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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Av: Dom José Gaspar, 500 Coração Eucarístico Belo Horizonte - MG - CEP 30535-901 Tel.: (0**31) 3319-4444 – Fax: (0**31) 3319-4225 - 1 - FUNÇÃO: ENGENHARIA CIVIL ÁREA DE CONHEC.: INFRA-ESTRUTURA VIÁRIA AULAS Nº: 09 – TEÓRICA PROF.: HENRIQUE J. RAAD (henriquejraad@yahoo.com.br) 1. TEÓRICA: Projeto Geométrico Nesta aula serão estudados os seguintes tópicos: • Revisão sobre pontos de importância direta no estudo de projetos viários. o Explicação e comentários sobre o capítulo 2 de [DNER, 1999]; o Revisão sobre o tópico 3.1 de [DNER, 1999]; o Explicação sobre os itens 3.2 e 3.3 de [DNER, 1999]; o Explicação sobre o item 4 de [DNER, 1999]; • Explicação sobre o capítulo 5 de [DNER, 1999] (até item 5.4.1, inclusive). • Cálculo de curvas horizontais simples [LEE, 2000], seguindo os métodos a seguir: Figura 1: Representação das curvas horizontais [sic LEE, 2000] Figura 2: Curva circular Simples [sic LEE, 2000] O cálculo da curva circular simples resume-se em encontrar os valores da tangente exterior (T) e o comprimento do desenvolvimento D, bem como definir a estaca de início da curva (PC) e de término (PT). A metodologia de cálculo está representada nos tópicos abaixo. PI : Ponto de Interseção; PC : Ponto de Curva; PT : Ponto de Tangente; I : Ângulo de deflexão; AC : Ângulo Central; T : Tangente Externa ou Exterior (m); D : Desenvolvimento (ou comprimento) da curva circular (m); R : Raio da curva circular (m); O : Centro da curva circular. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 2 - 1- Cálculo de AC: Como o somatório dos ângulos internos de um quadrilátero é 360º e a curva é tangenciada pelos segmentos de reta concorrentes em PI nos pontos PC e PT (raios do círculo perpendiculares à tangente), tem-se, por cálculo geométrico que: IAC = , Equação 001 onde AC é o ângulo formado entre os raios que cortam PT e PC, e I é a deflexão da curva. No caso de ângulos centrais AC pequenos, iguais ou inferiores a 5º, para evitar a aparência de quebra do alinhamento, os raios deverão ser suficientemente grandes para proporcionar os desenvolvimentos circulares mínimos D, obtidos pela fórmula a seguir [sic DNER, 1999]: ( ) º51030 ≤→−≥ ACACD , Equação 002 onde D é o desenvolvimento da curva, em metros, e AC é o ângulo central, em graus. Não é necessária curva horizontal para AC < 0º 15’, entretanto, deverão ser evitados tanto quanto possível traçados que incluam curvas com ângulos centrais tão pequenos [sic DNER, 1999]. 2- Cálculo de T: Extraindo da análise do arco um triângulo retângulo de faces R, T e a bissetriz do ãngulo AC (ligando PI a O), tem-se: ⋅= 2 AC tgRT , Equação 003 onde T é a tangente exterior, ligando PC a PI e PI a PT, R é o raio do círculo, e AC é o ângulo central. Na sucessão de curvas com intervalos em tangentes curtas deverão ser seguidos os parâmetros descritos no item 5.4.1.e de DNER. 3- Cálculo de D: O cálculo de D resume-se a encontrar o comprimento do arco para o ângulo AC, ou seja: ACRD ⋅= , Equação 004 onde D é o desenvolvimento da curva, R é o raio do círculo, e AC é o ângulo central, considerado em radianos. 4- Cálculo da estaca PC: para encontrar o valor da estaca PC basta comparar a medida de T com a da estaca de PI, lembrando que normalmente considera-se estacas de 20 em 20 metros e precisão da medida complementar da estaca com duas casas decimais. A fórmula de cálculo de PC é dado por [PONTES FILHO, 1998]: ( ) ( ) TPIEPCE −= , Equação 005 onde E(PC) é a estaca do ponto PC, E(PI) é a estaca do ponto PI, e T é a tangente exterior. 5- Cálculo da estaca PT: para encontrar o valor da estaca PT basta somar a estaca de PC com a distância de desenvolvimento, ou seja [PONTES FILHO, 1998]: ( ) ( ) DPCEPTE += , Equação 006 onde E(PT) é a estaca do ponto PT, E(PC) é a estaca do ponto PC, e D é a medida do desenvolvimento. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 3 - O cálculo da curva deve considerar ainda raios mínimos para concordância vertical que atendam simultaneamente às condições mínimas de segurança e conforto no uso. Tais cálculos consideram valores máximos admissíveis de superelevação (como será visto em aulas posteriores) e de atrito das rodas dos veículos com o pavimento, considerados coeficientes de segurança para os mesmos. Para tanto, considera-se a equação 4 para que se saibam os valores destes raios mínimos: ( )maxmax 2 min 127 fe VR + = , Equação 007 onde R é o raio mínimo para a curva, V é a velocidade diretriz, e é a máxima taxa de superelevação adotada, e f é o máximo coeficiente de atrito transversal admissível entre o pneu e o pavimento (adimensional) A Figura 4 relaciona valores de raios mínimos considerando velocidades diretrizes e coeficientes de superelevação pré-fixados, estando o coeficiente de atrito inserido nos cálculos dos valores. O coeficiente de atrito, conforme descrito em DNER, varia, conforme valores práticos, de 0,50 para velocidades de 30 km/h para 0,35 para velocidades de 95 km/h, considerando veículos com pneus novos e pavimento de concreto em boas condições e molhado (tais valores são inferiores para pneus usados e pavimento menos rugoso). Na Figura 3 estão representados valores do coeficiente de atrito máximo relacionados com a velocidade diretriz da via. Figura 3: Valores do coeficiente de atrito para respectivas velocidades diretrizes [sic DNER, 1999] Figura 4: Valores de raios mínimos para respectivas velocidades diretrizes [sic DNER, 1999] Os valores para velocidades diretrizes estão representados na Figura 5. Figura 5: Velocidades diretrizes [sic DNER, 1999] PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 4 - O exemplo 1 demonstra o cálculo de uma curva circular simples para um eixo de via. Exemplo1: Calcule as concordâncias horizontais, indicando os comprimentos de tangente exterior, desenvolvimento e as estacas de PC e PT, a seguir considerando o uso de curva circular simples e utilizando raio no valor mínimo exigido para o trecho da via com classe III e relevo montanhoso descrita a seguir, considerando os dados abaixo: PI 01: estaca E821+13,60 m PI 02: estaca E861+16,83 m I1: 33º I2: 27º emax: 6% Resolução: A velocidade diretriz para a classe de projeto e relevo descritos, conforme Figura 5, é V = 40 km/h. O raio de curvatura mínimo, considerando a Figura 4 e a superelevação máxima de 6% é de 55 metros. Cálculo de T01 e T02: Pelas equações 001 e 003, para o ponto PI 01, teremos metrosTTtgT 29,162962,055 2 º3355 010101 =∴⋅=∴ ⋅= . E, para PI 02, metrosTTtgT 20,132401,055 2 º2755 020202 =∴⋅=∴ ⋅= Cálculo de D01 e D02: Pelaequação 004, com AC em radianos, teremos 5757,001 º180 3301 º180 º =∴⋅=∴⋅= radradrad ACACACAC pipi , 471,002 º180 2702 =∴⋅= radrad ACAC pi , metrosDD 66,315757,055 0101 =∴⋅= , e metrosDD 91,25471,055 0202 =∴⋅= . Cálculo de PC01 e PT01: ( ) ( ) metrosEPCmEPCTmEPC 31,082129,1660,1682160,16821 01010101 +=∴−+=∴−+= , e ( ) ( ) metrosEPTmEPTDmEPT 97,1182266,3131,082131,0821 01010101 +=∴++=∴++= . PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO ENGENHARIA CIVIL Engenharia Civil – Infra-estrutura Viária Prof. Henrique J. Raad henriquejraad@yahoo.com.br - 5 - Cálculo de PC02 e PT02: ( ) ( ) metrosEPCmEPCTmEPC 83,1086100,683,1686183,16861 02020202 +=∴−+=∴−+= , e ( ) ( ) metrosEPTmEPTDmEPT 74,1686291,2583,1086183,10861 02020202 +=∴++=∴++= . *** Muitas vezes é usual definir o raio a ser utilizado na curva através da análise do limite de deslocamento do eixo da via no momento da curva considerando o ponto de interseção desta (PI), já que o traçado inicial feito por tangentes pode ocultar a viabilidade de execução de curvas horizontais uma vez que o relevo pode não oferecer espaço suficiente para o deslocamento do eixo em tais concordâncias. Para isso, é comum calcular-se o afastamento permitido para a curva, ou seja, a distância máxima de deslocamento da curva, medida do Ponto de Interseção (PI) até o ponto médio da curva de desenvolvimento, dado pela fórmula: − = 2 tan 2 AC T AC sen TE , Equação 008 onde E é o afastamento da curva, ou seja, a medida entre o PI e o ponto médio da curva de desenvolvimento, T é a tangente exterior da curva, e AC é o ângulo central da curva. 2. PRÁTICA: Exercícios extra-classe não pontuados Calcule as concordâncias horizontais para PI01 e PI02 do eixo do Exemplo 1, considerando que as deflexões I1 e I2 são respectivamente 72º e 47,5º. 3. BIBLIOGRAFIA DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. 1999. LEE, Shu Han. Projeto Geométrico de Estradas. Apostila do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos – UFSC. 2000. PONTES FILHO, Glauco. Estradas de Rodagem: Projeto Geométrico. São Carlos. 1998. SENÇO, Wlastermiler de. Estradas de Rodagem: Projeto. Universidade de São Paulo. 1980. CARVALHO1, M. Pacheco de. Curso de Estradas: Estudos, Projetos e Locação de Ferrovias e Rodovias. 2ª Edição. Rio De janeiro. Editora Científica. 1967. CARVALHO2, M. Pacheco de. Método Prático de Construção de Estradas de Rodagem. Rio De janeiro. Editora Rodovia. 1954.
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