORQUE II – O agente, mesmo desejando o resultado de lesão, assume o risco de sua ocorrência, ocasião em que permanece indiferente à sua eventual ocorrência. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 16. O fato típico é o fato do mundo da vida que se adapta perfeitamente aos elementos referenciados no modelo previsto na lei penal. Fato Típico também pode ser compreendido por meio do encontro normativo entre o modelo penal incriminador (TIPO PENAL) e o fato concreto ocorrido no mundo da vida, conforme denominação cunhada por Zaffaroni. (ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Tratado de Derecho Penal, parte general, I. Argentina: Ediar, 1987, p. 12). Sob tal aspecto, o primeiro eixo da Teoria Geral do Delito é caracterizado pela tipicidade. E esta é composta de elementos objetivos e de elementos subjetivos, determinantes e decisivos para a configuração da tipicidade ou atipicidade da conduta. Sob tais parâmetros de orientação técnica, é possível inferir que dentre os elementos da conduta típica, o dolo possui algumas variações, todas decorrentes do comportamento do agente em relação à conduta e à possibilidade de ocorrência do resultado lesivo incidente sobre o bem jurídico tutela pela lei penal. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – No dolo indireto alternativo o agente visa a um, ou, a outro resultado de lesão ao bem jurídico PORQUE II – O agente quer um específico resultado, e tem a nítida e dirigida intenção de provocá-lo. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 17. Evidencia-se que o fato típico é o fato do mundo da vida que se adapta perfeitamente aos elementos referenciados no modelo previsto na lei penal. Fato Típico também pode ser compreendido por meio do encontro normativo entre o modelo penal incriminador (TIPO PENAL) e o fato concreto ocorrido no mundo da vida, conforme denominação cunhada por Zaffaroni. (ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Tratado de Derecho Penal, parte general, I. Argentina: Ediar, 1987, p. 12). Por ocasião da análise dos elementos integrantes da Teoria Geral do Delito, observa-se que a tipicidade é o primeiro eixo definidor de caracterização técnica da infração à lei penal. Por tal razão, a tipicidade é composta de elementos objetivos e de elementos subjetivos, determinantes e decisivos para a configuração da tipicidade ou atipicidade da conduta. Sob tais parâmetros de orientação técnica, é possível inferir que dentre os elementos da conduta típica, a culpa possui algumas variações, todas decorrentes do comportamento do agente em relação à conduta e à possibilidade de ocorrência do resultado lesivo. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Na culpa inconsciente o resultado lesivo é passível de previsão pelo agente, e este responderá pela sua conduta criminosa PORQUE II – Na culpa com consciência a ocorrência do resultado de lesão é afastada no instante em que o agente confia na sua habilidade, e prossegue até ocorrer um erro de cálculo, e, com este, o resultado se materializa. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 18. Refira-se que o fato típico é o fato do mundo da vida que se adapta perfeitamente aos elementos referenciados no modelo previsto na lei penal. Fato Típico também pode ser compreendido por meio do encontro normativo entre o modelo penal incriminador (TIPO PENAL) e o fato concreto ocorrido no mundo da vida, conforme denominação cunhada por Zaffaroni. (ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Tratado de Derecho Penal, parte general, I. Argentina: Ediar, 1987, p. 12). Na análise dos elementos integrantes da Teoria Geral do Delito, observa-se que a tipicidade consiste no primeiro eixo definidor de caracterização técnica da infração à lei penal. Por isso, a tipicidade é composta de elementos objetivos e de elementos subjetivos, determinantes e decisivos para a configuração da tipicidade ou atipicidade da conduta. Sob tais critérios de orientação técnica, é possível inferir que dentre os elementos da conduta típica, a culpapossui algumas variações, ainda que todas elas dependam da ocorrência do resultado lesivo. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Na culpa inconsciente o agente não prevê o resultado lesivo, ainda que este seja previsível pela generalidade de indivíduos da coletividade PORQUE II – Na conduta culposa, destituída de consciência, o agente age movido por imprudência, negligência ou imperícia. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 19. O objetivo do Direito Penal está limitado pela definição que se tem de bem jurídico tutelado pelo Estado, e a espécie de valores que o Estado, através do legislador, escolheu tutelar, passando a impor uma sanção penal àquele que transgredir a lei penal, em razão da prática concreta da conduta delituosa. Segundo Luiz Luisi, “o bem jurídico tutelado é elemento sempre presente na estrutura de qualquer tipo penal. (...) Os bens jurídicos estão na base da criação dos tipos penais. Esta resulta da necessidade de proteção daqueles bens indispensáveis ao convívio ordenado dos homens. O legislador ao plasmar os tipos, descreve condutas e fatos que, em tese, são antijurídicos porque atentam contra bens e interesses a eles vinculados, que a sociedade reconhece da mais alta valia e significação”. (LUISI, Luiz. O tipo penal, a teoria finalista e a nova legislação penal. Porto Alegre, Fabris, 1987, p. 50). Devido a tais razões, o Tipo Penal consiste na previsão abstrata da conduta, que tem como consequência a imposição de uma sanção penal. (KREBS, Pedro. Teoria Jurídica do delito: noções introdutórias: tipicidade objetiva e subjetiva. 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2006, p. 01). É, por isso, que se tem especial importância no domínio da ciência penal, e, em especial na exata compreensão da Teoria Geral do Delito, o estabelecimento do necessário conhecimento técnico acerca do conteúdo conceitual de cada elemento estrutural de composição do Tipo Penal. Diante de tal aporte doutrinário, considere o seguinte TIPO PENAL constante no Código Penal (Decreto-Lei n.º 2.848/1940): Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Tendo em vista o referido tipo penal, e os elementos que o compõem, assinale a opção que identifica, adequada e respectivamente, a classificação técnica empregada para designar as seguintes expressões: “mediante violência ou grave ameaça”; e, “conjunção carnal”: a) ( ) elemento normativo; elemento descritivo; b) ( ) elemento descritivo; elemento normativo; c) ( ) elemento descritivo; elemento subjetivo da conduta; d) ( ) elemento normativo; verbo núcleo do tipo penal objetivo; e) ( ) verbo núcleo do tipo penal; elemento subjetivo da conduta; 20. Importa consignar que a conduta tem papel relevante para a análise da Teoria Geral do Delito, em especial no que diz respeito à tipicidade. Segundo Fernando Capez: “as pessoas dotadas de razão possuem o livre arbítrio para decidir-se pelo crime ou não, eis que é conhecedora dos processos de causa e efeito. Por isso, o Direito Penal funda-se no princípio da evitabilidade de comportamentos danosos. Sob tal ótica, onde não houver vontade, não existirá conduta perante o ordenamento penal, eis que interessam apenas os comportamentos que poderiam ter sido evitados”. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 114). Sob tal perspectiva, a conduta humana, analisada tecnicamente, possui elementos que a caracterizam. Tendo em vista tais elementos conformadores da terminologia empregada pela Teoria Geral do Delito, e relacionados à conduta humana prevista como delito, analise as seguintes afirmações: I – A vontade e a consciência são elementos presentes na conduta dolosa; II – A voluntariedade da conduta típica é elemento presente na conduta culposa; III – A ausência de um dever objetivo de cuidado e cautela é elemento presente na conduta dolosa; IV – A conduta culposa não necessita do elemento resultado lesivo para sua concretização material; Estão CORRETAS apenas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e III. c) ( ) II e III. d) ( ) II e IV. e) ( ) III, IV. 21. As teorias a respeito da responsabilização penal da pessoa jurídica pelos seus atos de gestão divergem acerca da possibilidade desses entes em praticar figuras típicas. Assim, concebem-se duas teorias a respeito. A teoria da ficção e a teoria da realidade, cada qual com seus postulados. Assim, para a Teoria da Ficção, a sistemática de incidência da norma penal contempla a responsabilidade da pessoa natural, não havendo elementos e instrumentos hábeis de alcance da pessoa jurídica na esfera criminal. Já para a Teoria da Realidade ou da Personalidade Real, a pessoa jurídica é uma realidade, que tem vontade e capacidade de deliberação, mediante a prática empresarial de ações ou omissões criminosas, devendo-se, então, reconhecer-lhe capacidade criminal. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 147-152). Sob tais aspectos doutrinários, nossa Lei Máxima adotou uma das referidas teorias, calcando-se em critérios forjadores da razoabilidade e proporcionalidade na tutela de bens jurídicos passíveis de proteção penal pelo Estado. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – A pessoa jurídica é passível de cometer determinados crimes, tendo em vista a prática de atos de gestão administrativa na realização de condutas típicas. PORQUE II – É juridicamente inaceitável que pessoa jurídica cometa condutas delituosas, tendo em vista tratar-se de uma ficção (ou abstração). Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 22. Tendo em vista a doutrina de Fernando Capez, “conduta é a ação ou a omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade. Os seres humanos são entes dotados de razão e vontade. A mente processa uma série de captações sensoriais, transformadas em desejos (...)” (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Volume 1 - parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 114). Sob tal perspectiva doutrinária acerca do conceito de conduta penalmente relevante, analise o seguinte evento hipotético: um motorista, embora dirigindo seu automóvel com absoluta diligência, acaba por atropelar e matar uma criança, que se desprendeu da mão de sua mãe e precipitou-se, de súbito, sob a roda do veículo, sendo impossível evitar o atropelamento. Mesmo sem atuar com dolo ou culpa, o motorista deu causa ao evento morte, pois foi o carro que conduzia que passou por sobre a cabeça da vítima. Assim, o motorista, ainda que tenha agido diligentemente na condução do veículo, deu causa ao evento morte da criança, vitima do atropelamento. Acerca desse evento fático, o Ministério Público ofereceu denúncia-crime contra o motorista, alegando que ele deu causa diretaao resultado morte da vítima em tenra idade. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I – Mesmo que presente o nexo causal naturalístico, a ausência fática do nexo causal normativo, entre a conduta e o resultado lesivo, determina a atipicidade da conduta praticada PORQUE II – O nexo causal normativo necessita da presença fática de um dos dois elementos subjetivos da conduta típica, para fins de confirmação técnica da causalidade jurídica entre conduta e resultado. Sobre as duas afirmações acima é possível concluir que: a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a asserção II é uma proposição falsa. d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é uma proposição verdadeira. e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas. 23. Para a Teoria da Omissão Naturalística da conduta, a omissão é um fenômeno causal, que pode ser claramente percebido no mundo dos fatos, já que, em vez de ser considerada uma inatividade, caracteriza-se como verdadeira espécie de ação. Constitui, portanto, um “fazer”, ou seja, um comportamento positivo: quem se omite faz alguma coisa. Com isso, podemos conceber que a omissão não interfere dentro do processo causal, pois quem se omite não faz absolutamente nada e, por conseguinte, não pode causar coisa alguma. Em outras palavras, a inatividade não pode ser provocadora de nenhum resultado. Já para a Teoria da Omissão Normativa a omissão é um nada, logo, não pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz, portanto, nada causa. Assim, o omitente não deve responder pelo resultado, pois não o provocou. Excepcionalmente, embora não se possa estabelecer o nexo causal entre omissão e resultado, essa teoria, entretanto, admite que aquele que se omitiu seja responsabilizado pela ocorrência. Para tanto, há necessidade de que esteja presente o chamado “dever jurídico de agir”. (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 141-142). Tendo em vista tais considerações doutrinárias, analise o seguinte caso fático. Em uma rua qualquer, um pedestre presencia um atropelamento no trânsito, e, sadicamente, acompanha os gemidos da vítima até o seu óbito, sem prestar-lhe qualquer espécie de socorro. Considerando as Teorias e as Espécies de Conduta criminosa, bem como a corrente doutrinária a qual nosso ordenamento legal se filiou, é possível afirmar que o referido pedestre cometeu um crime: a) ( ) de ação própria; b) ( ) de omissão própria; c) ( ) de omissão imprópria; d) ( ) comissivo por omissão; e) ( ) omissivo por comissão; 24. A conduta é elemento chave na configuração da tipicidade, primeiro eixo da Teoria Geral do Delito. Sob tais circunstâncias, o poder da vontade humana não se esgota apenas no exercício da atividade final positiva (o fazer), mas também na sua omissão. Ao lado da ação, a omissão aparece como uma forma independente de conduta humana, suscetível de ser regida pela vontade, dirigida a um fim. Existem normas jurídicas que ordenam a prática de ações para a produção de resultados socialmente desejados ou para evitar resultados socialmente indesejáveis. Assim, quando a norma impõe a realização de uma conduta positiva, a omissão dessa imposição legal gera a lesão da norma penal mandamental. Logo a norma é lesionada mediante a omissão da conduta ordenada. Estamos, portanto, tratando de uma espécie de omissão de uma ação determinada, onde o infrator se omite da prática de uma conduta que deveria realizar (CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, Volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 140). Sob tais circunstâncias doutrinárias, analise as seguintes afirmações relacionadas à presença dos critérios que permitem a configuração jurídica da conduta de omissão criminosa: I – O conhecimento da situação típica de omissão pelo omitente é critério configurador da omissão; II – O omitente, tendo a possibilidade real, física, de levar a efeito a ação exigida, se omite, incorrendo em omissão criminosa; III – A consciência do omitente independe de seu poder de ação para a execução da ação omitida; IV – Se o obrigado não estiver em condições de levar a efeito a conduta esperada pela lei, na situação do fato, não poderá servir- se de um terceiro, para a prática da conduta; Estão CORRETAS apenas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e III. c) ( ) II e III. d) ( ) II e IV. e) ( ) III e IV. GABARITO PARA ANOTAÇÃO DAS RESPOSTAS DAS QUESTÕES OBJETIVAS O aluno pode destacar esta página da prova e levar consigo. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
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