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Direito das Sucessões Resumo 04

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
CURSO DE DIREITO
WANIA ALVES FERREIRA FONTES
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DIREITO DAS SUCESSÕES – RESUMO 04
DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
Capacidade e incapacidade sucessórias: 
Para suceder o herdeiro deve ser capaz. Esta capacidade é diferente da capacidade jurídica para os atos da vida civil previstas no artigo 3º e 4º do C.C. Em regra geral toda pessoa é capaz de suceder, desde que sobreviva ao sucedido. São incapazes de suceder os previstos no artigo 1.801 e os excluídos pelo artigo 1.814, declarada esta condição por sentença. A exclusão tem efeito pessoal. Exemplo: Sendo um filho excluído, tendo filhos, estes herdam por representação.
Legitimidade para suceder – regra geral
Em princípio toda pessoa é legítima para suceder, sendo condição a morte do sucedido e estar vivo ou já concebido o sucessor. A legitimidade é a regra e a ilegitimidade a exceção. Regra prevista no Artigo Art. 1.798. “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”.
Nascituro tem a legítima resguardada.
Sucessão legítima: Pelo rol previsto no artigo 1.829 do C.C, desde que não excluídos.
Sucessão testamentária: Pela disposição de última vontade, desde que seja capaz de testar, preserve o direito dos herdeiros necessários e não se encontrem os herdeiros testamentários em situação de impossibilidade de serem contemplados como herdeiros.
Legitimidade para suceder – exceção
Na regra geral é necessário o herdeiro estar vivou ou concebido no momento da transmissão da herança.
Exceções:
Nascituro: Não chega a ser exceção, pois, já concebido. Direito sucessório resguardado. (artigo 2º e 1.798 do C.C).
Os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão. (art. 1.799, inciso I, C.C). (Só por testamento).
Não é herança para “A” que com sua morte passe para seus filhos.
Passa-se por cima dos pais para beneficiar filhos ainda não concebidos. É um testamento condicional.
Em existindo herdeiros legítimos em concorrência com este, ocorre a transmissão da herança com condição resolutiva.
Em não existindo herdeiros a herança é confiada a curador nomeado pelo juiz, que se não estipulado pelo testador, caberá à pessoa cujo filho se esperava ter por herdeiro, na ausência deste, às pessoas nomeadas no artigo 1.775 do C.C.
Nascendo o testamentário, a herança lhe é deferida retroagindo ao tempo da morte do testador, inclusive os frutos.
A lei coloca um prazo de espera de 2 anos. Vencido o prazo sem que o herdeiro seja concebido, salvo disposição contraria do testador, a herança passa para os herdeiros necessários. A mesma situação ocorrerá se o beneficiado nascer morto.
Em relação à “prole eventual”, discute-se o direito para filho adotivo. Em razão da igualdade constitucional de todos os filhos, entende-se que não se pode discriminar.
Em relação a filhos concebidos por inseminação artificial “pós mortem”, não foram citados na exceção do direito sucessório. Entretanto, o artigo 1.597, determina que se presumem nascidos na constância do casamento por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido. 
As pessoas jurídicas: (art. 1.799, inciso II, C.C).
Reguladas pelo Código Civil, parte especial e no livro II, Direito de Empresa. (Associações, Fundações, Sociedades Empresárias e Sociedades Simples.) São sujeitos passivos de testamento. Precisam existir. Como o Código Civil prevê direitos e deveres de entes despersonalizados (sociedades em comum e sociedades em conta de participação), a doutrina caminha no sentido de que podem ser beneficiárias de testamento. A exigência é já existir pelo menos de fato, embora se tenha divergência na doutrina. Legitimação das pessoas jurídicas organizadas, (artigo 75 inciso VIII, CPC), e das pessoas jurídicas irregulares, (artigo 75 inciso IX CPC).
As pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação. (art. 1.799, inciso III, C.C).
Neste caso são dotações de bens para instituir fundação. O testador pode indicar quem vai administrar. Em não fazendo o estatuto, realizado por iniciativa do Ministério Público, vai designar. 
Os que não podem ser nomeados herdeiros testamentários, nem legatários. (Artigo 1.801 Código Civil). 
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos. Veja que aqui não foi incluído o descendente, mas, o art. 1.802, determina que “são nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa”, e parágrafo único, que “Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder”.
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos. É permitido testar para filho do concubino, se também o for do testador, até mesmo em razão da proteção aos filhos, determinada pela Constituição Federal.
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Fundamento: 
Segurança
Preservação da família
 
Simulação de contrato oneroso e interposição de pessoa
O artigo 1.802, determina a nulidade de disposições testamentárias a pessoas não legitimadas, ainda que simuladas sob a forma de contrato oneroso ou feita mediante interposta pessoa. São interpostas pessoas: Ascendentes, descendentes, irmãos, cônjuge e companheiro do não legitimado a suceder.
Contrato oneroso consiste na venda de bens (ato dissimulado) para encobrir a transferência gratuita a pessoas não legitimadas a ser beneficiário, (ato simulado). Lembre-se que a simulação no Direito Brasileiro foi no Código Civil de 2002 foi tratado como ato nulo.
Interposta pessoa, é a utilização dos parentes descritos no parágrafo único do artigo 1.802, como beneficiário do testamento. É uma simulação presumida, pois, basta a qualidade de parente, para que o ato seja nulo. Basta ação declaratória.
Permissão de testar ao filho da concubina se também for filho do testador. (Igualdade da prole, determinada pela CF/88).
DA ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
Transmissão: se dá com a morte do autor da herança, quando é aberta a sucessão.
Aceitação ou adição da herança: confirmação que deve ser feita pelo herdeiro. Aceitar é uma faculdade do herdeiro.
Renúncia: Direito de não aceitar a herança. Ao contrário da aceitação, sempre deve ser expressa.
Fase de deliberação: Período em que o herdeiro decide se aceita ou renuncia à herança. Aceita, torna definitiva a transmissão, retroagindo os efeitos à data da transmissão. (art. 1.804 C.C)
Aceitação: Pode ser feita de várias formas:
Forma tácita: comportamento que indica o acolhimento, ou seja, atos próprios dos herdeiros. 
Forma expressa: declarada de forma escrita. (art. 1.805 C.C). Não significa aceitação meros atos de administração ou conservação. (art. 1.805 § 1º). Não significa aceitação a transferência gratuita pura e simples aos coerdeiros. (art. 1.805 § 2º). 
Forma presumida: Ocorre quando um herdeiro interessado requer ao juiz, depois de 20 dias de aberta a sucessão, que determine a outro herdeiro, que no prazo não superior a 30 dias se pronuncie se aceita ou não a herança. Em não se pronunciando o herdeiro neste prazo, tem-se por aceita a herança.
Aceitação em relação ao agente
Aceitação direta: Pelo próprio herdeiro legítimo ou testamentário.
Aceitação indireta: Feita por terceiros. 4 hipóteses.
Por sucessores do herdeiro. Ocorre quando falece um herdeiro antes de dizer se aceitaou não a herança. A morte do herdeiro antes da aceitação impede a transmissão aos sucessores, razão pela qual a aceitação ou renúncia passa a ser destes. Se for herança pendente de condição suspensiva não verificada, este direito não se transmitirá. (Exemplo: Para ter direito à herança o herdeiro teria que se formar em direito e isto não aconteceu – Esta condição somente ocorre na sucessão testamentária). O herdeiro que sucede ao herdeiro falecido, desde que concorde em receber a segunda herança pode aceitar ou renunciar a primeira. Exemplo: Na relação avô, pai e filho. Morre o pai antes de aceitar a herança do avô. O filho deve aceitar a herança do pai para ter direito de aceitar ou renunciar à herança do avô.
Aceitação por procurador ou por gestor de negócios: Tanto a aceitação quanto a renúncia podem ser feitas por procurador. Para a renúncia, exige-se poderes especiais. A aceitação por gestor de negócio não é comum, mas é aceita para evitar prejuízo imediato ao herdeiro.
Aceitação por tutor ou curador: O Código Civil no artigo 1.748 prevê que o tutor com autorização do juiz tem legitimidade para aceitar herança, legado e doação ao incapaz, ainda que com encargos. As normas da curatela são as mesmas da tutela.
Aceitação por credor: Renúncia de herança por devedor, não pode prejudicar credores. O artigo 1.813 do C.C. dá ao credor o direito de aceitar pelo devedor mediante autorização judicial. Deve a habilitação ser realizada em 30 dias do conhecimento do fato. É uma ficção jurídica, pois, a renúncia do herdeiro prevalece. Pagas as dívidas, havendo remanescente da herança, será devolvida aos outros herdeiros, portanto, com manutenção da renúncia em relação ao herdeiro renunciante.
Características da aceitação: 
A aceitação é negócio jurídico unilateral, portanto, não precisa de comunicação.
A aceitação só pode ser realizada por quem tem capacidade jurídica. As pessoas incapazes necessitam de representação ou assistência. 
A aceitação e também a renúncia devem ser atos puros, não se admitindo que seja feita em parte, sob condição ou sob termo, portanto, é indivisível e incondicional. 
Se concentrar a condição de herdeiro e legatário pode aceitar um e renunciar ao outro.
Se o herdeiro tiver direito há mais um quinhão por títulos diversos na mesma sucessão, poderá aceitar um renunciar ao outro.
A aceitação é irretratável. Aceita a herança, a mesma torna-se definitiva e seus efeitos retroagem à data da transmissão. A partir daí, qualquer transação é considerada ato inter vivos.
Anulação da aceitação: A aceitação se tornará ineficaz se depois de realizada sobrevier situação em que se confirme não ser o aceitante herdeiro. Existência de um filho não conhecido. Existência de um testamento que absorva todo o patrimônio, na inexistência de herdeiros necessários. Se a partilha já tiver sido feita, o titular do direito de herança só poderá reivindicar por ação de petição de herança.
RENÚNCIA
Conceito de renúncia: Ato unilateral pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de abdicar desta qualidade. 
Deve ser feita por instrumento público ou por termo nos autos.
Não depende de homologação.
Existe entendimento de que a renúncia a terceiros pode ser feita por termo nos autos.
Há controvérsia sobre a renúncia da meação. Meação não é herança razão pela qual deve ser tratada como doação e não se equipara a cessão de direito hereditário, devendo ser feita por instrumento público.
Espécies de renúncia: 
Abdicativa: O herdeiro renuncia a herança de forma pura e simples, o que significa que não quer a herança e, portanto, a mesma será transmitida aos outros herdeiros.
Translativa: Neste caso existe uma renúncia a favor de alguém. É uma inadequação técnica, pois, se você tem o poder de determinar quem você quer que suceda em seu lugar, está aceitando e depois doando. A renúncia translativa gratuita equivale a doação e a translativa onerosa equivale a cessão de direito.
Restrições legais ao direito de renunciar: Para renunciar deve ter capacidade jurídica. Não há renúncia de incapaz pelo tutor ou curador a não ser que por determinação judicial, quando do interesse do representado ou assistido. Na renúncia por mandatário, este deve exibir procuração que contenha poderes específicos. Anuência de cônjuge, pois, considera-se a sucessão aberta bem imóvel. A outorga uxória para a renúncia é questionada pela doutrina, por se tratar de renuncia e não de cessão. Parte da doutrina, no entanto, entende necessária a outorga, salvo se casado no regime de separação de bens. Não prejuízo dos credores. Neste caso a renúncia ocorre, mas os credores habilitam seus créditos que deverão ser pagos pelos bens que o renunciante tinha a receber. Se sobrarem bens, serão devolvidos aos outros herdeiros, razão pela qual a renúncia prevalecerá quanto ao remanescente. 
Efeitos da renúncia: 
Exclusão da sucessão do renunciante.
Acréscimo da parte do renunciante aos outros herdeiros da mesma classe.
O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se de imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de acrescer). Os descendentes do renunciante não herdam por representação. No entanto se ele for o único da classe seus filhos herdam por direito próprio e por cabeça.
A renúncia do herdeiro testamentário implica em extinção do testamento, salvo se o testador instituiu substituição.
Exemplos
a)Antônio falece e deixa três filhos A,B e C. A renuncia. Sua parte é transmitida para os filhos B e C. Se A tem filhos estes nada receberão, pois a herança é tida como inexistente para o herdeiro renunciante. Se o herdeiro é o único da sua classe, a herança passa para os herdeiros da classe subsequente. (art. 1.810)
b)Antônio falece e deixa três filhos. Todos renunciam. Nestes casos os netos podem herdar por direito próprio e não por representação. (art. 1.811).
Ineficácia e invalidade da renúncia
Suspensão dos efeitos pelo juiz a pedido dos credores. Os credores prejudicados podem aceitar a herança pelo renunciante, com autorização do juiz e até o limite do crédito. Habilitação é feita no prazo de 30 dias contados do conhecimento do fato. (art. 1.813).
Invalidade absoluta se a renúncia não tiver sido feita por escritura pública ou termo nos autos. 
Invalidade absoluta se a renúncia tiver sido feita por absolutamente incapaz sem representação e autorização judicial.
Invalidade relativa se feita com vícios do consentimento (erro, dolo e coação) e também sem a outorga uxória. Nestes casos poderá a renúncia ser ratificada.
O renunciante não perde o usufruto e nem a administração dos bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores, o que só ocorrerá se o renunciante for o único herdeiro de sua classe. 
A renúncia da herança é irretratável e irrevogável. Ao serem efetivadas, retroagem ao momento da transmissão que é a morte do autor da herança e faz direito adquirido.

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