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GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 1 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Aula 1 - 08/08/2016 EXAMES LABORATORIAIS Hemograma: avaliação do sistema hematopoiético. Pode dar indícios de uma anemia, das causas de uma infecção, e entre outros. Testes específicos: são aqueles que conseguem definir exatamente a doença. Testes sensíveis: são aqueles que conseguem com pouca amostra, dar ou não positivo, não identificam o agente separadamente. Reticulócitos: são as células que precedem as hemácias. Esse exame tem resultados mais baixos em pacientes com anemia ferropriva. Quando é prescrito sulfato ferroso esse exame tende a mostrar um número de reticulócitos acima dos valores de referência. Fases dos exames laboratoriais: Pré-analítica: Toda fase que antecede a análise, desde a prescrição, preparo do paciente, transporte da amostra e coleta de dados do paciente. É a fase de processamento e distribuição da amostra. o Os erros na etapa pré-analítica são grosseiros e muito grandes (chegam a ser 70% do total de erros ocorridos nos laboratórios), difíceis de serem avaliados e do médico identificar, isso tem como consequência, muitos erros no meio médico. É uma fase de erros residuais e/ou variáveis que podem afetar o resultado. o A correta indicação do exame dependerá da familiaridade do médico solicitante com os princípios e recursos laboratoriais. o O médico é a primeira pessoa a instruir o paciente sobre as condições requeridas para a realização do exame. Analítica: Ensaio ou teste laboratorial, metodologia de trabalho, princípios de instrumentação, automação, controle de qualidade. Pós-analítica: Emissão de laudos, entrega de resultados, tomada de decisão médica. Principais fatores pré-analíticos: Variáveis relacionadas ao paciente (dieta, idade, sexo, etc). Técnica de coleta da amostra. Preservativos de amostras e anticoagulantes. Transporte, processamento e armazenamento da amostra. Variáveis pré-coleta GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 2 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Variação Cronobiológica: o Exames afetados por variação diurna: cortisol, ferro sérico, cálcio, fosfatase ácida, insulina, aldosterona, tirosina - T4. Exercício físico: interfere no resultado de muitos exames principalmente naqueles que dosam as proteínas musculares. o Efeitos transitórios: Relacionados ao aumento da atividade metabólica com objetivo energético (12 a 24h). Aumento de 300% de Lactato. Aumento de CK. Aumento de TGO/AST. Aumento de LDH. Ativação da coagulação, fibrinólise e plaquetas. o Efeitos de longa duração: Aumento de CK, LDH e TGO. Redução de gonadotrofina e hormônios esteroidais em corredores de longa distância. Aumento da prolactina. Além disso, o exercício físico pode aumentar o número de neutrófilos e mascarar uma infecção. Dieta: o Ausência de jejum interferência no analito ou na metodologia (lipemia do soro – espectros fotométricos). Tempo ideal de jejum 8 horas para maioria dos analitos, exceto colesterol. Acima de 16 horas o jejum está inadequado. o Após as refeições: aumento da glicose e triglicérides. o Após 48 horas de jejum: aumenta bilirrubinas. o Pesquisa de sangue oculto detecção do grupo heme carne vermelha, peixe, ferro e raiz forte (falso-positivo). o Carne vermelha ou dieta rica em proteínas aumenta ureia, amônia e urato. Álcool: o Ingestão aguda: aumenta lactato, urato e triglicerídeos. o Ingestão crônica: aumenta HDL, colesterol total, GGT, urato e VCM. O hemograma de um alcoólatra parece do ponto de vista do VCM um exame de anemia megaloblástica. Tabagismo: o Aumenta a carboxihemoglobina, catecolaminas e cortisol, insulina, lactato, adrenalina, GH, monócitos. o Reduz eosinófilos, vitamina B12 e HDL. o Efeitos crônicos: aumenta hemoglobina, hemácias, VCM e leucócitos (compensação na hipóxia tecidual); reduz a contagem e a motilidade de espermatozoides. Estresse: Aumenta ACTH, cortisol e catecolaminas. Diminui HDL e aumenta colesterol total. o Hiperventilação: Alcalose respiratória é importante fazer com que o paciente espere um tempo na recepção do laboratório para que a frequência respiratória seja reduzida. Há um aumento no número de leucócitos. Postura durante a coleta: o Posição ortostática aumenta a pressão hidrostática diminuiu o volume plasmático favorece a hemoconcentração. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 3 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Proteínas totais e albumina, enzimas, cálcio, bilirrubina, colesterol, triglicerídeos, Hto, Hb, leucócitos, proteinúria ortostática, etc. – aumentam 8 a 10% do valor inicial. o Garroteamento prolongado ou muito apertado favorece hemoconcentração, por hemólise. Proteínas totais e albumina, enzimas, cálcio, bilirrubina, colesterol, triglicérides, hemácias e hematócrito. Sexo: o Masculino: maior massa muscular variação nos valores de enzimas tanto de musculatura esquelética, quanto de musculatura cardíaca e hepática. Maior valor para FAL, TGO, TGP e CK. o Feminino: Menor massa muscular e menstruação. Redução dos níveis de Mg2+, Ca2+, albumina, Fe, Ferritina e parâmetros hematológicos (Hm, Hb e Hto). Aumentam os níveis de fibrinogênio e o VHS devido à menstruação. O fibrinogênio é componente da cascata de coagulação, é o fator I, que forma a fibrina. Quando ele está muito alto, por ele ser positivo em sua membrana, ele acaba por reduzir a carga muito negativa das hemácias, permitindo que elas não repulsem umas as outras e assim possam se aproximar com facilidade. O VHS mede a velocidade com que as hemácias decantam. Idade: A bilirrubina é um produto da degradação de hemoglobina. Nos fetos ela está aumentada por imaturidade do fígado do bebê e por hiperplasia da medula óssea dessa criança que sentiu necessidade de produzir mais hemácias pela mudança de ambiente que o nascimento provocou. As modificações dos analitos renais do idoso se devem ao fato dele ter com o tempo uma redução dos níveis de funcionamento dos néfrons. Medicamentos: alteram as concentrações de diversos analitos. Exemplos: o Ácido ascórbico (vitamina C) pode afetar a glicosúria e dar negativo. o AAS: afeta a COX, e por isso haverá uma redução nos níveis de tromboxano A2, que é um agregante plaquetário e por isso pode afetar o “teste de sangria”. o Fenitoína: é um anticonvulsivante que aumenta muito os níveis de GGT pelo mecanismo de indução enzimática. o Corticoides: Aumentam glicemia, por uma maior mobilização de glicogênio. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 4 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I o Carbamazepina: Aumenta a glicemia por promover uma redução na secreção de insulina. o Alopurinol: Redução do ácido úrico ao promover uma inibição enzimática. Principais erros na coleta de amostras: Identificação errônea do paciente e/ou da amostra. Coleta de pequena quantidade relação anticoagulante/sangue incorreta. Erro de homogeneização Má homogeneização: o Formação de pequenos coágulos que pode causar obstrução dos analisadores automáticos ou pode levar a uma contagem errônea das células Agregados de plaquetas. o Distribuição heterogênea dos elementos figurados do sangue pode provocar alterações no Hto e VHS, além de alterações na contagem das células. Tubos errados anticoagulante errado. Hemólise: Garroteamento prolongado, mover muito o braço, dificuldade de encontrar a veia, transferência de sangue para o tubo de modo muito vigoroso, agulha de pequeno calibre, coleta de sangue antes do álcool secar no local, ato de puxaro êmbolo da seringa muito rapidamente, agitação vigorosa do tubo. o Consequências: Aumenta a lactato desidrogenase (LDH), AST e ALT, além de K+, Mg2+, Fe. O aumento é principalmente das enzimas e do potássio, uma vez que estão em maior quantidade. Lipemia: o Causas: triglicérides > 400mg/dL e ausência de jejum. o Consequências: Absorvância luminosa das partículas lipídicas; Interferência nas dosagens de amilase, ácido úrico, ureia, CK, bilirrubinas e PT. Icterícia: o Causa: Aumento de bilirrubina sérica. o Consequências: Interferência nas dosagens de albumina, colesterol e PT. Hemoconcentração: o Causas: garroteamento prolongado, postura ortostática (deve sempre aguardar 15 a 20 minutos do paciente que estava em pé). o Consequências: aumento de analitos diversos, aumento de Hb, Hto, leucócitos e plaquetas. Exposição à luz ou temperaturas extremas: o Exposição à luz degradação de bilirrubina. o Exposição ao calor gasometria e Fosfatase ácida. Transporte: Agitação excessiva hemólise. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 5 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Processamento: o Centrifugação estabilidade da amostra. Outras causas: o Quantidade inadequada de amostra colhida. o Coágulos presentes numa amostra anticoagulada. o Condições inadequadas de transporte (gelo para gasometria). o Discrepâncias entre a requisição e a etiqueta da amostra. o Identificação ausente ou errônea. o Horários inadequados ou atraso no envio ao laboratório. Anotações aula prática 1 – 08/08/2016 Coleta de Sangue e Anticoagulantes Tubo de tampa vermelha: Não possui nenhum anticoagulante, nada. Usado para exames bioquímicos: glicose, ureia, colesterol, bilirrubina, creatinina. Usado para exames sorológicos: HIV, hepatite, PCR, FR, etc. Aguardar de 30’ a 60’ para centrifugar. O tubo pode ser amarelo, vem escrito: Serum colt ativador. O fato de não ter anticoagulante no frasco faz com que componentes sejam perdidos porque o sangue irá coagular naturalmente. Se a dosagem for de fibrinogênio, por exemplo, o resultado será menor do que deveria ser. O cálcio também estará mais baixo. Ao centrifugar uma amostra, consegue separar o soro do hematócrito. Esses dois componentes em algumas versões desses tubos podem ser divididos por um gel de separação. O gel permite que ao centrifugar forme-se uma interface entre o soro e o precipitado, para que essas fiquem divididas. O soro é usado para medir colesterol, TSH, TGO e TGP. Tubo de tampa azul: Contém citrato de sódio. Mecanismo de ação: é um anticoagulante que apenas sequestra o Ca+2 do sangue, assim permite que a reação seja revertida, ou seja, caso precise que o sangue coagule novamente, isso será possível. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 6 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Preserva os fatores de coagulação. Exames: tempo de protrombina (PT), tempo de tromboplastina parcial ativado (PTTa), tempo de coagulação. Esses permitem mostrar o ponto da via de coagulação que está com problema. Tubo de tampa preta: Usado para o teste de VHS. Tubo de tampa verde: Contém heparina. Mecanismo de ação: acelera a ação da ATIII, inibindo a trombina e previne a formação de fibrina. Efetivo em pequenas quantidades. Estável por até 48 horas. Exames que usam: Toxicologia no caso de intoxicação por chumbo. Tubo de tampa rocha/lilás: Contém EDTA. Mecanismo de ação: Substância quelante: sequestra metais. Faz uma ligação forte com o Ca2+, sequestra-o, o EDTA é muito ávido. Sem o Ca2+ disponível a cascata de coagulação não consegue progredir. É um anticoagulante muito bom para ver a morfologia das células, por preservá-las. Utilização: tipagem de ABO, Rh, hemograma, reticulócitos, drepanócitos, eletroforese de hemoglobina. Tubo de tampa cinza: EDTA com fluoreto – é um pozinho. Trata-se de um agente antiglicolítico previne a glicólise por até 3 dias. Com o tempo a glicose pode ser degradada. Usado para medir a glicemia. Veneno enzimático. Aula 2 - 22/08/2016 PRINCÍPIOS DE INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO ESPECTOFOTOMETRIA: é o método mais utilizado. Método de medida da energia radiante absorvida ou transmitida por átomos e moléculas numa determinada região do espectro eletromagnético. É um método quantitativo e qualitativo para mensurar analitos em amostras biológicas. Utilização: Dosar analitos presentes numa amostra. Ex.: Glicose. Pesquisar anticorpos. Ex.: E.L.I.S.A. para HIV. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 7 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Características da energia radiante: Alta velocidade. Pode se propagar no vácuo, não necessitando de um meio físico. Propaga-se por meio de onda com característica ondulatória e não em linha reta. A: altura da onda. : distância linear percorrida por um ciclo de onda completo (nm). f: número de ondas que passam por um determinado ponto fixo em um período de tempo (hertz). Comprimentos de onda: A imagem acima mostra que quanto maior o comprimento de onda, menor será a frequência dessa onda. Frequência de energia: GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 8 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Raios-X, por exemplo: tem baixo comprimento de onda e alta frequência. É uma onda capaz de atravessar membranas, atingir o núcleo e causar modificações nucleares, mutações. Energia: depende da frequência ou do comprimento de onda da energia radiante. Um exemplo de onda de alto comprimento de onda e baixa energia é a microondas Ela não consegue atravessar membranas. Espectro eletromagnético: é constituído de uma ampla faixa de comprimento de onda. Conclui-se: Quanto maior a frequência e a intensidade da energia, mais perigosa ela é. Difração da luz: A luz visível se decompõe ao passar por um prisma. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 9 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Aplicações deste estudo: Quando se incide energia radiante sobre uma amostra contendo algum analito em um recipiente, há duas possibilidades: o A energia pode ser absorvida pelo analito, pelo solvente e pelo recipiente. Absorbância. o A energia não absorvida será transmitida. Transmitância. Interferências do recipiente e do solvente: o Branco: mesmo recipiente contendo apenas o solvente usado. Para dosar apenas um único analito como, por exemplo, a glicose de uma amostra utiliza-se o MÉTODO COLORIMÉTRICO, para eliminar as interferências de outros analitos. O reagente de cor deve estar em quantidade ideal, pois se estiver em excesso pode aumentar falsamente a absorbância. LEI DE LAMBERT E BEER: A absorbância de uma solução é diretamente proporcional à concentração desta. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 10 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Constituintes de um espectrofotômetro: A fonte de luz tem que ser branca (comprimento de onda entre 400 e 450nm). O monocromador faz a difração/decomposição da luz. A fenda de saída é regulada para uma abertura semelhante ao comprimento de onda desejado. Assim, o monocromador gira e passa o feixe correto. Obs: Em pessoas anêmicas a absorbância é menor e a transmitância é maior. Soluções utilizadas na dosagem espectrofotométrica: Branco: Contém todos os reagentes, com exceção do analito. o Zera o aparelho tira as interferências dos reagentes e da cubeta. “É como tarar uma balança”. Padrão: contém a substância a ser analisada sob uma concentração já conhecida. oUtilizado para efetuar o cálculo final da concentração do analito que se está dosando. Utilizam-se também controles. Cálculo baseado na lei de LAMBERT-BEER: Ct: Concentração do analito na amostra que está sendo testada Cp: concentração padrão At: Absorbância do analito na amostra que está sendo testada Ap: Absorbância do analito na amostra padrão Ao invés da fórmula pode também fazer regra de 3. Linearidade: Esse é um ponto/valor específico para cada aparelho e substância que estabelece um limite para se confiar nos resultados. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 11 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Exemplo: A linearidade para a dosagem de triglicérides é de 400 mg/dl. De acordo com este esse exemplo, o fabricante do aparelho me informou esse 400mg/dL, se eu encontro ao colocar na máquina um valor muito próximo de 400 ou acima, significa que esse valor não é muito confiável e o ideal é que se faça a diluição, para ter um resultado mais confiável. O método da espectofotometria não serve para a dosagem de íons, para essa é usada a: FOTOMETRIA DE CHAMA: se baseia em princípios químicos, onde é fornecida uma energia aos átomos que tem elétrons, esses então são excitados e saltam para uma camada mais externa. Ao fazer isso eles liberam energia, que é medida pelo aparelho. Essa energia é proporcional ao número de elétrons ejetados e consequentemente ao número de átomos. Método utilizado para determinar a concentração de Na+, K+, Li+ e Ca2+. Princípio do método: Isolar na fase gasosa os átomos de uma ou mais moléculas, observando suas transições eletrônicas. Diagrama de Linus Pauling: Os elétrons se distribuem segundo o nível de energia de cada subnível, numa sequência crescente em que ocupam primeiro os subníveis de menor energia e, por último, os de maior. Características do modelo atômico de Bohr: Os elétrons descrevem ao redor do núcleo órbitas circulares camadas eletrônicas. Os elétrons ao se movimentarem numa mesma camada não absorvem nem emitem energia espontaneamente. Emissão espectral: Ao absorver energia, o elétron pode saltar para outra órbita, mais energética. Dessa forma, o átomo fica instável, pois o elétron tende a voltar à sua orbita original. Quando o átomo volta à sua órbita original, ele devolve a energia que foi recebida em forma de luz ou calor. Princípio do método: Fundamenta-se na medida da intensidade da radiação emitida pelo átomo do elemento que se deseja determinar quando a solução é atomizada e chega à chama do queimador. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 12 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Se houver energia suficiente ou se a chama for suficientemente quente, o estado excitado promove liberação de radiação. Gás GLP: 1700 a 1900C. Gás Acetileno: 2125 a 2397 C. Esta radiação é quantificada e é proporcional à concentração de átomos na amostra analisada. Aparelho: Aplicações: Na+, K+, Li+ e Ca2+. Laboratórios de análises clínicas. Laboratórios de controles de qualidades de alimentos e produtos agrícolas. AUTOMAÇÃO EM HEMATOLOGIA - Impedância elétrica x Citometria de fluxo Princípios de métodos utilizados no hemograma: o Hemoglobina: Espectrofotometria. o Contagem de eritrócitos e plaquetas: Impedância elétrica. o Contagem de leucócitos: Citometria (contagem de células) de fluxo. Impedância elétrica Princípio do Método: Alteração na resistência elétrica por uma abertura. As diferentes células sanguíneas são contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos gerados quando imersas em um meio condutor (solução eletrolítica). As células também são orientadas em um fluxo laminar e interceptadas uma a uma por uma corrente elétrica. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 13 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Características do método: As células são más condutoras de energia, mas quando imersas em um meio condutor podem ser contadas e medidas a partir dos impulsos elétricos que geram: o Número de pulsos número de células contadas. o Magnitude do pulso elétrico tamanho da célula. Aplicações: COULTER: O sangue aspirado é dividido em dois volumes: um é diluído com diluente específico para contagem de hemácias e plaquetas; o outro é diluído em diluente hemolisante para contagem de leucócitos. o Contagem de leucócitos, eritrócitos e plaquetas. Qualquer disfunção esplênica pode levar a um aumento do tamanho das plaquetas. Mas ainda assim, as grandes são menores que as demais células. Para distinguir os leucócitos é preciso que outro método seja utilizado, a impedância elétrica não consegue fazer essa diferenciação. Vantagens: o Emite sinais em caso de características anormais. o Grande número de células contadas e avaliadas. Desvantagens: Não consegue identificar todas as anormalidades significativas identificadas pelo observador humano. Conceitos: Normocitose: tamanho normal. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 14 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Normocromia: apenas a cor normal. Microcitose: tamanho diminuído. Macrocitose: tamanho aumentado. Hipocromia: menos corado. Hipercromia: mais corado. Anisocitose: células de diversos tamanhos. Hemograma – Anemia Ferropriva: Paciente apresenta hemácias microcíticas e hipocromicas. Quando inicia o tratamento, o gráfico passa a ter dois picos, pois a MO que estava sem matéria-prima (ferro), está hipotrófica. Quando começa a chegar matéria-prima até ela, o que ocorre é uma hiperplasia e pode chegar a liberar hemácias ainda imaturas (reticulócitos), mas ainda existem as velhas, então tem-se frequências diferentes para hemácias diferentes. O tratamento com sulfato ferroso está surtindo efeito. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 15 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Hemograma – Anemia megaloblástica Paciente apresenta hemácias macrocíticas. Apresenta anisocitose, representada pelo alargamento do gráfico. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 16 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Aula 3 – 29/08/2016 Citometria de fluxo: Metodologia usada na contagem e classificação de células que se movem através de um sistema fluido, por meio de uma fonte de laser. Pode contar monócitos, bactérias e até mesmo anticorpos. O azul de metileno é um corante ácido, que cora muito bem componentes básicos. Por isso os basófilos são bem corados e possuem grânulos mais grosseiros, pois esses possuem grânulos básicos. A eosina é um corante básico que cora muito bem componentes ácidos. Aplicações: Caracterização das populações celulares. Contagem de micro-organismos. Separação das populações celulares de acordo com o tamanho e granulosidade das células. Análise da proliferação celular. Identificação de antígenos ou receptores celulares através da utilização de anticorpos monoclonais marcados com fluorocromo. Princípio do método: Passagem de partículas em suspensão, de forma alinhada, por um feixe de luz – laser. Interação partículas x laser sinais captados por detectores, gerando diversos tipos de informações: o Detector FSC (Forward scatter – dispersão para frente) Tamanho relativo. o Detector SSC (Side Scatter) granulosidade e complexidade da célula. o Detectores de luz emitida por fluorocromo, após excitação pelo feixe de luz. Unidades do citômetro de fluxo: Sistema fluido: introduz e alinha as partículas em um fluxo contínuo, em fila única. Sistema ótico: gera e coleta os sinais de luz. Corresponde ao laser e às lentes para moldar e alinhar o feixe de laser. Sistema eletrônico:converte os sinais óticos em sinais eletrônicos, disponibilizando-os para análise no computador. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 17 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Sistema fluido: Suspende as partículas num fluxo constante, alinhando-as de modo que sejam transportadas ao ponto de interseção com o laser. À medida que o laser emite energia e essa “bate” em uma célula, essa luz é desviada à ângulo tal que se consegue saber qual célula que provocou o desvio. Sistema Ótico: Constuído por: o Espelhos óticos e filtros que direcionam a luz dispersa para os detectores óticos específicos. o Lentes que captam a dispersão e a luz fluorescente emitida pelas partículas que interagiram com o laser. Sistema eletrônico: A medida proveniente de cada detector parâmetro. - FSC: tamanho. - SSC: granulosidade e irregularidade do núcleo. Fotossensor de dispersão frontal: Capta a intensidade de dispersão frontal. A intensidade de dispersão frontal é proporcional ao tamanho e forma das partículas. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 18 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Fotossensor de dispersão lateral: Capta a intensidade de luz dispersa a 90. A intensidade dessa dispersão é proporcional à granulosidade e complexidade das partículas. Fotossensor de dispersão da fluorescência: A fluorescência emitida é detectada por fotossensores que recebem o comprimento de onda selecionado. CITÔMETRO DE FLUXO: Conjunto de sistemas HISTOGRAMA As informações provenientes dos diferentes sensores são agrupadas, formando as características de cada célula que são expressas em um histograma. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 19 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Gráfico da direita: mostra a concentração dessas células. Gráfico da esquerda: complexidade das células x tamanho das células. Vantagens: Rapidez da análise (100-5000 células/segundo). Maior reprodutibilidade fazer duplicata, triplicada que é uma forma de analisar a precisão do exame, controle de qualidade. Avaliação de múltiplos parâmetros celulares (5 ou +) de forma individual. o Consegue saber se tem células jovens, se tem células com morfologias diferentes. Por exemplo: quando tem uma infecção bacteriana, aumenta muito a quantidade de neutrófilos, assim a medula aumenta tanto a produção que acaba por liberar células jovens. Desvantagens: Necessidade de células em suspensão. Necessidade de controles. Não consegue observar todas as alterações identificadas pelo olho humano. Aula 4 - 05/09/2016 HEMATOPOEISE: processo pelo qual o organismo através da medula óssea e dos órgãos linfoides produz e repõe as células do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas). Processo dinâmico e permanente. Inicia-se no 19º dia de vida intrauterina. Células Precursoras São células que não atingiram o grau máximo de maturação e de diferenciação, mas que já apresentam geneticamente caminho maturativo definido. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 20 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Surgem a partir das células-tronco, não se autorregeneram e são comprometidas com uma dada via de diferenciação. Denominadas Unidades Formadoras de Colônias (UFC ou CFU). Células identificáveis à MO, sendo a maior parte delas da medula óssea. São especializadas. Células jovens imaturas e indiferenciadas: Volume celular aumentado. Formato mais oval. Cromatina frouxa. Núcleo aumentado de tamanho. Basofilia citoplasmática. Nucléolos visíveis. ERITROPOETINA Origem: células justaglomerulares renais (90%) e hepatócitos (10%). Células alvo: células precursoras de eritroides. o Os receptores de eritropoetina estão presentes na membrana dos precursores eritroides, proeritroblastos e eritroblastos basófilos. Efeitos biológicos: estimula a diferenciação de eritroblastos e a produção de Hb no citoplasma. Produção ligada à hipóxia tecidual. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 21 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Situações em que há aumento da liberação de EPO: DPOC, cardiopatia congênita e apneia do sono. Hemoglobinopatias, metamoglobinemia. Tabagismo. Hipóxia renal localizada. Indivíduos que vivem em grandes altitudes. Situações em que há diminuição da liberação de EPO: Insuficiência renal crônica. Inflamações crônicas e doenças autoimunes, AIDS e neoplasisas. Etapas da Eritropoese Síntese do DNA. Mecanismo de mitose. Síntese de hemoglobina. Incorporação do ferro. Perda do núcleo. Perda de organelas. Formação das células vermelhas hemácias, eritrócitos, glóbulos vermelhos ACB: Coloração azul de crezil brilhante GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 22 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I HEMÁCIA Vantagem da perda do núcleo para hemácia Maior espaço para carrear a hemoglobina. Menor consumo de O2. Maior maleabilidade e deformidade. Menor chance de ruptura. HEMOGRAMA Conjunto de parâmetros utilizados no controle e diagnóstico de várias patologias. Finalidades: o Diagnosticar anemias e policitemias. o Evidenciar a possível presença de neoplasias. o Evidenciar a presença de processos infecciosos de várias etiologias. o Refletir o funcionamento da medula óssea. o Evitar distúrbios quantitativos plaquetários. ERITROGRAMA: Utilizado para avaliar a presença de anemias e policitemias. Parâmetros quantitativos: hemácia, hemoglobina, hematócrito, índices hematimétricos. Parâmetros qualitativos: hemastocopia. HEMÁCIAS: Contagem de hemácias: determinação do número de hemácias por 1mm³ de sangue do paciente. Pode ser manualmente na câmera de Neubauer ou por automação. O número de hemácias está sujeito a duas variações: o Valores abaixo dos valores de referência anemia. o Valores acima dos de referência policitemia. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 23 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I HEMOGLOBINA: Consiste em identificar o teor de hemoglobina no sangue do paciente. Usada para avaliar indiretamente a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. Importante dado no diagnóstico, avaliação e acompanhamento do curso de tratamento de uma anemia. Pode ser feita com sangue capilar ou sangue venoso. Em condições normais, a Hb é 1/3 do valor do hematócrito. Fatores influentes: o Dieta pobre em ferro. o Idade. o Sexo. o Altitude. o Diminui hemoglobina anemia. o Aumenta hemoglobina policitemia. Concentração de hemoglobina na anemia: HEMATÓCRITO Corresponde ao volume de hemácias expresso como percentagem do volume de uma amostra de sangue total. O teste é baseado no princípio de separação dos elementos celulares no sangue do plasma. ↓ hematócrito: anemia, hemorragia aguda, gravidez e descompensação cardíaca. ↑ hematócrito: desidratação, queimaduras e policitemias. Outras alterações: coleta inadequada, não homogenização ou velocidade de centrifugação incorreta. ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS: • Classificação morfológica das anemias. • Valores médios da concentração de hemoglobina e do volume das hemácias. o VCM: volume corpuscular médio Normocitose: anemia falciforme. Microcitose: talassemia e anemia ferropriva. Macrocitose: anemia megaloblástica e perniciosa. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 24 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I o Interpretação: Valor diagnóstico Falsos valores elevados: Hiperglicemia (glicose > 600 mg/dL). Aglutinação das hemácias. Leucocitose.o HCM: hemoglobina corpuscular média. Normocromia. Hipocromia: talassemia e anemia ferropriva. Hipercromia: não possui significado clínico. Interpretação: Segue geralmente alteração do VCM. Falsamente elevado: o Hiperlipidemia. o Leucocitose. o CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média Normocromia. Hipocromia: talassemia, anemia ferropriva. Hipercromia: esferocitose hereditária e doença de Hb C. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 25 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I o RDW: índice que indica anisocitose (variação de tamanho dos eritrócitos em um mesmo esfregaço). É o parâmetro que primeiro que se altera nas anemias por deficiência nutricional. Valores de referência: 11 a 14%. Hematoscopia: parte do hemograma que procura identificar microscopicamente o estado morfológico das hemácias, sobretudo, se há presença de alterações morfológicas e relacionadas ao conteúdo de hemoglobina nas hemácias. Alterações morfológicas Quanto ao tamanho. Quanto a cor. Quanto a forma. Distribuição da hemoglobina dentro das hemácias. Quanto a disposição das hemácias no esfregaço. Quanto à presença de inclusões citoplasmáticas. Quanto ao tamanho das hemácias Relacionado à imaturidade das hemácias ou à redução do conteúdo de hemoglobina: Normocitose. Microcitose. Macrocitose. Megalocitose. Anisocitose. MICROCITOSE Diâmetro inferior a 7μ Significado Clínico: Anemia ferropriva. Talassemias. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 26 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Anemias secundárias a doenças não hematológicas (renais, endócrinas, malignas, hepáticas, infecciosas e inflamatórias). Anemia sideroblástica. Gravidez ⇒ anemia ferropriva. MACROCITOSE Diâmetro entre 8 e 15μ Significado clínico: Anemias megaloblásticas. Alcoolismo. Gravidez ⇒ anemia megaloblástica. Recém-nascidos. Medicamentos ⇒ AZT, anticonvulsivantes e quimioterápicos. ANISOCITOSE Variação no tamanho dos eritrócitos de um mesmo esfregaço. Significado Clínico: Ocorre em quase todos os tipos de anemias. Quanto à cor Relacionado à imaturidade das hemácias ou à redução do conteúdo de hemoglobina: Normocromia. Hipocromia. Anisocromia = anisocromasia. Policromatofilia = policromasia. HIPOCROMIA Relacionada a uma redução no conteúdo de Hb das hemácias. Presença de um halo central aumentado. o O halo central ocupa mais de 30% do diâmetro da hemácia. Significado clínico: Anemia ferropriva. Talassemia. POLICROMATOFILIA Presença de hemácias mais basófilas em relação às hemácias do campo. Ausência de halo central claro. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 27 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Significado Clínico: Anemias hemolíticas. Situações de hipóxia tecidual intensa. Hemorragias agudas. Infiltração de medula óssea. Reticulócito – fase maturativa que já perdeu o núcleo que dará origem ao eritrócito. Sendo assim, no sangue são encontradas poucas quantidades de reticulócitos, normalmente. Quanto menos maduro, maior a célula. O reticulócito então é maior, esférico e apresenta uma discreta basofilia, sem halo discoide. Anemias carências: reticolopenia (hipoplásica) Hiperplasia de medula: reticulócitos aumentados (hemorragia, anemia hemolítica, administração de sulfato ferroso na anemia ferropriva com posterior hiperplasia da medula). Recém-nascido: apresenta valores mais altos de reticulócitos. ANISOCROMIA Variação na coloração dos eritrócitos de um mesmo esfregaço. Significado Clínico: Anemia inicial ⇒ anisocitose com predomínio de hemácias normocrômicas. Anemia ferropriva em terapia com ferro. Anemia sideroblástica. Anemias hipocrômicas com transfusão de células normais. Quanto à forma Relacionada à diversas patologias ou artefatos técnicos: 1. Drepanócito. 2. Esferócito. 3. Ovalócito/eliptócito. 4. Estomatócito. 5. Dacriócito. 6. Queratócito. 7. Hemácias espiculadas: Equinócito e Acantócito. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 28 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I 8. Esquistócito. 9. Hemácias triangulares. 10. Poiquilocitose/Anisopoiquilocitose. DREPANÓCITOS Hemácias falciformes. Significado Clínico: Anemia falciforme. Síndrome falcêmica (AS, SC, Sb Talassemia, Slepore, etc). Hemoglobinopatia tipo S. Hemoglobina S (anemia falciforme) As hemácias formam cristais na substituição de um aminoácido pela Valina. Os merozoítos têm ciclo que demora 40 a 60 dias para replicar, porém como as hemácias são destruídas em torno de 10 dias o ciclo não se completa (anemia hiperproliferativa). Por este motivo na África isto é benéfico para não completar o ciclo da Malária. ESFERÓCITOS Hemácia menor e intensamente corada, sem halo claro central. Significado Clínico: Pode acontecer no SRE do baço: o Esferocitose hereditária. o AHAI ou secundárias a doenças autoimunes (LES e AR). Pode acontecer intravascularmente: o Queimaduras extensas. o Pacientes com válvulas cardíacas. Bilirrubina sempre ligará a albumina. A única forma de eliminá-la é fazer com que ela passe pelo fígado. No fígado ela fará uma conjugação da bilirrubina indireta com o ácido glicurônico para se tornar mais hidrossolúvel. Onde passa a ser a bilirrubina direta que na microbiota se transforma em urobilinogênio, que dará cor as fezes e a urina. Criança com doença hemolítica terá aumento da bilirrubina indireta (bilirrubina ligada à albumina), assim, as hemácias se apresentarão com esferocitose. Diagnóstico Clínico: o Esferocitose hereditária ⇒ ocorre em crianças entre 4 e 5 anos. o Anemias secundárias a doenças autoimunes ⇒ adultos. o A presença maciça de esferócitos no esfregaço é forte indício de esferocitose hereditária. Ás vezes o paciente descobre tardiamente, pois clinicamente não apresenta sintomatologia. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 29 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I OVALÓCITOS Hemácia com formato oval/eliptócitos. Significado Clínico: Em situações normais ⇒ até 10% dos eritrócitos. Anemias carenciais ⇒ ferropriva e megaloblástica. Ovalocitose hereditária ⇒ presença de mais de 25% de eritrócitos ovalocíticos no esfregaço. Forma simples de anemia. ESTOMATÓCITOS Hemácia com uma “boca” central. Significado Clínico: Anemias hemolíticas ⇒ estomatocitose hereditária. Doenças hepáticas ⇒ cirrose, colestases. Alcoolismo – Eritrócitos com alterações na bomba de Na/K. Não é um achado muito específico. DACRIÓCITOS Hemácia em forma de pera ou lágrima. Significado Clínico: Anemias hemolíticas ⇒ Talassemia. Anemias megaloblásticas. Metaplasias ⇒ mielofibrose. Tuberculose. Mielodisplasias. Leucemia em estágios crônicos. Tuberculose: crescimento de um tecido diferente onde possuía um tecido mieloíde. Achado menos específico (muitas vezes não citado no achado). QUERATÓCITOS Hemácia em forma de um “capacete”. Significado Clínico: Anemias hemolíticas: o Hemoglobinas instáveis. o Deficiência de G-6PD: deficiência desta enzima faz com que haja uma tendência aumentada à hemólise. Válvulas cardíacas. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 30 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Hemácias Espiculadas Presença de projeções citoplasmáticas nas hemácias. Podem ser de dois tipos: o Equinócitos. o Acantócitos. EQUINÓCITOSHemácias crenadas. Apresentam numerosas projeções regulares e curtas. Significado: o Efeito anticoagulante. o Tempo prolongado entre a coleta e a confecção do esfregaço. o pH elevado do corante. o Uremia. o Pós esplenectomia. Pequenas projeções mais ou menos do mesmo tamanho, distribuídas de forma regular. Não apresenta significado clínico importante. ACANTÓCITOS As projeções ou espículas estão em menor quantidade, são longas e irregulares. Espículas distribuídas irregularmente. Significado Clínico: Anemias hemolíticas. Uremia. Insuficiência renal. Hiperlipidemias e hiperlipoproteinemias. Hepatopatias. Pós esplenectomia. Espículas com tamanhos variados, sendo típicos de pacientes que apresentam alterações hepáticas, não sendo um achado específico. ESQUISTÓCITOS Fragmento de hemácia de forma muito variada. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 31 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Relacionados a: o Ocorrência de hemólise ⇒ anemias hemolíticas. o Traumas mecânicos que promovem a fragmentação eritrocitária ⇒ queimaduras extensas e válvulas cardíacas. Formas estranhas de hemácias que aparecem no sangue podendo representar uma série de alterações. Significado Clínico: Anemia hemolítica. Vasculite. Glomerulonefrite. Válvulas cardíacas. Queimaduras graves. Hemoglobinúria de marcha ⇒ exercício intenso ou prolongado ⇒ corredores de longa distância e lutadores de karatê. HEMÁCIAS TRIANGULARES Eritrócitos triangulares ou dobrados. Representam cristais de hemoglobina precipitada no interior do eritrócito. Relacionam-se a Hemoglobinopatias ⇒ HbC e talassemias. POIQUILOCITOSE Conhecido como Pecilocitose. Variação nas formas das hemácias de um esfregaço. Anisopoiquilocitose ⇒ variação na forma e no tamanho dos eritrócitos de um mesmo esfregaço. Múltiplas formas de hemácias encontradas em um mesmo esfregaço. Quanto à distribuição de Hb dentro das hemácias Relacionado ao conteúdo de hemoglobina no interior das hemácias e à presença de hemoglobinopatias: Codócitos ⇒ Hemácias em alvo. Anulócito. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 32 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I CODÓCITOS Significado Clínico: Hepatopatias e doenças obstrutivas do fígado. Hemoglobinopatias S, C, E e talassemias. Deficiência de ferro. Pós-esplenectomia. Normalmente a hemoglobina ficará mais na periferia. Hemácia em alvo ou codócito: precipitados de hemoglobina (cristais de hemoglobina) que se encontram no centro, tal fato levará a uma hemólise. ANULÓCITOS Hemácias altamente hipocrômicas com hemoglobina apenas na periferia da célula. Intensa hipocromia. Significado Clínico: Anemia intensa. Pacientes que possuem uma anemia severa (ex: anemia ferropriva intensa) Quanto à disposição de hemácias no esfregaço Relacionado a incompatibilidade sanguínea ou diversas patologias: o Rouleaux. o Aglutinações de hemácias. ROULEAUX Empilhamento de hemácias. Reflete aumento de fibrinogênio e de imunoglobulinas. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 33 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Em algumas situações as cargas são neutralizadas, ao serem colocadas em meios positivos, fazendo com que as hemácias percam a propriedade de repulsão. Em processos inflamatórios o fígado produz mais proteínas de fase aguda e fibrinogênio que gerará perda de repulsão, fazendo com que as hemácias se encontrem empilhadas. VHS: também é utilizado para indicar a presença de fibrinogênio. Utilizado para avaliar um processo inflamatório. Significado Clínico: Situações em que há aumento de fibrinogênio ou de imunoglobulinas. Doenças inflamatórias. Infecções. Neoplasias ⇒ comum no mieloma múltiplo. Doenças hepáticas. AGLUTINAÇÕES DE HEMÁCIAS Presença de Ac que se ligam a algum Ag eritrocitário promovendo a aglutinação de hemácias. Significado Clínico: Doença por aglutininas ao frio ⇒ crioaglutininas. Anticorpos reconhecem hemácias em temperaturas mais baixas. Anemia hemolítica autoimune. Transfusões incompatíveis. Doenças autoimunes: LES. Os anticorpos podem não apenas aglutinar hemácias como também levá-las a hemólise. Quanto à presença de inclusões citoplasmáticas Visualizadas de acordo com o tipo de coloração utilizada: Coloração de May-Grünwald–Giemsa: o Pontilhado basófilo. o Corpúsculo de Howell-Jolly. o Anel de Cabot. o Corpos de Pappenheimer. o Eritroblasto. Coloração de Azul de crezil brilhante (ACB): o Corpos de hemoglobina H. o Corpos de Heinz. o Reticulócitos. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 34 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I As inclusões nos eritrócitos são decorrentes de: Maturação anormal das células (eritroblastose - reticulócitos). Intoxicações que afetam a síntese da hemoglobina. Alterações genéticas da síntese de hemoglobina. Desnaturação da hemoglobina. Agregados da ferritina. Presença de microrganismos. PONTILHADO BASÓFILO Grânulos azuis distribuídos irregularmente no citoplasma dos eritrócitos RNA ribossômico. Significado clínico: Intoxicação pelo chumbo saturnismo. Talassemias. Em menor frequência anemia ferropriva severa. Anemia megaloblástica. Esplenectomisados. CORPÚSCULO DE HOWELL-JOLLY Remanescentes de cromatina nuclear. Ocorrem de 1 a 3 corpúsculos. Significado clínico: Anemia megaloblástica. Esplenectomisados. Anemias hemolíticas. Pontos condensados e menos numerosos. Restos de material genético, sendo muito comum ser encontrado nos casos de anemia hemolítica. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 35 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I ANEL DE CABOT Filamento fino em forma de anel microtúbulos remanescentes de um fuso mitótico. Significado clínico eritropoese anômala: Anemias megaloblásticas. Intoxicação por chumbo. Anemias graves. Mielodisplasias. Indício de alguma mitose anormal (incompleta). A célula se preparou para se dividir, porém foi liberada precocemente na corrente sanguínea, assim apresenta restos do processo de mitose, indicando um processo de hiperplasia. CORPOS DE HbH Precipitados de hemoglobina instável do tipo H. o Aspecto de “bola de golfe”. o α-talassemia. Os pontinhos brilhantes é a hemoglobina H: α talassemia (indivíduo produz cadeias alfa diminuídas, e assim as cadeias betas começam a formar tetrâmetros e isto é o que forma a hemoglobina H, que se precipita facilmente). Diagnósticos Diferenciais: GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 36 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Diferenciar dos corpos de Hemoglobina H: rede de filamentos. EXAMES HEMATOLÓGICOS HEMOGRAMA: Conjunto de parâmetros usados no controle e diagnóstico de várias patologias. Constituído por três partes: o Eritrograma: Contagem de hemácias. Dosagem de hemoglobina. Hematoscopia. Índices hematimétricos. o Leucograma: Contagem global de leucócitos. Contagem diferencial de leucócitos. Citologia. o Plaquetograma Coagulograma: Provas laboratoriais para o esclarecimento de distúrbios da coagulação. Envolve: Tempo de sangramento. Tempo de coagulação. Tempo de protrombina. Tempo de tromboplastinas parcial. Agregação plaquetária. Contagem de plaquetas. Velocidade de Hemossedimentação: Mede a estabilidade da suspensãode hemácias no plasma que, por ser menos denso, favorece a sedimentação dos glóbulos pela ação da gravidade. Pesquisa de drepanócitos: Demonstração de hemácias falciformes. Contagem de Reticulócitos: Contagem dos precursores das hemácias. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 37 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I HEMOGRAMA ERITROGRAMA Estudo da série vermelha. Constituído por: o Exames quantitativos: Contagem de hemácias câmara de Neubauer ou automatizado. Dosagem de hemoglobina espectrofotometria ou automatizado. Hematócrito microcentrífuga ou automatizado. Índices hematimétricos cálculos. o Exames qualitativos: Hematoscopia esfregaço sanguíneo. LEUCOGRAMA Estudo da série branca. Constituído por: o Exames quantitativos: Contagem global de leucócitos câmara de Neubauer ou automatizado. Contagem diferencial de leucócitos esfregaço sanguíneo ou automatizado. o Exames qualitativos: Microscopia para análise morfológica esfregaço sanguíneo. PLAQUETOGRAMA Estudo das plaquetas. Constituído por: o Exame quantitativo: Contagem de plaquetas câmara de Neubauer ou automatizado. o Exame qualitativo: Microscopia para análise morfológica esfregaço sanguíneo. COLETA DE SANGUE Cuidados prévios: o Não é necessário jejum. o 24 horas sem prática de exercícios físicos. o 48 horas sem consumo de bebida alcoólica. o Anticoagulante ideal EDTA. Algumas interferências ocasionadas pela má coleta: o Posição do braço: HT, Hb e contagem de eritrócitos ↑ 2-3% (braço pendente). o Uso do garrote: Aplicação prolongada: ↑ 2-3% HT, Hb e CE. o Repouso prévio: Após 30’: ↓ 5-8% HT,Hb e CE. Contagem de Hemácias Procedimento: Diluição do sangue 1:200. Diluente usado salina ou solução de citrato de sódio a 3,8%. Preenchimento da câmara de Neubauer. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 38 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Tempo para sedimentação. Contagem no microscópio quadrante central. Cálculo multiplica-se por 10.000. Obs: a quantidade de hemácias nos retículos da câmara de Neubauer deve estar homogênea. Cálculo: Hemácias/ mm3= número de células contadas x 10.000. O fator 10.000 foi calculado com base em: A diluição usada foi 1:200. O número de hemácias é fornecido no exame por mm3 e não por mm2, devendo, assim, multiplicar o resultado ainda por 10. Foram contados apenas 5 dos 25 quadrados do quadrante central. ANEMIAS Parâmetros: o Diminuição no número de hemácias, do teor de hemoglobina e do valor do hematócrito. o Alterações morfológicas nas hemácias. o Alterações nos índices hematimétricos. o Principal parâmetro Hemoglobina. Segundo a Organização Mundial de Saúde é considerada anemia quando: o Adulto Hb < 12,5g/dl. o Criança de 6 meses a 6 anos Hb < 11g/dl. o Crianças de 6 anos a 14 anos Hb < 12g/dl. Classificação das anemias: o De acordo com a causa: Anemias carenciais. Anemias hemolíticas. Anemias secundárias a doenças. Anemias aplásticas. Anemia siderobástica. o De acordo com as alterações morfológicas: Anemias microcíticas e hipocrômicas. Anemias macrocíticas e normocrômicas. Anemias normocíticas e normocrômicas. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 39 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Classificação de acordo com a causa: Carenciais: ferropriva e megaloblástica. Hemolíticas: hereditárias (anemia falciforme, talassemia, esferocitose e ovalocitose, deficiência de G6PD, etc) e não hereditárias (DHRN, válvulas cardíacas, malária, etc). Secundárias a doenças: renais, hepáticas, malignas, autoimunes, alcoolismo, etc. Aplástica: aplasia de medula por quimioterapia, dipirona, cloranfenicol, inseticidas, etc. Sideroblástica: síntese do Heme alterada com acúmulo de Fe nas mitocôndrias. Aula 5 - 12/09/2016 ANEMIA FERROPRIVA FERRO Componente essencial na síntese de hemoglobina. Quantidade total de Ferro no adulto 2,5 a 4,0g, sendo: o Homem: 50 mg/Kg. o Mulher: 35 mg/Kg. Distribuição do Fe no organismo: • Aproximadamente 75% do ferro total está presente na hemoglobina. • Ferritina e Hemossiderina 25% (reserva). • Transferrina 2% (transporte). • Enzimas Heme (citocromo e catalases) 0,3%. • No eritroblasto: o Ligação do complexo transferrina-Fe a receptores nos eritroblastos. o Internalização do complexo. o Dissociação do Fe no citoplasma. o Exocitose da transferrina sangue. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 40 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I o Ligação Fe + protoporfirina. Origem do Ferro no Organismo: • Ferro exógeno ingerido nos alimentos. • A dieta fornece 5 a 15mg/dia. • Apenas 1,0 a 1,5mg são absorvidos (5 a 10% do Fe ingerido). • No intestino o Fe é absorvido na forma Heme ou Fe2+. • Ferro endógeno proveniente do catabolismo da hemoglobina hemólise. Absorção do ferro • Locais: duodeno e porção proximal do jejuno. • Proteínas transportadoras das células intestinais Transportador de Heme (HT) e Transportador de metal divalente (DMT). • Na dieta, o Fe pode ser encontrado de duas formas: • No duodeno (pH 8,0) - apenas o Fe2+ é solúvel. • Fatores que podem aumentar a absorção de Ferro: Controle da absorção de Fe no organismo: • Regulação da absorção saturação da ferritina e da transferrina. Saturação de ferritina no enterócito diminui absorção de Fe2+ e Heme. Saturação de transferrina aumenta descamação celular no intestino. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 41 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Metabolização do ferro: • Tempo de vida dos eritrócitos aproximadamente 120 dias. • Eritrócitos senescentes ou defeituosos MO do SRE do baço. • Destino do Ferro: o Estocado nos MO do baço (Ferritina e hemossiderina). o Liberado no plasma transferrina. Excreção do ferro • A perda de Fe pelo organismo é desprezível. o A sua eliminação ocorre por: Excreção fecal (células do TGI) 0,6mg/dia. Excreção renal 0,1mg/dia. Menstruação 0,4mg/dia. Em pequenas quantidades pelo suor. APOFERRITINA • Proteína sintetizada pelo fígado Proteína de fase aguda. • Estrutura geométrica esférica capaz de armazenar várias moléculas de Fe. FERRITINA • Principal proteína armazenadora de Fe. • 30% ocupada por Fe e 70% potencialmente capaz de armazenar mais Fe. • Libera Fe rapidamente quando há necessidade de fornecimento aos eritroblastos. • Valores de referência no plasma: 30 a 200ng/mL. o Homens: 125ng/mL. o Mulheres: 55ng/mL. HEMOSSIDERINA • Derivada da Ferritina após proteólise formando agregados de cristais de ferritina. • Forma mais estável e menos acessível do ferro depositado. • Presente no plasma e em MO do baço e medula óssea. TRANSFERRINA • Proteína sintetizada no fígado responsável pelo transporte de Fe3+ no organismo. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 42 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I • Link entre os principais compartimentos de depósitos teciduais de Fe e a medula óssea. • Sua saturação é o principal indicador para controlar a absorção de Fe no organismo. ANEMIA FERROPRIVA Conceito: • Anemia que ocorre quando as reservas de ferro do corpo tornam-se inadequadas para as necessidades da eritropoiese normal. • Grupos mais atingidos lactentes, prematuros, crianças (6 a 24 meses), adolescentes e gestantes. Causas: • Baixo consumo de Fe biodisponível dieta pobre em carnes. • Diminuição da absorção gastrectomia, doençacelíaca e outras doenças que levam à má absorção. • Perda excessiva hemorragias crônicas e agudas (TGI), hipermenorreia, coagulopatias, IRC e verminoses. • Aumento das necessidades fisiológicas gravidez, lactação e rápido crescimento. Sintomas inespecíficos: • Fadiga. • Palpitação. • Irritabilidade, pouca atenção, falta de interesse ao seu redor e dificuldade no aprendizado. • Dificuldade em manter a temperatura corporal na exposição ao frio. • Palidez intensa. • Glossite (inflamação da língua) e fissuração dos ângulos da boca. • Unhas frágeis e quebradiças. • Alterações no crânio em crianças com anemia ferropriva de longa duração. Complicações da anemia ferropriva • Prejuízo no crescimento e no desempenho muscular. • Alterações na função do músculo cardíaco taxa cardíaca comprometida. • Alterações na função dos músculos lisos. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 43 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I • Alteração metabólica dos hormônios tireoidianos. • Carga máxima de trabalho comprometida. Estágios da anemia ferropriva Estágio pré-latente: balanço de Fe negativo, com diminuição das reservas, mas sem diminuição de Fe sérico. Hb normal e hemácias normocíticas. Estágio latente: esgotamento das reservas de Ferro (redução da Ferritina) e aumento da CTLF, diminuí Fe sérico, Hb > limite inferior; microcitose e hipocromia discretas. o CTLF = capacidade total de ligação do ferro. Anemia propriamente dita: diminuí Hb, microcitose e hipocromia. Diagnóstico laboratorial • Hemograma: o Hemoglobina baixa não menos que 11g/dL. o Hemácias e hematócrito normais ou diminuídos. o VCM e HCM diminuídos microcitose e hipocromia. o CHCM normal ou discretamente diminuído. o Hematoscopia: microcitose e hipocromia. o Poiquilocitose. o RDW aumentado. o Trombocitopenia 500.000 a 600.000/mm3. Esfregaço com microcitose e microcromia. É comum na talassemia, ferropriva, sideroblástica e anemia de doenças. • Punção de medula óssea coloração Azul da Prússia. o Exame padrão ouro para o diagnóstico conclusivo. o Reflete ausência de Fe no MO e eritroblastos. • VR: + a 4+. • A presença de qualquer Ferro corável afasta a possibilidade de anemia ferropriva declarável. Reticulócitos geralmente normais e raramente reduzidos. Bioquímica: o Ferro sérico. o Transferrina. o Ferritina e hemossiderina. o Índice de saturação da transferrina – IST. o Capacidade total de Ligação ao Ferro – CTLF. FERRO SÉRICO Reflete o Fe3+ ligado à transferrina. VR: 50 a 160 µg/dL. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 44 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Valores reduzidos: o Anemia ferropriva, anemia de doença crônica, subnutrição, sangramento crônico, infecções e hipotireoidismo. Valores aumentados: o Talassemias, anemia sideroblástica, hepatites, hemocromatose ou hemossiderose, em politransfundidos, intoxicação por chumbo e reposição inadequada de ferro. FERRITINA SÉRICA Melhor indicador de estoque de Fe no organismo e preditor de anemia ferropriva. Proteína de fase aguda. VR: 12 a 300 ηg/L. Valores reduzidos: o Anemia ferropriva (desde o estágio pré-latente). Valores aumentados: o Infecções, inflamações, doenças hepáticas, neoplasias, anemias hemolíticas, anemia sideroblástica. CAPACIDADE TOTAL DE LIGAÇÃO AO FERRO - CTLF TIBC: Total Iron Binding Capacity Reflete a capacidade que a massa de transferrina sérica tem de abarcar o Ferro. VR: 250 a 400 ηg/dL. Valores reduzidos: o Anemia de doenças crônicas, subnutrição, hipoproteinemia, hemocromatose, cirrose, talassemia e inflamações. Valores aumentados: o Anemia ferropriva, hepatites agudas, gravidez, etc. ÍNDICE DE SATURAÇÃO DA TRANSFERRINA - IST Percentual de saturação da transferrina. VR: 20 a 40%. Valores < 15%: o Anemia ferropriva e anemia de doença crônica. Valores aumentados: o Hemossiderose ou hemocromatose, talassemia e anemia sideroblástica. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Anemias microcíticas e hipocrômicas: o Anemia ferropriva. o Anemia por doença crônica inflamatória IL1, IL6, FNTα e ITF ϒ. o Infecções bacterianas proliferação bacteriana diminuí Fe. o Talassemias. o Anemia sideroblástica. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 45 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Obs: Porque se for α-talassemia aparecerá hemoglobina H, na beta talassemia mostra-se níveis elevados de hemoglobina A2. TRATAMENTO • Doença de base úlcera, varizes, sangramentos no TGI. • Sulfato Ferroso. • Monitoramento hemoglobina e reticulócitos. • Reticulócitos começam a aumentar a partir do 4º dia de tratamento, com pico no 10º dia. • Atenção para os casos de infecções. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA E PERNICIOSA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA • Conceito: o Distúrbio ocasionado por uma alteração na síntese de DNA. o Divisão celular lenta em relação ao crescimento citoplasmático. o Assincronia na maturação do núcleo em relação ao citoplasma. Células mais afetadas: o Renovação mais rápida precursores na medula óssea e da mucosa do TGI. • Principais causas: o Deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. o Medicamentos que interferem na síntese de purinas (Zidovudine) ou que interferem no metabolismo de folatos (Metotrexato). ÁCIDO FÓLICO • Fonte natural vegetais frescos, fígado, aveia e algumas frutas. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 46 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I • Após ser absorvido, circula no plasma e penetra nas células onde é convertido na sua forma ativa. • A ativação intracelular é feita pela enzima metionina sintetase (dependente de vitamina B12). Metabolismo do ácido fólico: Causas de deficiência: o Aumento das necessidades: Gravidez. o Hemólise. o Hemodiálise perda na membrana do dialisador. o Má absorção doença celíaca. o Alterações no metabolismo: Drogas que inibem enzimas Metotrexato e trimetoprim. Álcool. VITAMINA B12 • Cianocobalamina. • Não sintetizada pelo corpo humano dieta. • Fontes: compostos de origem animal (carnes e laticínios). • Armazenada no fígado em grande quantidade: o 10 a 15 anos de uma dieta pobre em vitamina B12 para haver sinais clínicos de deficiência. Causas de deficiência: • Dieta pobre. • Má absorção: o Gastrectomia Acloridria e deficiência de Fator intrínseco. o Úlcera péptica. • Anemia perniciosa. • Doença celíaca. • Neoplasias intestinais. • Infecção por Diphyllobothrium latum competição pela cobalamina. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 47 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I MECANISMO DA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA: MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Manifestações hematológicas: o Anemia fraqueza, cefaleia, palpitações, irritabilidade e palidez. • Manifestações digestivas: o Perda de apetite, dores abdominais, enjoos e diarreia, glossite e queilite angular. • Manifestações neurológicas: o Parestesia em extremidades, perda de equilíbrio, irritabilidade, instabilidade emocional, déficit cognitivo, demência e psicoses. • Outras: o Perda de cabelo. o Na gravidez parto prematuro e/ou a malformação do feto. o Nas crianças crescimento retardado e puberdade atrasada. ANEMIA PERNICIOSA • Conceito: o Anemia consequente à deficiência do Fator Intrínseco (FI). Causas de deficiência: o Deficiência de Fator Intrínseco (FI) ou problemas gástricos. o 80% autoimunes: produção de Ac anti-mucosa gástrica e/ou anti-FI. o Incapacidade da mucosa intestinal de absorver o complexo Vitamina B12/FI. o Hipocloridria gastrite prolongada,úlcera péptica e gastrectomia. Fator intrínseco • Glicoproteína sintetizada pelas células parietais. • Liga-se à Vitamina B12 no lúmen estomacal. • O complexo FI-Vitamina B12 se adere a receptores específicos das células epiteliais do íleo para facilitar a absorção da vit. B12. Diagnóstico laboratorial • Hemograma: o Hemácias e hemoglobina reduzidas. o Hematócrito normal, reduzido ou aumentado. o VCM aumentado geralmente > 110fL. o CHCM normal. o Leucopenia leve neutropenia. o Presença de neutrófilos hipersegmentados. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 48 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I o Trombocitopenia leve. o Contagem de Reticulócitos: normal ou diminuída. Macrocitose: Neutrófilos hipersegmentados: o Desvio à direita Poiquilocitose: o Presença de inclusões por mitoses anômalas: Diagnóstico confirmatório Exames bioquímicos: Dosagem de Vitamina B12 reduzida. o VR: 200 a 900pg/mL. o < 100pg/mL deficiência grave. Dosagem de Ácido Fólico reduzida. o VR: 2,5 a 20,0 ng/mL. GABRIELA ABREU E ISADORA ESTEVAM 49 CADERNO PATOLOGIA CLÍNICA I Pesquisa de anticorpos: Anticorpos anti-células parietais: o 90% dos casos de anemia perniciosa. Anticorpos anti-FI: o 60% dos casos de anemia perniciosa. Dosagem de Homocisteína: A metionina sintetase retira o grupamento metil da MTHF. O metil, então, é transferido para o aminoácido homocisteína, formando metionina. A deficiência de vitamina B12 leva ao aumento de homocisteína no sangue. Hiperhomocisteinemia lesão endotelial aterosclerose. Diagnóstico Laboratorial Por onde começar? Tratamento • Dieta: o A ingestão adequada de vitamina B12 e de ácido fólico. • Se anemia perniciosa: o Vitamina B12 IM, 1000 ηg por 8 semanas seguida da mesma dose mensal por toda a vida. o Monitoramento: Reticulocitose após o 5º dia de tratamento, com pico máximo em torno do 7º dia. Precauções no tratamento de anemia perniciosa: • Vitamina B12 IM aumenta eritropoese aumenta consumo de K+ hipocalemia. o Solicitar K+ sérico após a primeira semana de tratamento. • Transfusão de sangue apenas CH com infusão lenta e controle dos sinais vitais para evitar sobrecarga hídrica ICC. • Ácido fólico em pacientes com deficiência de Vitamina B12 piora nos casos em que se apresentam manifestações neurológicas.
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