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CONTABILIDADE GERENCIAL 1. Foco na Tomada de Decisão 1.1. Surgimento da Contabilidade Gerencial A contabilidade gerencial é derivada da contabilidade financeira, no entanto, não existe um consenso entre os estudiosos da área em que período, efetivamente, ela surgiu. Alguns estudiosos consideram o marco inicial a partir da revolução industrial; no entanto, tentaremos traçar uma linha do tempo até os dias atuais, com a finalidade de compreender a importância de tal ciência para a tomada de decisões. 1.1.1 Evolução da Contabilidade Financeira à Contabilidade Gerencial Alguns estudiosos, como Iudícibus e Marion, consideram a contabilidade tão antiga quanto a própria existência da humanidade sobre a terra. Os referidos autores afirmam que desde as civilizações antigas (como: sumério-babilônicos, gregos, hebreus), apresentam nos vestígios de uma contabilidade rudimentar, uma forma voltada para o controle da existência de uma sociedade. Iremos apresentar a evolução da contabilidade à contabilidade gerencial, porém, para tanto, usaremos o modelo apresentado por Lunkes (2007, p. 3), por consideramos claro e objetivo a divisão apresentada pelo referido autor, os períodos são divididos em: Contabilidade de Trocas, Contabilidade de Custos, Contabilidade de Gestão Operacional e Contabilidade de Gestão Estratégica. 1.1.1.1 Contabilidade de Trocas O homem andava pela terra em busca de sua sobrevivência. Como ainda não dominava as intempéries da natureza, mudava constantemente de local, buscando sobreviver. A partir do momento que o homem fixa em um lugar, nascem duas ciências - o direito e a contabilidade, baseadas na noção de posse. Desta forma, o homem começa a produzir alguns instrumentos necessários para sobreviver. A contabilidade que surge neste período é voltada principalmente para controlar os bens necessários à existência do homem. A base da economia das sociedades antigas era totalmente voltada à agricultura, à indústria e pouca desenvolvida; dominavam o conhecimento sobre a área têxtil, o uso do cobre, vidro etc. As sociedades vão evoluindo e chegamos ao período medieval, onde a contabilidade existia ainda de maneira rudimentar e voltada à existência do homem. Neste período, a igreja católica era quem dominava todo o conhecimento cientifico existente e a economia era baseada na troca (escambo). No entanto, alguns países europeus começam a se destacar - até porque são favorecidos geograficamente. Começam, assim, a surgir as companhias marítimas, onde o principal objetivo de seus investidores era encontrar novas terra com riquezas. Dentre estes países um vai merecer destaque, por passar por uma grande evolução cientifica cultural, social, política e econômica (até porque está localizado próximo ao mar mediterrâneo, onde a troca cultural é muito forte) - a Itália, conhecida como o berço da ciência do controle e pela busca do domínio das praticas do comércio. Neste período surgem várias escolas de pensamento ou correntes sobre os ensinamentos de contabilidade (ao total são 06 escolas): Contismo, Personalismo, Neo-Contismo, Controlismo, Aziendalismo e Patrimonialimo, esta última escola foi responsável em afirmar que a contabilidade é uma ciência, pois tem objeto de estudo que seria o PATRIMÔNIO das entidades e suas mutações. Seu maior vulto foi Vicenzo Mais, que estabeleceu uma doutrina contábil. As escolas europeias concentram suas forças em demasiado para afirmar a contabilidade enquanto ciência, que acabam esquecendo que o principal objetivo desta ciência existir são seus usuários. Até aqui já sabemos que a contabilidade é considera uma ciência social e como está voltada para a sociedade, faz parte das ciências sociais aplicadas. Como esta ciência tem como mola propulsora de seu conhecimento a necessidade da sociedade, iremos nos reportar a outro período importante da história para a evolução e o conhecimento da contabilidade enquanto ciência do controle e conhecimento. 1.1.1.2 Contabilidade de Custos Segundo Lunkes (2007, p. 4), “a maioria das técnicas de contabilidade gerencial atual foram desenvolvidas no período de 1800 a 1925, com o aparecimento das grandes organizações”. Um dos grandes acontecimentos históricos que influenciaram para que a contabilidade financeira fosse usada pelas escolas italianas refere-se à “Revolução industrial”. A revolução industrial trouxe uma mudança na forma de produção, anterior a ela a produção era feita de maneira artesanal. Com a mudança nos meios de produção, a contabilidade teve que se adaptar e atender as novas necessidades de seus usuários da informação contábil, alguns autores consideram a Revolução industrial como marco inicial para surgimento da Contabilidade de Custos e da Contabilidade Gerencial. A Revolução Industrial permitiu que ocorresse a produção em escalas. Desta forma, aquela contabilidade usada apenas para controlar as transações mercantis (compra e venda), usada pelas escolas italianas e europeias, não atendiam mais às necessidades dos seus usuários. Com o surgimento das empresas com produção em escala, começa a ocorrer a agregação de insumos de ordem financeira e humana. Neste período, surge a contabilidade de custos, procurando controlar os insumos consumidos nos meios de produção, para a elaboração dos produtos industrializados, como é caso das empresas têxteis, que iriam usar a contabilidade para ter controle sobre o custos de seus estoques. Junto com a contabilidade de custos, os gestores necessitaram ter controles que possibilitem tomar decisões estratégicas frente aos seus concorrentes. Neste período, as informações começam a tomar importância no meio dos negócios, várias técnicas irão surgir, buscando melhorar os controles gerenciais da época. Ainda devemos evidenciar, bem lembrado por Lukes (2007, p. 6) que: A contabilidade gerencial também foi influenciada, neste período, pela administração cientifica de Taylor e Fayol que desenvolveram procedimentos para medir, com detalhes minuciosos, a quantidade de materiais, de Mão de obra e de tempo das maquinas necessários para produzir o produto. Fora os dois cientistas que realizaram o estudo da administração cientifica, outros também contribuíram para o aprimoramento dos controles gerencias e do refinamento das informações geradas por meio destes controles. 1.1.1.3 Contabilidade de Gestão Operacional Entre o período de 1925 a 1975, a contabilidade gerencial acaba sendo influenciada por considerações externas. Neste período, a Contabilidade Gerencial sofre grande influência, devido a intensificação do mercado acionário e a exigência dos acionistas pela remuneração sobre capital aplicado, ou seja, a taxa de lucro e exigência da contabilidade financeira. Em 1975, os países que foram destruídos na Segunda Guerra Mundial estavam já reconstruídos e buscando competir no mercado mundial. Com isto, ocorreu uma mudança considerável no ambiente dos negócios, pois novos jogadores estavam aptos a entrar na briga pelo mercado financeiro. As empresas buscavam novas ferramentas e controles que lhe proporcionassem informações mais acuradas sobre seus processos, e isto fez com que os gestores passassem a questionar, cada vez mais, a contabilidade gerencial tradicional (LUNKES, 2007, p. 6). Neste período, os gestores começam a perceber que precisam de informações diferenciadas e mais refinadas e que necessitam agregar valor aos seus produtos. 1.1.1.4 Contabilidade de Gestão Estratégica Começa em meados de 1975 e vai ate os dias atuais, neste período alguns fatores como: demográfico, do avanço tecnológico, e o processo de globalização, questões ambientais são alguns dos fatores que afetam ou influenciamas mudanças nas empresas. Estes fatores ocasionam que empresas repensem suas ações em varias áreas como: atender as novas demandas dos seus clientes, o retorno dos sócios, atender as exigências legais, estratégias para tonar-se mais competitiva, entre outras.... Desta forma este período e reconhecido pela necessidade da criação de valor através do uso eficaz de recursos, alguns autores consideram que nesta fase o contador evoluiu de contador gerencial para contador estratégico. 1.2 “IMA”é sua definição de Contabilidade Gerencial O IMA( Institute of management Accountants) é o órgão responsável pela regulamentação dos profissionais que atuam como contadores gerencias e, para atuar como contador gerencial em países como os Estados Unidos, os profissionais devem ser regulamentados. Ele define a Contabilidade Gerencial como “o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações financeiras e não financeiras, usadas pela gestão para planejar, avaliar e controlar a empresa e assegurar uso apropriado e responsável de seus recursos”. Observe que o conceito abordado pelo referido órgão contempla não apenas o conceito de controle das informações, mas vai além, descreve que a gestão utiliza as informações para planejar, avaliar e controlar a empresa, bem como assegurar o uso apropriado e responsável de seus recursos, o que deixa claro o cunho estratégico da Contabilidade Gerencial. Atkison et. al. (2002, p.36) corrobora ao afirmar que a contabilidade gerencial é responsável pelo processo de produzir informação operacional e financeira para funcionários e administradores. Observem que os conceitos apresentados diferem do conceito da contabilidade tradicional que, segundo Lunkes (2007, p. 7), envolve a coleta e entrada de dados, divulgação. 1.2.1 Informação Gerencial Contábil Após compreender a evolução da Contabilidade Financeira para a Contabilidade Gerencial, você deve estar se indagado: mas como conceituar a Contabilidade e o que qual seu papel? Primeiramente, vamos usar um conceito que acho claro e muito pertinente a este tópico. Segundo Atkinson et. al. (2000, p. 36), “Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, reportar e analisar informações sobre eventos econômicos das empresas”. Percebam que este conceito ainda se remete ao conceito da Contabilidade Financeira. No entanto, quando o autor se remete “a analisar informações sobre eventos econômicos da empresa”, ele amplia a perspectiva do conceito. A informação gerencial contábil (fruto da contabilidade gerencial utilizada pelos gestores para a tomada decisão), segundo Atikinson (200, p. 36), “a informação gerencial contábil é uma das fontes informacionais primárias para tomada de decisão e controle das empresas. As informações gerenciais são produzidas por meio dos sistemas gerenciais. Estas informações são norteadoras de decisões, pois ajudam funcionários, gerentes e executivos a tomar decisões e aperfeiçoar os processos de desempenho de suas empresas. Podemos, então, concluir que as informações gerencias devem ser trabalhadas, de modo a atender as necessidades informacionais dos usuários internos da empresa, com a finalidade de orientar suas ações. Exemplo de Informação Gerencial: relatório de consumo de matéria-prima de determinado produto 1.2.1.1 Como a informação gerencial contábil ajuda os administradores As empresas operam em ambientes altamente competitivos e dinâmico , em que a concorrência se intensifica e a mudança, principalmente a tecnológica, é permanente e acelerada (Gomes & Sales).Toda organização, seja ela do primeiro ou do terceiro setor, buscam torna-se perene ao longo dos tempos e, para que isto ocorra, buscam auferir “Lucro”. No mundo dos negócios o lucro é indispensável para a permanência de uma empresa. No entanto, devido às diferentes formas de constituições de empresas com finalidades sociais distintas, cada qual irá tentar auferir lucro de maneira diferenciada, pois o lucro tem conotações e finalidades direcionadas. Para que o “lucro” ocorra, as empresas buscam ferramentas de gestão que possam dar suporte às ações dos gestores, conforme Atkinson (2000, p. 36), medidas da condição econômica como custos, margem de contribuição do produto ou serviço, lucro, fidelidade do cliente, entre outros, estão disponíveis apenas nos sistemas de contabilidade gerencial. Outro ponto que merece destaque deve-se ao fato de que as informações gerenciais possibilitam medir o desempenho econômico e financeiro das organizações. Por meio das informações gerenciais geradas pelos sistemas gerenciais, os administradores podem verificar se as ações adotadas estão alinhadas com as estratégias da empresa. Elas ainda permitem que realize um feedback, possibilitando que os administradores ajustem suas ações ou decisões, capacitando-os a apreenderem com o passado e melhorarem para futuro. 1.3 Contabilidade Financeira X Contabilidade Gerencial A contabilidade Financeira é responsável pelo registro, elaboração, divulgação das informações contábeis, por meio dos relatórios contábeis obrigatórios, como: Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado, Demonstração de Fluxo de Caixa, entre outros. Estes relatórios são elaborados, baseados na legislação vigente, e são utilizados pelo usuários da informação contábil com o objetivo de manter-se informados sobre a gestão da administração, bem como se encontra a composição patrimonial, financeira e econômica das organizações. Atkinson et. al. ( 2002, p.37) complementa nossa definição determinando que “ela lida com a elaboração e a comunicação de informações de uma empresa dirigida ao público externo: acionistas, credores (bancos, financeiras e fornecedores), entidades reguladoras e autoridades governamentais tributarias”. Desta forma, podemos compreender o papel da contabilidade financeira e seu objetivo. A contabilidade Gerencial, na visão de Padoveze (p.18), “é o ramo da contabilidade que tem por objetivos fornecer instrumentos aos administradores de empresas que auxiliem em suas funções gerenciais”. Este conceito, apresentado por Padoveze, nos revela a grandeza deste ramo da contabilidade, pois, como seu principal objetivo é orientar o gestores (administradores), busca que os recursos econômicos que estão a disposição da organização sejam usados de forma que venha a fornecer o máximo de sua potencialidade. Desta maneira, a Contabilidade Gerencial busca implementar outras formas de controle de consumo de seus recursos por meio dos sistemas de informação gerencial. Dentro desta perspectiva sobre a Contabilidade Gerencial, podemos afirmar que a mesma procura auxiliar e orientar seus usuários nos seguintes aspectos: Apesar de as características apresentadas acima serem simplista, podemos aferir que o processo contábil inicia a partir do momento em que são determinadas as necessidades informacionais dos usuários internos, o que possibilita criar sistemas gerencias que permitam aprimorar os controles, com finalidade de auxiliar os gestores na tomada de decisões. Após apresentada as devidas conceituações, mostraremos, a seguir, um quadro com as principais características da Contabilidade Financeira e Gerencial. Contabilidade Financeira X Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Clientela Externa: acionistas, credores e autoridades tributárias (governo). Interna: funcionários, administradores e executivos de diversos níveis. Propósito Reportar o desempenho passado às partes externas; contratos com proprietários e credores. Informar decisões internas tomadaspelos funcionários e gerentes; feedback e controle sobre o desempenho operacional; contrato com proprietários e credores. Data Histórica. Atual, orientada para o futuro. Restrições Regulamentada; dirigida por regras e princípios fundamentais da contabilidade e por autoridades governamentais. Desregulamentada: sistemas e informações determinadas pela administração para satisfazer necessidades estratégicas e operacionais. Tipo de Informação Somente para mensuração financeira. Mensuração física e operacional dos processos, tecnologia, fornecedores e competidores. Natureza da Objetiva, auditável, confiável, consistente e precisa. Mais subjetiva e sujeita a juízo de valor, válida, relevante e acurada. 1. • melhorar a qualidade das operacoes; 2. • reduzir os custos operacionais; 3. • aumentar a adequação das operacoes às necessidades dos clientes. Informação Escopo Muito agregada; reporta a toda empresa. Desagregada; informa as decisões e ações locais. Adaptado de Atkinson (2000, p. 38) Ao analisar o quadro exposto, podemos perceber que a Contabilidade Gerencial é um refinamento da Contabilidade Financeira, onde tem como o principal objetivo suprir os administradores (e os usuários internos) de informações que possibilitem tomar decisões assertiva sobre assuntos, em sua grande maioria, relacionados com o planejamento estratégico das empresas. No entanto, devemos ter bem claro que a Contabilidade Gerencial irá fornecer ferramentas e informações que estarão dando suporte nas decisões dos administradores. Porém, outro ponto muito importante para que estas decisões surtam efeito, é a expertise do gestor, que faz muita diferença na escolha de quais informações devem ser usadas, aliadas a determinada ferramenta gerencial. 1.3.1 Usuário da informação contábil A contabilidade, por ser uma ciência social aplicada, somente existe para atender a necessidade do seu usuário - o usuário da informação contábil e sua razão de ser. Desta forma, ele é responsável pelo refinamento da contabilidade ao longo do tempo até nossos dias atuais. Antes de descrevermos as características dos usuários da informação contábil, devemos entender que o conceito de usuário em contabilidade, está concentrado a pessoa física ou jurídica que utilize as informações geradas pela contabilidade para a tomada de decisões. 1.3.1 Usuário Externo O usuário externo necessita dos relatórios contábeis emitidos pelas empresas, para tomar suas decisões. Além disso, estão interessados no resultado que empresa possa auferir, como por exemplo: o banco - ele não faz parte da configuração social da empresa, no entanto, quando o gestor necessita de recursos financeiros, poderá procurar o banco. Este, por sua vez, solicitará um balanço ou até mesmo um balancete para poder compreender a situação patrimonial e liberar ou não, com base nos dados apresentados pelos demonstrativos contábeis. Desta forma, o banco se configura como usuário externo da informação contábil. 1.3.2 Usuário Interno O usuário interno muito nos interessa para a disciplina que estamos estudando, pois está envolvido diretamente na estrutura social da empresa. Este tipo de usuário necessitará, para tomada de decisões, além dos relatórios contábeis, informações ou relatórios de cunho mais estratégicos e gerenciais, como por exemplo: o supervisor de produção - ele faz parte do processo produtivo que a empresa realiza quando vai aceitar um pedido de produção de um produto. Além do controle de estoque que se encontra disponível no balanço ou balancete, ele precisará de outras informações, como qual quantidade será produzida?, quanto de vai consumir de mão de obra?, será necessário realizar ou não horas extras? Como melhorar o processo de produção para ter maior produtividade? etc. 1.4 O foco na tomada de decisão Todas as diretrizes norteadoras de Contabilidade Gerencial estão voltadas para a tomada de decisão. No entanto, devemos ter bem claro que a contabilidade gerencial, para conseguir atingir seus objetivos orienta os gestores de conhecimentos de outras áreas do saber como da administração. Na sequência iremos estudar conceitos bastante explorados pela administração. 1.4.1 Planejamento O planejamento é fundamental para qualquer tipo de empresa, e por que não citar para as pessoas, já que sem planejamento não chegamos a lugar algum. Dentre os estudiosos que buscam compreender esta ciência, iremos apresentar o conceito de Lunkes (2007). Para Lunkes (2007, p. 14), o planejamento “envolve a escolha de um curso de ação, por meio do desenvolvimento de objetivos e metas a curto prazo (operacional) e longo prazo (estratégico) da empresa. Visando ainda completar o conceito apresentado, Hoji (2001, p. 359) argumenta que: o planejamento consiste em estabelecer com antecedências as ações a serem executadas dentro do cenário e condições preestabelecidos, estimando os recursos a serem utilizados e atribuindo as responsabilidades, para atingir os objetivos fixados. Devemos perceber que uma empresa nasce, entre outros objetivos, para que possa se notar perene. Ao longo dos tempos, ela busca aumentar a riqueza patrimonial de seus proprietários. Conforme Crepaldi (1998, p. 21), “a administração cuida em determinar que os produtos e serviços são necessários e em colocá-los nas mãos dos consumidores”. A administração opera as decisões sobre planejamento, com objetivo de maximizar a riqueza dos proprietários, acompanhar o planejamento, constantemente, aferindo o que foi planejado com o que realmente ocorre e é primordial, para que, assim, a administração consiga atender seu objetivo de maximização dos recursos disponibilizados pelos proprietários ou acionistas e alcançar o retorno esperado. 1.4.2 Execução A execução é caracterizada pela parte operacional, pois, para executar, necessitamos de pessoas e que estas executem as atividades ou ações desejadas para que os objetivos traçados sejam alcançados. Conforme Lunkes, alguns autores chamam esta etapa do ciclo de direção e motivação, pois, nesta etapa, os gestores desenvolvem a coordenação de diversas atividades da empresa, onde, além de envolver a movimentação de recursos financeiros, também ocorre a movimentação de recursos humanos para atender o processo operacional. (LUNKES, 2007, p. 15) 1.4.3 Controle O controle é atividade responsável por monitorar, analisar e avaliar a utilização de recursos consumidos, para alcançar os objetivos traçados. O principal objetivo é verificar se ações adotadas pelas várias áreas envolvidas no processo estão atingindo as metas estabelecidas no planejamento. Nesta fase, a informação gerada ou produzida por meio da Contabilidade Gerencial, é primordial para aferir o que foi definido pelo planejamento (LUNKES, 2007, P. 15). A figura a seguir apresenta o ciclo do processo de controle. Compreender o ciclo do controle faz com que o administrador prepare a empresa para enfrentar a concorrência de mercado cada vez mais acirrada. A função administrativa do controle tornou-se cada vez mais importante o longo tempo. O crescimento da complexidade das organizações provocou o distanciamento físico do seu principal executivo da realização do processo administrativo e produtivo da entidade. (BARRETO, 2008, p. 4) Diante desta contextualização vamos estudar, na sequência, sobre a “tomada de decisões”, pois já que todos nossos esforços enquanto estudante de Contabilidade Gerencial. 1.5.1 No caminho da tomada de decisões Para a tomada de decisões, primeiramente devemosconhecer a estrutura das empresas, bem como os diversos setores que lhe compõem. Os gerentes enfrentam problemas no setor de pesquisa e desenvolvimento, vendas, marketing, produção, finanças, recursos humanos e serviços pós-vendas; apesar de serem setores diferenciados, o processo de decisão que eles seguem pode ser uniforme. (LUNKES, 2007) As decisões tomadas nas organizações pelos gestores acabam moldando e influenciando a diretriz na empresa no futuro. Um exemplo, que podemos citar é a aquisição de um concorrente. Planejamento Controle Execução Muitas vezes a unidade adquirida precisa de ajustes para poder ser competitiva frente às inovações tecnológicas do mercado. No mundo dos negócios, altamente complexo, constantemente os gestores enfrentam vários problemas para tomar suas decisões, como: identificar os pontos fracos e fortes, oportunidades e ameaças, a informação nunca está completa - o que inviabiliza a celeridade na tomada de decisões - e desconhecimentos de alternativas que podem ser adotas para que o mesmo possa estruturar um cenário e verificar quais são os riscos desta escolha. No caminho da tomada de decisões, devemos perceber que, para que seja escolhida uma ação, sempre teremos várias alternativas que seguem cursos diferentes. No entanto, cabe ao gestor escolher aqueles que sejam o mais possível apropriado para aquela decisão. Aqui, a qualidade de julgamento e experiência são capacidades cognitivas dentro do processo de tomada decisão. Neste quesito, o ser cognitivo implica tolda lógica e deverá estabelecer etapas para atender a tomada decisão, conforme a seguir: definir o problema; formular o objetivo e verificar quais as alternativas disponíveis para esta ação; identificar e analisar os ricos das alternativas disponíveis; selecionar a melhor alternativa. 1.5 Fatores relevantes na tomada decisões Dentro da ótica da tomada de decisões, alguns fatores apresentam relevância, pois afetam uma decisão em particular. Entre eles podemos citar: o preço, o custo, a qualidade e o tempo. O preço continua sendo, em muitos casos, o diferencial de sucesso da empresa. A formação dos preços de venda dos produtos ou serviços obedece a vários métodos estratégicos. No mercado, o preço exerce grande influência na decisão de compra, portanto, as empresas devem ter cuidado na sua determinação. Entre os inúmeros métodos e estratégias de formação de preço de venda, é necessário escolher aquele que possibilite compatibilizar crescimento nas vendas com lucratividade. (LUNKES, 2007) O custo continua sendo uma variável importante, principalmente para as empresas que atuam baseadas no preço. As empresas devem encontrar formas economicamente viáveis para a redução dos custos, por meio do controle dos desperdícios. (LUNKES, 2007) A qualidade e a satisfação do cliente estão muito próximas e a qualidade do processo geralmente determina a qualidade de produtos e serviços. A chave para usar medidas de qualidade é assegurar que elas sejam consistentes com a satisfação dos clientes. Resumidamente, pode-se definir qualidade como atendimento às especificações. Qualidade percebida é a diferença entre o que foi prometido ao cliente e que o ele recebeu. (LUNKES, 2007) O tempo é uma importante medida de valor e deve ser monitorada em todas as fases da cadeia de valor. Muitos clientes são extremo valor a tempo de atendimento curto, medidos com o tempo transcorrido desde o momento em que é feito o pedido até o momento em que o produto ou serviços desejado é entregue ou realizado. A expressão “tempo é dinheiro” nunca foi tão verdadeira. Longo tempo de processamento gera altos custos de mão de obra, materiais e custos maiores, como o custo de oportunidade; a falta de tempo pode causar perda de oportunidades importantes para empresa. (LUNKES, 2007) A meta das empresas, na atualidade, é agregar valor aos produtos e clientes. Desta forma, as mesmas devem estar atenta a fatores que afetem em particular suas decisões, afim de saber como minimizar os efeitos destes fatores sobre a tomada decisões. 1.6 As funções Gerenciais no Processo Decisório O que temos visto nas empresas e em pesquisas realizadas com gestores é que existe uma enorme distância sobre o que deveria se configurar como funções dos gestores e o papel que efetivamente eles exercem no dia a dia, no processo decisório. (ORLICKAS, 2010, p. 124) Ainda conforme a referida autora, as funções gerenciais passam pelas atividades de planejamento, organização, direção, análise e controle do trabalho dos grupos que estão sobre sua responsabilidade. Estas atividades contribuem no processo decisório, conforme são conduzidas pelos gestores, acabam modelando as ações futuras das empresas ou se tornando sua fonte principal e balizadora no processo. 1.6.1 Competências Gerenciais Adaptado Orlickas (2010, p. 128) Tal qual é importante compreender os instrumentos, ferramentas e dados informacionais, é importante compreender o papel ou função que exerce o gestor gerencial. Uma vez que este é a peça principal para que ocorra efetivamente o processo de tomada decisões nas empresas. A figura acima representa as principais competências gerencias. Competências estas que são solicitadas ou requeridas por cargos e funções da estrutura empresarial e são responsáveis por influenciar a obtenção de níveis satisfatórios de desempenho empresarial (Orlickas, 2010). Algumas das competências requeridas, conforme a figura acima, pode ser apreendida no dia a dia da organização. No entanto, muitas outras são constantemente aprimoradas, principalmente porque existem escalas diferentes de importância dos gestores no processo decisório. Dentro da compreensão de quais são as competências que cercam a função gerencial, precisamos compreender o termo “Gerenciar”. Gomes (2001) afirma que gerenciar é o procedimento de pensar, de definir e de atuar com objetivo de “conseguir resultados” e “fazer acontecer”. Esta definição apresenta um ótimo conceito de gerenciar. Porém, devemos ainda observar que o termo gerenciar também acarreta responsabilidade, uma vez que “faz acontecer” parte da ação de uma determinação. As competências de uma função gerencial: Buscar inovar Compromenti mento Comunicação Empreendedo rismo Flexibilidade Empregabilida de Orientados a resultados Planejamento Relação interpessoal Dar e recebr feedback Em virtude da complexidade do tema, apresentamos, a seguir, um quadro onde serão expostos as competências, conceitos e indicadores que podem contribuir para uma gestão assertiva. Competências Conceito Indicadores Dar/receber feedback. Receber e dar informações verdadeiras, em momentos adequados, podendo subsidiar e orientar desempenhos, comportamentos, posturas e resultados. Demonstrar abertura para receber críticas Rever seu progresso e buscar feedbacks dos outros com frequência. Buscar inovar. “Correr atrás” de soluções inovadoras, buscando e aprendendo novas ações e negócios. Mostrar-se curioso positivamente, sempre em busca do novo. Comprometimento. Identificar-se com os valores e os propósitos da organização; atuar de modo comprometido e, ao mesmo tempo, agregar valor aos processos. Seguir as normas e os padrões da empresa. Comprometer-se em atingir as metas individuais e da equipe. Comunicação. Transmitir e explicar ideias e informações com clareza e argumentos adequados. Falar com clareza de ideias e com a preocupação de que os demais tenham entendimento a suamensagem. Empreendedorismo. Gerir o negócio com estratégias inovadoras, criativas e eficazes Propor novas abordagens, demonstrando capacidade de pensar além do próximo passo, identificando pontos a favor e pontos contra. Flexibilidade. “Jogo de cintura” para ajustar-se às circunstancias do momento e aproveitar as oportunidades. Procurar entender o ponto de vista de outro, mostrando-se aberto ao novo. Empregabilidade. Busca constante de atualização, criando oportunidades de crescimento. “Caçar” novas oportunidades para se desenvolver ou enriquecer sua própria experiência. Apreender com os próprios erros. Orientados a resultados. Visualizar tendências; incorporar novos conceitos e experiência aos resultados; cumprir metas e objetivos. Entregar um projeto, superando expectativas. Buscar desafios constantes. Incorporar novas ideias ao seu trabalho. Planejamento. Predeterminar o curso de Executar todas as tarefas que uma ação, definindo objetivos, estabelecendo prioridades, revendo e atualizando linhas básicas de atuação, com vistas à consecução dos resultados esperados. foram designadas em tempo hábil. Seu dia a dia transcorre de acordo com o planejado, salvo exceções. Relacionamento Interpessoal. Estabelecer contatos assertivos, evidenciando tato e polidez na forma de dirigir- se ao outro. Primar pela habilidade ao trabalhar em equipe. Saber compartilhar ideias e conhecimentos. Preocupar-se em interagir com os demais. Demonstrar interação com a equipe. Fonte: Orlickas (2010, p. 131) Ao estudar as competências não podemos esquecer o aprendizado gerencial, que é desenhado por meio de alguns fatores de ordem social, como: cognitivo, analítico, comportamental e ação. Estes fatores acabam, de certa maneira, remodelando e dando características próprias a cada uma das competências requeridas pelas empresas ao gestor gerencial. 1.7 A importância de ética na tomada decisões Antes de começarmos a abordar este assunto, devemos entender “o que é tica”. Ética pode ser entendida como um conjunto de princípios que regram a conduta de determinada sociedade. Ao analisar a ética, podemos entender que ela é encontrada em uma determinada sociedade ou grupos de indivíduos, por meio de seus princípios, normas ou regras que regulam as relações entre estes. Neste tópico estaremos, principalmente, interessados na ética relacionada ao mundo dos negócios, para ser mais exato a “tomada de decisões”. Conforme Lunkes (2007, p. 21), “nos últimos anos, vários episódios envolvendo assuntos éticos têm sido explorados pela mídia”. Reportagens narram escândalos envolvendo grandes corporações. Escândalos estes tanto de fundamento financeiro, social e ambiental e que têm suscitado a sociedade repensar as atitudes de determinados executivos. As empresas são formadas por pessoas e estas trazem consigo valores éticos e condutas preestabelecidas. Quando tentamos compreender a ética nas empresas, devemos pensar até que ponto os valores éticos das pessoas que formam a estrutura dos recursos humanos estão vinculados aos valores das empresas. As empresas que estão preocupadas com ética e que buscam obter práticas efetivas destacam-se no mercado, pois demonstram estar agindo de forma apropriada visando garantir a satisfação e a motivação dos seus profissionais e visando ainda atuar na busca pelo sucesso. (ORLICKAS, 2010, p. 204) A citação de Orlickas descreve a importância da ética para as empresas. A sociedade foi evoluindo ao longo do tempo e tantos suas necessidades, quanto as perspectivas, também evoluíram. Hoje, a sociedade valoriza as ações voltadas para o meio social e meio ambiente. Desta forma, algumas empresas têm usados suas ações éticas como instrumento estratégico e competitivo frente à nova visão da sociedade. A seguir será descrita uma fábula judaica que evidencia a história de um rico avarento. Por meio dela podemos fazer uma reflexão sobre o assunto. Um rico e conhecido cidadão de um lugarejo havia perdido sua bolsa, que continha cinco moedas de ouro. Eis que um pobre e honesto cidadão encontrou-a e, imediatamente, a levou ao rabino para que fosse descoberto o seu verdadeiro dono. Ao ver a bolsa, o rabino pode perceber que ela pertencia uma pessoa rica e influente e por isso chamou imediatamente. Diante do pobre que havia encontrada a bolsa, perguntou ao rico senhor: “Esta bolsa é sua?”, ao que este respondeu: “Sim!”. Mas o rico, querendo levar vantagem, disse: “O que ocorre é que havia dentro não apenas cinco moedas de outro, mas sim oito”. O rabino, percebendo a intenção do rico homem, disse ao pobre: “A bolsa desse senhor cotinha oito moedas de ouro e agora contém apenas cinco, portanto não é mesma que esse nobre cidadão perdeu e por isso não o pertence. Já que não apareceu seu ‘verdadeiro’ dono, ela é sua de direito”. Por meio desta narrativa podemos perceber como se aplica o conceito de ética. A narração trata da falta de princípios e ética por parte de um dos envolvidos. A mensagem que a fábula nos transmite é que quando tentamos tirar proveito de algo que não lhe é direito, pode ocorrer que todos, de alguma forma, acabam perdendo. Na análise do fator ético, pode ser destacado inúmeras vantagens e benefícios na possibilidade de se construir uma cultura ética profissional e empresarial verdadeira e apropriada, com a qual se motive o consenso e o equilíbrio nos interesses pessoais e organizacionais. (ORLICKAS, 2010) 1.8 Sistemas de Gerenciais Conforme relatamos nos tópicos anteriores, o grande desafio das empresas, na atualidade, é agregar valor ao conjunto de atividades. Para que os gestores alcancem os objetivos traçados, precisam usar de vários instrumentos e ferramentas gerenciais. Diante desta constatação, iremos, neste tópico, tratar exclusivamente sobre os sistemas gerenciais, que são responsáveis por transformar os dados em informações que auxiliam os gestores na tomada de decisões. Você, neste momento, consegue descrever o que é um sistema? Temos que compreender que “sistema é um conjunto de elementos ou componentes que interagem para atingir os objetivos”. Além disso, um sistema apresenta alguns componentes básicos, conforme a figura a seguir. A figura apresenta a forma que ocorre o fluxo de informação dentro do sistema. Devemos observar que esta figura apresenta uma estrutura básica e sabemos que, quanto mais complexo for o processo ou a organização, mais complexo será o sistema que controla estas informações. 1.8.1 Sistemas de informações Contábeis A contabilidade é responsável por coletar, registrar e acumular os atos e fatos contábeis das empresas. Estes dados coletados são usados para gerar informações, tanto de cunho financeiro, patrimonial de resultado, quantitativo e qualitativo. Os dados coletados pela contabilidade contemplam todas as transações dos mais diversos setores que compõem a empresa. O registro do sistema contábil começa por meio da elaboração do plano de contas e este é elaborado pelo contador, buscando evidenciar todas as transações e operações utilizadas pela empresa. Após elaborado, o plano de contas começa a realizar os devidos registros em cada conta, com seu respectivo valor. Ao analisar esta ação do operador contábil, podemos concluir que os registros realizados têm apenas aspectos financeiros; no entanto, devemos perceber que ela também registra aspectos não financeiros, como a quantidade de produtos, quantidade de horas, números de funcionários necessários para a realização de determinada tarefa ou atividade, entre outros.Desta forma, podemos concluir que os sistemas de contabilidade são compostos por vários subsistemas, que estarão alimentando a base de dados, coletando, registrando, armazenando os dados e transformando em informações de toda empresa. Os sistemas de contabilidade devem ser personalizados para atender as necessidades das organizações. Deve ser capaz de evidenciar e controlar o fluxo de dados e informações da empresa, o que contribuirá para a melhoria da tomada de decisões. Entrada Processo Saída Referências ATKINSON, A. A.; BANKER, R. D.; KAPLAN, R. S.; YOUNG, S. M. Tradução: MOSSELMAN, A. O. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial: teoria e prática. São Paulo: Altas, 1998. LUNKES, R. J. Contabilidade Gerencial: um enfoque na tomada de decisão. Florianópolis: Visual Books, 2006. ORLICKAS, E. Modelos de Gestão: das teorias da administração à gestão estratégica. Curitiba: Ibpex, 2010.