Buscar

Direito Processual Penal I

Prévia do material em texto

Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
1
DIREITO PROCESSUAL
PENAL I
Prof.: Jocemar Marson
1Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL I - Prof.: Jocemar Marson
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
22Disciplina: NOME DA DISCIPLINA
 EMENTA
 AVALIAÇÕES
 BIBLIOGRAFIA
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
33Disciplina: NOME DA DISCIPLINA
Processo Penal Constitucional
Para falarmos do Direito Processual Penal no Brasil e da sua
evolução, invariavelmente devemos fazer uma restrospectiva
históriaca dentro do Direito Penal.
Inicialmente o DP tratava-se de uma vingança do Estado contra o
praticante do delito, não havendo qualquer vínculo com a idéia de
humanidade, e, tampouco compromisso com os Princípios da
Razoabilidade e da Proporcionalidade.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
4
Num segundo momento o DP passa a se preocupar com as
noções de proporção e razoabilidade.
Temos como marco histórico a obra de Beccaria – Dos delitos e
das penas.
No Brasil, embora não fosse o regime uma ditadura militar, o
CPP nasceu na era Vargas, em 1941, caracterizado pela
instrumentalidade, sendo mero instrumento da aplicação do DP.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
5
Tal foco na aplicação da penalidade se distanciava de qualquer
preocupação com o réu e seus direitos fundamentais.
Ex: o juiz quando recebia a denúncia deveria decretar
automaticamente a prisão preventiva do acusado.
Decerto esta visão puramente instrumentalista do DPP resultou em
inúmeras violações de direitos fundamentais dos cidadãos.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
6
Com o advento da CRFB/88 o Brasil se solidifica no caminho
de um estado democrático de direito, em que se consagram
vários direitos fundamentais dos cidadãos, com especial
destaque para o art. 5º, vindo a remodelar a aplicação e a
finalidade do dirieto processual.
Presunção de inocência;
Princípio do juiz natural;
Princípio duplo grau de jurisdição;
Princípio da igualdade;
Princípio do devido processo legal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
7
Diante destes novos paradigmas não podemos dizer
que o DPP deixou de lado o seu caráter intrumental,
muito pelo contrário, pois ele ainda é o meio eficação
para se chegar à aplicação da pena, porém, em um
estad democrático de direito, ele não pode ter somente
este papel reduzido, necissitando ir além, sendo
também um instrumento de tutela dos direitos
fundamentais.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
8
Conceito mais completo de Processo Penal nos é
fornecido por José Frederico Marques, que assim se
expressava:
Direito Processual Penal é o conjunto de princípios e
normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito
Penal, bem como as atividades persecutórias da
Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da
função jurisdicional e respectivos auxiliares.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
9
O Direito Processual Penal é uma disciplina
incontestavelmente autônoma, uma vez que possui objeto
e princípios que lhes são próprios. Tem tal ramo do
direito, como principal finalidade, possibilitar a realização
da pretensão punitiva derivada da prática de um ilícito
penal, ou , em outras palavras, tem como principal
finalidade aplicar o direito penal. E por isso se diz que é
uma disciplina instrumental, uma vez que constitui o meio
do qual se vale o direito material penal para se fazer
atuar.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
10
Garantismo Penal
No modelo europeu o processo foca-se na garantia de
direitos fundamentais de todas as partes envolvidas no
processo.
No Brasil uma aplicação distorcida deste garantismo
acaba por fazer parecer ser mais importante os direitos e
garantias do réu em detrimento aos direitos e garantias
fundamentais da vítima do delito penal.
Fala-se até em garantismo à brasileira.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
11
JURISDIÇÃO
O termo “jurisdição” tem origem no latim “jurisdictio” que tem por
significado “dizer o direito”.
No ordenamento jurídico brasileiro, a jurisdição se define por ser
uma das funções do Estado, ou seja, sendo a prerrogativa que o
Estado detém para dirimir os conflitos de interesses trazidos à
sua apreciação. Neste sentido, diz MIRABETE[1].
Em segunda análise, veremos o papel da competência no
sentido de limitação do poder jurisdicional, tendo seus critérios
definidos no Código de Processo Penal no artigo 69.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
12
JURISDIÇÃO X SOBERANIA ESTATAL
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
13
CARACTERÍSTICAS
Para entendermos o conceito de jurisdição, necessário se faz
a observância de determinadas características intrínsecas a
este instituto, onde destacam-se a:
a) Substitutividade: O Estado, por meio de pessoas físicas
intelectualmente preparadas, é designado para compor
qualquer lide. A figura do juiz substitui a do particular para
resolver o conflito de interesses entre os contendores.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
14
b) Inércia: Cabe à parte provocar a prestação jurisdicional. O
Estado se mantém inerte até o momento em que o particular
o invoca. O juiz não pode obrigar o Ministério Público a
oferecer denúncia, salvo se a ação for incondicionada
pública, nos termos do artigo 28 do Código de Processo
Penal.
c) Imutabilidade: Também conhecida por “difinitividade”, os
atos jurisdicionais são os únicos que transitam em julgado,
diferentemente dos atos legislativos e administrativos.
Significa que as decisões transitadas em julgado são
imutáveis e definitivas.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
15
d) Unidade: A jurisdição é função exclusiva do Poder
Judiciário, exercido por intermédio de seus juízes os quais
decidem monocraticamente ou em órgãos colegiados.
Nesse sentido é que se diz ser a jurisdição única – como se
depreende do art 1º do Código de Processo Civil - tendo a
distribuição funcional da jurisdição em órgãos (varas cíveis,
varas criminais, varas trabalhistas) efeito meramente
organizacional.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
16
PRINCÍPIOS
Os princípios da jurisdição são aqueles sob os quais o
instituto se assenta. São as bases que sustentam a
jurisdição e seus desdobramentos. A inobservância de
tais princípios impede seu exercício e geram a ineficácia
de seus atos. Assim, vejamos quais são estes princípios:
a) Investidura: Apenas as autoridades em exercício com
investidura (concedida formalmente por meio de lei)
podem exercer o poder jurisdicional.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
17
b) Inevitabilidade: Trata do caráter obrigatório de submissão
das partes à decisão do magistrado. Não podem as partes
se recusarem a cumprir aquilo que foi determinado pelo
Estado na figura do juiz.
c) Inafastabilidade: O juiz não pode se recusar a prolatar
decisão não importando que motivo este alegue para qual,
sob pena de infração à dispositivo constitucional (artigo 5º,
XXXV, CF).
d) Juiz Natural: As pessoas submetidas à jurisdição têm o
direito de ser julgadas por um magistrado de ofício,
concursado. É vedada a nomeação de um juízo ad hoc
(designado à uma causa específica).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
18
e) Devido Processo Legal: O cidadão tem o direito de
percorrer o trâmite legal do processo em todas as suas
etapas e dispor de todos os tipos de defesanos termos da lei,
prestigiando o artigo 5º, LIV da CF.
f) Fundamentação das Decisões: A decisão do magistrado
deve obrigatoriamente ser fundamentada sob pena de
nulidade absoluta do julgado. Devem ser apresentados os
motivos pelos quais se fundou sua decisão, citando as provas
e fatos apresentados pelas partes que se somaram ao seu
juízo de livre convencimento para prolatar a sentença que
extinguiu a lide, seja com ou sem a resolução do mérito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
19
Tal mandamento encontra respaldo na Carta Magna
brasileira, mais precisamente em seu art. 93. IX:
“IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o
interesse público à informação;”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
20
CLASSIFICAÇÃO
A Jurisdição divide-se em:
Quanto à função:
1) Comum (ordinária): Consiste na justiça comum e seus órgãos
(Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Superior
Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal)
2) Especial (extraordinária): Possuem caráter específico e restrito
a uma determinada matéria.(militar, eleitoral)
Quanto à graduação:
1)inferior – 1ª instância;
2) superior – 2ª instância.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
21
Quanto ao organismo:
1) estadual;
2) Federal.
Quanto ao objeto:
1) contenciosa – litigiosa;
2) voluntária – homologa acordo entre as partes.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
22
ELEMENTOS DA JURISDIÇÃO
Os elementos da jurisdição são aqueles atos processuais que
vão desde o processo de conhecimento até a sua decisão.
O primeiro deles é a notio ou a cognitio, como o próprio
significado já diz, é quando o órgão judiciário fica sabendo da
existência do litígio e promove o processo, observando
sempre os pressupostos de existência e validade da relação
processual.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
23
A vocacio, que significa chamamento, diz respeito das pessoas
que fazem parte do processo, sendo eles partes integrantes do
processo ou testemunhas, de se fazerem presentes em juízo,
para que busque regular aquele determinado processo.
A coertio ou a coertitio é o poder de coação que o órgão
jurisdicional possui se houver algo que pode prejudicar o
andamento processual. Tomemos como exemplo uma pessoa
que foi processada pelo crime de furto, e que o autor demonstra
certa resistência e que pode fugir a qualquer momento. Para que
isso não ocorra, e não coloque a investigação em risco, o juiz
decreta a prisão preventiva.
O judictium (julgamento) é a última etapa da jurisdição, ou seja,
é quando o poder demandado do juiz aplica sua decisão sobre
aquele caso concreto, devidamente fundamentado em lei.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
24
Finalmente, temos a executio, que é a execução, ou seja, o
cumprimento da sentença proferida. Esse cumprimento tem
cunho obrigatório por parte do condenado, e o Estado possui
como obrigação fiscalizar este, sob medida de progressão ou
regressão de regime.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
25
LIMITES DE APLICAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Diferentemente do que ocorre no processo civil, onde há
previsão legal autorizando o juiz nacional a aplicar o direito
material estrangeiro (p. ex., arts. 7°, caput e §4°, 8°, caput e
§1°, art. 9°, caput e §1°, art. 10, caput, todos da Lei de
Introdução do Código Civil), no processo penal o juiz deve
sempre aplicar a lei processual penal brasileira para
processar e julgar os delitos que chegam a seu conhecimento.
Vigora, para a aplicação da lei processual brasileira no
espaço, o princípio territorial exclusivo ou absoluto, que impõe,
sem exceções, a aplicação da lex fori aos processos e
julgamentos realizados no território nacional, mesmo nas
hipóteses de ultraterritorialidade incondicionada ou
condicionada da lei penal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
26
Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e
Cândido Rangel Dinamarco esclarecem que:
“Como o Direito Penal (direito material) se rege estritamente
pelo princípio da territorialidade, não se impondo além dos
limites do Estado, e como as sanções de Direito Penal não
podem ser impostas senão através do processo, segue-se
que o juiz de um Estado soluciona as pretensões punitivas
exclusivamente de acordo com a norma penal pátria; ou,
em outras palavras, a jurisdição penal tem limites que
correspondem precisamente aos de aplicação da própria
norma penal material”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
27
COMPETÊNCIA
É a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder
jurisdicional pode ser exercido.
Jurisdição todo juiz possui, mas competência não.
Assim o STF tem competência em todo o território nacional,
enquanto que um juiz de direito tem competência somente na
comarca que exerce suas funções.
Fazem-se presentes fortemente na apreciação desta matéria os
Princípios do juiz natural e do juiz imparcial, vistos
anteriormente.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
28
A competência no PP poderá ser absoluta ou relativa:
A competência absoluta é aquela que não permite
prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser
arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição,
inclusive de ofício, sob pena de nulidade absoluta de todos
os atos praticados no feito (decisórios ou instrutórios).
Hipóteses de competência absoluta:
1)Competência em razão da matéria (ratione materiae): leva
em conta a natureza da infração a ser julgada;
1)Competência por prerrogativa de função (ratione personae):
leva em conta a pessoa que cometeu a infração penal, o
que implica um foro por prerrrogativa de função;
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
29
3) Competência funcional: leva em conta a distribuição dos
atos praticados:
a)Fase do processo: juizes que atuam em fases distintas do
processo (juiz que instrui e sentencia é diferente do juiz da
fase da execução penal)
b)Objeto do juizo: quando ocorre distribuição de tarefas
dentro do mesmo processo (tribunal do juri – juiz
presidente é responsavel pelas questões de direito,
prolação da sentença e dosimetria da pena – aos jurados
cabe a votação de quesitos);
c)Grau de jurisdição: competência funcional vertical,
resultante do duplo grau de jurisdição.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
30
Já a competência relativa permite prorrogação, caso não seja
arguida a tempo a incompetência do foro, afinal de contas ela
interessa sobretudo às partes. O desrespeito às normas de
competência relativa, segundo posicionamento doutrinário
prevalente, leva apenas à nulidade relativa dos atos decisórios
(não são anulados os atos instrutórios, conforme melhor
interpretação conferida ao art.567 do CPP, apesar de o STF
entender que não há nulidade de qualquer ato, instrutório ou
decisório).
No Processo Penal, é hipótese de competência relativa a
competência territorial (ratione loci). Ressalte-se, porém, que, no
Processo penal, a competência territorial pode ser reconhecida
de ofício pelo juiz, motivo pelo qual a Súmula nº33 do STJ, que
apregoa que:
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
31
“A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”, só
tem aplicabilidade no Processo Civil.
Contudo, de acordo com entendimentoda doutrina, “o
magistrado só poderá declarar-se de ofício incompetente até o
momento processual que as partes dispunham para suscitar a
mesma, qual seja, o prazo de apresentação da defesa preliminar,
que é de dez dias (art.396, CPP)” (TÁVORA; ALENCAR,2009,
p.219).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
32
COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RATIONE LOCI)
O lugar da infração penal como regra geral (art.70 CPP)
Como regra geral para definição da competência territorial,
adota-se o local em que ocorreu a consumação do delito ou, no
caso de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de
execução (art.70, caput, do CPP).
Essa regra consagra, no âmbito do processo penal, a teoria do
resultado (local do resultado).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
33
Se, porém, for incerto o limite territorial entre duas ou mais
jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração
consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a
competência firmar-se-á pela prevenção, consoante o art.70, §3º,
do CPP, o que significa a adoção excepcional da teoria da
ubiquidade ou mista ou eclética (local da ação ou omissão ou
local do resultado).
A competência também será definida pela prevenção no caso de
infração continuada ou permanente, praticada em território de
duas ou mais jurisdições, nos termos do art. 71 do CPP,
resultando também na aplicação excepcional da teoria da
ubiquidade.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
34
Na hipótese de crime à distância – que é aquele em que a
ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em outro –,
há de se aplicar também, por exceção, a teoria da
ubiquidade, que encontra guarida no ordenamento jurídico
brasileiro no art.6º do Código Penal, segundo o qual :
“Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado” (como se vê, para
o Direito Penal, quanto ao lugar do crime, vale, como regra
geral, a teoria da ubiquidade, ao passo que, como já visto, no
Processo Penal, na definição do juízo territorialmente
competente, a regra geral é a teoria do resultado).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
35
Desse modo, nos casos em que se permite a aplicação da lei
penal brasileira, embora para crimes cometidos no estrangeiro
(extraterritorialidade da lei penal brasileira, de acordo com o
art.7º do Código Penal), em apertada síntese, pode-se afirmar
que será competente o juízo do local que tocar por último o
território nacional, pouco importando se é o local da ação ou
omissão ou do resultado, daí porque se fala na aplicação da
teoria da ubiquidade.
É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios do Brasil
uma carta-bomba dirigida ao Presidente da República que se
encontra na Argentina, provocando a sua morte (art.7º, inciso I,
alínea “a”, do Código Penal).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
36
Nessa hipótese, incidindo-se a lei penal brasileira, aplica-se, para
fins de definição do foro competente, a regra prevista no art. 70,
§1º, CPP: se, iniciada a execução no território nacional, a infração
se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar
em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
No exemplo fornecido, competente será o foro do local do Brasil
em que o agente enviou a carta-bomba pelos correios.
Ainda com relação ao crime à distância, o art.70, §2º, CPP,
determina que quando o último ato de execução for praticado fora
do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o
crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir
seu resultado. Para ilustrar essa situação, basta inverter o exemplo
acima fornecido.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
37
• Crimes plurilocais:
Embora semelhantes com os crimes à distância, os crimes
plurilocais com estes não se confundem, inclusive para fins de
definição do foro competente. São crimes plurilocais aqueles
nos quais a ação ou omissão se dá em um lugar e o resultado
em outro, desde que ambos os locais se encontrem dentro do
mesmo território nacional (crimes à distância envolvem sempre
países distintos, sendo que a ação ou omissão ocorre em um
país e o resultado em outro).
É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios de Belo
Horizonte/MG uma carta-bomba dirigida à residência da vítima
em Salvador/BA, provocando a sua morte. Para tais crimes, há
de ser aplicada, em regra, a teoria do resultado prevista no
art.70, caput, do CPP.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
38
No exemplo fornecido, o foro competente seria de Salvador/BA.
Registre-se, porém, que há entendimento jurisprudencial no
sentido de que, no caso de homicídio, deve prevalecer o juízo
da ação ou omissão (teoria da atividade), como forma de
privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova,
bem como para garantir uma efetiva resposta à sociedade do
local em que o crime foi executado, eis que naturalmente mais
interessada na sua punição.
No exemplo mencionado, o foro competente seria alterado,
passando a ser o de Belo Horizonte/MG.
É esse o posicionamento do STJ (Informativo nº489).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
39
• Crimes preterdolosos ou qualificados pelo resultado:
Para crimes desta natureza, é igualmente aplicada a regra geral
prevista no art.70, caput, do CPP (teoria do resultado), embora
Guilherme de Souza Nucci (2008, p.253) defenda o local da ação ou
omissão como foro competente (teoria da atividade), como forma de
privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova.
• Competência em hipóteses de crimes de estelionato:
No caso do crime de estelionato praticado pela emissão de cheque
sem fundo (art.171, §2º, VI,CP), o juízo competente é o do local onde
houver a recusa do pagamento do cheque, conforme a Súmula nº 521
STF e a Súmula nº 244 STJ. Entretanto, na hipótese de crime de
estelionato praticado mediante falsificação de cheque, a regra é
diversa, sendo competente o local da obtenção da vantagem ilícita,
nos termos da Súmula nº 48 STJ.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
40
• Competência em crime de contrabando ou descaminho:
No caso do crime de contrabando ou descaminho (art.334, CP),
o juízo competente é definido pela prevenção do Juízo Federal
do lugar da apreensão dos bens, nos termos da Súmula nº151
do STJ.
Atenção:
Nas infrações de menor potencial ofensivo, consoante o art.63
da Lei nº9.099/95, será competente para o seu julgamento o
local onde foi praticada a infração, que, segundo entendimento
majoritário, é o local da ação ou omissão, adotando-se, portanto,
a teoria da atividade (local da ação ou omissão).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
41
O domicílio ou residência do réu como foro supletivo (art.72
CPP)
Quando não se tem conhecimento sobre o local da consumação do
crime, vale a regra supletiva do foro do domicílio ou residência do
réu.
Se o réu tiver mais de um domicílio ou residência, a competência
será firmada pela prevenção (art.72, §1º, do CPP). E se o réu não
tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será
competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art.72,
§2º, do CPP).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
42
Ação penal exclusivamente privada (art.73 CPP)
No caso de ação penal exclusivamente privada (o que exclui,
portanto, a hipótese de crime submetido a ação penal
privada subsidiária da pública, mas inclui a ação penal
privada personalíssima), mesmo que conhecido o local da
infração,o querelante pode optar pelo foro do domicílio
ou residência do réu.
COMPETÊNCIAEM RAZÃO DA MATÉRIA (art. 74, CPP)
 Tribunal do juri: hipótese de competência constitucional
(art. 5º, XXXVIII, “d”, CF) sendo cláusula pétrea e
mínima.
 Justiça Eleitoral: é também hipótese de competência
constitucional.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
43
O que fazer em crimes eleitorais e dolosos contra a vida,
conexos? DISJUNÇÃO
 Justiça militar: art. 125,§5º, CF.
 Justiça Federal: art. 109, CF, é sempre expressa e
taxativa, ao passo que a justiça estadual é residual.
Havendo conexão ou continência em crimes de competência
da justiça estadual e da federal, prevalece a
competência da justiça federal, por força da súmula
nº122 do STJ.
Embora não haja hierarquia entre a justiça federal e a
estadual, entende-se que a federal é especial em relação
à estadual.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
44
DISTRIBUIÇÃO COMO ALTERNATIVA À COMPETÊNCIA
CUMULATIVASUPLETIVA(art. 75, CPP)
COMPETÊNCIAPOR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Há conexão (art.69, V, do CPP) quando duas ou mais
infrações estão ligadas por um liame, sendo que estes crimes
devem ser julgados em um só processo em virtude da
existência desse nexo.
Além disso, “há continência quando uma coisa está contida
em outra, não sendo possível a separação. No processo penal
a continência é também uma forma de modificação da
competência e não de fixação dela”.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
45
Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são
critérios de prorrogação de competência e não de fixação.
Outrossim, a existência de continência e conexão ocasionará a
reunião de processos e prorrogação da competência. Todavia,
segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a
reunião dos processos, se um deles já foi julgado”.
FORO PREVALENTE – art. 78, CPP
SEPRAÇÃO OBRIGATÓRIADE PROCESSOS – art. 79, CPP
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
46
Competência por prerrogativa de função
Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de
função (art.69, VII, do CPP) ou competência ratione personae
(em razão da pessoa) é determinada pela função da pessoa, ou
melhor, é garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a
prerrogativa surge da relevância do desempenho do cargo pela
pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com o
privilégio, uma vez que este constitui um benefício concedido à
pessoa.
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de
função referente, por exemplo, ao Supremo Tribunal Federal,
está prevista na Constituição Federal. Vejamos:
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
47
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,
a guarda da constituição, cabendo-lhe:
I – processar e julgar, originariamente:
(...)
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o
Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no
artigo 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal
de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter
permanente; (...).
DA COMPETÊNCIAPOR PREVENÇÃO – art. 85, CPP.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
48
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO
Em matéria de aplicação das normas processuais no espaço,
vige a regra da territorialidade, com a aplicação da lex fori,
segundo critério locus regit actum. Esse é o aspecto positivo da
territorialidade, que também possui um aspecto negativo que é
a exclusão da lei processual penal estrangeira em território
brasileiro.
O problema da aplicação da Lei processual no espaço está
diretamente ligado à investidura das autoridades jurisdicionais
brasileiras. As autoridades jurisdicionais brasileiras deverão
aplicar as regras de direito processual penal brasileiras.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
49
Art.1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por
este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes
de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, §2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição,
art. 122, no 17);
V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam
não dispuserem de modo diverso.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
50
EXCEÇÕES À REGRA DA TERRITORIALIDADE
1 – Tratados, convenções e regras de direito internacional:
Em firmando o Brasil um tratado ou uma convenção ou
ainda participando o país de uma organização mundial
regida por regras internacionais, não há de ser aplicado a lei
material do respectivo país e, via de consequência,
tramitando o processo penal em tal localidade.
Exemplo:
Imunidade diplomática – possuem imunidade em território
nacional quando estiverem a serviçõ de seu país de origem,
tais como embaixadores, secretários da embaixada, bem
como seus familiares, além de funcionários de organizações
internacionais (ONU)
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
51
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
Previsto no art. 5º, §4º, CRFB/88:
“§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”
É preciso esclarecer que o TPI integra a própria jurisdição
brasileira, é verdadeiro órgão especial do judiciário nacional,
em sua última instância, embora atue na órbita internacional.
Esses dados justificam a entrega pelo Brasil de nacionais ou
estrangeiros ao TPI, sem que se viole o art. 5º da
Constituição.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
52
“LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização,
ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime
político ou de opinião;”
2 – JURISDIÇÃO POLÍTICA
Em determinados crimes de responsabilidade não será o
judiciário que julgará o fato delitivo, mas sim determinado
órgão do poder legislativo.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
53
“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da
República nos crimes de responsabilidade, bem como os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 23, de 02/09/99)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do
Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral
da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
54
3 – JUSTIÇA MILITAR
A justiça militar é considerada justiça especial, possuindo regras
próprias,motivo pelo qual a ela não se aplica o CPP, mas sim o
Código de Processo Penal Militar e o Código Penal Militar.
4 – TRIBUNAL DE SEGURANÇA NACIONAL
Não mai existe (crimes contra a segurança nacional)
5 – LEI DE IMPRENSA
Embora o inciso V assevere que o processamento devesse seguir a
lei de imprensa, o STF em julgamento de ADPF nº 130/DF, julgou pela
não recepção ou revogação de toda esta lei, sendo assim, cabe à
justiça comum o julgamento destas causas, aplicando-se o CPP.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
55
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO
1 – REGRA GERAL (art. 2º, CPP) – Princípio do efeito imediato
ou Princípio da aplicação imediata ou Sistema do isolamento
dos atos processuais.
“Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior.”
É o chamado princípio “tempus regit actum”. Teoria do efeito
imediato ou isolamento dos atos processuais.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
56
Sistemas de Solução existentes:
1) Unidade processual: a lei que inicia o processo o regerá até
o final. Não é adotado no Brasil.
2) Sistema das fases processuais: a lei que iniciou a fase
processual a regerá até o final (fases: postulatória, instrutória e
decisória). Não é adotado no Brasil.
3) Sistema do isolamento dos atos processuais; ou princípio
do efeito imediato; ou ainda princípio do tempus regit actum: a
lei processual aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. É o nosso
sistema (art. 2º CPP)
De forma geral o sistema aplicado no Brasil é esse, porém com
excessões em situações mais complexas.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
57
2 - EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DO EFEITO IMEDIATO
Segue abaixo a exceção prevista no art. 3º da Lei de Introdução ao
CPP.
“Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a
interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não
prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo
Penal.”
3 - NORMAS PROCESSUAIS PENAIS MATERIAIS OU MISTAS OU
HIBRIDAS
São aquelas que apesar de estarem no contexto do processo penal,
regendo atos praticados pelas partes durante a investigação policial
ou durante o trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito Penal,
envolvendo institutos mistos.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
58
Como é o caso do art. 2º da LICPP:
Art. 2º À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que
forem mais favoraveis.
4 – VIGÊNCIA, REVOGAÇÃO E REPRISTINAÇÃO
 Vigência – em regra, a lei processual tem vigência imediata.
 Revogação – (expressa, tácita, parcial – derrogação, total – ab-
rogação e auto-revogação.
 Repristinação – quando a lei revogada volta a viger quando a lei
revogadora perdeu a vigência.
Obs: a regra é que a lei revogada não ganha vigência quando a
revogadora perder a dela. Para que ocorra este instituto a lei nova
deve dispor neste sentido ou se, mesmo não o fazendo, da
interpretação da nova lei se conclui que foi essa, implicitamente, sua
intenção.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
59
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL
1. Espécies de interpretação
Interpretar a lei processual penal é procurar seu sentido, seu
alcance e sua correta aplicação ao caso penal e, sendo a lei a
única fonte formal de incriminação, a hermenêutica adquire maior
relevância no Direito Penal.
A doutrina moderna é pacífica no sentido de que a interpretação é
indispensável mesmo quanto às normas claríssimas, que não
apresentam qualquer obscuridade.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
60
Nos ensinamentos do professor Fernando Capez “Interpretação
é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato
alcance e real significado. Deve buscar a vontade da lei, não
importando a vontade de quem a fez”.
A grande maioria dos doutrinadores subdivide a interpretação
em objetiva e subjetiva.
Essa divisão surge exatamente pelas teorias antagônicas que
existiam. Alguns pensadores da Escola História de Direito,
defendiam que a lei sendo clara, não necessita de interpretação,
resguardando-se no princípio do “In Claris Cessat Interpretatio”
(ou, que o texto legal, quando redigido de forma clara e objetiva,
não necessita de interpretação).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
61
Outros, da Escola da Exegese, acreditavam que falar em
vontade do legislador é ater-se ao sentido da lei, ou seja,
pesquisar a vontade daquele que produziu o texto legal, era
inerente a qualquer dispositivo, inclusive aqueles
aparentemente claros e suficientes.
Hoje, o entendimento majoritário dos juristas brasileiros está
apoiado no preceito do artigo 5º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro, que dispõe que qualquer norma,
por mais clara e satisfeita que sua redação possa transmitir,
exige interpretação, até que seja claro o seu verdadeiro
significado.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
62
1 Quanto aos Sujeitos
A interpretação se modifica em relação aos sujeitos que a
realizam. Poderá ser Autêntica, Doutrinária ou Judicial.
A interpretação Autêntica (ou legislativa) é feita pelo próprio
órgão encarregado da elaboração da lei. Ela pode ser
Contextual, quando feita no bojo do próprio texto interpretado
realizado no momento em que é editado o diploma legal. Como,
por exemplo, o art. 150 do Código Penal, já estabelece a qual
sentido de “casa” a lei se aplicava.
Já a Doutrinária (ou científica) é aquela feita pelos estudiosos
e doutores do Direito. Importante destacar que as exposições de
motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez
que não são leis.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
63
E, por fim, em relação aos sujeitos da interpretação da lei
processual penal, a Judicial será aquela estabelecida através
das decisões proferidas pelos magistrados intra-autos. São
exemplos as decisões reiteradas em um Tribunal, sobre um
determinado assunto ou a interpretação das Súmulas
Vinculantes.
2 Quanto aos meios empregados
A interpretação da lei processual penal quanto aos meios
empregados pode ser feita de duas formas: gramatical ou
lógica.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
64
A interpretação gramatical, também conhecida como literal ou
sintática é fundada em regras gramaticais e sintáticas e
interpreta a letra fria da lei, sempre levando em consideração o
sentido literal das palavras.
Já a interpretação lógica ou teleológica busca a vontade do
legislador, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro do
ordenamento jurídico, sempre procurando a finalidade para a
qual a lei foi editada.
Havendo conflito entre os tipos de interpretação, a teleológica
deverá prevalecer sobre a literal, de modo a favorecer uma visão
mais humana e finalística da lei.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
65
3 Quanto ao resultado:
Quanto ao resultado, a interpretação pode ser declarativa, restritiva e
extensiva.
A interpretação declarativa é aquela que o intérprete não amplia
nem restringe o alcance da lei, mas apenas entende o seu sentido
literal.
A interpretação restritiva restringe o significado, sempre partindo da
ideia que a lei disse mais do que pretendia.
Já na interpretação extensiva ocorre o oposto. A interpretação vai
ampliar seu significado, pois a lei disse menos do que deveria.
Podemos citar o exemplo da proibição legal da bigamia, prevista no
artigo 235 do Código Penal. Naquela ocasião, a lei também quis, de
maneira implícita, proibir a poligamiaEscola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
66
A lei processual permite a interpretação extensiva, pois não
contém dispositivo versando sobre o direito de punir.
Contudo, há exceções; tratando-se de dispositivos
restritivos da liberdade pessoal (prisão em flagrante, por
exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado.
O mesmo quando se tratar de regras de natureza mista.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
67
INQUÉRITO POLICIAL - IP
Definição - Procedimento administrativo de cunho inquisitório que tem por
objetivo conferir justa causa à deflagração da ação penal.
Características do IP
1) Inquisitoriedade – tem reflexos no art. 14 CPP. Inquisitoriedade significa
que o inquérito é um procedimento que vai transcorrer sem contraditório e
ampla defesa essenciais.
Notem que não ha uma vedação à ampla defesa no inquérito. O art. 5º , LXIII
CRFB – aos indiciados e garantido o direito à assistência por um advogado,
manifestação de ampla defesa.
No processo a ampla defesa é inegociável, enquanto que no inquérito a
ampla defesa é acidental.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
68
O interrogatório policial continua sendo ato privativo do delegado, com
presença facultativa do advogado, sendo certo que somente o delegado
pode fazer perguntas, salvo liberalidade do mesmo em conceder ao
defensor o direito de perguntas.
O processo jurisdicional tem que se desenvolver sob contraditório e
ampla defesa. Por conseguinte, o inquérito policial por si só, ou seja,
isoladamente considerado, não pode embasar uma condenação.
O inquérito isoladamente segundo o STF tem valor obter dictum, ou
seja, argumento de reforço para uma condenação, mas não pode ser a
ratio decidendi desta condenação. A fundamentação da condenação
deve se sustentar sobre provas produzidas sobre o crivo do contraditório
e da ampla defesa, podendo aludir a provas do inquérito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
69
Embora o art.155 CPP se refira a sentenças condenatórias, vamos estender esse
artigo para a pronúncia, caso contrário o Júri não seria um procedimento bifásico.
Caso contrário a pronuncia equivaleria ao recebimento da denuncia.
O Júri é um procedimento bifásico justamente porque o juiz final do tribunal do
Júri e um juiz totalmente leigo. Se a denuncia fosse levada imediatamente ao
conselho de sentença, vereditos completamente teratológicos poderiam ser
proferidos, tanto a favor do réu quanto a favor da sociedade. A pronúncia visa
levar ao conselho de sentença somente aquelas imputações que se mostrem
juridicamente factíveis.
Evidentemente que por isso a pronuncia assim como a sentença condenatória
não pode se satisfazer apenas com as provas do inquérito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
70
Na inquisitoriedade temos três exceções ao art.155 CPP.
1) Provas cautelares
2) Provas antecipadas
3) Provas irrepetíveis
Trata-se de redundância, a produção antecipada de prova já trata de
provas cautelares. As cautelares podem ser admitidas uma vez que
enquanto cautelar ela já e obtida mediante o crivo do contraditório (art.5º,
LIII CRFB) e por ser cautelar estarão submetidas ao contraditório e ampla
defesa, ainda que de modo diferido. Podemos pensar na interceptação
telefônica e interceptação ambiental, quebra de sigilo de dados etc.
Embora estejamos ainda em fase de investigação, as provas produzidas
de forma antecipada, prevista no art. 225 cc art.156, I CPP, são
produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa em tempo real.
Quem colhe é o juiz, na presença do juiz natural, na presença do MP e do
defensor.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
71
As provas colhidas de forma antecipada são validas porque colhidas sob o
contraditório.
Provas irrepetíveis – o legislador quis se referir aos laudos periciais. A
validade destas provas decorre da fé publica conferida aos peritos judiciais,
logo essas provas são validas.
Exemplo - um depoimento colhido em inquérito em que a testemunha venha a
falecer, isso não torna este depoimento prova, continua sendo mero indicio.
Por conta desta dicotomia entre o processo acusatório e o inquérito
inquisitório, em sede de inquérito não vamos falar em provas, mas sim em
indícios. Provas são aquelas produzidas sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa perante o juiz natural.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
72
Sigilo do Inquérito Policial
O sigilo é inerente ao inquérito policial, nessa linha destaco o art. 20 CPP.
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação
do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Você só assegura aquilo que já existe, logo não há que se falar no delegado
decretar o sigilo do inquérito. Esse sigilo e o chamado sigilo externo. O processo
é publico o inquérito não. O sigilo do inquérito visa ainda garantir a efetividade da
própria investigação. Se ainda não foi obtida a justa causa para a propositura da
ação penal e, portanto a presunção de inocência quanto aquele indiciado ainda é
muito forte, razão pela qual deveriamos resguardar sua vida privada, sua
imagem etc.
Esse sigilo foi recepcionado pela CRFB no art. 5º XXXIII, que nos diz que
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena, de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
73
O sigilo poderia ser interno também ou não, ou seja, oponível também aos
personagens do inquérito? Poderia o delegado opor sigilo aos advogados dos
indiciados?
A resposta é negativa, com base na Súmula vinculante 14 STF, que dispõe que:
É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO REPRESENTADO, TER
ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM
PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM
COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO
DIREITO DE DEFESA.
O art.7º XIV Lei 8906/94 prevê que os advogados podem ter acesso aos autos de
inquérito ainda que sem procuração.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
74
Formas de se impugnar o sigilo do inquérito
a) Reclamação ao próprio STF – por oposição a sumula vinculante 14 STF – art.
102, I, “l” CRFB,
b) Mandado de segurança – com base no art.7º, XIV, Lei 8906/94,
c) Habeas corpus – se o advogado não tem acesso aos autos não pode prestar
assistência jurídica ao indiciado – art.5º LXVIII CRFB.
Algumas características:
Procedimento escrito – art.9º CPP – tudo tem que ser reduzido a termo
Oficialidade – procedimento oficial (indisponível)
Autoritariedade – quem conduz e uma autoridade
Unidirecional – tudo é dirigido ao MP
Retrospectivo – porque instaurado para averiguar o que aconteceu
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
75
Hipóteses de Mitigação da Oficiosidade do IP:
a) Art. 5o, § 4o, CPP → crimes de ação penal publica condicionada a
representação; a representação é condição de persequibilidade;
b) Crimes de Ação Penal Privada (art. 5o, § 5o, CPP);
c) Membros da magistratura e do MP só podem ser indiciados no caso de
flagrante por crime inafiançável. Nos demais casos, deve o delegado oficiar a
presidência do Tribunal respectivo, no caso de magistrados ou a Procuradoria
Geral correspondente, no caso de membros do MP. O Pleno do STF estendeu
este raciocínio para todos os agentes detentores de foro por prerrogativa da
função, estabelecendo que o indiciamento só poderá ocorrer depois de obtida
autorização do Tribunal respectivamente competente por prerrogativada função
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
76
PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO IP E OFERECIMENTO DA DENUNCIA
- Prazos para Conclusão do IP: art. 10, CPP
• Indiciado Preso → 10 dias
• Indiciado Solto → 30 dias
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
77
OUTRAS INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS (art. 4º, parágrafo
único, CPP)
1 - Inquérito por crime praticado por Juiz ou Promotor de Justiça
é presidido pelo respectivo órgão de cúpula – Tribunal de Justiça
ou Procuradoria de Justiça (art. 33, pu, da lei Complementar
35/79 – Lei Orgânica da Magistratura – e art. 41, pu, da Lei
8.625/93 – Lei Orgânica do Ministério Público dos Estados);
2 – Inquérito parlamentar é presidido pela Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI);
3 – Inquérito Policial Militar é presidido pela polícia judiciária
militar (art. 8º, CPPM)
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
78
4 – Investigação feita por agentes florestais;
5 – Investigação feita por agentes da administração pública
(sindicâncias e processos administrativos);
6 – Investigação feita pelo MP em sede de inquérito Civil Público
(art. 8º, §1º, da lei 7.347/85);
7 – Investigação de autoridades com foro por prerrogativa de
função (o foro pode delegar investigação para autoridades
policiais);
8 – Investigação particular (raro);
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
79
9 – Investigação realizada pela comissão de inquérito do
Banco Central do Brasil (o STF já decidiu que o relatório
desta comissão constitui justa causa para o oferecimento de
ação penal – Informativo nº578)
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PRESIDIDA PELO MINISTÉRIO 
PÚBLICO
 Investigação criminal X inquérito policial
 Ivestigação criminal é função da policia judiciária, porém, não
de forma EXCLUSIVA
 art. 129, I, VI, VIII e IX, CRFB/88 (falta de previsão legal?)
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
80
CARACTERÍSTICAS DO IP – CONTINUAÇÃO
1 – Inquisitivo;
2 – Inexistência de nulidades;
3 – Escrito;
4 – Sigiloso;
5 – Oficialidade – deve ser presidido por autoridade oficial do
Estado;
6 – Autoritariedade – presidido por autoridade pública;
7 – Oficiosidade – nas ações penais públicas incondicionadas,
a autoridade tem o dever de ofício de proceder à apuração do
fato delitivo (art. 5º, I, CPP);
8 – Indisponibilidade – art. 17, CPP;
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
81
INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL (art. 5º, I, II e §3º, CPP)
1 – De ofício pela autoriade policial (art.5º, I, CPP);
2 – Por requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo (art. 5º, II, CPP);
3 – Por delação de terceiros ou delatio criminis (art. 5º, §3º, CPP)
4 – Por requisição da autoridade competente – Juiz ou MP (art. 5º, II,
CPP);
5 – Pela lavratura do auto de prisão em flagrante delito.
OBS.: nas quatro primeiras o documento que dá inicio ao IP, que o
instaura, é uma portaria. No último a instauração se dá pelo chamado
Auto de Prisão em Flagrante Delito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
82
PRAZOS ESPECIAIS PARA A CONCLUSÃO DO IP
1 – Inquérito policial perante a justiça Federal – 15 dias, se o
investigado estiver preso, prorrogáveis; 30 dias, se estiver solto,
prorrogáveis;
2 - Lei de Tóxicos – 30 dias, se prezo, duplicável; 90 dias, se
solto, duplicável;
3 – Crimes contra a economia popular – 10 dias, com o
investigado preso ou solto, improrrogáveis;
4 – Inquérito militar – 20 dias, se prezo, improrrogável; 40 dias, se
solto, prorrogáveis por 20 dias.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
83
FINALIZAÇÃO DO IP
relatório da autoridade para o MP;
MP denúncia ou pede arquivamento;
Juiz aceita a denúncia ou manda arquivar.
HIPÓTESES DE TRANCAMENTO DO IP ATRAVÉS DE 
HABEAS CORPUS
1 – atipicidade da conduta;
2 – causa de extinção de punibilidade;
3 – ausência de justa causa para a ação penal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
84
TERMO CIRCUNSTANCIADO – TCO (art. 69, caput, lei 
9.099/95)
“Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários.”
Se abrir o inquérito policial haverá vício na ação
penal?
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
85
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
86
AÇÃO PENAL
Segundo os ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior:
“Modernamente, prevalece a conceituação da ação como direito 
público subjetivo exercitável pela parte para exigir do Estado a 
obrigação da tutela jurisdicional, pouco importando seja esta de 
amparo ou desamparo à pretensão de quem o exerce. É, por isso, 
abstrato. E, ainda, autônomo, porque pode ser exercitado sem 
sequer relacionar-se com a existência de um direito subjetivo 
material, em casos como o da ação declaratória negativa. É, 
finalmente, instrumental, 
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
87
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Inicialmente, para que o Estado possa se ocupar em conhecer 
e julgar a pretensão em juizo, necessário se faz que a pessoa 
que apresente esta pretensão satisfaça algumas condições, 
sem as quais a ação já nascerá fadada ao fracasso.
Assevera o art. 395,II, CPP, que a denúncia ou queixa será 
rejeitada quando faltar pressuposto processual ou condição 
para o exercício da ação penal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
88
Seguem as condições necessárias ao regular exercício do
direito de ação de natureza penal:
legitimidade das partes;
interesse de agir;
possibilidade jurídica do pedido;
justa causa.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
89
LEGITIMIDADE DAS PARTES
A legitimidade das partes em uma ação penal é bipartida em 
legitimidade ativa e passiva.
A legitimidade ativa no processo penal é expressamente 
determinada pela lei, que aponta o titular da ação, quais sejam: 
Ministério Público (órgão acusador oficial do Estado) ou o particular.
Dentro da legitimidade ativa ainda podemos subdividí-la em primária 
e secundária, sendo a senguda encontrada nas situações em que 
embora o titular legal seja Ministério Público, os interessados no 
andamento da ação, diante da inécia do MP, são investidos de 
legitimidade para a propositura da ação (Ação Penal Privada 
Subsidiária da Pública), conforme previsto no CPP e no art. 5º, LIX 
da CF.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
90
“Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido...
...§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes
de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia
no prazo legal...”
“LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
se esta não for intentada no prazo legal;”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
91
Há também uma mudança da legitimidade ativa nos casos de
morte ou declaração de ausente por decisão judicial, conforme
art. 31, CPP:
“Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.”
Bem como no art. 100, §4º do CP:
“§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na
ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
92
O legitimado passivo será aquele em face do qual se propõe a
ação, atribuindo-lhea prática de uma infração penal
.
INTERESSE DE AGIR
Parte da necessidade de ter o titular da ação penal que se valer do
Estado para que este conheça e, se for convencido da ocorrência
da infração penal e de sua autoria, condene o réu ao cumprimento
de uma pena justa.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
93
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
Pedido juridicamente impossível é o insuscetível, de por si 
mesmo, diante de sua natureza, ser julgado pelo Pode judiciário, 
por ser a este vedado fazê-lo.
Exemplo do art. 181, II, CP:
Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos 
neste título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou 
ilegítimo, seja civil ou natural.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
94
JUSTA CAUSA
A justa causa, que constitui condição da ação penal, é prevista de 
forma expressa no Código de Processo Penal e consubstancia-se 
no lastro probatório mínimo e firme, indicativo da autoria e da 
materialidade da infração penal 
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
95
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL
A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que 
detém a sua titularidade. 
De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação 
penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A 
primeira subdivide-se em ação penal pública condicionada que 
pode ser por representação do ofendido ou requisição do 
Ministro da Justiça e a ação penal pública incondicionada. Já a 
ação penal privada pode ser principal (ou exclusiva), 
personalíssima e subsidiária da pública. 
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
96
A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que
detém a sua titularidade.
De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação
penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A
primeira subdivide-se em ação penal pública condicionada que
pode ser por representação do ofendido ou requisição do Ministro
da Justiça e a ação penal pública incondicionada. Já a ação
penal privada pode ser principal (ou exclusiva), personalíssima e
subsidiária da pública.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
97
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público,
dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido
ou de requisição do Ministro da Justiça.
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de
ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no
prazo legal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
98
PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL DE 
INICIATIVA PÚBLICA
obrigatoriedade ou legalidade;
Oficialidade;
Indisponibilidade;
Indivisibilidade;
Intranscencência.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
99
Sobre o princípios da obrigatoriedade, ele aparece uma vez
que o Ministério Público, após receber denúncia, é obrigado a
iniciar uma ação penal, isso se houver a justa causa e o fato for
lícito, antijurídico e culpável, já o princípio da oficialidade, diz
que a persecutio criminis in judicio, será procedida por órgão
oficial, nesse caso, o Ministério Público.
Outro princípio é o da indisponibilidade, ele diz que o
Ministério Público não poderá desistir da ação penal, a seu bem
interesse, observe que desistir não significa que o MP não possa
pedir arquivamento do mesmo, por entender que o acusado é
inocente, ou não há provas suficientes de sua condenação, em
caso de dúvida é certo o uso do brocardo in dubio pro reo.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
100
Por fim, temos o princípio da indivisibilidade, na qual em caso
de concurso de pessoas, a ação penal não possa ser dirigida
contra uns e outros não, além disso, temos o princípio da
intranscendência, ou seja, a ação não pode ser transcendida a
pessoa estranha ao fato criminoso.
AÇÃO PENAL DE INICIATIVAPRIVADA
CLASSIFICAÇÃO:
privada propriamente dita;
privada subsidiária da pública;
privada personalíssima.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
101
Privada propriamente dita: A ação penal propriamente privada,
consiste naquela em que só poderá ter seu persecutio criminis
iniciado após o oferecimento da QUEIXA. No caso de morte do
ofendido, caberá a seu conjugue, descendentes e ascendentes,
o oferecimento da queixa.
Privativa subsidiária da pública: A ação privada subsidiária da
pública é aquela que pode ser impetrada pelo cidadão sempre
que o Ministério Público deixar de oferecer denúncia em razão
do decurso do prazo, ou seja, nos casos em que o MP entender
não haver indicio suficiente de autoria e solicitar arquivamento,
não caberá este tipo de ação.
Obs: art. 29, CPP
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
102
“Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de
ação pública, se esta não for intentada no prazo legal,
cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte
principal.”
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
103
Privada personalíssima: Este tipo de ação privada, diz
respeito a ação que só poderá ser impetrada pelo ofendido,
abrangendo até os casos de sucessão por morte ou
ausência. Ex: art. 236, CP - (induzimento a erro essencial)
PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL DE
INICIATIVA PRIVADA
Oportunidade;
Disponibilidade;
Indivisibilidade.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
104
REPRESENTAÇÃO CRIMINAL OU REQUISIÇÃO DO
MINISTRO DA JUSTIÇA:
A representação criminal e a requisição do Ministro da Justiça,
são tidas como condições necessárias para o oferecimento da
denúncia e o início das investigações policiais, uma vez oferecida
denúncia pelo MP, ela é irretratável, não podendo mais voltar
atrás.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
105
AÇÃO PENAL NO CRIME COMPLEXO
O crime complexo pode ser entendido como a junção de dois ou 
mais crimes. Um grande exemplo é o crime de roubo, que é 
composto por um constrangimento, ameaça ou violência 
acrescido do furto. Com a ocorrência do crime complexo, há o 
desaparecimento dos crimes autônomos. Porém, para que o 
crime complexo seja consumado é necessário que todo o tipo 
penal seja realizado.
Exemplo: se o agente pretende praticar um crime de roubo, mas 
consegue apenas empregar o constrangimento, a ameaça ou 
violência sem conseguir subtrair o objeto desejado, o crime 
complexo restará tentado. Não há mais como separar um crime 
do outro.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
106
DECADÊNCIA = DECURSO DO PRAZO DE 6 MESES SEM A
PROPOSITURA DA QUEIXA OU OFERECIMENTO DA
REPRESENTAÇÃO!
A Decadência se dá com o DECURSO DO PRAZO (6 MESES),
SEM que o ofendido ou os demais legitimados PROPONHAM A
QUEIXA ou OFEREÇAM REPRESENTAÇÃO.
O prazo é de 6 meses e tem como termo inicial o
CONHECIMENTO DAAUTORIA DELITIVA.
OBS. No crime do art. 236, CP o termo inicial do prazo para
oferecimento da queixa é o trânsito em julgado da sentença cível
que anula o matrimônio.
O PRAZO DECADENCIAL é fatal e peremptório, ou seja, NÃO se
SUSPENDE, NEM se INTERROMPE.Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
107
Sendo o ofendido menor de 18 anos, o titular da queixa ou
representação é o representante legal. A partir do momento em
que o indivíduo completa 18 anos, o próprio ofendido passa a ter
legitimidade.
Súmula 594 do STF – “Os direitos de queixa e de representação
podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por
seu representante legal”. Logo, a decadência para o
representante legal não prejudica o direito do ofendido, o qual
somente correrá quando este completar 18 anos.
OBS: Se a vítima for menor de 17 anos, há o problema da
prescrição, pois mesmo que o direito de representação comece a
correr após a maioridade, na área criminal, a prescrição corre
contra o menor, já que a idade não é fator suspensivo ou
interruptivo.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
108
RENÚNCIA = DESINTERESSE EXPRESSO OU TÁCITO NA
PROPOSITURA DA QUEIXA OU OFERECIMENTO DA
REPRESENTAÇÃO!
É a manifestação de vontade, EXPRESSA ou TÁCITA, revelando
desinteresse na propositura da queixa ou no oferecimento de
representação.
Renúncia expressa: é aquela manifestada por escrito.
Renúncia tácita: decorre de ato incompatível com a vontade de
processar o agente (admite qualquer meio de prova). Ex. Vítima
casar com réu.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
109
A renúncia É ATO UNILATERAL, ou seja, ninguém precisa ser
consultado ou ouvido, se o titular renuncia a punibilidade está
extinta.
*O recebimento de indenização paga pelo autor do fato à
vítima constituiu renúncia tácita?
REGRA (Art. 104, parágrafo único, DO CP): A aceitação pela
vítima da indenização NÃO produz renúncia.
EXCEÇÃO (Lei 9.099/95): Nos juizados especiais se na
audiência preliminar houver acordo, composição civil e o crime
for de ação privada ou pública condicionada, a homologação
do acordo constitui renúncia.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
110
PERDÃO ACEITO = PERDÃO DO QUERELANTE E
ACEITAÇÃO DO QUERELADO NO DECORRER DO
PROCESSAMENTO DA QUEIXA!
Legitimidade para perdoar – é do querelante.
Legitimidade para aceitar – é do querelado.
O perdão É ATO BILATERAL, pois só extingue a punibilidade se
for aceito.
Fazendo um paralelo com a renúncia, podemos afirmar que a
renúncia é manifestação unilateral (pois a ação ainda não foi
proposta). Já o perdão, por ocorrer durante a ação (a ação já foi
proposta), é ato bilateral, pois o querelado tem o direito de
querer provar a sua inocência com o prosseguimento da ação
penal.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
111
---> PERDÃO PROCESSUAL = O perdão tem que ser
Expresso, mas a aceitação pode ser Expressa ou Tácita.
---> PERDÃO EXTRAPROCESSUAL = O perdão e a aceitação
podem ser Expressos ou Tácitos.
OBSERVAÇÃO = Se o querelante oferecer o perdão a um dos
querelados, tal perdão a todos se estenderá, mas só produzirá
efeitos (extinguirá a punibilidade) em favor de quem o aceitar.
Se um dos querelantes oferecer o perdão ao querelado e este o
aceitar, a extinção da punibilidade não prejudicará a ação
movida pelos demais querelantes.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
112
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato 
como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, 
nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a 
admite;
VII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
VIII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005).
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
113
A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do
réu pelo crime que cometeu, dela decorre o direito de o Estado
fazer cumprir a pena. “A punição é a consequência natural da
realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém, após a
prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas
extintivas, que impedem a aplicação ou execução da sanção
respectiva.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal
Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394, 1999).
Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na
supressão do direito do Estado de impor a pena, não havendo
como ele querer vê-la cumprida. As circunstâncias mais relevantes
para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código Penal,
mas a legislação pode criar outras.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
114
Inciso I – Morte do agente – a morte é causa extintiva da
punibilidade porque a pena é personalíssima, não se
transmitindo aos herdeiros do condenado. Falecendo o autor
do fato, não há espaço à aplicação da pena.
É importante destacar que os efeitos civis da sentença
condenatória (notadamente o dever de indenizar) não se
extinguem com a morte do agente, alcançando limite das
forças de seu espólio;
A prova da morte se dá mediante certidão de óbito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
115
Inciso II – Anistia, Graça ou indulto – A anistia é identificada
pela doutrina como um esquecimento jurídico da infração penal,
que se dá através de lei e extingue a punibilidade em face de
determinados fatos. Contudo, ela não alcança o dever da
indenização civil, por só abranger os efeitos penais.
Compete ao Congresso Nacional concedê-la (artigo 48, inciso
VIII, da Constituição Federal);
– A graça é ato do Presidente da República, que tem o objetivo
de favorecer pessoa determinada;
– O indulto também é atribuição do Presidente da República,
mas se volta a um número interminado de pessoas, ele se
difere da graça por sua impessoalidade. A graça e o indulto
servem para extinguir ou comutar penas.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
116
A graça e o indulto são prerrogativas do Presidente da
República (artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal).
Inciso III – Abolítio Criminis – Ao deixar de considerar
criminosa uma conduta prevista em lei como tal, o delito já não
existe mais no mundo jurídico. Assim também não haverá
razão à punição do autor do fato.
Inciso IV – Prescrição, Decadência ou Perempção – A
prescrição trata-se uma garantida do autor do fato, que não
pode ser obrigado a aguardar indefinidamente uma resposta
estatal ao delito que praticou. O dever de punir do estado (jus
puniendi) tem um limite temporal, chamado de prescrição.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
117
A decadência é a extinção do direito de promover a ação penal
privada, a representação nos crimes de ação penal
condicionada a ela ou a denúncia substitutiva da ação penal
pública, como regra seu prazo é de 06 (seis) meses.
A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a
parte autora deixa de praticar determinado ato processual, em
que sua desídia faz presumir o desinteresse na
responsabilização do autor do fato
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
118
Inciso V – A renúncia ao direito de queixa e o perdão aceito – A renúncia
ao direito de queixa vem antes de inaugurada a ação penal e demonstra
o desinteresse da vítima em promovê-la. Já o perdão do ofendido ocorre
no curso da ação penal e somente nesta hipótese se cogita possível que
seja recusada pelo auto do fato.
Inciso VI – A retratação do agente - Nas hipóteses dos crimes de calúnia,
difamação, falso testemunho e falsa perícia a retratação do autor do
crime evita a imposição da pena, exime-o dela. Na injúria, contudo, não
há espaço à retratação.Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
119
Inciso IX - O Perdão Judicial - É possível o delinquente ser
perdoado do crime que cometeu quando, em determinadas
hipóteses previstas em lei, o resultado de sua conduta lhe atingir
de foma tão severa que a imposição da pena se mostra
desnecessária e, até mesmo, demasiada.
Um bom exemplo de quando é possível o perdão judicial é o do
homicídio culposo em que o autor do fato mata o próprio filho.
Tal é o sofrimento que suporta por sua conduta desastrosa que
o Juiz pode, neste caso, deixar de aplicar a pena (art.121, § 5.º,
do CP).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
120
AÇÃO PENAL POPULAR – art. 14 da lei 1.079/50
Dita o artigo supracitado que: “É permitido a qualquer cidadão
denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por
crime de responsabilidade, perante a Câmara do Deputados”.
Com base neste dispositivo parte da doutrina sustenta a hipótese de
existência de ação penal popular, ou seja, ação penal iniciado por
qualquer pessoa do povo. Nesta direção convergem Ada Pelegrini
Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance
Fernandes.
Porém, este posicionamento é minoritário, entendendo a doutrina
majoritária que trata-se tão somente de uma noticia crime (notitia
crininis), que de fato pode ser exercida por qualquer pessoa.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
121
Neste sentido é que se entende que o dispositivo legal
apresentado não chega a violar o art. 129, I, CRFB/88, que
confere ao Ministério Público a titularidade da ação penal
pública, concluindo que o termo denúncia acima referenciado,
não significa a peça inicial acusatória, mas sim tão somente a
noticia crime já citada.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
122
AÇÃO CIVIL EX DELICTO
A Ação Civil Ex Delicto pode ser definida simploriamente como
uma ação ajuizada na esfera cível, requerendo a indenização de
dano moral ou material juridicamente reconhecido em infração
penal.
Portanto, tal ação somente caberá nas hipóteses em que a
repercussão da infração penal também atingir a esfera da
responsabilidade civil.
Apesar da legislação penal não tratar o tema de acordo com sua
amplitude e relevância, o Código Penal prevê em seu artigo 91, I,
a obrigação de reparação do dano quando houver condenação.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
123
Nesse sentido, a legislação inclusive incentiva, através de
concessão de benefícios aos agentes, a reparação dos ofendidos,
conforme hipóteses citadas abaixo:
I) Causa de diminuição da pena quando o agente repara o dano ou
restitua a coisa ao ofendido (artigo 16);
II) Reparação de dano como atenuante genérica (artigo 65, III, b);
III) Substituição das condições genéricas da suspensão condicional
da pena por condições específicas (artigo 78, § 2º);
IV) Reparação do dano como condição para a concessão do
livramento condicional, salvo impossibilidade efetiva (artigo 83, IV);
V) Condição para a reabilitação (artigo 94, III);
VI) Extinção de punibilidade no caso de peculato culposo, quando o
dano é ressarcido (artigo 312, § 3º).
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
124
Art.63.Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão
promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da
reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
herdeiros.
Art.64.Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra
o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo
daquela.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
125
Esclarecemos que a ação no cível envolve tanto a execução da
sentença penal condenatória (art. 63), que por tornar certa a
obrigação de reparar o dano causado servirá de título executivo
judicial, como também a ação civil de conhecimento, em que se
pleiteia a reparação dos danos causados (art. 64)
Segundo Guilherme de Souza Nucci, o dano sofrido pode tanto
ser moral como material, não impedindo que se consiga
indenização por ambos, cumulativamente.
A legitimidade ativa, nos casos do art. 63, CPP, é muito ampla,
incluindo-se o ofendido, representante legal, herdeiros não
limitados ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão),
mas todos os potenciais herdeiros existentes.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
126
SENTENÇAQUE CONCEDE O PERDÃO JUDICIAL
Embora o STJ, na sua súmula nº18, consagre o entendimento de
que a sentença que concede o perdão judicial tem natureza
declaratória, prevalece na doutrina o entendimento de que ela
possui natureza condenatória, e, como tal, pode ser executada no
juízo cível.
EXTINÇÃO DAS PRETENSÕES PUNITIVAE EXECUTÓRIA
Se houver extinção da pretensão punitiva (extinção da
punibilidade antes da sentença definitiva), por qualquer das
causas do art. 107, CP, como não há qualquer efeito da eventual
sentença condenatória porventura prolatada, não será possível a
sua execução no juízo cível, pois não haverá a formação de um
título executivo judicialmente.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
127
Diferente do que ocorre se a extinção da pretensão executória vier
depois da sentença definitiva. Os efeitos secundários da
condenação penal persistem, sendo possível a sua execução no
juízo cível.
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Art. 65 .Faz coisa julgada no cível a sentença penal que
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
128
Este artigo prevê situações em que a sentença penal fará coisa
julgada no juízo cível. Trata-se dos casos de reconhecimento das
excludentes de ilicitude, quais sejam, estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício
regular de direito.
Deve, contudo, ser associado ao art. 188, CC:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
129
Vale frisar que as excludentes de culpabilidade previstas no art.
22, CP, (coação irresistível e obediência hierárquica) não afastam
a possibilidade de oferecimento de ação civil indenizatória.
SENTENÇAABSOLUTÓRIA
Art.386.O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte
dispositiva, desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração
penal;
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
130
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração
penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o
réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do
Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua
existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
CAUSAS QUE AFASTAM A AÇÃO CIVIL
- INEXISTÊNCIA DO FATO
- NEGATIVA DE AUTORIA
Escola de Ciências Sociais Aplicadas
Curso: Direito
131
CAUSAS QUE POSSIBILITAM A AÇÃO CIVIL
INDENIZATÓRIA
Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal,
a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
categoricamente, reconhecida a inexistência

Continue navegando