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Roteiro Direito Processual Penal Competência

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Roteiro Direito Processual Penal
COMPETÊNCIA CRIMINAL I
Renato Brasileiro de Lima
1. Premissas fundamentais e aspectos introdutórios
 Intenção punitiva do Estado (
ius
 
puniendi
)
Jurisdição penal
 Direito à liberdade do processado
Conteúdo da causa penal
: i) verificar a materialidade do fato típico, ilícito e culpável; 
ii
) determinação da autoria; iii) conclusão pela incidência/não da norma penal matéria incriminadora. 
1.1 Definição
Segundo o Professor Renato Brasileiro de Lima é “medida e limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto” (2015, p. 319); delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão do serviço público prestado pelo órgão jurisdicional.
1.2 Relações com o Princípio do Juiz Natural
PROVAReferido princípio tem por definição o “direito que cada cidadão tem de saber, PREVIAMENTE, a autoridade que irá processar e julgá-lo, caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico”. (2015, p. 320)
A. Questões controversas doutrinária e jurisprudencialmente 
A.1. Lei processual que altera regras de competência
Inicialmente elenca-se a corrente majoritária, para que seja facilitado o entendimento do raciocínio jurídico que se faz necessário: lei processual que altera regras de competência tem NATUREZA PROCESSUAL, logo lançar-se-á mão do princípio da aplicação imediata da norma (art. 2º, CPP) - “a norma deve ter aplicação imediata nos processos em andamento, SALVO se já houver sentença relativa ao mérito, HIPÓTESE EM QUE O PROCESSO DEVE SEGUIR NA JURISDIÇAO EM QUE ELA FOI PROLATADA, RESSALVADA A HIPÓTESE DE SUPRESSAO DE TRIBUNAL QUE DEVERIA JULGAR O RECURSO”. 
Tempus regit actum - validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior;
Perpetuatio jurisdicionis – aplicação subsidiária do CPC (art. 87 do CPC/73; art. 43 do CPC/15);
Prorrogação automática e superveniente da competência da justiça anterior.
A.2. Norma híbrida – norma que altera competência e que tenha carga penal prejudicial ao acusado (Lex gravior)
Princípio da IRRETROATIVIDADE (da lei penal mais gravosa) – art. 5º, XL, CF.
A.3. Convocação de juízes de 1º grau de jurisdição para substituição de Desembargadores
Validade- prefixação de qual será o juiz convocado, segundo critérios objetivos predeterminados (art. 118, LC 35/79 – LOMN).
i) ADI 1.481/ES. “Os Regimentos Internos dos Tribunais podem explicitar os meios para convocação de juízes de 1º grau para substituir desembargadores, desde que obedecidos os limites estabelecidos pela LC 35/79.”
	Singela convocação de juízes de 1º grau, escolhidos por decisão da maioria absoluta do Tribunal ou do seu órgão Especial, afastados quaisquer critérios subjetivos. 
Obs.: Não pode o Desembargador a ser substituído, indicar o juiz que o substituirá: viola o Princípio do Juiz Natural.
Realização de julgamento por Turma ou Câmara do Tribunal composta, em sua maioria, por juízes convocados – Entendimento dominante: VÁLIDO, desde que a convocação tenha sido feita na forma prevista em lei;
Não há nomeação ad hoc, ou seja, não pode ser considerado juízo de exceção, pois existem critérios objetivos prefixados.
2. Competência absoluta e relativa (classificação doutrinária e jurisprudencial)
2.1 Análise da natureza do interesse
A. Competência absoluta
Origem: norma constitucional;
Fundamento: interesse público na correta e adequada distribuição da Justiça;
Características: indisponibilidade para as partes, norma cogente, improrrogável, imodificável, pode ser declarado de ofício;
Causa de nulidade absoluta;
Nulidade absoluta no processo penal:
i) pode ser arguida a qualquer momento, enquanto não houver trânsito em julgado da sentença, SALVO sentença condenatória e absolutória imprópria. Nestes casos a nulidade absoluta (e incompetência) pode ser arguida após o trânsito em julgado da decisão, por meio de revisão criminal e habeas corpus, a ser impetrados pelo réu. Em casos de sentença absolutória ocorre a coisa julgada pro réu, sendo vedada a reformatio pro societate (revisão da sentença absolutória por iniciativa do Estado – CADH, Dec. 678/92, art. 8º, nº 4).
Questão de prova: sentença absolutória proferida por juízo absolutamente incompetente é capaz de transitar em julgado e produzir seus efeitos irregulares, dentre eles o de impedir novo processo pela mesma imputação? 
ii) depende de pronunciamento judicial para ser desconstituída, ou seja, a nulidade dos atos não é automática;
iii) não gera inexistência do ato (s), como ocorre no processo civil, pois todo magistrado é competente para julgar a causa, porém está-se diante de uma violação à norma constitucional e a garantia do juiz natural;
Prejuízo da parte é presumido, uma vez que incompetência absoluta é resultante de violação de norma constitucional. Logo a declaração da incompetência e decretação de nulidade deve abarcar o processo penal em sua totalidade;
Hipóteses de competência absoluta: competência em razão da matéria (JF, JM, JE e JEleitoral); competência por prerrogativa de função; competência funcional.
B. Competência relativa
Origem: norma infraconstitucional;
Fundamento: interesse público, em que pese ser em grau menor do que o visualizado na competência relativa;
Características: pode ser declarado de ofício*, admite prorrogação, se não arguida no momento correto;
Causa nulidade relativa;
Nulidade relativa no processo penal deve ser arguida oportuno tempore – momento da resposta à acusação, sob pena de preclusão;
Prejuízo deve ser comprovado;
Hipóteses de competência relativa: competência territorial (lugar da infração ou domicílio ou residência do réu); competência por prevenção (súm. 706/STF); competência por distribuição; competência por conexão ou continência.
2.2 Arguição de competência
A. Modo: exceção de competência (absoluta & relativa), oralmente ou, sendo escrita, em autos apartados, que não suspenderão o andamento da ação penal, em regra (art. 111, CPP). 
Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:
I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.
B. Momento 
B.1 Para alegar incompetência – atenção para alteração legislativa:
	Lei 11.719/08
	Apresentação no prazo para o oferecimento da defesa prévia
	Apresentação no prazo de resposta à acusação Art. 108, CPP
	Antiga redação do art. 395, CPP: 03 dias após o interrogatório
	Art. 396, A, caput, CPP: 10 dias, após a citação pessoal ou por hora certa
Observações:
i) Sendo dado ao magistrado o poder de decretar, ex officio, qualquer espécie de incompetência, seja absoluta, seja relativa, não é exigido formalismo para arguição da preliminar em tela, podendo ela ser arguida em exceção, no bojo da resposta acusação ou em memoriais;
ii) O legislador não foi feliz ao utilizar o termo exceção ao tratar de competência. O vocábulo exceção traduz a ideia que o conteúdo apresentado somente poderá ser conhecido pelo magistrado se provocado pela parte. Sendo a competência, absoluta e relativa, caracterizada pelo interesse público que permite o juiz conhecê-la de ofício, o termo torna-se equivocado. Por esse motivo atente-se ao fato de todas as matérias arguidas no rol do art. 95 são preliminares, e podem ser conhecidas de ofício, sendo objeções e não exceções. 
Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.
Perceba que o legislador pátrio não fez distinção entre as competências, concedendo ao magistrado a possibilidade de reconhecer ambas, ainda que não alegadas pelas partes (kompetenz- Kompetenz – brocardo alemão que afirma que o magistrado temcompetência para delimitar sua própria competência). 
PROVA! 
A súmula 33 do STJ não se aplica ao processo penal (corrente majoritária). Ressalta-se que existem julgados em contrário, mas estes não retratam o entendimento dominante. 
 B.2 Para o juiz reconhecer sua incompetência, de ofício:
Incompetência absoluta – enquanto o magistrado exercer jurisdição em relação à pretensão punitiva em questão. 
Após a prolação da decisão, não cabe mais ao prolator reconhecer sua incompetência, uma vez que não poderá mais alterar sua decisão. Nesse caso caberá a parte alegá-la em âmbito recursal.
Incompetência relativa – Princípio da Identidade Física do Juiz e Lei 11.719/08. Tendo sido determinado pela lei supra mencionada, traduzida no princípio supracitado, que o juiz que presidisse a audiência de instrução prolataria a sentença, é imperioso limitar o reconhecimento de incompetência pelo magistrado somente até o início da instrução processual. Permanecendo o cenário como outrora (pré Lei 11.719/08), se o magistrado pudesse reconhecê-la até a prolação da sentença, qualquer outro que recebesse a ação penal seria obrigado a retornar à fase de instrução, em observância ao postulado da identidade física do juiz.
C. Conduta do juiz recipiente (o que recebe os autos):
Rejeita a decisão do juiz anterior e considera que a competência é do juízo que declinou competência – poderá suscitar conflito negativo de competência (arts. 114, I c/c 115, III, CPP);
Rejeita a decisão do juiz anterior e considera que a competência é de um terceiro juízo – poderá reconhecer sua incompetência de ofício, remetendo os autos a esse terceiro juízo (nesse caso ambas as partes estarão legitimadas a recorrer, por meio de recurso em sentido estrito- art. 581, II, CPP);
Acata a decisão, e aceita a competência – o processo retomará seu curso normal, devendo o magistrado ficar atento à necessidade de prolação de atos decisórios em substituição àqueles cuja nulidade foi reconhecida em face da incompetência (ex.: recebimento da peça acusatória). 
D. Arguição de declinação de competência pelo MP e não aceitação pelo Magistrado:
Arquivamento indireto? 
- Corrente doutrinária alega não ter cabimento no ordenamento jurídico brasileiro;
- Renato Brasileiro afirma ser hipótese de arquivamento indireto.
O Magistrado deve remeter os autos ao órgão de controle revisional no âmbito ministerial (ART. 28, CPP: PGJ em caso de MPE e Câmara de Coordenação e Revisão do MPF). Caso não o faça, limitando-se o magistrado a rejeitar o pedido de declinação de competência formulado pelo órgão ministerial, deixando de aplicar analogicamente o art. 28, o inquérito policial permanecerá paralisado, uma vez que não cabe recurso contra essa decisão. 
Arguição de declinação de competência pelo MPU e não aceitação pelo Juiz- Auditor – o CPPM possui previsão legal de recurso contra a decisão do Juiz- Auditor (art. 146, CPPM-“... recurso, nos próprios autos, para aquele Tribunal”). Caso o STM (Superior Tribunal Militar) dê provimento ao recurso inominado, remeterá os autos ao juízo competente. Negando provimento, determinará o retorno dos autos à primeira instância, não estando obrigado o membro do MPM que pugnou pela declinação a oficiar nos autos que já manifestou não ter atribuições, devendo o Procurador- Geral da Justiça Militar da União designar outro membro do MPM para atuar no caso.
2.3 Reconhecimento da incompetência no juízo ad quem
A. Máxima do tantum devolutum quantum apellatum
Caso as partes (acusação ou defesa) devolvam a matéria relativa à competência para apreciação pelo Tribunal (ex. em preliminar de apelação), é plenamente possível que o juízo ad quem reconheça a incompetência absoluta e relativa (sendo necessário a arguição em momento oportuno quanto à incompetência relativa – resposta à acusação, afastando a hipótese da preclusão). 
B. Reconhecimento ex officio da incompetência absoluta* pelo Tribunal
* Hipótese restrita à incompetência absoluta devido a preclusão concretizada na incompetência relativa diante da inércia das partes, motivo que impede que o Tribunal aprecie a matéria. 
*Crime de moeda falsa. Processado e julgado no juízo estadual. Absolvição. MP apela requerendo somente a condenação, mas não se manifesta sobre a incompetência absoluta do juízo (ratione materiae). Tribunal pode declarar a incompetência absoluta do juízo estadual, de ofício?
1a corrente doutrinária:
Súmula 160/ STF – “É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade* não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.” * Qualquer nulidade, ainda que seja absoluta. (STF HC 80.263/SP – Assim, eventual violação ao princípio do juiz natural só pode ser invocada em favor do acusado e nunca em seu prejuízo).
2a corrente doutrinária (Brasileiro, edição 2015)
“Nos parece que o fato de o Tribunal pronunciar-se de ofício acerca de incompetência absoluta não acarreta qualquer prejuízo ao acusado, desde que observado, perante o novo juízo para o qual o processo for remetido, o princípio da non reformatio in pejus indireta.”
(Posição doutrinária majoritária) Nesse caso, se a sentença for anulada por recurso exclusivo da acusação ou de ofício pelo Tribunal, o juiz que vier a proferir nova decisão em substituição à anulada ficará vinculado ao máximo de pena imposta na decisão anulada, não podendo agravar a situação do acusado (sentença anulada pelo juízo ad quem continua produzindo efeito jurídico como limitador da pena máxima a ser imposta na nova sentença). Dessa forma o acusado estará sendo beneficiado, pois um marco interruptivo da prescrição estará sendo anulado (sentença condenatória).
(Posição minoritária - STJ) A incompetência absoluta decorre de mandamento constitucional que prevalece sobre a vedação da reformatio in pejus. Dessa forma a decisão prolatada por juízo absolutamente incompetente não poderá produzir nenhum efeito após a declaração da nulidade, nem mesmo o efeito limitador da pena. Por esse motivo o novo juízo não estará limitado a nenhum teto de pena. 
2.4. Consequências da incompetência absoluta e relativa
A. Anulação dos atos decisórios ou inexistência do processo?
Entendimento majoritário, decorrente de previsão legal
ART. 567, CPP: “a incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade ser remetido ao juiz competente”. 
Apesar de nulos, os atos praticados não podem ser inexistentes, pois foram proferidos por órgão jurisdicional constitucionalmente investido de jurisdição (UNA). Caso o processo fosse acompanhado por uma pessoa não investida no cardo jurisdicional ou dele desvinculado, seria caso de inexistência do processo, gerando como consequência a possibilidade de uma propositura de uma nova ação penal pela mesma justa causa, sem a violação do princípio do non bis in idem. 
Entendimento minoritário (Grinover)
Incompetência absoluta teria o condão de implicar a inexistência do processo.
Questão dilatória (pois não gera a extinção do processo, salvo quando a competência reconhecida for da Justiça Internacional), proferida em decisão interlocutória, cuja consequência é a remessa dos autos ao juízo competente.
B. Anulação somente dos atos decisórios ou dos atos decisórios e probatórios?
Doutrina majoritária
- Incompetência relativa: anulação somente dos atos decisórios;
- Incompetência absoluta: anulação dos atos decisórios e dos atos probatórios.
* STF HC 83.006/SP – ratificação dos atos não decisórios e até mesmo os decisórios, pelo juízo competente.
E o postulado da identidade física do juiz no processo penal? Para ser respeitado, os atos probatórios praticados perante o juízo incompetente devem ser ratificados perante o juízo competente para a causa.
C. Interrupção do prazo prescricional
O recebimento da denúncia ou da queixa por juízo incompetente não tem o condão de interromper o curso do prazo prescricional, fato que somente ocorrerá quando se der a ratificação da referida decisãopelo juízo competente, observada a compatibilidade procedimental. Referida afirmação justifica-se no fato de atos nulos não gerarem a consequência jurídica referida no art. 117, I, CP.
Quanto à denúncia, basta que o Parquet com atribuições para a demanda ratifique a peça acusatória anteriormente oferecida, com eventual aditamento que se fizer necessário (art. 569, CPP), sendo as Promotorias diversas ou em grau diverso (MPE-MPF ou MP- PGJ). Sendo Promotorias di mesmo Estado da Federação e do mesmo grau funcional não é necessária a ratificação, em observância ao princípio da unidade e da indivisibilidade do MP.
Não havendo ratificação da peça acusatória, quando necessário, tampouco oferecimento de uma nova denúncia, tem-se por inexistente o processo, por ausência de demanda (pressuposto processual de existência).
2.5 Coisa julgada nas incompetências absolutas e relativas
A. É possível o transito em julgado da sentença condenatória ou absolutória proferida por juízo incompetente, sendo a incompetência relativa. Decorre da possibilidade de prorrogação da incompetência relativa, passando a ter competência quem outrora não possuía;
B. Sentença proferida por juízo absolutamente incompetente:
i) Sentença absolutória ou extintiva de punibilidade – pode transitar em julgado e produzir efeitos, impedindo que o acusado seja novamente processado pela mesma imputação, perante juízo competente (vedação da revisão criminal pro societate e princípio da non reformatio in pejus);
ii) Sentença condenatória e Sentença absolutória imprópria – enquanto a nulidade absoluta não for declarada, o ato processual é válido a produzir seus efeitos, tais como cumprimento de mandado de prisão (princípio da permanência da eficácia dos atos processuais*).
Logo, como a sentença condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em julgado proferida por juízo absolutamente incompetente é dotada de nulidade absoluta, a desconstituição da coisa julgada material depende de ajuizamento de revisão criminal ou da interposição de HC (necessário a demonstração de risco atual ou iminente de constrangimento à liberdade de locomoção do condenado).
*Cuidado com a diferença existente em relação ao sistema processual civil, onde os atos absolutamente nulos não tem o condão de produzir efeitos. No processo penal eles produzem regularmente seus efeitos até serem declarados nulos.
3. Espécies de competência
3.1. Ratione materiae – natureza de infração penal praticada (Justiça Militar: julga crimes militares; Justiça eleitoral: julga crime eleitoral; Tribunal do Júri: processo e julga crimes dolosos contra e vida);
Tem a finalidade de apontar a “justiça”competente.
3.2. Ratione funcionae/ personae – foro por prerrogativa de função, guarda relações com as funções desempenhadas pelo agente como critério para a fixação de competência (ex.: Deputados Federais e Senadores são julgados pelo STF; Governadores de Estado e Desembargadores são julgados pelo STJ; Juízes de Direito e Promotores de Justiça Estaduais são julgados pelo respectivo Tribunal de Justiça, salvo em crimes eleitorais, etc.)
Cargo/ função- Justiça específica determinado pela CF ou Constituição Estadual.
3.3. Ratione loci – competência territorial (comarca ou subseção judiciária): lugar da infração ou domicílio ou residência do réu;
Determina o foro onde se dará o julgamento.
3.4. Competência funcional – distribuição feita pela lei entre os órgão jurisdicionais de mesma instância ou de instâncias diferentes, em um mesmo processo, dividindo-se em três:
a. Competência funcional por fase do processo – nessa hipótese, determinadas fases do processo são exercidas por órgãos jurisdicionais diversos, exemplos: i) procedimento bifásico do Tribunal do Júri (1a fase iudicium accusationis: juiz sumariante exerce sua função de prolatar as decisões de pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação; 2a fase iudicium causae: Juiz- Presidente do Tribunal do Júri, a depender do veredicto dos jurados, prolata sentença condenatória ou absolutória); ii) juiz do processo e juiz das execuções (art. 65 e 66, LEP);
b. Competência funcional por objeto do juízo – mais comuns em juízos colegiados heterogêneos, onde cada órgão jurisdicional é responsável por determinadas questões: sentença no Tribunal do Júri – ao Conselho de Sentença compete o julgamento da existência do fato delituoso e de sua autoria; ao Juiz- Presidente compete prolatar a sentença baseado no veredicto do Conselho, fazendo a dosimetria da pena;
c. Competência funcional por grau de jurisdição - divisão de competência em hierarquias: i) competência originária dos Tribunais – competência por prerrogativa de função ou em grau recursal.
4. Fixação da competência criminal
Ao se buscar o juízo competente para processar e julgar determinada infração penal, devemos passar por várias etapas sucessivas, concretizando-se gradativamente o poder de julgar, passando do geral para particular, na ordem descrita no exemplo abaixo:
INFRAÇAO PENAL PRATICADA NA COMARCA “X”.
1
) A infração penal é de competência da 
Justiça brasileira
?
2
) A partir da natureza da infração, qual será a 
justiça competente 
para processar e julgar o delito 
(
ratione
 materiae)
?
3
) Firmada a competência de Justiça, questiona-se: o acusado é titular de 
foro por prerrogativa de função (
ratione
 
funcionae
/ 
personae
)
?
4
) Se o acusado não faz jus ao julgamento perante um órgão superior, observa-se a 
competência territorial ou de foro (
ratione
 
loci
)
.
5
) Por fim analisa-se a 
competência de juízo
, determinando-se a 
vara, câmara ou turma competente
.
A. Competência da Justiça Geral
 Justiça Comum Estadual Tribunal do Júri
 Justiça Comum Juizados Estaduais
 Justiça Comum Federal Geral
Justiça 	Tribunal do Júri Federal	Juizados Federais
	Estadual	
 Justiças Especiais Justiça Militar da União	
	 Justiça Eleitoral
	 Justiça do Trabalho
 Justiça Política (crimes de responsabilidade) 
B. Competência originária - o acusado é titular de foro por prerrogativa de função? O acusado encontra-se no exercício de cargo ou função que o sujeite diretamente a determinado tribunal, perante o qual deva ser oferecida a peça acusatória?
C. Competência de forro ou territorial – qual a comarca (Justiça Estadual), seção ou subseção judiciária (Justiça Federal), circunscrição judiciária militar (Justiça Militar da União) ou zona eleitoral (Justiça Eleitoral) competente?
D. Competência de juízo – análise da existência de vara especializada para o julgamento do delito (ex. Vara especializada em drogas, acidentes de trânsito, lavagem de capitais e crimes contra o sistema financeiro).
E. Competência interna ou de juiz – havendo mais de um juiz na vara, ou um juiz titular e um substituto, a questão é resolvida pela distribuição;
F. Competência recursal – em regra a competência é do órgão jurisdicional superior, mas existe situação que o mesmo órgão prolator da decisão recorrida é competente para analisar o recurso, como verifica-se nos embargos de declaração.
	Bons estudos!
Amanda Martins, 8º Período – Diurno
Amandamms18@gmail.com
Amanda Martins – Monitora de Direito Processual Penal. 8º Período Diurno. Email: amandamms18@gmail.com

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