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aula 7 modalidades de obrigações

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Direito Civil III - Obrigações
 Prof. Ana Paula Mansano Baptista
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A Classificação da obrigações de DAR, FAZER e NÃO FAZER é baseada no OBJETO da prestação.
Todas as obrigação, sem exceção, que venham a se constituir na vida jurídica, compreenderão sempre alguma dessas condutas, que resumem o invariável objeto da prestação: dar, fazer e não fazer. 
FORMAS: as obrigações de dar, assumem as formas de ENTREGA ou RESTITUIÇÃO de determinada coisa pelo devedor ao credor. 
EX. Compra e venda = gera obrigação para ambos os contratante: para o vendedor é cumprida mediante a entrega da coisa; e a do comprador com a entrega do preço.
Já no comodato, a obrigação de dar assumida pelo comodatário é cumprida mediante RESTITUIÇÃO da coisa emprestada gratuitamente.
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1. OBRIGAÇÃO DE DAR: conduta humana que tem por objeto uma coisa (que pode ser determinada ou determinável)
A palavra DAR, no direito de crédito, tem um sentido geral, exprimindo a obrigação de transferir não somente a propriedade como também a posse.
Nessa modalidade de obrigação, o devedor se compromete a ENTREGAR ou RESTITUIR ao credor objeto perfeitamente determinado.
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Diz-se de entregar a obrigação quando a coisa a ser entregue ao credor não foi por este entregue anteriormente ao devedor – Caio, criador de gado zebu, comprometeu-se a entregar a cria da vaca Mimosa, tão logo venha a parir, a Rui – essa obrigação é de entregar.
Diz-se de restituir quando o devedor literalmente restitui (devolve) ao credor a coisa que dele recebera – No prazo estipulado Lucas restituirá a André o imóvel que lhe foi cedido em comodato.
subdividindo-se em três:
- obrigação de dar coisa certa
- obrigação de restituir
- obrigação de dar coisa incerta
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Obrigação de entregar ao credor bem perfeitamente individualizado (determinado).
Tudo aquilo que é determinado de modo a poder ser distinguido de qualquer outra coisa.
O acessório segue o principal, assim, nas obrigações de dar coisa certa, o objeto da prestação abrange não apenas o bem principal, como também o acessório (a não ser que haja disposição contrária no título, art. 233).
A “coisa”
 é do devedor
é única e preciosa, ex: a raquete de Guga, o capacete de Ayrton Senna, a camisa dez de Pelé, etc. (235). 
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- CC, artigo 313 – o credor não é obrigado a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa.
Impossibilidade de entrega de coisa diversa, ainda que mais valiosa: 
- na obrigação de dar coisa certa, o devedor é obrigado a entregar ou restituir uma coisa inconfundível com outra.
Assim, o devedor da coisa certa não pode dar outra, ainda que mais valiosa, nem o credor é obrigado à recebê-la.
A entrega de coisa diversa da prometida importa na modificação da obrigação, denominada novação objetiva, que só pode ocorrer havendo consentimento de ambas as partes.
Da mesma forma que o credor não pode pretender receber outra ainda de valor igual ou menor que a devida, e possivelmente preferida por ele, pois a convenção é lei entre as partes.
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É inaplicável, a regra em estudo (da impossibilidade de entrega de coisa diversa, ainda que mais valiosa), na Obrigação facultativa, na qual o devedor se reserva o direito de pagar coisa diversa da que constitui diretamente o objeto da obrigação.
Pode ainda, haver a concordância do credor em receber uma coisa por outra , a dação em pagamento – entrega de um objeto como pagamento de divida em dinheiro – depende do expresso consentimento do credor (art. 356).
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não gera direito real ( sobre a coisa), mas apenas direito pessoal ( sobre a conduta). 
O contrato de compra e venda, tem natureza obrigacional – o vendedor se obriga a transferir o domínio da coisa certa ao adquirente, e este, a pagar o preço.
A obrigação de dar gera apenas um crédito, e não direito real. 
A transferência do domínio depende de outro ato:
Gera direito real
tradição (CC, 1267) – bens móveis.
 - Real: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa.
 - Simbólica como: quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves de um veículo
 - Ficta: no caso do constituo possessório, ex. o locatário.
Registro (CC, 108 e 1245) – bens imóveis.
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Relevância do estudo para solução das questões de:
a) perecimento do objeto (perda total)
b) deterioração do objeto (perda parcial)
c) melhoramento ou acréscimo (CC, art.97)
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Em se tratando de obrigação de entregar a coisa certa, a coisa pertence, até a tradição, ao devedor (art. 237, primeira parte) – o devedor, até a entrega, é o proprietário da coisa devida.
Considerando que para o nosso direito a coisa se perde para o dono, na hipótese de perda, desaparecimento, destruição da coisa objeto da obrigação de entregar, é o devedor quem a sofre, uma vez que a ele pertence a coisa.
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Se o devedor não tiver CULPA na perda da coisa, a obrigação se resolve, ou seja, extingue-se, sem que se caracterize inexecução, e o preço se tiver sido eventualmente pago pelo credor deve ser a ele restituído (art. 234, primeira parte).
Se a coisa se perde por CULPA do devedor, a obrigação também se resolve, sendo devida a restituição do preço pago, mas surge para o devedor a obrigação de indenizar as perdas e danos sofridas pelo credor (art. 234, segunda parte).
A responsabilidade da violação do dever de conservar o bem até a entrega.
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Na hipótese de DETERIORAÇÃO (perda parcial) da coisa, antes da tradição, SEM culpa do devedor, sendo a obrigação de entregar a coisa certa, a lei concede ao credor duas alternativas: 
- dar a obrigação por resolvida, recebendo do devedor o que lhe pagara previamente;
 - ou aceitar a coisa no estado em que se encontra, mediante, obviamente, o abatimento do valor que a coisa houver perdido (art. 235).
Se a coisa se deteriorar COM culpa do devedor, o credor tem as mesmas alternativas descritas para a hipótese de perda sem culpa, mais o direito às PERDAS E DANOS (art. 235).
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É comum que a coisa seja melhorada, ou que nela sejam acrescentadas outras coisas, por fato do homem ou pela natureza.
A pintura de uma casa representa um melhoramento;
A instalação de um rádio em um carro representa um acréscimo.
Melhoramento e acréscimos relacionado à um bem principal, tornando-lhe melhor ou mais precioso, podem se incorporar à coisa – como acessórios ou pertença.
Seja acessório ou pertença, o melhoramento ou acréscimo sempre pertence ao dono da coisa.
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Tratando-se de obrigação de entregar, considerando que a coisa pertence ao credor até a entrega a ele pertence também os acréscimos e melhoramento que a ela sobrevierem até aquele momento (art. 237, primeira parte).
Pode o devedor exigir do credor o aumento no preço, sob pena de resolver a obrigação (art. 237, segunda parte).
Também ao devedor pertencem os frutos (acréscimos acessórios) já colhidos antes da entrega, mas ao credor cabem os pendentes (art. 237, parágrafo único) – isso porquanto os frutos pendentes somente serão colhidos quando o proprietário da coisa já for o credor, que já a terá recebido do devedor. 
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ex: bem pago pelo comprador, mas que permanece na loja e é consumido por um incêndio. De quem é o prejuízo. Do vendedor ou do comprador?
Regra: a coisa perece para o dono. O comprador só é dono depois da tradição. Logo, o vendedor continua dono e sofre os prejuízos. CC, art. 492 – até o momento da tradição os riscos da coisa correm por conta do vendedor
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É obrigação de devolver (transferir o domínio).
Ex: contrato de locação (CC, 569, IV) e de empréstimo (CC, 579) e descoberta (CC, 1233)
A “coisa”
 é do credor
é do devedor apenas a posse
Perece para o credor (res perit domino - CC, 238)
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Obrigação de restituir: 
Perecimento sem culpa do devedor: art. 238 – resolve a obrigação, sem responsabilização por perdas e danos.
Exceto se estiver em mora, responderá pela impossibilidade da prestação mesmo que desta decorra
caso fortuito e força maior, se estes ocorreram durante o atraso, art. 399 do CC.
Perecimento com culpa: Art. 239 – a obrigação de restituir importa a de conservar a coisa e zelar por ela. Deixando de fazê-lo, o devedor sofre as conseqüências da sua culpa: deve ressarcir o mais completamente possível a diminuição causada ao patrimônio do credor, mediante o pagamento do equivalente em dinheiro do bem perecido, mas as perdas e danos.
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Deterioração sem culpa do devedor: art. 240, primeira parte – se a coisa se danificar sem culpa do devedor, suportará o prejuízo o credor, na qualidade de proprietário.
Deterioração por culpa do devedor: 240, segunda parte – responderá pelo equivalente em dinheiro, mas perdas e danos. 
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Hipóteses de boa e má-fé do devedor: 
Art. 1.219 do CC: estando o devedor de boa-fé, tem direito à indenização dos melhoramento ou aumento necessários e úteis; quanto aos voluptuários, se não for pago o respectivo valor, este pode levantá-los, quando puder, sem detrimento da coisa e caso o credor não prefira ficar com eles, indenizando o seu valor.
Art. 96, conceito de benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias
Se o devedor estiver de má-fé. Ser-lhe-ão ressarcido somente os melhoramentos necessários, não lhe assistindo o direito de retenção pela importância destes, nem o de levantar os voluptuários.
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Considerando que a coisa pertence ao credor, a ele pertencem os melhoramentos e acréscimos que não tiverem sobrevindo à coisa por despesa ou trabalho do devedor, sem direito deste à indenização.
Se para o melhoramento ou acréscimo o devedor tiver realizado despesas ou trabalho, determina o art. 242 do CC, que se aplica ao caso as normas atinentes às benfeitorias realizado pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
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Obrigação de entregar ao credor bem individualizado:
No gênero
Na quantidade – refere-se às características da coisa que permite identificá-la dentro do gênero. 
Posterga-se a qualidade para o adimplemento.
Bem ainda não foi individualizado, tratando-se de bem determinável – a incerteza recai sobre o objeto da prestação.
Obs: falta de gênero ou quantidade: gera obrigação nula
Obs: o gênero nunca perece. Logo, a perda do objeto mesmo sem culpa do devedor não se aplica as regras do CC,234 e 235 (próprias da obrigação de dar coisa certa).
Ex. eu reservo com o feirante 10 Kg (quantidade) de tomates (gênero) caqui (qualidade) para serem entregues na próxima semana. No momento da contratação não se sabe quais serão os tomates que comporão os 10 KG, mas se sabe que a prestação consiste na entrega do gênero tomate, na quantidade e qualidade acordadas entre as partes.
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A Obrigação de dar coisa incerta é mutante, nasce como obrigação de dar coisa incerta, mas se extingue como obrigação de dar coisa certa. 
A mutação consiste em um requisito para o cumprimento da obrigação.
Essa transformação de uma em outra modalidade de obrigação dar tem-se o nome de:
Escolha ou concentração = individualização (ex. escolha dos tomates)
A quem incumbe?
a) Forma contratual: estabelecido pelo contrato – a escolha das partes.
b) forma legal: contrato omisso: incumbe ao devedor (CC, 244)
(não poderá escolher a coisa pior nem será obrigado a dar a melhor – se assim o quisesse deveria ter ajustado obrigação de dar coisa certa).
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 art. 245, CC – no momento em que o credor efetua a escolha, se esta lhe couber, ou quando for notificado da escolha feita pelo devedor, terá se operado a transformação da obrigação de dar coisa incerta em obrigação de dar coisa certa
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Obs: dá-se a concentração através:
da entrega
do depósito
do pagamento
da comunicação pela constituição em mora (CC, 629 A 631).
 Após a escolha: aplicação das regras do CC, 233 A 242, em relação à perda e deterioração.
Antes da concentração, por não se conjecturar qual coisa constitui objeto da prestação, não se pode pensar em perda ou deterioração do objeto (art. 246, CC).
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