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Trabalho de Ética e Justiça - Justiça e Tributação

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Universidade Federal do ABC 
Bacharelado em Ciências e Humanidades 
 
 
 
 
 
Isabelle Merlini Chiaparin -21042515 
Juliana Germano Moreira - 21066715 
Maesley de Sousa Fernandes - 21082515 
 
 
 
 
 
 
JUSTIÇA E TRIBUTAÇÃO 
 
 
 
 
 
Monografia 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo – SP 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
Isabelle Merlini Chiaparin -21042515 
Juliana Germano Moreira - 21066715 
Maesley de Sousa Fernandes - 21082515 
 
 
 
JUSTIÇA E TRIBUTAÇÃO 
 
 
 
Monografia 
 
 
 
 
Monografia referente ao curso de Ética e 
Justiça do Bacharelado em Ciências e 
Humanidades, pela Universidade Federal do 
ABC, ministrada pelo Prof. Dr. Flamarion 
Caldeira Ramos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo – SP 
2016 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORIGEM E CONSEQUÊNCIA DA DESIGUALDADE 
SOCIAL ................................................................................................................................. 5 
3. JUSTIÇA DISTRIBUTIVA DE JOHN RAWLS ................................................................. 9 
4. TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA E EFEITOS NA DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA . 12 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 18 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho visa à discussão das questões tributárias enquanto instrumento para redução 
das disparidades econômico-sociais no Brasil. Uma vez que o sistema tributário é baseado na 
arrecadação indireta em detrimento da tributação direta, acentua-se as discrepâncias sociais. O 
destino da arrecadação estatal não é direcionado a estas correções, sendo, portanto, necessário 
uma revisão do sistema tributário brasileiro, apesar do impasse promovido pelas altas 
camadas sociais. Fundamentada em Rousseau e Rawls, a discussão enfoca a questão da 
desigualdade social e suas decorrências no sistema tributário, evidenciando suas disparidades 
teóricas frente à realidade. 
 
Palavras Chave: Justiça Distributiva; Tributos; Desigualdade Social; Justiça Equitativa; 
Justiça Tributária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
“Não estamos à beira do precipício (econômico), mas estamos perto. ” Foi assim que 
Patrice Etlin, sócio do fundo Private Equity Advent, descreveu a situação brasileira durante o 
fórum Exame, em agosto de 2015. A situação de crise financeira que se desenvolve no mundo 
e afeta de forma relevante o cenário brasileiro, teve seu início em 2008 e obtém resultados 
cada vez mais drásticos a cada ano. 
 Em tempos de crise a sociedade procura culpados frente às questões de saúde, 
habitação, educação e mobilidade, por exemplo, que deixam de ser prioridades do Estado e 
revoltam a população por inúmeros descasos. Na tentativa de recuperar a economia, o Estado 
brasileiro não tem poupado esforços em reajustes fiscais em diversos âmbitos da economia, 
entre eles, os reajustes das tarifas de transporte público, água, luz e telefone. 
 Debates sobre desigualdade social, justiça e oportunidades igualitárias vêm tomado 
lugar em palestras, seminários e entrevistas por todo o país. Com a maior taxa de desemprego 
e o maior índice de brasileiros endividados, a discussão sobre tributação também está em alta, 
em uma sociedade que visa muito mais a economia dos gastos familiares do que as questões 
econômicas nacionais. 
 Para dar bases teóricas às discussões que estão sendo realizadas, o presente trabalho se 
propõe a contextualizar o conceito de desigualdade, utilizando-se de definições do filósofo 
Rousseau, além de suas decorrências na sociedade moderna, como o advento das favelas. 
Buscando uma solução para o problema, o trabalho aborda a teoria de John Rawls, a respeito 
do princípio de equidade, abordando a distribuição dos bens da sociedade que deveriam ser 
feitas de maneira justa e a forma com que a tributação no Brasil é realizada. 
 Fomentando a discussão sobre as desigualdades sociais no Brasil e suas implicações 
em todo o sistema de Estado, o presente trabalho se divide em três tópicos que abordaram de 
maneira conjunta cada uma das questões, a saber, a desigualdade, a justiça distributiva, a 
tributação brasileira e os impactos socioeconômicos. 
 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA ORIGEM E CONSEQUÊNCIA DA 
DESIGUALDADE SOCIAL 
“O primeiro sentimento do homem foi o da sua existência; a sua primeira 
preocupação, da sua conservação” (ROSSEAU, 2010, p.80). Essa é a ideia expressa por Jean-
Jacques Rousseau em seu livro “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade 
entre os homens”. 
 
 
 O homem primitivo, na teoria de Rousseau, só via claramente as suas necessidades. 
Assim como um animal, a natureza lhe oferecia os meios de sobrevivência e ele as utilizava 
sem maiores sentimentos afetivos nem mesmo pelos da sua espécie, diferenciando-se apenas 
dos animais por ter a capacidade de aperfeiçoar-se. 
 
Concluamos que, errando pelas florestas sem indústria, sem palavra, sem domicílio, 
sem guerra e sem relações, sem nenhuma necessidade dos seus semelhantes e sem 
nenhum desejo de prejudicá-los, talvez até sem jamais reconhecer nenhum deles 
individualmente, o homem selvagem, sujeito a poucas paixões e bastando-se a si 
mesmo, só tinha as luzes e os sentimentos próprios desde estado, só sentia as suas 
verdadeiras necessidades, só olhava para o que cria ter interesse em ver e a sua 
inteligência não fazia mais progressos do que a sua vaidade. Se por acaso fizesse 
alguma descoberta, não podia comunicá-la, por não reconhecer os seus próprios 
filhos. A arte morria com o inventor; não havia nem educação, nem progresso, 
multiplicavam-se inutilmente as gerações; e partindo cada uma do mesmo ponto, 
passavam-se os séculos em toda a grosseria das primeiras idades, a espécie já era 
velha e o homem ainda permanecia criança. (ROUSSEAU, 2010, p. 114-115) 
 
Quanto mais o gênero humano crescia, tanto mais as dificuldades se multiplicavam e o 
homem começou a perceber que em certas ocasiões, o interesse comum deveria levá-lo a 
contar com a ajuda de outros seres humanos. 
 
Quando se tratava de caçar um cervo, certamente cada um sabia que, para tanto, teria 
de manter-se fielmente em seu lugar; mas, se uma lebre passasse bem próximo de 
um deles, não da dúvida de que este a seguiria sem escrúpulos e que, ao alcançar sua 
presa, pouco se preocuparia com o prejuízo de seus companheiros. (ROSSEAU, 
2010, p.83) 
 
Os primeiros sentimentos afetivos surgiram com a reunião de maridos e mulheres, pais 
e filhos, em uma mesma residência. Dessa forma, “O hábito de viver junto deu origem aos 
mais ternos sentimentos que se conhecem entre os homens, o amor conjugal e o amor 
paterno.” (ROSSEAU, 2010, p.84). 
 
Habituaram-se a se reunir em volta de uma árvore ou cabana, cantavam e dançavam. 
Rosseau defende que cada um começou a querer prestígio e assim, “tão logo os 
homens começaram a estimar-se reciprocamente e no seu espírito se formou a ideia 
de consideração, cada um passou a quererter direito a ela; e tornou-se impossível 
deixar impunemente de ter consideração por alguém. Dessa situação derivaram os 
primeiros deveres de boa educação, mesmo entre os selvagens, e todo erro 
voluntário tornou-se um ultraje (...) (ROSSEAU, 2010, p.86) 
 
 A partir da agricultura e da metalurgia, houve uma grande revolução entre as relações 
humanas. Essas duas artes levaram o homem primitivo a uma infinidade de outras artes, como 
Rosseau explica: 
Ao cultivo de terras seguiu, necessariamente, sua divisão, e do reconhecimento da 
propriedade derivaram as primeiras normas de justiça; com efeito, para atribuir a 
cada um a sua parte, é preciso que cada um possa ter alguma coisa; além disso, uma 
vez que os homens começavam a olhar para o futuro, dando-se conta de que todos 
tinham algum bem a perder, ninguém escapava do terror de sofrer as represálias dos 
erros que podia causar a outrem. (ROSSEAU, 2010, p.90) 
 
 
 
Ao tratar do direito do mais forte, Rosseau afirma que o mais forte nunca é forte o 
bastante para ter sempre o domínio se não transformar sua força em direito e a obediência em 
dever. 
Obedeçam aos poderosos. Se isso quer dizer cedam à força, o preceito é bom, mas 
supérfluo; afirmo que ele jamais será violado. Todo poder vem de Deus, admito, 
mas toda doença também. Isso significa que é proibido chamar o médico? Digamos 
que um bandido surpreenda-se num bosque: devo não apenas por força dar-lhe a 
bolsa, mas também, mesmo que pudesse subtraí-la, estou obrigado por consciência a 
dá-la, pois afinal a pistola que ele segura é igualmente um poder. (ROSSEAU, 
2012, p. 27) 
 
Quando o homem finalmente percebeu ter mais benefícios em viver em comunidade, 
surgiu o pacto social, cuja máxima Rousseau explica: “Cada um de nós põe em comum sua 
pessoa e todo o seu poder soba suprema direção da vontade geral; e recebemos, enquanto 
corpo, cada membro como parte indivisível do todo. ” (ROSSEAU, 2010, p. Dando-se a 
todos, o homem não se dá a ninguém. 
 Sobre o pacto, Rousseau afirma: 
Assim, para que o pacto social não seja um vão formulário, ele contém tacitamente 
este compromisso, o único capaz de dar força aos outros: todo aquele que se recusar 
a obedecer à vontade geral será forçado por todo o corpo a obedecer, o que não 
significa outra coisa senão que o forçarão a ser livre (…). Essa condição constitui o 
artifício e o jogo da máquina política, sendo a única que torna legítimos os 
compromissos civis, os quais, sem isso, seriam absurdos, tirânicos e sujeitos aos 
maiores abusos. (ROSSEAU, 2012, p.37) 
 
Em estado de natureza, a desigualdade mal era notada se comparada à desigualdade 
originada pelas instituições. Comendo do mesmo jeito, fazendo exatamente as mesmas coisas 
e vivendo da mesma maneira, a desigualdade natural do homem – como a diferença de idade 
ou de força –, instituída pela própria natureza, nem se comparava à atual desigualdade moral – 
que consiste no privilégio de alguns frente ao prejuízo dos demais – e que é consentida pelos 
homens. 
 Com a origem da sociedade, extingue-se o direito e a liberdade naturais, definindo em 
seu lugar “a lei da propriedade e da desigualdade, [que] de uma hábil usurpação fizeram um 
direito irrevogável, e em proveito de alguns ambiciosos submeteram daí em diante todo o 
gênero humano ao trabalho, à servidão e à miséria” (ROUSSEAU, 2010, p. 131) 
 Uma das maiores questões abordadas pelos filósofos da modernidade, entre eles 
Ulrich Beck, é como a riqueza socialmente produzida pode ser distribuída de maneira 
socialmente desigual com o consentimento de toda a sociedade de forma a ser considerada 
“legitima”. Os sociólogos usam do termo “estratificação social” para debater sobre as 
desigualdades existentes entre indivíduos e grupos dentro das sociedades. 
 
 
 
Os indivíduos e grupos têm acesso diferencial (desigual) a gratificações com base 
em sua posição dentro do esquema de estratificação. Assim, a estratificação pode ser 
definida simplesmente como desigualdades estruturadas entre diferentes grupos de 
pessoas. (GIDDENS, 2012, p.311) 
 
 As divisões no sistema de estratificação não são reconhecidas “oficialmente”, mas 
provém principalmente de desigualdades históricas
1
, que influenciam os âmbitos econômico e 
social. 
 A exclusão social de diversos grupos, marginalizados, separados do desenvolvimento 
dos grandes centros urbanos, é tema de grande importância na sociologia moderna. Giddens 
afirma que para fundamentar a discussão, deve-se levar em conta dois fatores: por um lado os 
atos e consequentes responsabilidades humanas, e por outro, o papel das forças sociais em 
determinar as circunstâncias destas. 
 Fato é que há um abismo entre os países ricos e os países pobres em relação aos 
padrões de vida. O Programa Alimentar Mundial da Organização das Nações Unidas (Unwfp, 
2001), estimou que mais de 830 milhões de pessoas passam fome todos os dias no mundo e, 
dentre essas pessoas, 95% se encontram nos países “em desenvolvimento”. Os absurdos 
continuam em questões de habitação, saúde, educação, etc. Tal questão é agravada pela 
mínima ou não-intervenção do Estado na economia, defendidas por muitos economistas como 
“teorias neoliberais”, que se abstém de prover a parte não-lucrativa de uma sociedade em prol 
do crescimento econômico do país. 
 Mike Davis, em sua obra intitulada “Planeta Favela”, apresenta que mais de um bilhão 
de pessoas vivem em favelas nas cidades do sul do mundo, porém, esse não era um destino 
inevitável. 
“No restante do Terceiro Mundo, a ideia de um Estado intervencionista muito 
comprometido com a habitação popular e a criação de empregos parece alucinação 
ou piada de mau gosto, porque há muito tempo os governos abdicaram de qualquer 
iniciativa séria para combater as favelas e remediar a marginalidade urbana. Em 
diversas cidades pobres, a relação entre os cidadãos e o governo é parecida com a 
descrição feita recentemente por um favelado de Nairóbi a um repórter do jornal 
inglês The Guardian: “O Estado não faz nada aqui. Não fornece água, escola, rede 
de esgotos, estrada nem hospital”. Na verdade, o jornalista descobriu que os 
moradores compravam água de negociantes particulares e contavam com grupos 
armados para fazer a segurança; a polícia só aparecia para cobrar propinas”. 
(DAVIS, 2006, p. 70-71) 
 
 
1
 Rousseau explicita que “O primeiro a quem, tendo cercado um terreno, ocorreu dizer: Isto é meu e encontrou 
gente simples o bastante para dar-lhe crédito, foi o fundador da sociedade civil” (ROUSSEAU, 2010, p.119). 
Pode-se concluir que a desigualdade provém desde a passagem da condição do homem primitivo como nômade a 
sedentário, ao delimitar um território e chamá-lo de seu. Após esse primeiro momento e o desenvolvimento das 
primeiras sociedades, pode-se recordar a construção dos Impérios dos últimos séculos a.C e a subsequente 
escravidão, presente em todas as sociedades durante a história. Esse fato gerou marcas profundas na história de 
diversos países e, sobretudo no Brasil, ainda possui um legado visceral em forma de racismo e desigualdade de 
oportunidades. 
 
 
Alguns autores da filosofia moderna buscam respostas sobre a questão da 
desigualdade e das injustiças sociais. John Rawls em seu livro “Uma teoria da Justiça”, o 
princípio da equidade evidencia que o indivíduo tem obrigação, a partir do pacto social 
legitimamente estabelecido, de cumprir com seusdeveres, sempre que tiver se beneficiado da 
relação de forma justa e\ou equitativa. O foco da teoria é demonstrar que os indivíduos de 
uma sociedade restringem seus direitos naturais tendo em vista um bem comum e que, para 
que todos realmente saiam favorecidos, todos devem cooperar. 
 O princípio da equidade se divide em duas proposições: a primeira define como as 
pessoas contraem obrigações, fazendo determinadas escolhas de maneira voluntária; enquanto 
a segunda define que as instituições devem ser justas na medida em que a justiça é esperada 
dela. 
 Aceitar instituições injustas invalida as obrigações e obrigações constatadas como 
feitas a força, são nulas. O autor também exprime que os sistemas sociais injustos 
correspondem de certa forma à extorsão e à violência e que, aceitá-los não gera obrigações. 
 Um de seus princípios, intitulado “princípio lexical de diferença”, afirma que, para que 
haja equidade, deve-se elevar ao máximo o bem-estar do indivíduo em pior situação, depois, 
elevar ao máximo o bem-estar do indivíduo em segunda pior situação e assim sucessivamente, 
até que se eleve o bem-estar do indivíduo em melhor situação. Entretanto, o próprio autor 
admite que esse princípio não corresponderia à realidade, já que, ao beneficiar os mais 
favorecidos, beneficia-se também os menos favorecidos. De modo que, a teoria de Rawls 
sobre o tal assunto se resume no seguinte enunciado: 
 
As desigualdades sociais e econômicas devem estar dispostas de tal modo que tanto 
(a) propiciem o máximo benefício esperado para os menos favorecidos como (b) 
estejam vinculadas a cargos e posições abertos a todos em condições de igualdade 
equitativa de oportunidades. (RAWLS, 2008, p.100) 
 
 Dessa forma, na teoria de Rawls, o Estado, como provedor de um direito adquirido, 
deve fomentar políticas de igualdade equitativa de oportunidades. 
 
3. JUSTIÇA DISTRIBUTIVA DE JOHN RAWLS 
 
A análise da justiça distributiva, segundo John Rawls, é derivada de como os bens 
devem ser distribuídos de forma justa na sociedade - determinada como “um empreendimento 
cooperativo que visa ao benefício mútuo” (Rawls, 2008, p. 5) -, frente à identidade de 
interesses e, consequentemente, aos conflitos de interesses predestinados à maximização dos 
 
 
benefícios sociais. Os benefícios não são apenas de caráter material, mas englobam direitos e 
relações de poder. Além da inclusão dos deveres, no caso do pagamento de tributos. 
Composta por instituições sociais, das quais apresentam principal ação sobre a 
distribuição dos bens e da cooperação social, a sociedade tende a apresentar desigualdade face 
às diferentes perspectivas sociais relacionadas às diferentes condições socioeconômicas e 
políticas de seus cidadãos. 
A justiça de um arranjo social depende, em essência, de como se atribuem os 
direitos e os deveres fundamentais e também das oportunidades econômicas e das 
condições sociais dos diversos setores da sociedade. (Rawls, 2008, p. 9). 
 
Tal processo levanta a possibilidade de sociedade justa se as instituições sociais 
estiverem organizadas e levar em consideração a reflexão racional de seus cidadãos sobre os 
conceitos e princípios de justiça e injustiça, propondo a cooperação social. Tais princípios são 
escolhidos perante o véu da ignorância
2
. Desta forma, as escolhas não implicam em privilégio 
e desprivilegio imerecidos e pressupõem que o acordo social
3
 apresente seu caráter de justiça 
equitativa. 
 Os princípios apresentados por Rawls tendem a promover uma distribuição justa e 
preferivelmente igual. Caso essa distribuição não seja necessariamente igualitária, deve 
apresentar vantagens a todos os envolvidos. Desta forma, a injustiça só é alcançada se a 
vantagem não contemplar a todos. 
 
Todos os valores sociais – liberdade e oportunidade, renda e riqueza, e as bases 
sociais do auto-respeito – devem ser distribuídos de forma igual, a não ser que uma 
distribuição de um ou de todos esses valores seja vantajosa para todos. (Rawls, 
2008, p.75). 
 
Frente ao utilitarismo, que sustenta a ideia de maximização do bem estar do indivíduo 
– o qual faz com que haja, de forma racional, um balanço sobre seus ganhos e perdas 
presentes e futuros incentivado pelo aumento do prazer -, a sociedade pode adotar o princípio 
de utilidade. Tal teoria, na visão de Rawls, não apresenta importância sobre como a satisfação 
é distribuída na sociedade, já que não apresenta uma visão de igualdade em sua distribuição. 
Desta forma não pode ser considerada justa. 
Rawls trata a questão de estruturação básica da sociedade através das instituições 
sociais responsáveis pela regulação da distribuição dos bens de forma justa. Sem a 
 
2
 “[...] ninguém sabe qual é seu lugar na sociedade, classe nem status social; além disso, ninguém conhece a 
própria sorte na distribuição dos dotes por diante. Ninguém conhece também a própria concepção do bem, as 
particularidades de seu projeto racional de vida, nem mesmo as características especiais de sua psicologia ou ao 
pessimismo.“ (Rawls, 2008, p. 166). 
3
 Contrato social. John Rawls considera as definições de contrato social apresentadas por Locke, Rousseau e 
Kant. 
 
 
 
organização dessas instituições não há formas de distribuição justa. Assim, divide a atividade 
governamental, pensando em um Estado democrático que baseia-se na igualdade de 
oportunidade e em um sistema legislativo justo, em quatro setores principais: alocação, 
estabilização, transferência e distribuição. 
O setor de alocação emprega uma forma de regulação da economia e as correções de 
possíveis desvios que ameacem a eficiência dos preços e seu sistema competitivo, por 
exemplo, os monopólios. Em paralelo, o setor de estabilização tende a buscar a 
empregabilidade em sua plenitude, preocupando-se com o nível de emprego e demanda que 
torne a economia mais eficiente. 
Diferentemente da apresentação anterior, o setor de transferência tem por objetivo 
atender às exigências das necessidades do sistema social e garantir uma condição mínima aos 
menos favorecidos em relação aos salários e rendimentos, já que o mercado não apresenta 
competência para tal ação. Com isso garante um possível bem estar social. 
O setor de distribuição está divido em duas partes: a primeira resume em corrigir a 
distribuição da riqueza atribuída de forma injusta, que provoquem possíveis ameaças à justiça 
equitativa, tal como os impostos sobre a herança e doações. Rawls não se opõe ao direito de 
herança, no entanto, tal direito deve promover vantagens a todos. Desta forma, não será 
determinado como desigualdade social. 
Nesse ponto, os impostos e tributos não são objetivados a arrecadação de recursos para 
o governo, mas tendem a preservação das instituições que garantem a educação, cultura e os 
cargos de forma equitativa igualitária. Estão destinados à regulação das instituições básicas. 
“Um sistema de tributação que tem a finalidade de arrecadar a receita exigida pela 
justiça” (Rawls, 2008, p. 346-347) está presente na segunda parte. Os bens públicos decorrem 
de imposto progressivo sobre a renda e sobre o imposto proporcional do consumo, do qual 
Rawls crê que a arrecadação do segundo seja mais justa que a do primeiro. 
“O objetivo do setor de distribuição não é, evidentemente, maximizar o saldo líquido 
de satisfação, mas estabelecer instituições de fundo justas.” (Rawls, 2008, p. 349). Portanto, 
nota-se que o objetivo desse setor não está ligado ao pensamento utilitarista, que não 
compartilha da igualdade mútua e corrobora o aspecto de desigualdade. 
Esse setor está propenso ao combate das desigualdades sociais e econômicas doqual 
tende, partindo de um sistema tributário justo e equilibrado, à descentralização da renda e da 
riqueza. (Gusmão, p. 1). 
 
 
 
4. TRIBUTAÇÃO BRASILEIRA E EFEITOS NA DESIGUALDADE 
SOCIOECONÔMICA 
 
A tributação é um instrumento de justiça ou de injustiça distributiva. Sua aplicação 
pode ser percebida claramente na discrepância da distribuição da carga tributária, agredindo 
de certa forma ao princípio da igualdade. 
Humberto Pereira Vecchio (2002, p.218) em sua tese de doutorado sobre justiça e 
tributação, assinala que dada a distribuição de renda extremamente desigual no Brasil, uma 
reforma tributária que estabeleça um aumento das alíquotas do imposto de renda dos 20% da 
população com renda mais elevada, implicaria em uma efetiva redistribuição - com melhora 
no nível de bem-estar - dos 40% mais pobres do Brasil. 
A manutenção desta discrepância distributiva, ou das ações para modificação deste 
sistema, é expressa tão somente pelos interesses das classes dominantes, uma vez que, 
alterações da distribuição da carga tributária, pressupõe alterações na distribuição da riqueza, 
e por conseguinte, de poder. Ou seja, a forma de tributação brasileira não deixa de ser um 
instrumento de preservação da desigualdade social, e controle político de aplicação e usufruto 
próprio do total arrecado, por estes detentores de poder. 
As desigualdades sociais no Brasil estão explicitas cotidianamente. A Constituição 
Cidadã de 1988 prevê, de modo geral, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a 
promoção e garantia do bem estar a todos, sem qualquer forma de discriminação; erradicação 
da pobreza e da marginalização; redução das desigualdades sociais, etc.(Gusmão, p.01) 
Enfim, uma reforma no sistema tributário é crucial para atender as especificidades propostas 
na constituição. A arrecadação é o primeiro passo na luta para a redução de tal disparidade 
social; o segundo passo, consististe em uma efetiva redistribuição, com os gastos direcionados 
à justiça e igualdade. 
O tributo, portanto, não se refere somente à um meio de financiamento do Estado, mas 
um instrumento de promoção da igualdade e redução das disparidades sociais e econômicas 
da população, uma vez que dado um sistema tributário justo e equilibrado, implica que a 
riqueza e a renda sejam menos concentradas. 
“Tributo” de acordo com o Código Tributário Nacional (lei 5.172/1966) é "uma 
prestação pecuniária compulsória em moeda", isto é, pagamento obrigatório - somente 
estabelecido por leis - pelo cidadão ao Estado. No mesmo código é estabelecido a distinção de 
três tipos de tributos no Brasil, a saber, os impostos, as taxas, e as contribuições. 
 
 
O imposto é um tributo cuja cobrança não depende de uma atividade estatal específica 
direcionada ao contribuinte. Isto é, o imposto não depende de uma contraprestação específica 
do Estado para legitimar a cobrança. O que legitima a cobrança é a capacidade contributiva 
(patrimônio/renda), sendo que o total arrecado custei as despesas de caráter geral do Estado, 
da administração pública. 
A taxa é um tributo de caráter contraprestacional. Ou seja, a cobrança é legitimada em 
razão de alguma atividade estatal específica; cada uma das partes recebe algo por sua 
prestação. Diferente do Imposto, o Estado presta algo ao contribuinte. 
As contribuições podem ser de melhoria, ou especiais. Contribuições de melhoria são 
cobranças realizadas em circunstâncias de benefício ao contribuinte, como por exemplo, uma 
obra pública para valorização do imóvel. As especiais são as cobranças destinadas a algum 
grupo específico como o PIS (Programa de Integração Social) e PASEP (Programa de 
Formação do Patrimônio do Servidor Público) 
O levantamento feito pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ao Instituto 
Brasileiro de Planejamento (IBPT) revelou que o valor de R$ 2 trilhões equivale ao montante 
pago em impostos, taxas e contribuições no país Brasil durante o ano de 2015. 
Individualmente, o tributo de maior arrecadação é o ICMS
4
 (19,96% do total), seguido do 
INSS
5
 (19,18%), Imposto de Renda (15,62%) e COFINS
6
 (10,13%). 
A tributação brasileira é constituída por tributos diretos, isto é, aqueles que incidem 
sobre o patrimônio e a renda; e por tributos indiretos, aqueles que incidem sobre o consumo. 
A tributação direta, pelo fato de recair diretamente sobre a renda e o patrimônio, é o 
modelo que mais se aproxima da igualdade no que tange a capacidade contributiva, tendo, 
portanto, caráter mais progressivo. Já a tributação indireta, possui caráter regressivo, uma vez 
que dado determinado produto tributado, ricos e pobres pagarão o mesmo valor pelo produto, 
acentuando as disparidades econômico-sociais. Ou seja, tributações indiretas, uma vez que 
podem inibir o consumo, realçam a retratividade do crescimento econômico e dos níveis de 
emprego (baixo consumo retrai a expansão econômica, aumentando o desemprego). 
A base de arrecadação da carga tributária brasileira é aquela que privilegia a tributação 
indireta (embutida em alimentos e bens de consumo) em detrimento do patrimônio e da renda. 
 
4
 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte 
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação 
5
 Instituto Nacional do Seguro Social. Percentual do salário de cada empregado cobrado da empresa e do 
trabalhador para assistência à saúde 
6
 Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 
 
 
Fato evidente nos dados formulados pela ACSP, uma vez que o ICMS corresponde a maior 
participação dos tributos indiretos - 19,96% do total arrecadado. 
 Os gráficos a seguir representam o ônus percentual tributário direto e indireto em 
relação às faixas de renda das famílias, elaborado com base nos microdados da Pesquisa de 
Orçamentos Familiares (POF) de 2002-2003
7
: 
 
fonte: Revista Espaço Acadêmico 
É explicito, portanto, que alguns setores são mais tributados que outras camadas da 
população. Ao invés de tributar aqueles que possuem uma maior renda e patrimônio, são os 
pobres que mais arcam com tais pagamentos, a saber da tributação recaída sobre o consumo. 
 Diversos estudos têm sido desenvolvidos acerca da ineficácia do sistema tributário 
brasileiro. A tabela
8
 a seguir mostra a distribuição da carga tributária bruta segundo faixa de 
salário mínimo no período de contrastado de 2004 e 2008. O estudo feito pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, registra alarmantemente que a carga tributária bruta 
sobre os que ganhavam até 2 salários mínimos em 2004 foi de 48,8% da renda. Em 2008, esta 
mesma faixa salarial correspondia a 54%, de modo que do total de dias trabalhados no ano, 
197 correspondem ao necessário para pagamento do encargo tributário. Já aqueles que 
 
7
 Ônus Tributário Direto e Indireto em relação às Faixas de Renda das Famílias. Elaborados por 
OBSERVATÓRIO DA EQUIDADE. Disponível em: <http://49ga9f10blgreaqid23bdv7s.wpengine.netdna-
cdn.com/wp-content/uploads/2012/06/Alves-H.N.-Tributacao-e-injustica-social-no-Brasil-2012.pdf>, acessado 
em 28 de abril de 2016. 
8
 Fonte: Receita pública: quem paga e como se gasta no Brasil. p.4. Disponível em: 
<http://ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/comunicado/090630_comunicadoipea22.pdf>. Acesso em: 29 
de abril de 2016. 
 
 
ganhavam mais de 30 salários mínimos, somente 29% da renda é destinada aos tributos, sendo 
necessários apenas 106 dias anuais para a realização da contribuição. 
 
 Tabela 1 - Distribuição da Carga Tributária Bruta segundo faixa de salário mínimo 
fonte: IPEA. 
 
 No §1ºdo artigo 145 da Constituição de 1988, é assegurado que os impostos terão 
caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, 
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as 
atividades econômicas do contribuinte. Dado as informações dos estudos apresentados, é 
evidente a ineficácia da realização proposta pela constituição, frente a própria realidade da 
distribuição dos encargos tributários no Brasil. 
O Procurador Federal - Élvio Gusmão (2009) afirma que a lógica da tributação no 
Brasil viola o Princípio da Equidade ou da Capacidade Contributiva. Para ele este princípio 
determina que o financiamento do Estado pela tributação, deve ser feito segundo a capacidade 
econômica do contribuinte. 
Não se pode impor aos cidadãos de menor capacidade econômica – entendidos aqueles 
de menor renda e menor patrimônio – o mesmo esforço tributário demandado dos 
indivíduos de maior capacidade econômica. O sistema tributário mais justo deve buscar 
a progressividade, ou seja, tributar mais os ricos do que os pobres. Tudo isso é bastante 
óbvio, todavia, aqui não funciona desta maneira, em virtude da inversão de valores e 
ênfase na tributação indireta. (GUSMÃO, 2009, p.4) 
 
 Com relação ao melhor sistema que garanta uma maior justiça tributária, é aquele que 
leve em consideração as diferenças socioeconômicas, isto é, o que tange à capacidade 
contributiva. Em outras palavras, a maior tributação deve ser recaída sob aqueles que possuem 
maior renda e bem-estar. 
A capacidade contributiva pode ser vertical e horizontal. A vertical são as exigências 
da justiça em relação à forma de tributação de pessoas de diversos tipos de renda (No que toca 
à capacidade contributiva vertical, existe a cobrança do Imposto de Renda da pessoa física - 
 
 
tributação direta.). A horizontal se refere à justiça enquanto tratamento tributário entre 
pessoas de mesma renda, uma vez que a mesma faixa de renda pode apresentar diferentes 
condições de bem-estar, necessitando de um tratamento tributário que leve em conta 
especificidades como gastos com educação, saúde, existência, dependentes, etc. 
 Um sistema de justiça tributária não é aquele que somente leva em consideração a 
forma de tributação mais eficaz, que respeite a capacidade contributiva ou que possibilite 
maior desenvolvimento econômico. Mas é aquele que também se refere ao destino dos 
tributos arrecadados pelo Estado. Sendo assim, o Estado deve fomentar uma igualdade 
equitativa de oportunidades, minimizando a desigual distribuição de riqueza entre os 
cidadãos, em vista à promoção de maior igualdade social. 
A maior parte dos gastos do governo brasileiro não é destinada a setores como 
educação, saúde, infraestruturas, etc. Mas a maior parte do dispêndio recai com despesas 
como juros da dívida pública, benefícios a servidores públicos federais, e benefícios 
previdenciários do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 
No Comunicado à Presidência realizado pelo IPEA
9
 em 2008 gastos com 
aposentadorias e pensões na área Urbana corresponderam a 4,53% do PIB. Em contrapartida, 
gastos como “Atenção Básica em Saúde” corresponderam a 0,29% do PIB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9
 Fonte: IPEA - Comunicado da Presidência n.º 22. Receita pública: quem paga e como se gasta no Brasil. 
 
 
Tabela 2 - Brasil: Principais Programas e Ações Sociais do Governo Federal 
 
fonte:IPEA 
 
Em virtude da maior parte da tributação brasileira ser realizada com base em tributos 
indiretos - fato que quanto maior a renda, menor a carga tributária - e não sendo justa a 
destinação que o governo dá à arrecadação de tributos, além da evidente disparidade 
socioeconômica da realidade social, é necessário a reversão deste sistema tributário. 
O sistema tributário é claramente um instrumento que pode possibilitar uma mudança 
do quadro social. A atuação do Estado deve ser mais incisiva no sentido de promover a 
redução de tais desigualdades abissais provocadas pela da concentração de riqueza na mão de 
poucos. O destino dos recursos recolhidos devem ser direcionados à promoção do 
desenvolvimento dos indivíduos e do país, de modo a engendrar uma sociedade mais 
igualitária através de uma justiça tributária e distributiva mais eficaz. 
 Entretanto, como já assinalado, uma reforma tributária deste tipo, recairia sobre o 
empresariado, sobre uma elite que não quer que esta situação seja mudada. Eis o desafio da 
reforma tributária brasileira. 
 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A hipótese inicial proposta era demonstrar as injustiças presentes no sistema tributário 
brasileiro. A partir de fundamentos teóricos provenientes das teorias de Jean-Jacques 
Rousseau e John Rawls, buscou-se demonstrar como a justiça equitativa e os bens 
provenientes da vida em sociedade fazem oposição frente aos malefícios ocasionados pela 
tributação indireta e suas decorrentes desigualdades econômico-sociais. 
Partindo de um sistema justo e equilibrado no setor distributivo, o combate às 
desigualdades socioeconômicas presentes no cenário brasileiro se tornam mais eficazes. A 
justa distribuição das riquezas da sociedade e sua devida tributação é o objetivo final do 
Estado, que necessita do estabelecimento de instituições de bases justas e igualitárias para 
alcançar o objetivo de uma sociedade equitativa. 
Tendo em vista uma distribuição mais justa dos bens produzidos pela sociedade, 
conclama-se uma reforma da justiça tributária brasileira, já que, além de ser uma forma de 
arrecadação de recursos econômicos para o Estado, a tributação é um instrumento de 
transformação da realidade social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Acadêmico, Minas Gerais, n. 133, 2012. Disponível em: 
<http://49ga9f10blgreaqid23bdv7s.wpengine.netdna-cdn.com/wp-
content/uploads/2012/06/Alves-H.N.-Tributacao-e-injustica-social-no-Brasil-2012.pdf>. 
Acesso em 28 de abril de 2016. 
 
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em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso 
em 29 de Abril de 2016. 
 
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GIDDENS, Anthony. Sociologia. Penso. 6º edição. Porto Alegre: 2012 
 
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Dezembro de 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/seu-
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Acesso em 27 de abril de 2016. 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA - Comunicado da Presidência n.º 22. 
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PAULA, Gilles. Tributos, Impostos, Taxas e Contribuições. Website: Treasy: 
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<http://www.treasy.com.br/blog/tributos-impostos-taxas-e-contribuicoes-saiba-a-diferenca> 
Acesso em 27 de abril de 2016;RAWLS, John. Uma teoria da justiça. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008. 
ROSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da deseigualdade 
entre os homens. L&PM Pocket. RS: 2010 
 
ROSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. L&PM Pocket. RS: 2012 
 
SANTOS, Élvio Gusmão. Desigualdade Social e Justiça Tributária. 2009. Artigo 
(Disciplina “A face do Estado democrático de direito”). Mestrado em Direito Público. 
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-Minas. 
 
VECCHIO, Humberto Pereira. Justiça distributiva e tributação. 2002. Tese (Doutorado em 
Direito) – Centro de Ciências Jurídicas. Universidade Federal de Santa Catarina, 
Florianópolis;

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