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Conceito, evolução histórica e alimentos

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Embora predominem no direito de família as normas de ordem pública, como a Constituição Federal, seu caráter é predominantemente PRIVADO, sendo considerada, um ramo do direito civil.
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Artigo 226, caput da Constituição Federal:
“A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.
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Não podemos reduzir um tema tão complexo em um único conceito. 
Inicialmente, falemos em FAMÍLIAS e não FAMÍLIA. 
Como refere Jones Figueiredo Alves, apenas uma consoante a mais sintetiza a magnitude das famílias em suas multifacetadas formatações.
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Há na doutrina uma tendência de ampliar o conceito de família para abranger situações não mencionadas pela Constituição de 1988.
Fala-se atualmente, em:
FAMÍLIA MATRIMONIAL: decorrente do casamento;
FAMÍLIA INFORMAL: decorrente da união estável;
FAMÍLIA MONOPARENTAL: constituída por um dos genitores com seus filhos;
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FAMÍLIA ANAPARENTAL: constituída somente pelos filhos;
FAMÍLIA HOMOAFETIVA: formada por pessoas do mesmo sexo;
FAMÍLIA EUDEMONISTA: caracterizada pelo vínculo afetivo
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A família, no Código Civil de 1916 era unicamente constituída pelo MATRIMÔNIO.
- ESTREITA E DISCRIMINATÓRIA VISÃO DE FAMÍLIA; limitando-a ao casamento!
Não trazia dissolução do matrimônio e trazia qualificações ou expressões discriminatórias como: vínculos extramatrimoniais e filhos ilegítimos (havidos fora do casamento).
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E a evolução da família continuou:
A mais expressiva alteração foi o Estatuto da Mulher Casada (Lei 4.121/62), que devolveu a plena capacidade à mulher casada e deferiu-lhe bens reservados, adquiridos com o fruto do seu trabalho.
A instituição do divórcio com a EC 9/1977 e a Lei 6.515/77: acabou com a indissolubilidade do casamento, eliminando a ideia da família como “instituição sacralizada”.
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A promulgação da CF/88, pois fim a séculos de preconceito e hipocrisia, quando num único dispositivo instaurou a igualdade entre o homem e a mulher e passou a proteger de forma igualitária todos os membros da família.
Passou a proteger também a União estável;
A Família Monoparental;
A igualdade entre os filhos;
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A possibilidade de a dissolução do casamento ocorrer extrajudicialmente, retirou do Judiciário o monopólio de acabar com a sociedade conjugal.
A Emenda Constitucional 66/2010, eliminou o instituto da separação judicial e pôs fim aos prazos e à necessidade de identificar causas para dissolver o vínculo matrimonial.
EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 66/2010
Artigo 226, § 6º da CF/88:
“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.”
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CONCLUSÃO ACERCA DAS MUDANÇAS SOCIAIS E LEGISLATIVAS:
Nas sábias palavras da professora Maria Berenice Dias:
 “A família, apesar do que muitos dizem, não está em decadência. Ao contrário, houve a repersonalização das relações familiares na busca do atendimento aos interesses mais valiosos das pessoas humanas: afeto, solidadariedade, lealdade, confiança, respeito e amor.”
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Código Civil/2002: Artigos 1694-1710
LEI 5.478/68- Dispõe sobre a Ação de Alimentos
LEI 11.804/2008 – Alimentos Gravídicos
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL- LEI 13.105/2015
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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO DE ALIMENTOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL- LEI 13.105/2015
1) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, SOB PENA DE PRISÃO (arts. 528/533);
2) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, SOB PENA DE PENHORA (art. 528, § 8º);
3) EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL, SOB PENA DE PRISÃO (arts. 911/912);
4) EXECUÇÃO DE ALIMENTOS, FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL SOB PENA DE PENHORA (art. 913).
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CONCEITO
Alimentos são as prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si.
Tem por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência.
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Os alimentos abrangem tudo o que for necessário à manutenção da pessoa, como alimentação, vestuário, medicação, educação, enfim, todo o necessário à condição social e moral.
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CONTEÚDO DOS ALIMENTOS:
ABRANGEM O INDISPENSÁVEL AO SUTENTO, VESTUÁRIO, HABITAÇÃO, ASSISTÊNCIA MÉDICA E INSTRUÇÃO.
CC/2002, Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.
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Os alimentos decorrem primordialmente do direito fundamental à vida, garantido pela Constituição Federal/88, no Caput do artigo 5º.
Por isso deve ser interpretado de forma ampla, de forma a garantir a sobrevivência do necessitado.
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Art. 1694 CC/02:
“Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.”
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São pressupostos da obrigação de prestar alimentos:
Necessidade do reclamante;
Possibilidade da pessoa obrigada;
Proporcionalidade (necessidades do alimentando e os recursos do alimentante);
Existência de um vínculo de parentesco ou em razão de casamento ou união estável
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ESPÉCIES DE ALIMENTOS
Alimentos Naturais são os correspondentes ao indispensável à satisfação das necessidades básicas de uma pessoa, para sobrevivência.
Os Alimentos Civis ou Côngruos visam à manutenção da condição social e status da família.
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Atenção a esta espécie, objeto da nossa matéria!
ALIMENTOS LEGAIS OU LEGÍTIMOS são os alimentos estabelecidos por lei, decorrentes de parentesco, casamento ou companheirismo. Têm previsão no art. 1.694, do Código Civil.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
 
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§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
Obs.: ordem preferencial (em razão do parentesco):
A) pai e mãe;
B) demais ascendentes;
C) descendentes;
D) os irmãos unilaterais ou bilaterais, sem distinção ou preferência
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Voluntários:
 são os alimentos aos quais uma pessoa voluntariamente se obriga, sem que tenha dever legal de prestá-los. Podem decorrer de declaração de vontade inter vivos, sendo próprios do direito obrigacional, e chamados também obrigacionais, ou de declaração de vontade causa mortis, em testamento, sendo próprios do direito sucessório, chamados também testamentários.
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Indenizatórios: 
São os decorrentes da prática de ato ilícito, conforme art. 948, II e 950, do CC, pertencente também ao direito obrigacional.
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I – no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
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Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.
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ATENÇÃO!
É certo que somente os alimentos legais são objeto do direito de família, de modo que somente a eles se aplica a regulação da prisão civil por inadimplemento.
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Alimentos Definitivos: são os permanentes, embora passíveis de revisão, podendo ser fixados em sentença ou em acordo entre os envolvidos, homologados judicialmente, salvo hipótese de estabelecimento em divórcio consensual
por escritura pública.
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São Provisórios: os alimentos fixados judicialmente, em liminar de ação de alimentos, mediante prova pré-constituída de parentesco, casamento ou união estável. 
Sua fixação é obrigatória, se requeridos, e se efetivada a prova em questão, não sendo dado ao juiz fazer outro juízo de valor que não o cumprimento deste requisito legal.
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Os alimentos Provisionais, ao contrário, pedidos em medida cautelar preparatória ou incidental de divórcio, separação, alimentos, ou nulidade/anulação de casamento.
 Para deferimento, sujeitam-se à caracterização dos requisitos das cautelares em geral, quais sejam, fumaça do bom direito e perigo na demora. 
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(Alimentos Provisionais)
Ainda que haja previsão legal de não cabimento no curso da ação de investigação de paternidade, autorizando-se sua fixação somente na sentença (art. 5º, Lei 883/49), fato é que tal fere a igualdade constitucionalmente assegurada.
 Assim, devem ser admitidos retroagindo-se a citação, e mesmo liminarmente, se houverem indícios efetivos de paternidade.
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Vejamos o Posicionamento jurisprudencial acerca do deferimento dos alimentos provisionais na Ação de Investigação de Paternidade:
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Ementa
INVESTIGATORIA DE PATERNIDADE E ALIMENTOS. CABEM ALIMENTOS PROVISIONAIS EM INVESTIGACAO DE PATERNIDADE (EQUIVOCADAMENTE DENOMINADA DE "DECLARACAO INCIDENTAL DE PATERNIDADE"), QUANDO PRESENTES DADOS PROBATORIOS SUFICIENTES NO SENTIDO DE INDICAR EXISTENCIA DE UMA PATERNIDADE, AINDA QUE NAO HAJA A CERTEZA ADVINDA DA PRODUCAO INTEGRAL DA PROVA. AGRAVO NEGADO, POR MAIORIA.
(Agravo de Instrumento Nº 596047845, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator Vencido: Antônio Carlos Stangler Pereira, Redator para Acordão: Sérgio Gischkow Pereira, Julgado em 23/05/1996)
 
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Ementa
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS PROVISIONAIS FIXADOS EM DECISÃO INTERLOCUTÓRIA PROFERIDA EM AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA RECONHECENDO O PARENTESCO. PRESENÇA DE DÚVIDA RAZOÁVEL QUANTO À LEGALIDADE DA DECISÃO QUE FIXOU OS ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL DO INVESTIGADO. DESCABIMENTO.
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1. No caso em apreço, foi decretada a prisão do paciente em razão do descumprimento de obrigação de prestar alimentos fixados em decisão interlocutória proferida em ação de investigação de paternidade, antes, portanto, da prolação de sentença reconhecendo a relação de parentesco entre o recorrente e a alimentanda.
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2. A possibilidade de fixação de alimentos provisionais em sede de ação de investigação de paternidade é disciplinada pelo art. 7º da Lei nº 8.520/92, bem como pelo art. 5º da Lei nº. 883/49, já revogada, mas vigente quando da decisão que fixou os alimentos. Tais dispositivos tratam expressamente da possibilidade de fixação de alimentos provisionais quando já proferida sentença que reconheça a paternidade, ainda que tenha sido ela objeto de recurso. Contudo, nada dispõem acerca da fixação de alimentos provisionais quando ainda não há reconhecimento judicial do vínculo de parentesco.
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3. Na mesma esteira, já decidiu esta Eg. Corte que "a Legislação consagra a sentença declaratória de paternidade como termo a quo para fixação dos alimentos provisórios. O motivo ensejador dessa fixação é lógico, pois somente aí é reconhecida a relação de parentesco entre as partes e, conseqüentemente, a obrigação de prestar alimentos" (REsp 200595/SP, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 08/05/2003, DJ 09/06/2003, p. 263). 
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4. Nesse contexto, embora a matéria não esteja pacificada no âmbito desta Eg. Corte, a redação legal, o precedente supramencionado e posições doutrinárias no sentido supra evidenciam a existência de dúvidas acerca da legalidade de decisão que determina, no bojo de ação investigatória de paternidade cumulada com alimentos, o pagamento de alimentos provisionais, antes da prolação de sentença que declare a existência do vínculo de parentesco. 
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5. Da leitura do art. 5º, inc. LXVII, da CF, depreende-se que a gravidade da medida coercitiva de prisão civil só será aplicável em casos excepcionais, nos quais o descumprimento da obrigação revele-se inescusável, o que não se vislumbra na hipótese. 6. Ressalte-se que não se está a desonerar o recorrente da obrigação de prestar os alimentos provisionais fixados, o que se mostra inclusive inviável na presente estreita via, mas tão-somente retirando a força coercitiva de tal obrigação a ponto de ensejar a segregação civil do recorrente. 7. Recurso ordinário provido.
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DERRADEIRAS ESPÉCIES:
Os alimentos Pretéritos referem-se a período anterior a propositura da ação, os atuais, a partir do ajuizamento e os futuros a partir da sentença, sendo certo que os primeiros são afastados pelo direito brasileiro.
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ATENÇÃO!
Julgada improcedente a ação de alimentos, descabe ação de repetição de indébito por parte do suposto pai, relativamente aos pagamentos efetuados, em virtude do princípio da irrepetibilidade dos alimentos.
Ou seja, os alimentos, uma vez pagos, são irrestituíveis, sejam provisórios, definitivos ou provisionais.
Quem pagou alimentos, pagou uma dívida, não se tratando de uma antecipação ou empréstimo! 
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A LEI Nº 11.804/2008 inovou o ordenamento jurídico disciplinando o direito a alimentos gravídicos, a forma como ele será exercido e dando outras providências sobre o instituto.
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LEI 11.804/2008
LEGITIMIDADE ATIVA:
 Confere à própria gestante legitimidade ativa para propositura da ação de alimentos.
OBJETIVO: proporcionar um nascimento com dignidade ao ser concebido.
Segundo a jurisprudência é “proporcionar ao nascituro um desenvolvimento sadio”.
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LEGITIMIDADE PASSIVA: exclusivamente do suposto pai.
 As despesas serão custeadas pelo suposto pai e pela gestante, na proporção dos recursos de ambos.
Proporcionalidade: necessidade X Possibilidade
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Existência de indícios de paternidade:
Devem ser analisados com muito rigor pelo Juiz.
Fotos, notas fiscais de compra de objetos para o bebê em nome do suposto pai, etc.
ATENÇÃO!
O Juiz não pode determinar a realização de exame de DNA por meio da coleta de líquido amniótico, porque pode colocar em risco a vida da criança, além de retardar o andamento do feito.
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Responsabilidade Civil da Mãe em caso de dolo ou culpa grave
O artigo 9º do Projeto de Lei que resultou na Lei de Alimentos gravídicos, previa a possibilidade de responsabilização objetiva da gestante em caso de negativa de paternidade.
Tal dispositivo foi vetado pois afrontava o princípio constitucional de acesso à justiça. E poderia desencorajar a mulher grávida de propor ação de alimentos gravídicos.
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Assim, foi afastada da Lei essa possibilidade 
De responsabilidade objetiva.
Porém, não se descarta a hipótese de aplicação do artigo 186 do CC/02, que exige prova do dolo ou culpa do causador do dano.
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Art. 1o  Esta Lei disciplina o direito de alimentos da mulher gestante e a forma como será exercido.
        Art. 2o  Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. 
                
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 Parágrafo único.  Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos. 
Art. 6o  Convencido da existência de indícios
da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.   
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 Art. 6º [...]
  
Parágrafo único.  Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. 
        Art. 7o  O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias. 
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Art. 11.  Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. 
        Art. 12.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
        Brasília,  5  de  novembro   de 2008; 187o da Independência e 120o da República. 
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA  Tarso Genro José Antonio Dias Toffoli Dilma Rousseff
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AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS
Havendo modificação nos pressupostos objetivos da obrigação de prestar alimentos:
NECESSIDADE DO RECLAMANTE/POSSIBILIDADE DA PESSOA OBRIGADA, 
permite a Lei que, nesse caso, proceda-se à alteração da pensão, mediante ação revisional ou de exoneração, pois toda decisão ou convenção a respeito de alimentos traz ínsita a cláusula rebus sic stantibus*.
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REBUS SIC STANTIBUS representa a Teoria da Imprevisão e constitui uma exceção à regra do Princípio da Força Obrigatória. Trata da possibilidade de que um pacto seja alterado, a despeito da obrigatoriedade, sempre que as circunstâncias que envolveram a sua formação não forem as mesmas no momento da execução da obrigação contratual, de modo a prejudicar uma parte em benefício da outra. Há necessidade de um ajuste no contrato.
Rebus Sic Stantibus pode ser lido como "estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas estão assim".
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O artigo 1.699 dispõe que:
“Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”
 As ações revisionais e exoneratórias são autônomas, aplicando-se a elas as disposições da ação de alimentos, consoante a Lei n º 5.478/1968 (Lei de Alimentos).
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O Trânsito em Julgado nas Ações de Alimentos
A Lei nº 5.478/68, também conhecida como Lei de Alimentos, dispõe em seu artigo15:
 “A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados”.
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ATENÇÃO!
A sentença proferida em ação de alimentos não faz coisa julgada material, mas apenas formal, no sentido de que se sujeita a reexame ou revisão, independentemente de esgotamento de todos os recursos.
Esse dispositivo legal foi alvo de várias críticas doutrinárias.
As ações de alimentos, segundo o posicionamento da doutrina majoritária, fazem sim coisa julgada, diferentemente do que diz o art. 15 do referido diploma legal, pois para estes doutrinadores há erro formal neste artigo, em seu conteúdo.
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Ocorre quando a sentença judicial se torna irrecorrível, ou seja, não admite mais a interposição de qualquer recurso. Tem como objetivo dar segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo. 
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A coisa julgada pode ser formal, quando a sentença não pode ser alterada dentro do mesmo processo, porém poderá ser discutida em outra ação, ou material, quando a sentença não pode ser alterada em nenhum outro processo.
Por qual motivo a L.A trouxe a possibilidade de modificação da Sentença de Alimentos?
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A obrigação alimentar tem caráter continuativo, ou seja, é uma relação de longa duração e que se encontra em constante dinamismo. 
Pode surgir de uma união (união estável ou casamento), do nascimento e de outros laços parentais, sendo que inúmeras variações no cenário fático da vida do alimentando e do alimentante, poderá alterar as bases de onde está assentada a obrigação de prestar alimentos.
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Assim, o quantum estabelecido poderá sofrer:
Majoração; (necessidade do alimentando: doença grave de tratamento prolongado, ingresso em instituição particular de ensino, etc.)
Redução: acentuada redução nos ganhos mensais do devedor
Exoneração do encargo alimentar ( Ex: maioridade, conclusão de Ensino Superior).
Por meio de Ação própria.
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RITO PROCESSUAL:
A Ação Revisional dos Alimentos definitivos segue o mesmo rito da Lei 5.478/68 (Rito especial)
Art. 13 O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, [...] à revisão de sentenças proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções.
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JUÍZO COMPETENTE
Inexistindo mudança no domicílio do alimentando, a competência será do juízo onde tramitou o processo de alimentos em que a pensão havia sido fixada.
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Inexiste prevenção para a ação revisional ou exoneratória, sujeitando-se à regra especial de competência ou FORO DO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO ALIMENTANDO 
se houve mudança de domicílio, a competência para propor a ação revisional será no novo endereço do alimentando.
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