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Lactente Sibilante

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1 LACTENTE SIBILANTE 
Gizelle Felinto 
INTRODUÇÃO 
➢ Lactente → desde 28 dias de nascido até 2 anos de idade 
➢ Síndrome do Lactente Sibilante: 
• Caracterização: 
▪ 3 ou mais episódios de sibilância em um período de 2 
meses 
ou 
▪ Sibilância persistente por um período ≥ 1 mês 
• Trata-se de um diagnóstico sindrômico devido aos 
seguintes: 
▪ As manifestações clínicas decorrem de um grupo 
heterogêneo de distúrbios 
▪ Várias doenças podem levar aos sibilos 
➢ EPIDEMIOLOGIA: Estudo Coorte de nascidos vivos em Tucson, 
Arizona, por Martinez et al → é um dos estudos mais importantes 
para a definição da síndrome do lactente sibilante. Nesse estudo, 
observou-se que: 
• 50% dos lactentes, acompanhados do nascimento até os 
primeiros 6 anos de vida, manifestaram quadro de sibilância 
em algum momento da vida. Assim, desse valor: 
▪ Cerca de 2/3 deles manifestaram o início dos sintomas 
já no 1º ano de vida 
▪ O 1/3 restante iniciou os sintomas após o 3º ano de vida 
▪ A maioria ocorre no sexo masculino 
▪ Dessa forma, vê-se que a sibilância é um quadro 
sindrômico com manifestações precoces nas crianças 
FISIOPATOLOGIA 
➢ PARTICULARIDADES DAS VIAS AÉREAS NOS LACTENTES → existem 
diferenças anatômicas entre a árvore respiratória da criança e a 
do adulto. Assim, nas crianças, têm-se: 
• Via aérea mais estreita: 
▪ Pequenos estreitamentos podem ser responsáveis por 
grandes repercussões clínicas → assim, quando se 
tem uma via aérea estreita, qualquer estreitamento da 
via (Ex: edema, acumulo de secreção...) pode ser 
responsável por grandes repercussões clínicas 
✓ Isso se baseia na Lei de Poiseuille, que determina 
que a resistência é inversamente proporcional a 
quarta potência do raio. Ou seja, quanto menor o 
raio da via aérea, maior será a resistência para a 
passagem do ar 
• Via aérea mais secretiva: 
▪ As glândulas mucosas ocupam quase 1/3 da espessura 
da parede da via aérea 
▪ Processos inflamatórios exacerbam a atividade dessas 
glândulas mucosas, podendo comprometer a 
oxigenação 
• Após o nascimento, ocorre um aumento no número de 
alvéolos: 
▪ 90% dos alvéolos encontrados no pulmão adulto 
formam-se após o nascimento, crescendo em número 
e tamanho até os 8 anos de idade, que é o período em 
que ocorrerão uma série de transformações e 
adaptações que favorecem para que as crianças 
estejam mais suscetíveis a complicações 
• O crescimento das vias aéreas é mais lento do que o das vias 
aéreas proximais durante os primeiros 3 anos → assim, 
por ser um crescimento mais lento, quando ocorre qualquer 
agravo à via aérea desse lactente o processo de 
cicatrização tende a ser mais lentificado 
• A capacidade pulmonar aumenta por volta dos 3 anos, devido 
ao posicionamento das costelas em posição oblíqua → essa 
posição oblíqua das costelas permite a retificação do 
diafragma e, consequentemente, aumenta-se a 
complacência pulmonar, que, de forma simples, é a 
capacidade que o pulmão tem de se expandir e receber mais 
ar 
▪ Assim, crianças menores de 3 anos de idade tem uma 
menor complacência pulmonar 
➢ SIBILÂNCIA NOS LACTENTES: 
• As características da sibilância nos primeiros anos de vida 
são bastante heterogêneas, dependendo de uma série de 
fatores, como: 
▪ Frequência dos episódios → quantas vezes por ano, 
mês ou semana 
▪ Gravidade dos episódios → analisar se houve 
necessidade de internação ou de medicação para 
resgate domiciliar 
▪ Idade de início da sibilância 
▪ Presença de infecções virais: 
✓ Exemplo: criança evoluindo com quadro 
respiratório e pródromos gripais 
▪ Presença de atopia → Exemplos: 
✓ Dermatite atópica 
✓ Rinite alérgica 
▪ Nessa fase dos primeiros anos de vida, quando diante 
de um lactente sibilante → é importante identificar os 
principais agentes desencadeantes de episódios de 
sibilância 
FATORES DE RISCO PARA SIBILÃNCIA 
➢ Tabagismo passivo → é o principal fator de risco 
• Curiosidade: um dos principais responsáveis pela morte 
súbita do recém-nascido é o tabagismo passivo 
➢ Idade e sexo: 
• 2/3 dos casos de sibilância ocorrem no primeiro ano de vida 
• 1/3 dos casos ocorrem após os 3 anos de idade 
• É mais predominante no sexo masculino 
➢ Fatores socioeconômicos: 
• Baixas condições socioeconômicas são um fator de risco, 
pois essas pessoas estão mais expostas à poluição 
➢ Atopia 
➢ Falta ou interrupção precoce do aleitamento materno: 
• O aleitamento materno é um dos principais fatores 
protetores contra a sibilância. Assim, crianças que não são 
amamentadas ou deixam de ser amamentadas 
precocemente podem desenvolver quadros de sibilância 
com mais frequência 
➢ Poluição 
 
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Gizelle Felinto 
➢ Infecção viral 
➢ Hiperresponsividade: 
• É algo intrínseco à criança, tratando-se de uma 
sensibilidade excessiva, que determina uma exagerada 
capacidade de reagir a certas substâncias irritantes as 
quais a criança é alérgica (quando diante de um fator 
agressor o organismo dessa criança responde de forma 
intensa e grosseira) 
➢ Função pulmonar reduzida 
➢ Inflamação das vias aéreas 
FENÓTIPOS 
➢ Sibilantes Transitórios: 
• Definição → início no 1º ano de vida, associado com 
tabagismo materno durante a gestação e função pulmonar 
diminuída, com melhora até os 3 anos de idade 
➢ Sibilantes não Atópicos: 
• Definição → sibilância desencadeada principalmente por 
vírus (vírus-induzido) e que tende a desaparecer com o 
avançar da idade (por volta dos 3 a 6 anos de idade) 
➢ Sibilantes Persistentes: 
• Definição → sibilância associada a manifestações clínicas 
de atopia (eosinofilia e/ou níveis séricos elevados de 
imunoglobulina total) ou sensibilização comprovada a 
alimentos e/ou aeroalérgenos ou história familiar positiva 
para asma (ter pai e/ou mãe com asma) 
➢ Sibilantes Intermitentes Graves: 
• Definição → episódios pouco frequentes de sibilância 
aguda associados a poucos sintomas fora dos quadros 
agudos, e com a presença de características de atopia 
CAUSAS DE SIBILÂNCIA NOS LACTENTES – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
➢ Existem diversas patologias que podem evoluir com quadro de 
sibilância, sendo necessário identificá-las para o diagnóstico 
diferencial, como: 
• Laringite 
• Laringoespasmo 
• Laringomalácia 
• Adenomegalia 
• Malformações anatômicas da traqueia e/ou broncos (Ex: 
anel vascular, fístulas) 
• Infecções das vias aéreas (virais e bacterianas): 
▪ Principalmente infecções pelo vírus sincicial 
respiratório 
• Exposição a irritantes (como poluentes e fumaça) 
• Hiperresponsividade pulmonar (pós-infecciosa) 
• Aspiração recorrente (Ex: refluxo, distúrbio de deglutição, 
paralisia cerebral) 
• Aspiração de corpo estranho → é um dos principais 
diagnósticos diferenciais 
• Fibrose cística 
• Discinesia ciliar primária 
• Passagem pulmonar de helmintos 
• Imunodeficiências 
• Lesões decorrentes do período neonatal (Ex: mecônio, 
displasia pulmonar) 
• Cardiopatias 
• Tuberculose 
• Bronquite bacteriana crônica 
• Tumores 
• Asma → pode evoluir com quadros de sibilância 
SIBILÂNCIA x ASMA 
➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
• A maioria dos asmáticos apresentam sintomas logo nos 
primeiros anos de vida → é devido a isso que é importante 
identificar lactentes com risco para desenvolver a doença 
• Utilizando-se os dados do Tucson Children’s Respiratory et 
al, criou-se o Índice Preditivo para Asma, que avalia 
parâmetros clínicos e laboratoriais, tendo como objetivo 
nortear o profissional de saúde quanto a fazer um bom 
diagnóstico diferencial de asma e sibilância 
➢ EPIDEMIOLOGIA: 
• Crianças com pais e irmãos com história de asma 
apresentam maiores chances de crises de sibilos no 
primeiro ano de vida do que aquelas sem história familiar, 
independentemente de outros fatores 
➢ DIAGNÓSTICO DE ASMA: 
• Um dos fatores mais importantes para o diagnóstico da 
Asma é a história familiar da doença• O diagnóstico é a partir dos 6 anos de idade → o GINA 
estabelece os Stepes para o diagnóstico da asma a partir 
dos 6 anos de idade 
▪ Essa idade é estabelecida devido ao fato de que, para o 
diagnóstico, são necessários exames complementares 
que precisam da colaboração da criança (crianças 
menores de 6 anos de idade tem muita dificuldade de 
obedecer a comandos). Assim, é muito difícil de se 
fazer o diagnóstico de asma nos primeiros anos de vida 
devido à dificuldade de manejo em relação aos exames 
laboratoriais 
➢ ÍNDICE PREDITIVO DE ASMA (IPA): 
• Definição → avalia a probabilidade de a criança desenvolver 
asma em um futuro próximo 
• É um índice com alto valor preditivo negativo 
• Índice Preditivo de Asma Positivo: 
▪ Tem-se um risco para o desenvolvimento de asma 
futura maior que 60% 
▪ Caracteriza-se pela presença de 1 critério maior e/ou 
2 critérios menores 
CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES 
Um dos pais com história de asma Rinite Alérgica diagnosticada pelo 
médico e/ou Alergia alimentar 
Dermatite atópica diagnosticada 
pelo médico 
Sibilância na ausência de infecção 
das vias aéreas superiores 
Sensibilização a inalantes 
(presença de IgE específico para 
aeroalérgicos) 
 
Eosinofilia > 4% 
▪ Índice preditivo de asma modificado → acrescentou-
se nos critérios maiores a sensibilização a inalantes 
 
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Gizelle Felinto 
• Índice Preditivo de Asma Negativo: 
▪ 95% das crianças não desenvolvem asma, pelo menos 
dos 6 aos 13 anos de idade 
➢ Atenção → um conjunto de evidências sugere que nos 2 
primeiros anos de vida é possível que seja comum a progressão 
de outras doenças alérgicas, como dermatite atópica e alergia 
alimentar, evoluírem para sibilância, asma e sensibilização a 
alérgenos inalatórios na idade escolar 
SIBILÂNCIA E INFECÇÕES VIRAIS 
➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: 
• As infecções virais são uma das principais causas de 
sibilância nas crianças, pois geram um processo 
inflamatório que leva ao edema de mucosas e ao acúmulo de 
secreções, e, segundo a Lei de Poiseuille, quanto menor o 
raio maior será a resistência → assim, nas situações em 
que a criança fica bastante congesta, ela pode enfrentar 
importantes dificuldades respiratórias e, 
consequentemente, evoluir para quadros de sibilância 
(passagem do ar por uma via estreitada) 
➢ ETIOLOGIA: 
• Vírus Sincicial Respiratório (VSR): 
▪ É o principal agente relacionado à Bronquiolite Viral 
Aguda 
▪ Pode contribuir para exacerbações de asma em 
crianças e adultos, por induzir inflamação e promover 
a hiperatividade das vias aéreas 
▪ É responsável pela maioria das infecções das vias 
aéreas inferiores nos lactentes 
▪ Vários estudos confirmam associação entre a infecção 
respiratória pelo VSR e a sibilância na infância → 
assim, crianças com infecções pelo VSR podem virar 
lactentes sibilantes 
• Rinovírus 
• Parainfluenza 
➢ PATOLOGIA: 
• Nas infecções virais pode haver lesão do epitélio das vias 
aéreas, induzindo à inflamação e estimulando a reação 
imunológica e a hiperresponsividade brônquica (HRB), que 
causa os seguintes: 
▪ Aumento da resistência inspiratória e expiratória 
▪ Aumento dos volumes torácicos 
▪ Fluxos baixos 
▪ Liberação de mediadores inflamatórios 
• A associação dessas alterações causadas pela HRB leva à 
broncoconstrição, tendo-se edema de mucosa, 
ingurgitamento vascular e contração dos músculos lisos 
• Crianças com Hiperresponsividade Brônquica (HRB), quando 
em contato com o vírus sincicial respiratório, desencadeiam 
sintomas respiratórios mais facilmente (exacerbação do 
processo inflamatório) do que aquelas que não apresentam 
a HRB 
ALEITAMENTO MATERNO 
➢ Tem importância na prevenção dos quadros de sibilância 
➢ O aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses é 
considerado fundamental para a saúde do lactente 
➢ Em uma revisão sistemática pioneira conduzida por especialistas 
de diferentes áreas, informações conclusivas determinaram 
recomendações em relação ao aleitamento materno na 
prevenção de asma e de doenças alérgicas: 
• Para todas as crianças: 
▪ Aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma e 
sibilância recorrente causada por infecção viral 
▪ Os efeitos protetores do aleitamento aumentam com a 
duração do aleitamento, com mínimo de 4 meses 
▪ A proteção parece persiste durante a primeira década 
de vida 
• Para crianças com história familiar de atopia: 
▪ Os benefícios do aleitamento materno são robustos 
▪ Quando a aleitamento materno for insuficiente → 
fórmulas extensamente hidrolisadas talvez possam 
reduzir o risco de desenvolvimento de dermatite 
atópica, asma e sibilância recorrente (não é uma 
medida padronizada! Não existem evidências sobre 
esse efeito e, na prática, não se costuma fazer isso) 
• Tempo do Aleitamento Materno → com relação à variável de 
tempo, a revisão sistemática mostrou: 
▪ O prolongamento do aleitamento materno exclusivo é 
capaz de reduzir em até 26% o risco de rinite alérgica 
e de eczema em pré-escolares, mas não a alergia 
alimentar 
▪ É um efeito passageiro que vai evanescendo com o 
passar do tempo 
• Resumindo: 
▪ O aleitamento materno é o alimento ideal para o bebê, 
principalmente nos primeiros 6 meses de vida, e tem 
benefício em relação a prevenir doenças alérgicas 
TABAGISMO PASSIVO E POLUIÇÃO DO AR 
➢ TABAGISMO PASSIVO: 
• A exposição à fumaça do cigarro pré e pós-natal é o fator de 
risco mais importante para a sibilância em lactentes 
• Mães fumantes durante a gestação → ocorre uma 
diminuição da função pulmonar do feto, havendo maior risco 
para sibilância 
• É fator de risco para sibilância de repetição no primeiro ano 
de vida e está mais associado à sibilância persistente 
• Para que se consiga conter o processo inflamatório que gera 
a sibilância nessas crianças é necessário cessar o estímulo, 
ou seja, interromper o contato dessas crianças com 
tabagistas 
➢ POLUIÇÃO DO AR: 
• A exposição aos produtos da combustão do óleo diesel, gás 
de cozinha, herbicidas e pesticidas no primeiro ano de vida 
está associada às doenças respiratórias na infância 
IRMÃOS E FREQUÊNCIA DE CRECHE 
➢ Estudos demonstram que ter irmãos que frequentam creche são: 
• Fatores de risco para sibilância transitória: 
 
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▪ Uma criança mais nova que tem contato com um irmão 
mais velho, que pode ser um veículo transmissor de 
vírus, acaba sendo exposta a vírus, podendo apresentar 
quadros de sibilância transitória 
• Fatores protetores contra sibilância tardia: 
▪ A exposição frequente da criança a patógenos faz com 
que o seu organismo vá se adaptando cada vez mais e, 
futuramente, essa exposição precoce será um fator 
protetor contra a sibilância tardia 
➢ É provável que o contato com outras crianças favoreça a 
exposição precoce aos agentes infecciosos, principalmente vírus 
(Vírus sincicial respiratório, rinovírus, parainfluenza), levando à 
sibilância transitória naqueles lactentes sem predisposição para 
o desenvolvimento de asma, mas também desencadeando o 
quadro de sibilância precoce nos prováveis asmáticos 
CONDUTA FRENTE À SIBILÂNCIA 
➢ ANAMNESE DETALHADA: 
• Observar o período entre as crises 
• Idade da primeira crise de sibilância 
• Presença ou não de história familiar positiva para asma → 
principalmente em parentes de primeiro grau 
• Analisar se apresenta outras atopias 
• Se houve necessidade de internação hospitalar durante a 
crise de sibilância 
• Questionar se houve resposta terapêutica ao 
broncodilatador de curta duração 
• Perguntar sobre infecção viral: 
▪ Quando houve necessidade de internação para tratar a 
crise → perguntar se foi possível coletar o painel viral 
durante a crise e se positivou para algum vírus 
✓ Painel Viral → quando se interna crianças 
solicita-se esse painel, que faz um estudo sobre 
os principais vírus 
• Excluiroutros diagnósticos → Ex: corpo estranho, 
laringite... 
➢ DIAGNÓSTICO → é clínico! 
• Quadro Clínico: 
▪ Sinais: 
✓ Tosse seca ou secretiva 
✓ Cansaço e Esforço Respiratório 
✓ Despertares noturnos (Ex: criança que acorda à 
noite “sufocada”) 
▪ Sintomas: 
✓ Sibilos na ausculta pulmonar → em ambos os 
hemitórax 
✓ Frequência respiratória aumentada: 
o Recém-nascidos (até 28 dias) → a 
frequência respiratória máxima normal é de 
60 irpm. Assim, quando se está diante de uma 
criança com 17 dias de vida, por exemplo, 
apresentando 78irpm, tem-se uma 
frequência respiratória aumentada 
✓ Sinais de esforço respiratório: 
o Tiragem de fúrcula 
o Tiragem subcostal 
o Batimento de asa nasal 
o Respiração abdominal 
➢ AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR: 
• Os exames complementares auxiliam principalmente no 
diagnóstico diferencial 
• Quais exames pode-se pensar em solicitar no primeiro 
momento → diante de um quadro de lactente sibilante é 
prudente a realização de radiografia de tórax e a avaliação 
da possibilidade de uma triagem infecciosa para descartar-
se uma infecção associada 
• Radiografia de Tórax: 
▪ Principalmente diante de quadros respiratórios, pode-
se solicitar o raio-x de tórax 
▪ Avalia os seguintes: 
✓ Padrão radiológico 
✓ Área cardíaca 
✓ Presença de timo → para que se possa pensar ou 
não em imunodeficiências 
✓ Atelectasia 
✓ Aumento da trama (raio-x infiltrado e 
esbranquiçado) 
✓ Retificação dos arcos costais → há um aumento 
do volume pulmonar, pois a criança consegue 
puxar o ar, mas não consegue soltá-lo, seja pela 
presença de inflamação ou secreção, por 
exemplo. Assim, há um aumento do diâmetro 
anteroposterior, que se reflete na radiografia de 
tórax como uma retificação dos arcos costais 
✓ Presença de corpo estranho 
• Hemograma: 
▪ Um dos critérios menores para o índice preditivo de 
asma é a presença de: 
✓ Eosinofilia > 4% → é uma manifestação muito 
comum em pacientes atópicos 
• IgE Total: 
▪ Não há indicação de se solicitar IgE total no pronto 
atendimento na abordagem inicial do lactente sibilante! 
▪ O SUS pode não fornecer esse exame e a mãe pode não 
ter condições financeiras para realizar. Assim, a 
solicitação do IgE total no pronto-socorro não é 
indispensável, pois, geralmente, seu resultado não vai 
mudar a conduta inicial que deve ser tomada diante de 
um lactente sibilante com desconforto respiratório, 
por exemplo 
• Atenção → sempre se deve questionar sobre a necessidade 
real de se realizar algum exame diante de um quadro: “Esse 
exame vai mudar minha conduta?” 
➢ TERAPÊUTICA: 
• Características Gerais: 
▪ A terapêutica deve ser individualizada de acordo com: 
✓ O fenótipo do lactente sibilante 
✓ A presença de atopia 
✓ A presença de infecções de vias aéreas 
✓ Os períodos intercrises 
• Sinais de gravidade e indicação de tratamento hospitalar: 
 
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Gizelle Felinto 
▪ Alteração da consciência 
▪ Oximetria de pulso < 92% 
▪ Dificuldade para emitir frases inteiras 
▪ Frequência Cardíaca (FC) aumentada: 
✓ FC > 200 bpm em < 5 anos de idade 
✓ FC > 180 bpm entre 4 e 5 anos de idade 
▪ Presença de cianose central → principalmente em 
mucosa oral (lábios) 
▪ Sibilância inaudível 
• Quando se está diante de uma lactente sibilante e inicia-se 
uma terapêutica domiciliar, deve-se alertar os pais sobre 
sinais de gravidade que indiquem a procura pelo pronto-
socorro para possível tratamento hospitalar → como 
repassar esses critérios de gravidade de forma simples 
para os pais: 
▪ Hipoatividade → criança mais quieta que o habitual 
▪ Alterações do nível de consciência 
▪ Dificuldade de alimentação 
▪ Vômitos à tosse → criança tosse bastante de depois 
vomita 
▪ Sinais de desconforto respiratório 
➢ TRATAMENTO HOSPITALAR: 
• BROMETO DE IPRATRÓPIO INALATÓRIO: 
▪ Em crianças < 2 anos de idade → o uso dessa 
medicação necessita ainda de evidências científicas 
▪ Alguns estudos mostram que essa medicação causa: 
✓ Redução da frequência respiratória 
✓ Melhora da saturação de oxigênio 
✓ Redução da presença de secreção 
• CORTICOIDE INALATÓRIO: 
▪ Podem ser usados como teste terapêutico por 3 meses 
ou mais, na expectativa de controlar os sintomas e 
evitar novas crises, porém não muda a evolução 
natural da doença 
▪ Usado principalmente em quadros de: 
✓ Sibilância persistente 
✓ Sibilância intermitente grave 
• Dispositivos inalatórios ideais para os lactentes: 
▪ Aerossóis dosimetrados pressurizados (“Bombinhas”) 
com espaçadores valvulados → atualmente, orienta-
se utilizar com esses com espaçadores valvulados 
▪ Nebulizadores 
• ANTILEUCOTRIENOS: 
▪ Alguns estudos sugerem seu benefício em lactentes 
com sibilância pós-viral 
• β2-AGONISTAS DE LONGA DURAÇÃO: 
 SALMETEROL 
 FORMOTEROL 
▪ São contraindicados nessa faixa etária dos lactentes 
(até 2 anos de idade) 
• β2-AGONISTAS DE CURTA DURAÇÃO (SABA): 
 SALBUTAMOL 
▪ São as melhores medicações de resgate para retirar a 
criança da crise de sibilância 
▪ Costuma-se ter a associação do Salbutamol + Brometo 
de Ipratrópio como medicação de resgate 
• OXIGENOTERAPIA: 
▪ Indicação: quando a SPO2 ≤ 94% 
➢ TRATAMENTO AMBULATORIAL: 
• Após o resgate dessa criança, retirando-a da crise, deve-se 
conduzir o seu caso de forma individualizada 
ambulatorialmente 
• O que fazer: 
▪ Verificar índice preditivo de asma 
▪ Avaliar fenótipo de sibilância 
▪ Características das crises (gravidade, hospitalização, 
crise em presença de infecção viral) 
▪ Fatores de risco aos quais a criança está sendo exposta 
→ Ex: tabagismo, falta de aleitamento, prematuridade, 
irmãos em creche 
▪ Avaliar necessidade de medicação contínua ou apenas 
no momento da crise 
▪ Observar se houve resposta ao SABA (Salbutamol) 
▪ Analisar necessidade de: 
✓ Corticoide inalatório → não muda evolução 
natural da doença, mas pode-se fazer o teste 
terapêutico por 3 meses 
✓ Antileucotrienos 
✓ Fisioterapia respiratória 
▪ Acompanhamento ambulatorial regular par verificar 
aderência ao tratamento 
▪ Encaminhar ao especialista quando for necessário 
• CORTICOTERPIA INALATÓRIA EM LONGO PRAZO: 
▪ A utilização da corticoterapia inalatória em longo prazo 
para o tratamento da asma: 
✓ Leva a uma rápida redução dos sintomas 
✓ Melhora significativamente a inflamação e a 
função pulmonar em dias a semanas 
✓ Modifica a hiperresponsividade ao longo de vários 
meses 
▪ Sempre se deve questionar as causas da sibilância, 
pois um quadro de sibilância decorrente de uma 
infecção viral ou de um corpo estranho não necessita 
de uma corticoterapia prolongada, pois são condições 
transitórias. Assim, o uso de sintomáticos e a retirada 
do corpo estranho, nesses casos, pode ser o suficiente 
▪ 1/3 das crianças apresentam episódios recorrentes de 
sibilância antes dos 3 anos de idade, mas a maioria 
(cerca de 60 a 80%) não continuará apresentando 
sintomas

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