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Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL I Prof.: Jocemar Marson 1Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL I - Prof.: Jocemar Marson Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 22Disciplina: NOME DA DISCIPLINA EMENTA AVALIAÇÕES BIBLIOGRAFIA Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 33Disciplina: NOME DA DISCIPLINA Processo Penal Constitucional Para falarmos do Direito Processual Penal no Brasil e da sua evolução, invariavelmente devemos fazer uma restrospectiva históriaca dentro do Direito Penal. Inicialmente o DP tratava-se de uma vingança do Estado contra o praticante do delito, não havendo qualquer vínculo com a idéia de humanidade, e, tampouco compromisso com os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 4 Num segundo momento o DP passa a se preocupar com as noções de proporção e razoabilidade. Temos como marco histórico a obra de Beccaria – Dos delitos e das penas. No Brasil, embora não fosse o regime uma ditadura militar, o CPP nasceu na era Vargas, em 1941, caracterizado pela instrumentalidade, sendo mero instrumento da aplicação do DP. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 5 Tal foco na aplicação da penalidade se distanciava de qualquer preocupação com o réu e seus direitos fundamentais. Ex: o juiz quando recebia a denúncia deveria decretar automaticamente a prisão preventiva do acusado. Decerto esta visão puramente instrumentalista do DPP resultou em inúmeras violações de direitos fundamentais dos cidadãos. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 6 Com o advento da CRFB/88 o Brasil se solidifica no caminho de um estado democrático de direito, em que se consagram vários direitos fundamentais dos cidadãos, com especial destaque para o art. 5º, vindo a remodelar a aplicação e a finalidade do dirieto processual. Presunção de inocência; Princípio do juiz natural; Princípio duplo grau de jurisdição; Princípio da igualdade; Princípio do devido processo legal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 7 Diante destes novos paradigmas não podemos dizer que o DPP deixou de lado o seu caráter intrumental, muito pelo contrário, pois ele ainda é o meio eficação para se chegar à aplicação da pena, porém, em um estad democrático de direito, ele não pode ter somente este papel reduzido, necissitando ir além, sendo também um instrumento de tutela dos direitos fundamentais. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 8 Conceito mais completo de Processo Penal nos é fornecido por José Frederico Marques, que assim se expressava: Direito Processual Penal é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 9 O Direito Processual Penal é uma disciplina incontestavelmente autônoma, uma vez que possui objeto e princípios que lhes são próprios. Tem tal ramo do direito, como principal finalidade, possibilitar a realização da pretensão punitiva derivada da prática de um ilícito penal, ou , em outras palavras, tem como principal finalidade aplicar o direito penal. E por isso se diz que é uma disciplina instrumental, uma vez que constitui o meio do qual se vale o direito material penal para se fazer atuar. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 10 Garantismo Penal No modelo europeu o processo foca-se na garantia de direitos fundamentais de todas as partes envolvidas no processo. No Brasil uma aplicação distorcida deste garantismo acaba por fazer parecer ser mais importante os direitos e garantias do réu em detrimento aos direitos e garantias fundamentais da vítima do delito penal. Fala-se até em garantismo à brasileira. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 11 JURISDIÇÃO O termo “jurisdição” tem origem no latim “jurisdictio” que tem por significado “dizer o direito”. No ordenamento jurídico brasileiro, a jurisdição se define por ser uma das funções do Estado, ou seja, sendo a prerrogativa que o Estado detém para dirimir os conflitos de interesses trazidos à sua apreciação. Neste sentido, diz MIRABETE[1]. Em segunda análise, veremos o papel da competência no sentido de limitação do poder jurisdicional, tendo seus critérios definidos no Código de Processo Penal no artigo 69. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 12 JURISDIÇÃO X SOBERANIA ESTATAL Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 13 CARACTERÍSTICAS Para entendermos o conceito de jurisdição, necessário se faz a observância de determinadas características intrínsecas a este instituto, onde destacam-se a: a) Substitutividade: O Estado, por meio de pessoas físicas intelectualmente preparadas, é designado para compor qualquer lide. A figura do juiz substitui a do particular para resolver o conflito de interesses entre os contendores. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 14 b) Inércia: Cabe à parte provocar a prestação jurisdicional. O Estado se mantém inerte até o momento em que o particular o invoca. O juiz não pode obrigar o Ministério Público a oferecer denúncia, salvo se a ação for incondicionada pública, nos termos do artigo 28 do Código de Processo Penal. c) Imutabilidade: Também conhecida por “difinitividade”, os atos jurisdicionais são os únicos que transitam em julgado, diferentemente dos atos legislativos e administrativos. Significa que as decisões transitadas em julgado são imutáveis e definitivas. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 15 d) Unidade: A jurisdição é função exclusiva do Poder Judiciário, exercido por intermédio de seus juízes os quais decidem monocraticamente ou em órgãos colegiados. Nesse sentido é que se diz ser a jurisdição única – como se depreende do art 1º do Código de Processo Civil - tendo a distribuição funcional da jurisdição em órgãos (varas cíveis, varas criminais, varas trabalhistas) efeito meramente organizacional. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 16 PRINCÍPIOS Os princípios da jurisdição são aqueles sob os quais o instituto se assenta. São as bases que sustentam a jurisdição e seus desdobramentos. A inobservância de tais princípios impede seu exercício e geram a ineficácia de seus atos. Assim, vejamos quais são estes princípios: a) Investidura: Apenas as autoridades em exercício com investidura (concedida formalmente por meio de lei) podem exercer o poder jurisdicional. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 17 b) Inevitabilidade: Trata do caráter obrigatório de submissão das partes à decisão do magistrado. Não podem as partes se recusarem a cumprir aquilo que foi determinado pelo Estado na figura do juiz. c) Inafastabilidade: O juiz não pode se recusar a prolatar decisão não importando que motivo este alegue para qual, sob pena de infração à dispositivo constitucional (artigo 5º, XXXV, CF). d) Juiz Natural: As pessoas submetidas à jurisdição têm o direito de ser julgadas por um magistrado de ofício, concursado. É vedada a nomeação de um juízo ad hoc (designado à uma causa específica). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 18 e) Devido Processo Legal: O cidadão tem o direito de percorrer o trâmite legal do processo em todas as suas etapas e dispor de todos os tipos de defesanos termos da lei, prestigiando o artigo 5º, LIV da CF. f) Fundamentação das Decisões: A decisão do magistrado deve obrigatoriamente ser fundamentada sob pena de nulidade absoluta do julgado. Devem ser apresentados os motivos pelos quais se fundou sua decisão, citando as provas e fatos apresentados pelas partes que se somaram ao seu juízo de livre convencimento para prolatar a sentença que extinguiu a lide, seja com ou sem a resolução do mérito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 19 Tal mandamento encontra respaldo na Carta Magna brasileira, mais precisamente em seu art. 93. IX: “IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 20 CLASSIFICAÇÃO A Jurisdição divide-se em: Quanto à função: 1) Comum (ordinária): Consiste na justiça comum e seus órgãos (Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) 2) Especial (extraordinária): Possuem caráter específico e restrito a uma determinada matéria.(militar, eleitoral) Quanto à graduação: 1)inferior – 1ª instância; 2) superior – 2ª instância. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 21 Quanto ao organismo: 1) estadual; 2) Federal. Quanto ao objeto: 1) contenciosa – litigiosa; 2) voluntária – homologa acordo entre as partes. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 22 ELEMENTOS DA JURISDIÇÃO Os elementos da jurisdição são aqueles atos processuais que vão desde o processo de conhecimento até a sua decisão. O primeiro deles é a notio ou a cognitio, como o próprio significado já diz, é quando o órgão judiciário fica sabendo da existência do litígio e promove o processo, observando sempre os pressupostos de existência e validade da relação processual. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 23 A vocacio, que significa chamamento, diz respeito das pessoas que fazem parte do processo, sendo eles partes integrantes do processo ou testemunhas, de se fazerem presentes em juízo, para que busque regular aquele determinado processo. A coertio ou a coertitio é o poder de coação que o órgão jurisdicional possui se houver algo que pode prejudicar o andamento processual. Tomemos como exemplo uma pessoa que foi processada pelo crime de furto, e que o autor demonstra certa resistência e que pode fugir a qualquer momento. Para que isso não ocorra, e não coloque a investigação em risco, o juiz decreta a prisão preventiva. O judictium (julgamento) é a última etapa da jurisdição, ou seja, é quando o poder demandado do juiz aplica sua decisão sobre aquele caso concreto, devidamente fundamentado em lei. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 24 Finalmente, temos a executio, que é a execução, ou seja, o cumprimento da sentença proferida. Esse cumprimento tem cunho obrigatório por parte do condenado, e o Estado possui como obrigação fiscalizar este, sob medida de progressão ou regressão de regime. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 25 LIMITES DE APLICAÇÃO DA JURISDIÇÃO Diferentemente do que ocorre no processo civil, onde há previsão legal autorizando o juiz nacional a aplicar o direito material estrangeiro (p. ex., arts. 7°, caput e §4°, 8°, caput e §1°, art. 9°, caput e §1°, art. 10, caput, todos da Lei de Introdução do Código Civil), no processo penal o juiz deve sempre aplicar a lei processual penal brasileira para processar e julgar os delitos que chegam a seu conhecimento. Vigora, para a aplicação da lei processual brasileira no espaço, o princípio territorial exclusivo ou absoluto, que impõe, sem exceções, a aplicação da lex fori aos processos e julgamentos realizados no território nacional, mesmo nas hipóteses de ultraterritorialidade incondicionada ou condicionada da lei penal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 26 Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco esclarecem que: “Como o Direito Penal (direito material) se rege estritamente pelo princípio da territorialidade, não se impondo além dos limites do Estado, e como as sanções de Direito Penal não podem ser impostas senão através do processo, segue-se que o juiz de um Estado soluciona as pretensões punitivas exclusivamente de acordo com a norma penal pátria; ou, em outras palavras, a jurisdição penal tem limites que correspondem precisamente aos de aplicação da própria norma penal material” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 27 COMPETÊNCIA É a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional pode ser exercido. Jurisdição todo juiz possui, mas competência não. Assim o STF tem competência em todo o território nacional, enquanto que um juiz de direito tem competência somente na comarca que exerce suas funções. Fazem-se presentes fortemente na apreciação desta matéria os Princípios do juiz natural e do juiz imparcial, vistos anteriormente. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 28 A competência no PP poderá ser absoluta ou relativa: A competência absoluta é aquela que não permite prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de ofício, sob pena de nulidade absoluta de todos os atos praticados no feito (decisórios ou instrutórios). Hipóteses de competência absoluta: 1)Competência em razão da matéria (ratione materiae): leva em conta a natureza da infração a ser julgada; 1)Competência por prerrogativa de função (ratione personae): leva em conta a pessoa que cometeu a infração penal, o que implica um foro por prerrrogativa de função; Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 29 3) Competência funcional: leva em conta a distribuição dos atos praticados: a)Fase do processo: juizes que atuam em fases distintas do processo (juiz que instrui e sentencia é diferente do juiz da fase da execução penal) b)Objeto do juizo: quando ocorre distribuição de tarefas dentro do mesmo processo (tribunal do juri – juiz presidente é responsavel pelas questões de direito, prolação da sentença e dosimetria da pena – aos jurados cabe a votação de quesitos); c)Grau de jurisdição: competência funcional vertical, resultante do duplo grau de jurisdição. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 30 Já a competência relativa permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do foro, afinal de contas ela interessa sobretudo às partes. O desrespeito às normas de competência relativa, segundo posicionamento doutrinário prevalente, leva apenas à nulidade relativa dos atos decisórios (não são anulados os atos instrutórios, conforme melhor interpretação conferida ao art.567 do CPP, apesar de o STF entender que não há nulidade de qualquer ato, instrutório ou decisório). No Processo Penal, é hipótese de competência relativa a competência territorial (ratione loci). Ressalte-se, porém, que, no Processo penal, a competência territorial pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, motivo pelo qual a Súmula nº33 do STJ, que apregoa que: Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 31 “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”, só tem aplicabilidade no Processo Civil. Contudo, de acordo com entendimentoda doutrina, “o magistrado só poderá declarar-se de ofício incompetente até o momento processual que as partes dispunham para suscitar a mesma, qual seja, o prazo de apresentação da defesa preliminar, que é de dez dias (art.396, CPP)” (TÁVORA; ALENCAR,2009, p.219). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 32 COMPETÊNCIA TERRITORIAL (RATIONE LOCI) O lugar da infração penal como regra geral (art.70 CPP) Como regra geral para definição da competência territorial, adota-se o local em que ocorreu a consumação do delito ou, no caso de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de execução (art.70, caput, do CPP). Essa regra consagra, no âmbito do processo penal, a teoria do resultado (local do resultado). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 33 Se, porém, for incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção, consoante o art.70, §3º, do CPP, o que significa a adoção excepcional da teoria da ubiquidade ou mista ou eclética (local da ação ou omissão ou local do resultado). A competência também será definida pela prevenção no caso de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, nos termos do art. 71 do CPP, resultando também na aplicação excepcional da teoria da ubiquidade. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 34 Na hipótese de crime à distância – que é aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em outro –, há de se aplicar também, por exceção, a teoria da ubiquidade, que encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro no art.6º do Código Penal, segundo o qual : “Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado” (como se vê, para o Direito Penal, quanto ao lugar do crime, vale, como regra geral, a teoria da ubiquidade, ao passo que, como já visto, no Processo Penal, na definição do juízo territorialmente competente, a regra geral é a teoria do resultado). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 35 Desse modo, nos casos em que se permite a aplicação da lei penal brasileira, embora para crimes cometidos no estrangeiro (extraterritorialidade da lei penal brasileira, de acordo com o art.7º do Código Penal), em apertada síntese, pode-se afirmar que será competente o juízo do local que tocar por último o território nacional, pouco importando se é o local da ação ou omissão ou do resultado, daí porque se fala na aplicação da teoria da ubiquidade. É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios do Brasil uma carta-bomba dirigida ao Presidente da República que se encontra na Argentina, provocando a sua morte (art.7º, inciso I, alínea “a”, do Código Penal). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 36 Nessa hipótese, incidindo-se a lei penal brasileira, aplica-se, para fins de definição do foro competente, a regra prevista no art. 70, §1º, CPP: se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. No exemplo fornecido, competente será o foro do local do Brasil em que o agente enviou a carta-bomba pelos correios. Ainda com relação ao crime à distância, o art.70, §2º, CPP, determina que quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. Para ilustrar essa situação, basta inverter o exemplo acima fornecido. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 37 • Crimes plurilocais: Embora semelhantes com os crimes à distância, os crimes plurilocais com estes não se confundem, inclusive para fins de definição do foro competente. São crimes plurilocais aqueles nos quais a ação ou omissão se dá em um lugar e o resultado em outro, desde que ambos os locais se encontrem dentro do mesmo território nacional (crimes à distância envolvem sempre países distintos, sendo que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em outro). É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios de Belo Horizonte/MG uma carta-bomba dirigida à residência da vítima em Salvador/BA, provocando a sua morte. Para tais crimes, há de ser aplicada, em regra, a teoria do resultado prevista no art.70, caput, do CPP. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 38 No exemplo fornecido, o foro competente seria de Salvador/BA. Registre-se, porém, que há entendimento jurisprudencial no sentido de que, no caso de homicídio, deve prevalecer o juízo da ação ou omissão (teoria da atividade), como forma de privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova, bem como para garantir uma efetiva resposta à sociedade do local em que o crime foi executado, eis que naturalmente mais interessada na sua punição. No exemplo mencionado, o foro competente seria alterado, passando a ser o de Belo Horizonte/MG. É esse o posicionamento do STJ (Informativo nº489). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 39 • Crimes preterdolosos ou qualificados pelo resultado: Para crimes desta natureza, é igualmente aplicada a regra geral prevista no art.70, caput, do CPP (teoria do resultado), embora Guilherme de Souza Nucci (2008, p.253) defenda o local da ação ou omissão como foro competente (teoria da atividade), como forma de privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova. • Competência em hipóteses de crimes de estelionato: No caso do crime de estelionato praticado pela emissão de cheque sem fundo (art.171, §2º, VI,CP), o juízo competente é o do local onde houver a recusa do pagamento do cheque, conforme a Súmula nº 521 STF e a Súmula nº 244 STJ. Entretanto, na hipótese de crime de estelionato praticado mediante falsificação de cheque, a regra é diversa, sendo competente o local da obtenção da vantagem ilícita, nos termos da Súmula nº 48 STJ. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 40 • Competência em crime de contrabando ou descaminho: No caso do crime de contrabando ou descaminho (art.334, CP), o juízo competente é definido pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens, nos termos da Súmula nº151 do STJ. Atenção: Nas infrações de menor potencial ofensivo, consoante o art.63 da Lei nº9.099/95, será competente para o seu julgamento o local onde foi praticada a infração, que, segundo entendimento majoritário, é o local da ação ou omissão, adotando-se, portanto, a teoria da atividade (local da ação ou omissão). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 41 O domicílio ou residência do réu como foro supletivo (art.72 CPP) Quando não se tem conhecimento sobre o local da consumação do crime, vale a regra supletiva do foro do domicílio ou residência do réu. Se o réu tiver mais de um domicílio ou residência, a competência será firmada pela prevenção (art.72, §1º, do CPP). E se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art.72, §2º, do CPP). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 42 Ação penal exclusivamente privada (art.73 CPP) No caso de ação penal exclusivamente privada (o que exclui, portanto, a hipótese de crime submetido a ação penal privada subsidiária da pública, mas inclui a ação penal privada personalíssima), mesmo que conhecido o local da infração,o querelante pode optar pelo foro do domicílio ou residência do réu. COMPETÊNCIAEM RAZÃO DA MATÉRIA (art. 74, CPP) Tribunal do juri: hipótese de competência constitucional (art. 5º, XXXVIII, “d”, CF) sendo cláusula pétrea e mínima. Justiça Eleitoral: é também hipótese de competência constitucional. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 43 O que fazer em crimes eleitorais e dolosos contra a vida, conexos? DISJUNÇÃO Justiça militar: art. 125,§5º, CF. Justiça Federal: art. 109, CF, é sempre expressa e taxativa, ao passo que a justiça estadual é residual. Havendo conexão ou continência em crimes de competência da justiça estadual e da federal, prevalece a competência da justiça federal, por força da súmula nº122 do STJ. Embora não haja hierarquia entre a justiça federal e a estadual, entende-se que a federal é especial em relação à estadual. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 44 DISTRIBUIÇÃO COMO ALTERNATIVA À COMPETÊNCIA CUMULATIVASUPLETIVA(art. 75, CPP) COMPETÊNCIAPOR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA Há conexão (art.69, V, do CPP) quando duas ou mais infrações estão ligadas por um liame, sendo que estes crimes devem ser julgados em um só processo em virtude da existência desse nexo. Além disso, “há continência quando uma coisa está contida em outra, não sendo possível a separação. No processo penal a continência é também uma forma de modificação da competência e não de fixação dela”. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 45 Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são critérios de prorrogação de competência e não de fixação. Outrossim, a existência de continência e conexão ocasionará a reunião de processos e prorrogação da competência. Todavia, segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. FORO PREVALENTE – art. 78, CPP SEPRAÇÃO OBRIGATÓRIADE PROCESSOS – art. 79, CPP Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 46 Competência por prerrogativa de função Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de função (art.69, VII, do CPP) ou competência ratione personae (em razão da pessoa) é determinada pela função da pessoa, ou melhor, é garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a prerrogativa surge da relevância do desempenho do cargo pela pessoa e devido a isso, não pode ser confundida com o privilégio, uma vez que este constitui um benefício concedido à pessoa. Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de função referente, por exemplo, ao Supremo Tribunal Federal, está prevista na Constituição Federal. Vejamos: Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 47 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: (...) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no artigo 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (...). DA COMPETÊNCIAPOR PREVENÇÃO – art. 85, CPP. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 48 APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO Em matéria de aplicação das normas processuais no espaço, vige a regra da territorialidade, com a aplicação da lex fori, segundo critério locus regit actum. Esse é o aspecto positivo da territorialidade, que também possui um aspecto negativo que é a exclusão da lei processual penal estrangeira em território brasileiro. O problema da aplicação da Lei processual no espaço está diretamente ligado à investidura das autoridades jurisdicionais brasileiras. As autoridades jurisdicionais brasileiras deverão aplicar as regras de direito processual penal brasileiras. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 49 Art.1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, §2º, e 100); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 50 EXCEÇÕES À REGRA DA TERRITORIALIDADE 1 – Tratados, convenções e regras de direito internacional: Em firmando o Brasil um tratado ou uma convenção ou ainda participando o país de uma organização mundial regida por regras internacionais, não há de ser aplicado a lei material do respectivo país e, via de consequência, tramitando o processo penal em tal localidade. Exemplo: Imunidade diplomática – possuem imunidade em território nacional quando estiverem a serviçõ de seu país de origem, tais como embaixadores, secretários da embaixada, bem como seus familiares, além de funcionários de organizações internacionais (ONU) Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 51 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL Previsto no art. 5º, §4º, CRFB/88: “§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” É preciso esclarecer que o TPI integra a própria jurisdição brasileira, é verdadeiro órgão especial do judiciário nacional, em sua última instância, embora atue na órbita internacional. Esses dados justificam a entrega pelo Brasil de nacionais ou estrangeiros ao TPI, sem que se viole o art. 5º da Constituição. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 52 “LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;” 2 – JURISDIÇÃO POLÍTICA Em determinados crimes de responsabilidade não será o judiciário que julgará o fato delitivo, mas sim determinado órgão do poder legislativo. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 53 “Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 54 3 – JUSTIÇA MILITAR A justiça militar é considerada justiça especial, possuindo regras próprias,motivo pelo qual a ela não se aplica o CPP, mas sim o Código de Processo Penal Militar e o Código Penal Militar. 4 – TRIBUNAL DE SEGURANÇA NACIONAL Não mai existe (crimes contra a segurança nacional) 5 – LEI DE IMPRENSA Embora o inciso V assevere que o processamento devesse seguir a lei de imprensa, o STF em julgamento de ADPF nº 130/DF, julgou pela não recepção ou revogação de toda esta lei, sendo assim, cabe à justiça comum o julgamento destas causas, aplicando-se o CPP. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 55 APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 1 – REGRA GERAL (art. 2º, CPP) – Princípio do efeito imediato ou Princípio da aplicação imediata ou Sistema do isolamento dos atos processuais. “Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.” É o chamado princípio “tempus regit actum”. Teoria do efeito imediato ou isolamento dos atos processuais. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 56 Sistemas de Solução existentes: 1) Unidade processual: a lei que inicia o processo o regerá até o final. Não é adotado no Brasil. 2) Sistema das fases processuais: a lei que iniciou a fase processual a regerá até o final (fases: postulatória, instrutória e decisória). Não é adotado no Brasil. 3) Sistema do isolamento dos atos processuais; ou princípio do efeito imediato; ou ainda princípio do tempus regit actum: a lei processual aplica-se desde logo, sem prejuízo da validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior. É o nosso sistema (art. 2º CPP) De forma geral o sistema aplicado no Brasil é esse, porém com excessões em situações mais complexas. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 57 2 - EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DO EFEITO IMEDIATO Segue abaixo a exceção prevista no art. 3º da Lei de Introdução ao CPP. “Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal.” 3 - NORMAS PROCESSUAIS PENAIS MATERIAIS OU MISTAS OU HIBRIDAS São aquelas que apesar de estarem no contexto do processo penal, regendo atos praticados pelas partes durante a investigação policial ou durante o trâmite processual, têm forte conteúdo de Direito Penal, envolvendo institutos mistos. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 58 Como é o caso do art. 2º da LICPP: Art. 2º À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoraveis. 4 – VIGÊNCIA, REVOGAÇÃO E REPRISTINAÇÃO Vigência – em regra, a lei processual tem vigência imediata. Revogação – (expressa, tácita, parcial – derrogação, total – ab- rogação e auto-revogação. Repristinação – quando a lei revogada volta a viger quando a lei revogadora perdeu a vigência. Obs: a regra é que a lei revogada não ganha vigência quando a revogadora perder a dela. Para que ocorra este instituto a lei nova deve dispor neste sentido ou se, mesmo não o fazendo, da interpretação da nova lei se conclui que foi essa, implicitamente, sua intenção. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 59 INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 1. Espécies de interpretação Interpretar a lei processual penal é procurar seu sentido, seu alcance e sua correta aplicação ao caso penal e, sendo a lei a única fonte formal de incriminação, a hermenêutica adquire maior relevância no Direito Penal. A doutrina moderna é pacífica no sentido de que a interpretação é indispensável mesmo quanto às normas claríssimas, que não apresentam qualquer obscuridade. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 60 Nos ensinamentos do professor Fernando Capez “Interpretação é a atividade que consiste em extrair da norma seu exato alcance e real significado. Deve buscar a vontade da lei, não importando a vontade de quem a fez”. A grande maioria dos doutrinadores subdivide a interpretação em objetiva e subjetiva. Essa divisão surge exatamente pelas teorias antagônicas que existiam. Alguns pensadores da Escola História de Direito, defendiam que a lei sendo clara, não necessita de interpretação, resguardando-se no princípio do “In Claris Cessat Interpretatio” (ou, que o texto legal, quando redigido de forma clara e objetiva, não necessita de interpretação). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 61 Outros, da Escola da Exegese, acreditavam que falar em vontade do legislador é ater-se ao sentido da lei, ou seja, pesquisar a vontade daquele que produziu o texto legal, era inerente a qualquer dispositivo, inclusive aqueles aparentemente claros e suficientes. Hoje, o entendimento majoritário dos juristas brasileiros está apoiado no preceito do artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que dispõe que qualquer norma, por mais clara e satisfeita que sua redação possa transmitir, exige interpretação, até que seja claro o seu verdadeiro significado. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 62 1 Quanto aos Sujeitos A interpretação se modifica em relação aos sujeitos que a realizam. Poderá ser Autêntica, Doutrinária ou Judicial. A interpretação Autêntica (ou legislativa) é feita pelo próprio órgão encarregado da elaboração da lei. Ela pode ser Contextual, quando feita no bojo do próprio texto interpretado realizado no momento em que é editado o diploma legal. Como, por exemplo, o art. 150 do Código Penal, já estabelece a qual sentido de “casa” a lei se aplicava. Já a Doutrinária (ou científica) é aquela feita pelos estudiosos e doutores do Direito. Importante destacar que as exposições de motivos constituem forma de interpretação doutrinária, uma vez que não são leis. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 63 E, por fim, em relação aos sujeitos da interpretação da lei processual penal, a Judicial será aquela estabelecida através das decisões proferidas pelos magistrados intra-autos. São exemplos as decisões reiteradas em um Tribunal, sobre um determinado assunto ou a interpretação das Súmulas Vinculantes. 2 Quanto aos meios empregados A interpretação da lei processual penal quanto aos meios empregados pode ser feita de duas formas: gramatical ou lógica. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 64 A interpretação gramatical, também conhecida como literal ou sintática é fundada em regras gramaticais e sintáticas e interpreta a letra fria da lei, sempre levando em consideração o sentido literal das palavras. Já a interpretação lógica ou teleológica busca a vontade do legislador, atendendo-se aos seus fins e à sua posição dentro do ordenamento jurídico, sempre procurando a finalidade para a qual a lei foi editada. Havendo conflito entre os tipos de interpretação, a teleológica deverá prevalecer sobre a literal, de modo a favorecer uma visão mais humana e finalística da lei. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 65 3 Quanto ao resultado: Quanto ao resultado, a interpretação pode ser declarativa, restritiva e extensiva. A interpretação declarativa é aquela que o intérprete não amplia nem restringe o alcance da lei, mas apenas entende o seu sentido literal. A interpretação restritiva restringe o significado, sempre partindo da ideia que a lei disse mais do que pretendia. Já na interpretação extensiva ocorre o oposto. A interpretação vai ampliar seu significado, pois a lei disse menos do que deveria. Podemos citar o exemplo da proibição legal da bigamia, prevista no artigo 235 do Código Penal. Naquela ocasião, a lei também quis, de maneira implícita, proibir a poligamiaEscola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 66 A lei processual permite a interpretação extensiva, pois não contém dispositivo versando sobre o direito de punir. Contudo, há exceções; tratando-se de dispositivos restritivos da liberdade pessoal (prisão em flagrante, por exemplo), o texto deverá ser rigorosamente interpretado. O mesmo quando se tratar de regras de natureza mista. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 67 INQUÉRITO POLICIAL - IP Definição - Procedimento administrativo de cunho inquisitório que tem por objetivo conferir justa causa à deflagração da ação penal. Características do IP 1) Inquisitoriedade – tem reflexos no art. 14 CPP. Inquisitoriedade significa que o inquérito é um procedimento que vai transcorrer sem contraditório e ampla defesa essenciais. Notem que não ha uma vedação à ampla defesa no inquérito. O art. 5º , LXIII CRFB – aos indiciados e garantido o direito à assistência por um advogado, manifestação de ampla defesa. No processo a ampla defesa é inegociável, enquanto que no inquérito a ampla defesa é acidental. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 68 O interrogatório policial continua sendo ato privativo do delegado, com presença facultativa do advogado, sendo certo que somente o delegado pode fazer perguntas, salvo liberalidade do mesmo em conceder ao defensor o direito de perguntas. O processo jurisdicional tem que se desenvolver sob contraditório e ampla defesa. Por conseguinte, o inquérito policial por si só, ou seja, isoladamente considerado, não pode embasar uma condenação. O inquérito isoladamente segundo o STF tem valor obter dictum, ou seja, argumento de reforço para uma condenação, mas não pode ser a ratio decidendi desta condenação. A fundamentação da condenação deve se sustentar sobre provas produzidas sobre o crivo do contraditório e da ampla defesa, podendo aludir a provas do inquérito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 69 Embora o art.155 CPP se refira a sentenças condenatórias, vamos estender esse artigo para a pronúncia, caso contrário o Júri não seria um procedimento bifásico. Caso contrário a pronuncia equivaleria ao recebimento da denuncia. O Júri é um procedimento bifásico justamente porque o juiz final do tribunal do Júri e um juiz totalmente leigo. Se a denuncia fosse levada imediatamente ao conselho de sentença, vereditos completamente teratológicos poderiam ser proferidos, tanto a favor do réu quanto a favor da sociedade. A pronúncia visa levar ao conselho de sentença somente aquelas imputações que se mostrem juridicamente factíveis. Evidentemente que por isso a pronuncia assim como a sentença condenatória não pode se satisfazer apenas com as provas do inquérito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 70 Na inquisitoriedade temos três exceções ao art.155 CPP. 1) Provas cautelares 2) Provas antecipadas 3) Provas irrepetíveis Trata-se de redundância, a produção antecipada de prova já trata de provas cautelares. As cautelares podem ser admitidas uma vez que enquanto cautelar ela já e obtida mediante o crivo do contraditório (art.5º, LIII CRFB) e por ser cautelar estarão submetidas ao contraditório e ampla defesa, ainda que de modo diferido. Podemos pensar na interceptação telefônica e interceptação ambiental, quebra de sigilo de dados etc. Embora estejamos ainda em fase de investigação, as provas produzidas de forma antecipada, prevista no art. 225 cc art.156, I CPP, são produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa em tempo real. Quem colhe é o juiz, na presença do juiz natural, na presença do MP e do defensor. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 71 As provas colhidas de forma antecipada são validas porque colhidas sob o contraditório. Provas irrepetíveis – o legislador quis se referir aos laudos periciais. A validade destas provas decorre da fé publica conferida aos peritos judiciais, logo essas provas são validas. Exemplo - um depoimento colhido em inquérito em que a testemunha venha a falecer, isso não torna este depoimento prova, continua sendo mero indicio. Por conta desta dicotomia entre o processo acusatório e o inquérito inquisitório, em sede de inquérito não vamos falar em provas, mas sim em indícios. Provas são aquelas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa perante o juiz natural. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 72 Sigilo do Inquérito Policial O sigilo é inerente ao inquérito policial, nessa linha destaco o art. 20 CPP. Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Você só assegura aquilo que já existe, logo não há que se falar no delegado decretar o sigilo do inquérito. Esse sigilo e o chamado sigilo externo. O processo é publico o inquérito não. O sigilo do inquérito visa ainda garantir a efetividade da própria investigação. Se ainda não foi obtida a justa causa para a propositura da ação penal e, portanto a presunção de inocência quanto aquele indiciado ainda é muito forte, razão pela qual deveriamos resguardar sua vida privada, sua imagem etc. Esse sigilo foi recepcionado pela CRFB no art. 5º XXXIII, que nos diz que XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena, de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 73 O sigilo poderia ser interno também ou não, ou seja, oponível também aos personagens do inquérito? Poderia o delegado opor sigilo aos advogados dos indiciados? A resposta é negativa, com base na Súmula vinculante 14 STF, que dispõe que: É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA. O art.7º XIV Lei 8906/94 prevê que os advogados podem ter acesso aos autos de inquérito ainda que sem procuração. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 74 Formas de se impugnar o sigilo do inquérito a) Reclamação ao próprio STF – por oposição a sumula vinculante 14 STF – art. 102, I, “l” CRFB, b) Mandado de segurança – com base no art.7º, XIV, Lei 8906/94, c) Habeas corpus – se o advogado não tem acesso aos autos não pode prestar assistência jurídica ao indiciado – art.5º LXVIII CRFB. Algumas características: Procedimento escrito – art.9º CPP – tudo tem que ser reduzido a termo Oficialidade – procedimento oficial (indisponível) Autoritariedade – quem conduz e uma autoridade Unidirecional – tudo é dirigido ao MP Retrospectivo – porque instaurado para averiguar o que aconteceu Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 75 Hipóteses de Mitigação da Oficiosidade do IP: a) Art. 5o, § 4o, CPP → crimes de ação penal publica condicionada a representação; a representação é condição de persequibilidade; b) Crimes de Ação Penal Privada (art. 5o, § 5o, CPP); c) Membros da magistratura e do MP só podem ser indiciados no caso de flagrante por crime inafiançável. Nos demais casos, deve o delegado oficiar a presidência do Tribunal respectivo, no caso de magistrados ou a Procuradoria Geral correspondente, no caso de membros do MP. O Pleno do STF estendeu este raciocínio para todos os agentes detentores de foro por prerrogativa da função, estabelecendo que o indiciamento só poderá ocorrer depois de obtida autorização do Tribunal respectivamente competente por prerrogativada função Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 76 PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO IP E OFERECIMENTO DA DENUNCIA - Prazos para Conclusão do IP: art. 10, CPP • Indiciado Preso → 10 dias • Indiciado Solto → 30 dias Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 77 OUTRAS INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS (art. 4º, parágrafo único, CPP) 1 - Inquérito por crime praticado por Juiz ou Promotor de Justiça é presidido pelo respectivo órgão de cúpula – Tribunal de Justiça ou Procuradoria de Justiça (art. 33, pu, da lei Complementar 35/79 – Lei Orgânica da Magistratura – e art. 41, pu, da Lei 8.625/93 – Lei Orgânica do Ministério Público dos Estados); 2 – Inquérito parlamentar é presidido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI); 3 – Inquérito Policial Militar é presidido pela polícia judiciária militar (art. 8º, CPPM) Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 78 4 – Investigação feita por agentes florestais; 5 – Investigação feita por agentes da administração pública (sindicâncias e processos administrativos); 6 – Investigação feita pelo MP em sede de inquérito Civil Público (art. 8º, §1º, da lei 7.347/85); 7 – Investigação de autoridades com foro por prerrogativa de função (o foro pode delegar investigação para autoridades policiais); 8 – Investigação particular (raro); Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 79 9 – Investigação realizada pela comissão de inquérito do Banco Central do Brasil (o STF já decidiu que o relatório desta comissão constitui justa causa para o oferecimento de ação penal – Informativo nº578) INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PRESIDIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO Investigação criminal X inquérito policial Ivestigação criminal é função da policia judiciária, porém, não de forma EXCLUSIVA art. 129, I, VI, VIII e IX, CRFB/88 (falta de previsão legal?) Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 80 CARACTERÍSTICAS DO IP – CONTINUAÇÃO 1 – Inquisitivo; 2 – Inexistência de nulidades; 3 – Escrito; 4 – Sigiloso; 5 – Oficialidade – deve ser presidido por autoridade oficial do Estado; 6 – Autoritariedade – presidido por autoridade pública; 7 – Oficiosidade – nas ações penais públicas incondicionadas, a autoridade tem o dever de ofício de proceder à apuração do fato delitivo (art. 5º, I, CPP); 8 – Indisponibilidade – art. 17, CPP; Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 81 INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL (art. 5º, I, II e §3º, CPP) 1 – De ofício pela autoriade policial (art.5º, I, CPP); 2 – Por requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo (art. 5º, II, CPP); 3 – Por delação de terceiros ou delatio criminis (art. 5º, §3º, CPP) 4 – Por requisição da autoridade competente – Juiz ou MP (art. 5º, II, CPP); 5 – Pela lavratura do auto de prisão em flagrante delito. OBS.: nas quatro primeiras o documento que dá inicio ao IP, que o instaura, é uma portaria. No último a instauração se dá pelo chamado Auto de Prisão em Flagrante Delito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 82 PRAZOS ESPECIAIS PARA A CONCLUSÃO DO IP 1 – Inquérito policial perante a justiça Federal – 15 dias, se o investigado estiver preso, prorrogáveis; 30 dias, se estiver solto, prorrogáveis; 2 - Lei de Tóxicos – 30 dias, se prezo, duplicável; 90 dias, se solto, duplicável; 3 – Crimes contra a economia popular – 10 dias, com o investigado preso ou solto, improrrogáveis; 4 – Inquérito militar – 20 dias, se prezo, improrrogável; 40 dias, se solto, prorrogáveis por 20 dias. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 83 FINALIZAÇÃO DO IP relatório da autoridade para o MP; MP denúncia ou pede arquivamento; Juiz aceita a denúncia ou manda arquivar. HIPÓTESES DE TRANCAMENTO DO IP ATRAVÉS DE HABEAS CORPUS 1 – atipicidade da conduta; 2 – causa de extinção de punibilidade; 3 – ausência de justa causa para a ação penal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 84 TERMO CIRCUNSTANCIADO – TCO (art. 69, caput, lei 9.099/95) “Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.” Se abrir o inquérito policial haverá vício na ação penal? Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 85 Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 86 AÇÃO PENAL Segundo os ensinamentos de Humberto Theodoro Júnior: “Modernamente, prevalece a conceituação da ação como direito público subjetivo exercitável pela parte para exigir do Estado a obrigação da tutela jurisdicional, pouco importando seja esta de amparo ou desamparo à pretensão de quem o exerce. É, por isso, abstrato. E, ainda, autônomo, porque pode ser exercitado sem sequer relacionar-se com a existência de um direito subjetivo material, em casos como o da ação declaratória negativa. É, finalmente, instrumental, Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 87 CONDIÇÕES DA AÇÃO Inicialmente, para que o Estado possa se ocupar em conhecer e julgar a pretensão em juizo, necessário se faz que a pessoa que apresente esta pretensão satisfaça algumas condições, sem as quais a ação já nascerá fadada ao fracasso. Assevera o art. 395,II, CPP, que a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 88 Seguem as condições necessárias ao regular exercício do direito de ação de natureza penal: legitimidade das partes; interesse de agir; possibilidade jurídica do pedido; justa causa. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 89 LEGITIMIDADE DAS PARTES A legitimidade das partes em uma ação penal é bipartida em legitimidade ativa e passiva. A legitimidade ativa no processo penal é expressamente determinada pela lei, que aponta o titular da ação, quais sejam: Ministério Público (órgão acusador oficial do Estado) ou o particular. Dentro da legitimidade ativa ainda podemos subdividí-la em primária e secundária, sendo a senguda encontrada nas situações em que embora o titular legal seja Ministério Público, os interessados no andamento da ação, diante da inécia do MP, são investidos de legitimidade para a propositura da ação (Ação Penal Privada Subsidiária da Pública), conforme previsto no CPP e no art. 5º, LIX da CF. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 90 “Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido... ...§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal...” “LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 91 Há também uma mudança da legitimidade ativa nos casos de morte ou declaração de ausente por decisão judicial, conforme art. 31, CPP: “Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.” Bem como no art. 100, §4º do CP: “§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 92 O legitimado passivo será aquele em face do qual se propõe a ação, atribuindo-lhea prática de uma infração penal . INTERESSE DE AGIR Parte da necessidade de ter o titular da ação penal que se valer do Estado para que este conheça e, se for convencido da ocorrência da infração penal e de sua autoria, condene o réu ao cumprimento de uma pena justa. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 93 POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO Pedido juridicamente impossível é o insuscetível, de por si mesmo, diante de sua natureza, ser julgado pelo Pode judiciário, por ser a este vedado fazê-lo. Exemplo do art. 181, II, CP: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 94 JUSTA CAUSA A justa causa, que constitui condição da ação penal, é prevista de forma expressa no Código de Processo Penal e consubstancia-se no lastro probatório mínimo e firme, indicativo da autoria e da materialidade da infração penal Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 95 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A primeira subdivide-se em ação penal pública condicionada que pode ser por representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça e a ação penal pública incondicionada. Já a ação penal privada pode ser principal (ou exclusiva), personalíssima e subsidiária da pública. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 96 A divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A primeira subdivide-se em ação penal pública condicionada que pode ser por representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça e a ação penal pública incondicionada. Já a ação penal privada pode ser principal (ou exclusiva), personalíssima e subsidiária da pública. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 97 Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 98 PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PÚBLICA obrigatoriedade ou legalidade; Oficialidade; Indisponibilidade; Indivisibilidade; Intranscencência. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 99 Sobre o princípios da obrigatoriedade, ele aparece uma vez que o Ministério Público, após receber denúncia, é obrigado a iniciar uma ação penal, isso se houver a justa causa e o fato for lícito, antijurídico e culpável, já o princípio da oficialidade, diz que a persecutio criminis in judicio, será procedida por órgão oficial, nesse caso, o Ministério Público. Outro princípio é o da indisponibilidade, ele diz que o Ministério Público não poderá desistir da ação penal, a seu bem interesse, observe que desistir não significa que o MP não possa pedir arquivamento do mesmo, por entender que o acusado é inocente, ou não há provas suficientes de sua condenação, em caso de dúvida é certo o uso do brocardo in dubio pro reo. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 100 Por fim, temos o princípio da indivisibilidade, na qual em caso de concurso de pessoas, a ação penal não possa ser dirigida contra uns e outros não, além disso, temos o princípio da intranscendência, ou seja, a ação não pode ser transcendida a pessoa estranha ao fato criminoso. AÇÃO PENAL DE INICIATIVAPRIVADA CLASSIFICAÇÃO: privada propriamente dita; privada subsidiária da pública; privada personalíssima. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 101 Privada propriamente dita: A ação penal propriamente privada, consiste naquela em que só poderá ter seu persecutio criminis iniciado após o oferecimento da QUEIXA. No caso de morte do ofendido, caberá a seu conjugue, descendentes e ascendentes, o oferecimento da queixa. Privativa subsidiária da pública: A ação privada subsidiária da pública é aquela que pode ser impetrada pelo cidadão sempre que o Ministério Público deixar de oferecer denúncia em razão do decurso do prazo, ou seja, nos casos em que o MP entender não haver indicio suficiente de autoria e solicitar arquivamento, não caberá este tipo de ação. Obs: art. 29, CPP Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 102 “Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá- la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.” Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 103 Privada personalíssima: Este tipo de ação privada, diz respeito a ação que só poderá ser impetrada pelo ofendido, abrangendo até os casos de sucessão por morte ou ausência. Ex: art. 236, CP - (induzimento a erro essencial) PRINCÍPIOS INFORMADORES DA AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA Oportunidade; Disponibilidade; Indivisibilidade. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 104 REPRESENTAÇÃO CRIMINAL OU REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA: A representação criminal e a requisição do Ministro da Justiça, são tidas como condições necessárias para o oferecimento da denúncia e o início das investigações policiais, uma vez oferecida denúncia pelo MP, ela é irretratável, não podendo mais voltar atrás. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 105 AÇÃO PENAL NO CRIME COMPLEXO O crime complexo pode ser entendido como a junção de dois ou mais crimes. Um grande exemplo é o crime de roubo, que é composto por um constrangimento, ameaça ou violência acrescido do furto. Com a ocorrência do crime complexo, há o desaparecimento dos crimes autônomos. Porém, para que o crime complexo seja consumado é necessário que todo o tipo penal seja realizado. Exemplo: se o agente pretende praticar um crime de roubo, mas consegue apenas empregar o constrangimento, a ameaça ou violência sem conseguir subtrair o objeto desejado, o crime complexo restará tentado. Não há mais como separar um crime do outro. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 106 DECADÊNCIA = DECURSO DO PRAZO DE 6 MESES SEM A PROPOSITURA DA QUEIXA OU OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO! A Decadência se dá com o DECURSO DO PRAZO (6 MESES), SEM que o ofendido ou os demais legitimados PROPONHAM A QUEIXA ou OFEREÇAM REPRESENTAÇÃO. O prazo é de 6 meses e tem como termo inicial o CONHECIMENTO DAAUTORIA DELITIVA. OBS. No crime do art. 236, CP o termo inicial do prazo para oferecimento da queixa é o trânsito em julgado da sentença cível que anula o matrimônio. O PRAZO DECADENCIAL é fatal e peremptório, ou seja, NÃO se SUSPENDE, NEM se INTERROMPE.Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 107 Sendo o ofendido menor de 18 anos, o titular da queixa ou representação é o representante legal. A partir do momento em que o indivíduo completa 18 anos, o próprio ofendido passa a ter legitimidade. Súmula 594 do STF – “Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal”. Logo, a decadência para o representante legal não prejudica o direito do ofendido, o qual somente correrá quando este completar 18 anos. OBS: Se a vítima for menor de 17 anos, há o problema da prescrição, pois mesmo que o direito de representação comece a correr após a maioridade, na área criminal, a prescrição corre contra o menor, já que a idade não é fator suspensivo ou interruptivo. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 108 RENÚNCIA = DESINTERESSE EXPRESSO OU TÁCITO NA PROPOSITURA DA QUEIXA OU OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO! É a manifestação de vontade, EXPRESSA ou TÁCITA, revelando desinteresse na propositura da queixa ou no oferecimento de representação. Renúncia expressa: é aquela manifestada por escrito. Renúncia tácita: decorre de ato incompatível com a vontade de processar o agente (admite qualquer meio de prova). Ex. Vítima casar com réu. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 109 A renúncia É ATO UNILATERAL, ou seja, ninguém precisa ser consultado ou ouvido, se o titular renuncia a punibilidade está extinta. *O recebimento de indenização paga pelo autor do fato à vítima constituiu renúncia tácita? REGRA (Art. 104, parágrafo único, DO CP): A aceitação pela vítima da indenização NÃO produz renúncia. EXCEÇÃO (Lei 9.099/95): Nos juizados especiais se na audiência preliminar houver acordo, composição civil e o crime for de ação privada ou pública condicionada, a homologação do acordo constitui renúncia. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 110 PERDÃO ACEITO = PERDÃO DO QUERELANTE E ACEITAÇÃO DO QUERELADO NO DECORRER DO PROCESSAMENTO DA QUEIXA! Legitimidade para perdoar – é do querelante. Legitimidade para aceitar – é do querelado. O perdão É ATO BILATERAL, pois só extingue a punibilidade se for aceito. Fazendo um paralelo com a renúncia, podemos afirmar que a renúncia é manifestação unilateral (pois a ação ainda não foi proposta). Já o perdão, por ocorrer durante a ação (a ação já foi proposta), é ato bilateral, pois o querelado tem o direito de querer provar a sua inocência com o prosseguimento da ação penal. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 111 ---> PERDÃO PROCESSUAL = O perdão tem que ser Expresso, mas a aceitação pode ser Expressa ou Tácita. ---> PERDÃO EXTRAPROCESSUAL = O perdão e a aceitação podem ser Expressos ou Tácitos. OBSERVAÇÃO = Se o querelante oferecer o perdão a um dos querelados, tal perdão a todos se estenderá, mas só produzirá efeitos (extinguirá a punibilidade) em favor de quem o aceitar. Se um dos querelantes oferecer o perdão ao querelado e este o aceitar, a extinção da punibilidade não prejudicará a ação movida pelos demais querelantes. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 112 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005). VIII – (Revogado pela Lei n.º 11.106, de 2005). IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 113 A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém, após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394, 1999). Em corolário a isso, a extinção da punibilidade resulta na supressão do direito do Estado de impor a pena, não havendo como ele querer vê-la cumprida. As circunstâncias mais relevantes para tanto estão condensadas no artigo 107 do Código Penal, mas a legislação pode criar outras. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 114 Inciso I – Morte do agente – a morte é causa extintiva da punibilidade porque a pena é personalíssima, não se transmitindo aos herdeiros do condenado. Falecendo o autor do fato, não há espaço à aplicação da pena. É importante destacar que os efeitos civis da sentença condenatória (notadamente o dever de indenizar) não se extinguem com a morte do agente, alcançando limite das forças de seu espólio; A prova da morte se dá mediante certidão de óbito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 115 Inciso II – Anistia, Graça ou indulto – A anistia é identificada pela doutrina como um esquecimento jurídico da infração penal, que se dá através de lei e extingue a punibilidade em face de determinados fatos. Contudo, ela não alcança o dever da indenização civil, por só abranger os efeitos penais. Compete ao Congresso Nacional concedê-la (artigo 48, inciso VIII, da Constituição Federal); – A graça é ato do Presidente da República, que tem o objetivo de favorecer pessoa determinada; – O indulto também é atribuição do Presidente da República, mas se volta a um número interminado de pessoas, ele se difere da graça por sua impessoalidade. A graça e o indulto servem para extinguir ou comutar penas. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 116 A graça e o indulto são prerrogativas do Presidente da República (artigo 84, inciso XII, da Constituição Federal). Inciso III – Abolítio Criminis – Ao deixar de considerar criminosa uma conduta prevista em lei como tal, o delito já não existe mais no mundo jurídico. Assim também não haverá razão à punição do autor do fato. Inciso IV – Prescrição, Decadência ou Perempção – A prescrição trata-se uma garantida do autor do fato, que não pode ser obrigado a aguardar indefinidamente uma resposta estatal ao delito que praticou. O dever de punir do estado (jus puniendi) tem um limite temporal, chamado de prescrição. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 117 A decadência é a extinção do direito de promover a ação penal privada, a representação nos crimes de ação penal condicionada a ela ou a denúncia substitutiva da ação penal pública, como regra seu prazo é de 06 (seis) meses. A perempção ocorre dentro da ação penal privada, quando a parte autora deixa de praticar determinado ato processual, em que sua desídia faz presumir o desinteresse na responsabilização do autor do fato Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 118 Inciso V – A renúncia ao direito de queixa e o perdão aceito – A renúncia ao direito de queixa vem antes de inaugurada a ação penal e demonstra o desinteresse da vítima em promovê-la. Já o perdão do ofendido ocorre no curso da ação penal e somente nesta hipótese se cogita possível que seja recusada pelo auto do fato. Inciso VI – A retratação do agente - Nas hipóteses dos crimes de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia a retratação do autor do crime evita a imposição da pena, exime-o dela. Na injúria, contudo, não há espaço à retratação.Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 119 Inciso IX - O Perdão Judicial - É possível o delinquente ser perdoado do crime que cometeu quando, em determinadas hipóteses previstas em lei, o resultado de sua conduta lhe atingir de foma tão severa que a imposição da pena se mostra desnecessária e, até mesmo, demasiada. Um bom exemplo de quando é possível o perdão judicial é o do homicídio culposo em que o autor do fato mata o próprio filho. Tal é o sofrimento que suporta por sua conduta desastrosa que o Juiz pode, neste caso, deixar de aplicar a pena (art.121, § 5.º, do CP). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 120 AÇÃO PENAL POPULAR – art. 14 da lei 1.079/50 Dita o artigo supracitado que: “É permitido a qualquer cidadão denunciar o Presidente da República ou Ministro de Estado, por crime de responsabilidade, perante a Câmara do Deputados”. Com base neste dispositivo parte da doutrina sustenta a hipótese de existência de ação penal popular, ou seja, ação penal iniciado por qualquer pessoa do povo. Nesta direção convergem Ada Pelegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho e Antônio Scarance Fernandes. Porém, este posicionamento é minoritário, entendendo a doutrina majoritária que trata-se tão somente de uma noticia crime (notitia crininis), que de fato pode ser exercida por qualquer pessoa. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 121 Neste sentido é que se entende que o dispositivo legal apresentado não chega a violar o art. 129, I, CRFB/88, que confere ao Ministério Público a titularidade da ação penal pública, concluindo que o termo denúncia acima referenciado, não significa a peça inicial acusatória, mas sim tão somente a noticia crime já citada. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 122 AÇÃO CIVIL EX DELICTO A Ação Civil Ex Delicto pode ser definida simploriamente como uma ação ajuizada na esfera cível, requerendo a indenização de dano moral ou material juridicamente reconhecido em infração penal. Portanto, tal ação somente caberá nas hipóteses em que a repercussão da infração penal também atingir a esfera da responsabilidade civil. Apesar da legislação penal não tratar o tema de acordo com sua amplitude e relevância, o Código Penal prevê em seu artigo 91, I, a obrigação de reparação do dano quando houver condenação. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 123 Nesse sentido, a legislação inclusive incentiva, através de concessão de benefícios aos agentes, a reparação dos ofendidos, conforme hipóteses citadas abaixo: I) Causa de diminuição da pena quando o agente repara o dano ou restitua a coisa ao ofendido (artigo 16); II) Reparação de dano como atenuante genérica (artigo 65, III, b); III) Substituição das condições genéricas da suspensão condicional da pena por condições específicas (artigo 78, § 2º); IV) Reparação do dano como condição para a concessão do livramento condicional, salvo impossibilidade efetiva (artigo 83, IV); V) Condição para a reabilitação (artigo 94, III); VI) Extinção de punibilidade no caso de peculato culposo, quando o dano é ressarcido (artigo 312, § 3º). Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 124 Art.63.Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Art.64.Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 125 Esclarecemos que a ação no cível envolve tanto a execução da sentença penal condenatória (art. 63), que por tornar certa a obrigação de reparar o dano causado servirá de título executivo judicial, como também a ação civil de conhecimento, em que se pleiteia a reparação dos danos causados (art. 64) Segundo Guilherme de Souza Nucci, o dano sofrido pode tanto ser moral como material, não impedindo que se consiga indenização por ambos, cumulativamente. A legitimidade ativa, nos casos do art. 63, CPP, é muito ampla, incluindo-se o ofendido, representante legal, herdeiros não limitados ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão), mas todos os potenciais herdeiros existentes. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 126 SENTENÇAQUE CONCEDE O PERDÃO JUDICIAL Embora o STJ, na sua súmula nº18, consagre o entendimento de que a sentença que concede o perdão judicial tem natureza declaratória, prevalece na doutrina o entendimento de que ela possui natureza condenatória, e, como tal, pode ser executada no juízo cível. EXTINÇÃO DAS PRETENSÕES PUNITIVAE EXECUTÓRIA Se houver extinção da pretensão punitiva (extinção da punibilidade antes da sentença definitiva), por qualquer das causas do art. 107, CP, como não há qualquer efeito da eventual sentença condenatória porventura prolatada, não será possível a sua execução no juízo cível, pois não haverá a formação de um título executivo judicialmente. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 127 Diferente do que ocorre se a extinção da pretensão executória vier depois da sentença definitiva. Os efeitos secundários da condenação penal persistem, sendo possível a sua execução no juízo cível. EXCLUDENTES DE ILICITUDE Art. 65 .Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 128 Este artigo prevê situações em que a sentença penal fará coisa julgada no juízo cível. Trata-se dos casos de reconhecimento das excludentes de ilicitude, quais sejam, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito. Deve, contudo, ser associado ao art. 188, CC: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 129 Vale frisar que as excludentes de culpabilidade previstas no art. 22, CP, (coação irresistível e obediência hierárquica) não afastam a possibilidade de oferecimento de ação civil indenizatória. SENTENÇAABSOLUTÓRIA Art.386.O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 130 V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; VII – não existir prova suficiente para a condenação. CAUSAS QUE AFASTAM A AÇÃO CIVIL - INEXISTÊNCIA DO FATO - NEGATIVA DE AUTORIA Escola de Ciências Sociais Aplicadas Curso: Direito 131 CAUSAS QUE POSSIBILITAM A AÇÃO CIVIL INDENIZATÓRIA Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência
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