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Exames Complementares Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Thiago Fernandes Pinto Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Análises Clínicas • Hemograma Completo; • Eritrograma; • Leucograma; • Plaquetas; • Coagulograma; • Função Renal. • Conhecer os principais exames complementares auxiliares do diagnóstico e tratamento em Fisioterapia; • Distinguir patologias que compartilham de sintomas semelhantes por meio da análise dos exames complementares; • Elaborar apresentações e mapas conceituais para elucidação diagnóstica; • Buscar informações atualizadas em inovações tecnológicas na área de exames complementares; • Ter consciência da ação do fi sioterapeuta no diagnóstico e tratamento dos pacientes; • Agir de forma participativa nas aulas e em estágios observacionais; • Assumir postura crítica nas apresentações e estudos de caso. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Análises Clínicas Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Análises Clínicas Hemograma Completo A contagem das células do sangue tem sido uma informação importante, não somente para o diagnóstico de doenças, mas também como um “atestado de saú- de” nos exames periódicos e no check-up. Entende-se que um organismo com as contagens normais é capaz de produzir e destruir as células do sangue em perfeito equilíbrio, mantendo a quantidade e a qualidade das células em circulação. Esse processo evita infecções e sangramentos e garante o fornecimento adequado de oxigênio às células. De modo complexo, vários fatores podem interferir nesse equilíbrio, diminuindo a produção ou aumentado a destruição de eritrócitos, causando anemias. Fatores genéticos e nutricionais, entre outros, interferem na síntese de hemoglobina, oca- sionando, igualmente, anemias. Essas, portanto, são importantes indicadores de vários tipos de processos patológicos. A contagem das células do sangue se mo- dernizou nas últimas décadas com a sofisticação tecnológica laboratorial. Exames como hemoglobina/hematócrito (Hb/Ht), eritrograma, leucograma e contagem de plaquetas foram substituídos pelo hemograma completo automatizado com con- tagem diferencial de leucócitos em cinco tipos – neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos –, sendo realizado em menos de 1 minuto em analisadores hematológicos automatizados. Importante! A principal célula vermelha do sangue é a hemácia, que pode ser chamada também de eritrócito ou glóbulo vermelho. Você Sabia? Eritrograma É a parte do exame hematológico que avalia especificamente a série vermelha, atra- vés dos seguintes parâmetros: número de glóbulos vermelhos, dosagens de hemo- globina e hematócrito e índices hematimétricos. O eritrograma permite o diagnósti- co e o acompanhamento das anemias e policitemias. Define-se anemia como o estado no qual a concentração de hemoglobina san- guínea é menor do que o limite inferior de referência para a idade e sexo do pa- ciente; em geral, considera-se como anemia em adultos os níveis de hemoglobina abaixo de 13,5g/dl em homens e abaixo de 11,5g/dl em mulheres. Ao nascimento, como os recém-nascidos têm níveis altos de hemoglobina, considera-se 15,0g/dl o limite inferior de referência. Dos três meses de idade até a puberdade, níveis abaixo de 11,0g/dl indicam anemia. 8 9 Importante! Quando a concentração de hemoglobina diminui, geralmente diminuem também as contagens de glóbulos vermelhos do sangue. Importante! Policitemia é a condição na qual a concentração de hemoglobina sanguínea é maior do que o limite superior de referência para o sexo e idade do paciente; considera-se, geralmente, valores acima de 18g/dl e de 16g/dl para homens e para mulheres adultos, respectivamente. Ao nascimento, as crianças são fisiologicamen- te policitêmicas, considerando-se como limite superior da normalidade, nessa faixa etária, valores de até 22g/dl. Gênese do Eritrócito O eritrócito é produzido e liberado pela medula óssea, presente principlamente na epifise de ossos longos (osso do quadril e femur), processo esse que demora de 7 a 10 dias até ser lançado na corrente sanguínea (Figura 1). Eritroblasto basó�lo Pró-eritroblasto Pró-eritroblasto: célula que daráorigem ao futuro eritrócito. Presente apenas na medula. Reticulócito: se matura em eritrócito aproximadamente em dois dias. Apenas 1% estão circulantes no sangue. Eritrócito: Presente exclusivamente no plasma. Analisado no eritrograma. Eritroblasto policromató�lo Eritroblasto ortocromático Reticulócito Eritrócitos Figura 1 Esse processo é divido em 2 importantes compartimentos: • Compartimento de reprodução que abrange desde o pró-eritroblasto até o eritroblasto ortocromático, onde ocorre basicamente a divisão celular do eri- trócito e, para isso, depende de eritropoetina, ácido fólico e vitamina B12, até se tornar um reticulótico ; 9 UNIDADE Análises Clínicas • Compartimento de maturação que se inicia com a formação do reticulócito e vai até a formação do eritrócito, em que é lançado na corrente sanguínea. Nes- se momento, o glóbulo vermelho ganha tamanho e volume até ser lançado na corrente sanguínea, onde sua principal função é o trasporte de hemoglobina. Nesse compartimento, é fundamental a participação do mesmos hormônios e vitaminas do compatimento de reprodução e também a vitamina B6 e o ferro. Funções do glóbulo vermelho • Transporte de gases e nutriente (principal função); • Regulação térmica e hídrica; • Equilíbrio ácido-base e iônico. Série eritroíde ou série vermelha Eritrócitos = Hemácias = Glóbulos vermelhos: sua principal função é o trans- porte de hemoglobina. É um disco de formato bicôncavo com diâmetro de 8 micrô- metros, o que favorece sua mudança de forma ao passar pelos capilares, sem ruptura da célula. Tem vida média de 120 dias. Contagem normal = 4,3 a 5,7 milhões/mm3. Figura 2 Fonte: Getty Images Hemoglobina: sua principal função é o transporte de gás (oxigênio). Compos- to formado pelo componente heme (ferro) + globina (proteína), onde exitem duas porções alfas e duas não alfas em que se liga o gás oxigênio para ser transportado. As hemoglobinas podem ser do tipo A1, A2 e Fetal, até mais ou menos três meses de vida. Contagem normal = 11 a 16g/dl em adultos; ±11,5 g/dl até os 3 anos de idade; ±10 g/dl até os 3 meses; e ±20 g/dl no feto. 10 11 Moléculas de oxigênio Heme Molécula de hemoglobina Molécula de hemoglobina Hemácia Figura 3 – Hemoglobina Humana Fonte: Adaptado de Getty Images • Hematócrito: corresponde, em porcentagem (%), ao volume de hemácias em relação ao volume total de sangue. Ao mesmo número de hemácias podem corresponder valores de hematócrito diferentes, conforme o estado de hidrata- ção do indivíduo: desidratação e redução no volume plasmático geram valores mais elevados; hipervolemia e aumento no volume plasmático resultam em valores menores ; • Indices hematimétricos: avaliam as hemácias em relação ao tamanho e con- teúdo de hemoglobina, auxiliando na caracterização dos quadros anêmicos. Os contadores automatizados medem o VCM (volume corpuscular médio) e calculam os demais índices, razão pela qual o VCM e a hemoglobina são os parâmetros de escolha para avaliação da anemia ; • O VCM é um índice de tamanho da hemácia: hemácias com VCM abaixo de 80 micrômetros cúbicos são consideradas microcíticas; já valores acima de 95 micrômetros cúbicos indicam macrocitose. O VCM é normal nas chamadas hemácias normocíticas. De maneira geral, as alterações no tamanho das he- mácias são referidas como anisocitose (microcitose e macrocitose). Recentemente, o uso de aparelhos automatizados permitiu a introdução de um novo índice, o RDW (red cell distribution width), o qual corresponde à amplitude de distribuição do tamanho das hemácias. É mais um índice de anisocitose, indican- do o quanto a população de hemácias se desvia do tamanho médio. HCM (hemoglobina corpouscular média) e CHCM (conteúdo de hemoglobina corpuscular média) são índices de cor, refletindo a concentração de hemoglobina presente nas hemácias. Valores de CHCM abaixo de 30% indicam hipocromia, condição em que as hemácias estão menos coradas do que as normais por apre- sentarem uma concentração hemoglobínica subnormal; valores entre 33 e 37% são considerados normais e classificados como normocromia. 11 UNIDADE Análises Clínicas Valores de referência do eritrograma: • Eritrócitos: 4,3 a 5,7 milhões/mm3; • Hemoglobina: 12 a 16 g/dl; • Hematócrito: 35 a 45%; • VCM: 76 a 100 dl; • HCM: 27 a 33 pg; • CHCM: 33 a 37%; • RDW: 11,5 a 14,5%. Importante! A classificação hematimétrica das anemias relaciona índices de cor e tamanho: • As anemias hipocrômicas geralmente são microcíticas; um exemplo dessa condição é a anemia ferropriva, já que o ferro é fundamental para o processo normal de he- moglobinização das hemácias; • As anemias normocrômicas e normocíticas apresentam índices de cor e tamanho nor- mais, porém, a concentração de hemoglobina e o número de glóbulos vermelhos são anormais; é o caso das anemias da doença crônica ou por sangramento agudo; • As anemias macrocíticas apresentam VCM acima do limite superior de referência; um exemplo é a deficiência de vitamina B, os quais são cofatores indispensáveis para a maturação nuclear normal dos precursores eritrocíticos. Importante! Regulação na produção do glóbulo vermelho A Figura 4 exemplifica a forma de regulação da produção de eritrócitos. Diminuição Eritrócitos Pró-Eritroblastos Diminuição Medula Óssea Rim Fatores que reduzem a oxigenação • Volume sanguíneo baixo; • Anemia; • Hemoglobina baixa; • Fluxo sanguíneo de�ciente; • Doença pulmonar. ERITROPOETINA Oxigenação tecidual Figura 4 – Esquema ilustrativo da regulação na produção de eritrócitos 12 13 Regulação na destruição de eritrócitos É um processo chamado de hemólise celular, em que o glóbulo vermelho sofre seu envelhecimento até a sua morte celular, o que ocorre em torno de 120 dias. Esse processo ocorre por um mecanismo chamado de apoptose celular, também conhecido por “suícidio celular”, considerado um processo fisiológico de destruição da célula (Figura 5). Fígado: conversão em Bilirrubina direta Excreção na bile Fragilidade da membrana eritrocitária Corrente Sanguínea e excreção pelos Rins e Fezes Exposição da hab e separação do Heme da Globina Conversão de restos hemáticos em Bilirrubina indireta Intestino: Conversão em Urobilinogênio Rompimento na passagem estreita dos capilares do Baço Figura 5 – Esquema ilustrativo do processo de hemólise celular do eritrócito Tipos de anemia Anemia significa deficiência de hemoglobina, causada por um número deficiente de eritrócitos (perda rápida ou produção excessivamente lenta), ou por uma quanti- dade insuficiente de hemoglobina nas células. • Anemia de Doença Crônica: Deficiência na produção ou resistência da eritro- poetina, associada a inflamações e neoplasias (normocíticas/normocrônicas). • Anemia Ferropriva: Maturação anormal dos eritrócitos, perda crônica de san- gue em que a reabsorção de Ferro pelo intestino não é suficiente para reposi- ção. Como consequência, são produzidos eritrócitos muito menores do que o normal, com quantidade deficiente de hemoglobina. • Anemia Aplásica: Ausência de medula óssea funcionante. Exposição à radia- ção gama proveniente de bomba nuclear, tratamento excessivo com Raio X, produtos químicos industriais, quimioterapia e radioterapia. • Anemia Megaloblástica: Reprodução anormal ou lenta de Eritroblastos na medula, por perda ou diminuição de vit. B12 e ác.Fólico. Assim, essas células crescem demasiadamente e assumem formas bizarras, além de possuírem frá- geis membranas celulares. 13 UNIDADE Análises Clínicas • Anemia Hemolítica – Doenças Hemolíticas: Tempo curto de sobrevida do eritrócito (as células são destruídas muito mais rapidamente do que formadas). Alguns tipos: » Esferocitose Hereditária: Eritrócitos pequenos e esféricos, incapazes de su- portar forças de compressão; » Anemia Falciforme – Tipo anormal de hemoglobina: Ocorre precipitação em cristais da hemoglobina frente a situações de baixas tensões de O2, a cé- lula fica alongada com aspecto de foice. Efeitos da anemia no sistema circulatório e sinais clínicos Anemia Grave Aumento da sobrecarga cardíaca Aumento do débito cardíaco Queda da viscosidade sanguínea Queda da resistência vascular Hiper�uxo e aumento do retorno venoso Figura 6 – Ilustração dos efeitos da anemia no organismo São sinais clínicos da anemia: palidez, fraqueza, mal-estar, alto limiar de fadiga muscular, dispneia aos esforços, cefaleia, turvação visual e desmaios. Leucograma É a parte do hemograma que inclui a avaliação dos glóbulos brancos. Compre- ende as contagens global e diferencial dos leucócitos, além da avaliação morfológica do esfregaço sanguíneo ao microscópio. Esse exame está indicado no diagnóstico e acompanhamento dos processos infecciosos, inflamatórios, alérgicos, tóxicos e ne- oplásicos. Os valores de referência para leucócitos totais e para os diferentes tipos leucocitários variam com a idade. Crianças costumam apresentar contagens glo- bais mais altas, com porcentagens relativas de linfócitos superiores às dos adultos, diferença essa que tende a desaparecer após a puberdade. Já nos recém-nascidos, o número global de leucócitos é alto e começa a cair ao fim de 2 ou 3 dias. A con- tagem relativa dos leucócitos é de uso corrente na prática clínica, mas pode não traduzir uma real alteração; essa deve ser comprovada pela contagem absoluta, a qual considera o número global dos leucócitos. 14 15 Importante! As células de defesa são formadas na medula óssea (mieloblastos) e também em tecidos linfoídes (linfoblastos) como timo, fígado e baço. Importante! Tipos de leucócitos • Granulócitos: são de origem mieloíde, neutrófilos (segmentados), eosinófilos e basófilos. Os neutrófilos jovens são formas não segmentadas (bastonetes, metamielócitos, mielócitos e pró-mielócitos); • Não granulócitos: são de oriegem linfoíde, linfócitos e monócitos. Gênese dos leucócitos Os glóbulos brancos têm uma sobrevidade de 6 a 8 horas. As células de origem mieloíde têm origem na medula óssea a partir dos mielobastos;as células de origem linfoíde, em tecidos linfoídes, a partir dos linfoblastos até atingirem sua maturidade e serem lançados na corrente sanguínea, onde têm como principal função a defesa do organismos, conforme ilustrado na Figura 7. Mieloblasto Linfoblasto Monócito Pró-mielócito Mielócito Metamielócito Bastonete Segmentado Neutró�lo Eosinó�lo Basó�lo Linfócito Figura 7 – Esquema ilustrativo do processo de gênese dos glóbulos brancos Fonte: Adaptado de Getty Images Em amarelo, células adultas que estão na corrente sanguínea e são avaliadas no leucogama; em branco, células jovens que devem estar ainda na medula óssea. 15 UNIDADE Análises Clínicas Em casos de agressões, os exames de leucograma podem apresentar uma alte- ração chamada desvio à esquerda, que corresponde ao aparecimento, no sangue periférico, de precursores granulocíticos, os quais normalmente se localizam na medula óssea. Esses precursores incluem os bastonetes, os mielócitos e os meta- mielócitos. É comum isso ocorrer em resposta aos processos infecciosos bacteria- nos ou na leucemia mielóide crônica, conforme a Figura 8. Pró-mielócito Mielócito Metamielócito Série Neutrofílica Infecções Bacterianas Desvio à esquerda Bastonete Segmentado Figura 8 – Mostra o desvio a esquerda, condição encontrada em insultos infecciosos de oriegem bacteriana Fonte: Adaptado do Getty Images Mecanismos de atuação dos leucócitos As células de defesa são sinalizadas pelo tecido e transportadas até o local da agressão por quimiotaxia e diapedese: • Quimiotaxia: mediadores inflamatórios liberados pela inflamação que indu- zem à migração de neutrófilos e macrófagos; • Diapedese: penetração dos leucócitos nos tecidos através dos poros sanguíne- os. Mesmo o poro sendo menor, as células deslizam, espremem-se e passam. Valores de refrência Valor total dos leucócitos no plasma variam de 4 a 11 mil células, exceto em recém-nascidos, nos quais esse valor é tolerado até 20 mil células. A seguir, na Ta- bela 1, estão respresentados os valores de todas as células que formam o número total de leucócitos em porcentagem (%): • Segmentados: 5%; • Neutrófilos: 62%; • Eosinófilos: 2.3%; • Monócitos: 0.4%; 16 17 • Basófilos: 5,3%; • Linfócitos: 25%. A Tabela 1 apresenta os valores divididos por faixa etária. Tabela 1 – Valores do leucograma por faixa etária Idade Leucócitos (mm3) Neutrófi los Segmentados Bastonetes Eosinófi los Basófi los Linfócitos Monócitos RN 20.000 61 55-65 3-6 3 0,5 27,5 7,5 1 m 11.000 44 55-65 3-6 2,5 0,5 45,5 7.0 6 m 12.000 28 55-65 3-6 2,5 0,5 62 5,5 1 a 11.000 30 55-65 3-6 2,5 0,5 61,5 4,5 1-5 a 9.000 45 55-65 3-6 2,5 0,5 48 4,0 12 a 7.800 54 55-65 3-6 2,5 0,5 37 5,0 Adulto 4.000 – 11.000 40-75 55-65 3-6 2-4 0-1 20-35 4-10 RN = recém nascido; m= meses; a=anos. Interpretação e distúrbios Na Tabela 2, temos um esquema de interpretação e classificação dos distúrbios identificados no leucograma. Tabela 2 – Nomeclatura e classifi cação dos distúrbios identifi cados no leucograma Aumento Diminuição Leucocitose Leucopenia Neutrofilia Neutropenia Eosinofilia Eosinopenia Linfocitose Linfopenia Monocitose Monocitopenia Basofilia Basopenia Existe ainda uma condição clínica que classificamos como pancitopenia, que é a diminuição global de elementos celulares do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas). Trata-se de uma situação na qual o indivíduo apresenta uma hemoglobi- na menor do que 10 g/dl, leucócitos menores do que 3500 mil celulas e contagem de plaquetas menor do que 100.000 mil (necessariamente os três eventos juntos). É um dos efeitos secundários normalmente associado à quimioterapia. Plaquetas • Não são células, mas sim fragmentos megacariócitos, liberados na circulação pela medula óssea; 17 UNIDADE Análises Clínicas • Meia vida das plaquetas são de 8 a 12 dias. Após isso, são basicamente degra- dadas pelo baço; • Fundamentais no mecanismo de hemostasia e sinalização da cascata de coagulação. Função Ativar o plasminogênio endotelial para formar fibrina: Plaquetas (trombócitos) Ativação Fibrina Parede dani�cada dos vasos sanguíneos Fibrina Glóbulos vermelhos Plaquetas Ferimento Plaquetas ativadas As plaquetas liberam �brina e selam a parede dos vasos sanguíneos As plaquetas se ligam à parede dos vasos sanguíneos Coágulo de sangue Plaquetas ativadasPlaquetas Figura 9 – Hemostase através da adesão e agregação plaquetária Fonte: Adaptado de Getty Images Valores de referências e distúrbios de plaquetas • São considerados normais valores que vão de 150 a 450 mil plaquetas; • Plaquetopenia: em situações de sepse e leucemias; • Plaquetose: aumento transitório por esforço físico extenso, grandes altitudes e hemorragias; • Trombocitose: elevações acima de 800 mil plaquetas. 18 19 Coagulograma A coagulação é um processo fisiológico que leva à formação de rede de filamentos de fibrina, ocorre pela interação entre células e proteínas do sangue em decorrência de uma lesão vascular que leva à formação de um coagulo. Suas alterações podem expor o indivíduo ao risco hemorrágico ou à formação de trombos (Figura 10). Reações químicas no vaso dani�cado Formação de um coágulo de �brina Aumenta risco de hemorragia, coágulo e trombose Controle do sangramento e reparação do tecido lesado Desordens Figura 10 – Ilustração da coagulação Hemostasia e coagulação são mecanismos diferentes. O primeiro é caracterizado pelo con- trole de sangramento e a prevenção de perda de sangue; o outro, por formação de coágulo de sangue. Ex pl or Controle de Hemostasia e Coagulação • Espasmo vascular: Imediatamente após o corte ou ruptura do vaso, para redução do fluxo sanguíneo, que desencadeia reflexos nervosos e espasmos miogênicos locais. Se em vaso de pequeno calibre, estimula agregação de pla- quetas e controla o sangramento; se em vasos de maior calibre, estimula a libe- ração de protrombinas pelo fígado para desencadear a formação de coágulo. • Tampão plaquetário: Contração das fibras de colágeno vascular + agrega- ção plaquetária, que em vasos de pequeno calibre é suficiente para controlar o sangramento. 19 UNIDADE Análises Clínicas Figura 11 Fonte: Getty Images Formação de coágulo Inicia-se entre 15 e 20 segundos, entre 3 e 6 minutos a área lesada é preenchida por coágulo e entre 20 minutos e 1 hora há retração total do coágulo. A coagula- ção sanguínea é feita por duas vias chamadas via intrínseca e extrínseca da coagu- lação. Ambas têm como função a conversão da proteína protrombina em trombina no fígado, com participação importante da vitamina K e cálcio (Ca+). • Via Intrínseca: chamada de via lenta da coagulação, se dá pelo contato do sangue com o colágeno endotelial e leva de 1-6 minutos para formar o coágulo. • Via Estrínseca: chamada de via rápida da coagulação, se dá pelo contato do sangue com a parede vascular ou com tecidos extravasculares lesionados. Demora em torno de 15 segundos para formação do coágulo. 20 21 Glóbulos vermelhos Lesão no vaso Espasmo vascular Formação do tampão plaquetário A coagulação Plaquetas Filamentos de �brina, glóbulos vermelhos e glóbulos brancos, o coágulo sanguíneo é formado Fibrina Figura 12 – Hemostasia Fonte: Adaptado de Getty Images • Tempo de Reparação: Acúmulo de fibroblastos e reparação tecidual, forma- -se entre 1-2 semanas. Exames para Avaliar a Coagulação • Tempo de Protrombina (TP): As anormalidades na via extrínseca da cascata de coagulação podem prolongar o TP. É o exame de escolha para monitorar terapia com drogas anticoagulantes orais. Valor de referência: 10–14 segundos ; • Índice internacional normalizado (INR): INR = TP teste / TP normal. Valor de referência: 1,0–1,4 ; • Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA): Avalia via intrínseca da cascata da coagulação, com exceção das plaquetas. Valor de referência: 0,86 a 1,19. 21 UNIDADE Análises Clínicas Função hepática Características • 27% do débito cardíaco passa pelo fígado; • Unidadefuncional são os lóbulos hepáticos. Vascularização Hepática • Aferente: Artéria hepática (30%) e Veia Porta (70%); • Eferente: Veias hepáticas que desembocam na veia cava inferior. Aorta Veia cava inferior Artéria hepática Veia portaVesícula biliar Ducto biliar comum Figura 13 – Anatomia do Fígado Humano Fonte: Adaptado de Getty Images • Funções hepáticas: » Metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas; » Armazenamento das vitaminas (A,D,K,E e B12); » Cascata de coagulação, regula plaquetas; » Remoção ou excreção de fármacos. 22 23 Exames da função hepática Testes para Lesão hepatocelular • Transaminase glutâmica pirúvica (TGP): Presentes no citoplasma dos hepa- tócitos em pequenas quantidades, também são encontradas nos rins e coração; liberadas no sangue em grande quantidade, quando há dano à membrana do hepatócito; podem se elevar em lesões hepáticas agudas – hepatite viral, hepa- tite crônica, doença hepática alcoólica, overdose por medicamentos (parace- tamol), câncer no fígado, danos hepáticos causados por drogas e pancreatite. Valor de referência: até 31 U/L (mulheres) e 41 U/L (homens); • Transaminase glutâmica oxalacética (TGO): Presentes principalmente no citoplasma e mitocôndrias dos hepatócitos, mas também são encontradas nos rins, pâncreas, músculo esquelético e hemácias; liberadas no sangue em gran- de quantidade quando há dano à membrana do hepatócito. Não é uma enzima específica do fígado, porém sua proporção com TGP é útil para diferenciar as causas da lesão hepática; se elevam em câncer no fígado, cirrose hepática, hepatites, pancreatite aguda. Valor de referência: até 31 U/L (mulheres) e 37 U/L (homens). Testes para avaliação do fluxo biliar e lesão de vias biliares • Bilirrubinas: produto do metabolismo do eritrócito (hemácia), conforme o link a seguir. Metabolismo da hemácias e formação de bilirrubinas. BD = bilirrubina direta; BI = bilirrubi- na indireta. Disponível em: http://bit.ly/2VV7r04Ex pl or Se elevam geralmente em situações de BI aumentada : icterícia hemolítica; BD e BI aumentadas: lesão hepática; BD aumentada: Icterícia obstrutiva – colédocolitíase (pedras no colédoco – canal que sai da vesícula biliar até o duodeno e transporta bile). Valor de referência: BD até 0,2 mg/dl; BI até 0,8 mg/dl; e Bilirrubina total aproximadamente 1,0 mg/dl. • Fosfatase alcalina (FA): Enzimas presentes na membrana dos hepatócitos, osteoblastos, túbulos renais e trato intestinal. São encontradas principalmen- te nos microvilos dos canalículos biliares. É totalmente excretada pela bile. Agressões no trato biliar causam elevação da FA produzida pelos canalículos biliares. Se elevam preincipalmente em situações de cálculo biliar e colédo- colitíase, em situações mais graves de cirrose e metastase hepática. Valor de referência: 35 a 104 U/L em mulheres; 40 a 129 U/L em homens ; 23 UNIDADE Análises Clínicas • Gama glutamil transferase (GGT): Encontradas em grande quantidade no fígado (principalmente nos ductos biliares), elevam-se em doenças hepáticas, pois alteram-se em 90% dos portadores de doença das vias biliares. Embora, em algumas situações, a alteração possa não ser por nenhuma causa patoló- gica, apenas por uso de álcool ou de algumas medicações, estará alterada em 90% dos portadores de doença hepatobiliar por cirrose, necrose do fígado, he- patites, alcoolismo, neoplasia de fígado, pancreatite, nefrose e colecistite agu- da. Valor de referência: 8 a 41 U/L em mulheres; 12 a 73 U/L para homens. Testes para avaliação da função de síntese do fígado • Exames da coagulação (Tempo de Protrombina e INR) e Albumina (responsá- vel pelo transporte de substâncias, pelo sangue e pela maior parte da pressão coloidosmótica do plasma). Valor de referência: 3,5 a 5,2 g/dl. Função Renal Funções renais A principal função do sistema renal é a filtração, reabsorção e excreção de urina. Outras funções que podem ser citadas são: • Produção de calcitrol; • Produção de eritropoetina; • Equilibrio ácido base (ph sanguíneo); • Sistema renina angiotensina aldosterona (controle lenta da pressão arterial). Figura 14 Fonte: Getty Images 24 25 Características da urina • Albumina: ausente ou raros, seu excesso na urina é chamado albuminúria e é muito grande para ser filtrado. Pode estar relacionado com pressão muito alta ou lesão das membranas de filtração ; • Glicose: ausente ou raros, seu excesso na urina é chamado glicosúria e indica Diabete Melito ; • Hemácias: ausente ou raros, seu excesso na urina é chamado hematúria. Indi- ca cálculos renais, tumores, trauma ou outras doenças renais ; • Leucócitos: até 10 mil, seu excesso na urina indica infecção urinária ou renal. • Corpos cetônicos: ausente ou raros, seu excesso na urina é chamado de ce- tonúria e indica diabete melito, anorexia, jejum ; • Bilirrubina: ausente ou raros, seu excesso na urina é chamado de bilirrubinú- ria e indica destruição excessiva das hemácias ; • Micróbios: ausente, quando parecem o mais comum são (bactéria – E. Coli; fungo – candida Albicans). Características físicas na urina • Volume urinário: 1 a 2 litros em 24 h, mas varia consideravelmente de acordo com a dieta ; • Cor: amarelo ou âmbar, varia conforme a concentração e dieta ; • Turbidez: transparente quando recém emitida; turva um pouco depois ; • Odor: levemente aromática. Torna-se amoniacal logo em seguida ; • pH: varia entre 4,6 e 8,0, sendo em média 6,0 ; • Densidade: quanto maior a quantidade de solutos, maior a densidade. Exames e provas da função renal Urina de 24 horas Exame realizado para quantificar a excreção de urina em um dia inteiro, usado para avaliar o débito urinário de acordo com a dieta ingerida no dia. Urina tipo I Exame mais comumente realizado na rotina clínica, usado para avaliar suspeita de infecções urinárias. Coletado em um pote coletor e enviado ao laboratório para análise das carcteristicas da urina. Em casos de infecções urinárias de repetição, é feito junto à urocultura, que avalia o micróbio agressor (báctérias e fungos são os mais comuns). 25 UNIDADE Análises Clínicas Ureia Produto do catabolismo das proteínas; formado no fígado a partir da amônia; sua síntese pode ser afetada pelo conteúdo protéico da dieta, catabolismo protéico e estado de hidratação. É filtrada nos glomérulos, porém, cerca de 40% é reabsor- vida nos túbulos por difusão passiva e, em condições normais, os valores da depu- ração da ureia são paralelos à taxa de filtração glomerular (TFG), correspondendo a cerca de 60% dessa taxa. Valor de referência: 10 a 45 mg/dl. Creatinina Produto metabólico da desfosforilação da creatina-P no músculo. Produzida constantemente e diariamente, sua síntese e excreção relacionam-se diretamente com a massa muscular e ela é excretada através de uma combinação de filtração glomerular (70 a 80%) e secreção tubular. Valor de referência: 0,8 à 1,2 mg/dl A ureia e a creatinina são os exames mais usados para a prova de função renal e não devem ser analisados separadamente, sendo sua melhor opção analisados em conjunto.Ex pl or Taxa de Filtração glomerular (TFG) Usado para estimar a filtração glomerular, associado ao sinais clínicos e aos exames da prova de função renal, seus resultados também dão o diagnóstico de insuficiência renal aguda (IRA) ou crônica. No caso da insuficiência renal crônica (IRC), também auxilia na classificação do estágio da doença. • Fórmula da TFG estimado = ( )140 idade peso 72 creatinina - ´ ´ • Valor normal: 80 – 140 ml/kg/min; IRA = < 50 ml/kg/min associado a sintomas; IRC = > 90 ml/kg/min sem sintomas limitantes; entre 60 – 89 ml/kg/min dano renal leve; entre 30 – 59 ml/kg/min dano renal moderado; entre 15 – 29 ml/kg/min dano renal moderado; < 15 ml/kg/min dano renal grave. 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Hematopoiese https://youtu.be/wvk2YlWj5Yg Hemostasia Primária: Ativação e agregaçãoplaquetária https://youtu.be/JUk8DiWdymg O que é um teste de função hepática? https://youtu.be/2BhhwWgayn4 O que significa Creatinina Alta ou Baixa https://youtu.be/QAblRRMRRKQ 27 UNIDADE Análises Clínicas Referências FISCHBACH, F. T.; DUNNING, M. B. Exames Laboratoriais e Diagnósticos em Enfermagem. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. WALLACH, J. B.; WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, L. M. Wallach – Interpretação de exames laboratoriais. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 28
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