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Ensino do Português no Brasil

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
 FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS 
 DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS 
 
 
 
 
 
 
 O ensino do Português no Brasil 
 
 
 
 
 
 Trabalho final da disciplina 
 Introdução ao Estudo da 
Língua Portuguesa I, sob a 
 orientação dos Profs. Drs. 
Vanessa Martins do Monte 
 e Phablo Roberto Marchis Fachin 
 
 Nome do aluno: Fernanda Elis Ribeiro nº USP: 6888033 
 Nome do aluno: Gabriel Gustavo de Oliveira nº USP: 9764711 
 Nome do aluno: Isabela Cristina Ferreira nº USP: 7239812 
 Nome do aluno: Luana Damasio Dos Santos nº USP: 9821090 
 Nome do aluno: Marisa Moraes nº USP: 9823602 
 1º horário – matutino 
 
 
 
 São Paulo 
 Junho-2016
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3 
2 - OBJETIVOS ....................................................................................................... 5 
3 - MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 6 
3.1 - O ensino do Português no Brasil e sua gramática ...................................... 6 
3.2 - Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) ............................................... 8 
3.3 - Os livros didáticos e exercícios dados em sala .......................................... 9 
3.4 - A variação linguística nas escolas brasileiras............................................12 
4 - RESULTADOS ................................................................................................. 13 
5 - CONCLUSÃO .................................................................................................. 16 
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo do ensino do Português na escola brasileira é ajustar a língua já 
adquirida pelo aluno em sua casa à diversos contextos sociais e comunicativos. A 
gramática ensinada nas escolas é a normativa, ou seja, é a que prescreve as 
regras e admite apenas uma única forma para realização da língua. O erro do 
ensino da gramática normativa consiste no fato da escola impor ao indivíduo que 
ele deve usá-la em todas as situações, como modelo universal. Mas não podemos 
esquecer que os livros didáticos também colaboram para um método antiquado de 
ensino pois não estimulam a escrita e a leitura. O aluno aprende o Português mas 
não irá fixá-lo pois a forma que foi ensinado é coercitiva, sem escolha de quando 
usará a norma padrão. Infelizmente, o ensino do português herdou muitos 
preconceitos e até mesmo os próprios professores aprendem durante sua vida 
acadêmica que aqueles que falam de um jeito diferente da norma padrão e com 
variedades linguísticas fala errado, disseminando o preconceito linguístico. Porém 
a escola não deve propagar essa visão, e sim formar cidadãos capazes de se 
expressar oralmente e por escrito. Para isso, os professores também devem ser 
leitores e estarem sempre abertos às diferenças. 
 
 
Palavras-chave: Ensino. Português. Gramática. Escola. Didática 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
A presente monografia tem como objeto o ensino do Português no Brasil. 
Visamos relatar então o trajeto histórico desse processo e assim compreender 
porque as aulas dessa disciplina precisam melhorar a fim de que haja mais 
valorização por parte dos alunos e da sociedade em geral. 
É relevante realizar pesquisas sobre esse tema pois um ensino de 
qualidade do Português faz com que um indivíduo desenvolva habilidades de 
escrita e leitura e, consequentemente, consiga interpretar com facilidade a 
realidade. É muito importante buscar soluções para os problemas do ensino do 
Português e, principalmente, por um fim na coerção da gramática normativa pois 
assim o aluno não sentirá medo de falar e sofrer duras repreensões por não ter 
falado de acordo com a norma padrão. 
O trabalho acadêmico intitulado Falar, Ouvir, Escrever, Ler no ensino da 
Língua Materna da professora Rosa Virgínia Mattos e Silva, do Instituto de Letras 
da Universidade Federal da Bahia mostra a importância da leitura. Em sua tese, 
Mattos e Silva (1990, p.52) defende que “precisamos deixar que o Brasil fale, não 
só nas ruas e assembleias mas, antes que mais, nas escolas” 
Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses: 
- A correção gramatical por parte do professor de Língua Portuguesa intimida 
o aluno; 
- Os Estados do Brasil com maior rendimento dos alunos em Língua 
Portuguesa são os que investem mais em bibliotecas; 
- A leitura influencia na escrita. 
 
Portanto, o presente trabalho responderá as seguintes questões: 
● Quais são as principais teorias que sustentam as pesquisas sobre o tema? 
● Quais são as ideias centrais mais aceitas em torno desse tema? 
● Que tipo de dados linguísticos são usados habitualmente nas pesquisas 
sobre o tema? 
 Não é tão simples aplicar as soluções para melhorar o ensino pois o 
problema remonta desde a escola antiga e esbarra também na falta de estímulo 
que alguns professores passam e que, infelizmente, acaba sendo disseminada 
nas escolas atuais. 
4 
 
 Em linhas gerais, este trabalho divide-se em duas seções. A primeira 
refere-se à história do ensino da gramática, como funcionam os livros didáticos e o 
levantamento dos problemas que os professores enfrentam ao lecionar a Língua 
Portuguesa. Na segunda seção, que já seria o encerramento do trabalho, serão 
feitas sugestões para que haja uma possível melhoria do ensino do Português. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 – OBJETIVOS 
 
 Os objetivos gerais da presente monografia são expor a forma que é 
ensinado o Português no Brasil, as dificuldades que os alunos enfrentam ao 
aprender a gramática normativa e como ela está disposta nos livros didáticos e, 
finalmente, buscar soluções através de teorias para melhorar o ensino do 
Português nas escolas brasileiras. Os objetivos específicos são: 
● Expor o método da correção linguística por parte do professor; 
● Entender o que mudou e o que permanece no ensino do Português; 
● Relacionar o português que se aprende em casa com o português ensinado 
na escola; 
● Verificar se existe espaço para a variação linguística dentro da sala de aula. 
 Para atingiresses objetivos, no que concerne à importância da leitura e 
escrita nas escolas, os trabalhos da professora Rosa Virginia Mattos e Silva do 
Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia são de grande auxílio, uma 
vez que suas teses explicitam o quanto o ensino do português pode proporcionar 
o desenvolvimento da leitura e escrita, além de mostrarem o quanto é equivocado 
a correção linguística nas escolas. 
 O ensino da gramática ao longo da história e os problemas que as escolas 
enfrentam ao ensinar Português têm como base as teorias do gramático e filólogo 
Evanildo Bechara e do linguista Carlos Alberto Faraco. Os trabalhos das 
professoras Erotilde Goreti e Aliana Lopes, ambas da Universidade Estadual 
Paulista de São José do Rio Preto são usados para explicar sobre os livros 
didáticos. 
 Na seguinte monografia encontra-se também a programação, ou seja, o 
currículo do ensino da Língua Portuguesa nas escolas do Brasil, com foco no 
ensino fundamental e ensino médio. Para isso, é cabível utilizar os Parâmetros 
Curriculares Nacionais realizados pelo Ministério da Educação que auxiliará 
comparar como é previsto que o Português seja ensinado e como as escolas o 
fazem. 
 
 
 
 
6 
 
3 - MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 Os materiais e métodos utilizados para elaborar o estudo são expostos em 
quatro subitens. No primeiro é descrito como foi o ensino do Português e como é 
hoje, além de explicar o papel que a gramática normativa sempre teve dentro e 
fora da escola. No segundo é mostrado como funcionam os PCN’s (Parâmetros 
Curriculares Nacionais) e o que é previsto para ser dado no conteúdo escolar no 
que concerne à Língua Portuguesa. No terceiro é mostrado como são os 
exercícios de gramática e interpretação de texto nas salas de aula.Por fim, no 
quarto e último subitem procura-se demonstrar por meio de teorias o espaço que a 
variação linguística tem na sala de aula. 
 
3.1 - O ensino do Português no Brasil e sua gramática 
 
 Todo falante conhece sua língua materna, sendo capaz de formar 
sentenças já desde criança e aparenta ter certo conhecimento de seus códigos. 
Sendo assim, é cabível perguntar: Qual o papel da escola então, no que tange ao 
ensino da Língua Portuguesa? Por que um falante nativo de Português 
frequentaria as aulas dessa língua? 
 O papel da escola é ensinar ao aluno a construir sentenças socialmente 
mais aceitas e ajudá-lo a escrever textos mais elaborados, com argumentação 
coerente. O que se busca no curso de Língua Portuguesa é que o aluno use mais 
adequadamente o conhecimento que já possui de sua língua nativa. Por exemplo, 
toda criança falante do português tem a capacidade de construir a seguinte 
sentença: 
 Tem um gato em cima do muro 
 
A escola, no âmbito do ensino da gramática normativa, mostrará para o indivíduo 
que há a possibilidade de escrever ou dizer essa sentença de outra forma, ou 
seja, aquela usada em textos literários, sendo por isso mais culta: 
 
 Há um gato em cima do muro 
 
7 
 
A gramática tal qual a conhecemos no sentido moderno foi criada pelos 
gregos e romanos, com reflexões de caráter filosófico que especulavam sobre a 
natureza própria da linguagem humana e que exploravam a análise da língua 
grega como parte da construção da lógica. Segundo Faraco (2006) os gregos se 
propuseram a estudar seus autores comparando-os com manuscritos antigos com 
o objetivo de dar ao texto uma forma canônica. Nascia aí a nossa tradição 
normativa. 
A concepção de culto, de ser um intelectual que fala e escreve bem, estava 
atrelada a imitação dos autores clássicos. O ensino de língua, destinado a alunos 
do gênero masculino, resumia-se a desenvolver com habilidade a comunicação 
em público e a escrita. Uma gramática famosa desta época é a gramática de 
Prisciano. 
Em 1827 foi estabelecido no Brasil que os professores deveriam ensinar a ler e 
escrever utilizando a gramática da língua nacional mas até então a gramática em 
vigor era a latina. 
Com os avanços da ciência e da linguagem, a gramática foi se 
enriquecendo, transformando a sala de aula, segundo Bechara (1986), num “palco 
de erudição”. Daí surge o problema da escola querer transformar os alunos, ainda 
não amadurecidos para isso, em escritores, cientistas ou universitários. 
Gramatiquice “é o estudo da gramática como um fim em si mesmo; ” (Faraco, 
2006, p.21) e normativismo é a atitude da não compreensão de que a norma 
padrão é apenas uma das variedades da língua. Assim, os estudantes, através da 
coerção, são levados a crer que a forma mais “pura” e “certa” de se falar é através 
da gramática normativa, ou seja, da norma padrão. 
O ensino de gramática nas escolas deve ter como objetivo ajudar o aluno a 
desenvolver sua competência para se comunicar, para interpretar textos e 
elaborá-los e usar a fala de forma eficaz, a fim de expressar o que deseja. É 
importante também que os professores incentivem o aluno à leitura e escrita para 
que possa haver plena assimilação dos códigos de sua língua. 
Além disso, a escola deve dar muita importância para a oralidade, 
permitindo que o aluno fale e ao mesmo tempo ouça seus colegas de classe. É 
claro que a escrita e a leitura também são essenciais pois permitem que o 
indivíduo recupere sua História e desenvolva sua capacidade de interpretação. 
Porém, de acordo com Mattos e Silva (1990) é o diálogo que deve ser a base da 
8 
 
pedagogia de ensino e aprendizagem. Os professores irão, dessa forma, conviver 
com diversidades culturais mas para isso, eles precisam ter certo preparo no seu 
curso de formação de professores. 
 
3.2 - Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) 
 
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais são a referência básica para a 
elaboração da programação das aulas durante todo o período escolar. Precisam 
ser atualizados com certa frequência pois orientam os professores quanto à 
metodologia do ensino. 
 O ensino da Língua Portuguesa, segundo o PCN, deve voltar-se para a 
função social da Língua. As provas de Língua Portuguesa da Aneb, Anresc (Prova 
Brasil) e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) dão prioridade à leitura e 
interpretação de texto. O aluno deve ser avaliado pela sua capacidade de 
assimilação das informações do texto e, a partir delas, responder as questões. 
Raramente é cobrado literatura brasileira, exceto nos vestibulares exigidos para se 
ingressar no ensino superior. De acordo com os Parâmetros Curriculares 
Nacionais do Ensino Fundamental, 
Ao longo dos oito anos do ensino fundamental, espera-se que os alunos 
adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem 
que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos 
bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado. 
(1997,p.33) 
 
 Para que essa expectativa se concretize, o ensino de Língua Portuguesa 
deve fazer com que o aluno desenvolva as seguintes habilidades: 
● Expandir o uso da linguagem em todas as instâncias, tanto particular 
quanto pública, dominando o discurso e produzindo textos (orais ou 
escritos); 
● Utilizar diferentes registros da língua, sabendo aplicar a norma 
padrão nos momentos que a exigem; 
● Respeitar as variedades linguísticas do português falado; 
● Compreender os textos orais e escritos em qualquer situação social 
e interpretá-los; 
● Valorizar a leitura como fonte de conhecimento. 
9 
 
A partir da quinta série (sexto ano), o aluno já pode trabalhar com a 
oralidade através de seminários e, na oitava série (nono ano) é 
recomendado participar de debates em classe. Quanto à leitura, é 
importanteque os alunos tenham contato com livros paradidáticos e, no 
nono ano, já tenham noção de literatura brasileira a partir de livros 
adaptados para suas idades. Por isso, os PCN’s alertam que 
é necessário refletir com os alunos sobre as diferentes modalidades de 
leitura e os procedimentos que elas requerem do leitor. São coisas muito 
diferentes ler para se divertir, ler para escrever, ler para estudar, ler para 
descobrir o que deve ser feito, ler buscando identificar a intenção do 
escritor, ler para revisar. É completamente diferente ler em busca de 
significado — a leitura, de um modo geral — e ler em busca de 
inadequações e erros — a leitura para revisar. Esse é um procedimento 
especializado que precisa ser ensinado em todas as séries, variando 
apenas o grau de aprofundamento em função da capacidade dos alunos. 
(1997, p.45) 
 
O ensino do Português no Ensino Médio pressupõe maior foco na 
linguagem verbal. O aluno deve ter as seguintes competências: 
● Considerar a Língua Portuguesa como fonte de condutas sociais e como 
representação simbólica de experiências humanas manifestadas nas 
formas de sentir, pensar e agir na na vida social; 
● Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando textos; 
● Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as várias manifestações da 
linguagem verbal; 
● Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna e fonte de 
significado. 
 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, 
Os conteúdos tradicionais de ensino de língua, ou seja, nomenclatura 
gramatical e história da literatura são deslocados para um segundo plano. 
O estudo da gramática passa a ser uma estratégia para compreensão, 
interpretação e produção de textos e a literatura integra-se à área de 
leitura (2000, p. 18) 
 
 
 
3.3 - Os livros didáticos e exercícios dados em sala 
 
O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), implantado em 1985, tem 
como principal objetivo auxiliar os professores no ambiente pedagógico. O 
10 
 
Ministério da Educação avalia as obras e distribui pelas escolas, desde o ensino 
fundamental ao ensino médio. Na tese das professoras Erotilde Goreti e Aliana 
Lopes, intitulada Da descrição ao ensino da oração adjetiva: a perspectiva dos 
livros didáticos de Língua Portuguesa, descreve que 
Um dos principais pressupostos do ensino de português no guia de livros 
didáticos PNLD1 é que a gramática não é um saber em si mesmo, 
desvinculado do ensino de leitura e escrita; ao contrário, o ensino de 
gramática deve necessariamente partir do texto e para a compreensão de 
seus sentidos e de sua estruturação (2014, p. 141) 
Por muito tempo, os professores acreditaram que ensinar gramática levará 
o aluno a escrever melhor, o que de fato é um equívoco. A gramática normativa 
descontextualizada não auxilia o desenvolvimento da escrita e leitura. Os manuais 
do professor mostram-se contrários a um ensino de gramática fora de contexto, 
com sentenças fragmentadas e os livros modelo PNLD preocupam-se com o 
ensino do Português vinculado à escrita e leitura. 
 A obra didática que ganhou grande importância no Brasil, no que concerne 
ao ensino da gramática, é a cartilha Caminho Suave, vigente a partir de 1948 até 
meados da década de 1990. A cartilha usava o método de alfabetização pela 
imagem. Exemplo: a letra “a” está inserida no corpo de uma abelha, a letra “f” no 
corpo de uma faca etc. A Caminho Suave utilizou dois métodos durante seu 
período de vigência: 
- Método sintético: obedece a uma hierarquia (da letra ao texto) 
- Método analítico: maior liberdade didática aos professores 
 
As cartilhas desapareceram do mercado e agora se fala em livro de 
alfabetização. Consequentemente, desapareceu também o conceito de método, e 
não é possível ensinar a ler e escrever sem uma metodologia. Os livros de 
alfabetização não contêm muitas orientações pedagógicas aos professores que, 
por sua vez, acabam recorrendo às cartilhas ou ensinam da forma que foram 
alfabetizados. 
Mesmo com a tentativa de sempre focar a leitura e escrita, os livros 
didáticos ainda apresentam certos equívocos, encontrados no seguinte exercício 
destacado pelas professoras Erotilde Goreti e Aliana Lopes: 
1- O conselho decidiu que terá de ser você, Bárbara, a resolver a 
situação que você criou... 
a) Quantas orações há no trecho em destaque? 
b) Quais são as funções do que e como ele é classificado? (2014, p.147) 
 
11 
 
Em seguida, as professoras fazem os seguintes comentários sobre o 
exercício: 
Observa-se que todas as perguntas exigem que o aluno mobilize 
conhecimentos sobre análise morfossintática do período composto, ora 
identificando e classificando o referente, ora identificando as orações. Há 
uma pressuposta equivalência semântica entre oração adjetiva e adjetivo 
(função caracterizadora), que é abordada por alguns dos livros didáticos 
na apresentação do conceito de oração adjetiva. [...] Não há, portanto, 
um consenso entre os autores sobre o termo função. (2014, p.148) 
 
 As educadoras também criticam a contradição existente nas informações 
existentes nos manuais do professor e nos exercícios dos livros didáticos: 
[...] apesar de os livros didáticos afirmarem, nos manuais para o 
professor, sua preocupação em ensinar gramática no texto, as orações 
que servem para reflexão e definição do conceito são, de modo geral, 
construídas pelos autores. Quando, por outro lado, os exemplos são 
extraídos de textos, não há um trabalho para mostrar o papel da oração 
no contexto de onde foi retirada. Na verdade, o texto é usado apenas 
como pretexto para o ensino de gramática, pois, ao ser extraída, a 
sentença ganha autonomia e é tratada isoladamente sem nenhuma 
reflexão sobre seu papel na construção dos sentidos do texto e na 
efetivação das intenções comunicativas do falante. (2014, p.152) 
 
 Além disso, Goreti e Lopes enfatizam a importância das histórias em 
quadrinhos nos livros didáticos, como esta a seguir que foi selecionada pelas 
próprias educadoras (2014, p.159) de um livro didático: 
 
Esse tipo de situação mostra, simultaneamente, a escrita e a fala, uma vez que há 
a presença de diálogos entre personagens (no exemplo dado, um monólogo). 
Assim, o aluno consegue discernir a norma padrão da coloquial. 
 
 
 
 
 
12 
 
3.4 - A variação linguística nas escolas brasileiras 
 
 Assim como na escola antiga, o professor comete o erro de entender como 
‘língua’ apenas a modalidade culta, e assim considera errado o saber linguístico 
adquirido em casa. Consequentemente, o aluno nativo do Português que tem suas 
particularidades ao falar, será corrigido. Por exemplo, um jovem do Nordeste que 
estuda em São Paulo, ouvirá de seu professor que o correto é dizer ‘mãe’, e não 
‘mainha’. O que seu educador não leva em conta são as variedades que a língua 
portuguesa comporta e corrige o aluno. 
 Sem perceber, o professor acaba disseminando o preconceito linguístico 
entre os alunos, que por sua vez, irão considerar as particularidades de cada fala 
um desvio da norma padrão. A escola precisa livrar-se do mito que a forma “certa” 
de se falar é aquela que se espelha na escrita e que esta é um espelho da fala e, 
portanto, é preciso corrigir a fala do aluno para que ele não escreva errado. 
 Os professores de Língua Portuguesa precisam ter em mente que o ensino 
da gramática normativa é importante para ajudar o aluno a se expressar e se 
comunicar com maestria, porém, deve ensiná-lo a discernir os momentos que a 
norma padrão deve ser utilizada, considerando o contexto de comunicação. Sendo 
assim, o papel da escola é ensinar o aluno a adequar sua linguagem à diferentes 
situações. 
A educadora Mattos e Silva(1991, p. 51) comenta que “no âmbito do 
ensino e aprendizagem da língua materna o critério de correção linguística tem de 
ser reavaliado para ser substituído pelo critério de adequação linguística às 
diversas situações sociais”. Daí podemos complementar esse pensamento com o 
de Evanildo Bechara (1986), no qual cabe ao professor transformar o aluno num 
poliglota de sua própria língua, ou seja, ajudá-lo a adequar em todas as situações 
sociais os códigos de sua língua nativa. 
Surge assim a importância da oralidade nas salas de aula para que o 
professor esteja aberto às diferenças e consciente que falar de jeito diferente não 
é sinônimo de falar errado. O ato de corrigir um aluno pelo fato dele ter suas 
particularidades ao falar, leva-o ao emudecimento pois sempre se sentirá 
intimidado pela norma padrão ensinada na escola. Por isso, Bechara utiliza o 
termo “opressão” do ensino da gramática normativa, e “liberdade” no que 
concerne à livre escolha do aluno de quando usar a norma padrão. 
13 
 
Por trás da variação linguística não existem apenas formas distintas de uso 
da língua, mas uma valoração social para cada uso que se faz dela. Todas as 
línguas apresentam diversidade de uso das formas em todos os níveis (fonético, 
fonológico, sintático, etc.) 
De posse desta informação é preciso entender que quando se fala de forma 
correta de uso, não se está falando que essa variedade é melhor que as demais. 
Por estar a variedade associada ao prestígio de determinada classe, alimentada 
pelo nível de escolaridade e poder aquisitivo de seus falantes, acaba-se 
estabelecendo no ensino de língua portuguesa a norma padrão como um fator de 
exclusão presente na aprendizagem. 
 
4 – RESULTADOS 
 
 São expostos a seguir os dados obtidos pelo Governo do Estado de São 
Paulo referente ao desempenho dos alunos de ensino fundamental e ensino 
médio na disciplina de Língua Portuguesa na prova do SARESP (Sistema de 
Avaliação e Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) do ano de 2015: 
 
 
A tabela representa o melhor desempenho na educação estadual em oito anos. 
Porém, não é uma realidade de todos os Estados do Brasil. A seguir temos as 
médias atingidas em Língua Portuguesa no SAEB (Sistema de Avaliação da 
Educação Básica) entre 2005 e 2011 dos alunos de nono ano em alguns Estados. 
Os dados foram obtidos juntamente com o IPECE (Instituto de Pesquisa e 
Estratégia Econômica do Ceará): 
14 
 
 
 A tabela indica que os Estados com menor média de desempenho são os 
do Nordeste e Norte. Isso ocorre devido à falta de verbas para as escolas dessas 
regiões e à falta de investimentos em bibliotecas e no professorado. É preciso 
ressaltar também que o SARESP não avalia redação, portanto, as médias 
mostradas na primeira tabela são insuficientes para representar verdadeiras 
melhorias no ensino do Português. 
 Segue agora uma tabela mostrativa do desempenho dos candidatos no 
Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na redação, em 2014: 
15 
 
 
Os candidatos que zeraram na redação superou o número dos que 
atingiram a nota máxima. Esse resultado é alarmante e comprova que a escrita e 
a leitura não estão sendo desenvolvidas na escola, sendo que são duas 
habilidades de suma importância, de acordo com Rosa Virginia Mattos. O fato dos 
alunos terem pouca leitura na escola e em casa colabora muito para que a 
dificuldade de dissertar se acentue. Portanto, faz-se necessário o investimento em 
bibliotecas e atividades que envolvam leitura nas escolas, além de debates em 
sala de aula para que o aluno conviva com a oralidade e com o diálogo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
5 - CONCLUSÃO 
 
A crise que a escola brasileira atualmente enfrenta é a disseminação dos 
meios de comunicação em massa e, consequentemente, o não incentivo à leitura. 
Assim, o coloquialismo vem ganhando mais valor em detrimento da língua 
popular. Os alunos têm cada vez menos contato com os textos literários e não 
desenvolvem a habilidade para dissertar, uma vez que estão lendo menos. Mas 
para que esse quadro mude, é preciso também haver melhorias por parte do 
professorado. 
Os cursos de formação de professores desconsideram as variedades 
linguísticas e as diversas situações de comunicação, pregando aos futuros 
professores que o aluno cuja fala desviar-se da norma padrão, fala errado. 
Portanto, nunca se leva em conta a língua já aprendida em casa pelo aluno e que 
o papel da escola é apenas mostrar ao indivíduo uma outra forma de escrever e 
falar o Português que ele já sabe. É por isso que cursos como Pedagogia, Letras e 
as Licenciaturas no geral, precisam mudar sua grade curricular a fim de respeitar 
as variedades linguísticas. 
No exercício de sua prática docente, o professor deve propor aos seus 
alunos nas aulas de Língua Portuguesa atividades que estimulem a percepção da 
existência da variedade linguística e deixar explícito que a gramática normativa é 
importante para facilitar a comunicação e para se expressar melhor, porém, suas 
regras não se aplicam a todas as situações. Por exemplo, o professor pode 
simular um diálogo entre dois amigos íntimos e um debate sobre política com o 
ministro da Educação. A primeira situação permite uma linguagem coloquial, 
informal, com emprego de gírias. Já a segunda, exige o emprego da norma 
padrão, ou seja, a linguagem que está nos livros e nos textos literários. Basta 
deixar isso claro para os alunos para que eles não enxerguem mais a gramática 
como a representação da opressão da fala. 
A escola precisa auxiliar o falante de Português a dispor de todas as formas 
para se expressar, tanto formal quanto coloquialmente pois saberá quando usar 
uma dessas maneiras. Portanto, o aluno não deve ter medo da gramática e sim, 
usá-la ao seu favor. Para isso, o professor não deve dizer que está errado quando 
o aluno diz “nóis vai” e sim, alertá-lo que é uma variação da língua, de caráter 
informal e que não se aplica a situações que exigem a norma padrão, como uma 
17 
 
conversa entre pessoas desconhecidas, uma entrevista de emprego etc. O 
professor deve mostrá-lo a outra forma de se dizer essa sentença, que seria “nós 
vamos” mas sem utilizar o método da correção pois faz com que o aluno se 
intimide perante às aulas de Língua Portuguesa. 
Outro ponto a se discutir é a leitura em sala de aula. Um professor que não 
tem o hábito de ler, não incentivará o aluno a ter contato com os livros pois aquele 
não enxerga a importância da leitura. Consequentemente, a escola formará 
cidadãos com extrema dificuldade de escrita e interpretação de texto. É importante 
pois, haver leitura individual e em grupo pois esta última abrange outro método 
que algumas escolas não adotam: a oralidade. O aluno precisa ouvir seus colegas 
e também falar, pois assim perceberá as diferentes formas de se expressar e 
respeitará as particularidades da fala de cada um. 
Conclui-se que a questão não é se devemos ou não ensinar a gramática da 
norma padrão na escola, mas como nos livrarmos de práticas preconceituosas 
dentro da sala de aula. Pois, “gramatiquices” e “normativismos” não colaboram 
para o desenvolvimento da linguagem nos alunos e nem contribuem para a 
formação da cidadania. É importante ressaltar que historicamente o modelo de 
língua presente nas gramáticas e livros didáticos é arcaico e artificial. O melhor 
exemplo disto é o caso de colocação pronominal: não se usa mesóclises no dia a 
dia e o auno não entenderá a importância de aprendê-la pois ninguém ao seu 
redor usa também. Os livros didáticos devem ter um método de ensino de 
gramática mais atual, de maneira que mostre ao aluno diversas formas de secomunicar e que, principalmente, incentive à leitura. Além disso, é importante a 
presença de histórias em quadrinhos nesses livros pois mostram situações mais 
próximas do estudante 
Quando o aluno chega na escola e aprende que não apenas ele, mas todos 
os seus familiares, colegas de classe e pessoas mais próximas falam “errado”, 
cria-se uma barreira na aprendizagem de língua portuguesa quase inquebrantável. 
Quebrar este ciclo é tarefa do educador e de todos aqueles estudiosos que sabem 
ser a língua um instrumento vivo e apaixonante de estudo. 
 
 
 
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6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática. Opressão? Liberdade?. São Paulo: 
Ática, 1986. 
 
FARACO, Carlos Alberto. Ensinar x Não ensinar gramática: ainda cabe essa 
questão?. Revista Calidoscópio da Universidade do Vale do Rio Dos Sinos, v. 
4, n.1, p.15-26, janeiro/abril 2016. Disponível em: 
http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/5983. Acesso em: 03 
de junho de 2016. 
 
PEZATTI, Erotilde G; CÂMARA, Aliana L. Da descrição ao ensino da oração 
adjetiva: a perspectiva dos livros didáticos de língua portuguesa. Linguística, v. 
30, n. 2, dezembro, 2014. Disponível em: 
http://www.scielo.edu.uy/pdf/ling/v30n2/v30n2a07.pdf. Acesso em: 30 de maio de 
2016. 
 
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Falar, ouvir, escrever, ler no ensino da língua 
materna. Hyperion, Salvador, n. 1, p. 47-52, 1990. Disponível em: 
http://media.wix.com/ugd/c8e334_ee73813b4b954b8ba1d941a0a5d346e1.pdf 
Acesso em: 26 de maio de 2016 
 
Secretaria de Educação Fundamental - Ministério da Educação. Parâmetros 
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental - Língua Portuguesa. Brasília, 
1997. 
Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf. Acesso em: 01 
de junho de 2016 
 
Secretaria de Educação Média e Tecnológica - Ministério da Educação. 
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. 2000. Disponível em 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf. Acesso em: 01 de junho de 
2016. 
 
 
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As tabelas presentes no trabalho foram retiradas das seguintes fontes: 
Tabela referente ao Saresp 2015: 
http://www.educacao.sp.gov.br/a2sitebox/arquivos/documentos/1090.pdf 
 
Tabela referente às médias atingidas em Língua Portuguesa no SAEB: 
http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ipece-
informe/Ipece_Informe_78_18_junho_2014.pdf 
 
Tabela referente às notas da redação dos candidatos do ENEM 2014 
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/eu-
estudante/especial_enem/2015/01/13/especial-enem-interna,466144/inep-
revela-media-de-notas-dos-alunos-no-enem-2014.shtml 
 
 
 
 
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