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AULA 1 COMÉRCIO O Direito Comercial teve início na Idade Média- o começo está relacionado com o florescimento das primeiras cidades e o desenvolvimento do comércio marítimo. Na Idade Média, as cidades desenvolveram-se ao redor dos feudos, intensificando o comércio, em razão da inexistência de um Estado Centralizado. Com o crescimento e desenvolvimento das cidades, despontaram as grandes expedições marítimas, com mercancia acentuada entre os povos, ganhando destaques os comerciantes e os artesãos e por conseqüência, surgiu a necessidade de regulamentar suas atividades que, até então, não existia; Artesãos e comerciantes uniram-se em corporações, “Corporações de Ofício”, buscando tutelar juridicamente suas atividades, juntando-se a eles a burguesia, que era discriminada pela sociedade e legislação comum da época, estabelecendo- se, então, regras para a regência do comércio. ESSE É O PERÍODO SUBJETIVO DO DIREITO COMERCIAL. O critério caracterizador do comerciante é a participação na Corporação de Ofício, não importando o que o comerciante faça, mas se pertence, ou não, a uma determinada corporação. Desponta o Direito Comercial sendo, neste caso, classista e corporativo, que amparava apenas a classe dos comerciantes e artesãos vinculados às corporações e submetidos as regras comerciais por eles próprios estabelecidas. Exemplos de leis da época: Livro do Consulado do Mar, Guidon de La Mer e as Decisiones Rotal Mercatura. Através das grandes revoluções (Inglesa, Francesa e Americana), a sociedade liberal, liderada pela burguesia, pregava a igualdade política, social e jurídica, onde as normas subjetivas não mais tinham espaço. Com o Code de Commerce, elaborado em 1808 por juristas de Napoleão Bonaparte, as relações jurídicas mercantis não mais seriam definidas pela natureza do sujeito que as integravam, mas sim por atos por eles praticados. Surgiu, então, a Teoria dos Atos de Comércio, devendo o Direito Comercial definir quais atos seriam comércio e, portanto, regidos por normas mercantis, tendo sido a base para a formação do hoje revogado (em parte) do Código Comercial de 1850. Eram abrangidos pela Teoria dos Atos de Comércio: ◦ a compra e venda ou troca de bens móveis ou semoventes no atacado ou no varejo; ◦ revenda ou aluguel; ◦ operações de câmbio, banco, corretagem, expedição, consignação e transporte de mercadorias; ◦ espetáculos públicos, indústria, seguros, fretamento e quaisquer contratos relacionados com o comércio marítimo, além de armação e expedição de navios. Com o avanço do desenvolvimento social, essa teoria tornou-se obsoleta, pois não acompanhou o desenvolvimento econômico marcado pelo aumento da técnica, dos monopólios, da concorrência e da produção em massa. Cabe acrescentar que não eram tidos como atos de comércio a prestação de serviços em massa e as atividades agrícolas, que eram regidas pelo direito comum. Por tal razão, foi alargado o campo de incidência normativa comercial através da Lei das S/A, dos títulos de crédito, da franquia, do leasing e o CDC. Mesmo com a crescente alteração da legislação nacional, o direito comercial nacional permaneceu ligado a Teoria dos Atos de Comércio, na contramão da evolução mundial, que desde 1940 já falava de empresa. Finalmente, com o advento do Código Civil de 2002, veio a Teoria da Empresa, de acordo com esta teoria empresa é a atividade desenvolvida pelo empresário individual ou sociedade empresária, de forma profissional e economicamente organizada para produção ou circulação de bens ou serviços. A empresa visa obtenção de lucros por parte daqueles que a exploram, os quais em contrapartida, devem assumir uma série de riscos (exemplo: não aceitação do produto no mercado, taxas de juros elevados para a obtenção de empréstimos, concorrência com empresas sólidas no mercado). No período do Brasil - colônia as relações jurídicas pautavam-se pela legislação de Portugal, quais sejam as Ordenações Filipinas, sob a influência do direito canônico e do direito romano. Com o advento da tomada de Portugal pelas tropas napoleônicas, a família imperial refugiou- se no Brasil (1808) e, então aqui se transformou em sede de monarquia, dando-se a Lei de Abertura dos Portos, abrindo-se o comércio aos povos. Surgiram também outras leis que se sucedem, incrementando a atividade comercial com a criação da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação, estimulando as atividades produtivas da nação e a criação do Banco do Brasil, para promoção da indústria nacional de giro e combinação de capitais isolados. Proclamada a independência (1822), destaca- se a Lei da Boa Razão, que autorizava a invocar, como subsídio nas gestões mercantis, as normas legais do direito estrangeiro como subsidiário do direito lusitano e, agora, brasileiro. O Espírito nacional do jovem Império passou a exigir como afirmação política de sua soberania, um direito próprio, consentâneo com os seus interesses e desenvolvimento. Diante disso, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação encarregou uma junta de comerciantes de elaborar o Código Comercial. Após morosa tramitação desse projeto nas duas Casas Legislativas, foi sancionada a Lei 556 de 25/06/1850, que promulgava o Código Comercial Brasileiro. Posteriormente, após a sua promulgação, deu-se a respectiva regulamentação, através do Regulamento 737 de 1850. Face às profundas mudanças sofridas, por exemplo, a extinção dos Tribunais de Comércio, quando foi unificado o processo judicial, a facultatividade do juízo arbitral, a livre formação das sociedades anônimas, sem o controle do Estado e a criação do Decreto- Lei 7661/45 (Lei de Falência), que fundamentava sua caracterização dos pagamentos do comerciante, fez-se necessário uma reforma do Código Comercial.
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