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Intercorrências clínicas do parto

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ENFERMAGEM NUTRIÇÃO E FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: ENFERMAGEM NA SAÚDE REPRODUTIVA E PERINATAL
Profª Gisele Pereira de Carvalho
ESTUDO DIRIGIDO: INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO
Nomes: Dandara Martins Santos e Maria Luiza Castro
A) Listar as principais intercorrências clínicas da gestação, com base no ManualTécnico de apoio para consulta (disponível no moodle item 7)
Hipertensão crônica
Pré-eclâmpsia/eclâmpsia
Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica 
Hipertensão gestacional (sem proteinúria)
Pré-Eclâmpsia/Eclâmpsia (Pré-eclâmpsia leve, Pré-eclâmpsia grave)
Eclâmpsia
Síndrome HELLP
Hipertensão crônica
Síndromes hemorrágicas
Abortamento (Ameaça de abortamento, Abortamento completo, Abortamento inevitável/incompleto, Abortamento retido, Abortamento infectado, Abortamento habitual).
Gravidez ectópica
Mola hidatiforme (neoplasia trofoblástica gestacional benigna)
Descolamento corioamniótico
Placenta prévia
Descolamento prematuro de placenta
Rotura uterina
Vasa prévia
Anemias na gestação
Diabetes (Diabetes gestacional e Diabetes pré-gestacional)
B) Descrever os sintomas, a prevenção e o controle de duas complicações clínicas da gestação
Pré-eclâmpsia
	A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no parto e no puerpério imediato. É considerado pré-eclâmpsia a hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica gestacional ou hidrópsia fetal) acompanhada de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas hepáticas. 
	A presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria. Se a pressão começar a aumentar, a gestante deve ser reavaliada dentro de 1 a 3 dias. Assim que se tiver o diagnóstico, a conduta dependerá da gravidade e da idade gestacional. As gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo. 
	Na avaliação das condições maternas deve constar (cuidados de enfermagem):
 • PA de 4/4h durante o dia;
 • Pesagem diária;
 • Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia: 
• Cefaleia frontal ou occipital persistente; 
• Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose); 
• Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos;
 • Hiper-reflexia; 
 Analisar a proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas; hematócrito e plaquetas e provas de função renal e hepática. 
*Não há necessidade de tratamento medicamentoso.
	Realizar a avaliação das condições fetais: contagem de movimentos fetais diários, avaliação do crescimento fetal, entre outros. 
	A proteção contra a eclâmpsia, de forma geral, está em prevenir a hipertensão arterial.
Abortamento
É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto pesa menos de 500g. Pode ser espontâneo ou provocado. O abortamento é dito precoce quando ocorre até a 12ª semana e tardio quando ocorre entre a 13ª e a 22ª semanas.
O abortamento tem como fatores etiológicos os seguintes: alterações cromossomiais, anomalias do ovo e da implantação, placentopatias, mecanismos imunológicos, ginecopatias (malformações uterinas, miomatose uterina, alterações endometriais devido à curetagem uterina, infecções, cicatrizes cirúrgicas, incompetência istmo-cervical), endocrinopatias (diabetes, tireoidopatias, insuficiência do corpo lúteo), anemias graves, sífilis na gestação, além de doenças cardiorrespiratória.
 O abortamento pode ser classificado nas seguintes formas clínicas:
• Ameaça de abortamento ou aborto evitável:
- Caracteriza-se pela integridade do ovo, com útero compatível com a idade da gravidez e colo impérvio. Há presença de sangramento vaginal discreto ou moderado, sem que ocorra modificação cervical, geralmente com sintomatologia discreta ou ausente (dor do tipo cólica ou peso na região do hipogástrio).
 O tratamento é discutível. Como regra geral, o repouso no leito é medida aconselhável para todas as situações e deve ser preferencialmente domiciliar. O repouso diminui a ansiedade, favorecendo o relaxamento e reduzindo os estímulos contráteis do útero. A administração, por tempo limitado, de antiespasmódicos (hioscina, um comprimido, VO, de 8 em 8 horas) tem sido utilizada. O uso de tocolíticos não é eficiente, uma vez que, nesta fase de gestação, os betareceptores uterinos não estão adequadamente sensibilizados. Tranquilizantes e/ou sedativos, em doses pequenas, podem ser administrados. Deve-se orientar abstinência sexual.
A ameaça de abortamento pode evoluir para gestação normal ou para abortamento inevitável.
Na admissão hospitalar devido a abortamento, evitável ou não, deve-se solicitar o VDRL para afastar o diagnóstico de sífilis. Em caso de resultado reagente, inicie o tratamento imediatamente.
• Aborto inevitável:
- Caracteriza-se por perda da integridade do ovo, sangramento moderado a acentuado contendo coágulos e/ou restos ovulares, colo uterino permeável, dor em cólica de forte intensidade e redução do volume uterino em relação à idade gestacional. Pode culminar em abortamento completo ou incompleto.
Encaminhar a paciente para o hospital de referência obstétrica, para a realização de curetagem uterina, quando necessária, e ofereça tratamento de suporte, se for preciso, para estabilização hemodinâmica.
• Aborto retido:
- Caracteriza-se pela interrupção da gestação com permanência do produto conceptual na cavidade uterina. Pode ocorrer discreto sangramento, com colo impérvio, regressão dos fenômenos gravídicos e redução do volume uterino em relação à idade gestacional.
Encaminhe a paciente para o hospital de referência obstétrica, para a realização de curetagem uterina.
• Aborto infectado:
- Caracteriza-se por quadro infeccioso materno, com presença de ovo íntegro ou não e quadro hemorrágico variável. Associa-se, habitualmente, à manipulação uterina. Pode apresentar secreção fétida endovaginal, dor pélvica intensa à palpação, calor local e febre, além de comprometimento variável do estado geral.
Na dependência do estádio clínico, pode ser dividido em:
• Grau 1: é o mais frequente; a infecção está limitada ao conteúdo da cavidade uterina;
• Grau 2: a infecção já se expande à pelve (pelviperitonite);
• Grau 3: peritonite generalizada e infecção sistêmica com grave comprometimento do estado geral, coagulação intravascular generalizada, insuficiência renal, falência de múltiplos órgãos e choque séptico.
 Realizar fluidoterapia (para a estabilização hemodinâmica) e encaminhamento para o hospital de referência obstétrica, além de antibioticoterapia, para a cobertura da infecção polimicrobiana.
C) Relatar uma vivência da prática (acompanhamento/observação/discussão casos clínicos no laboratório) e correlacionar com uma das intercorrências clínicas da gestação escolhidas.
Recebemos um caso clínico de Mola hidatiforme (neoplasia trofoblástica gestacional benigna) no laboratório, onde discutimossobre os sintomas característicos, tratamento e abordagem com a paciente. Os riscos para desenvolver mola hidatiforme aumentam após os 35 anos. 
Classificação: 
- Completa: Não tem nenhum resquício humano.
- Incompleta: esboço de um feto (incompleto). Concepção em que jamais nascerá um bebê.
Sintomas característicos: Eliminação e perda de sangue e células (resultantes da reproduçãodesordenada e aumento da proliferação celular), BHCG alto, altura uterina além do esperado para a idade gestacional e ausência de BCF.
Tratamento: Curetagem e em alguns casos (de acordo com a malignidade do tecido – exame histopatológico), quimioterapia.
Abordagem: A abordagem mais adequada seria a de encaminhar para o serviço de referência e explicar que há suspeita de mola hidatiforme. Caso comprovada, explicar da melhor maneira possível que esta situação trata-se de uma concepção em que jamais nascerá um bebê, ou seja, que não há a formação de um bebê / feto.

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