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1 LACTENTE SIBILANTE Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Lactente → desde 28 dias de nascido até 2 anos de idade ➢ Síndrome do Lactente Sibilante: • Caracterização: ▪ 3 ou mais episódios de sibilância em um período de 2 meses ou ▪ Sibilância persistente por um período ≥ 1 mês • Trata-se de um diagnóstico sindrômico devido aos seguintes: ▪ As manifestações clínicas decorrem de um grupo heterogêneo de distúrbios ▪ Várias doenças podem levar aos sibilos ➢ EPIDEMIOLOGIA: Estudo Coorte de nascidos vivos em Tucson, Arizona, por Martinez et al → é um dos estudos mais importantes para a definição da síndrome do lactente sibilante. Nesse estudo, observou-se que: • 50% dos lactentes, acompanhados do nascimento até os primeiros 6 anos de vida, manifestaram quadro de sibilância em algum momento da vida. Assim, desse valor: ▪ Cerca de 2/3 deles manifestaram o início dos sintomas já no 1º ano de vida ▪ O 1/3 restante iniciou os sintomas após o 3º ano de vida ▪ A maioria ocorre no sexo masculino ▪ Dessa forma, vê-se que a sibilância é um quadro sindrômico com manifestações precoces nas crianças FISIOPATOLOGIA ➢ PARTICULARIDADES DAS VIAS AÉREAS NOS LACTENTES → existem diferenças anatômicas entre a árvore respiratória da criança e a do adulto. Assim, nas crianças, têm-se: • Via aérea mais estreita: ▪ Pequenos estreitamentos podem ser responsáveis por grandes repercussões clínicas → assim, quando se tem uma via aérea estreita, qualquer estreitamento da via (Ex: edema, acumulo de secreção...) pode ser responsável por grandes repercussões clínicas ✓ Isso se baseia na Lei de Poiseuille, que determina que a resistência é inversamente proporcional a quarta potência do raio. Ou seja, quanto menor o raio da via aérea, maior será a resistência para a passagem do ar • Via aérea mais secretiva: ▪ As glândulas mucosas ocupam quase 1/3 da espessura da parede da via aérea ▪ Processos inflamatórios exacerbam a atividade dessas glândulas mucosas, podendo comprometer a oxigenação • Após o nascimento, ocorre um aumento no número de alvéolos: ▪ 90% dos alvéolos encontrados no pulmão adulto formam-se após o nascimento, crescendo em número e tamanho até os 8 anos de idade, que é o período em que ocorrerão uma série de transformações e adaptações que favorecem para que as crianças estejam mais suscetíveis a complicações • O crescimento das vias aéreas é mais lento do que o das vias aéreas proximais durante os primeiros 3 anos → assim, por ser um crescimento mais lento, quando ocorre qualquer agravo à via aérea desse lactente o processo de cicatrização tende a ser mais lentificado • A capacidade pulmonar aumenta por volta dos 3 anos, devido ao posicionamento das costelas em posição oblíqua → essa posição oblíqua das costelas permite a retificação do diafragma e, consequentemente, aumenta-se a complacência pulmonar, que, de forma simples, é a capacidade que o pulmão tem de se expandir e receber mais ar ▪ Assim, crianças menores de 3 anos de idade tem uma menor complacência pulmonar ➢ SIBILÂNCIA NOS LACTENTES: • As características da sibilância nos primeiros anos de vida são bastante heterogêneas, dependendo de uma série de fatores, como: ▪ Frequência dos episódios → quantas vezes por ano, mês ou semana ▪ Gravidade dos episódios → analisar se houve necessidade de internação ou de medicação para resgate domiciliar ▪ Idade de início da sibilância ▪ Presença de infecções virais: ✓ Exemplo: criança evoluindo com quadro respiratório e pródromos gripais ▪ Presença de atopia → Exemplos: ✓ Dermatite atópica ✓ Rinite alérgica ▪ Nessa fase dos primeiros anos de vida, quando diante de um lactente sibilante → é importante identificar os principais agentes desencadeantes de episódios de sibilância FATORES DE RISCO PARA SIBILÃNCIA ➢ Tabagismo passivo → é o principal fator de risco • Curiosidade: um dos principais responsáveis pela morte súbita do recém-nascido é o tabagismo passivo ➢ Idade e sexo: • 2/3 dos casos de sibilância ocorrem no primeiro ano de vida • 1/3 dos casos ocorrem após os 3 anos de idade • É mais predominante no sexo masculino ➢ Fatores socioeconômicos: • Baixas condições socioeconômicas são um fator de risco, pois essas pessoas estão mais expostas à poluição ➢ Atopia ➢ Falta ou interrupção precoce do aleitamento materno: • O aleitamento materno é um dos principais fatores protetores contra a sibilância. Assim, crianças que não são amamentadas ou deixam de ser amamentadas precocemente podem desenvolver quadros de sibilância com mais frequência ➢ Poluição 2 LACTENTE SIBILANTE Gizelle Felinto ➢ Infecção viral ➢ Hiperresponsividade: • É algo intrínseco à criança, tratando-se de uma sensibilidade excessiva, que determina uma exagerada capacidade de reagir a certas substâncias irritantes as quais a criança é alérgica (quando diante de um fator agressor o organismo dessa criança responde de forma intensa e grosseira) ➢ Função pulmonar reduzida ➢ Inflamação das vias aéreas FENÓTIPOS ➢ Sibilantes Transitórios: • Definição → início no 1º ano de vida, associado com tabagismo materno durante a gestação e função pulmonar diminuída, com melhora até os 3 anos de idade ➢ Sibilantes não Atópicos: • Definição → sibilância desencadeada principalmente por vírus (vírus-induzido) e que tende a desaparecer com o avançar da idade (por volta dos 3 a 6 anos de idade) ➢ Sibilantes Persistentes: • Definição → sibilância associada a manifestações clínicas de atopia (eosinofilia e/ou níveis séricos elevados de imunoglobulina total) ou sensibilização comprovada a alimentos e/ou aeroalérgenos ou história familiar positiva para asma (ter pai e/ou mãe com asma) ➢ Sibilantes Intermitentes Graves: • Definição → episódios pouco frequentes de sibilância aguda associados a poucos sintomas fora dos quadros agudos, e com a presença de características de atopia CAUSAS DE SIBILÂNCIA NOS LACTENTES – DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ Existem diversas patologias que podem evoluir com quadro de sibilância, sendo necessário identificá-las para o diagnóstico diferencial, como: • Laringite • Laringoespasmo • Laringomalácia • Adenomegalia • Malformações anatômicas da traqueia e/ou broncos (Ex: anel vascular, fístulas) • Infecções das vias aéreas (virais e bacterianas): ▪ Principalmente infecções pelo vírus sincicial respiratório • Exposição a irritantes (como poluentes e fumaça) • Hiperresponsividade pulmonar (pós-infecciosa) • Aspiração recorrente (Ex: refluxo, distúrbio de deglutição, paralisia cerebral) • Aspiração de corpo estranho → é um dos principais diagnósticos diferenciais • Fibrose cística • Discinesia ciliar primária • Passagem pulmonar de helmintos • Imunodeficiências • Lesões decorrentes do período neonatal (Ex: mecônio, displasia pulmonar) • Cardiopatias • Tuberculose • Bronquite bacteriana crônica • Tumores • Asma → pode evoluir com quadros de sibilância SIBILÂNCIA x ASMA ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: • A maioria dos asmáticos apresentam sintomas logo nos primeiros anos de vida → é devido a isso que é importante identificar lactentes com risco para desenvolver a doença • Utilizando-se os dados do Tucson Children’s Respiratory et al, criou-se o Índice Preditivo para Asma, que avalia parâmetros clínicos e laboratoriais, tendo como objetivo nortear o profissional de saúde quanto a fazer um bom diagnóstico diferencial de asma e sibilância ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Crianças com pais e irmãos com história de asma apresentam maiores chances de crises de sibilos no primeiro ano de vida do que aquelas sem história familiar, independentemente de outros fatores ➢ DIAGNÓSTICO DE ASMA: • Um dos fatores mais importantes para o diagnóstico da Asma é a história familiar da doença• O diagnóstico é a partir dos 6 anos de idade → o GINA estabelece os Stepes para o diagnóstico da asma a partir dos 6 anos de idade ▪ Essa idade é estabelecida devido ao fato de que, para o diagnóstico, são necessários exames complementares que precisam da colaboração da criança (crianças menores de 6 anos de idade tem muita dificuldade de obedecer a comandos). Assim, é muito difícil de se fazer o diagnóstico de asma nos primeiros anos de vida devido à dificuldade de manejo em relação aos exames laboratoriais ➢ ÍNDICE PREDITIVO DE ASMA (IPA): • Definição → avalia a probabilidade de a criança desenvolver asma em um futuro próximo • É um índice com alto valor preditivo negativo • Índice Preditivo de Asma Positivo: ▪ Tem-se um risco para o desenvolvimento de asma futura maior que 60% ▪ Caracteriza-se pela presença de 1 critério maior e/ou 2 critérios menores CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES Um dos pais com história de asma Rinite Alérgica diagnosticada pelo médico e/ou Alergia alimentar Dermatite atópica diagnosticada pelo médico Sibilância na ausência de infecção das vias aéreas superiores Sensibilização a inalantes (presença de IgE específico para aeroalérgicos) Eosinofilia > 4% ▪ Índice preditivo de asma modificado → acrescentou- se nos critérios maiores a sensibilização a inalantes 3 LACTENTE SIBILANTE Gizelle Felinto • Índice Preditivo de Asma Negativo: ▪ 95% das crianças não desenvolvem asma, pelo menos dos 6 aos 13 anos de idade ➢ Atenção → um conjunto de evidências sugere que nos 2 primeiros anos de vida é possível que seja comum a progressão de outras doenças alérgicas, como dermatite atópica e alergia alimentar, evoluírem para sibilância, asma e sensibilização a alérgenos inalatórios na idade escolar SIBILÂNCIA E INFECÇÕES VIRAIS ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: • As infecções virais são uma das principais causas de sibilância nas crianças, pois geram um processo inflamatório que leva ao edema de mucosas e ao acúmulo de secreções, e, segundo a Lei de Poiseuille, quanto menor o raio maior será a resistência → assim, nas situações em que a criança fica bastante congesta, ela pode enfrentar importantes dificuldades respiratórias e, consequentemente, evoluir para quadros de sibilância (passagem do ar por uma via estreitada) ➢ ETIOLOGIA: • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): ▪ É o principal agente relacionado à Bronquiolite Viral Aguda ▪ Pode contribuir para exacerbações de asma em crianças e adultos, por induzir inflamação e promover a hiperatividade das vias aéreas ▪ É responsável pela maioria das infecções das vias aéreas inferiores nos lactentes ▪ Vários estudos confirmam associação entre a infecção respiratória pelo VSR e a sibilância na infância → assim, crianças com infecções pelo VSR podem virar lactentes sibilantes • Rinovírus • Parainfluenza ➢ PATOLOGIA: • Nas infecções virais pode haver lesão do epitélio das vias aéreas, induzindo à inflamação e estimulando a reação imunológica e a hiperresponsividade brônquica (HRB), que causa os seguintes: ▪ Aumento da resistência inspiratória e expiratória ▪ Aumento dos volumes torácicos ▪ Fluxos baixos ▪ Liberação de mediadores inflamatórios • A associação dessas alterações causadas pela HRB leva à broncoconstrição, tendo-se edema de mucosa, ingurgitamento vascular e contração dos músculos lisos • Crianças com Hiperresponsividade Brônquica (HRB), quando em contato com o vírus sincicial respiratório, desencadeiam sintomas respiratórios mais facilmente (exacerbação do processo inflamatório) do que aquelas que não apresentam a HRB ALEITAMENTO MATERNO ➢ Tem importância na prevenção dos quadros de sibilância ➢ O aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses é considerado fundamental para a saúde do lactente ➢ Em uma revisão sistemática pioneira conduzida por especialistas de diferentes áreas, informações conclusivas determinaram recomendações em relação ao aleitamento materno na prevenção de asma e de doenças alérgicas: • Para todas as crianças: ▪ Aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma e sibilância recorrente causada por infecção viral ▪ Os efeitos protetores do aleitamento aumentam com a duração do aleitamento, com mínimo de 4 meses ▪ A proteção parece persiste durante a primeira década de vida • Para crianças com história familiar de atopia: ▪ Os benefícios do aleitamento materno são robustos ▪ Quando a aleitamento materno for insuficiente → fórmulas extensamente hidrolisadas talvez possam reduzir o risco de desenvolvimento de dermatite atópica, asma e sibilância recorrente (não é uma medida padronizada! Não existem evidências sobre esse efeito e, na prática, não se costuma fazer isso) • Tempo do Aleitamento Materno → com relação à variável de tempo, a revisão sistemática mostrou: ▪ O prolongamento do aleitamento materno exclusivo é capaz de reduzir em até 26% o risco de rinite alérgica e de eczema em pré-escolares, mas não a alergia alimentar ▪ É um efeito passageiro que vai evanescendo com o passar do tempo • Resumindo: ▪ O aleitamento materno é o alimento ideal para o bebê, principalmente nos primeiros 6 meses de vida, e tem benefício em relação a prevenir doenças alérgicas TABAGISMO PASSIVO E POLUIÇÃO DO AR ➢ TABAGISMO PASSIVO: • A exposição à fumaça do cigarro pré e pós-natal é o fator de risco mais importante para a sibilância em lactentes • Mães fumantes durante a gestação → ocorre uma diminuição da função pulmonar do feto, havendo maior risco para sibilância • É fator de risco para sibilância de repetição no primeiro ano de vida e está mais associado à sibilância persistente • Para que se consiga conter o processo inflamatório que gera a sibilância nessas crianças é necessário cessar o estímulo, ou seja, interromper o contato dessas crianças com tabagistas ➢ POLUIÇÃO DO AR: • A exposição aos produtos da combustão do óleo diesel, gás de cozinha, herbicidas e pesticidas no primeiro ano de vida está associada às doenças respiratórias na infância IRMÃOS E FREQUÊNCIA DE CRECHE ➢ Estudos demonstram que ter irmãos que frequentam creche são: • Fatores de risco para sibilância transitória: 4 LACTENTE SIBILANTE Gizelle Felinto ▪ Uma criança mais nova que tem contato com um irmão mais velho, que pode ser um veículo transmissor de vírus, acaba sendo exposta a vírus, podendo apresentar quadros de sibilância transitória • Fatores protetores contra sibilância tardia: ▪ A exposição frequente da criança a patógenos faz com que o seu organismo vá se adaptando cada vez mais e, futuramente, essa exposição precoce será um fator protetor contra a sibilância tardia ➢ É provável que o contato com outras crianças favoreça a exposição precoce aos agentes infecciosos, principalmente vírus (Vírus sincicial respiratório, rinovírus, parainfluenza), levando à sibilância transitória naqueles lactentes sem predisposição para o desenvolvimento de asma, mas também desencadeando o quadro de sibilância precoce nos prováveis asmáticos CONDUTA FRENTE À SIBILÂNCIA ➢ ANAMNESE DETALHADA: • Observar o período entre as crises • Idade da primeira crise de sibilância • Presença ou não de história familiar positiva para asma → principalmente em parentes de primeiro grau • Analisar se apresenta outras atopias • Se houve necessidade de internação hospitalar durante a crise de sibilância • Questionar se houve resposta terapêutica ao broncodilatador de curta duração • Perguntar sobre infecção viral: ▪ Quando houve necessidade de internação para tratar a crise → perguntar se foi possível coletar o painel viral durante a crise e se positivou para algum vírus ✓ Painel Viral → quando se interna crianças solicita-se esse painel, que faz um estudo sobre os principais vírus • Excluiroutros diagnósticos → Ex: corpo estranho, laringite... ➢ DIAGNÓSTICO → é clínico! • Quadro Clínico: ▪ Sinais: ✓ Tosse seca ou secretiva ✓ Cansaço e Esforço Respiratório ✓ Despertares noturnos (Ex: criança que acorda à noite “sufocada”) ▪ Sintomas: ✓ Sibilos na ausculta pulmonar → em ambos os hemitórax ✓ Frequência respiratória aumentada: o Recém-nascidos (até 28 dias) → a frequência respiratória máxima normal é de 60 irpm. Assim, quando se está diante de uma criança com 17 dias de vida, por exemplo, apresentando 78irpm, tem-se uma frequência respiratória aumentada ✓ Sinais de esforço respiratório: o Tiragem de fúrcula o Tiragem subcostal o Batimento de asa nasal o Respiração abdominal ➢ AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR: • Os exames complementares auxiliam principalmente no diagnóstico diferencial • Quais exames pode-se pensar em solicitar no primeiro momento → diante de um quadro de lactente sibilante é prudente a realização de radiografia de tórax e a avaliação da possibilidade de uma triagem infecciosa para descartar- se uma infecção associada • Radiografia de Tórax: ▪ Principalmente diante de quadros respiratórios, pode- se solicitar o raio-x de tórax ▪ Avalia os seguintes: ✓ Padrão radiológico ✓ Área cardíaca ✓ Presença de timo → para que se possa pensar ou não em imunodeficiências ✓ Atelectasia ✓ Aumento da trama (raio-x infiltrado e esbranquiçado) ✓ Retificação dos arcos costais → há um aumento do volume pulmonar, pois a criança consegue puxar o ar, mas não consegue soltá-lo, seja pela presença de inflamação ou secreção, por exemplo. Assim, há um aumento do diâmetro anteroposterior, que se reflete na radiografia de tórax como uma retificação dos arcos costais ✓ Presença de corpo estranho • Hemograma: ▪ Um dos critérios menores para o índice preditivo de asma é a presença de: ✓ Eosinofilia > 4% → é uma manifestação muito comum em pacientes atópicos • IgE Total: ▪ Não há indicação de se solicitar IgE total no pronto atendimento na abordagem inicial do lactente sibilante! ▪ O SUS pode não fornecer esse exame e a mãe pode não ter condições financeiras para realizar. Assim, a solicitação do IgE total no pronto-socorro não é indispensável, pois, geralmente, seu resultado não vai mudar a conduta inicial que deve ser tomada diante de um lactente sibilante com desconforto respiratório, por exemplo • Atenção → sempre se deve questionar sobre a necessidade real de se realizar algum exame diante de um quadro: “Esse exame vai mudar minha conduta?” ➢ TERAPÊUTICA: • Características Gerais: ▪ A terapêutica deve ser individualizada de acordo com: ✓ O fenótipo do lactente sibilante ✓ A presença de atopia ✓ A presença de infecções de vias aéreas ✓ Os períodos intercrises • Sinais de gravidade e indicação de tratamento hospitalar: 5 LACTENTE SIBILANTE Gizelle Felinto ▪ Alteração da consciência ▪ Oximetria de pulso < 92% ▪ Dificuldade para emitir frases inteiras ▪ Frequência Cardíaca (FC) aumentada: ✓ FC > 200 bpm em < 5 anos de idade ✓ FC > 180 bpm entre 4 e 5 anos de idade ▪ Presença de cianose central → principalmente em mucosa oral (lábios) ▪ Sibilância inaudível • Quando se está diante de uma lactente sibilante e inicia-se uma terapêutica domiciliar, deve-se alertar os pais sobre sinais de gravidade que indiquem a procura pelo pronto- socorro para possível tratamento hospitalar → como repassar esses critérios de gravidade de forma simples para os pais: ▪ Hipoatividade → criança mais quieta que o habitual ▪ Alterações do nível de consciência ▪ Dificuldade de alimentação ▪ Vômitos à tosse → criança tosse bastante de depois vomita ▪ Sinais de desconforto respiratório ➢ TRATAMENTO HOSPITALAR: • BROMETO DE IPRATRÓPIO INALATÓRIO: ▪ Em crianças < 2 anos de idade → o uso dessa medicação necessita ainda de evidências científicas ▪ Alguns estudos mostram que essa medicação causa: ✓ Redução da frequência respiratória ✓ Melhora da saturação de oxigênio ✓ Redução da presença de secreção • CORTICOIDE INALATÓRIO: ▪ Podem ser usados como teste terapêutico por 3 meses ou mais, na expectativa de controlar os sintomas e evitar novas crises, porém não muda a evolução natural da doença ▪ Usado principalmente em quadros de: ✓ Sibilância persistente ✓ Sibilância intermitente grave • Dispositivos inalatórios ideais para os lactentes: ▪ Aerossóis dosimetrados pressurizados (“Bombinhas”) com espaçadores valvulados → atualmente, orienta- se utilizar com esses com espaçadores valvulados ▪ Nebulizadores • ANTILEUCOTRIENOS: ▪ Alguns estudos sugerem seu benefício em lactentes com sibilância pós-viral • β2-AGONISTAS DE LONGA DURAÇÃO: SALMETEROL FORMOTEROL ▪ São contraindicados nessa faixa etária dos lactentes (até 2 anos de idade) • β2-AGONISTAS DE CURTA DURAÇÃO (SABA): SALBUTAMOL ▪ São as melhores medicações de resgate para retirar a criança da crise de sibilância ▪ Costuma-se ter a associação do Salbutamol + Brometo de Ipratrópio como medicação de resgate • OXIGENOTERAPIA: ▪ Indicação: quando a SPO2 ≤ 94% ➢ TRATAMENTO AMBULATORIAL: • Após o resgate dessa criança, retirando-a da crise, deve-se conduzir o seu caso de forma individualizada ambulatorialmente • O que fazer: ▪ Verificar índice preditivo de asma ▪ Avaliar fenótipo de sibilância ▪ Características das crises (gravidade, hospitalização, crise em presença de infecção viral) ▪ Fatores de risco aos quais a criança está sendo exposta → Ex: tabagismo, falta de aleitamento, prematuridade, irmãos em creche ▪ Avaliar necessidade de medicação contínua ou apenas no momento da crise ▪ Observar se houve resposta ao SABA (Salbutamol) ▪ Analisar necessidade de: ✓ Corticoide inalatório → não muda evolução natural da doença, mas pode-se fazer o teste terapêutico por 3 meses ✓ Antileucotrienos ✓ Fisioterapia respiratória ▪ Acompanhamento ambulatorial regular par verificar aderência ao tratamento ▪ Encaminhar ao especialista quando for necessário • CORTICOTERPIA INALATÓRIA EM LONGO PRAZO: ▪ A utilização da corticoterapia inalatória em longo prazo para o tratamento da asma: ✓ Leva a uma rápida redução dos sintomas ✓ Melhora significativamente a inflamação e a função pulmonar em dias a semanas ✓ Modifica a hiperresponsividade ao longo de vários meses ▪ Sempre se deve questionar as causas da sibilância, pois um quadro de sibilância decorrente de uma infecção viral ou de um corpo estranho não necessita de uma corticoterapia prolongada, pois são condições transitórias. Assim, o uso de sintomáticos e a retirada do corpo estranho, nesses casos, pode ser o suficiente ▪ 1/3 das crianças apresentam episódios recorrentes de sibilância antes dos 3 anos de idade, mas a maioria (cerca de 60 a 80%) não continuará apresentando sintomas
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