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DA POSSE POSSE: CONCEITO: é o ato de possuir ou ter uma coisa (corpórea ou incorpórea) com ânimo de conservá-la para si ou para outro. É a relação, poder de fato entre uma pessoa e uma coisa. É um fato; É filha da prática social; Está fora do campo dos direitos; Produz efeitos jurídicos: conduz à propriedade (usucapião, ocupação, traditio) É tutelada ex occasione (excepcionalmente) pelo pretor através de interditos. ELEMENTOS DA POSSE: Elemento material: corpus (detenção material) Elemento subjetivo: animus possidendi (intenção de ter completa e exclusivamente a coisa para si). MODALIDADES: Possessio bonae fidei: o possuidor ignora que está lesando o proprietário da coisa; é protegida até contra o proprietário) possessio malae fidei: o possuidor sabe que está lesando o proprietário da coisa; é protegida contra terceiros; não dá margem ao usucapião. Possessio iusta: nec vi nec clam nec precário. É protegida contra todos inclusive contra o proprietário possessio iniusta. É protegida contra terceiros. Possessio ex iusto titulo: decorrente de doação (pro Donato); compra e venda (pro emptore); pro legato causa. possessio ex iniusto titulo: doação entre cônjuges > capaz de impedir a transferência da propriedade. OBJETO DA POSSE: Res in commercio Res corpórea (Justiniano: corpóreas e incorpóreas) Coisa com individualidade própria TIPOLOGIA: Possessio naturalis, corporalis, detentio: detenção do corpus: tem a possessio naturalis aqueles que têm em seu poder o uso ou a guarda de uma coisa que é de outro, sem a intenção de tê-lo para si. Não tem proteção contra terceiros nem conduz ao direito de propriedade. Ex: locatário, comodatário, usufrutuário. Possessio ou possessio ad interdictas: reúne o corpus e o animus possidendi; é protegida pelos interditos pretorianos. Possessio civilis ou possessio ad usucapionem: reúne as condições necessárias à usucapião; produz efeitos jurídicos; conduz a propriedade pela usucapião. É protegida por interditos; defendida pela actio Publiciana; trata-se de uma propriedade que vai se construindo a caminho de ganhar garantia jurídica. Requisitos: PROTEÇÃO POSSESSORIA: Interdicta retinendae possessionis causa: destinados à conservação da posse turbada. Eram proibitórios e duplos. Interdito Uti possidentis: destinado aos bens imóveis.: “Continuai a possuir o imóvel, de que se trata, como agora o possui, desde que a posse não seja violenta, clandestina ou precária”. Interdito Utrubi: destinado aos bens móveis: “De onde o escravo, de que se trata, esteve durante maio parte deste ano, sem violência, clandestinidade ou precariedade, proíbo a uma e outra parte que façam violência para levar o escravo”. Interdicta recuperandae possessionis causa: destinados a recuperação ou reintegração da posse da coisa esbulhada. Interdito unde vi: destinado a reintegrar na posse de coisa móvel aquele que fora despojado violentamente. Vi cottidiana: violência comum “O imóvel do qual tu, ou teus escravos, com violencia, expulsastes este indivíduo, que o possuía sem violência, ou clandestinidade, ou precariedade com relação a ti, devolve-o a ele, bem como tudo o que ai existia”. Vi armata: violência armada: “Aquele que do imóvel tu, ou teus escravos, violentamente, com homens reunidos em bando ou armados, expulsastes, devolve-o, bem como tudo que existia nele”. De precário: concedido ao proprietário contra o precarista que se recusava a entregar a coisa. De clandestina possessione: concedido para que o desapossado obtivesse a recuperação da posse do imóvel ocupado clandestinamente por terceiro. JUSTINIANO: Os interditos se transformam em ações (actiones ex causa interdicti): processo rápido e sumário. Os interditos de manutenção da posse de móveis e imóveis eram concedidos àqueles que tinham posse atual. Fusão dos interditos de recuperação da posse: interdito de unde vi, usado até 1 ano do desapossamento. Possessio naturalis passa a ser protegida. USUCAPIO CONCEITO: “Usucapião é a aquisição do domínio pela posse continuada durante um ou dois anos: um ano, para as coisas móveis; dois, para as imóveis” (Ep. Ulpiano, 19.8). “Usucapião é a agregação (aquisição) do domínio continuado mediante a continuação da posse pelo tempo determinado na lei” (Modestino, D. 41.3.3). “Usucapião é uma forma de adquirir a propriedade mediante a posse legitimamente justificada e continuada, pelo tempo que determina a lei” (Alba Crespo, 1998). EVOLUÇÃO HISTÓRICA: Regime das XII Tábuas: dispunha que o usucapião para coisas imóveis era de 2 anos e de 1 ano para coisas imóveis. Não eram passíveis de usucapião: coisas furtadas; coisas que pertenciam ao estrangeiro (princípio da reciprocidade); coisas alienadas por mulher sem a assistência do tutor (auctoritas); os limites entre propriedades rústicas; o lugar destinado a incineração; as coisas possuídas violentamente. Reformas da jurisprudência clássica: Requisitos: Possessio, tempus, res habilis, iusta causa e bona fides. Ser cidadão romano ou equiparável. Prescrição de largo tempo (longi temporis praescriptio): usucapião de terras situadas nas provinciais (Principado) pela posse pacífica e de boa fé por 10 anos entre vivos e 20 anos entre ausentes (habitantes de outras províncias). Estavam protegidos da ação reivindicatória do proprietário. Regime do Direito pós-clássico e justinianeu: praescriptio longissimi temporis > concedida ao possuidor da coisa por 30 anos (admite a inexistência de boa fé e justa causa). Justiniano: aumenta o usucapião de coisas móveis para 3 anos e 10 ou 20 (ausentes) anos para imóveis e praescriptio longissimi temporis de 30 anos, prescrevendo todos os direitos reais sobre a coisa possuida de boa fé. Usucapião ordinária: possessio, tempus, res habilis, iusta causa e bona fides. Usucapião extraordinária: praescriptio longissimi temporis 30 anos.
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