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Direito Penal 2 Prof. MSc. João Batista do N. Filho 18/10/2016 1 CRIMES CONTRA A PESSOA CRIMES CONTRA A VIDA PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO INFANTICÍDIO Sujeito Ativo: Qualquer pessoa Sujeito passivo: Qualquer pessoa com um mínimo de discernimento e resistência. Do contrário, não podendo resistir ao induzimento ou instigação, cuida-se de homicídio. Objeto jurídico e material: A vida humana e a pessoa contra a qual se volta o agente. Elemento subjetivo do tipo: É o dolo. Não se admite a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico: não há. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). Elementos objetivos do delito: Induzir – significa dar a idéia a quem não possui, inspirar, incutir. O agente sugere ao suicida que dê fim à sua vida Instigar – fomentar uma idéia já existente Auxiliar – é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material ao ato suicida (ex.: o agente fornece a arma utilizada pela pessoa que se mata). INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). Tentativa: Não admite, por ser crime condicionado (o ofendido deve tentar o suicídio, sofrendo lesões graves ou deve efetivamente suicidar-se) Classificação: comum, material, instantâneo, comissivo (de ação), de dano, unissubjetivo, de forma livre, plurissubsistente. Momento consumativo: Ocorre quando a vítima efetivamente se suicida, ou quando tenta e sofre lesões graves. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). Causas de aumento de pena (aumento de um terço da pena) A pena é duplicada quando o crime é cometido por motivo egoístico (excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida alheia) ou quando a vítima é menor de 18 anos e maior de 14 (o menor de 14 anos, se não tem capacidade nem mesmo para consentir num ato sexual, certamente não a terá para a eliminação da própria vida, razão pela qual o agente responderá por homicídio) ou tem diminuída, por qualquer motivo, a sua capacidade de resistência (fases críticas de doenças graves, físicas ou mentais, abalos psicológicos, senilidade, infantilidade ou ainda pela ingestão de álcool ou substância de efeitos análogos). INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). O pacto de morte - É possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, deliberando morrer ao mesmo tempo. Várias hipóteses podem ocorrer: INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). a) Se cada uma delas ingerir veneno, de per si, a que sobreviver responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra (ou outras, que morreram); b) Caso uma ministre veneno para as demais, se sobreviver, responderá por homicídio consumado de todos os que morreram (e tentativa de homicídio, com relação aos que sobreviverem); c) Se cada pessoa administrar veneno a outra (A dá veneno a B, que fornece a C, que ministra a D, etc.), todas sobrevivendo. Responderá cada uma por tentativa de homicídio, tendo como sujeito passivo a pessoa a quem foi dado o tóxico; d) Se cada pessoa ingerir, sozinha, o veneno, todas sobrevivendo, com lesões leves ou sem qualquer lesão, o fato é atípico, pois o crime é condicionado à morte ou à ocorrência de lesões graves; e) Se uma pessoa administrar veneno a outra, ao mesmo tempo em que recebe a peçonha desta, aquela que sobreviver responderá por homicídio consumado; se ambas sobreviverem, configurará tentativa de homicídio para as duas; f) Se quatro pessoas contratarem um médico para lhes ministrar o veneno, resultando na morte de duas pessoas e na sobrevivência de outras duas, estas, que sobreviveram, sem lesões graves, responderão por participação em suicídio, tendo por sujeitos passivos as que morreram. O médico responderá por dois homicídios consumados e dois homicídios tentados. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). IMPORTANTE!!!!!!! Se adaptarmos o pacto de morte à roleta russa (passar um revólver entre vários presentes, para que a arma seja apontada por casa um na direção de seu corpo), ocorrem as mesmas hipóteses já analisadas: a) Quem sobreviver, responde por participação em suicídio, tendo por vítima aquele que morreu; •b) Se o participante der um tiro em si mesmo e sobreviver, resultando daí lesões corporais graves, não será punido, pois o direito brasileiro não pune a autolesão. Os demais, sem dúvida, responderão por participação em suicídio. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO (art. 122). Sujeito Ativo: A mãe do recém-nascido ou ser nascente. Sujeito passivo: o recém-nascido ou ser nascente. Objeto jurídico e material: A vida humana e o recém-nascido ou ser nascente. INFANTICÍDIO (art. 123) Elementos objetivos do delito: Matar – O verbo é o mesmo do homicídio, razão pela qual a única diferença entre o crime de infanticídio e o homicídio é a especial situação em que se encontra o agente. Faz-se necessário que o nascente esteja vivo no momento em que é agredido. Estado puerperal – É aquele que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Há profundas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo. É a hipótese de semi-imputabilidade que foi tratada pelo legislador com a criação de um tipo especial. O puerpério é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições de pré-gravidez. INFANTICÍDIO (art. 123) Elementos objetivos do delito: Durante ou logo após o parto – o termo “logo após” deve ser interpretado com o caráter de imediatidade, pois, do contrário, poderá ocorrer abusos. O correto é presumir o estado puerperal quando o delito é cometido imediatamente após o parto, em que pese poder haver prova em contrário, produzida pela acusação. Faz-se necessária a detecção ou não de uma psicose puerperal, dando margem à aplicação do art. 26 do Código Penal. INFANTICÍDIO (art. 123) Elemento subjetivo do tipo: É o dolo. Não se admite a forma culposa. Elemento subjetivo do tipo específico: não há. Tentativa: Admissível. Classificação: Próprio, material, instantâneo, comissivo (de ação), de dano, unissubjetivo, de forma livre, plurissubsistente. Momento consumativo: Ocorre quando a morte do recém- nascido ou ser nascente. INFANTICÍDIO (art. 123) QUESTÃO: Discorra sobre a solução jurídica para os casos abaixo, à luz dos artigos 29 e 30 do CPB: 1. Mãe mata o filho influenciada pelo estado puerperal, contando com a ajuda de partícipe. 2. Mãe auxilia , nesse estado, o terceiro que tira a vida do seu filho. 3. Mãe e terceiro matam a criança nascente ou recém-nascido. INFANTICÍDIO (art. 123)
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