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Scheila Maria 2016 1 GASTRO – OBESIDADE E CIRURGIA BARIÁTRICA Obesidade: É uma alteração da composição corporal, com determinantes genéticos e ambientais. A doença é definida por um excesso relativo ou absoluto das reservas corporais de gordura. Isso ocorre quando a oferta de calorias é maior que o gasto de energia corporal, e, frequentemente, resulta em prejuízos significantes para a saúde. Portanto, é uma doença crônica multifatorial inflamatória dos adipócitos. Relacionada a fatores nutricionais, metabólicos, endócrinos, ambientais, psicológicos e genéticos. IMC > 50 = superobesos Está relacionada ao aumento de câncer e doenças cardiovasculares, HAS, diabetes, osteoartrites e doenças respiratórias. A obesidade mórbida é um estado de insulino-resistência por excelência, frequentemente associado a síndrome metabólica (SM). Epidemiologia: o 64% da população dos EUA tem sobrepeso e 1/3 são obesos o No Brasil, 64% com sobrepeso e 14% obesos. o Para cada aumento de 5kg/m² no IMC há: 30% em todas as causas de mortalidade, 10% na mortalidade por câncer. A abordagem terapêutica clínica, medicamentosa ou dietética apresenta baixa eficácia a longo prazo. Ocorre abandono de 50% e alto índice de reganho de peso. Hoje, o meio mais eficaz para o tratamento e controle da obesidade é a intervenção cirúrgica, que melhora os parâmetros metabólicos com efeito positivo no metabolismo de lipídeos e carboidratos, diminuindo a resistência a insulina e controlando o diabetes tipo 2 e hiperlipidemia. Procedimentos como laparoscópicos e convencionais de alerta também são infrutíferos isoladamente. BALÃO INTRAGÁSTRICO: colocação de um balão intragástrico por via endoscópica, com cerca de 500 ml de líquido, objetivando diminuir a capacidade gástrica do paciente, provocando a saciedade e diminuindo o volume residual disponível para os alimentos. Scheila Maria 2016 2 o Vantagens: É um procedimento endoscópico, ambulatorial e que pode proporcionar perda de peso em torno de 10-35%. o Desvantagens: É temporário [cerca de 6 meses] e exige acompanhamento. o Indicações: Adjuvante no tratamento de perda de peso, principalmente no preparo pré-operatório de pacientes com superobesidade (IMC acima de 50 kg/m2), com associação de patologias agravadas e/ou desencadeadas pela obesidade mórbida. OU SEJA: É um trampolim para a cirurgia, rediz o risco cirúrgico e anestésico. [CIRURGIA BARITÁTRICA ] Quando fazer? Primeiro recomenda-se tentar a aquisição de hábitos saudáveis pelo paciente, o segundo passo é controlar a doença com medicamentos e, por fim, quando o médico e paciente se convencem que esgotaram as tentativas de tratar a doença exclusivamente com mudança de hábitos, vem a cirurgia. Em quem fazer? o Pacientes com IMC > 40 kg/m² e insucesso no tto clínico por 2 anos. o Pacientes com IMC ≥ 35 kg/m² e comorbidade associada* o Idade: 16 – 60 anos o Tempo de doença > 2 anos. OBS: comorbidade associada = doenças agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz. Algumas delas são: diabetes, apneia do sono, HAS, dislipidemia, doença CV, asma grave não controlada, osteoartrose, hérnias discais, incontinência urinária, infertilidade, doença hemorroidária, depressão, entre outros. Contra-indicações: o Risco anestésico classificado como ASA IV. o Uso de drogas ilícitas ou alcoolismo o Hipertensão portal com varizes esofagogástricas. o Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado. o Quadro de transtorno psiquiátrico atual não controlado Por que fazer? Causa remissão de doenças como diabetes tipo II, que pode até ser curada, reduz a mortalidade e melhora a qualidade de vida. Scheila Maria 2016 3 Avaliação pré-op: o Anamnese: tempo de obesidade, tratamentos clínicos realizados previamente, preferências e hábitos alimentares, prática de atividades físicas ou sedentarismo, etilismo, tabagismo ou outras dependências químicas, além da existência de co- morbidades (HAS, DM e SM*) orgânicas e psicológicas. o Exame físico: quantificar o grau de obesidade e seus inconvenientes orgânicos. o Avaliação endocrinológica o Avaliação e preparo psicológico: psicólogo e psiquiatra são o carro chefe, o objetivo é mudar o paladar. o Avaliação cardiorespiratória o Avaliação endoscópica: NÃO É MANDATÓRIA em nenhum consenso, indica-se quando há sintomas prévios, como refluxo, lesões pré-malignas, displasia, dispepsia, H.pylori. o Exames de imagem: raio X, ultra-som o Avaliação laboratorial: hemograma, coagulograma, ureia, creatinina, urina, T3, T4, TSH, entre outros. *OBS: A SM considerou-se 5 parâmetros: circunferência abdominal [CM > 88cm para mulheres ou > 102cm para homens]; pressão arterial [valores de corte considerando 130/85mmHg]; concentrações séricas de glicemia em jejum: [GJ > 110mg/dL]; triglicérides [TG >150mg/d] e fração de colesterol de lipoproteína de alta densidade [HDLc < 50mg/dL para mulheres ou < 40mg/dL para homens]. [TÉCNICAS CIRÚRGICAS] As cirurgias diferenciam-se pelo mecanismo de funcionamento. Existem três procedimentos básicos da cirurgia bariátrica e metabólica, que podem ser feitos por abordagem aberta ou por videolaparoscopia OBS: A videolaparoscopia é aplicável a todas as técnicas cirúrgicas, é menos invasiva e mais confortável ao paciente: 1. Restritivos – diminuem a quantidade de alimento que o estômago pode comportar. 2. Disabsortivos – reduzem a capacidade de absorção do intestino. 3. Técnicas mistas – com pequeno grau de restrição e desvio curto do intestino com discreta má absorção de alimentos. Scheila Maria 2016 4 [BANDA GÁSTRICA] É uma prótese de silicone que, colocada em torno do estômago proximal, o faz ter a forma de uma ampulheta. O diâmetro interno da banda pode ser regulado no pós- operatório por injeção de líquido no reservatório situado no subcutâneo. Bastante segura e eficaz na redução de peso (20% a 30% do peso inicial); É restritiva. Ajuda no tratamento do diabetes Vantagens: reversível, pouco agressivo, mínimas repercussões nutricionais, não altera hormônios, permite ajustes, não há secção e sutura do estômago, baixa morbimortalidade, retorno precoce às atividades. Desvantagens: a perda de peso pode ser insuficiente a longo prazo; exige estrita cooperação do paciente em seguir as orientações dietoterápicas; riscos inerentes ao uso permanente de corpo estranho; inadequada para alguns pacientes, comedores de doce, portadores de esofagite de refluxo e hérnia hiatal volumosa; possibilidade de ocorrência de complicações a longo prazo, como migração intragástrica da banda, deslizamento da banda e complicações com o reservatório. Os resultados pobres e o alto índice de reoperação deixam a indicação desta técnica como exceção [GASTRECTOMIA VERTICAL] Nesse procedimento, o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml); Realiza-se remoção de 70% a 80% do estômago proximal ao antro. É restritiva; Boa perda de peso (semelhante à DGRY e maior que a banda gástrica); Boa eficácia sobre o controle da hipertensão e de doenças dos lípides (colesterol e triglicérides); Vantagem: não exclui o duodeno do trânsito alimentar. Desvantagem: Pode produzir graves complicações como fístulas esôfago-gástrica. Não funciona para beliscadores, alcoolistas e chocólatras Grelina. [SWITCH DUODENAL] É a associação entre gastrectomia vertical e desvio intestinal. 85% do estômago são retirados, porém a anatomia básica do órgão e sua fisiologia de esvaziamento são mantidas. É disabsortiva. O desvio intestinal reduz a absorção dos nutrientes, levando ao emagrecimento. Scheila Maria 2016 5 Leva à perda de 40% a 50% do peso inicial. Ocorrem modificações funcionais e hormonais do tubo digestório, com efeitos benéficos adicionais sobre o controle ou reversão das comorbidezes metabólicas, em especial sobre o diabetes tipo 2 e a dislipidemia. Vantagens: há menor restrição da ingestão alimentar; são muito eficazes em relação à perda de peso e manutenção em longo prazo; o reservatório gástrico é completamente acessível aos métodos de investigação radiológica e endoscópica. Desvantagens: mais sujeitas às complicações nutricionais e metabólicas de controle mais complexo, tais como deficiência de vitaminas lipossolúveis, deficiência de vitamina B12, cálcio e ferro; desmineralização óssea; úlcera de boca anastomótica; aumento do número de evacuações diárias, com fezes e flatos muito fétidos. [BYPASS GÁSTRICO ou DGYR] Cirurgia de derivação gástrica com reconstituição em Y de Roux sem ressecção gastrointestinal. Mais praticado no Brasil, seguro, eficaz, perda de 40-45% do peso inicial; É mista; grampeamento de parte do estômago, que reduz o espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial. Promove o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome = emagrecimento. Controla diabetes e outras doenças como hipertensão arterial devido às modificações funcionais e hormonais do tubo digestório. Vantagens: perda de peso adequada e duradoura, com baixo índice de insucesso, trata também a doença do refluxo gastroesofageano, apresenta bons resultados em termos de melhoria da qualidade de vida e doenças associadas. Desvantagens: tecnicamente mais complexa; acesso limitado ao estômago excluído e ao duodeno para métodos radiológicos e endoscópicos; passível de complicações, como deiscência de suturas; maiores chances de deficiências proteicas e anemia do que as cirurgias restritivas. [PÓS OPERATÓRIO] Somente o acompanhamento nutricional adequado garante o sucesso da cirurgia, evitando complicações como vômitos, intolerância alimentar e perda de peso insuficiente. Necessidade constante do fracionamento das refeições, mastigação e quantidade de alimentos ingeridos numa mesma refeição. Scheila Maria 2016 6 Melhora da HAS e DM2. A melhora no metabolismo glicídico pode ser explicada pela severa privação de nutrientes que ocorre após a cirurgia, proporcionando perda de peso e balanço energético negativo, esses melhoram a tolerância a glicose; alterações de hormônios gastro-intestinais como redução de níveis plasmáticos de grelina e elevação de GLP1; a redução da hiperinsulinemia, resistência a insulina,dos níveis de leptina e da pressão- intra abdominal estão relacionadas a redução da PA. A presença de dislipidemia é muito variável entre pacientes com obesidade mórbida.
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