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www.pneumoatual.com.br Lactente sibilante (bebê chiador) Autor Gilberto Bueno Fischer1 Abr-2010 1 - Qual a definição de lactente sibilante? Muito tem se escrito sobre o tema lactente sibilante ou, como se usa frequentemente, no Brasil "bebê chiador". É muito difícil estabelecer-se uma clara definição do termo na medida que se trata de uma síndrome ou de um conjunto de causas que levam à sibilância de apresentação no primeiro ano de vida. O lactente com episódios frequentes de sibilância pode ter seu diagnóstico presuntivo de asma estabelecido, porém sempre se terá cautela em definir como asma "verdadeira", pois muitos destes deixarão de sibilar com o passar do tempo. 2 - Quais são os fatores de risco para a presença de sibilância em lactentes? Nos últimos anos alguns importantes estudos procuraram identificar fatores associados ao início da sibilância nos primeiros meses de vida. O estudo mais citado é o do grupo do Arizona, iniciado por Taussig e seguido posteriormente por Martinez e colaboradores. Naquele estudo de coorte, os autores observaram que em torno de 50% das crianças apresentavam episódios de sibilância nos primeiros anos de vida e essa prevalência caía nos anos seguintes. Entretanto, um grupo de 14% desses que iniciaram a sibilância precocemente mantinham esses sintomas aos 6 anos. Esses constituiriam o grupo de asmáticos, enquanto os demais seriam sibilantes transitórios, não asmáticos. Os fatores reconhecidos como de risco para asma seriam: história familiar de asma, atopia e exposição ao tabaco. O mesmo grupo e outros pesquisadores realizaram testes de função pulmonar em lactentes e demonstraram alterações anteriores ao primeiro episódio de sibilância. Alterações no tamanho de via aérea e tendência prévia à hiperreatividade foram demonstradas em alguns desses estudos. Esses seriam fatores de risco individuais que determinariam a tendência à sibilância recorrente, independente de atopia, e que seria desencadeada principalmente por infecções virais. Nos estudos longitudinais coordenados por Fernando Martinez, esse grupo seria o de sibilantes transitórios precoces, os quais tenderiam a não desenvolver asma com o passar dos anos. O contrário ocorreria com aqueles com características atópicas pessoais e familiares. Por outro lado, inúmeros estudos demonstraram que a presença de infecção viral, especialmente aquelas causadas pelo vírus respiratório sincicial e pelo rinovírus, determinam tendência a sibilância recorrente, embora transitória pois, com o crescimento, essa tendência diminui até desaparecer. Num estudo realizado em Pelotas (RS), Albernaz e colaboradores encontraram uma forte associação entre hospitalização por bronquiolite viral aguda e posterior tendência a sibilância. Outros fatores de risco associados com incidência de infecções respiratórias também contribuem para o risco de sibilância recorrente, tais como aglomeração, tabagismo, uso de fogões a lenha, suspensão precoce de aleitamento materno, entre outras. 3 - Em um lactente sibilante, quais são os principais fatores de risco que sugerem tendência asmática ou não asmática? O conhecido Índice Preditivo de Asma de Castro Rodriguez contribuiu muito para que se possa diferenciar o provável prognóstico em crianças que sibilam precocemente. Na tabela 1 incluímos alguns dos itens daquele índice. 1 Professor Titular de Pediatria da Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre www.pneumoatual.com.br Tabela 1. Itens do índice preditivo de asma de Castro Rodriguez Lactente sibilante com tendência asmática Lactente sibilante com tendência não asmática História familiar de asma História familiar de sibilância transitória nos primeiros anos de vida Níveis séricos elevados de IgE ou teste cutâneo positivo para alérgenos Níveis normais de IgE Exposição ao tabaco durante a gestação e após o nascimento Exposição ao tabaco durante a gestação e após o nascimento Hiperresponsividade brônquica Redução de calibre das vias aéreas (antes de expostos à infecção viral) Presença de dermatite atópica e/ou rinite alérgica Ausência de manifestações clínicas de atopia Sibilância associada a viroses respiratórias e a outros desencadeantes Sibilância principalmente associada a viroses 4 - Quais são as principais etiologias de sibilância em lactentes? As principais etiologias de sibilância em lactentes estão listadas na tabela 2. Tabela 2. Etiologias de sibilância em lactentes Causas frequêntes Causas de menor frequência, mas que devem sempre ser consideradas • Asma brônquica de apresentação precoce; • Sibilância associada a virose ou decorrente de bronquiolite viral aguda; • Refluxo gastroesofágico e/ou distúrbio de deglutição. • Traqueomalácea ou broncomalácea; • Imunoodeficiências, incluindo HIV; • Fibrose cística; • Tuberculose; • Aspiração de corpo estranho; • Malformações congênitas – cardiopatias congênitas; • Displasia broncopulmonar; • Bronquiolite obliterante; • Síndrome de Loefller. 5 - Quais são os dados de história que devem ser colhidos para se estabelecer a hipótese diagnóstica de asma no lactente sibilante? Os principais dados sugestivos de asma são: • História familiar de asma ou rinite alérgica. É importante lembrar que muitos pais tiveram asma na infância e não se recordam e que o diagnóstico de rinite alérgica é confundido com sinusite. Sintomas recorrentes de vias aéreas superiores podem, portanto, expressar rinite alérgica e não serem reconhecidos como tal; • Sintomas nasais na criança, tais como obstrução nasal, prurido, obstrução, podem não ter sido diagnosticados como rinite alérgica, que é uma condição frequentemente associada à asma. Alguns lactentes iniciam sintomas nas primeiras semanas de vida, com prurido e obstrução nasal, não associados a viroses, podendo isto já estar expressando sinais de rinite alérgica; • Episódios de sibilância somente controlados por uso de broncodilatadores e corticosteróides também sugerem o diagnóstico de asma. 6 - Quais são os dados de história que devem ser colhidos para se estabelecer outras hipóteses diagnósticas, que não asma, no lactente sibilante? Dados de história que sugerem o diagnóstico de sibilância associada a viroses: • ausência de história pessoal ou familiar de atopia, asma ou rinite alérgica; • presença de sibilância relacionada somente a viroses respiratórias; • primeiro episódio caracterizado como bronquiolite viral aguda, com subsequente sibilância recorrente; • tendência a apresentar episódios somente no inverno, com redução expressiva no verão. www.pneumoatual.com.br Dados que podem sugerir a associação de sibilância com refluxo gastroesofágico e distúrbio de deglutição: • história de piora noturna; • crises de choro de causa inexplicável (sugerindo esofagite); • piora de sintomas durante ou após mamadas. Dados sugestivos de aspiração de corpo estranho: • episódio de sufocação com alimento ou objeto; • sibilância de início súbito. Dados sugestivos de displasia broncopulmonar: • história de doença respiratória no período neonatal; • prematuridade; • uso de ventilação mecânica ou oxigenoterapia prolongada (maior do que 30 dias); • sintomas contínuos desde o período neonatal. Dados sugestivos do diagnóstico de imunodeficiência: • história de infecções respiratórias repetidas de resolução lenta mesmo com uso de antibióticos; • história materna de SIDA. Dados sugestivos de tuberculose: • história de contágio domiciliar com tuberculose; • sintomas constantes sem um início preciso. Dados sugestivos de bronquiolite obliterante: • quadro de infecção respiratória (bronquiolite e/ou pneumoniaviral) grave que, após hospitalização, determina sintomas contínuos de caráter obstrutivo; • necessidade de oxigenoterapia por período prolongado durante o primeiro episódio de sibilância. Dados sugestivos de fibrose cística: • história de íleo meconial, suor salgado, tosse prolongada com secreção, fezes aumentadas de volume e com mau cheiro; • história de familiar de fibrose cística ou óbito em irmão de causa respiratória ou não esclarecida; • história de baixo ganho de peso. Dados sugestivos de malformações: • história de "pneumonia" tratada sem melhora das imagens do radiograma de tórax; • sintomatologia que piora com mudança de posição. Dados que sugerem cardiopatia: • história de cansaço nas mamadas; • história de baixo ganho de peso e altura; • crises de cianose; • percepção de "respiração rápida". Dados que sugerem traqueomalácea ou broncomalácea: • presença de ruído respiratório variável desde as primeiras semanas de vida que piora na vigência de viroses respiratórias. 7 - Quais os achados relevantes de exame físico que podem apontar para definição diagnóstica de lactente sibilante? Peso e altura • São importantes dados do exame físico, pois baixo peso e crescimento alterado são dados que podem sugerir causas como fibrose cística, bronquiolite obliterante, imunodeficiências e cardiopatias. Presença de malformações em outros sistemas ou fenótipo de alguma síndrome genética www.pneumoatual.com.br • Podem sugerir malformações do aparelho respiratório ou cardiovascular com compressão do aparelho respiratório. Mucosa nasal pálida e hipertrofia de cornetos • Sugerem rinite alérgica, que pode apoiar o diagnóstico de asma. Pele com sinais de dermatite atópica • Também sugere o diagnóstico de asma. Deformidade torácica • Tórax com diâmetro ântero-posterior aumentado sugere quadro ventilatório obstrutivo crônico. Ausculta pulmonar • Sibilos localizados podem sugerir aspiração de corpo estranho, assim como compressão de via aérea por malformação ou adenopatia mediastinal. Estertores crepitantes fixos, que não mudam com a tosse, podem sugerir quadros crônicos com bronquiectasias; • Ruídos com predominância inspiratória que surgem nas primeiras semanas de vida. Ausculta cardíaca • Presença de sopro sugere cardiopatia congênita. Cianose • Pode sugerir cardiopatia congênita. Abdômen distendido • Pode sugerir fibrose cística. 8 - Qual a importância dos exames subsidiários para o diagnóstico de lactente sibilante? A realização de exames subsidiários depende de vários aspectos. Casos de pouca intensidade, com forte sugestão para o diagnóstico de asma ou sibilância associada a viroses, podem dispensar investigação e determinar apenas observação e tratamento. Por outro lado, crianças com sintomatologia intensa e alterações no crescimento devem ser investigadas. A disponibilidade de exames subsidiários de maior especificidade para o diagnóstico etiológico deve também ser considerada. Realizar exames como estudo radiológico de esôfago, estômago e duodeno para diagnosticar refluxo gastroesofágico não está indicado, pois esse exame pode apenas excluir causas anatômicas de refluxo. Ele não permite diferenciação entre refluxo fisiológico e doença do refluxo. A decisão de investigar um caso de sibilância em lactente deve ser baseada numa observação clínica cuidadosa, com atenção para os dados de anamnese, exame físico e, particularmente, evolutivos. Um lactente com sibilância recorrente que está evoluindo favoravelmente, com bom ganho ponderal, alimentando-se bem e dormindo bem pode aguardar uma eventual investigação. O contrário acontece naquela criança que não apresenta estas características, ou seja, "não vai bem". Esta pode necessitar de investigação dependendo de evidências obtidas com a anamnese, com o exame físico e com o radiograma de tórax. 9 - Qual o papel do radiograma de tórax? O radiograma de tórax pode ajudar muito em determinados diagnósticos, como malformações, cardiopatias, aspiração de corpo estranho. Um radiograma de tórax sem alterações encaminha o diagnóstico para situações de pouca gravidade, reduz a possibilidade de malformações congênitas e de outras etiologias, tais como aspiração de corpo estranho e displasia broncopulmonar. Os principais achados ao radiograma de tórax que podem sugerir diagnósticos específicos de sibilância em lactentes estão descritos na tabela 3. www.pneumoatual.com.br Tabela 3. Achados radiográficos que podem sugerir diagnósticos específicos Achado ao radiograma de tórax Diagnóstico Hiperinsuflação pulmonar uniforme e persistente Fibrose cística, bronquiolite obliterante Área de hiperinsuflação localizada que não se desinsufla no radiograma expirado Aspiração de corpo estranho com mecanismo valvular, bronquiolite obliterante, malformação com compressão em via aérea, tuberculose com compressão ganglionar em via aérea Radiograma do quadro inicial com hiperinsuflação e infiltrados intersticiais e alveolares intensos Pneumonia viral grave com bronquiolite obliterante como sequela Pneumonia linfocítica ou por Pneumocistis carini levam ao diagnóstico de HIV Imagens de infiltrados bilaterais com mudanças de localização em poucos dias Pneumonia eosinofílica por parasitas (síndrome de Loeffler) Imagens císticas ou em aspecto de massa que não se modificam em radiogramas subseqüentes Malformações, neoplasias Imagens de infiltrados bilaterais com espessamento, hiperinsuflação pulmonar, presença de estrias, lesões bolhosas Displasia broncopulmonar Consolidações homogêneas em diferentes locais em radiogramas diversos Imunodeficiência Presença de cardiomegalia, vasculatura pulmonar proeminente Cardiopatia Presença de atelectasias em lobos superiores e em regiões posteriores Síndromes aspirativas (refluxo-gastroesofágico, distúrbio de deglutição) 10 - Quais seriam os outros exames complementares que poderiam ser utilizados? Tabela 4. Exames complementares úteis no diagnóstico de lactente sibilante • Teste de triagem neonatal (tripsina imunorreativa); • Dosagem de cloro e sódio no suor; • Pesquisa de mutações genéticas para fibrose cística (delta F508 e outras); • Tomografia computadorizada de tórax de alta resolução; • Fibrobroncoscopia; • Dosagem de imunoglobulinas. • Pesquisa de anti-HIV; • PPD; • Ecocardiograma; • pHmetria esofágica; • Endoscopia digestiva; • Estudo dinâmico de deglutição; • Exame parasitológico de fezes. 11 - Qual o papel da avaliação de função pulmonar de lactentes? Um exame recentemente desenvolvido que pode ajudar no melhor entendimento da sibilância em lactentes é a função pulmonar. Ainda é um exame de pouca disponibilidade e sua utilização na prática clínica parece distante. Em centros de referência terciária poderá se tornar um exame útil. A técnica mais utilizada é a da compressão do tórax com jaqueta com uma máscara facial adaptada a um pneumotacógrafo. Obtêm-se assim curvas fluxo-volume semelhantes àquelas obtidas em espirometria convencional. Esta técnica já é disponível em alguns centros da América Latina (Chile, Argentina) e no Brasil (Porto Alegre, São Paulo). 12 - É possível obter-se resposta a medicamentos inalatórios nessa faixa etária? Embora a inaloterapia em lactentes seja, em alguns casos, de difícil realização, o uso de corticosteróides e broncodilatadores pode ser útil. Os espaçadores valvulados de pequeno volume são de grande utilidade para esse fim. Mesmo em situações agudas a utilização de medicação por aerossol dosimetrado é superior à utilização dos nebulizadores elétricos, pois estes proporcionam baixos fluxos com consequente redução de partículas respiráveis.O www.pneumoatual.com.br essencial é que a técnica de aplicação seja muito bem orientada. Os familiares devem mostrar em cada consulta como está sendo feita a aplicação. Há espaçadores valvulados nacionais que podem substituir os importados que são de alto custo. Veja mais sobre medicação inalada em www.pacientes.com.br. 13 - Quais os melhores espaçadores para inaloterapia em lactentes? Os espaçadores a serem usados nesta faixa etária devem ter um volume mínimo de 100 ml. Embora seja difícil estabelecer-se o volume ideal para esta faixa etária, a maioria dos autores recomenda um espaçador de 150 ml. A presença de mecanismo valvular auxilia num melhor aproveitamento da medicação e reduz os efeitos colaterais, em particular dos corticosteróides inalatórios. A câmara importada (Aerochamber®) é a de melhor qualidade, pois tem uma máscara bem adaptável à face da criança e válvula resistente ao uso frequente. Existem câmaras nacionais que podem ser utilizadas, Alergochamber®, Inal-air®, Luftchamber®, Flumax® (de pequeno volume), embora os estudos de deposição de partículas mais acurados sejam indisponíveis em nosso meio, o que torna difícil uma avaliação precisa de tais equipamentos. Os espaçadores caseiros feitos com garrafa de refrigerante são alternativa para famílias sem renda para aquisição de espaçadores comerciais. No entanto, nesta faixa etária, não há estudos que garantam sua eficácia. 14 - Qual a segurança do uso de esteróides inalatórios em lactentes? A segurança dos corticosteróides inalatórios tem sido muito discutida na faixa etária pediátrica. Os estudos apontam para vantagem de seu uso em crianças asmáticas com crises frequentes, graves e que determinam uso de costicosteróides orais. Os efeitos colaterais mais temidos são aqueles relacionados com o crescimento. Estudos de longo prazo com uso de esteróides inalados em doses baixas ou moderadas têm mostrado que eles não interferem no crescimento final. Em lactentes não há estudos que possam embasar seu uso com segurança. No entanto, em lactentes com perfil sugestivo de asma, com sintomatologia intensa e necessidade frequente de esteróides orais, o esteróide inalatório pode ser usado com cautela, por períodos limitados, através de espaçadores valvulados e com controle clínico estrito. 15 - Qual o período de uso de corticosteróides inalatórios? Quais os cuidados que se deve tomar ao utilizá-los? Quando se decide utilizar os esteróides, é necessário um período mínimo de observação que é de 3 meses. O controle clínico inclui observação de melhora clínica (redução de sintomatologia, redução da necessidade de uso de broncodilatadores e de corticosteróides sistêmicos, redução de frequência em emergência), controle de eventuais efeitos colaterais (monilíase de mucosa oral e raros efeitos sistêmicos dos esteróides inalatórios). 16 - Qual o tipo de corticóide inalatório que se deve usar? Qual a dose? O critério de escolha de esteróide inalatório deve levar em conta também a droga com menores efeitos colaterais, assim como a menor dose possível para controle dos sintomas. A fluticasona e a budesonida preenchem estes critérios dentre os esteróides disponíveis atualmente no Brasil. A dose usualmente utilizada nesta idade é de 100 a 200 mcg por dia. Ressalte-se que não há dados na literatura que suportem o uso dessas drogas nesta faixa etária de maneira indiscriminada. Os critérios anteriormente citados parecem justificar seu uso de maneira cautelosa. 17 - Que outro medicamento poderia ser usado? Nos casos em que a sibilância seja de provável origem asmática, o montelucaste sódico é uma opção terapêutica a ser considerada a partir dos 6 meses de idade. Destaque-se que o eventual resultado positivo desta medicação costuma ser observado em curto prazo, isto é, em poucas semanas. 18 - Qual o papel do ambiente no manejo de crianças com sibilância? Talvez seja nessa faixa etária que os aspectos ambientais mais tenham importância. O tabagismo é o fator ambiental que pode melhor representar esse aspecto do manejo. Lactentes expostos ao tabaco apresentam maior número de infecções respiratórias e de episódios de sibilância. Aqueles com predisposição para asma terão maior frequência de episódios obstrutivos. Outros inalantes, como fumaça decorrente de queima de lenha ou outros combustíveis, inseticidas e produtos de limpeza também podem aumentar a frequência de www.pneumoatual.com.br episódios de sibilância. Exposição precoce a infecções virais em creches ou em ambientes com aglomeração também predispõem os lactentes a desenvolverem sintomas respiratórios. 19 - Existe alguma forma de prevenção primária da sibilância em lactentes? De todas as medidas que podem ser implementadas, as que mais podem contribuir para reduzir a sibilância em lactentes são o aleitamento materno exclusivo pelo maior período de tempo possível (6 a 12 meses) e a não exposição ao tabaco. Ambas apresentam fortes evidências na literatura. 20 - Quando um lactente sibilante deve ser referido para atendimento especializado? Lactentes com sibilância recorrente ou crônica com repercussão clínica devem ter acesso a investigações específicas e, por consequência, atendimento secundário e terciário. Por outro lado, crianças que apresentam episódios eventuais, que respondem ao tratamento com broncodilatadores e corticosteróides orais por prazos curtos, podem ser acompanhadas sem investigações ou tratamentos especializados. 21 - Leitura recomendada Albernaz EP, Menezes AMB, César JA et al. Hospitalização por bronquiolite aguda como fator de risco para sibilância recorrente. Cadernos de Saúde Pública 2000;16:1049-1057. Allen DB. Safety of inhaled corticosteroids in children. Pediatr Pulmonol 2002;33:208-220. Bush A. The role of corticosteroids in pre-school wheeze: going, going, but not gone. Therapy 2009;6:31-39. Castro-Rodriguez JA, Holberg CJ, Wright AL, Martinez FD. A clinical index to define risk of asthma in young children with recurrent wheezing. Am J Respir Crit Care Med 2000;162:1403- 1406. Castro-Rodriguez JA, Rodrigo GJ. Efficacy of inhaled corticosteroids in infants and preschooles with recurent wheezing and asthma: a systematic review with meta-analysis. 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