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públicos são todas as coisas materiais ou imateriais cujos titulares são pessoas jurídicas de direito público ou pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, enquanto estes bens se encontram vinculados à prestação destes serviços públicos. Os bens públicos encontram-se listados na Constituição da República. (art. 20, bens da União e art. 26, bens do Estado- Membro). 3) Classificação Esta classificação leva em conta a destinação do bem e a mais difundida das classificações entre os juristas é aquela que está estampada no art. 99 do Código Civil. a) bens de uso comum do povo - tais como rios, mares, estradas, ruas e praças. Estes bens são destinados ao uso comum e geral de toda a comunidade. Há uma destinação específica ao uso coletivo; PREPARATÓRIOS JURÍDICOS EDUARDO/FRANKLIN PREPARATÓRIO CFS –DIREITO PENAL 35 b) Bens de uso especial - são os edifícios e terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, distrital e municipal, inclusive de suas autarquias e fundações públicas. Estes bens destinam-se à prestação do serviço administrativo, pois são vinculados ao exercício de alguma atividade, como por exemplo, os veículos oficiais, prédios públicos onde funcionam órgãos, bens tombados, bibliotecas públicas, escolas públicas, universidades públicas, teatros públicos, estádios de futebol públicos, museus etc. c) Bens dominicais - os que constituem o patrimônio disponível das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real, de cada uma dessas entidades. Também chamados de dominiais estes bens não têm destinação específica, e compreendem tanto os bens móveis, quanto imóveis, corpóreos ou incorpóreos. Podemos dar como exemplo desses bens as terras devolutas, os terrenos de marinha, os terrenos reservados, desde que não estejam vinculados a destino específico. Na doutrina os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial por terem destinação específica são considerados afetados, enquanto os bens dominicais são desafetados por não terem a característica da destinação específica. Afetação ou consagração é o ato através do qual um bem, outrora não vinculado a nada, passa a sofrer destinação com sua vinculação a um fim público. Desafetação ou desconsagração é o ato através do qual um bem, outrora vinculado ao uso coletivo ou ao uso especial, tem subtraída a sua destinação pública. A afetação e a desafetação podem ser expressas ou tácitas. Serão expressas quando decorrerem da lei ou de ato administrativo. Serão tácitas quando resultarem da atuação da Administração Pública sem contarem com sua manifestação expressa. Exemplo: quando a Administração Pública determina a instalação de uma escola pública em determinado prédio público desocupado, bem como quando desocupa o referido prédio. Outro exemplo é quando uma enchente põe abaixo um prédio que sediava uma delegacia de polícia. 1) Características Quando afetados estão sujeitos ao seguinte regime jurídico: a) inalienabilidade - não é uma característica absoluta uma vez que é possível alienar bens públicos, desde que atendidas as formalidades legais. Quando o bem for afetado, ele precisa ser previamente desafetado. Quer dizer, enquanto afetados os bens públicos são inalienáveis. Em qualquer hipótese, mesmo desafetado, vai depender de interesse público devidamente justificado. Se o PREPARATÓRIOS JURÍDICOS EDUARDO/FRANKLIN PREPARATÓRIO CFS –DIREITO PENAL 36 bem for imóvel, dependerá de autorização legislativa, de avaliação prévia e de licitação (dispensável em alguns casos, ver lei .8.666/93, art. 17) na modalidade concorrência, havendo exceção para os bens imóveis adquiridos por procedimentos judiciais ou dação em pagamento, que admitem ser alienados também por leilão. Se os bens imóveis pertencerem à sociedade de economia mista ou empresa pública não é necessária a autorização legislativa. Se for bem da União é necessária a autorização do Presidente da República. Se o bem for móvel, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de leilão. b) Impenhorabilidade - não se levam os bens públicos à processo de execução. O seu processo de execução é especial, via precatórios conforme o art. 100 da Constituição da República. c) Imprescritibilidade - os bens públicos são insuscetíveis de prescrição aquisitiva, ou seja, não podem ser objeto de Usucapião. A CR trata do tema nos artigos 183, § 3o e 191. d) Não onerosidade - os bens não podem sofrer quaisquer espécies de ônus real, tais como penhor, hipoteca ou anticrese 2) Uso de Bens Públicos por Terceiros Os bens públicos mesmo afetados podem ser utilizados pelos próprios titulares, por outras entidades públicas e por terceiros particulares (pessoas físicas ou jurídicas de direito privado). O uso de bens afetados por particular corresponde aos seguintes casos: a) Autorização de uso - é um ato administrativo unilateral discricionário e precário, em que o estado faculta a alguém o uso privativo de bens públicos diante de interesse predominantemente particular do interessado. Tanto pode ser negado como dado (daí ser discricionário). É precário porque pode ser revogado a qualquer momento pela Administração. Não exige licitação, nem enseja indenização. Ex: autorização para se colocar barracas na rua durante o carnaval, ou instalar parque de diversões em terreno público. A autorização poderá ser simples (sem prazo) ou qualificada (quando se fixa um prazo) neste último caso, a Administração tem de respeitar o prazo concedido, sob pena de indenização. O particular não poderá exigir a permanência do ato, mas poderá ajuizar indenização. b) Permissão de Uso - é o ato da Administração também discricionário e precário em virtude do qual se franqueia a alguém o uso privativo a título oneroso ou gratuito de bens públicos. Distingue-se da autorização porque é empregado para atender a interesse predominantemente público e coletivo. Exige, em PREPARATÓRIOS JURÍDICOS EDUARDO/FRANKLIN PREPARATÓRIO CFS –DIREITO PENAL 37 regra, a licitação. Pode ser gratuito ou oneroso e obriga o interessado a usar o bem para o fim predeterminado, sob pena de revogação da permissão. Se houver contrato entre os Estado e o particular exige-se prévia licitação. A permissão assemelha-se à autorização, mas naquela, embora haja determinada vantagem ao usuário, não auferida por todos os indivíduos, o uso por ele exercido deve proporcionar algum benefício de caráter geral. Ex: instalação de bancas de jornais, mesas e cadeiras de bares em calçadas. Vejamos as principais distinções entre a permissão e a autorização: AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO O interesse é privado do beneficiário Implica a utilização para fins de interesse coletivo e público. A precariedade é mais acentuada na autorização pela finalidade de interesse individual. No caso da permissão que é dada por interesse predominantemente público e coletivo é menor o contraste entre o interesse