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contratos eletronicos e soluçoes para eventuais conflitos de competencia

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1 
 
 
 
OS CONTRATOS ELETRÔNICOS SOB A ÓTICA DA 
REALIDADE BRASILEIRA 
 
 
 
 Bárbara Lisley Nunes Rocha 
 
 
 Faculdade Comunitária de Manhuacu - DOCTUM 
 Bacharelado em Direito 
30/10/2014 
 
 
 
RESUMO: O presente artigo sem a pretenção de esgotar o tema , tem como principal 
finalidade apresentar de maneira objetiva e concisa os contratos eletrônicos da 
contemporaneidade, bem como abordar as normas e procedimentos de natureza 
processual-adjetiva referentes a competência territorial para dirimir eventuais conflitos 
advindos dessa relação jurídica contratual . Portanto, pretende-se ressaltar algumas 
concepções desde a Constitucionalização do Direito Civil , tendo como propósito fim , 
enfoque nos contratos eletrônicos e princípios ; juntamente com o código de defesa do 
consumidor e sua atuação no exterior, contribuíndo assim , no conhecimento tecnico dos 
contratos via e-commerce . 
 
Palavras-chave: Contrato Eletronico; Direito Contratual ; Direito do Consumidor . 
 
 ELECTRONIC CONTRACTS UNDER THE PERSPECTIVE OF BRAZILIAN REALITY 
ABSTRACT: This paper without the pretense of exhausting the topic, whose main purpose 
is to present an objective and concise way of contemporary electronic contracts, as well as 
addressing the standards and procedures of adjective-procedural nature relating to 
territorial jurisdiction to settle any disputes arising this contractual legal relationship. 
Therefore, it is intended to highlight some concepts from the Constitutionalization of civil 
law, with the end purpose, focusing on electronic contracts and principles; along with the 
code of the consumer and their overseas activities, thus contributing to the technical 
knowledge of contracts via e-commerce. 
Keywords: Electronic Contract; Contract Law; Consumer Law. 
 
 
2 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 Com o surgimento da Internet, instrumento habitualmente social , econômico e 
jurídico , as interações entre as pessoas tornaram-se muito mais “ágeis” e eficientes. Foi 
através deste recurso, que surgiu o contrato eletrônico , que é considerado uma nova 
técnica contratual existente no mercado atual. 
 A celebração de negócios por meio da rede mundial de computadores, que, 
conforme a concepção majoritária de doutrinadores contemporâneos, não é um novo tipo 
de contrato e sim uma nova técnica de formação dos mesmos, é o mais recente e prático 
método de integralização da tecnologia , com o comércio brasileiro e internacional. Que 
cosconserva-se no entanto os princípios, elementos e requisitos essenciais dos contratos 
convencionais. 
 Entretanto, a atual relação contratual “online” , traz muitas dúvidas relacionadas a 
certos pontos, tais como, a proteção do consumidor , a assinatura digital, o correio 
eletrônico e principalmente a privacidade de dados. Juntam-se a estas, a questão da 
validade como instrumento de prova em juízo, que é problema da jurisdição para dirimir 
eventuais conflitos. 
 Para que se possa compreender e acompanhar essa contínua evolução da 
realidade contratual, faz-se necessária uma nova maneira de interpretar os conceitos 
tradicionais, de modo a permitir que a hermeneutica contemporânea acolha esses 
desafios cada vez mais complexos. 
O presente estudo visa, justamente, o entendimento dessa nova casualidade, em 
especial no que se refere aos contratos eletrõnicos na contemporaneidade e 
competências em quesito territorial para suprimir futuros conflitos, por meio da reflexão 
sobre antigos dogmas e exigências dos contratos tradicionais tambem conhecidos como 
contratos de “ papel” . 
 
 
 
 
3 
 
 
 
2 A RELAÇÃO CONTRATUAL SOB NOVA ÓTICA CIVIL-CONSTITUCIONAL 
 
Atualmente , com a era da globalização e a intensa massificação contratual, findou-
se o conceito tradicional de contrato bem como a sua essencia. Nessa fase de pós-
modernidade vive-se uma dubiedade: ora uma certa insegurança quanto ao seu 
procedimento legal, ora uma hiper certeza, praticidade em sua adaptalidade que justifica a 
edição de normas mais rígidas. 
Verifica-se, pois, uma desestruturação, negação dos modelos tradicionais, crises 
paradigmáticas, desmistificação dos conceitos tradicionais, que passam a ser interpretados 
de acordo com uma nova ótica constitucionalizante. 
 Essa contingência se traduziu no aumento do volume de leis e sua especialização. 
As relações negociais conjuntas com o comércio exterior e, interno, fez com que diversos 
institutos jurídicos brasileiros se modernizassem para se adaptar as novas exigências 
sociais. O contrato, sob o ponto de vista econômico, por exemplo, passou de “instrumento 
da propriedade” para “instrumento da empresa”. 
Busca-se, então, uma harmonização do sistema. O jurista preocupa-se em 
identificar no ordenamento jurídico um novo centro para o entendimento do Direito Civil. É 
justamente neste ambiente que surge a preocupação com as possibilidades negociais 
trazidas pela Internet. 
Preocupação que se justifica na exata medida em que este novo campo de atuação 
dos indivíduos traz uma nova série de conceitos e complexidades, que desafiam os 
operadores jurídicos. Dentre a problemática sobretudo, ressalta-se a imprescindível 
observância ao princípio da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III, CR/88), valor 
fundamental a ser realizado pelo ordenamento jurídico. 
 
Assim sendo, todas as normas de hierarquia infraconstitucional só podem ser lidas 
em função dos princípios que com ela se relacionem, sublinhando-se como de 
exponencial importância para o que aqui concerne – por sua incidência também no 
Código Civil e no Código de defesa do Consumidor – os princípios da solidariedade 
social (art. 3º, I), da prevalência do bem comum (art. 3º, IV), da igualdade (art. 5º, 
caput) e o princípio da proteção da confiança, deduzindo do ordenamento 
constitucional. 1 
 
 
1 COSTA, 1992, p. 138. 
4 
 
 
 
O direito civil não deve apenas flexibilidade as normas Constitucionais mas 
também aos principios implicitos e explicitos nela contidos . A proteção da propriedade, 
da empresa, a execução dos contratos se dá enquanto instrumentos de proteção à 
dignidade humana e de justiça social. 
 
A expressão Direito Civil Constitucional quer apenas realçar a necessária releitura 
do Direito Civil, redefinindo as categorias jurídicas civilistas a partir dos 
fundamentos principiológicos constitucionais, da nova tábua axiológica fundada 
na dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), solidariedade social (art. 3º, III) e 
na igualdade substancial (arts. 3º e 5º). Ou seja, a Constituição promoveu uma 
alteração interna, modificando a estrutura, o conteúdo, das categorias jurídicas civis 
e não apenas impondo limites externos.2 . 
 
 
 
Esta modificação no critério hermenêutico que perpassa o Direito Civil, segundo os 
preceitos constitucionais, importa em estabelecer novos parâmetros para a definição de 
ordem pública, relendo o direitocivil, de maneira a privilegiar, a transição das relações 
negociais-contratuais tradicionais para o mercado eletrõnico , de forma a estabelecer maior 
segurança jurídica aos consumidores envolvidos no novo mercado online. 
 
3 OS CONTRATOS ELETRÔNICOS E O DIREITO CIVIL NA CONTEMPORANEIDADE 
 
O contrato eletrônico é a manifestação jurídica do comércio eletrônico, que significa 
em sua essência, deslocamento de bens e serviços realizados mediante o E-commerce 
( meio utilizado, para combinar e otimizar todas as tecnologias de comunicação 
disponíveis para o desenvolvimento do comércio).3 
Com a popularização da Internet em todo o mundo, criou-se um novo tipo de 
estabelecimento comercial, o virtual. Este tipo de estabelecimento é diferente dos demais, 
pois não há presença empresarial física, e o consumidor ou adquirente de bens e serviços 
tem acesso aos mesmos, somente por transmissão eletrônica de dados. 
 
2 FARIAS; ROSENVALD, 2007, p.27 
3 GLANZ, , p. 70-75. 
5 
 
 
 
Segundo o Código Civil Brasileiro em seu art 1.142, é considerado estabelecimento 
“ todo complexo de bens organizado, para o exercício da empresa, por empresário ou por 
sociedade empresária “. Existem três tipos de estabelecimento virtual segundo Fábio Ulhoa: 
 
� O B2B, que vem da expressão business to business, neste tipo de 
estabelecimento virtual os internautas compradores que acessam são também 
empresários, ou seja, serve para os empresários comprarem materiais para seus 
estabelecimentos comerciais. 
� O B2C, que vem da expressão business to consumer, os internautas que 
acessam esse tipo de estabelecimento virtual são consumidores. 
� O C2C, que deriva da expressão consumer to consumer , os negócios são 
feito entre internautas consumidores, e o empresário responsável pelo 
estabelecimento virtual, apenas interrnedia a negociação. 
 
Ë importante ressaltar que os contratos celebrados por estabelecimentos virtuais 
B2B, são regidos pelo Código Civil. Já os celebrados pelo Estabelecimento virtual B2C, 
são regidos pelo Código do Consumidor e no caso dos C2C, as relações entre o 
empresário titular virtual do estabelecimento virtual e os internautas são regidos pelo 
Código do Consumidor, mas o contrato celebrado entre esses últimos serão regido pelo 
Código Civil. 
 A principal característica do contrato eletrônico é a inexistência do contrato (forma 
escrita) propriamente dito, ou seja, houve a “desmaterialização” onde este contrato exerce 
um papel secundário nesse tipo de relação. 
O recente modelo de relação contratual é realizada sem o contato entre as partes, 
ou seja, não há a “pessoalidade” no uso do mesmo computador entre duas partes, houve a 
“despersonalização”, uma vez que ambos podem utilizar de diversos meios eletrônicos, e 
podem ajustar-se a propria maneira para celebração do contrato. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
3.1 PRINCÍPIOS QUE NORTEAM OS CONTRATOS ELETRÔNICOS 
 
No Direito Contratual são vários os princípios utilizados entre eles temos: 
 
� A AUTONOMIA DA VONTADE: que é o principio pelo qual se permite aos 
contratantes, capazes, de gozar de liberdade para acordarem sobre o objeto, lícito, 
e os termos do contrato, desde que respeitem a função social do contrato. 
 
� A SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: este princípio figura como limitação à 
liberdade de contratar, ou seja, quando houver conflito entre o interesse público e o 
interesse particular das partes, deve prevalecer o interesse público. Art 2.035 do 
Código Civil . 
 
� O CONSENSUALISMO: o referido princípio diz que para a consumação do contrato 
basta o acordo de vontades, ou seja, quando a lei não estabelecer forma solene 
para a formação do contrato, qualquer forma que possa caracterizar a exteriorização 
da vontade de ambas as partes é suficiente para a formação do contrato. 
 
Este princípio é importante para os contratos eletrônicos, visto que a forma eletrônica 
para a celebração do contrato é permitida desde que a lei não exija forma solene para sua 
celebração. 
 
� A RELATIVIDADE DAS CONVENÇÕES: os contratantes possuem certa liberdade e, 
conseqüentemente, o contrato se tornará lei entre as partes. 
 
� A FORÇA VINCULANTE: O princípio da força vinculante das convenções consagra 
a idéia de que o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, torna-se 
obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por outra avença, 
em tal sentido. Pacta Sunt Servanda. 
 
7 
 
 
 
� A ONEROSIDADE EXCESSIVA: pois garante uma equidade posterior à celebração 
do contrato. Ele parte da idéia de que nenhuma das partes pode prever qualquer 
intempérie que possa tornar o contrato extremamente oneroso. 
 
� A BOA –FÉ: O contrato nada mais é do que uma conversão das vontades das 
partes em acordarem, visando-a um fim em comum. Posto isto, se torna lógico que 
exista um pressuposto para ambas as partes, qual seja, a boa-fé com relação aos 
termos do contrato. 
 
A boa-fé divide-se em objetiva e subjetiva. A boa-fé subjetiva é aquela oriunda do 
psicológico do sujeito, e no caso da boa-fé objetiva não existe a necessidade de se buscar 
a intenção do sujeito, seu estado psicológico. Contenta-se em vislumbrá-la nas atitudes, na 
forma exteriorizada da vontade, tratando-se de uma norma comportamental. 
 
 
4. CONTRATOS ELETRÔNICOS SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
 
Os contratos eletrônicos de consumo são aqueles celebrados em uma relação entre 
consumidor e fornecedor (relação de consumo), utilizando-se de meios eletrônicos, 
principalmente da Internet. 
Sendo uma relação de consumo virtual, a ela se aplicam todos os requisitos e 
princípios norteadores de uma contratação tradicional, ou seja, aplicam-se os princípios da 
Publicidade, da Vinculação, da Veracidade, da Não-Abusividade, etc. Diante de uma 
pluralização das transações comerciais e contratuais, é mister a necessidade de uma 
norma específica que regulamente e proteja o direito dos consumidores. 
No nosso ordenamento jurídico atual, não encontramos normas especificamente 
voltadas para o e-commerce, entretanto o Código Civil e o Código de Defesa do 
Consumidor, são capazes de sanar quase que na totalidade as divergências e conflitos 
pertinentes ao tema. 
A grande maioria dos contratos eletrônicos de consumo é celebrada através de 
contratos já pré-estabelecidos, onde não há possibilidade do consumidor discutir com o 
8 
 
 
 
fornecedor as cláusulas contratuais. São os chamados Contratos de Adesão, onde o 
consumidor dirige-se à loja virtual, adquirindo produtos ou serviços com imposições já 
definidas. 
Em caso de existirem cláusulas abusivas, típicas de contratos de adesão, aplica-se 
o estabelecido no art. 51 do CDC. No que tange ao direito de arrependimento, o 
consumidor também está amparado pelo Código de Defesa do Consumidor. O art 49 do 
CDC aduz que: 
O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 07 (sete) dias a contar de sua 
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a 
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento 
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. (...) 
 
Os contratos eletrônicos de consumo, muitas vezes são celebrados através de sites 
internacionais, entretanto a proteção do consumidor deixa a desejar devido aos conflitos 
inerentes as legislações que regulamentam as relações tanto no exterior quanto no brasil 
 
 
5. COMPETÊNCIA TERRITORIAL PARA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DOS 
CONTRATOS ELETRÔNICOS 
 
Em decorrência das atividades e negociações entre empresas e pessoas,e do 
aumento exponencial deste mercado, faz-se necessária uma devida abordagem dos 
meios legais para resolver os impasses consequentes do cumprimento do contrato, bem 
como da lei aplicável, para garantir os direitos do consumidor . 
Apesar de toda insegurança e desconfiança típica das ofertas virtuais, o brasileiro 
está se habituando a comprar via internet. Compra-se de livros a um imovel. Tal como no 
comércio tradicional os conflitos são inevitáveis na seara virtual. Porém a diferença reside, 
que nele o comprador pode retornar a empresa e reclamar sobre o bem adquirido, 
enquanto que neste, as reclamações também são virtuais. E não raro o vendedor 
eletrônico não ser mais encontrado após a venda. 
 O ramo que disciplina o comércio é o Direito Comercial, sendo que o comércio 
eletrônico não se restringe apenas à compra e venda de mercadorias, mas também à 
aquisição de serviços por via eletrônica. Nestes casos, a relação deve ser regrada pelo 
9 
 
 
 
Direito Civil ou, quando estiver presente uma relação de consumo, pelo Direito do 
Consumidor. 
E, ainda, quando o comércio eletrônico ocasionar o cometimento de infrações 
penais, como normalmente é o caso da invasão de privacidade, difamação, calúnia, o 
Direito Penal será o Direito cabível para dirimir o conflito. Portanto, ora o comércio 
eletrônico é disciplinado pelo Direito Comercial, ora pelo Direito Civil, ora pelo Direito 
Internacional, ora pelo Direito do Consumidor, e assim por diante. 
 Deve-se observar ainda, a Medida Provisória 2.200/2001, que foi criada para 
regular as relações jurídicas do comércio eletrônico. 
A lei por vezes ,apresenta várias lacunas, e o juiz, no momento da análise do caso 
concreto, não encontra no corpo das leis um preceito que solucione o problema, logo 
poderá utilizar de outros métodos para solucionar o conflito. Neste sentido a lei de 
Introdução ao Código Civil Brasileiro em seu artigo 4º dispõe que “quando a lei for omissa, 
o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do 
direito”. 
 Há divergencias ainda quanto ao foro competente dos contratos eletrônicos pelo 
Artigo 9º., da Lei de Introdução ao Código Civil, o foro será onde residir o proponente 
(quem oferta algo ) ou, conforme Artigo 111, do Código de Processo Civil, as partes podem 
escolher livremente o foro. 
 
No Brasil o Código de Defesa do Consumidor, para relações de consumo, elege o 
foro de domicílio do consumidor, mas este não é aplicável a outros países, por questão de 
soberania. Para doutrinadores, os contratos eletrônicos, sendo considerados contratos 
entre ausentes, o foro é o da residência do proponente. 
 O Superior Tribunal de Justiça –STJ- definiu que, no caso da firma estrangeira com 
filial no Brasil, esta terá que responder pelos defeitos do negócio. Quanto a jurisdição dos 
contratos eletrônicos, as leis podem variar de jurisdição para jurisdição. Uma das formas 
de resolução é a obrigatoriedade da definição do foro de resolução dos conflitos e da 
legislação aplicável. 
Para o estudioso das relações virtuais de consumo , Ministro Ruy de Aguiar estes 
contratos somente têm valor quando utilizam os recursos criptográficos. Assim, além dos 
10 
 
 
 
requisitos gerais, os contratos eletrônicos têm que garantir a autenticidade, a integridade e 
a perenidade. 
Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor tem sua aplicação integral aos 
contratos eletrônicos. Caso a empresa possua sede no Brasil, esta poderá ser acionada no 
Brasil ou no país sede da empresa, pois está protegido pela Constituição Federal, Lei de 
Introdução ao Código Civil, normas de caráter processual e o Código de Defesa do 
Consumidor (Lei número 8.078/90). 
Em relação ao conteúdo dos contratos eletrônicos, é interessante notar que em 
geral eles se caracterizam pela predisposição de suas condições, especialmente quando 
celebrados on-line, através de homepages. Cabível, portanto, a aplicação do arts. 423 e 
424 do Código Civil: 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. 
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. 
Fazendo a interpretação do artigo supracitado temos que o negócio jurídico 
contratual reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto, no mesmo local onde a 
proposta foi expedida, seja no território nacional, ou em território internacional (como dito 
anteriormente ). 
A Lei de Introdução ao Código Civil - LICC prescreve de forma semelhante em seu 
4art. 9º, caput e § 2º, que a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar 
em que residir o proponente, devendo ser aplicada a respectiva legislação; 
“Art. 9º - Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que 
constituírem. 
§ 2º - A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que 
residir o proponente”. 4 
 
4 As regras de competência internacional se dão com vistas a garantir a soberania e a efetividade de suas decisões, ou seja, efetividade 
de executar aquilo que foi decidido. Também deve ser considerado no momento da fixação da competência nacional se a decisão 
importa à Nação, ou seja, se esta decisão é relevante, a conveniência e a viabilidade. 
Competência nacional pode ser concorrente com a de outra nação estrangeira, não havendo efeito de litispendência como ocorre 
quando as ações concorrentes se dão no território nacional (art. 90 do CPC). A outra hipótese é ser exclusiva, hipóteses elencadas 
no art. 89 do CPC. 
 
11 
 
 
 
Conclui-se que se o sítio estiver hospedado na Inglaterra, onde lá reside o 
proponente, e supomos que uma pessoa acesse o contrato do Brasil, o contrato 
aperfeiçoou-se naquele país, o que conseqüentemente submeterá o contrato à legislação 
inglesa. A localização dos servidores utilizados pouco importará nessa questão de 
competência territorial. 
Ainda no que diz respeito a este tópico, ressalta-se que o foro competente poderá 
ser deliberado pelas partes. Os contratantes têm liberdade para tomar esta decisão, 
podendo, entretanto, instituir o juízo arbitral (Lei nº. 9.307 de 1996) como forma 
preponderante de resolução de litígios. Essa possui exceções legais que são, a exemplo, 
no caso de relação de consumo, conforme dispões o artigo 101, inciso I, do Código de 
defesa do Consumidor a seguinte; “Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de 
produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão 
observadas as seguintes normas: I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor”; 
 A lei é responsável po definir a competência contratual, ficando as partes 
incumbidas de escolher o foro competente quando a lei não o faz. Os casos de 
competência interna estão previstos nos artigos de 91 a 100 do Código de Processo Civil, 
onde se verifica a Competência em Razão do Valor e da Matéria, a Competência 
Funcional, a Competência Territorial. 
Quando se tratar de competência internacional, deve-se observar os artigos de 88, 
89 e 90 do Código de Processo Civil como o já visto também o artigo 12 da Lei de 
Introdução ao Código Civil. Como se fará comum este tipo de competência territorial nos 
contratos eletrônicos, é necessário fazer um breve estudo do Código de Processo Civil, 
que disciplina a matéria da seguinte forma: 
“Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o réu, qualquer 
que seja a sua nacionalidade,estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser 
cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no 
12 
 
 
 
Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada no 
Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. 5 
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a 
inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja 
estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. 
Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem 
obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que 
Ihe são conexas”. 
Conclui-se apartir de então que, a autoridade será brasileira sempre que o réu, 
qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil, quando a obrigação 
tiver de ser cumprida no Brasil, mesmo se o proponente residir no exterior e nos casos que 
envolvem imóveis localizados no Brasil, bem como quando a demanda decorre de fato ou 
ato ocorrido no Brasil. Tais exceções se dão na forma de claramente proteger o 
consumidor residente no Brasil. Ultrapassadas estas exceções, o foro competente será o 
do país onde o contrato se constituiu, excluindo-se, portanto, a competência da justiça 
brasileira. 
Ressalta-se ainda que o direito contratual contemporâneo procura evitar o 
instabilidade, resguardando a eqüidade contratual. Nessa tônica, é necessário interpretar 
as normas do CC/2002 e do CDC, aplicáveis às transações realizadas na Internet, em 
consonância com os princípios da função social do contrato, da boa-fé e da proteção à 
parte mais vulnerável. 
 
 
 
 
 
 
 
5 As regras de competência internacional se dão com vistas a garantir a soberania e a efetividade de suas decisões, ou seja, efetividade 
de executar aquilo que foi decidido. Também deve ser considerado no momento da fixação da competência nacional se a decisão 
importa à Nação, ou seja, se esta decisão é relevante, a conveniência e a viabilidade. 
Competência nacional pode ser concorrente com a de outra nação estrangeira, não havendo efeito de litispendência como ocorre 
quando as ações concorrentes se dão no território nacional (art. 90 do CPC). A outra hipótese é ser exclusiva, hipóteses elencadas 
no art. 89 do CPC. 
 
13 
 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Nos contratos eletrônicos , são utilizadas várias fontes legais para determinar a sua 
validade, ou para resolver conflitos decorrentes deste tipo de contrato e em outras 
situações que se apresentam no decorrer da vigência de tal contrato. 
Diante dos argumentos expostos, o presente artigo, demonstra a possibilidade de 
aplicação da legislação brasileira vigente, em especial as normas que regulam os contratos 
em geral, aos contratos eletrônicos. 
Tais contratos são firmados utilizando a internet como meio de comunicação, tendo 
em vista que o contrato eletrônico não é uma nova modalidade de contrato, mas sim, um 
contrato como outro qualquer, efetivado de forma virtual, possuindo suas peculiaridades. 
Como ficou evidenciado, o contrato eletrônico preenche todos os requisitos e 
pressupostos aplicáveis aos contratos tradicionais, devendo ser tomados alguns cuidados 
quanto à segurança dos procedimentos pré-contratuais, tendo em vista a vulnerabilidade 
do ambiente digital. 
Questões como a assinatura eletrônica e a validade (e prova) dos documentos 
eletrônicos são de grande interesse para todos aqueles que pretendem estar aptos a 
compreender o fenômeno comercial do próximo milênio. 
Melhor regulamentação é necessária para estes aspectos do fenômeno do comércio 
eletrônico, de modo a garantir a segurança tão idealizada nessas operações (talvez 
através da significativa adoção da lei-modelo da UNCITRAL). 
Mas ao mesmo tempo em que se necessita de maior normatização, também deve-
se deixar espaço para a criatividade comercial. Uma legislação inflexivel, engessaria 
o comércio eletrônico. 
Os contratos celebrados por meio eletrônico são perfeitamente válidos pela 
legislação brasileira em vigor, deve-se garantir apenas a inviolabilidade dessas 
mensagens. Neste sentido pode-se falar de uma face contemporânea do instituto do 
contrato, e da necessidade de sua adequação com a exigência de interpretação destes 
antigos institutos. 
O instituto do contrato, assim como o Direito civil está abrangido dentro de um 
ordenamento jurídico cujo fundamento de validade é a Constituição. Nesta medida possui, 
14 
 
 
 
o jurista, o dever de atender aos ditames da magna carta e passar a compreender o direito 
civil enquanto obediente às garantias constitucionais. 
As profundas mudanças pelas quais passou o instituto do contrato demonstram que 
se por um lado possui um sentido puramente econômico, também é instrumento de justiça 
social, obediente aos ditames constitucionais, garantidor da dignidade humana e possuidor 
de uma função social. 
De um modo geral, podemos concluir que o ordenamento jurídico brasileiro 
contempla normas que dão fundamento aos contratos eletrônicos como uma forma 
válida de firmar negócios jurídicos. É bem verdade que, em alguns casos, o profissional 
operador do direito se utilizará de mecanismos de interpretação e de integração da lei para 
justificar este posicionamento, mas, assim procedendo, certamente terá sucesso em 
comprovar que não há qualquer obstáculo legal que impeça a validade jurídica dos 
contratos celebrados através da rede mundial de computadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 
 
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