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Resumo de Dir. Processual Civil IV 1º semestre

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RESUMO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
AÇÃO RESCISÓRIA
Conceito: É o remédio jurídico utilizado para impugnar sentença transitada em julgado, que tem caráter desconstitutivo, pois visa o desfazimento de uma decisão que já transitou em julgado, ou seja, a ação rescisória se volta pra rescindir uma decisão de mérito transitada em julgado e para eventual proferimento de nova decisão de mérito. As possibilidades de rescisão da sentença estão elencadas taxativamente no artigo 966, do Código de Processo Civil. 
Nota: Não se trata de um recurso, mas sim de uma ação de conhecimento de natureza constitutiva e/ou condenatória (pois ela se presta sempre “a quebrar” uma decisão, mas nem sempre tem uma decisão proferida no lugar, haja vista que, se a decisão da rescisória for negativa, não haverá alteração no direito). 
→ Importante frisar que trata – se de medida excepcional, cujo objeto é conceder ao jurisdicionado, durante determinado período de tempo (02 anos), a possibilidade de reabrir o debate, caso verificada a existência de alguma irregularidade no processo original. 
HIPÓTESES DE CABIMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA
Obs.: Destaca – se que para saber se cabe ou não ação rescisória nessa hipótese é que o ato judicial tenha se pronunciado de maneira definitiva sobre o mérito. Nesse sentido, a ação rescisória pode ter por objeto a sentença de mérito ou decisão interlocutória definitiva de mérito. 
→ Decisão que atinge o mérito:
Sentença
Acórdão
Decisão Interlocutória 
Exemplo: Aquela que reconheça em decisão saneadora caduco ou prescrito um direito (prescrição e decadência). 
Obs.: Não cabe ação rescisória contra sentença homologatória de transação, vez que, negociações jurídicas que são homologadas pelo juiz serão quebradas por ação anulatória de ato jurídico. 
Obs. 2: É possível cumular hipóteses de cabimento dentro da ação rescisória, bem como, a improcedência de uma ação rescisória ajuizada por um motivo não impede a propositura de nova ação condizente a outro motivo. 
Diferença entre tutela provisória antecipada e tutela cautelar:
Tutela provisória antecipada: O juiz ingressa na discussão do mérito, sendo que, se procedente a tutela antecipada, o autor do direito pode usufruir deste durante o decorrer do processo. 
Tutela cautelar: O juiz não ingressa na discussão do mérito, de modo que, o direito fica intocável pelas partes no decorrer do processo. Importante frisar que não cabeação rescisória na medida cautelar, vez que, não há debate do mérito. 
→ Exceção: Só cabe ação rescisória de decisão proferida em pedido cautelar se houve negativa desse pedido com base na decadência ou prescrição do direito.
Obs.: Se a parte requerer cautelar, e por fungibilidade, o juiz der tutela antecipada, e essa tutela atingir o mérito e sua decisão transitar em julgado, caberá ação rescisória.
Taxatividade:
	A ação rescisória é uma norma restritiva de direitos, ou seja, deve ser interpretada de maneira restrita, considerando o rol do art. 966, que é taxativo.
Inciso I: Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz. 
	Ressalta – se que não há exigência de que o juiz já tenha sido condenado por qualquer dos crimes referidos no inciso I, já que a demonstração da existência do ilícito pode ocorrer dentro da própria rescisória. Dessa forma, mesmo que o processo criminal ainda esteja em curso, é possível ajuizar a demanda rescisória. 
Prevaricação do juiz = É o fato de retardar ou deixar de praticar ato ou oficio, ou praticá-lo contra disposição expressa, por dó do juiz ou interesse em satisfazer sentimento pessoal do mesmo, provocando injustiças ou causando prejuízo ao Estado.
Concussão do juiz = É o ato do juiz de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão de sua função, obtendo, direta ou indiretamente, vantagem indevida.
Corrupção do juiz = É o uso das competências legisladas pelo juiz para fins privados ilegítimos.
Ação rescisória e condenação criminal
	Não é necessário haver condenação criminal para a procedência da ação rescisória, pois é possível demonstrar o fato nos autos da ação rescisória. 
Obs.: Em caso de acórdão, só cabe à ação rescisória se o juiz criminoso influenciar o julgamento, ou seja, se a decisão obtiver maioria dos votos e for vencido o juiz criminoso, não caberá a rescisória. 
	Na ação penal, quando o juiz absolve o réu, ele é obrigado a dizer o motivo pelo qual ele absolveu. Em alguns casos o juiz absolve porque não tem certeza da condenação, e em outros casos, o juiz absolve porque possui certeza de que não deve condenar. Quando isso acontecer, a absolvição criminal impede a propositura da ação rescisória. 
→ Negativa de autoria: Há certeza de que o juiz não cometeu o crime, haja vista que, ficou provado nos autos. 
→ Inexistência do fato: Há certeza de que o fato não aconteceu. 
	
Inciso II: Juiz impedido/absolutamente incompetente.
→ Naturalmente, a sentença proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente possui vício insanável, devendo a mesma ser rescindida. 
Inciso III: Dolo/coação ou simulação/colusão.
→ O inciso III faz referência à hipótese de coação da parte vencedora ou a simulação entre as partes, no intuito de fraudar a lei. A norma tenta evitar que as partes se utilizem do processo para atingir seus objetivos inidôneos ou ilícitos. 
	É dever das partes agir sempre de acordo com a boa – fé, assim, sempre que se verificar o agir doloso ou coativo de uma das partes em detrimento da outra. Poderá o julgado ser rescindido. 
	É possível ver rescindida a decisão quando se verificar a existência de processo simulado ou de colusão (conluio /concerto entre partes para enganar e prejudicar terceiros) entre as partes, com o intuito de fraudar. O juiz deve proferir decisão que impeça o objetivo dos integrantes do processo, bem como deve aplicar as penalidades da litigância de má – fé, tornando nula a relação existente entre as partes. 
	Importante frisar que como ambas as partes combinam para realizar a simulação ou a colusão, não é possível que as mesmas busquem amparo no poder judiciário, haja vista que, não podem alegar torpeza contra os próprios. Sendo assim, apenas o Ministério Público, juiz de oficio ou terceiro interessado podem recorrer ao Poder Judiciário para interposição de ação rescisória. 
Inciso IV: Coisa julgada.
	O inciso IV faz referência a possibilidade de ação rescisória quando existir ofensa à coisa julgadamaterial (o juiz não pode julgar novamente causa que já obteve anterior solução no Poder Judiciário). A existência de duas coisas julgadas sobre a mesma questão (partes, fato jurídico e causa de pedir idênticas) é inaceitável no sistema vigente, razão pela qual a decisão mais antiga deve prevalecer sobre a mais recente, podendo esta última ser alvo de ação rescisória. 
Obs.: A única forma legitima de se superar a coisa julgada é através da própria ação rescisória, e jamais através da repropositura de demanda já apreciada pelo Judiciário. 
No caso de ação rescisória contra demandas idênticas, prevalecerá a mais antiga ou a mais nova?
1ª posição: Uma parte dos doutrinadores afirma que a sentença que deve prevalecer é a primeira, haja vista que, foi à coisa julgada que se materializou primeiramente sobre o tema, e não há como permanecer com uma decisão que já nasceu ofendendo o direito, tal como a 2ª decisão, haja vista que, o individuo que ajuizou demanda idêntica novamente atua de má – fé (Nelson Nery e Cassio Scarpinella).
2ª posição: Uma parte dos doutrinadores afirma que a sentença que deve prevalecer é a segunda, haja vista que, a segunda suplantou a primeira e prevalece até que seja rescindida para sempre (Vicente Greco Filho e Código de Processo Civil comentado da AASP). 
Obs.: Se for interposta apelação intempestivamente, mesmo que apenas um dia depois do prazo fatal para ingresso do recurso, ocorre o trânsito em julgado. Diante da interposição intempestiva, a apelação não deve ser conhecida, mas se por erro do julgador, tal fato ocorrer e o recurso for provido, haveráofensa à coisa julgada já existente, e dessa maneira, quando o acórdão da apelação transitar em julgado caberá ação rescisória. 
Inciso V: Violação da norma jurídica. 
	O inciso V dispõe sobre o cabimento da ação rescisória na hipótese de violação da norma jurídica. O conceito de norma, ainda que se adote esta ou aquela orientação, cada qual com suas variações, é sem dúvida mais amplo, pois abrange as leis e os princípios do direito, compondo todo o sistema jurídico. 
 O inciso outorga à rescisória quando a decisão de mérito contém uma terapologia (monstruosidade). Não cabe se a decisão dada pelo julgador for razoável (Diz respeito aos fundamentos jurídicos)
Obs.: Ação rescisória não substitui apelação. 
	Se o conflito for entre norma ordinário e norma constitucional (matéria controvertida), e o juiz adotar a interpretação constitucional, a qual posteriormente foi provada inadequada, caberá rescisória. 
Em suma:
Se a discussão versar sobre lei ► Não caberá ação rescisória.
Se a discussão versar sobre Constituição Federal ► Caberá ação rescisória.
	Ou seja, a Súmula 343 não se aplica, se a discussão for de norma constitucional e por consequência, se a súmula não se aplica, e é possível o ajuizamento da ação rescisória por ofensa a norma jurídica, ainda que, quando da decisão haver – se interpretação controvertida. 
→ Lei nº 13.256/16 – Lei que sancionou uma série de alterações no Novo Código de Processo Civil, inclusive, incluiu os parágrafos 5º e 6º no tema ação rescisória:
	Quando o juiz julga, ele é obrigado a aplicar o entendimento dos tribunais, principalmente se esse entendimento estiver simulado ou decidido como demanda repetitiva. Ocorre que pode acontecer de um caso concreto conter situação fática diversa daquilo sumulado.
	Nessa situação, se o juiz sentenciar e não considerar essa distinção fática, aplicando súmula para uma questão fática diferenciada, caberá rescisória por violação da norma jurídica. 
	Ou seja, se a sentença aplica enunciado de sumula ou entendimento fundamentado em incidente de demanda repetitiva, porém o embasamento diz respeito a caso distinto do processo em debate (o juiz utiliza sumula ou recurso repetitivo que não condiz com o verdadeiro teor do caso em análise), caberá ação rescisória contra a sentença, haja vista que, houve violação da norma jurídica.
→ Distinção: Dizer para o judiciário que a situação fática em tela é diferente do entendimento dos tribunais (Rescisória contra juiz que aplica a súmula errada). 
Inciso VI: Prova falsa.
	O inciso VI trata sobre a possibilidade de ajuizamento de ação rescisória pela existência de prova falsa, de modo que, quando o magistrado é levado a criar sua convicção em elementos que não são verdadeiros, seu discernimento encontra – se viciado em razão da impropriedade das evidências. Uma vez maculadas as evidências que deram suporte à decisão, e se estas forem essenciais para o desfecho do feito, será cabível ação rescisória. 
	É necessário que a prova falsa seja o único sustentáculo da sentença, ou seja, totalmente relevante. 
Obs.: A prova da falsidade pode ser feita na própria ação rescisória ou ainda pode ser declarada como falsa em processo criminal. 
Inciso VII: Prova nova.
	O inciso VII trata de prova nova adquirida posteriormente ao trânsito em julgado da ação. Entende – se por prova nova toda aquela que já existia durante o processo, porém não estava ao alcance da parte ou que por ela era ignorada sua existência.
	A prova nova deve ser por si só suficiente para alterar o julgamento anterior, pois só assim será admitida a ação rescisória, vez que, não há motivo para reabrir um debate oneroso se não houver possibilidade de alteração do documento original. 
- É a prova velha porque já existia, mas não havia sido utilizada, porque a parte não sabia de sua existência, ou porque a prova foi escondida por uma das partes. Dessa forma, não existe ação rescisória com base em prova nova, se esta foi criada após o trânsito em julgado da demanda originária. 
Obs.: Não se admite como prova nova a realização de pericia posterior a decisão que se pretende rescindir, salvo na hipótese da descoberta de nova técnica cientifica que a parte não tinha conhecimento ao tempo da discussão 
Inciso VIII: Erro de fato verificável nos autos. 
	Diz respeito ao ajuizamento de ação rescisória quando a decisão for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Há existência de tal circunstância quando a decisão deixar de reconhecer fato existente ou considerar inexistente fato que efetivamente existiu, de modo que, exista equívoco quanto à percepção dos acontecimentos do feito. 
	Importe frisar que para que seja possibilitada a propositura da ação rescisória, o erro tem de estar fundamentalmente ligado ao resultado da demanda, ou seja, necessita ser decisivo.
Obs.: Erro é erro e não julgamento → Se o juiz julga, ele não errou, ou seja, ele verificou determinada prova, mas entendeu que a referida prova era insuficiente para demonstrar o fato (exerce livre convencimento motivado), no entanto, se por equivoco ele deixou de averiguar uma prova importante, e a sentença poderia ter sido modificada se não tivesse ocorrido tal erro, caberá rescisória.
Exemplo: Juiz que ao folhear as páginas do processo, não percebe uma folha de laudo pericial grudado em outra folha, e passa “batido”, julgando sem considerar prova importante (Cabe rescisória por erro de fato verificável nos autos). 
§ 1º do art. 966 (relacionado diretamente com o inciso VIII)
	Para que o erro de fato dê ensejo à rescisória, necessariamente precisa estar ligado à decisão, bem como não pode ter pronunciamento judicial sobre este, nem ocorrido controvérsia entre as partes sobre o acontecido. 
	Dessa forma, se o evento sobre o qual se alega erro tiver sido utilizado pelo juiz como forma de construir seu raciocínio para a conclusão final, então poderá ser ajuizada a ação rescisória. 
Obs.: O erro ter que ser passível de verificação através das provas já produzidas na ação original, não se admitindo a produção de novas provas para demonstração do erro de fato. 
§ 2º do art. 966
	No referido parágrafo destacam – se hipóteses em que mesmo a decisão nem atacando propriamente o mérito, ainda assim será possível a propositura de ação rescisória (trata – se de regra do cabimento de rescisória). 
Exemplos: 
Litispendência.
Coisa julgada.
Perempção.
Homologação de desistência. 
Etc.
	Nessas hipóteses, está autorizada a parte interessada ingressar com a demanda rescisória, a fim de retirar o obstáculo existente à propositura de nova demanda. 
§ 3º do art. 966
	Trata da possibilidade do ajuizamento de ação rescisória apenas sobre capítulo da decisão, ou seja, somente sobre o fragmento que contém vicio. Admite – se parcial rescisão, preservando o que já foi decidido corretamente. Focar unicamente na parte em que há supostamente problemas colabora para manutenção da segurança jurídica, economia processual, dentre outros princípios. 
§ 4º do art. 966
	Dirige – se especificamente aos atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou participantes do processo e homologados pelo juízo. Referidos atos estão afastados do conceito de decisão, razão pela qual, o legislador vislumbrou a possibilidade de que tais atos sejam atacados através de ação anulatória e não por rescisória (rescisória ataca o mérito). Os atos podem ser anulados, desde que estejam eivados de algum vicio de ordem material ou processual. 
LEGITIMIDADE NA AÇÃO RESCISÓRIA
→ O artigo 967 preleciona quem pode ingressar com a ação rescisória:
Partes (inclusive sucessores)
Terceiro interessado
Ministério Público 
Aquele em que lhe era obrigatória a intervenção (CVM e CADE)
	Importante destacar a legitimidade ativa do Ministério Público, o qual possui diversas hipóteses em que aparece como legitimado ativo para propositura da ação rescisória, tais como quando tiver sido parte na ação originária e quando sua intervenção eraobrigatória.
	É preciso citar também a questão da legitimidade ativa na presença de litisconsórcio necessário, haja vista que, em principio, o autor da ação rescisória deve atuar em conjunto com o litisconsorte com quem litigou a ação originária. No entanto, é possível que exista conflito de interesses entres as partes que anteriormente estiveram em um mesmo polo de demanda, sendo que um possua interesse em ingressar com a rescisória e o outro não. Assim, quando há a necessidade do litisconsórcio, porém existe o referido conflito de vontades, aquele que esteve no polo ativo da ação originária, mas não possui interesse em litigar novamente na ação rescisória, deve ser citado como integrante do polo passivo da demanda (após a citação perfeita, é possível que este assuma a posição ativa na relação processual, caso queira). 
REQUISITOS PETIÇÃO INICIAL
	Os requisitos da petição inicial são condições objetivas para o prosseguimento das ações. 
	O art. 968 trata das exigências da petição inicial da ação rescisória que, além de respeitar os requisitos do art. 319 e 320, deve ainda cuidar de alguns pressupostos adicionais. 
→ Importante salientar que a ação rescisória trata – se de uma ação de conhecimento, razão pela qual, o procedimento para sua interposição é praticamente o mesmo, com apenas duas exceções:
Não cabe ação rescisória em 1ª instância, de modo que, a petição inaugural deve ser apresentada no mínimo em sede de apreciação pelo Tribunal de Justiça. 
Não cabe ação rescisória contra decisão do Juizado Especial Civil (JEC). 
	O SJT e STF sempre julgam a ação rescisória contra decisões de competência originária. Quando exercerem a competência recursal na ação rescisória serão necessários os seguintes requisitos cumulativos: 
Que tenham decidido sobre a questão federal ou constitucional do recurso, ainda que para negar conhecimento.
Que a questão federal ou constitucional vinculada no recurso seja a mesma utilizada na causa de pedir da ação rescisória. 
Inciso I
	
Como regra, deve ser o pedido de rescisão cumulado sucessivamente ao pedido de novo julgamento. 
Obs.: Existe a eventualidade de se ajuizar ação rescisória sob o fundamento de violação à coisa julgada, e nesse caso, não há novo julgamento, vez que aquilo que se busca é efetivamente a rescisão de um julgamento que violou coisa julgada existente previamente.
Inciso II
	Para ingressar com ação rescisória, é exigido o depósito prévio de 05% sobre o valor da causa (garantia):
Obs.: 
§ 1º do art. 968:
O montante é exigido para que se de processamento à demanda. 
Isentos: Beneficiários da assistência judiciária gratuita. 
§ 2º, Inciso II, do art. 968:
	Existe uma limitação no valor do depósito, o qual jamais ultrapassará o valor equivalente a 1000 salários-mínimos, a fim de evitar que o acesso à justiça se torne economicamente inviável. O valor entabulado busca estabelecer um equilíbrio para que não haja vulgarização da ação rescisória. 
Obs.: Se a ação rescisória for considerada inadmissível ou improcedente por unanimidade de votos, o valor depositado previamente (5% do valor da causa) será revertido em multa (Deixa claro a vontade do legislador de inibir a utilização indevida da ação rescisória). 
§ 3º, Inciso II, do art. 968:
	O depósito no importe de 5% sobre o valor da causa funciona como garantia, sendo assim, a não realização do depósito gera o indeferimento da petição inicial. 
§ 4º, do art. 968:
§ 5º e § 6º, do art. 968:
	Sempre que na petição inicial, existir equívoco sanável, deverá o magistrado determinar que o autor emende a inicial, sanando o vício. Mesmo na hipótese de endereçamento para tribunal absolutamente incompetente, poderá o autor ser intimado a emendar a inicial, ou o próprio tribunal incompetente que recebeu pode remeter os autos a corte adequada. Se voltar a petição inicial viciada, estará o juiz autorizado a indeferi-la.
CUMPRIMENTO DIRETO DA AÇÃO RESCISÓRIA
	A regra primordial é a de que a propositura da ação rescisória não impede de qualquer modo o cumprimento da decisão rescindenda. Todavia, em casos excepcionais e devidamente fundamentados, o cumprimento da decisão rescindenda poderá ser obstado se o autor da ação demonstrar a presença dos requisitos legais (fumus boni juris e periculum in mora) e ensejar a concessão de efeito suspensivo. 
	Sendo assim, a ação rescisória não impede o cumprimento da decisão alvo do juízo rescisório, no entanto, ressalva aquelas casos em que for concedida tutela provisória, ou seja, apesar de o efeito suspensivo não estar dentre os efeitos primários da ação rescisória, se o autor demonstrar efetivo perigo na demora e mostrando ser realmente necessária a suspensão, poderá ser deferido o efeito suspensivo (Pode ser pedido em petição inicial ou em tutela cautelar). 
Obs.: Em caso de concessão da tutela provisória, o Juízo que processa a execução da decisão rescindenda. 
CITAÇÃO NA AÇÃO RESCISÓRIA
	Uma vez citada, a parte requerida na ação rescisória poderá apresentar, além de contestação, reconvenção. Deixando de contestar a ação rescisória, os efeitos da revelia não poderão operar, considerando que qualquer omissão do réu em relação à ação rescisória não reputará verdadeiras as alegações fáticas postas na inicial da rescisória, haja vista que, a coisa julgada envolve direito indisponível, o que impede a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte autora. 
Obs.: A revelia não induz prescrição de veracidade na ação rescisória, porque já existe coisa julgada à respeito. 
Com a apresentação da contestação/reconvenção, observam se as regras do procedimento comum ordinário, com a possibilidade de julgamento antecipado da lide. 
→A contagem de prazos computará apenas os dias úteis.
Obs.: No caso de litisconsórcio passivo, com advogados diferentes, em processo físico, é necessário verificar se o prazo de 15-30 dias dobra ou não. Existem 2 posições:
Não dobra: Para a maioria da doutrina, o prazo disposto em caso de litisconsórcio passivo não pode ser dobrado, haja vista que, o relator já apreciou as peculiaridades do caso. 
Dobra: Para o Supremo Tribunal Federal (STF), o prazo disposto em caso de litisconsórcio passivo pode ser dobrado, conforme prelecionado no RE 94960.
COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA
	O art. 971 do CPC descreve como serão distribuídas as cópias dos relatórios aos juízes, bem como a composição do órgão competente para julgamento. Frisa ainda a escolha do relator, que quando possível, recaia em juiz que não tenha participado do julgamento objeto da rescisória. 
FASE INSTRUTÓRIA DAAÇÃO RESCISÓRIA
	Diz respeito a fase instrutória da ação rescisória, a qual, se for o caso, poderá se realizar com a possibilidade de delegação de competência ao juízo prolator da decisão rescindenda. Trata – se de uma faculdade do relator a remessa dos autos ao Juízo “a quo” para a produção de provas (a prova deve ser colhida conforme as necessidades do caso concreto). O prazo para devolução dos autos ao relator da ação rescisória é de 1 a 3 meses. 
Obs.: A prova a que se refere o art. 972 CPC diz respeito a:
Prova oral (oitiva de testemunhas, etc)
Prova pericial (inclusive com nomeação de perito). 
Prova documental (deve estar acostada na petição inicial, e se possível na contestação ou réplica). 
RAZÕES FINAIS E JULGAMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA
	Terminada a colheita das provas, as partes terão vista sucessiva dos autos para apresentação de suas razões finais seguindo – se a sua remessa para o relator para elaboração de voto (após a elaboração do voto, o relator deverá remeter os autos ao julgamento pelo colegiado competente). A não concessão de prazo para apresentação das razões finais gera prejuízo às partes de natureza pública.
Obs.: Após a apresentação das razões finais pelas partes, entende – se que o Ministério Público deve ser intimado a ter vista dos autos para manifestação, muito em razão do interesse público do julgamento da ação rescisória. 
PROCEDÊNCIAE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO RESCISÓRIA
→ Procedência da ação rescisória: Se julgada a ação rescisória, o tribunal julgador rescinde a decisão desconstituindo a coisa julgada formada anteriormente e profere novo julgamento da demanda, exercendo o juízo rescisório em sua plenitude. Dessa forma, é vedado ao tribunal que julga a ação rescisória deixar de julgar a causa e transferir o novo julgamento ao juízo de primeira instância. 
Obs.: Com o decreto de procedência da ação rescisória, o valor do depósito prévio (5% sobre o valor da ação) é restituído ao autor da ação. 
→ Inadmissibilidade/Improcedência da ação rescisória: 
Inadmissibilidade → Verifica – se em duas hipóteses:
Quando a causa de pedir da ação rescisória não segue qualquer dos requisitos taxativos previstos no CPC. 
Quando a causa não possui como objetivo a rescisão de uma decisão de mérito transitada em julgado.
Improcedência:
Sempre ocorrerá o julgamento de mérito do tribunal, uma vez que há o convencimento da inocorrência de fundamento para a rescisão. 
Obs.: Julgado o pedido inadmissível ou improcedente, o tribunal determinará a reversão do depósito prévio em favor do réu (ou a sua conversão a título de multa), sem prejuízo de fixar as verbas de sucumbência (honorários advocatícios e despesas processuais).
PRAZO DA AÇÃO RESCISÓRIA
	A contagem do prazo decadencial de 2 anos se inicia expressamente a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo, ou seja, quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. 
Obs.: A contagem de prazo se dá efetivamente a partir da data do trânsito em julgado e não da data da certidão de trânsito em julgado. 
§ 1º do art. 975:
	Refere – se a eventual prorrogação do prazo para ajuizamento da ação rescisória em caso de o prazo se expirar durante o período de férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
Obs.: Em regra, os prazos decadenciais possuem natureza material, de modo que não se suspendem e nem se interrompem, muito menos se prorrogam. 
PROVA NOVA:
§ 2º do art. 975:
	Se o fundamento da ação rescisória se basear em prova nova, o prazo decadencial de 2 anos começa a contar da descoberta da prova nova, e não do trânsito em julgado da demanda. 
	O legislador dispôs que o prazo para descoberta da prova nova não pode ultrapassar 5 anos do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo
	Dessa forma, o individuo tem 5 anos para descobrir prova nova desde o trânsito em julgado da demanda. Se por ventura, ele descobrir referida prova depois de 4 anos do trânsito em julgado, terá apenas 1 ano para interpor a ação rescisória, e assim por diante. 
SIMULAÇÃO E COLUSÃO:
§ 3º do art. 975:
	Refere – se a contagem do prazo para eventual terceiro prejudicado e para o Ministério Público ajuizarem a ação rescisória em casos de simulação ou de colusão das partes. O prazo para propositura da ação rescisória nesses casos conta – se (para o 3º prejudicado e o MP) no momento da ciência do fato constitutivo da simulação ou da colusão.
	Importante frisar que não há limite de prazo para descobrir a existência de simulação ou colusão das partes, contudo, uma vez descoberta, o prazo de 2 anos se mantém inalterado. 
→ A doutrina critica fortemente esse parágrafo, haja vista que, o prazo decadencial é infinito, porque não estabelece um prazo determinado. 
Obs.: Quando o juiz profere a sentença, ele fundamenta com leis, se depois do trânsito em julgado dessa sentença, essa lei foi considerada inconstitucional, cabe ação rescisória contra uma sentença, e o prazo da ação só começa a correr quando a decisão sobre inconstitucionalidade transitar em julgado. 
RECURSOS NA AÇÃO RESCISÓRIA: 
	Podem ser interpostos os seguintes recursos na ação rescisória:
Recurso Especial
Recurso Extraordinário
Embargos de declaração
Técnica de julgamento baseada que substituiu os embargos infringentes.
PROCESSO DE EXECUÇÃO
	A tutela executiva busca a satisfação ou realização de um direito já acertado ou definido em título judicial ou extrajudicial, com vistas à eliminação de um inadimplemento. Essa espécie de tutela jurisdicional exercida mediante execução forçada atua unicamente em favor do credor.
	Fala-se em execução, quando for imposta uma obrigação e seu responsável não a cumprir espontaneamente. Para que esse direito possa ser exercido por seu titular, é necessário que haja a intervenção do Estado, visto que são raríssimas as hipóteses nas quais o nosso ordenamento jurídico admite a autotutela (imposição da vontade individual, sem intervenção estatal). 
	A execução pressupõe uma obrigação sob a qual não pairam incertezas quanto a sua existência e titularidade, cabendo ao Estado forçar aquele que tem o dever de cumpri-la a fazê-la. Constitui-se de três elementos: 
Obrigação impassível de discussão (título executivo)
O titular desta (exequente) 
Aquele que deve cumpri-la (executado). 
	A execução fundada em título extrajudicial realiza-se em processo de execução, vale dizer, em relação jurídico-processual autônoma. É diferente do que ocorre, portanto, com a maioria dos casos de cumprimento de sentença, nos quais a execução é apenas uma fase processual posterior à formação do título executivo judicial (processo sincrético).
	É do processo de execução fundado em título executivo extrajudicial que cuida o Livro II da Parte Especial do novo CPC.
PRINCIPIOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO: 
Principio da efetividade: Significa dizer que a execução deve trazer beneficio ao exequente, de maneira que, se o produto da execução só for suficiente para custear as despesas processuais, não haverá penhora. 
Principio da Realidade/Patrimonialidade: Significa que a execução recai sobre bens e nunca sobre o corpo, excluindo a execução de alimentos, em que a prisão é meio de coerção e não de pagamento. 
Responsabilidade objetiva do exequente: Significa que se a execução verificar – se indevida, o exequente indeniza o executado independentemente de culpa, pelo exercício da execução.
Disponibilidade da execução: O exequente não precisa da anuência do executado para desistir da execução, a não ser que, o executado tenha se defendido e essa defesa seja de mérito, ou seja, ataque o titulo executivo, pois nesse caso, o executado tem direito a uma decisão de muito a respeito do titulo. 
I –Se a defesa não atacar o título executivo, mas sim atacar as formalidades técnicas da ação, o processo será extinto.
II –Quando a defesa atacar o titulo executivo e não somente as formalidades processuais, a extinção dependerá de concordância do impugnante ou embargante. 
“Nullaexecutiosinetitulo”: Não há execução sem titulo executivo. Em geral, a defesa na execução ataca o titulo, pois descaracterizado o titulo, automaticamente está extinta a execução. 
Menor sacrifico ao executado: Significa dizer que quando houver mais de um meio para satisfazer o credor é obrigatório a utilização daquele menos prejudicial ao executado. 
Ônus da execução: Significa que todos os gastos da execução serão suportados pelo executado, somando – se valores ao que o executado tem que pagou.
PROCEDIMENTO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO: 
	Preleciona o artigo 772 do Código de Processo Civil no seguinte sentido, a saber:
	O referido artigo trata de poderes gerais do juiz na execução, os quais devem ser interpretados dentro do contexto de poderes gerais atribuídos ao órgão jurisdicional pela nova codificação.
Obs.: Note-se que instruir não significa produzir provas (o que é incompatível com o processo de execução), mas sim preparar: instruir o processo de execução tem o sentido de preparar os atos de expropriação típicos desta atividade jurisdicional.
I. Comparecimento das partes:
	Entre os poderes instrutórios do juiz está o de convocar as partes para – a qualquer momento – comparecerem à sua presença, seja para prestar esclarecimentos que o juiz julgar oportunos, seja para tomar esclarecimentos que o habilitema resolver algum incidente do processo, seja para tentar a conciliação ou a mediação. Deste modo, nada impede o juiz de convocar as partes para que o devedor informe, por exemplo, onde estão os bens que podem ser penhorados ou para que o credor esclareça sua eventual resistência acerca da substituição da penhora.
II. Advertência ao executado:
	Embora a aplicação das penalidades decorrentes da litigância de má-fé não esteja condicionada à prévia advertência da parte infratora, é de todo recomendável que o magistrado, vislumbrando que alguma das partes esteja se comportando de modo reprovável, alerte o infrator, evitando assim a aplicação imediata da sanção, desde que a parte possa cessar o comportamento desviado.
Obs.: O legislador referiu-se apenas ao executado como destinatário da represália, mas nada impede que o exequente também seja advertido: não é raro ver comportamentos completamente desarrazoados do credor que procura castigar o devedor em vez de obter a tutela para a obrigação inadimplida.
III. Informações a serem prestadas por terceiros:
	O dever de colaboração impõe também aos terceiros, estranhos ao processo, o dever de prestar seu concurso para a rápida e eficiente prestação da atividade jurisdicional. Afinal, o interesse no sucesso da execução é acima de tudo do Estado, que precisa desincumbir-se da tarefa de entregar a cada um o que é seu com o menor custo, no menor prazo e com o menor esforço. Com efeito, por vezes o credor não tem os elementos necessários para localizar o bem objeto da execução (se for caso de entrega de coisa certa) ou bens do devedor para penhorar (execução por quantia), mas tem informação de que terceiros podem auxiliar na busca dos meios para a implementação de medidas constritivas: nada obsta que a parte interessada requeira ao juiz que determine ao terceiro que colabore com o adequado funcionamento do processo, fornecendo os dados que tiver.
Obs.: Recusando-se injustificadamente o terceiro – instado pelo juiz a prestar informações ou fornecer documentos – a colaborar com o adequado desenvolvimento do processo, ficará sujeito às penas do art. 77, § 2º, do CPC/2015.
	Caso a ordem de fornecimento de informações não seja cumprida, entra o poder geral de determinar as medidas necessárias ao cumprimento da ordem de entrega de documentos e dados, como imposição de multa diária ou busca e apreensão (artigo 773). Tais medidas necessárias podem ser indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias (artigo 139, IV). 
	A confidencialidade dos dados sigilosos recebidos em decorrência da ordem de fornecimento de informações em geral deve ser garantida através de medidas necessárias, cláusula igualmente geral, que também permite ao juiz adotar medidas atípicas para resguardar essa garantia (artigo 773, parágrafo único).
	O dispositivo 774 do Código de Processo Civil cuida da repressão a atos atentatórios à dignidade da justiça, no processo de execução, cometidos pelo executado, por ação ou por omissão. Visa, em última instância, a proteger a boa-fé processual na execução.
	Com o objetivo de estabelecer parâmetros éticos para o processo em geral e para o processo de execução em especial, o legislador procurou identificar alguns comportamentos maliciosos da parte que podem comprometer o normal desfecho do processo executivo. Trata-se de verdadeira adaptação de condutas gerais caracterizadoras da litigância de má-fé à especificidade da execução.
I. Fraude à execução:
	O devedor responde com todos os seus bens (presentes e futuros) para o cumprimento de suas obrigações, de modo que, desfazendo-se o executado de bens durante a pendência da execução, torna-se ineficaz (em relação ao exequente) a alienação (ou a oneração) se não forem reservados bens suficientes para a liquidação do débito. Da mesma forma, o legislador considera ineficaz a alienação ou oneração do bem penhorado ou do bem objeto da ação de execução (obrigação de entregar coisa certa) no curso da demanda executiva.Trata-se de ato praticado pelo executado na pendência da execução, com o objetivo claro de prejudicar uma atividade estatal.
Obs.: A fraude caracteriza-se a partir do momento em que o executado for citado para os termos da demanda, já que o devedor não pode agir com malícia inconscientemente. 
II.Ardis e meios artificiosos:
	O executado que cria incidentes infundados, dificultando o normal andamento do processo executivo está naturalmente sujeito a punição.
Ardil: A utilização de ardil (estratagema, embuste, trama) denota dolo e chicana, vontade de provocar demora, atraso ou nulidades na prática de algum ato processual
Artificio: O artifício (simulação, astúcia, fingimento), da mesma forma, indica a intenção do devedor de fugir às suas obrigações, causando confusão que possa retardar as atividades jurisdicionais.
	Tais desvios de conduta devem ser caracterizados para que possa ser aplicada a pena decorrente da litigância de má-fé ao executado.
III. Dificultar ou embaraçar a penhora:
	O devedor que oculta os bens sujeitos à penhora, obrigando o magistrado a determinar buscas e arrombamentos, certamente pratica a conduta indesejável punida com a multa prevista no parágrafo único do artigo 774 CPC. Da mesma forma o devedor que oculta documentos (ou propositadamente os confunde), indica erroneamente os bens sujeitos a constrição ou os transfere de lugar para ocultá-los incidirá na mesma pena.
Obs.: Embora o dispositivo trate apenas da penhora, é natural que a conduta abranja também atos preparatórios (o arresto, por exemplo), bem como a busca e apreensão de coisa móvel (na execução para entrega de coisa), já que, de modo semelhante, poderá haver atitude do executado que tenda a dificultar ou embaraçar a apreensão da coisa (ocultação, remoção, indicação do bem errado).
IV.Resistência às ordens judiciais:
	Abarca todos os desvios de conduta que podem levar à punição do devedor, o legislador utilizou uma fórmula geral que abarca todas as espécies de execução (fazer, entregar, pagar), de modo que ameaça punir qualquer resistência (injustificada) a ordens judiciais.
V. Indicação dos bens sujeitos à penhora: 
	Este compromisso vem em detrimento do devedor, que se vê cada vez mais acuado na execução, atribuindo-se-lhe dever de colaboração ao qual não se pode furtar. O Código de Processo Civil agrava as obrigações do devedor, determinando que exiba – se instado a fazê-lo – prova da propriedade do bem e certidão negativa de ônus.
VI. Outras sanções:
	A multa de até 20% sobre o valor atualizado do débito (ou sobre o valor da causa, se a execução for de obrigação de fazer ou de entregar coisa) não esgota o rol das penalidades a que fica sujeito o executado que age com desvio de conduta. Avisa desde logo o legislador que a imposição da multa não impede a aplicação de outras sanções de natureza processual ou material. A previsão contida no parágrafo único do art. 774 do CPC/2015 deixa campo livre, desde logo, para aplicação das penas decorrentes da litigância de má-fé. Assim, se alguma das partes alterar a verdade dos fatos ou se interpuser recurso com fim protelatório, poderá o juiz aplicar a penalidade respectiva.
DESISTÊNCIA DO PROCESSO DE EXECUÇÃO:
I. Desistência da execução:
	O credor pode a qualquer momento desistir da demanda sem a necessidade do consentimento do demandado, diferentemente do que ocorre no processo de conhecimento. O processo de execução, sendo de desfecho único, não pode favorecer o executado, que está simplesmente submetido aos atos de constrição e expropriação. Assim, a desistência da execução tenderá sempre a favorecê-lo, sendo impensável a insistência do demandado no prosseguimento da execução.
II. Desistência da execução embargada (ou impugnada):
	Se o exequente quiser desistir da execução, ainda que tenham sido ajuizados embargos (que tratem de questão ligada ao processo de execução), não há necessidade de perquirir o consentimento do executado-embargante. No entanto, situação diferente é aquela em queos embargos versam questão de fundo (nulidade do título de crédito, inexistência da obrigação, pagamento, novação): neste caso, o embargante tem interesse em ver julgados seus embargos, proferindo-se sentença que estabilize sua situação jurídica, de modo que, a desistência da execução pelo exequente não o impedirá de propor nova demanda executiva, mas a decisão favorável dos embargos pode criar tal obstáculo.
	O regime da desistência deve ser aplicado também ao cumprimento de sentenças, valendo, por consequência, para as impugnações (que no regime do cumprimento de sentenças têm a mesma função dos embargos à execução).
Obs.: Manifestando o credor desistência do processo de execução, deverá pagar as custas e as despesas do processo, bem como honorários advocatícios a favor do executado (princípio da causalidade).
RESSARCIMENTO DE DANOS E MULTAS ESTABELECIDAS:
	Declarada a inexistência da obrigação que deu causa à execução (o que pode ocorrer no julgamento dos embargos do devedor ou em ação ajuizada independentemente da execução), pode executado promover demanda própria para pleitear os prejuízos sofridos.
	Em síntese, não será possível ao executado cobrar nos mesmos autos da execução (ou dos embargos, ou ainda nos autos da ação autônoma que tiver promovido para declarar a inexistência da obrigação que deu causa à execução) os danos causados pelo credor; não há, por consequência, como recorrer ao art. 509 do CPC/2015 (liquidação de sentença) para apurar danos que não foram objeto de prévia condenação.
	Ademais, o art. 776 refere-se à necessidade de uma sentença, com trânsito em julgado, para que o executado possa ajuizar a demanda de ressarcimento de que trata. Porém, que nada impedirá que uma decisão interlocutória possa servir ao mesmo propósito, bastando pensar numa decisão proferida em sede de impugnação de sentença em que o juiz reconheça inexistente parte da obrigação que deu causa à execução.
	Quaisquer multas ou indenizações decorrentes de litigância de má-fé ou de prática de ato atentatório à dignidade da justiça serão cobradas nos próprios autos do processo. Essa regra é aplicável em qualquer tipo de processo, não apenas no de execução.
	As multas e indenizações fixadas por conta de desvio de conduta serão objeto de cumprimento (se os valores forem líquidos) ou de liquidação (e, posteriormente, cumprimento). Trata-se – tecnicamente – de cumprimento de decisão judicial (não de execução, reservada para os títulos executivos extrajudiciais). As verbas em questão, embora fixadas em sede de execução, constituirão títulos executivos judiciais, acarretando todo o peso (e os gravames) próprio(s) do cumprimento de sentença.
Obs.: O art. 777 – propositadamente ou não – deixou de incluir a possibilidade de operar-se a compensação, como dispunha a parte final do art. 739-B do CPC/1973. A ausência, notada pelos comentaristas do CPC/2015, inaugura a polêmica sobre o cabimento ou não do mecanismo de extinção de obrigações. Se o exequente vê aplicada contra si uma multa por litigância de má – fé, o valor pode ser compensado com o crédito exequendo, não havendo necessidade de autorização no Código para que se opere a extinção parcial da obrigação, nos termos do Código Civil. Naturalmente o problema não se coloca quando a execução disser respeito a obrigação de fazer ou de entregar coisa.
LEGITIMIDADE ATIVA: 
	É parte originária na execução aquele a quem a lei outorga título executivo (a legitimidade pertence ao credor), deixando claro que todos os demais legitimados são secundários, inclusive o Ministério Público.
I. Ministério Público:
	O Ministério Público tem legitimidade extraordinária para pleitear as medidas satisfativas decorrentes de execução, no entanto, em caráter secundário (alguém que não é titular de um direito que defende um direito alheio). Deste modo, restarão poucas hipóteses que autorizarão o representante do MP a encetar uma demanda executiva: seria o caso, por exemplo, da execução de título executivo extrajudicial resultante de decisão de um tribunal de contas estadual que determinasse o ressarcimento de valores desviados por administrador ou gestor público, de modo a fazer ressarcir os cofres públicos do valor desfalcado.
II. Sucessão causa mortis:
	Os sucessores do credor podem promover a execução (ou nela prosseguir) sempre que situações supervenientes à formação do título executivo extrajudicial tornarem necessário abrir a terceiro a legitimidade para a prática dos atos executivos. Dessa forma, falecendo o credor, imediatamente estabelece-se a sucessão, de modo que, assumirá a legitimidade para executar o título extrajudicial o espólio do credor, representado por seu inventariante. Findo o inventário, os herdeiros assumirão o processo executivo.
Obs.: Se o falecimento do credor ocorrer antes da propositura da demanda executiva, caberá ao exequente apresentar, já com a petição inicial, a prova de que há inventário em curso (com a exibição da certidão de nomeação de inventariante) ou prova de que o espólio está na posse de administrador provisório.
III. Cessionário:
	Trata-se de fixar a regra de que o titular de crédito representado por título executivo pode cedê-lo, de modo que o novo titular está autorizado a promover a execução. Pode ocorrer antes do início da execução ou depois de seu ajuizamento, de modo que a cessão ocorrida durante o curso da demanda autoriza a substituição processual, independentemente do consentimento do executado.
Obs.: Nem todos os créditos comportam cessão por ato inter vivos, tais como créditos previdenciários e alimentares, por exemplo, não podem ser objeto de cessão. Nesses casos, o juiz impedirá a propositura da demanda pelo cessionário, ou a modificação do polo ativo, se a cessão tiver ocorrido durante o processo. 
→ O devedor só quer se livrar da divida, razão pela qual, não é necessário notifica-lo, mas é interessante, porque assim que o credor novo ingressa na relação, ele notifica o devedor que deverá receber o pagamento. 
IV. Sub-rogação:
	A sub-rogação pode ser legal ou convencional. Em ambas as hipóteses caberá ao exequente provar sua qualidade de sub-rogado, sendo claro que o executado terá sempre o direito de impugnar a legitimidade do exequente.
V. Desnecessidade de consentimento do executado:
	A substituição processual prevista não depende do consentimento do executado.
LEGITIMIDADE PASSIVA: 
	Pode ser executado o devedor, seus sucessores ou o responsável pela divida. Quando a sucessão for inter vivos, a substituição do polo passivo, depende de anuência da exequente. 
Obs.: Obrigações naturais não podem ser cobrados.
I. O devedor indicado no título executivo:
	O sujeito passivo da execução, em princípio, é o devedor apontado no título executivo.
Obs.: O CPC/2015, tentando evitar a confusão entre o plano processual e o material, utilizou, sempre que possível, o vocábulo executado, substituindo a palavra devedor(utilizada no CPC/1973).
II. Sucessores:
	Falecendo o devedor, a execução pode ser promovida em face do espólio, herdeiros ou sucessores. Enquanto correr o inventário (e estiver indivisa a herança), pode a demanda ser dirigida ao espólio, que será representado pelo inventariante. Depois de encerrada a tramitação da referida demanda (ou processada extrajudicialmente a partilha), a legitimidade passiva é de todos os herdeiros (sempre limitada à força da herança) ou daquele que recebeu o bem objeto da execução. 
Obs.:
→ Se o falecimento do devedor ocorrer antes da propositura da demanda executiva, cabe ao exequente apresentar petição inicial com a documentação necessária para demonstrar a morte do devedor (certidão de óbito do devedor), bem como a representação do espólio (certidão de inventariante) ou a existência de partilha e atribuição da obrigação (ou do bem) a determinado herdeiro ou legatário (formal de partilha, certidão de partilha ou escritura pública). 
→ Ocorrendo o falecimento durante o processo, a substituição será efetivada por meiodo procedimento de habilitação (arts. 687 e seguintes do CPC/2015).
III. Assunção de dívida:
Dá-se a novação subjetiva quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor. A novação subjetiva passiva pode ocorrer de dois modos: por delegação ou por expromissão. A novação subjetiva por expromissão não depende do consentimento do devedor originário (novação subjetiva passiva por expromissão liberatória). Cabe ao exequente, diante da existência de expromissão liberatória, apontar o novo devedor. Assim, se o título executivo for uma confissão de dívida, deverá o exequente apresentar – juntamente com o título executivo extrajudicial – o instrumento de novação como documento indispensável à propositura da ação de execução.
IV. Fiador:
Fiança – diz o art. 818 do Código Civil – é o contrato pelo qual uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra. A fiança judicial, prestada no processo ou para fins do processo, o redirecionamento, na fase de cumprimento de sentença, das medidas de excussão contra tal garantidor, penhorando-se-lhe bens suficientes para o pagamento do débito garantido.
O fiador de imóvel só poderá responder na execução de despejo caso venha a ser citado na ação processual. A decisão é da 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que aprovou a Súmula 268 referente à matéria. "O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução de julgado". O STJ aprovou outras quatro súmulas referentes às áreas criminais e administrativa.
V. Titular do bem vinculado:
O artigo 779 do NCPC preleciona que o hipotecante do imóvel (terceiro hipotecante) ou o garantidor (terceiro que aporta garantia real) podem ser executados, independentemente da formação de litisconsórcio com os respectivos devedores.
VI. Responsável tributário:
Diz respeito aquele a quem o art. 134 do Código Tributário Nacional atribui responsabilidade subsidiária para o cumprimento de obrigações tributárias ou não. Ressalta – se que apenas na hipótese de o obrigado principal não cumprir a obrigação tributária é que o Fisco poderá incomodar o responsável. Assim, diretores ou gerentes só responderão pela dívida tributária da sociedade (por excesso de poderes na prática de atos de gestão, por exemplo) se a sociedade, executada, não puder quitar o débito. 
EXECUÇÕES CIVEIS FUNDADAS EM TITULOS DIFERENTES: 
	Nada impede que o credor cumule contra o mesmo devedor pleitos executivos calcados em títulos diversos. Não é necessário que a origem dos créditos exequendos tenha alguma inter-relação; importa apenas que haja identidade de credor, de procedimento e que o juízo seja competente para o processamento de todas as demandas.
Exemplo: Pode o credor executar uma nota promissória e uma confissão de dívida contra o mesmo devedor (relativos a negócios jurídicos distintos), mas não pode cumular a execução de um título de crédito e um instrumento particular que trate de uma obrigação de fazer.
	Assim, para cumular execuções, baseadas em títulos diferentes, no mesmo processo, é preciso:
Identidade de partes; 
Competência do mesmo juízo; 
Identidade procedimental.
COMPETÊNCIA:
I. Competência concorrente para processar a execução:
	O art. 781 do CPC/2015 permitiu que o exequente escolhesse entre diversos foros igualmente competentes, sem que o executado possa impugnar a escolha do demandante. A possibilidade ampla de escolha pelo credor do local onde deverá ser proposta a demanda executiva facilita o desenvolvimento da tarefa do Poder Judiciário, na medida em que o exequente tenderá a procurar o foro onde seja mais fácil desenvolver as medidas de apreensão do bem objeto da execução ou de excussão patrimonial. 
II. Desvalorização do foro de eleição:
	Mesmo havendo escolha (consensual) do local em que a demanda de execução deva ser movida, possa tal avença ser simplesmente desprezada potestativamente por um dos contratantes (o exequente), optando pelo domicílio do executado ou pelo local dos bens.
III. Domicílios múltiplos ou domicílio desconhecido:
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo, informa o art. 70 do Código Civil. E nada impede que alguém tenha várias residências, onde – alternativamente – viva e exerça suas atividades (profissionais ou não). Daí a determinação do legislador de permitir ao exequente que promova a demanda executiva em qualquer dos diversos domicílios do devedor, não podendo o executado voltar-se contra a preferência manifestada pelo exequente. Ademais, se o domicílio do executado for incerto ou desconhecido, pode o exequente propor a demanda em seu próprio domicílio ou no local em que o devedor for encontrado.
IV. Mais de um devedor:
Em caso de litisconsórcio passivo, garante o legislador que o exequente poderá promover a demanda no domicílio de qualquer um dos executados.
V. Local do ato ou do fato:
Para arrematar as ofertas dadas ao credor para facilitar a atividade executiva, o legislador permite que a demanda seja promovida no lugar em que se praticou o ato (lugar da assinatura da confissão de dívida, lugar em que foi lavrada a escritura pública em que se consigna a obrigação de dar, fazer ou pagar) ou em que ocorreu o fato (lugar em que ocorreu o falecimento do segurado, para a execução do contrato de seguro de vida).
DETERMINAÇÃO DOS ATOS EXECUTIVOS CUMPRIDOS PELO OFICIAL DE JUSTIÇA: 
	O oficial de justiça é o encarregado das diligências externas do juízo, devendo cumprir atos
Executivos determinados pelo juiz: 
→ O oficial de justiça está autorizado a cumprir as ordens que receber do juiz nas comarcas circunstantes – lindeiras ou não – desde que seja fácil a comunicação entre elas.
→ O oficial de justiça, sendo isso necessário, pode solicitar ao juiz que requisite força policial. Em verdade, se o juiz desde logo perceber a necessidade de medida de força para o cumprimento de alguma ordem sua, expedirá mandado em que já conste a requisição do reforço policial; se tal necessidade for percebida pelo oficial de justiça, caberá a ele informar a situação ao juiz, para que este determine, se for o caso, as providências adequadas.
→ O credor pode requerer ao juiz a inclusão do nome do devedor no cadastro de inadimplentes: a providência serve não só como estímulo suplementar para que os devedores cumpram suas obrigações, mas também para alertar a sociedade em geral sobre a conduta (ou sobre a situação econômica) do executado. Deferida a inclusão do nome do devedor no cadastro de inadimplentes, informa o legislador que a anotação será cancelada tão logo seja efetuado o pagamento do débito ou garantida a execução. Da mesma forma, a inscrição será cancelada se for extinta a execução (falta de alguma das condições da ação, procedência dos embargos do executado).
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR UMA EXECUÇÃO:
→ Titulo
→ Inadimplemento
→ Título executivo: Denomina-se título executivo judicial ou extrajudicial o documento que serve de base para a execução, ou seja, que a lei atribui força executiva. Somente quem está de posse de documento que represente obrigação certa, líquida e exigível é que poderá iniciar a execução. Assim, título executivo é documento dotado de dados que demonstrem a existência de obrigação líquida, certa e exigível.
Obs.: Pelo principio da taxatividade do titulo executivo, só é titulo o que a lei (CPC e lei) estabelece como tal, de modo que, se não houver referência caracterizando um documento como titulo, este não pode ser definido como um. 
Conceito Execução: É o procedimento utilizado para obtenção da satisfação do direito do credor. Em se tratando de obrigação constituída em título extrajudicial, exige-se a propositura de ação que formará o processo de execução. Em se tratando de obrigação imposta em decisão judicial, por já haver processo, o procedimento executivo é denominado cumprimento de sentença e correrá, nos mesmos autosonde houve o julgamento, dispensando-se, de regra, a instauração de outro processo.
→ Diferença entre o processo de conhecimento e o de execução:
Procedimento de execução ou cumprimento de sentença: O procedimento de execução ou cumprimento de sentença inicia com o direito e a obrigação já definidos e se volta para o futuro, em busca da prática de atos futuros tendentes a forçarem o cumprimento da obrigação, tais como citação ou intimação para pagamento, penhora (ou arresto), hasta pública, arrematação, adjudicação ou fruição de determinados bens até que a obrigação seja cumprida e o direito do credor satisfeito.
Procedimento de conhecimento: O procedimento de conhecimento se volta para o passado, buscando prova de fatos anteriores ao processo para definir quem tem direito e quem tem obrigação. 
→ Objeto da execução: É a obrigação de pagar quantia representada por título de crédito. Este título de crédito deve conter as figuras da certeza, liquidez e exigibilidade.
→ Objetivo da execução: A execução tem por objetivo obter a satisfação do direito de crédito do credor que pode ser através de pagamento ou de outra forma que satisfaça a obrigação.
→ Crédito: Corresponde ao direito que alguém tem de receber certa quantia de outrem ou de exigir o cumprimento de qualquer outra obrigação. É o contrário de dívida, em que o devedor tem a obrigação de pagar.
→ Obrigação: É possível dizer-se que direito e obrigação são faces de uma mesma moeda. Onde existe direito, também existe obrigação ou, em outras palavras, a cada direito corresponde uma obrigação. Sob o ponto de vista jurídico, considera-se como obrigação aquela que tem como objeto o dever ou a imposição de uma prestação que pode ser de entregar coisa, fazer, não fazer ou pagar quantia. No caso de obrigação de crédito, surge o dever de pagamento.
Obrigação certa: É aquela que não permite dúvida nem discussão a respeito, visto estar amparada por uma situação juridicamente protegida, que já se encontra definida definitivamente por decisão judicial, arbitral ou por consenso das partes.
Obrigação líquida: Refere-se ao valor da execução. O Código de Processo Civil tem um procedimento chamado de liquidação de sentença, que serve para tonar liquido o titulo executivo ilíquido. Em regra, as sentenças são liquidas, no entanto, se forem ilíquidas caberá liquidação. É aquela em que a quantia a ser paga ou objeto a ser entregue estejam delimitados. Em caso de obrigação de pagar quantia, esta deve estar calculada de forma a demonstrar valor definido, não se exigindo qualquer outra operação para apuração do quantum devido, salvo nos casos em que o crédito pode ser apurado através de simples operações aritméticas.
→ Obs.: Nas obrigações de dar, fazer e não fazer, se durante o processo a prestação se torna impossível, caberá liquidação para que seja arbitrado um montante e seja revertido a situação. 
Obrigação exigível: É a possibilidade de exigir o cumprimento. É aquela que se encontra em situação de ser exigida pelo credor de imediato, não dependendo de qualquer outra condição. Em se tratando de obrigação de pagar quantia, esta há de estar vencida e revestida de certeza e liquidez, para que possa ser objeto de execução.
→ Impedimento de exigibilidade:
TITULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS: 
	Títulos executivos são aqueles que representam um direito já definido e, que, por isso, não mais precisam de processo de definição e autorizam o ingresso direto com a execução sem a necessidade de pedir qualquer condenação do devedor em anterior processo de conhecimento.
São documentos em que a obrigação do devedor e o direito do credor já se encontram estabelecidos de forma que dispensam qualquer pronunciamento cognitivo pelo Judiciário. A dispensa de decisão pelo Judiciário se dá em razão de que o direito e a obrigação já se encontram definidos, e não há mais necessidade de processo de conhecimento para definição.
Obs.: Esta definição, de regra, ocorre pela vontade das partes, que de forma livre e consciente atuam na formação do título executivo. Todavia, em alguns casos específicos, este título pode ser formado unilateralmente pelo credor, como acontece nos casos de dívida ativa junto ao Poder Público.
	A lei processual (CPC/2015, art. 784) indica um rol de documentos que considera serem títulos executivos extrajudiciais:
I. Letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque.
II. Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor.
III. Documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas
IV. Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal;
V. Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele garantido por caução.
VI. Contrato de seguro de vida em caso de morte.
VII. Crédito decorrente de foro e laudêmio.
VIII. Crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio.
IX. Certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei.
X. Crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas.
XI. Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei.
XII. Todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
	O CPC passou a admitir expressamente ao portador de título executivo extrajudicial a possibilidade de optar pelo processo de conhecimento em vez de buscar diretamente a via executiva. Permite ao credor portador de título executivo extrajudicial buscar a via cognitiva, dá a ele maior segurança, pois, com isso, evita eventual discussão em embargos sobre a higidez do título e uma possível sucumbência do credor. Este pode não estar seguro de que o título que possui se reveste de força executiva e, temeroso de ver sua execução extinta e ainda ter que arcar com encargos sucumbenciais e, para não correr riscos, pode escolher entre o processo de execução e o processo de conhecimento.
DA EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO:
	A execução tem por objetivo a satisfação da obrigação. Quando esta é satisfeita voluntariamente pelo devedor, não haverá motivo para a execução, faltando assim, ao credor, interesse de agir em processo de execução.
Obs.: Sem a prova de inadimplência do devedor, não há razão para iniciar-se a execução.
	O caput do art. 786 do CPC/2015 faz alusão à liquidez da obrigação, sem a qual o título não será exequível, não servindo de fundamento para o início da execução. Todavia, o seu parágrafo único ameniza esta rigidez, dispondo que, mesmo quando a obrigação ainda não foi liquidada, mas cuja liquidez possa ser obtida por simples operação aritmética, considerar-se-á como líquida para efeito de execução.
	Dessa forma, a liquidação que se pode obter por simples operação aritmética poderá ser feita pelo credor na própria petição inicial ou mesmo durante a execução, sem necessidade de procedimento de liquidação em separado.
	O credor não pode exigir do devedor ou responsável que cumpra antes a obrigação se ele, credor, ainda não cumpriu a sua contraprestação.
	Cuida-se de obrigações recíprocas em que uma parte somente está obrigada a cumprir a suaobrigação diante do cumprimento da obrigação pela outra. Mas pode acontecer de uma parte pretender cumprir a sua obrigação espontaneamente e haver recusa da outra em receber, ou, ainda, a outra negar-se a cumprir a obrigação dela. Neste caso é que tem aplicação o presente parágrafo,porque permite àquele que quiser livrar-se da obrigação depositar em juízo a coisa ou a prestação pecuniária, evitando assim a situação de inadimplente. Mas a parte contrária que não cumpriu a sua obrigação não poderá levantar o depósito enquanto não cumpri-la satisfazendo o direito da outra.
	A primeira parte desta norma fala que se o devedor cumprir a obrigação não pode credor iniciar a execução ou nela prosseguir. 
	A segunda parte afirma que poderá o credor recusar o recebimento quando o pagamento ou a entrega da coisa não corresponder ao seu direito ou à obrigação do devedor, ou seja, se o devedor oferecer em pagamento quantia não correspondente ao crédito ou coisa diferente daquela que deve ser entregue, a obrigação não está sendo cumprida.
A última parte da norma afirma que o devedor pode embargar a execução, isto porque é nos embargos que o devedor vai expor a sua defesa.
Obs.: Sabe-se que a execução não é palco para discussão e julgamento do mérito da obrigação, visto que esta já vem definida no título executivo, não prevendo a lei etapa de defesa dentro da execução. Mas se sabe que em todo processo ou procedimento há de se proporcionar o contraditório e a ampla defesa
	Na hipótese de obrigações recíprocas, e sendo injusta a recusa do credor, o executado poderá eximir-se da obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor a receba sem cumprir a contraprestação que lhe tocar (artigo 787, parágrafo único).
DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
	O artigo em análise, ao tratar da responsabilidade patrimonial, inicia fazendo referência ao devedor, como se apenas este estivesse sujeito à execução, nada disse em relação àquele que é executado em razão da posição de garante pela simples responsabilidade pelo pagamento sem ser devedor. Pode haver obrigação de pagar sem ser devedor, sendo o caso de responsabilidade pelo pagamento de dívida alheia, como acontece com aquele que se torna responsável na posição de garante em razão de contrato (ex. fiador), aquele que se torna responsável por disposição de lei (ex. responsável tributário, CTN/1966, arts. 133, 134 e 135) e, ainda, nos casos descritos no CPC/2015, art. 790.
	Esta norma deve ser interpretada extensivamente, para que sua disposição alcance também os bens dos garantidores que sempre respondem pelas dívidas do garantido e daqueles que têm por força de lei a responsabilidade pelo pagamento da dívida de outro.
Obs.: Importante esclarecer que todo devedor é responsável pelo pagamento da dívida, mas nem todo responsável é devedor.
→ Devedor: Devedor é aquele que participa diretamente do fato ou do ato que dá origem à dívida. Quem contrai uma dívida é o devedor; quem pratica ato ilícito causador de dano torna-se devedor de indenização.
→ Responsável pela divida: O responsável é aquele que não participa diretamente do fato gerador da dívida, mas por previsão legal ou por contrato assume a condição de responsável obrigado para pagamento de dívida alheia. Exemplo de responsável sem ser devedor é o fiador, que nada deve, mas é garantidor da dívida de outro em face de contrato.
Exceção: 
	A norma indica que há exceções que afastam ou retiram os bens dos devedores e dos garantes do alcance da execução. 
→ Esta é uma forma de restrição que impede que certos bens necessários à sobrevivência do obrigado (devedor ou garantidor) sejam penhorados, levados à hasta pública e retirados do executado. Todavia, é de se notar que a impenhorabilidade é uma exceção à regra da penhorabilidade e, por isso, deve ser interpretada restritivamente. Somente nos casos em que a lei expressamente dispuser que o bem é impenhorável é que assim deve ser considerado.
Entres os bens que não podem ser penhorados para pagamento de dívida estão:
Os bens pertencentes à União
Os bens pertencentes aos Estados
Os bens pertencentes ao Distrito Federal e suas autarquias
O bem de família protegido pela Lei nº 8.009/1990
Bens particulares relacionados no CPC/2015, art. 833, por se tratar de bens absolutamente impenhoráveis:
São sujeitos à execução os bens:
Bens do sucessor:
	O direito real é aquele que se vincula à determinada coisa, sendo que ao seu titular é permitido buscá-la nas mãos de quem quer seja. Trata-se de direito material regrado pelo Código Civil. Pode ter origem em direito pessoal, mas depois se transforma em direito real quando o seu titular o faz recair o seu exercício sobre determinada coisa, com a qual a obrigação deva ser cumprida, por exemplo, hipoteca, servidão, enfiteuse, usufruto, uso, habitação, entre outros.
	Obrigação reipersecutória é aquela que permite perseguir a coisa e, da mesma forma, buscá-la nas mãos de quem que seja. É aquela em que o credor demanda coisa certa que lhe pertença ou que lhe é devida, mas que se encontra com outra pessoa. Desta forma, qualquer que seja o fundamento da demanda, se o credor tem direito à entrega ou devolução do bem.
Bens do sócio:
	Também ficam sujeitos à execução os bens dos sócios sempre que a lei assim os considere. São os casos em que o sócio, mesmo não sendo devedor, é responsável pelo pagamento da dívida em razão de algum ato capaz de lhe imputar esta responsabilidade. Exemplifica-se com o caso em que o sócio gerente da empresa se torna responsável tributário pelo pagamento de dívida
Bens do devedor, em poder de terceiros: 
	Se o bem é do devedor, natural que venha responder pelas dívidas deste, ainda que esteja de posse de terceiro. A posse não altera a titularidade do domínio.
Bens do cônjuge ou companheiro:
	Não se refere ao devedor, cuida-se apenas da responsabilidade que recai sobre os bens próprios do cônjuge ou do companheiro ou da respectiva meação de um que respondem pelas dívidas do outro. Isto se dá quando a dívida diz respeito aos dois ou quando foi contraída em benefício da unidade familiar que resulta em benefício para o casal.
Bens alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução:
	A fraude à execução, como todas as modalidades de fraudes, não pode ser vista sob o ponto de vista objetivo, visto que toda fraude traz ínsito o caráter subjetivo que é a vontade do agente de enganar, ludibriar, trapacear, visando sempre prejuízo de terceiro e fruição de vantagem própria à custa de prejuízo alheio.
Fraude contra credores:
	A norma do artigo em comento fala que ficam sujeitos à execução os bens alienados ou onerados em fraude contra credores. Não é só a alienação e/ou a oneração de bens pelo devedor ou pelo responsável que pode caracterizar a fraude contra credor. Qualquer que seja o ato em prejuízo do credor em que o devedor ou o responsável em conluio com terceiro vise retirar algum bem do alcance da execução e prejudicar seu credor, já se caracteriza fraude contra credor.
	Ademais, a aquisição de bens pelo devedor ou responsável através de atos simulados para disfarçar as aparências e encobrir o negócio realizado com o fim de prejudicar os credores, configura fraude contra credores.
	Quaisquer aquisições que o devedor ou o responsável fizer através de disfarces visando esconder o bem para não ser alcançado pelo credor já configura fraude contra credor.
	Desta forma, para averiguar a existência de fraude contra credores, não se pode utilizar de interpretação restritiva, pois o caso exige que se dê interpretação extensiva, para alcançar até mesmo as aquisições disfarçadas que o devedor ou o responsável faça em nome de terceiros, visando esconder os bens e, como isso, prejudicar os seus credores.
Desconsideração da personalidade jurídica:
	Quanto aos sócios, cuja responsabilidade patrimonial secundária poderá resultar, entre outras hipóteses, da desconsideração da pessoa jurídica. 
	Cada devedor ou responsável vai responder com os direitos reais que possui. 
	Caso o devedor ou responsável seja o proprietário do imóvel, somente este será atingido pela execução e não o direito de superfície pertencente ao superficiário. 
	De outra forma, se devedor ouresponsável for o superficiário (aquele que detém o direito de superfície sobre imóvel alheio), somente este direito de superfície será atingido pela execução (CC/2002, art. 1.371), e não o imóvel propriamente dito que pertence a outra pessoa (fundeira).
→ Individuação do bem penhorado:
O bem ou o direito pertencente a quem não é o executado não pode, de regra, ser alcançado pela execução, motivo pelo qual a constrição e a averbação devem recair somente sobre o direito ou bem do executado. De forma que, se penhorado o imóvel, a averbação somente pode recair sobre este. Se constrito o direito de superfície, por dívida do superficiário, a averbação deve se referir apenas a este direito, não podendo envolver o imóvel que pertence a quem não é executado.
→ Enfiteuse, uso especial para fins de moradia e direito real de uso:
Sempre que o devedor ou responsável pela dívida for o proprietário da coisa, somente esta pode responder pela dívida, não prejudicando outros direitos, tais como o direito de uso, de enfiteuse, de moradia, entre outros. Nos casos de serem devedores ou responsáveis os titulares destes direitos, somente eles serão alcançados pela execução, sem atingir o direito de propriedade se o proprietário não for também executado.
→ Polêmica da lei 13.097/2015, súmula 375 STJ, resp 956.943 – PR e artigo 792 do NCPC:
O Superior Tribunal de Justiça, no dia 30 de março de 2009, editou o enunciado 375 da sua Súmula de Jurisprudência dominante, cujo teor é o seguinte:
 STJ Súmula nº 375 - DJe 30/03/2009 - O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Não foram poucos os doutrinadores que receberam com bons olhos o posicionamento do STJ, positivamente impressionados com a proteção dada por esta Colenda Corte ao adquirente de boa-fé de um bem do executado, em detrimento do credor exequente.
Com efeito, a redação da súmula, quando confrontada com os dispositivos do CPC que tratam do assunto, causa certa perplexidade. Da mesma forma, a feição dada à fraude à execução pelo STJ parece ir de encontro às tradicionais lições de civilistas e processualistas quando diferenciavam este instituto da fraude contra credores e da alienação de bem penhorado.
Como a fraude contra credores é um vício social do negócio jurídico que precede o ajuizamento de uma ação, os requisitos para sua caracterização sempre foram mais rígidos do que aqueles necessários para a configuração da fraude à execução, pois neste caso já há procedimento judicial em curso contra o suposto devedor.
Tendo isso em vista, é cediço o ensinamento de que na fraude contra credores haveria a necessidade da presença de dois elementos, quais sejam:
→ Eventusdamni (elemento objetivo), que é aquele que pode levar o devedor ao estado de insolvência; 
→ Concilium fraudis (elemento objetivo), entendido como o conluio entre o alienante e o adquirente no negócio jurídico que pudesse levar o primeiro à insolvência.
	Com efeito, o art. 159 do antigo CPC dispõe que, para que seja anulável o negócio jurídico, basta que a insolvência seja notória ou perceptível, dispensando a má-fé, e, portanto, o concilium fraudis. Satisfaz-se o legislador com a perceptibilidade da situação pelo adquirente, pois isso demonstra que este não cumpriu o dever anexo de cuidado, oriundo da boa-fé objetiva, incorrendo, portanto, no que se denomina violação positiva do contrato.
	A partir de então muito se discute, se para o reconhecimento de fraude é indispensável que haja registro de penhora sobre o patrimônio alienado ou se a simples existência de ação capaz de reduzir o devedor à insolvência, como destacava o antigo artigo 593, inciso II, do Código de Processo Civil, por si só caracteriza fraude à execução a ensejar a ineficácia do negócio.
	A dúvida surgiu, na verdade, porque antes da edição da súmula 375 do STJ o posicionamento predominante nos Tribunais – para não dizer pacifico – sempre foi no sentido de que a existência de demanda contra o devedor era suficiente para caracterizar fraude na alienação de bens. Em alguns casos dispensava-se inclusive que o devedor tivesse sido citado da ação, bastando a sua existência.
	Depois da súmula, contudo, passou-se a defender que o entendimento teria sido alterado, e que para a caracterização de fraude agora não basta a existência de ações contra o devedor, sendo indispensável que sobre o bem tenha havido registro de penhora, perante o órgão competente, o Cartório de Registro, para o caso de imóveis e o Departamento de Trânsito, no caso de veículos, por exemplo. 
	Embora controvertida, o entendimento que vem prevalecendo é no sentido de que a boa fé vai além da simples inexistência de registro de penhora sobre o bem alienado. Exige-se do adquirente, como noutros tempos, diligências e precauções maiores, como a obtenção de certidões atentando a inexistência de débitos e ações contra o vendedor, que possam reduzi-lo à insolvência.
	É o que aponta recentes decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao reconhecer que a incúria do adquirente, dispensando do vendedor no momento da celebração do negócio a apresentação das usuais certidões, são demonstrações suficientes de má-fé na aquisição de um bem, independentemente de existir ou não averbação de penhora sobre ele.
	Citando entendimento da Ministra Nancy Andrighi, uma dessas decisões destaca que ‘só se pode considerar, objetivamente, de boa-fé, o comprador que toma as mínimas cautelas para a segurança jurídica da sua aquisição’ (Resp 956.943 – PR) → ou seja, necessário provar a má-fé. 
  	Em outra decisão, concluiu-se que ‘a conduta do terceiro adquirente, registre-se, merece ser analisada de acordo com a boa-fé ética, e não psicológica. Assim, a má-fé corporifica-se através de comportamento descuidado, indiligente e cercado de inescusável incúria, não se cogitando de dolo para sua caracterização. Nesse sentir, de meridiana clareza que a conduta da adquirente, que deixou de empreender pesquisas sobre a existência de ações movidas em desfavor dos agravados, não pode ser considerada como sendo de boa-fé’. 
	Dessa forma, o Novo Código de Processo Civil, em conformidade com a Lei nº13.097/2015, prelecionou o artigo 792 do NCPC: 
LEI 13.097/2015 - Dos Registros na Matrícula do Imóvel
Art. 54.  Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos reais sobre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em que não tenham sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes informações:       
I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do art. 615-A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil;
III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos do inciso II do art. 593 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Parágrafo único.  Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no Registro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou receber em garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e 130 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição e extinção da propriedade que independam de registro de título de imóvel.
Art. 55.  A alienação ou oneração de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária, parcelamento do solo ou condomínio edilício, devidamente registrada, não poderá ser objeto de evicção ou de decretação de ineficácia,

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