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Fichamentos Bonavides capítulos 6 até 10

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BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 19 Edição. Editora Malheiros.
Capítulo 6- Do território do Estado
Conceito de território
Assim como nas demais definições que cercam a Ciência Política, o território merece opiniões controversas embora, em menor escala. Entende-se por território o espaço dentro do qual o Estado exercita seu poder. A divergência é: o território faz parte do Estado ou pertence ao indivíduo? Donatoni entende que o território não pertence nem ao Estado nem ao indivíduo. Já Anschuetz afirma que o território faz parte do Estado já que quando o indivíduo do Estado se desloca, não leva consigo parte do território.
Partes constitutivas do território: terra firme com as águas aí compreendidas, o mar territorial, o subsolo, a plataforma continental e o espaço aéreo.
O problema do mar territorial
Entende-se por mar territorial aquele que banha a costa do Estado e que, portanto, está sob seus direitos e ordens. Antigamente delimitava-se o mar territorial através da doutrina “limite visual”, ou seja, a largura das águas era estabelecida até onde a vista alcançasse. Por muito tempo foi utilizada, todavia, foi substituída pela doutrina do critério defensivo (o poder de terra acaba onde acaba o poder das armas) e estipulou-se o limite de 3 milhas como pertencente ao Estado. As milhas demais seriam mar aberto o que favorece os países desenvolvidos. Com o avanço da indústria bélica, alguns países se uniram para ampliar o domínio sobre o mar territorial. Chile, Peru, Equador, Argentina, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Uruguai e Brasil ampliaram domínio sobre o mar territorial para 200 milhas ressaltando a importância da zona marítima para o desenvolvimento econômico dos Estados ribeirinhos, a segurança nacional, repressão ao contrabando, o controle de navegação para evitar poluição das águas. Esse incremento está em descumprimento ao Direito Internacional já que este ainda utiliza-se do limite de 3 milhas para delimitação do mar territorial.
Os limites do mar territorial brasileiro
- Em 18/11/1966 altera-se o limite das águas de 3 para 6 milhas;
- Em 20/04/1969 altera-se novamente o limite das águas indo de 6 para 12 milhas;
- Em 25/03/1970 altera-se o limite de 12 para 200 milhas aderindo assim, à Política de Soberania Marítima.
Subsolo e plataforma continental
A plataforma continental, após ser reclamada por vários Estados, ganhou dimensões. Em 1945, o então presidente dos Estados Unidos “afirmou direitos à plataforma continental para fins específicos e limitados” (pg 99) e em declaração americana afirmava-se que a “plataforma continental pode ser considerada como uma extensão de massa terrestre do país ribeirinho e como formando parte dela naturalmente” (pg 100).
A ONU e plataforma continental
A ONU (Organização das Nações Unidas) deixa claro que as águas que banham a plataforma continental se sujeitam ao regime alto-mar, ou seja, são defendidas pelas premissas de liberdade e inapropriabilidade dominantes na doutrina internacional.
 O Brasil e a plataforma continental
Brasil e ONU se divergem. O Brasil entende que a plataforma continental é parte integrante do território nacional, principalmente após fazer valer as 200 milhas que entendem como mar territorial.
O Espaço aéreo
Para o espaço aéreo, não há uma altitude exata para soberania do Estado. Huber definiu sobre a superfície da terra, quatro camadas: troposfera, estratosfera, ianosfera e exosfera (zona, segundo ele, de transição para o espaço cósmico, ou seja, limite superior). Nesse momento tem-se a delimitação do espaço aéreo.
Espaço cósmico
Resolução 1.962 sobre o espaço extra- atmosférico:
- Este, compreendendo a lua e os demais corpos celestes não são de propriedade do Estado;
- Sua utilização e exploração realizar-se-ão de acordo com Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas;
- Armas de destruição em massa e cargas nucleares não estão liberadas para utilização;
- propagandas de guerra, neste, são vetadas.
Exceções ao poder do Império do Estado
“Em alto- mar ou no espaço aéreo livre, os navios e aviões de um país são tidos como parte de seus territórios e sujeitos, por conseguinte, às leis deste país, salvo se houver princípio de Direito Internacional que os faça dependentes de uma lei estrangeira (Pergolesi- pg 105).
Concepção política do território
É tudo de que se vale para o desenvolvimento do Estado (dimensão, forma, relevo, limites do território, fator humano, populacional...).
Concepção jurídica do território
Juridicamente entende-se não haver Estado sem território já que, essa parte do espaço geográfico, “onde o grupo humano elege habitação fixa e certa” (pg 106) preenche os fins que lhe são atribuídos.
Principais teorias de natureza jurídica: território patrimônio, território objeto; território espaço, território competência.
A Teoria do Território patrimônio
Ocorreu na Idade Média quando não havia clareza de distinção entre o público e o privado. O território era tratado como patrimônio do senhor feudal, assim como seus servos e coisas.
A Teoria do Território objeto
A Teoria do Território objeto tornou-se uma extensão da terra do território patrimônio visto que determinava ser do Estado o território, podendo o Estado utilizar-se das terras para fins estatais, bem como impor-se sobre seu Estado com soberania. Assim, o Território objeto é do Estado.
 A Teoria do Território espaço
Esta teoria defende que o Estado não tem poder sobre o território (não tem dominium) e sim sobre as pessoas (tem imperium). E justamente por isso deparou-se com vários empecilhos e indagações de juristas que não estavam de acordo com esta afirmativa e tentaram invalidar a doutrina.
A Teoria do Território competência
A Teoria do Território competência se aproxima da teoria do Território espaço já que ambas atribuem valor ao território. Na Teoria do Território competência o Estado é competência local sobre o território; é ele quem valida a ordem, a validez espacial das normas jurídicas.
Capítulo 7- O poder do Estado
Do conceito de poder
Entende-se por poder a “faculdade de tomar decisões em nome da coletividade” (Afonso Arinos) de modo que a comunidade conserve-se unida, coesa e solidária. Existem dois tipos de poder: poder de fato e poder de direito. O poder de fato se firma na imposição da obediência através de meios violentos. O poder de direito busca o poder no consentimento dos governos, não na coerção.
Imperatividade e natureza integrativa do poder estatal
O Estado é formado pela Sociedade que, nada mais é do que indivíduos que formam vários grupos. Esses grupos, por conseguinte, não os obriga que neles, fiquem. A porta de entrada e saída é sempre livre. Já o Estado impõe que, se no Estado nascemos, nele devemos viver. Ele organiza regras comportamentais e faz com que sejam cumpridas através da coerção; todo Estado possui classe de dominantes sobre dominados, dos detentores do poder contra os apoderados. Portando, o Estado possui natureza integrativa (já que pode utilizar-se da força em prol da coletividade).
Capacidade de auto- organização
A condição de elaborar ou modificar por direito próprio e originário uma ordem constitucional é o ponto chave para existir o Estado. O Estado tem que ter capacidade para se auto- organizar, senão não é Estado.
A unidade e a indivisibilidade do poder
O único titular do poder é o Estado, como pessoa jurídica. Os titulares do poder são aquelas pessoas que expressam vontade estatal, vontade esta manifestada através de órgãos estatais. A titularidade do poder estatal é do povo todavia, o seu exercício se concretiza através dos órgãos: corpo eleitoral, o Parlamento, o Ministério, o Chefe de Estado, etc. Não há uma divisão de poder, há uma divisão de competência.
O princípio da legalidade de legitimidade
Enquanto alguns autores defendem que legalidade de legitimidade são condições especiais do poder do Estado, outros defendem que não (ver cap. 8).
A soberania
O mais alto poder do Estado apresenta duas faces distintas: ainterna e a externa. A interna permeia dominação sobre o território e a população. A externa é a autonomia de cada Estado (um independe do outro).
Capítulo 8- Legalidade e legitimidade do poder político
O princípio da legalidade
A legalidade é o procedimento da autoridade em conformidade com as leis “respeitando rigorosamente a hierarquia das normas, que vão de regulamentos, decretos e leis ordinárias até a lei máxima e superior, que é a Constituição” (pg 120).
O princípio da legitimidade
A legitimidade é uma legalidade valorada, ou seja, segue a mesma hierarquia de normas, regulamentos, decretos.... porém, observando as crenças, costumes, tradições, situações de determinada época (ex. democracia).
Como se formou o princípio da legalidade e a espécie de legitimidade que esse princípio procurou estabelecer
“O princípio de legalidade nasceu do anseio de estabelecer na sociedade humana regras permanentes e válidas” (pg 121), passando a ir ao desencontro ao poder absoluto. Com o princípio da legalidade, os governados sentiam-se protegidos e acreditavam que nenhuma mal lhes pudesse ocorrer por parte dos governantes. Primava-se que houvesse um governo de leis e não de homens.
A crise histórica da legalidade e legitimidade do poder
Do ponto de vista Histórico, na Revolução Francesa, a legalidade se impõe à legitimidade já que a lei representava o máximo poder da Razão libertária. No entanto, a lei acaba servindo de instrumento da “opressão burguesa, como órgão de permanência de privilégios econômicos” (pg 124).
A consideração filosófica do problema da legitimidade
Do ponto de vista filosófico, compreende legitimidade as convicções individuais. Por isso não compete à legitimidade responder à ordem, à vida política e social, ficando estes à par da legalidade.
Os fundamentos sociológicos da legitimidade
Para os sociólogos, a legitimidade fundamenta-se no poder numa determinada sociedade, sendo esta organizada de três formas: carismática, tradicional e legal (ou racional).
A legitimidade como representação de uma teoria dominante do poder
Para Duverger, os governados estão em constante mutação no que diz respeito à teoria dominante do poder (variam conforme época, país). Assim, do ponto de vista sociológico, o que torna um governo legítimo é a provação da população.
As três formas básica de manifestação da legitimidade
Carismática: assenta-se na crença. Baseia-se na lealdade dos seguidores, nas crenças havidas nos profetas, no “reconhecimento” dos heróis. É uma das potências mais revolucionárias da História;
Tradicional: assenta-se na tradição coletiva e cria noção de privilégio. Entende-se que o patriarca é a santidade devendo aos governados obediência por respeito em virtude da tradição.
Legal ou racional: assenta-se na regra e cria noção de competência. “Qualquer direito pode ser modificado e criado, por elaboração voluntária, desde que essa elaboração seja formalmente correta” (pg 127).
O aspecto jurídico da legitimidade
Do ponto de vista jurídico, a legitimidade requer uma suspeita de juridicidade, de equilíbrio e de obediência condicional.
Enquanto a legalidade é questão de forma, a legitimidade assume conceito material de modo que “um governo de fato far-se-á eventualmente legítimo se proceder segundo as regras por ele mesmo estabelecidas;
A legalidade é noção jurídica; a legitimidade, noção ideológica.
A legitimidade no exercício do poder
Dois problemas distintos:
Necessidade e finalidade mesma do poder político: entende-se, nesse aspecto, que a legitimidade é o fundamento pelo qual o governo e os governados, seguindo crenças e modificações conforme época e país, se relacionam;
Saber se todo governo é legal e legítimo ao mesmo tempo: um governo pode ser legal e ilegítimo ao mesmo tempo uma vez que cumpre única e exclusivamente as leis e deixa de atender aos anseios (sentimento e esperanças) de seu povo. Pode ser também ilegal e legitimo ao passo que descumpre as leis mas atende à demanda de seu povo. “Via de regra, os governos que nascem das situações revolucionárias, dos golpes do Estado, das conspirações triunfantes, são governos ilegais mas eventualmente legítimos, se abraçados logo pelo sentimento nacional de aprovação ao exercício do seu poder” (pg 130).
Capítulo 9- A soberania
O problema da soberania (diz-se soberania a autoridade ou poder absoluto)
A soberania surgiu juntamente com o Estado Moderno. Apresenta dois pontos de vista: externo e interno. Do ponto de vista externo “a soberania é apenas qualidade do poder, que a organização estatal poderá ostentar ou deixar de ostentar” (pg 132). Do ponto de vista interno a soberania ocorre quando ocorre o predomínio do ordenamento estatal num certo território. O Estado detém vontade suprema. Assim, ainda do ponto de vista interno, onde há Estado, há soberania. Para grupos anárquicos e marxistas não há soberania estatal do ponto de vista interno pois a disputa pelo poder por parte de partidos, órgãos sindicais, ideologias, grupos de opinião e pressão acabam concorrendo e portanto, minimizando o poder do Estado.
Formação histórica do conceito de soberania
O Estado antigo grego tinha organização política monopolizada simbolicamente pelo Imperador que vivia em atrito com o clero, firmando-se perante a Igreja através da soberania (Idade Média). O termo soberania (souveraineté) surgiu na França à medida que o rei “afirmava externamente nas lutas com o Império e o sacerdócio sua independência política” (pg 135).
Afirmação absoluta, afirmação relativa e negação do princípio de soberania
Filósofos debatem sobre soberania e a posição adotada por Jellinek para conceitua-la é a mais aceita: “capacidade do Estado a uma autovinculação e autodeterminação jurídica exclusiva” (pg 136), vindo de encontro à velha doutrina francesa que pregava soberania absoluta, ilimitada, incontrastável.
Traços característicos da soberania
Soberania:
- uma, indivisível (não se delega a soberania), irrevogável, perpétua, poder supremo, elemento essencial do Estado, poder incontrastável (seu surgimento ocorreu na Idade Média quando os monarcas precisavam firmar seu poder frente à Igreja), poder absoluto.
O titular do direito de soberania: as doutrinas teocráticas e as doutrinas democráticas
Soberania do Estado: posição elevada do grupo político (Estado) sobre os demais grupos sociais internos (Igreja, escola, família); externo (comunidade internacional).
Soberania no Estado: autoridade suprema no interior do Estado através do titular do poder supremo (no caso do Brasil, figura representada pelo Presidente da República).
As doutrinas teocráticas
A doutrina da natureza divina dos governantes
Confere aos governantes poderes divinos. Os reis não sou a representação de Deus, são os próprios deuses. Ex.: faraós do Egito, imperadores romanos, príncipes orientais e o Imperador do Japão até o fim da 2 ͣ Guerra Mundial.
A doutrina da investidura divina
Os governantes são imediatos de Deus, os nomeados por Deus, cabendo ao povo prestar-lhes cega obediência dada a origem divina do poder. Governam para Deus, jamais para os homens. Ex.: Luís XIV.
A doutrina da investidura providencial
Os governantes não são mais os deuses supremos. São designados dos homens e não das divindades.
As doutrinas democráticas
A doutrina da soberania popular
A mais democrática das doutrinas deriva da vontade popular. Segundo Rousseau é a igualdade política dos cidadãos e o sufrágio universal (regime eleitoral que estende o direito de voto a todos os cidadãos capazes por lei, sendo facultado, no Brasil, aos jovens entre 16 e 18 anos e aos maiores de 70 anos).
A doutrina da soberania nacional
A Nação surge como depositária única a exclusiva da autoridade soberana, contrapondo-se à doutrina da soberania popular. “A soberania é uma, indivisível, inalienável e imprescritível. Pertence à Nação; nenhuma seção do povo, nenhuma indivíduo pode atribuir-se-lhe o exercício” (art. 1 do Título III da Constituição de 1791) (pg 143).
Capítulo10- A separação de poderes
Origem histórica do princípio: soberania e separação de poderes
A Europa continental, em especial a França, foi palco da consolidação soberana do monarca. A soberania é a monarquia e a monarquia, o Estado. Logo a autoridade do monarca esplende e o Estado Moderno torna-se realidade. Surge a Monarquia absoluta. Os reis protegem a burguesia comercial e industrial ascendente; o mercantilismo é a economia da época; os monarcas fazem a primeira intervenção estatal dos tempos modernos: ajudam empresas e companhia de navegação, estimulam o comércio e a indústria, amparam a classe empresarial, exaltam o patronato, conhecem o capital mas ignoram o trabalho, fazem a legislação industrial do empresário burguês, enfim, ajudam a burguesia a crescer e prosperar. Com a burguesia em ascensão e dominando a economia, o autoritarismo do rei é dispensado. Abandonam a figura de poder paternalista (rei) e buscam a política impessoal, de limitação do poder, contenção de autoridade e garantias jurídicas da iniciativa econômica.
A doutrina da separação de poderes na obra de Montesquieu
A separação de poderes, instrumento mais poderoso e mais rígido de proteção e garantia das liberdades individuais, teve Montesquieu como autor ou respeitado expositor. Tomou a Constituição da Inglaterra, “espelho de liberdade política”, como fonte de estudo. Enfatiza que “todo homem que detém o poder tende a abusar do mesmo” (pg 148) indo o abuso até onde imaginar que seja o limite. “E para que não se possa abusar desse poder, faz-se mister organizar a sociedade política de tal forma que o poder seja um freio ao poder, limitando o poder pelo próprio poder” (pg 148).
Os três poderes: legislativo, executivo e judiciário
Montesquieu define liberdade política como a “tranquilidade de espírito, decorrente do juízo de segurança que cada qual faça acerca de seu estado no plano da convivência social... a liberdade política exprimirá sempre o sentimento de segurança, de garantia e de certeza que o ordenamento jurídico proporcione as relações de indivíduo para indivíduo, sob a égide da autoridade governativa” (pg 149). Distinguiu-se então, três poderes: Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário. Estes devem atuar em harmonia.
- Ao Poder Legislativo cabe a criação, aperfeiçoamento ou abolição de leis para sempre ou para determinada época.
- Ao Poder Executivo (na época escrito por Montesquieu) cabia segurança e prevenção de invasões (executor das resoluções públicas).
- Ao Poder Judiciário, a faculdade de punir os crimes ou julgá-los.
Segundo Montesquieu, uma única pessoa não pode deter mais de um poder; esse fato extinguiria a liberdade (assim como na Turquia onde os 3 poderes estavam concentrados na pessoa do sultão).
As técnicas de controle como corretivos para o rigor e rigidez da separação de poderes
Aos poderes foram dadas técnicas de controle. Técnicas estas que podem interferir nos outros poderes.
- Executivo: na ordem legislativa o executivo tem direito ao veto e a mensagem. Com o veto visa impedir decisões dos vereadores. Com a mensagem recomenda, propõe e eventualmente inicia a lei, mormente nos sistemas constitucionais que o executivo tem que resolver questões orçamentárias e de ordem financeira. Na ordem jurídica o executivo pode atenuar uma pena e nomear membros do poder judiciário.
- Legislativo: na ordem executiva o legislativo pode rejeitar o veto, aprovar tratados, impedir indicações vindas do executivo para os altos cargos de administração, mover ação de processo de impeachment contra a autoridade executiva. Na ordem judiciária o legislativo pode determinar o número de membros do judiciário, limitar-lhes a jurisdição, fixar as despesas dos tribunais, aumentar vencimentos, organizar o poder judiciário e proceder julgamento político.
- Judiciário: pode organizar o quadro de servidores. Na ordem executiva profere a ilegalidade de certas medidas administrativas. Na ordem legislativa decide sobre inconstitucionalidade de atos.
Primado da separação de poderes na doutrina constitucional do liberalismo
Entende-se que “toda sociedade na qual não esteja assegurada a garantia dos direitos do homem nem determinada a separação de poderes, não possui Constituição... A separação de poderes é a primeira condição de um governo livre”(pg 154). Assim, constituídos os poderes, estes devem ser para sempre separados e distintos. A Constituição de 5 de outubro de 1988 tem o seguinte estabelecimento: “ Art. 2 São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (pg 155).
Em busca de um quarto poder: o Moderador
O poder Moderador surgiu no Império e teve o Brasil como primeiro e único país no mundo a utilizá-lo. Benjamin Constant propôs a criação do poder moderador para minimizar a crise e desequilíbrio surgido entre os poderes existentes (executivo, legislativo e judiciário). Assim, com a nova estrutura, ao poder legislativo consistia a elaboração de leis, poder este representado pelas assembleias legislativas; ao poder executivo, representado pelos ministros, ordenar a execução geral das leis; ao poder judiciário, na figura dos tribunais, a aplicação das leis; ao poder moderador, representado pelo rei, exercer autoridade neutra e intermediária com intuito de equilíbrio. O poder moderador desaparece com as Constituições Republicanas porém, existiu de fato entre 1891 e 1964, sendo o rei, na fase final, substituído pelas Forças Armadas.
Declínio e reavaliação do princípio da separação de poderes
A separação de poderes foi historicamente necessária, porém, como conciliar soberania com poderes divididos e separados? Coste- Floret assim explica: “pois que é indubitável que a soberania é una, é impossível admitir com o sistema presidencial que existem três poderes separados. Mas porque a soberania é una, não é preciso concluir que todas as funções do Estado devem ser necessariamente confundidas. Para realizar uma organização harmônica dos poderes públicos, é preciso ao contrário construí-los sobre o princípio da diferenciação das três funções do Estado: legislativa, executiva e judiciária. Para tomar de empréstimo que o corpo humano é uno e todavia o homem não faz com os olhos o que tem o hábito e fazer com as mãos. É preciso que ao princípio da unidade orgânica se junte a regra da diferenciação das funções. Há muito tempo que a regra da separação dos poderes, imaginada por Montesquieu como um meio de lutar contra o absolutismo, perdeu toda a razão de ser”(pag 158).

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