Buscar

Roteiro 1 Prescrição

Prévia do material em texto

2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
OAB 2ª FASE - PENAL 
Disciplina: Direito Penal 
Prof.: Cristiano Rodrigues 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO – MONITORIA 
 
 
ÍNDICE 
I. Anotação de Aula 
II. Simulado 
 
I. ANOTAÇÃO DE AULA 
Prescrição: 
É a perda do direito de punir em face de um decurso de tempo devido a inércia do Estado gerando a 
extinção da punibilidade e sendo matéria de ordem pública que poderá ser declarada de ofício pelo juiz a 
qualquer tempo. 
Embora seja matéria com muita relação com o processo, é tema de direito penal material e por isso 
a regra para contagem de prazo é a do artigo 10 do CP, ou seja, computa-se o dia de início na contagem 
do prazo. 
Há duas grandes espécies de prescrição: 1) prescrição da pretensão punitiva (é aquela que se 
refere a lapsos temporais que vão desde a data do fato e sua consumação até o trânsito em julgado 
condenatório já que se refere a prazos impostos pela lei para que o Estado atue, exercendo apenas uma 
pretensão de punir o fato, já que em face da presunção de inocência só se pode considerar culpado o 
agente a partir do trânsito em julgado condenatório) e 2) prescrição da pretensão executória (seu 
prazo começa a correr a partir da data em que transita a sentença condenatória, já que é a partir desta 
sentença que o Estado tem o direito e a obrigação de executar a pena que foi por ele aplicada). 
Quantos aos prazos prescricionais pode haver: a) interrupção – ocorre a cada movimento do Estado 
mostrando não estar inerte e, portanto, tem como conseqüência zerar a contagem do prazo que recomeça 
a partir de zero até que haja um novo movimento do Estado. b) suspensão ou causas suspensivas. Dá-se 
tanto na prescrição da pretensão punitiva quanto na executória sempre que surge determinado fator que 
impede, atrapalha o regular andamento do processo ou da execução da pena. Fazendo com que a 
contagem do prazo pare e ao ser retomada, continue de onde parou computando-se para o prazo 
prescricional o período de tempo já transcorrido anteriormente a causa suspensiva. 
São imprescritíveis os crimes de racismo, segregação (Lei nº 7716/89), artigo 5º, XLII, CF, e ainda 
a ação de grupos armados contra a ordem democrática e o Estado de direito (Lei nº 7170/83), art. 5º, 
XVIV, CF. 
Prazos de prescrição. 
Quanto aos prazos prescricionais utiliza-se a tabela de referência do artigo 109 do CP que terá por 
base a pena máxima prevista abstratamente para o crime praticado, caso ainda não haja sentença 
definindo uma pena concreta. A partir do momento em que existe uma sentença condenatória transitada 
em julgado ou não, e que define uma pena concreta para o fato, esta pena será a base para determinar o 
prazo prescricional de acordo com a tabela do artigo 109 do CP. 
Havendo concurso de crimes, seja ela qual for, o prazo prescricional deverá ser computado 
separadamente para cada crime, não se computando os aumentos ou somatórias de pena produto destas 
categorias de concurso. (Art. 119, CP). 
 
 
2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
Se o agente for menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos na data da sentença, reduz 
o prazo prescricional de metade. 
Início de contagem de prazo: 
(a) Na PPP a contagem de prazo se inicia na data da consumação do crime, da produção do 
resultado, ou ainda no caso de tentativa, na data da prática do último ato de execução, exceto nos crimes 
permanentes (ex.: artigo 148, 288, CP) em que o prazo prescricional inicia-se após o término da 
permanência. 
(b) Na PPE terá seu início de contagem a partir do trânsito em julgado condenatório ou a partir da 
interrupção do cumprimento de pena (Art. 113, CP). 
Havendo a interrupção do cumprimento de pena volta a correr o prazo para o Estado executar o 
restante que ainda falta cumprir, sendo que o prazo prescricional será calculado de acordo com este 
tempo restante de pena nas bases da tabela do artigo 109 e não do valor total da condenação. 
PPP PPE Prazo 
Antes do trânsito em julgado 
condenatório 
Depois do trânsito em julgado 
condenatório. 
Diminui da ½ se menor de 21 
anos na data do fato ou 
maior de 70 anos na data da 
sentença. 
Leva em conta a pena máxima 
abstrata OU a pena concreta na 
sentença condenatória nas bases 
do artigo 109 do CP. 
Leva em conta a pena definitiva, 
produto do trânsito em julgado, 
claro também nas bases do artigo 
109 do CP. 
Marco inicial: pode ser do 
resultado, do último ato executório 
(tentativa) e pode ser ao término 
da permanência. 
Marco inicial: ou a data do trânsito 
em julgado condenatório ou da 
data da interrupção da pena. (do 
restante de pena a cumprir). Tendo 
como base o artigo 109 do CP. 
Causas interruptivas da PPP: Art. 117, CP. 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
III - pela decisão confirmatória da pronúncia; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão 
condenatórios recorríveis; (Redação dada pela Lei 
nº 11.596, de 2007). 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da 
pena; (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 
1º.4.1996) 
VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
 § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e 
VI deste artigo, a interrupção da prescrição 
produz efeitos relativamente a todos os autores 
do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto 
do mesmo processo, estende-se aos 
 
 
2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
demais a interrupção relativa a qualquer deles. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a 
hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo 
começa a correr, novamente, do dia da 
interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
a) Os incisos I e IV referem-se a PPP no rito comum. 
b) Os incisos II e III referem-se exclusivamente ao Tribunal do júri. 
c) E os incisos V e VI referem-se a PPE. 
Sentença absolutória de primeira instância não interrompe a contagem de prazo da PPP que irá 
correr até que o Tribunal de segunda instância julgue o recurso do MP, revogue a absolvição e atribuída 
condenação ao réu. 
Após o trânsito julgado condenatório começa a correr o prazo da PPE que será interrompido a partir 
do momento em que o condenado for colocado para cumprir pena. Sendo que havendo fuga volta a correr 
o prazo prescricional para o Estado capturar o condenado e voltar a executar a pena sendo que neste caso 
o prazo prescricional será calculado pelo restante de pena que ainda falta cumprir de acordo com o artigo 
109 do CP. 
Os marcos interruptivos da prescrição comunicam-se com todos os co-autores ou partícipes do 
crime, exceto o que se refere ao início de cumprimento de pena ou sua interrupção e a reincidência que 
são aspectos individuais de cada condenado. Artigo 117,§1º, CP. 
Causas suspensivas da PPP: ART. 116, CP. 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a 
sentença final, a prescrição não corre: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - enquanto não resolvida, em outro 
processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 Parágrafo único - Depois de passada em 
julgado a sentença condenatória, a prescrição não 
corre durante o tempo em que ocondenado está 
preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
Modalidades específicas de prescrição: 
1) Prescrição superveniente ou intercorrente ou subseqüente: é espécie de PPP que tem como 
marco inicial a sentença condenatória de 1ª instância e termo final o trânsito em julgado condenatório. 
Sua principal característica será utilizar a pena concreta aplicada na sentença de primeira instância como 
base para um novo prazo prescricional de acordo com o artigo 109 do CP. 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em 
julgado a sentença condenatória regula-se pela 
pena aplicada e verifica-se nos prazos fixados no 
artigo anterior, os quais se aumentam de um 
terço, se o condenado é reincidente. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
 § 1º A prescrição, depois da sentença 
condenatória com trânsito em julgado para a 
acusação ou depois de improvido seu 
recurso, regula-se pela pena aplicada, não 
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo 
inicial data anterior à da denúncia ou queixa. 
(Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
2) Prescrição retroativa: é modalidade de PPP contada porém a partir do trânsito em julgado condenatório 
voltando retroativamente ao processo e considerando todos os marcos de interrupção e os lapsos 
temporais entre eles que até então não geraram prescrição, mas que agora com a pena concreta sendo 
levada em conta nas bases do artigo 109 podem vir a gerar prescrição, principalmente o marco que vai da 
sentença condenatória de primeira instância retroativamente até o recebimento da denúncia. 
OBS: De acordo com o artigo 110 do CP, aumenta-se de 1/3 o prazo prescricional da PPE se o condenado 
for reincidente, porém este aumente não vale para a PPP. (súmula 220, STJ). 
OBS: A prescrição pela pena ideal ou virtual praticamente deixou de ser aplicada já que com a 
mudança da lei se determinou que na prescricao retroativa não será recontado com base na pena 
concreta e definitiva o lapso de tempo entre o recebimento da denúncia e a data da consumação do crime 
que era exatamente o período onde de acordo com a projeção possível de pena concreta se considerava 
prescrito o crime quando o período desde a prática do fato até o início do processo já ultrapassasse o 
prazo prescricional a ser levado em conta ao final do processo na prescrição retroativa. 
 
II. SIMULADO 
2.1. Prova: FUMARC - 2012 - TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Critério 
Provimento 
Dispõe o artigo 115 do Código Penal: “São reduzidos de ½ (metade) os prazos de prescrição quando o 
criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 
(setenta) anos”. Sem levar em conta os casos de redução do prazo da prescrição, o menor prazo 
prescricional previsto no Código Penal é de 
a) dois anos. 
b) três anos. 
c) quatro anos. 
d) oito anos. 
 
2.2. Prova: VUNESP - 2012 - TJ-RJ - Juiz 
A pena privativa de liberdade fixada em 3 (três) meses; a pena de multa quando é cumulativamente 
aplicada com uma privativa de liberdade e a pena de prestação pecuniária prescrevem, respectivamente, 
a) em 3 (três) anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade com a qual foi cumulativamente 
aplicada; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade que substituiu. 
b) em 2 (dois) anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade com a qual foi cumulativamente 
aplicada; em 4 (quatro) anos. 
c) em 3 (três) anos; em 2 (dois) anos; no mesmo prazo da pena privativa de liberdade que substituiu. 
d) em 2 (dois) anos; em 2 (dois) anos; em 2 (dois) anos. 
 
2.3. Prova: FCC - 2012 - MPE-AL - Promotor de Justiça 
A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de 
improvido seu recurso, regula-se 
 
 
2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
a) pela pena aplicada e não pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da 
queixa. 
b) pelo máximo de pena privativa de liberdade cominada ao crime e não pode ter por termo inicial data 
anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. 
c) pelo mínimo de pena privativa de liberdade cominada ao crime e não pode ter por termo inicial data 
anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. 
d) pela pena aplicada e pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da 
queixa. 
e) pelo máximo de pena privativa de liberdade cominada ao crime e pode ter por termo inicial data 
anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa. 
 
2.4. Prova: FGV - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 2 - Primeira Fase (Set/2010) 
A respeito do regime legal da prescrição no Código Penal, tendo por base ocorrência do fato na data de 
hoje, assinale a alternativa correta. 
a) A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, regula-se pela 
pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou 
queixa. 
b) A prescrição da pena de multa ocorrerá em 2 (dois) anos, independentemente do prazo estabelecido 
para a prescrição da pena de liberdade aplicada cumulai vamente 
c) Se o réu citado por edital permanece revel e não constitui advogado, fica suspenso o processo, 
mantendo-se em curso o prazo prescricional, que passa a ser computado pelo dobro da pena máxima 
cominada ao crime. 
d) São causas interruptivas do curso da prescrição previstas no Código Penal, dentre outras, o 
recebimento da denúncia ou da queixa, a pronúncia, a publicação da sentença condenatória ou 
absolutória recorrível. 
 
2.5. Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 3 - Primeira Fase 
No dia 18/10/2005, Eratóstenes praticou um crime de corrupção ativa em transação comercial 
internacional (Art. 337-B do CP), cuja pena é de 1 a 8 anos e multa. Devidamente investigado, 
Eratóstenes foi denunciado e, em 20/1/2006, a inicial acusatória foi recebida. O processo teve regular 
seguimento e, ao final, o magistrado sentenciou Eratóstenes, condenando-o à pena de 1 ano de reclusão 
e ao pagamento de dez dias-multa. A sentença foi publicada em 7/4/2007. O Ministério Público não 
interpôs recurso, tendo, tal sentença, transitado em julgado para a acusação. A defesa de Eratóstenes, 
por sua vez, que objetivava sua absolvição, interpôs sucessivos recursos. Até o dia 15/5/2011, o processo 
ainda não havia tido seu definitivo julgamento, ou seja, não houve trânsito em julgado final. Levando-se 
em conta as datas descritas e sabendo-se que, de acordo com o art. 109, incisos III e V, do Código Penal, 
a prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, verifica-se em 12 (doze) anos se o máximo 
da pena é superior a quatro e não excede a oito anos e em 4 (quatro) anos se o máximo da pena é igual 
a um ano ou, sendo superior, não exceda a dois, com base na situação apresentada, é correto afirmar 
que 
a) não houve prescrição da pretensão punitiva nem prescrição da pretensão executória, pois desde a 
publicação da sentença não transcorreu lapso de tempo superior a doze anos. 
b) ocorreu prescrição da pretensão punitiva retroativa, pois, após a data da publicação da sentença e a 
última data apresentada no enunciado, transcorreu lapso de tempo superior a 4 anos. 
c) ocorreu prescrição da pretensão punitiva superveniente, que pressupõe o trânsito em julgado para a 
acusação e leva em conta a pena concretamente imposta na sentença. 
d) não houve prescrição da pretensão punitiva, pois, como ainda não ocorreu o trânsito em julgado final, 
 
 
2ª FASE OAB – DIREITO PENAL – Cristiano Rodrigues 
Material de Apoio elaborado pela Luciana Prol 
deve-se levar emconta a teoria da pior hipótese, de modo que a prescrição, se houvesse, somente 
ocorreria doze anos após a data do fato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 
2.1: A 
2.2: A 
2.3: A 
2.4: A 
2.5: C

Continue navegando