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Aula 6 Concurso de Pessoas e agentes

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Material de apoio elaborado pela monitora Luciana 
2ª FASE OAB 
Material de apoio - Direito Penal - Prof. Cristiano Rodrigues – Concurso de agentes 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
Concurso de agentes ou de pessoas: 
Ocorre quando dois ou mais agentes através de um acordo de vontades, liame subjetivo, concor-
rem para a prática de um crime através da coautoria ou da participação (Artigo 29, CP). De acordo 
com o artigo 29 do CP, nosso ordenamento adotou a teoria monista temperada para delimitação da 
responsabilidade penal no concurso de pessoas sendo que todos os autores, co-autores e partícipes 
respondem pelo mesmo crime, porém cada um na medida de sua culpabilidade. 
OBS.: No crime de aborto há uma exceção em que se permite imputar crimes diferentes para co-
autores do fato, já que o artigo 124 será atribuído à gestante e o artigo 126, atribuído a quem colabo-
rar com a prática do aborto com o consentimento da mulher. 
Critérios delimitadores: 
1) Restritivo: autor será somente aquele que realizar o verbo núcleo do tipo penal. Todo aque-
le que colaborar para o crime de outra forma sem praticar a conduta típica será mero partícipe. Se-
gundo o critério do domínio final do fato podendo modificar ou impedir a ocorrência do fato inde-
pendentemente de praticar o verbo ou não. 
Espécies de autoria 
1. Autor direto 
Ambos com domínio final do fato, porém dividem-se em autor-executor que realiza o verbo nú-
cleo do tipo penal e o autor intelectual que não realiza o verbo, mas planeja, elabora e determina a 
realização do crime pelo autor-executor. 
2. Autor indireto ou mediato: 
Hipótese de autoria mediata – coação moral irresistível e obediência hierárquica, erro determi-
nado por terceiro (Art. 20, §2º, CP) responde pelo crime apenas o terceiro que determinou o crime e o 
uso de pessoa inimputável. Em todas essas hipóteses, responderá pelo crime somente o autor media-
to. 
3. Coautoria 
Trata-se apenas de uma autoria em conjunto quando, por acordo de vontade, dois autores se 
juntam para cometer determinado crimes, podendo se dar de duas formas: a) quando cada um dos 
sujeitos, com domínio do fato, realizam a integralidade da conduta, sendo portanto coautores nesta 
execução; b) através da divisão de tarefas, ou seja, cada um desempenha uma função essencial para a 
empreitada criminosa passando assim a possuir o domínio funcional dos fatos e sendo portanto coau-
tores. 
4. Autoria colateral 
Ocorre quando dois sujeitos, ao mesmo tempo e na mesma situação, resolvem cometer um cri-
me, porém um sem saber do outro, ou seja, sem acordo de vontades e por isso não há coau-
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Material de apoio elaborado pela monitora Luciana 
toria e cada um só responde por aquilo que efetivamente tiver feito. Exemplo: em um homicídio um 
deles responderá pela morte consumada e o outro pelo crime tentado. 
5. Autoria colateral incerta 
Em hipótese de autoria colateral onde não há acordo de vontades e nem coautoria caso 
não seja possível identificar qual dos agentes deu causa ao resultado, deve-se atribuir a tentativa para 
ambos em face da presunção de inocência e do in dubio pro reo. 
6. Participação 
De acordo com a teoria monista, o partícipe responderá pelo mesmo crime do autor. Nosso or-
denamento adotou a teoria da acessoriedade limitada, pela qual, para se imputar ao partícipe deter-
minado crime, a conduta do autor deve ser típica e ilícita, sendo que, na questão concreta, se o autor 
atuar em excludente de ilicitude (Exemplo: legítima defesa), afasta-se a responsabilidade penal tam-
bém do partícipe que colaborou com o fato (Exemplo: emprestou a arma) 
Formas de participação: Divide-se em (i) participação moral: através do induzimento (criar a 
ideia, a vontade), instigação (“botar pilha”) e auxílio moral (dar uma dica, um conselho); (ii) partici-
pação material: auxiliar materialmente, concretamente na realização do crime (instrumentos, lo-
cal, meios e modos. 
Participação de menor importância (art. 29, §1º, CP): reduz-se a pena de 1/6 a 1/3 quando 
o partícipe colaborar com pouca relevância para o crime. 
Cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º, CP): ocorre quando o agente (coautor ou 
partícipe) colabora para determinado crime, porém ocorre um desvio na conduta do autor, que acaba 
realizando outro crime. Este crime não poderá ser imputado ao participante, que só responderá por 
aquilo para o qual quis contribuir. Caso o resultado mais grave fosse previsível para o agente que co-
laborou com o crime, ainda assim responde pelo crime para o qual quis colaborar, mas a pena poderá 
ser aumentada de até metade. 
7. Escusa Absolutória 
Em crimes patrimoniais não violentos (arts. 155, 163, 168 e 171, CP) praticados contra ascenden-
te, descendente ou cônjuge, na constância do matrimônio, estarão isentos de pena, excluindo-se o 
crime (arts. 181 e 183, CP). 
� Dicas 
(i) não se comunica a coautores e partícipes. 
(ii) não se aplica se a vítima possui 60 anos ou mais 
De acordo com o art. 182, CP, se o crime patrimonial não violento for praticado contra irmão, 
cônjuge separado ou tio e sobrinho que coabitem, a ação penal deixa de ser pública incondicionada 
para ser pública condicionada a representação.

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