Buscar

Unidade III - O Estado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O Estado – Principal Sujeito do DIP
1 – Introdução
	O Estado é a nação organizada política e juridicamente. É esse caráter “organizacional” (político e jurídico) que o distingue da nação. Esta é natural (comunidade), enquanto o Estado é artificial (sociedade). Esse detalhe é que caracteriza o Estado,mediante um governo organizado em bases plítica e jurídica. Afora isso, ambas as noções se assemelham, pois possuem bases espacial (território) e pessoal (população). Há Estados com várias nações e nações fracionadas em Estados distintos, assim, como há a tendência de cada nacionalidade levar à criação de um Estado. Este princípio serviu de base ao princípio das nacionalidades, de Mancini, em 1851.
	
2 – Elementos dos Estados
Território determinado, população permanente composta de nacionais e não nacionais , governo soberano e independente e a capacidade de se relacionar com os demais Estados,
O território determinado - é a base física sobre a qual se localiza o Estado. Não há previsão internacional mínima ou máxima para o território de um Estado. Há estados gigantescos e outros minúsculos, como é o caso do principado de Mônaco (1.52 km2), a Cidade do Vaticano (0,44 km2) e a pequena Suíça (41.288 km2) e Nauru, no Pacífico Central, a menor república do mundo (21 km2). Pode o território ser descontínuo. Ex.: EUA (Alasca), Inglaterra (Malta e até bem pouco tempo sobre Hong Kong)
A população Permanente - Conta-se como população o conjunto de pessoal permanente, incluindo nacionais, estrangeiros residentes no país e refugiados. Não importa o número (o Vaticano tem aproximadamente mil habitantes e fala-se de população funcional).
O Governo Soberano e independente - É a manifestação do poder político de onde emana a soberania. A essa capacidade de dirigir a vida do ente social correspondente se dá o nome de soberania. É o que distingue o Estado da nação. Daí dizer-se que o Estado soberano não é subordinado a Estado algum.
Capacidade de se relacionar com os demais Estados na comunidade internacional, podendo exercer a sua soberania externa e assinar tratados.
3 – Classificação dos Estados
3.1 – Dos Estados Simples
Dentro do DIP, os Estados são classificados em simples e compostos (estes, compostos por coordenação e compostos por subordinação).
Um Estado simples é aquele que tem unidade normativa e centralização de poder. Ex.: a França
3.2 – Dos Estados Compostos
Um Estado composto por coordenação é aquele formado por várias unidades normativas, cujos poderes são descentralizados, mas onde há um poder central. É o caso da federação. Ex.: EUA e Brasil. A confederação é outro exemplo de Estado composto por coordenação. Diferencia-se da federação por ser uma união de estados soberanos unidos por um órgão especial (a Dieta), conservando sua autonomia e sua personalidade internacional. O caso mais recente de confederação foi o da Senegâmbia, reunindo Senegal e Gâmbia em 1981, não mais existente. 
Uma comunidade à parte, que não se encaixa nem como confederação, nem como federação é a Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações), unidas pelo vínculo comum da Coroa Britânica. Fazem parte: Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte), a Austrália, a Nova Zelândia, o Canadá, o Ceilão, o Paquistão, a Índia, Gana, Nigéria, Jamaica, Guiana Britância e outros.
Estados compostos por subordinação são os Estados vassalos, os protetorados, os países sob tutela e os Estados clientes.
Estados vassalos são os que gozam de autonomia na direção dos seus negócios internos, mas, no tocante aos negócios externos, dependem de outro Estado, ao qual devem vassalagem. Esse outro Estado é chamado suserano. Não há atualmente nenhum caso de vassalagem. Na história, houve os casos: Sérvia e Montenegro, a Turquia como suserana do Egito.
Os Estados protegidos ou protetorados são os que , em virtude do tratado e por tempo indeterminado, se colocam sob a proteção e direção de outro ou outros Estados, ao qual ou aos quais cedem uma parte dos seus direitos soberanos. O Estado protegido conserva, até certo ponto, a qualidade de pessoa internacional. O exercício da soberania externa cabe ao Estado protetor, bem como o de certos direitos dependentes da soberania interna, tais como o comando militar , a administração da justiça, etc. Ainda sã protetorados internacionais: Mônaco, Andorra e Pirineus (sob a proteção da França), São Marino (sob a proteção da Itália).
Estados clientes são os que confiam a outro Estado a defesa de alguns dos seus negócios ou interesses. Conservam perfeita independência em relação aos demais, embora cedam a outro Estado o exercício de certos poderes ou de certos atributos da Soberania. Era a situação de Cuba, até 1934, relativamente aos Estados Unidos da América. Também assim eram considerados os países satélites da antiga URSS.
Estado sob tutela – A antiga Liga das Nações chamou para si a responsabilidade de dirigir os destinos de determinadas regiões sem governo próprio. Foi assim que a Palestina, naquela época, ficou subordinada à Inglaterra. Era o antigo regime de Estado sob mandato, que, com a ONU,foi substituído pelo sistema de tutela. A ONU criou um Sistema Internacional de Tutela, afeto ao Conselho de Tutela.Hoje, praticamente, não mais existem territórios tutelados, pois Nauru se destutelou da Inglaterra e, em 1968, ingressou na ONU. Em 1975, Nova guine, sob tutela da Austrália, tornou-se independente, sob o nome de Papua-Nova-Guiné e também ingressou na ONU. As Ilhas do Pacífico, sob a tutela dos EUA, foram consideradas, pela Organização, zonas estratégicas, como o permite o art. 82 da Carta.
4 – Nascimento, Reconhecimento, Transformação e Extinção dos Estados
4.1 – O nascimento e reconhecimento
O Estado pode nascer das seguintes formas: pela ocupação, emancipação, separação, fusão e por meio de normas internacionais.
A ocupação é o estabelecimento de uma população em determinado território. Parte a ocupação do pressuposto que o território ocupado seja res nullius. Como não há mais território sem dono, não se pode falar, hoje em dia, de ocupação como forma válida de governo.
A emancipação foi o que huve com o Brasil e os EUA, dentre outros.
A separação se verifica quando parte de um Estado se desvincula do todo estatal, criando um novo Estado. Ex.: Em 1919, o Império Austro-Húngaro se desfez, propiciando a separação da Áustria, hungria e a então Tchecoslováquia. Em 1905, houve a extinção de uma união real – a separação da Suécia e da Noruega.
A fusão de Estados para a formação de novo Estado pode produzir um Estado simples ou um composto. Foi assim que se formou a atual Alemanha, que é ex. de separação e fusão (da fusão das duas Alemanhas – RFA e RDA). Para defender a RFA, os EUA criaram a OTAN e para defender a RDA a URSS criou o Pacto de Varsóvia.
O nascimento por meio de normas internacionais foi o que se deu com o Vaticano. É o que ocorre por meio de acordos internacionais (Ex.: Vaticano).
4.2 - O Reconhecimento Estatal é o ato por meio do qual um Estado reconhece a personalidade estatal de outro Estado., importando na admissão desse última na sociedade internacional. O Reconhecimento pode ser feito sob condições. A União Européia apresentou condições para o reconhecimento dos novos Estados que surgiram da Iugoslávia e da ex-URSS: democracia e Estado de direito, nos termos da Carta da ONU garantia dos direitos das minorias e grupos étnicos respeito às fronteiras, que só serão alteradas por mútuo consentimentos e respeito aos tratados de desarmamento. E, indo da teoria à prática, a U.E. reconheceu a Croácia, a Eslovênia e a Bósnia Herzegovina.
4.3 – Extinção do Estado
Já sabemos que são três os elementos essenciais do Estado: população permanente composta por nacionais e não nacionais, território determinado e governo soberano e independente e a capacidade de se relacionar com os demais Estados.. Se eles desaparecerem, o Estado se extingue, ou seja perde seuselementos constitucionais, perdendo assim sua personalidade internacional.
A extinção pode ser:
a) total – quando o Estado perde toda sua personalidade internacional, ou seja perde sues elementos constitucionais. Ex.: se um Estado voluntariamente incorporado por outro, e seu todo, ou se um Estado se dividir em duas partes distintas, que passarão a constituir dois novos Estados.
b) parcial – quando apenas perde uma parte do seu território. Ocorreria se houvesse apenas a absorção incompleta de um Estado por outro, por meio, por ex., de uma anexação.
DOS DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS
1 – Dos Direitos
Os Estados têm os mesmos direitos e deveres, a despeito de suas eventuais desigualdades econômicas, políticas, sociais e culturais. Interessa, pois, ao DIP, o problema da igualdade jurídica do Estado.
Os Direitos dos Estados podem ser classificados em duas categorias: direitos fundamentais e direitos adquiridos. Os Direitos fundamentais decorrem da própria existência do Estado, enquanto os direitos adquiridos resultam de um tratado ou costume internacional.
- Dos direitos fundamentais - A Convenção sobre Direitos e Deveres dos Estados, assinada em Montevidéu, em 1933, enumera os seguintes direitos fundamentais: o direito à existência, o direito à liberdade e o direito de defesa e conservação.
a) O direito à existência diz respeito à qualidade do Estado como membro da comunidade internacional.
b) O direito de liberdade compreende a soberania interna e a soberania externa. A soberania interna representa o poder do Estado em relação às pessoas e coisas dentro do seu território. É chamada autonomia. A soberania externa se manifesta na afirmação da liberdade do Estado em suas relações com os demais membros da comunidade internacional – para firmar tratados, fazer a guerra e a paz, o direito de igualdade, dentre outros.
O Direito de igualdade é bastante questionado. O Art. 4º da Convenção de Montevidéu sobre os Direitos e Deveres dos Estados prescreve: “Os Estados são juridicamente iguais, gozam dos mesmos direitos e têm a mesma capacidade no seu exercício”. As principais conseqüências dessa igualdade jurídica seriam: 1a) em qualquer questão que deva ser decidida pela comunidade internacional, cada Estado terá o direito de voto e o voto do mais fraco valerá tanto quanto o do mais forte; 2a) nenhum Estado tem o direito de reclamar jurisdição sobre o outro Estado soberano (os tribunais de um Estado não têm jurisdição sobre outro Estado e não têm competência judiciária em relação a outro Estado, salvo em casos de cooperação). Mas, de fato, o direito de igualdade é plano utópico. 
c) O Direito de defesa e conservação compreende todos os atos necessários à defesa do Estado contra inimigos internos ou externos, tais como a adoção de leis penais, a organização de tribunais repressivos, a prática de certas medidas de ordem policial, a expulsão de estrangeiros nocivos à ordem ou à segurança públicas etc. Trata-se de direito ilimitado? Não. É um direito limitado à existência e conservação dos demais membros da comunidade internacional.
1.2 – Limitações aos Direitos dos Estados
a) Limitação na soberania interna – Dá-se quanto à imunidade de jurisdição local (privilégio reconhecido a certas pessoas estrangeiras, em virtude dos cargos ou funções que exercem, de escaparem à jurisdição do Estado em que se encontram).
b) Limitação à “propriedade” do território – o próprio estado pode limitar a sua soberania e, por garantia a uma divida externa, por exemplo, pode, por meio de tratado, hipotecar o seu território. O descumprimento da obrigação internacional não leva o território à hasta pública, mas incorre em anexação por parte do Estado credor. Podem também serem constituídas servidões sobre o território de um Estado (Ex.: uso do espaço aéreo ou marítimo, como pagamento de uma dívida. 
d) Limitação ao direito de defesa – o Estado se compromete a não fazer a guerra a nenhum outro Estado, salvo para defesa própria contra agressão sofrida.
2 – Dos Deveres
Todo Estado tem o dever de respeitar a soberania e a independência do outro, bem como as regras de direito internacional admitidas pela coletividade internacional. Desses deveres, decorre o maior de todos: o dever de não-intervenção.
2.1 – Do dever de não-intervenção
É o dever de não intervir nos negócios internos e externos dos outros Estados.
São atos de intervenção: a imposição ou tentativa de imposição de uma forma de governo ou de um chefe de governo; a oposição efetiva a atos lícitos de outro Estado; a imposição da celebração de tratado etc.
A intervenção pode ser diplomática (quando se exerce por meio de representações verbais ou escritas) ou armada (quando se faz o uso da guerra).
Acciolly: “O dever de não-intervenção constitui princípio jurídico geralmente admitido pela doutrina internacional, especialmente nos países americanos, onde o mesmo se acha consagrado por alguns atos internacionais vigentes”.
Limitações ao dever de não intervenção: intervenção por motivos de auto-defesa e conservação; interv. por motivos de humanidade e direitos humanos; interv. em caso de guerra civil.
OBS Há diversos autores que questionam essas intervenções porque as consideram atentados à soberania do país.

Outros materiais