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David Ricardo Aula 3: Acumulação História do Pensamento Econômico Prof. Bruno Aidar Onde estudar? COUTINHO, Maurício. Lições de economia política clássica. São Paulo: Hucitec, 1995. • Cap. 5: “Ricardo: um sistema dedutivo completo de Economia Política”. p. 179-215. Contexto • Geral • Discussão sobre limites à expansão do capitalismo industrial. • Preocupação dos economistas clássicos com o “estado estacionário” (tendência natural dos lucros diminuírem). • Como os lucros são determinados? • O que determina a acumulação de capital? • Específico • Discussão sobre legislação protecionista de importação de grãos na Inglaterra. • Discussão sobre as relações entre agricultura e indústria, renda da terra e lucros. • Oposição econômica e política entre proprietários de terras e capitalistas. Teoria da renda diferencial da terra • Teoria de Malthus: • Crescimento populacional >> oferta de alimentos crise de crescimento • Questão de Ricardo: quais são os efeitos dessa situação sobre a indústria e a taxa de lucros? • Ideia central de Ricardo: • renda fundiária [determina] tx lucro da agricultura tx lucro geral distribuição de rendimentos • Cuidado com os intérpretes! • Tx lucro não determina o destino histórico e o movimento do capitalismo (Napoleoni) e nem subordina o sistema econômico ao capital e aos movimentos da tx de lucro (Coutinho), pois é determinada pela ação conjunta da renda da terra e dos salários. • “Preconizo o comércio livre de cereais fundamentando-me no fato de que, sendo o comércio livre e os cereais baratos, os lucros não descerão, por muito importante que possa ser a acumulação de capital. Se nos limitarmos aos recursos do nosso próprio solo, penso eu, a renda acabará por absorver a maior parte do produto que resta depois de pagos os salários, e, consequentemente, os lucros serão baixos”. (Carta de Ricardo a Trower, 21 jul. 1820 apud DOBB, Teorias do valor..., p. 118). Fase inicial • Demanda por alimentos é suprida pelo cultivo das terras de maior fertilidade e melhor localização • Terras praticamente ilimitadas • Inexistência de renda da terra • Lucro é todo do capitalista Fase posterior • Cultivo das terras menos férteis e mais longínquas • Exige maior quantidade de capital para a mesma produção agrícola • Redução da taxa de lucro • Tx lucro inicial – Tx lucro atual = origem da renda da terra • Cultivo da terra na 2ª fase origina renda diferencial sobre a terra na 1ª fase (ocupação inicial) • Ocupação de terras menos férteis ↓ progressiva da tx lucro e ↑ renda da terra Exemplo numérico • 1ª fase (terras mais férteis) • Para produzir 300 quarters de trigo • 200 quarters antecipação de capital • 100 quarters lucro agrícola • Taxa de lucro = 50% - 1ª Fase • 2ª fase (terras menos férteis) • Para produzir os mesmos 300 quarters de trigo • 210 quarters antecipação de capital • 90 quarters lucro agrícola • Taxa de lucro = 43% - 2ª fase será a nova taxa 2ª fase Novo lucro agrícola sobre lucro original 43% tx lucro 7% tx renda da terra Lucro 1 Adiantament o de capital 1 Lucro 2 Adiantament o de capital 2 Renda da terra Limite inicial da taxa de lucro Limite final da taxa de lucro Resumindo • ↑ Demanda alimentos ↓ Terras férteis e próximas ↑ Ocupação lotes menos férteis ↓ Rendimentos físicos • ↓ Tx lucro na agricultura ↓ Tx geral de lucros • ↑ Renda da terra Consequências • Crescimento extensivo: aumento da demanda por alimento força a utilização de mais capital com rendimentos inferiores. Obs.: não há possibilidade de melhoria tecnológica para aumento da produtividade. • Rendas da terra e lucros são partes complementares e antagônicas do produto líquido. • Renda é a fração do produto tornada necessária pela coexistência de aplicações de capital com eficiências distintas. • Generalizando, lucros seriam regulados pela produtividade da pior máquina. Do particular para o geral • Tx lucro pior terra tx lucro agricultura tx lucro geral • Taxa de lucro obtida na pior aplicação de capital determina a taxa de lucro na agricultura e na economia como um todo. • Concorrência entre capitais iguala as diferentes taxas de lucro. • Tendências de redução do lucro agrícola são transmitidas para a taxa geral de lucro, gerando tendência progressiva de redução da taxa geral de lucro. Solução para redução da taxa de lucro • Defesa do livre-comércio (importação e exportação) de cereais • Redução dos salários e aumento da produtividade não são considerados por Ricardo. E os salários? • Salários permanecem no nível de subsistência • Variam em função das oportunidades de emprego e da oferta populacional • Ajuste final depende do nível de subsistência • Se preço dos alimentos aumenta exige aumento dos salários reduz proporção dos lucros • Mais uma vez determinação fica a cargo das condições agrícolas Legado da análise de Ricardo • Análise de longo prazo • Método hipotético, abstrato, lógico e dedutivo • Início da análise marginalista • Teoria dos rendimentos decrescentes • Livre-concorrência como princípio analítico que pode ser aplicado em várias áreas (preços de mercado x preços normais, lucros normais x lucros extraordinários, vantagens comparativas no comércio internacional). Bibliografia utilizada COUTINHO, Maurício. Lições de economia política clássica. São Paulo: Hucitec, 1995. Cap. 5, seções 2, 3 e 5. DOBB, Maurice. Teorias do valor e distribuição desde Adam Smith. Lisboa: Editorial Presença, 1977. Cap. 3, seção 3. NAPOLEONI, Claudio. Smith, Ricardo, Marx. Rio de Janeiro: Graal, 1988. Cap. 4.
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