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Aula 2 Processo Penal II

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DAS QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES
DAS QUESTÕES PREJUDICIAIS (ARTS. 92 e ss., CPP)
Aqui, o juiz penal verificará o nível de prejudicialidade que estas questões têm em relação à decisão penal, bem como decidir sobre a suspensão do processo até que elas sejam resolvidas nas esferas cível, administrativa ou tributária. É necessário que a solução da controvérsia afete a própria decisão sobre a existência do crime. 
Em última análise, a prova da existência do crime depende da solução, na esfera cível, dessa questão. Nisso reside sua prejudicialidade: na impossibilidade de uma correta decisão penal sem o prévio julgamento da questão.
Existem questões que só poderão ser decididas por juiz de jurisdição diferente, ora sendo exclusiva do juízo penal, ora do cível. 
Questão prejudicial penal, homogênea, imperfeita ou comum: apesar de repercutirem no aspecto relacionado à
existência da infração penal (tipicidade), resolvem-se no próprio juízo criminal, de forma quase que automática, na ocasião da sentença. Por isso é que são chamadas de não devolutivas.
Ex: Denunciado o réu por receptação, para condená-lo terá o magistrado que previamente enfrentar, como um dos fundamentos da sentença, a questão relativa à procedência criminosa da coisa adquirida. 
Por serem questões resolvidas pelo próprio juiz criminal, não são nem abordadas pelo CPP.
Questão prejudicial extrapenal, heterogênea, perfeita ou jurisdicional: ocorre em situações em que a matéria
objeto da controvérsia está completamente afastada, alheia à esfera de atuação da jurisdição penal (pertence a outro ramo do direito) e que, por sua relevância jurídica, não pode ser objeto da expansão da jurisdição penal. 
A exemplo o crime de bigamia. A constituição do crime de bigamia exige a existência de prévio casamento. Da mesma forma, não há que se falar em sonegação fiscal sem a constituição definitiva do débito, ou seja, sem o esgotamento das vias administrativas. 
Assim, se em sede de defesa é arguida a nulidade ou inexistência do casamento anterior (estado civil da pessoa), o juiz penal deverá suspender o curso do processo penal até que, na esfera cível, seja a controvérsia dirimida por sentença transitada em julgado. Durante essa suspensão, poderá o juiz penal proceder a coleta da prova (inquirição de testemunhas, juntada de documentos etc.) e toda a instrução.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas absolutas (ou obrigatórias)
Estão regulamentadas no art. 92 do CPP e versam sobre matérias atinentes ao estado civil lato sensu do indivíduo, abrangendo aspectos familiares (condição de casado, de solteiro, de pai, de mãe, de filho etc.), aspectos pessoais (idade, sexo, condição mental etc.) e aspectos políticos (nacionalidade, naturalidade, cidadania etc.).
São tidas por absolutas, pois, obrigam o magistrado à sua suspensão, até que, no juízo extrapenal, seja a matéria resolvida por decisão transitada em julgado, devendo se tratar de controvérsia séria e fundada. Ex: julgamento por crime de bigamia no qual o primeiro casamento já teve sua ação anulatória prescrita (ação infundada), não cabendo suspensão da ação criminal prosseguindo-se a demanda. 
A suspensão do processo criminal poderá ser determinada pelo juiz ex officio ou a requerimento das partes e ocorrerá por prazo indeterminado, ou seja, até que haja decisão definitiva na esfera competente. Porém, nada impede que o magistrado determine, nesse interregno, a produção de provas consideradas urgentes ou que possam perecer no tempo em que se encontrar o processo criminal paralisado.
Importante ressaltar, que no período da suspensão da ação penal o prazo prescricional fica suspenso, voltando a fluir de onde parou após determinar o juiz o prosseguimento normal do processo criminal.
Note-se que o processo deve ser suspenso independentemente de haver ou não ação civil ajuizada. Ocorrendo má fé do acusado, postergando o ajuizamento da ação civil ou retardando-lhe o andamento, o MP (em crimes de ação penal pública) a ajuizará ou lhe dará prosseguimento (art. 92, parag. Único). 
Existe controvérsia caso se trate de crime de ação penal privada. Aguardar-se-ia o acusado tomar a atitude de dirimir a situação no cível ou teria o particular ofendido o direito de levantar essa questão?
Por ser fiscal da ordem jurídica, não se pode ignorar que o Parquet intervenha na ação penal privada, manifestando-se em todos os seus termos. Logo, possui interesse em evitar manobras protelatórias do réu.
Questões prejudiciais extrapenais devolutivas relativas (ou facultativas)
São aquelas que concernem à matéria distinta do estado civil das pessoas, v.g., fatos geradores de tributos, propriedade etc.
São chamadas de devolutivas, pois há a possibilidade de devolução (remessa) ao juízo cível da matéria que as constitui para exame prévio. De outra sorte, são consideradas relativas porque, nesse caso, a suspensão do processo criminal não é obrigatória, podendo o juiz optar entre suspendê-lo ou não.
Não havendo suspensão, o próprio juiz criminal decidirá a matéria, no entanto, a sentença não produzirá efeitos erga omnes, o que pode posteriormente implicar em decisão conflitante com juízo diverso. 
Neste caso, o CPP exige algumas regras para a suspensão do processo, quais sejam: já tenham sido ouvidas as testemunhas arroladas e produzidas as provas de natureza urgente (por exemplo, uma perícia em vestígio sujeito ao desaparecimento pelo decurso do tempo); necessário, também, que já exista ação civil em andamento, pois, caso contrário, a suspensão do processo criminal não será cabível; a suspensão será por prazo determinado (segundo arbítrio do juiz), podendo ser renovada uma vez; a questão não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite (art. 93).
Também aqui incide o art. 116, I, do Código Penal.
Impugnação da suspensão do processo ou de seu indeferimento: da decisão que ordenar a suspensão do processo cabe recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, XVI.
Sendo caso de indeferimento, tratando-se de hipótese de suspensão obrigatória, caberá HC em caso de crime punido com pena de prisão, ou MS, se a pena não for privativa de liberdade. Existe ainda a possibilidade da correição parcial, agindo o magistrado com ilegalidade.
Sendo caso de suspensão facultativa, não cabe nenhum tipo de impugnação (art. 93, §2º).
EXCEÇÕES (ARTS. 95 A 111 DO CPP)
são consideradas meios de defesa indireta, uma vez que versam sobre a ausência de condições da ação ou de pressupostos processuais. São utilizáveis quando não há o propósito de atacar diretamente o mérito da lide principal, mas sim obstaculizar ou transferir o seu julgamento. Autuadas em apartado ao processo criminal, como regra, não possuem efeito suspensivo (art. 111 do CPP).
Classificação:
Peremptórias: acarretam a extinção do processo. Exemplo: exceção de coisa julgada.
Dilatórias: embora não impliquem a extinção do processo, transferem o seu exercício. Exemplo: exceção de incompetência do juízo.
Exceção de suspeição: possui natureza dilatória e objetiva afastar o juiz do processo criminal.
Deve ser proposta por petição fundamentada acompanhada do rol de testemunhas e prova documental. Por falta de previsão no CPP, parcela da doutrina entende, que por analogia, deve-se utilizar o art. 357, § 6º, CPC, o número de testemunhas não pode ser superior a 10, sendo 3, no máximo, para cada prova do fato.
Pode ser arguida pelas partes ou por procurador com poderes especiais. A jurisprudência não estende esse poder ao assistente de acusação. 
Momento da propositura: normalmente, a exceção de suspeição é deduzida no curso do processo criminal. Apesar disso, nada impede que seja oposta ainda na fase do inquérito policial.
Poderá ser deduzida por ocasião do oferecimento da denúncia ou da queixa pela acusação, ou no prazo da resposta à acusação, quando pela defesa. 
Caso se revele fato apenas na fase instrutória do processo, pode-se ingressar com a exceção a qualquer tempo, desde que antes da sentença.
Em hipótese de se descobrir após a sentença que o juiz era suspeitopoderá a parte prejudicada buscar a anulação de todos os atos praticados por ele e dos que lhe foram decorrência ou consequência por meio de preliminar de recurso, se ainda não transitada em julgado a sentença.
Tendo transitada em julgado, tratando-se de sentença condenatória, caberá HC ou revisão criminal, se absolutória, nada pode ser feito. 
Vale ressaltar, que na forma do art. 96, CPP, a exceção de suspeição deve ser julgada anteriormente às outras. Isso porque ela é remetida ao tribunal ao qual o juiz excepto está vinculado, e sendo julgada procedente, o “novo” juiz que julgará as outras exceções, sendo improcedente, descerão os autos para o julgamento das outras exceções. Caso arguida posteriormente e julgada procedente, todas as decisões serão consideradas nulas (demonstrado prejuízo - jurisprudência) inclusive as exceções. 
Caso o juiz reconheça a suspeição e encaminhe os autos ao seu substituto legal, só haverá nulidade dos atos anteriormente produzidos caso se demonstre prejuízo à parte (nulidade relativa). 
Se o motivo ensejador da suspeição for superveniente, continuarão válidos todos os atos praticados. 
Procedimento: art. 98 e ss, CPP.
Importante mencionar que o processamento da exceção de suspeição, nos termos do art. 102 do CPP, não importa suspensão do andamento do processo criminal junto ao qual foi suscitada, salvo se reconhecida, pela parte contrária, a procedência da arguição, pois, nessa hipótese, poderá, a seu requerimento, ser sustado o feito até que se julgue o incidente.
A suspeição ocorre quando existir vínculo subjetivo do julgador com qualquer das partes (v.g. amizade íntima) ou com o assunto discutido no processo (v.g. figurara o juiz como demandante ou demandado em outra ação na qual se debate o mesmo tema). Hipóteses do art. 254 – rol exemplificativo, bastando o comprometimento pessoal do juiz com a questão discutida ou com as partes.
Exceção de impedimento e incompatibilidade (art. 112, CPP):
Impedimento: fundamenta-se em razões de ordem objetiva previstas em lei, por exemplo, o fato de estar atuando no feito, como advogada, cônjuge do juiz.
As hipóteses de impedimento estão arroladas, taxativamente, no art. 252, CPP.
Os atos praticados por juiz impedido, na esteira da jurisprudência, não são simplesmente nulos. São, isto sim, inexistentes, bastando que sejam ignorados, desprezados, sem a necessidade de um pronunciamento judicial declarando a inexistência.
Incompatibilidade: Na ausência de uma definição legal, aderimos ao entendimento que considera como todas aquelas hipóteses que, não classificadas como impedimento ou suspeição, reflitam na imparcialidade do juiz. Como exemplo, a situação de foro íntimo, que, mesmo não prevista nos arts. 252 e 254 do CPP, constitui, sem dúvida alguma, motivo para que o juiz se afaste da condução do processo, ex officio ou por recusa de qualquer das partes. 
A incompatibilidade dá causa à nulidade relativa dos atos praticados pelo juiz incompatível, devendo, assim, ser arguida nos prazos determinados pelo art. 571 do CPP, sob pena de preclusão, com a demonstração de prejuízo.
Outros sujeitos passivos da exceção de suspeição (e de impedimento e de incompatibilidade):
Desembargadores dos Tribunais e Ministros do Supremo Tribunal Federal – aqui, obviamente abrange os Tribunais de Justiça e outros Tribunais superiores. 
Reconhecimento ex officio (art. 103): caberá ao desembargador ou ministro que se considerar suspeito (ou impedido) declarar nos autos esta circunstância, devendo justificar, salvo caso de foro íntimo. Tratando-se de revisor, ao afastar-se repassará o feito a seu substituto; tratando-se de relator, devolverá os autos ao setor competente para nova distribuição; tratando-se de qualquer outro integrante do órgão colegiado (câmara, turma, seção, grupo etc.), deverá registrar a necessidade de seu afastamento na sessão de julgamento; tratando-se, por fim, do presidente do tribunal, caberá ao seu substituto prosseguir na condução do processo.
Arguição pela parte (art. 103, § 3º): o procedimento da arguição será simétrico ao estabelecido para a suspeição dos juízes de 1.º grau nos arts. 98 a 101.
Membros do Ministério Público - atuando como parte ou como custos legis, exige-se dos membros do Ministério Público a atuação desvinculada de motivações de ordens subjetiva e objetiva. São a eles estendidos os mesmos motivos de suspeição, impedimento e incompatibilidade, aplicáveis aos juízes (art. 252 e 254, CPP). 
Caso haja arguição, proceder-se-á na forma do art. 104, CPP.
Frise-se que a suspeição de membro do Ministério Público produz nulidade processual de natureza relativa e se submete à preclusão.
Súmula 234/STJ: “a participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
Peritos - caso não se abstenham, espontaneamente, de aceitar o
encargo que lhes for incumbido, poderão ser recusados por
qualquer das partes mediante a indicação dos motivos legais, que são aqueles previstos no art. 254 e 252 do CPP
Nesse caso, deverá o excipiente instruir suas alegações com as provas necessárias. Ouvido o excepto, o juiz decidirá de plano, sendo esta decisão irrecorrível (art. 105).
Intérpretes - como estes são equiparados aos peritos, nos termos do art. 281 do CPP, aplica-se a eles o mesmo regramento visto em relação àqueles antes expostos.
Serventuários e funcionários da Justiça - à semelhança dos casos anteriores, caso não se deem por suspeitos ou impedidos espontaneamente, poderão as partes, com base no art. 105 do Código, buscar o respectivo afastamento, o que ocorrerá nos mesmos casos em que forem considerados suspeitos ou impedidos os juízes (art. 274 c/c o art. 112, ambos do CPP).
Jurados - estabelece o art. 106 do CPP que “a suspeição dos jurados deverá ser arguida oralmente, decidindo de plano o presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo constará em ata”.
Autoridade policial: a autoridade policial não está sujeita à arguição de suspeição nos atos do inquérito, por força da regra expressa do art. 107 do CPP. No entanto, esse mesmo dispositivo estabelece que deverá ela declarar-se suspeita quando ocorrer motivo legal.
Exceção de incompetência do juízo
Trata-se de exceção com aplicação restrita à incompetência territorial, que possui caráter relativo, sendo vinculada sua arguição ao prazo e à forma previstos em lei. As incompetências absolutas, podem ser suscitadas por meio de simples petição acostadas ao processo criminal. 
Poderá ser oposta verbalmente ou por escrito, conforme
autorizado pelo art. 108 do CPP, mas não será juntada aos autos, formando procedimento apartado (art. 111 do CPP).
No tocante à legitimidade para suscitá-la, caberá, como regra, à defesa. Relativamente ao Ministério Público, é induvidosa a sua legitimidade quando estiver atuando na condição de fiscal da lei (ação penal privada). Entretanto, como autor da ação penal, embora haja controvérsias, não poderá, em princípio, argui-la (tampouco o querelante), já que a incompetência do juízo é causa de nulidade do processo (art. 564, I, do CPP) e, nos termos do art. 565 do CPP, a nulidade não pode ser arguida por quem a ela deu causa. 
Quanto ao assistente de acusação, compreende a maioria da jurisprudência que não possui esta legitimidade pelo fato de não constar, entre os poderes que lhe são facultados pelo art. 271 do CPP, a possibilidade de suscitar exceções.
Momento para a propositura: segundo o art. 108 do CPP, a exceção de incompetência deverá ser deduzida no prazo da defesa, o que se deve compreender como a primeira defesa ofertada nos autos. Inobservados estes lapsos, a consequência será a preclusão da oportunidade e a prorrogação da competência.
Procedimento: arts. 108 e 111, CPP. Se julgada improcedente a exceção, o processo continuará tramitando no juízo de origem. Por outro lado, se procedente, os autos serão encaminhados ao juízo considerado competente, onde poderãoocorrer duas situações:
O juiz a que foram encaminhados os autos do processo principal por força da procedência da exceção concorda com esta solução, reconhecendo a competência de seu juízo para o processo e julgamento da ação penal - estabelece o art. 567 do CPP que ficarão nulos os atos decisórios já realizados no juízo incompetente, devendo estes serem renovados no foro competente. No que concerne aos atos instrutórios, vale dizer, sem carga decisória, sugere o art. 108, § 1.º, do CPP que poderão ser ratificados pelo juiz que receber o processo
Quanto aos atos decisórios existe concepção, que tem sido tendência nos Tribunais Superiores, considerando, como regra geral, a possibilidade de ratificação de todos os atos realizados no juízo incompetente, à exceção das decisões adotadas por ocasião do juízo de admissibilidade da acusação no procedimento do júri (pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação para crime não doloso contra a vida) e das sentenças finais de absolvição e condenação. Segundo essa linha de pensamento, é possível aproveitar e ratificar todos os atos decisórios incidentais, v.g., a decretação do sequestro de bens, da homologação do incidente de insanidade mental, do julgamento de procedência do incidente de falsidade documental.
O juízo a que foram encaminhados os autos do processo principal, por força da procedência da exceção, não se considera competente para o processo – se o magistrado não concordar, deverá suscitar conflito negativo de competência junto ao órgão próprio do tribunal a que vinculado.
Declaração de ofício pelo juiz: tratando-se de incompetência absoluta – ratione materiae e ratione personae –, que dispensa a arguição por meio de exceção, pois a nulidade absoluta, como regra, permite declaração ex officio pelo juiz.
Na hipótese de incompetência relativa – ratione loci –, que se constitui no objeto da exceção de incompetência, o STJ, por meio da Súmula 33, consolidou entendimento no sentido de que “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”.
Exceção de litispendência
é oponível quando houver ações penais idênticas em andamento, o que pressupõe: 
Igualdade de sujeito passivo - duas ou mais ações deverão ter sido movidas contra o mesmo réu.
Identidade de causa de pedir - respeita ao fato imputado, que deve ser o mesmo em ambas as ações penais, ainda que a capitulação atribuída em cada um dos processos seja distinta.
Igualdade de pedido – o pedido não terá tanta relevância, pois deverá ser sempre o de condenação. 
Esta exceção poderá ser arguida por qualquer dos sujeitos processuais, impondo-se, para o seu reconhecimento pelo juiz, a prévia oitiva da outra parte.
Caso haja, em curso, dois inquéritos distintos visando à investigação do mesmo fato criminoso, a solução a ser adotada pelo investigado apenas poderá ser a impetração de habeas corpus ou de mandado de segurança, conforme seja ou não o crime investigado punido com prisão. Terá intenção de encerrar o constrangimento ilegal decorrente de dupla investigação. 
Processo junto ao qual deverá ser arguida – segundo entendimento do STF: “Os institutos da litispendência e da coisa julgada direcionam à insubsistência do segundo processo e da segunda sentença proferida, sendo imprópria a prevalência do que seja mais favorável ao acusado”
A litispendência não está sujeita a prazo peremptório, visto que importa em nulidade absoluta. Assim, poderá ser arguida em qualquer tempo, desde que antes da sentença.
Detectada duplicidade de ações após a sentença, deve ser arguida em preliminar de recurso. 
Caso constatada após o trânsito em julgado (do 2º processo) – neste caso não se estará diante de litispendência, pois não há duas ações em curso. Sendo caso de sentença condenatória, caberá ao réu desconstituí-la por meio de HC ou revisão criminal; no caso de sentença absolutória, resta opor a exceção de coisa julgada.
E se os dois processos já estiverem julgados?
Procedimento: a exceção de litispendência seguirá o procedimento estabelecido para a exceção de incompetência (art. 110 do CPP).
Declaração de ofício pelo juiz: constatando o juiz que preside um dos processos que outro há em andamento e que assim deva permanecer, poderá, agindo ex officio, determinar a extinção do remanescente sob o fundamento da ocorrência de litispendência.
Exceção de ilegitimidade de parte
Refere-se, primordialmente, à ilegitimidade ad causam, ou seja, à titularidade do direito de ação (polo ativo) e à capacidade para figurar como réu (polo passivo) na relação processual.
Majoritariamente tem-se considerado possível o seu ingresso também em hipóteses de ilegitimatio ad processum, relativa esta à capacidade necessária para a prática de atos de natureza processual. Ex: representação oferecida por quem não é o representante legal da vítima de crime de ação penal condicionada; Querelante menor que outorga procuração a advogado para intentar queixa-crime.
A ilegitimidade ad causam, por ter natureza peremptória e sendo reconhecida, implica em nulidade da ação desde o seu início. A ad processum, ora poderá ser dilatória, ora peremptória, a depender da natureza e gravidade do vício. 
Ex: ilegitimidade de quem oferece representação no lugar de vítima menor, como pode ser sanada (art. 568), pode não ter a nulidade declarada; por outro lado, queixa-crime ajuizada por querelante menor é insanável.
Prazo: O reconhecimento da ilegitimidade provoca a nulidade processual e, por isso, não se sujeita à preclusão. Destarte, pode ser arguida em qualquer tempo pelos interessados.
Procedimento: seguirá o mesmo procedimento da exceção de incompetência (art. 110 e 111 do CPP).
A procedência da exceção importará em extinção do processo (salvo caso de ilegitimidade ad processum dilatória), se julgada improcedente, o processo continuará tramitando.
Declaração de ofício pelo juiz: Não há óbice a que seja a ilegitimidade reconhecida ex officio pelo juiz. Ocorrendo essa constatação na fase anterior à instauração da relação processual penal, deverá o magistrado rejeitar a denúncia ou a queixa, na forma do art. 395, II, do CPP (falta de pressuposto processual).
Tratando-se de verificação posterior à instauração do processo, poderá o juiz anular e extinguir o processo com base no art. 564, II, do CPP.
Acolhida a exceção, caberá o recurso em sentido estrito, previsto no art. 581, III, do CPP. Não sendo acolhida a exceção, significa que o processo continuará com a parte ativa (i)legítima. E, contra essa decisão, não há previsão de recurso algum. Daí por que caberá ao réu interpor habeas corpus (art. 648, VI, do CPP) para trancamento do processo, por sua manifesta nulidade em virtude da ilegitimidade ativa. Nada impede, que após sentença condenatória, a ilegitimidade seja levantada em preliminar de apelação.
Exceção de coisa julgada
É exceção de natureza peremptória, que tem seu fundamento remoto na circunstância de que ninguém pode ser punido mais de uma vez pelo mesmo fato.
Se for instaurado procedimento investigatório para apuração de fato que já foi objeto de sentença transitada em julgado, os caminhos para o respectivo trancamento serão o habeas corpus ou o mandado de segurança.
O acolhimento da exceção de coisa julgada pressupõe identidade de ações, o que abrange: 
Igualdade de sujeito passivo - as ações deverão ter sido movidas contra o mesmo réu, não importando a condição do sujeito ativo.
Identidade de causa de pedir - respeita ao fato imputado, ainda que com capitulações diversas.
Igualdade de pedido - o pedido é o de condenação.
A exceção de coisa julgada não está sujeita à preclusão. Destarte, pode ser arguida em qualquer tempo pelos interessados, desde que antes da sentença. Nada impede que a matéria seja arguida em grau de recurso como preliminar, ou mesmo em revisão criminal visando à desconstituição de sentença condenatória.
Quanto ao procedimento, de acordo com os arts. 110 e 111 do CPP, a exceção de coisa julgada observará as disposições relativas à tramitação da exceção de incompetência. Nada impede o juiz de reconhecerex officio a ocorrência de coisa julgada, pois ninguém pode responder processo criminal por fato já decidido.
Coisa julgada formal: é a imutabilidade da decisão judicial provocada pela sua natureza irrecorrível, ou pela não interposição do recurso cabível no prazo legal, ou pelo esgotamento de todas as vias impugnativas possíveis. 
Descabe a exceção de coisa julgada diante da coisa julgada formal (é um fenômeno processual, não incidindo sobre o mérito nesta situação; não produz efeitos para outros processos). Ex1: rejeição da queixa-crime oferecida pelo querelante em ação pública, antes do esgotamento do prazo para o MP propor a denúncia. 
Caso o Ministério Público não venha a propor a denúncia no lapso que lhe é facultado por lei, poderá o mesmo querelante intentar outra queixa, relativamente ao mesmo réu e com a imputação do mesmo fato. A decisão anterior de rejeição, enfim, não impede o (re)exercício da ação penal.
Ex2: decisão de impronúncia resultando da conclusão do juiz no sentido da inexistência de indícios de autoria ou de prova de materialidade do fato, pressupõe o ingresso do magistrado em questões atinentes ao mérito.
A coisa julgada decorrente desta espécie de decisão não se projeta em relação à futura ação penal que venha a ser ajuizada em face do que dispõe o art. 414, parágrafo único, do CPP. O mesmo se dará na decisão de pronúncia, a qual poderá ser modificada pelos jurados, em caso de desclassificação do crime.
Coisa julgada material: é a imutabilidade dos efeitos substanciais da sentença de mérito e, ao contrário da coisa julgada formal, produz reflexos em relações processuais distintas que envolvam o mesmo fato e o mesmo réu. Apenas ela poderá ser objeto de exceção de coisa julgada.
Ex1: rejeição da denúncia sob o fundamento da atipicidade. Esgotando-se as vias impugnativas, fará coisa julgada formal, mas também material, por não ser mais passível de discussão. 
Coisa soberanamente julgada: a coisa soberanamente julgada consiste em uma variante da coisa julgada material e, assim como nesta última, poderá ser objeto de arguição por meio da exceção de coisa julgada.
Além de ser imutável pela coisa julgada formal, torna-se coisa julgada material e irrescindível. O decisum, neste caso, jamais poderá ser desconstituído, ainda que nulo, injusto ou manifestamente ilegal.
Ex: sentença absolutória criminal, mesmo que se descubram novas provas que incriminem o réu.
A exceção de coisa julgada e os limites objetivos e subjetivos: O estudo relativo aos limites objetivos da coisa julgada tem por fim determinar quais as partes da sentença que produzem coisa julgada material. Segundo o art. 110, § 2º, a exceção é oposta em relação ao fato principal objeto da sentença. por fato principal compreende-se a imputação feita ao réu, vale dizer, aquela que se possa concluir a partir da descrição incorporada à denúncia ou queixa-crime. 
Por outro lado, os limites subjetivos da coisa julgada dizem respeito à imutabilidade da decisão em relação aos sujeitos processuais. Baseando-se no art. 506 do CPC/2015, entende-se que a decisão criminal produza coisa julgada apenas em relação ao responsável pela infração que, devidamente processado, tenha sido definitivamente condenado ou absolvido.
Em hipótese de os efeitos da sentença se estender a terceiros, caberá, por este, a exceção de coisa julgada. Ex: Tício é denunciado por furto qualificado à uma residência por concurso de pessoas, e no decorrer do processo, as investigações policiais chegam a Mévio, vindo ele a ser processado posteriormente. Ocorre que se descobre que Tício e Mévio apenas transportavam um objeto pesado que teria sido dado pelo dono da residência. Tício vindo a ser absolvido por atipicidade da conduta, poderá Mévio se utilizar da exceção de coisa julgada.
Exceção de coisa julgada no concurso formal de crimes:
O instituto apenas poderá ser invocado como matéria de defesa na hipótese em que a sentença proferida em relação ao crime imputado tenha sido absolutória. Contudo, se houve, em relação àquele delito, veredicto condenatório, nada obsta a propositura de ação penal em relação ao crime remanescente.
Exceção de coisa julgada no crime continuado:
a coisa julgada produzida pela sentença condenatória, o questionamento que se impõe respeita à hipótese de ter sido o indivíduo condenado em processos distintos, constatando-se posteriormente, já na fase da execução das penas atribuídas por sentenças diversas, que todos foram perpetrados em condições tais que autorizariam o reconhecimento do crime continuado. Neste caso, faculta-se ao juiz da execução aplicar o instituto da unificação das penas.
Exceção de coisa julgada nos crimes permanentes:
Ocorre só um crime, de forma que não poderá ser acionado novamente pelo mesmo delito. 
Exceção de coisa julgada nos crimes habituais:
Ora, denunciado e julgado, definitivamente, o agente por esse crime, não poderá, posteriormente, voltar a ser acionado por qualquer das condutas que incorporaram o processo criminal em razão da coisa julgada material.
Formas de impugnação da decisão judicial proferida nas exceções:
Na exceção de suspeição – conforme já dito, não é decidida pelo próprio magistrado excepto, mas pelo órgão competente do tribunal ao qual está vinculado o magistrado. Como, normalmente, a exceptio suspicionis é decidida por uma câmara dos Tribunais de Justiça ou por uma turma dos Tribunais Regionais Federais, a respectiva decisão poderá ser atacada por meio dos recursos especial e extraordinário, tanto em caso de procedência ou improcedência. 
Nas exceções de incompetência, litispendência, ilegitimidade de
parte e coisa julgada - Na hipótese de procedência destas exceções, será cabível a interposição de recurso em sentido estrito, fundamentado no art. 581, III, do CPP.
No caso de improcedência caberá a impetração de habeas corpus, se o crime imputado for punido com prisão, ou de mandado de segurança, se o delito atribuído for punido com pena não privativa da liberdade.
Reconhecimento ex officio pelo juiz da incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada - Em relação ao reconhecimento ex officio da incompetência do juízo, é oponível recurso em sentido estrito fundamentado no art. 581, II, do CPP.
Não havendo previsão de RESE em relação à decisão judicial que, ex officio, reconhece a ocorrência de litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada, duas alternativas se apresentam:
Primeira: a decisão do magistrado poderá ser apelável por força do disposto no art. 593, II, do CPP, que trata da apelação contra “as decisões definitivas ou com força de definitivas”.
Segunda: considerando que importam em nulidade absoluta do processo, justificam o cabimento de recurso em sentido estrito fulcrado no art. 581, XIII, do CPP, dispondo sobre o cabimento dessa via impugnativa contra a decisão que, de ofício ou a requerimento dos interessados, anular o processo no todo ou em parte.
CONFLITO DE JURISDIÇÃO (ARTS. 113 A 117 DO CPP)
Conflito negativo: duas ou mais autoridades judiciárias se disserem igualmente incompetentes para o julgamento.
Conflito positivo: dois juízes (ou tribunais) se acharem igualmente competentes para o julgamento do processo.
O conflito será de jurisdição quando ocorrer entre órgãos da jurisdição especial (militar e eleitoral); entre órgãos da jurisdição especial e comum (federal ou estadual), bem como entre órgãos da Justiça Comum Federal em relação a outro da Justiça Estadual. Será de competência o conflito quando ocorrer entre órgãos julgadores pertencentes à mesma “Justiça” e vinculados ao mesmo tribunal.
Órgão competente para julgar o respectivo conflito positivo ou negativo: deverá ser aquele de jurisdição superior entre os quais se estabeleceu o conflito. Ex: conflito entre juízes de direito estaduais, competirá ao respectivo tribunal de justiça; se forem juízes de diferentes estados, caberá ao STJ o julgamento do conflito; entre juízes federais, caberá ao respectivo TRF ao qual eles estão vinculados, mas, se pertencerem a tribunaisde regiões diferentes, caberá ao STJ o julgamento do conflito. Entre um juiz de direito e um juiz federal. Nesse caso, caberá ao STJ o julgamento.
Conflito de atribuições: ocorre quando o conflito se refere à autoridades administrativas. Ex: Ministério Público e Polícia Judiciária. Será dirimido pelo próprio órgão administrativo. Para identificar se houve conflito de jurisdição ou de atribuições, irá depender da respectiva manifestação do juiz. 
Se, e.g., um promotor de justiça não oferece denúncia em um inquérito policial, requerendo sua remessa à promotor de comarca diversa, ao aportar os autos nesta comarca, caso o juízo se pronuncie sobre a competência para julgamento estar-se-á diante do conflito de competência; caso o juiz apenas acolha o requerimento do MP, enviando os autos ao promotor daquela comarca, caso este não concorde, haverá conflito de atribuições. 
Avocatória (art. 117): se o STF considerar-se competente para deliberar sobre processo que tramita em instância inferior (juízos de 1ª Instância ou Tribunais), poderá avocá-lo, ou seja, trazer para si a decisão sobre a demanda.

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